THINKING
MATURELY ABOUT THE CRISTIAN FAITH
Lição 10
7 de Junho
de 2015
Jesus e o Dinheiro
TEXTO ÁUREO
"E,
vendo Jesus que ele ficara muito triste, disse: Quão dificilmente entrarão no
Reino de Deus os que têm riquezas!" (Lc 18.24)
VERDADE PRÁTICA
As Escrituras
não condenam a aquisição honesta de riquezas, e, sim, o amor a elas
dispensado.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Lc 21.1-4
Riqueza e pobreza no tempo de Jesus Cristo
Terça - Lc 18.29,30
Generosidade e prosperidade segundo a
Palavra de Deus
Quarta - Lc 16.13
Os perigos de se ter as riquezas como
senhor
Quinta - Lc 12.13-34
A vida do homem não consiste no seus bens
Sexta - Lc 7.36-50
Avaliando a verdadeira intenção do coração
Sábado - Lc 16.9
Não guardar tesouros na terra, mas no céu
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Lucas
18.18-24
18 - E perguntou-lhe um certo príncipe, dizendo: Bom Mestre, que
hei de fazer para herdar a vida eterna?
19 - Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom,
senão um, que é Deus.
20 - Sabes os mandamentos: Não adulterarás, não matarás, não
furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe.
21 - E disse ele: Todas essas coisas tenho observado desde a
minha mocidade.
22 - E, quando Jesus ouviu isso, disse-lhe: Ainda te falta uma
coisa: vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres e terás um tesouro no
céu; depois, vem e segue-me.
23 - Mas, ouvindo ele isso, ficou muito triste, porque era muito
rico.
24 - E, vendo Jesus que ele ficara muito triste, disse: Quão
dificilmente entrarão no Reino de Deus os que têm riquezas!
OBJETIVO GERAL
Como
mordomos que somos, ensinar o uso correto do dinheiro e dos bens confiados por
Deus a nós, à luz do ensino de Jesus.
HINOS
SUGERIDOS: 5,75,432 da Harpa Cristã
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abaixo,
os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada
tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos
subtópicos.
Pontuar o dinheiro, os bens e
as posses na perspectiva secular e na cristã.
Explicar o dinheiro, os bens e
as posses na perspectiva do judaísmo do tempo de Jesus.
Conhecer o que Jesus ensinou
sobre o dinheiro, as posses e os bens.
Conscientizar o
aluno da importância de entesourar tesouros no céu.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Caro professor,
o assunto "dinheiro" não é fácil de ser tratado no meio evangélico.
Muitos hoje têm sido levados por caminhos nada bíblicos e evangélicos, quando o
assunto é dinheiro. Entretanto, o nosso objeto de estudo é o Evangelho de
Lucas. Ou seja, o que nos interessa saber é o que a Palavra de Deus, revelada
em Lucas, diz acerca do dinheiro. Qual o estilo de vida que o cristão deve ter
à luz desse texto? É o que nos interessa responder nesta lição e também deve
ser a pergunta que deve conduzir a aula quando ministrada em sala. Boa aula!
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O
cristianismo bíblico e ortodoxo sempre manteve uma posição de cautela e até
mesmo reserva com respeito ao uso do dinheiro e aquisição de riquezas. Na
verdade, os primeiros líderes cristãos, inspirados nos ensinos de Jesus,
passaram a desestimular a aquisição de bens materiais. Entretanto, o
secularismo e o materialismo sempre rondaram o arraial cristão e, vez por
outra, Mamon tem deixado suas marcas em nosso meio. Observaremos, nesta
lição, que os ensinos de Jesus sobre a aquisição de riquezas se distanciam do
judaísmo de seus dias e, também, daquele que é praticado hoje por muitos
setores do cristianismo evangélico. Longe de estimular a aquisição de bens,
como fazem dezenas de igrejas, Jesus aconselhava se desvencilhar delas. Aprendamos
com o Mestre o uso correto do dinheiro e como ser bons mordomos dos bens que
nos foram confiados. [O dinheiro tem se tornado senhor de muitas pessoas. Há muita gente
lutando para ter dinheiro e se desgastam tanto nesta busca que já não lhes
resta tempo algum para gozar daquilo que conseguiram amealhar. O desejo de ter
coisas e acumular riquezas domina a vida do homem moderno. O servo de Deus
precisa reconhecer que o dinheiro é uma ferramenta que deve ser empregada em
boas obras, e não nosso senhor. Uma das táticas mais eficazes do diabo é apagar
o zelo do cristão com preocupações financeiras Mateus 13.22 diz: “E o que foi semeado entre espinhos é o que
ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas sufocam a
palavra, e fica infrutífera”. Jesus ensinou claramente que nós temos que
escolher entre dois senhores (Mateus 6:19-34). Mas, muitas pessoas se tornam
escravas do dinheiro por acumular dívidas. Os servos de Deus precisam entender
bem alguns princípios que a Bíblia ensina sobre o dinheiro, para não serem
enganados e escravizados por mamon. Aprendemos nas Escrituras que nunca devemos
pôr nossa confiança nas riquezas (1 Timóteo 6:17-19; Provérbios 11:28; Lucas
12:15-21; 1 Timóteo 6:4-11). O dinheiro não é fonte de alegria ou contentamento
(Provérbios 15:16-17; Eclesiastes 5:10-11). Apesar das doutrinas de muitas
igrejas hoje que dizem que a prosperidade é evidência da fidelidade, a Bíblia
ensina que nem riqueza nem pobreza, por si só, nos faz melhor servos de Deus. É
bom ter o suficiente, mas não o excesso (Provérbios 30:7-9).]. Convido você a
pensar maduramente sobre a fé cristã.
I. O DINHEIRO, BENS E POSSES NAS
PERSPECTIVAS SECULAR E CRISTÃ
1.
Perspectiva secular. Uma das
formas mais comuns de se enxergar o dinheiro, bens e posses na cultura secular
é vê-los apenas como algo de natureza puramente material. Tanto no mundo antigo
quanto no contemporâneo, é possível observar que a realidade material pareceu
sempre se sobrepor à espiritual. O material passa a dominar a vida das pessoas
e isso inclui dinheiro, bens e posses. No Mundo Ocidental, essa forma de
enxergar as coisas transformou-se em uma filosofia de vida que se recusa a
enxergar outra coisa além da matéria. Por essa perspectiva, o material é
superestimado enquanto o espiritual é ignorado e suplantado. Nesse contexto,
quem tem posses é valorizado, e quem não as possui nada vale. O dinheiro, como
valor material que garante posses, ganha o status de senhor em vez de servo.
[O dinheiro é o meio usado na troca de bens, na forma de moedas ou notas
(cédulas), usado na compra de bens, serviços, força de trabalho, divisas
estrangeiras ou nas demais transações financeiras, emitido e controlado pelo
governo de cada país, que é o único que tem essa atribuição. É também a unidade
contábil. Seu uso pode ser implícito ou explícito, livre ou por coerção.
Acredita-se que a origem da palavra remete à moeda portuguesa de mesmo nome (o
dinheiro). Na era pré-cristã eram cultuados muitos deuses. Mamon, contudo, não
era o nome de uma divindade e sim um termo de origem hebraica que significa
dinheiro, ou bens materiais. No Evangelho de Lucas, a palavra é utilizada
quando afirma que não é possível servir simultaneamente a Deus e a Mamon (Lucas
16.13). Deuteronômio 8.18 “Antes te
lembrarás do Senhor teu Deus, porque ele é o que te dá força para adquirires
riquezas; a fim de confirmar o seu pacto, que jurou a teus pais, como hoje se
vê.” É possível que o dinheiro nos faça esquecer coisas mais importantes?
As riquezas podem -se tornar o centro da nossa vida e tomar o lugar de Deus. A
Bíblia diz em Jeremias 9.23-24 “Assim diz
o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua
força; não se glorie o rico nas suas riquezas; mas o que se gloriar, glorie-se
nisto: em entender, e em me conhecer, que eu sou o Senhor, que faço
benevolência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o
Senhor.” O dinheiro pode dar-nos atitudes erradas sobre as coisas materiais.
A Bíblia diz em Lucas 12:15 “E disse ao
povo: Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do
homem não consiste na abundância das coisas que possui.”. É interessante
esse contraste entre o que a Bíblia diz e o que o mundo pensa. Para o
materialismo, o que realmente importa é o ter, o sucesso financeiro é a prioridade
da vida. 1 Timóteo 6.9 “Mas os que querem
tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas
e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição.”].
2.
Perspectiva cristã. No
contexto cristão, o mesmo Deus que fez o espiritual é o mesmo que fez o
material. Nos ensinos de Cristo, não há um dualismo entre matéria e espírito!
Todavia, as coisas espirituais, por serem de natureza eterna, ganham primazia
sobre as materiais, que são apenas temporais (Lc 10.41). Na perspectiva cristã,
portanto, as dimensões material e espiritual devem coexistir. Assim como
servimos a Deus com o nosso espírito, nossa dimensão espiritual, devemos também
servir com o nosso corpo (1 Co 6.19,20; 1 Ts 5.23), nossa dimensão material.
Dessa forma, quem se tornou participante dos valores espirituais deve também
servir com seus bens materiais (Rm 15.27; Lc 8.3). Aqui, o dinheiro, como valor
material, não é visto como senhor, mas apenas como um servo. [O contentamento
não depende da quantidade de dinheiro ou posses materiais. A Bíblia diz em
Filipenses 4.12-13 “Sei passar falta, e
sei também ter abundância; em toda maneira e em todas as coisas estou
experimentado, tanto em ter fartura, como em passar fome; tanto em ter
abundância, como em padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me
fortalece.” Onde investimos o nosso dinheiro, aí estará o nosso coração. A
Bíblia diz em Mateus 6.21 “Porque onde
estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” Parece que os
cristãos estão extremamente confusos se as coisas que pensamos que possuímos, o
mundo natural e até nossos corpos são, em sua essência, bons ou não. E sta confusão
surgiu, em boa parte, porque o pensamento cristão ocidental foi comprometido
pelo conceito não-bíblico da filosofia grega: a separação entre corpo e alma e
material e espiritual. Ainda que citemos ‘Mantenham o pensamento nas coisas do
alto, e não nas coisas terrenas’ (Colossenses 3:2), a verdade é que passamos a
vida buscando e quase adorando coisas materiais – casas e carros bonitos, boa
comida, pessoas de boa aparência, igrejas confortáveis. Os resultados são
desastrosos assim para nosso mundo como para nosso relacionamento com Deus. A
crença de que coisas materiais não importam nos divorcia dos constantes
lembretes bíblicos de que nossas atitudes e práticas com relação a posses,
pessoas, outras criaturas e a terra que habitamos estão no coração de nossa
relação com Deus.].
PONTO CENTRAL
O
dinheiro, os bens e as posses, na perspectiva de Jesus, não devem ser o
significado último da vida.
SÍNTESE DO TÓPICO I
Na
perspectiva secular, o dinheiro é apenas um elemento material; na cristã, as dimensões
espiritual e material devem coexistir.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Professor,
antes de entrar no tópico da lição, é importante que você contextualize a
passagem bíblica de Lucas 18.18-30 para os seus alunos. Por isso,
disponibilizamos o comentário do teólogo French L. Arring-ton: "Sem
confiança própria de criança, a entrada no Reino de Deus é bloqueada. Um
exemplo é o príncipe rico (vv.18-25), que não está disposto a responder a Jesus
com humildade e fé. Mateus diz que ele é jovem (Mt 19.20), e Lucas o identifica
como príncipe, talvez de uma sinagoga (cf. Lc 8.41). Como os fariseus, ele
confia em suas boas ações. Ele também tem riquezas, às quais está apegado.
Este
príncipe presume que falta uma obra que ele não está fazendo atualmente para
herdar a vida eterna. Ele reconhece Jesus como figura de autoridade e lhe
pergunta: 'Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?' O jovem faz
esta pergunta à maior autoridade no assunto, mas ele saúda Jesus com um simples
'bom mestre'. Sua compreensão de Jesus é rasa. Ele o considera somente como
homem e não tem ideia de que Jesus é o Messias, o Filho de Deus. Sua estima
pelo Salvador não é mais alta do que ele teria por um professor distinto. O
modo como ele se dirige a Jesus parece ser nada mais que lisonja.
[...]
Como discernidor perfeito do coração humano, Ele [Jesus] percebe que o príncipe
adora seus bens materiais e o lembra que ele tem de fazer mais uma coisa:
'Vende tudo quanto tens, reparte-o pelos pobres e terás um tesouro no céu;
depois, vem e segue-me'. Jesus pôs o dedo no pecado do coração deste homem -
seu amor pelos bens materiais. Suas riquezas terrenas estão entre ele e Deus.
Visto que ele não pôs Deus em primeiro lugar no coração, Jesus exige que o
homem distribua o dinheiro. [...] 'Não terás outros deuses diante de mim' (Êx
20.3).
Pouco
disposto a obedecer a Jesus, o jovem príncipe rico vai embora sem a vida
eterna. Enquanto vai, Jesus observa o quanto é difícil os ricos entrarem no
Reino de Deus (v.24). Sua tentação é confiar nas coisas terrenas. Eles acham
difícil se entregar à misericórdia de Deus e escolher o Reino. Para ilustrar o
quanto é difícil, Jesus insiste que não é mais fácil para o rico entrar no
Reino de Deus do que para um camelo passar pelo fundo de uma agulha. Esta
ilustração vívida ensina o quanto é impossível os ricos, por méritos próprios,
entrarem no Reino de Deus. Falando humanamente, é impossível. Qualquer
tentativa de libertar alguém de um amor demoníaco pelas coisas terrestres
fracassará.
[...]
Jesus lembra à sua audiência que, embora seja impossível para uma pessoa salvar
a si mesma, Deus pode. Ele pode fazer o que é impossível para os seres humanos.
Ele pode redirecionar o coração do amor por bens terrenos para um amor pelo
eterno, e pode operar o milagre da conversão no coração do rico e do pobre. As
pessoas não podem mudar o coração; mas quando respondemos a Deus pela fé, o
Espírito Santo transforma nosso coração e nos proporciona a salvação"
(ARRINGTON, French L. Lucas. In ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário
Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004,
pp.436-37).
II. DINHEIRO, BENS E POSSES NO JUDAÍSMO
DO TEMPO DE JESUS
1.
Ricos e pobres. No
judaísmo do tempo de Jesus, a sociedade estava dividida em dois grupos: os
ricos e os pobres. Na classe mais abastada, estavam os sacerdotes,
participantes de uma elite que controlava o sistema de sacrifícios e lucravam
com ele, e os herodianos que possuíam grandes propriedades. Um outro grupo era
formado por membros da aristocracia judaica que enriqueceu à custa de impostos
de suas propriedades e ao seu comércio. O último grupo era formado por judeus
comerciantes, que, embora não possuíssem herdades, participavam ativamente da
vida econômica da nação. No extremo oposto dessa situação, estavam os pobres!
Estes eram "o povo da terra" (Lc 21.1-4). Não possuíam nada e ainda
eram oprimidos pelos ricos (Tg 2.6). .[Sempre houve, na história da
humanidade, esta divisão de classes. Naqueles dias, ainda mais. Predominava
entre os judeus daqueles tempos a ideia de que as riquezas eram um sinal do
favor especial de Deus, e que a pobreza era um sinal de falta de fé e do
desagrado de Deus. Os fariseus, por exemplo, adotavam essa crença e escarneciam
de Jesus por causa da sua pobreza (16.14). Essa ideia falsa é firmemente
repelida por Cristo (ver 6.20; 16.13; 18.24,25). A Bíblia identifica a busca insaciável
e avarenta pelas riquezas como idolatria, a qual é demoníaca (cf. 1Co 10.19,20;
Cl 3.5). Por causa da influência demoníaca associada à riqueza, a ambição por
ela e a sua busca frequentemente escravizam as pessoas (cf. Mt 6.24). Agora,
note o leitor que, desde as origens da cristandade houve convertidos ricos e
que esses ocuparam posição de destaque nas comunidades cristãs, sobretudo, nas
comunidades gregas, como consta nas epístolas paulinas. Então fica evidente que
o mau não é o dinheiro em si, mas o amor a ele. Lucas escreve seu livro à um
destinatário rico! E que coragem desse evangelista! Pouco importa se Teófilo era
uma pessoa de posses e estava custeando Lucas durante suas pesquisas e
elaboração de seus dois livros, Lucas fala a respeito do amor ao dinheiro! O
evangelho de Lucas, completado pelos Atos, é o único evangelho destinado a uma
pessoa (ou grupo de pessoas). Os outros são destinados a uma comunidade ou a
várias comunidades. Por que esse interesse particular de Lucas, que, de certo
modo, cria um privilégio? É difícil imaginar que Lucas tenha escrito essa obra
especialmente para um pobre. Trata-se de pessoa importante (ou de grupo de
pessoas importantes) — humanamente falando. A obra de Lucas mostra que pessoas
importantes humanamente falando, também podem ser importantes eclesialmente
falando.].
2.
Generosidade e prosperidade. Na cultura
judaica nos dias de Jesus, a posse de bens materiais não era vista como um mal
em si. O expositor bíblico P. H. Davids observa que os exemplos de Abraão,
Salomão e Jó serviam de inspiração àqueles que almejavam a prosperidade. A
ideia era que os ricos prosperavam porque sobre eles estava o favor de Deus.
Dessa forma, a prosperidade passou a ser associada à piedade. Para evitar a
avareza e a ganância, a tradição rabínica estimulava os ricos a serem generosos
e solidários com os pobres, que era maioria na comunidade. Evidentemente
que essa concepção estimulava apenas as ações exteriores, sem levar em conta as
atitudes interiores (Lc 21.4). .[As riquezas são, na perspectiva de Jesus, um
obstáculo, tanto à salvação como ao discipulado (Mt 19.24; 13.22). Transmitem
um falso senso de segurança (12.15ss.), enganam (Mt 13.22) e exigem total
lealdade do coração (Mt 6.21). Quase sempre os ricos vivem como quem não
precisa de Deus. Na sua luta para acumular riquezas, os ricos sufocam sua vida
espiritual (8.14), caem em tentação e sucumbem aos desejos nocivos (1Tm 6.9), e
daí abandonam a fé (1Tm 6.10). Geralmente os ricos exploram os pobres (Tg
2.5,6). O cristão não deve, pois, ter a ambição de ficar rico (1Tm 6.9-11). O
amontoar egoísta de bens materiais é uma indicação de que a vida já não é
considerada do ponto de vista da eternidade (Cl 3.1). O egoísta e cobiçoso já
não centraliza em Deus o seu alvo e a sua realização, mas, sim, em si mesmo e
nas suas possessões. O fato de a esposa de Ló pôr todo seu coração numa cidade
terrena e seus prazeres, e não na cidade celestial, resultou na sua tragédia
(Gn 19.16,26; Lc 17.28-33; Hb 11.8-10). Uma das atividades que Jesus avocou na
sua missão dirigida pelo Espírito Santo foi “evangelizar os pobres” (4.18; cf.
Is 61.1). Noutras palavras, o evangelho de Cristo pode ser definido como um
evangelho dos pobres (Mt 5.3; 11.5; Lc 7.22; Tg 2.5). Os “pobres” (gr. ptochos)
são os humildes e aflitos deste mundo, os quais clamam a Deus em grande
necessidade, buscando socorro. Ao mesmo tempo, são fiéis a Deus e aguardam a
plena redenção do povo de Deus, do pecado, sofrimento, fome e ódio, que
prevalecem aqui no mundo. Sua riqueza e sua vida não consistem em coisas deste
mundo (ver Sl 22.26; 72.2, 12,13; 147.6; Is 11.4; 29.19; Lc 6.20; Jo 14.3). A
libertação do sofrimento, da opressão, da injustiça e da pobreza, com certeza
virá aos pobres de Deus (Lc 6.21).].
SÍNTESE DO TÓPICO II
No
judaísmo do tempo de Jesus havia dois grupos sociais, os ricos e os pobres; a
ideia era de que os ricos prosperavam porque tinham o favor de Deus
Jesus,
ao contrário dos rabinos, não associou a piedade com a prosperidade.
III. DINHEIRO, BENS E POSSES NOS
ENSINOS DE JESUS
1.
Jesus alertou sobre os perigos da riqueza. O
ensino de Jesus sobre o uso das riquezas foi muito mais radical do que ensinava
o judaísmo e a tradição rabínica dos seus dias. Jesus, ao contrário dos
rabinos, não associou a piedade com a prosperidade. A riqueza de alguém nada
dizia sobre a sua real condição espiritual. Para Jesus, o perigo das riquezas
estava no fato de que elas poderiam, até mesmo, se transformar numa
personificação do mal e reivindicar o culto para si. Por isso, advertiu:
"Não podeis servir a Deus e [as riquezas]" (Lc 16.13). O vocábulo traduzido
como "riqueza", nesse texto, corresponde à palavra grega de origem
aramaica Mammonas, traduzida na ARC como Mamom. A riqueza pode se transformar
em um ídolo, ou deus, para aqueles que a possui. Nesse aspecto, as
riquezas tornam-se um obstáculo no caminho daquele que serve a Deus (Lc
8.14). [Para o cristão, as verdadeiras riquezas consistem na fé e no amor que
se expressam na abnegação e em seguir fielmente a Jesus (1Co 13.4-7; Fp 2.3-5).
Quanto à atitude correta em relação a bens e o seu usufruto, o crente tem a
obrigação de ser fiel (16.11). O cristão não deve apegar-se às riquezas como um
tesouro ou garantia pessoal; pelo contrário, deve abrir mão delas, colocando-as
nas mãos de Deus para uso no seu reino, promoção da causa de Cristo na terra,
salvação dos perdidos e atendimento de necessidades do próximo. Portanto, quem
possui riquezas e bens não deve julgar-se rico em si, e sim administrador dos
bens de Deus (12.31-48). Os tais devem ser generosos, prontos a ajudar o
carente, e serem ricos em boas obras (Ef 4.28; 1Tm 6.17-19). Cada cristão deve
examinar seu próprio coração e desejos: sou uma pessoa cobiçosa? Sou egoísta?
Aflijo-me para ser rico? Tenho forte desejo de honrarias, prestígio, poder e
posição, o que muitas vezes depende da posse de muita riqueza?].
2.
Jesus ensinou a confiança em Deus. Embora
Jesus tenha mostrado que as riquezas podem, até mesmo, se tornar uma
personificação do mal, Ele não as demonizou. No entanto, na perspectiva lucana,
Jesus desencoraja a aquisição de riquezas (Lc 12.13; 18.22) e estimula a
confiança em Deus. E havia uma razão para isso. Logo após mostrar os perigos da
avareza a alguém que queria fazer dEle um juiz em uma questão relacionada a uma
herança, Jesus revela a seus discípulos que a melhor forma de se proteger desse
mal é confiar inteiramente na provisão divina (Lc 12.13-34). As riquezas dão a
falsa sensação de segurança e de independência das coisas espirituais. Daí, sua
recomendação para não se confiar nelas (Lc 12.33,34). .[ O Salmo 49, salmo da
"Loucura das Riquezas", por Harry E. Payne: A beleza intrínseca e a
sabedoria dos Salmos são claramente apresentadas neste solene salmo
didático. Seu tema principal é que os
ricos ímpios frequentemente vencem na vida, enquanto os pobres e devotos frequentemente
sofrem. E emite uma nítida advertência
àqueles que confiam nas riquezas. Os versículos introdutórios (49:1-4) contêm
um chamado premente a que todos os povos dêem atenção. Depois de conseguir sua atenção, o escritor
abre seu discurso parabólico com a pergunta: "Por que hei de eu
temer" (49:5). Ele não está
escrevendo por causa da inveja daqueles que prosperam, ainda que alguns deles
possam ser seus antagonistas ("quando me salteia a iniquidade dos que me
perseguem"); nem tem ele tão pouca confiança em Deus que viva em constante
terror daqueles que lhe perseguem. Ele não tem motivo para temer, ainda que
seus inimigos os ricos e os ambiciosos temam. Por quê? Porque não há
felicidade duradoura ou satisfatória para eles. A futilidade de confiar na
riqueza terrestre e nas posses materiais é graficamente ressaltada nos
versículos 5-12. Riquezas terrestres não
darão satisfação no dia mau. O salmista
apresenta diversas razões convincentes para isto.
1. As riquezas não salvarão a vida de uma pessoa
(49:7). As posses materiais não nos
asseguram de que não morreremos (veja Hebreus 9:27). Nenhum homem, não importa quão rico seja,
pode salvar nem mesmo o parente mais próximo ("o irmão") da morte.
2. As riquezas não podem ser usadas como um
resgate diante de Deus, "nem pagar por ele a Deus o seu resgate".
Deus não pode ser subornado (pago de qualquer modo material) para salvar a vida
de uma pessoa.
3. As riquezas não salvarão a alma de uma pessoa
(49:8). Ainda que as palavras
"vida" e "alma" sejam usadas de modo intercambiável na
Escritura, creio que esta passagem é melhor entendida quando "alma"
significa "a vida interior", ou seja, "a alma eterna". Esta
só pode ser "redimida" ou "salva" pela graça do Senhor
Deus. Que outro "resgate" poderia até mesmo o mais rico, mais sábio,
mais cativante dos seres humanos dar por sua própria "vida" ou pela
de outro? (Veja Mateus 16:24-27.)
4. As riquezas não evitarão que qualquer pessoa
morra e deixe suas posses para outros (49:10).
Riqueza, terras, casas e todas as coisas materiais perecerão com o uso
ou com as devastações do tempo, ou com a destruição final da terra e de suas
obras (2 Pedro 3:10-12).
Todos estes fatos
mostram a extrema vaidade da confiança de uma pessoa nas riquezas. Todas as pessoas morrerão; quando uma pessoa
morre, ela deixa todas as posses aqui na terra; e as deixará para outros, frequentemente
estranhos, que por sua vez falecerão. Entretanto,
o salmista nos conta o que as pessoas que estão dispostas a serem ricas pensam:
(1) Elas pensam "que as suas casas serão perpétuas", e (2) elas darão
às suas terras "seu próprio nome". Há algo errado com uma pessoa dar
nome a uma fazenda, uma plantação, um negócio ou qualquer outra posse física de
acordo com seu próprio nome? O salmista não está condenando a legítima propriedade
de terras e posses, mas antes a jactanciosa, auto-suficiente
"propriedade". O salmista nos diz que mesmo a memória de um rico é
fugaz! Para uma pessoa depositar sua
confiança em tais coisas é pura loucura! "Todavia, o homem não permanece
em sua ostentação; é, antes, como os animais, que perecem" (49:12). O rico
pode ter parecido possuir tantas vantagens e, através dos olhos humanos, pode
ter sido invejado ou admirado. Que pena
que todas as honras e benefícios que ele possuía acabariam em nada. Mas
acabaram! E a morte acabou com ele! Nos versículos 13-15, um contraste notável
é feito entre a situação difícil do rico mundano e a daquele do homem que
confia em Deus. Para o primeiro: "Como ovelhas são postos na
sepultura", e "a morte é o seu pastor". Para o último, contudo, o devoto salmista
pode dizer: "Mas Deus remirá a
minha alma do poder da morte, pois ele me tomará para si." Em conclusão, o
salmista lembra os fiéis de que são os assuntos extremos da vida que importam,
não os prazeres momentâneos e não as fugazes posses terrestres que muitos de
nós temos (em certo grau), ao longo do caminho de nossa vida aqui. O versículo
20 é uma repetição, como refrão, do versículo 12. Se um homem está em posição
de honra "mas sem entendimento", ele é apenas "como os animais,
que perecem". Para dizer isto com nossas próprias palavras, se ele (1)
deposita confiança injustificada e imprópria nas posses terrestres; se (2)
deixa de reconhecer que a abundância e as riquezas terrestres tem que abandonar
um homem no final; e se (3) deixa Deus fora do quadro e não faz dele sua
confiança, sua esperança, e seu sempre confiável Pai, então ele (ou ela) está
agindo "como os animais que perecem".
Que nenhum de nós cometa tão grave engano!].
SÍNTESE DO TÓPICO III
Jesus
ensinou sobre o dinheiro e alertou sobre o seu perigo. Por isso, os discípulos
deviam colocar a sua confiança em Deus.
IV. DINHEIRO, BENS E POSSES NA MORDOMIA
CRISTÃ
1.
Avaliando a intenção do coração. Os
léxicos definem a avareza como um apego demasiado e sórdido ao dinheiro e
mesquinhez. Vimos que, para evitar esse mal, a tradição rabínica estimulava as
práticas filantrópicas e solidárias. O ensino de Jesus sobre o uso das
riquezas vai muito além da simples doação de bens e ações filantrópicas. Ele
não se limitava a avaliar apenas as ações exteriores, mas, sobretudo,
voltava-se para as atitudes interiores. Dessa forma, valorizou as atitudes da
mulher pecadora na casa de Simão, o leproso, e de Maria de Betânia, a irmã de
Marta e de Lázaro (Lc 7.36-50). Não era, portanto, apenas se desfazer dos bens,
mas a atitude e intenção com que isso era feito (Lc 11.41; 21.1-4). Não basta
apenas ofertar, ou dar o dízimo, mas a atitude com que se faz essas coisas. Não
era apenas doar, mas doar-se. .[ O que é Mordomia? Mordomia é o manejo
responsável dos recursos do reino de Deus que foram confiados a uma pessoa ou a
um grupo. (Conciso Dicionário de Teologia Cristã – Millard J. Erickson). Mordomia
é Administração (Lc 16.2,RC). Mordomo, - Pessoa encarregada da administração de
uma casa (oikos); administrador. (Gn 39.4-8,RA; Lc 12.42). (Dicionário da
Bíblia de Almeida)-(SBB). - Despenseiro:- 1)- Pessoa encarregada da Despensa,
(Cômodo em que se guardam mantimentos) - (Gn 43.16,RA); 2)- O cristão como
administrador dos seus Dons (1 Pe 4.10); 3)- O obreiro como responsável por
cuidar das coisas de Deus (1 Co 4.1; Tt 1.7). DBA-SBB. - Mordomia é o ofício do
Mordomo. - Mordomo, (no grego oikonómos) - Administrador dos bens de uma casa
ou de um estabelecimento alheio. (Pequena Enciclopédia Bíblica – O.S. Boyer). O
Rev Hernandes Dias Lopes escreve sobre como administrar sabiamente: Alguém já
perguntou muito apropriadamente se Paulo tomou um cafezinho entre os capítulos
15 e 16. O capítulo 15 nos leva às alturas excelsas da revelação de Deus,
falando-nos sobre a ressurreição de Cristo, a segunda vinda de Cristo, a
derrota final dos inimigos de Deus, a transformação dos remidos e a consumação
de todas as coisas. O capítulo 16, porém, Paulo começa a falar sobre dinheiro.
Ele desce do céu para a terra. Parece um anticlimax. É que nós somos cidadãos
de dois mundos. Ao mesmo tempo que temos responsabilidade aqui no mundo, cremos
que a nossa Pátria está no céu.
• A
responsabilidade social da igreja não pode ser dissaciada da sua teologia do
mundo porvir.
• Paulo fala neste
capítulo sobre três aspectos da mordomia cristã: dinheiro, oportunidades e
pessoas.
I. DINHEIRO – A
PREOCUPAÇÃO COM OS POBRES – 16:1-4
1. O compromisso de
Paulo com a ação social – v. 1-4
• Paulo não está
falando aqui de dízimo nem de contribuição para os cofres da igreja, mas está
falando de uma oferta para atender as pessoas pobres da igreja de Jerusalém.
Não é uma campanha para aumentar o orçamento da igreja, nem para atender as
despesas da igreja, mas um socorro a pessoas necessitadas de Jerusalém. O
princípio de Paulo é que os cristãos devem dar para outras pessoas.
2. O problema em
Jerusalém – v. 1-4
• A região da
Judéia, onde estava Jerusalém tinha sofrido uma grande fome (At 11:27-28), que
tinha empobrecido muitas pessoas. Além do mais, com o martírio de Estêvão,
começou a perseguição aos cristãos, o que fez com que muitos crentes
abandonassem a cidade.
• A igreja de
Antioquia já havia enviado uma ajuda financeira para os pobres da igreja de
Jerusalém (At 11:29-30).
• Oito anos antes
de escrever esta carta Paulo tinha se comprometido com os apóstolos Pedro,
Tiago e João, os líderes da igreja de Jerusalém, que faria algo pelos pobres
(Gl 2:10). Paulo estava comprometido não apenas a pregar o evangelho, mas
também a assistir os pobres. Evangelização e ação social precisam andar juntas.
• Paulo entendia
que as igrejas gentílicas deviam abençoar financeiramente a igreja de Jerusalém
pelos benefícios espirituais recebidos dela (Rm 15:25-27).
• Paulo escreveu 2
Coríntios, mais ou menos um ano depois de 1 Coríntios. Ele dá testemunho de que
este projeto de levantamento de ofertas para a igreja pobre de Jerusalém tinha
sido um sucesso (2 Co 8:2-4).
• Dois anos depois
quando ele fez um apelo à igreja de Roma, ele inclui Corinto (Acaia) como um
bom exemplo (Rm 15:26).
3. Os princípios
básicos de dar – v. 1-4
3.1. O cristão deve
dar para pessoas que não fazem parte da sua igreja – 16:1 – Seja na visão
evangelística, seja na visão da ação social, a motivação básica da contribuição
deve ser ajudar outros. A igreja não vive só para si mesma. Egoísmo financeiro
é um sinal de mundanismo. Uma igreja missionária é uma igreja viva. Quem são os
outros aqui? Os irmãos da igreja de Jerusalém. A Bíblia nos mostra as
prioridades da contribuição (Gl 6:10; 1 Tm 5:8). Exemplo: O mar morto.
3.2. Divulgue as
necessidades – 16:1 – A primeira orientação é que as necessidades devem ser
divulgadas de maneira clara e precisa. Paulo não teve receios em contar para os
coríntios que ele precisava de dinheiro, e para quê. Paulo não é apenas direto,
mas também autoritário “como ordenei às igrejas da Galácia”. Dar para causas
cristãs de valor é uma obrigação cristã como ir à igreja, orar ou ser fiel à
esposa. Pastores que ficam sem jeito para pedir dinheiro à igreja para causa
justas não estão fundamentados na verdade de que é mais bem-aventurado dar do
que receber. Uma igreja que tem recursos financeiros tem também
responsabilidade de ajudar os pobres.
3.3. Dar é um ato
de adoração – 16:2 – Cada membro da igreja deveria vir ao culto no domingo
preparado para contribuir para atender à necessidade dos santos pobres. É
triste quando os crentes ofertam apenas como dever e não como um sacrifício
agradável a Deus (Fp 4:18). Dar é um ato de adoração ao Salvador ressurreto.
3.4. Incentive a
contribuição sistemática – 16:2 – Paulo propôs planos funcionais para que a
igreja de Corinto pudesse ser mais efetiva na contribuição. “por à parte em
casa” significa separar regularmente o dinheiro para a oferta. Se não formos
sistemáticos na contribuição nunca vamos contribuir. Se esperarmos sobrar nunca
vamos contribuir. Se fôssemos tão sistemáticos na contribuição, como somos nos
nossos INVESTIMENTOS a obra de Deus prosperaria muito mais.
3.5. A contribuição
deve ser proporcional – 16:2 – “conforme a sua prosperidade” mostra que ninguém
está isento de contribuir. A contribuição deve ser justa. Quem gahnha mais deve
dar mais. Um cristão de coração aberto não pode manter a mão fechada. A contribuição
é uma graça e não um peso. Se nós apreciamos a graça de Deus a nós, teremos
alegria em expressar a graça através da oferta aos outros.
3.6. A contribuição
deve ser pessoal e individual – 16:2 – “cada um de vós” – Paulo esperava que
cada membro da igreja participasse da oferta, os ricos bem como os pobres.
Todos os crentes devem participar dessa graça de dar aos pobres.
3.7. O dinheiro
deve ser lidado com honestidade – 16:3-4 – Paulo tinha um comitê financeiro
para ajudá-lo (16:3-4; 2 Co 8:16-24). Muitos obreiros perdem o seu testemunho
pela maneira pouco transparente como lidam com o dinheiro. Paulo recomenda as
igreja escolher pessoas específicas para lidar com o dinheiro das ofertas.].
2.
Entesourando no céu. Mordomo
é alguém que administra os bens de outra pessoa. Os bens não lhe pertencem, mas
ele pode usufruir deles enquanto os administra para seu legítimo dono. Jesus
contou a parábola do administrador, ou mordomo infiel, para mostrar esse fato
(Lc 16.1-13). O entendimento entre os intérpretes da Bíblia é que essa parábola
tem um fim escatológico. Assim como os filhos deste mundo são perspicazes e
astutos no que diz respeito ao uso de suas riquezas, assim também os filhos do
Reino devem ser sábios na aplicação de seus bens. O ensino da parábola é que o
melhor investimento é usar os
recursos materiais adquiridos na propagação do Reino de Deus e, dessa forma,
ganhar amigos para a vida eterna (Lc 16.9). .[Em Mateus 6:19-20 o Senhor diz:
“Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a
ferrugem corroem e onde os ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós
outros tesouros no céu...”. Olha só que ensino surpreendente esse! O Senhor está
dizendo que eu ou você podemos passar nossa vida trabalhando para conseguir uma
das duas coisas: Um tesouro que vale muito, ou, um tesouro que não vale nada! Entretanto
eu me pergunto: Como é que alguém poderia entre duas escolhas ficar com a pior?
O que levaria um homem ou uma mulher sadios da mente fazer a pior escolha e
dedicar sua vida inteira para consegui-la? Gastar o melhor dos seus dias em
busca do pior para a sua existência? Francamente – a não ser que a pessoa tenha
algum problema mental – isso parece uma coisa impossível de acontecer, pois
qualquer pessoa quer o melhor para si. Mas então, qual é a razão desse ensino
do Senhor? Acho que o Senhor está nos advertindo contra um poderoso inimigo: o
engano. O que acontece se uma pessoa pensar que escolheu o melhor enquanto na
verdade escolheu o pior? Pense em quantas pessoas já compraram um apartamento –
na planta – e concluíram que estavam fazendo o negócio da sua vida. Trabalharam
duramente para pagar as prestações. Economizaram. Sonharam. Pense na decepção e
amargura delas quando lá na frente descobrem que tudo é uma farsa. A
construtora é uma arapuca. O apartamento nunca existiu. Tanto trabalho. Tanto
esforço... por uma farsa! Vidas verdadeiramente empenhadas por uma mentira.
Pensando que trabalhavam por uma coisa boa, trabalhavam duro por um grande mal.
Que poder incrível tem esse tal de engano!!! Usar o melhor de nós para tirar o
melhor para ele! Talvez essa seja a armadilha contra a qual o Senhor quer nos
advertir aqui nesse ensino. Será que sinceridade, esforço e dedicação formam um
trio imbatível que nos garanta a salvação? E se, por falta de conhecimento,
formos enganados? E se, enquanto acreditamos que estamos trabalhando para nossa
salvação, estamos – na verdade – trabalhando para nossa perdição eterna?!
Terrível!!! Sinceros, mas enganados! Fervorosos, mas enganados! Dedicados, mas
enganados! Como ter certeza? Qual a fonte segura? A igreja que frequento?
Pregadores que ouço? Artigos como esse? Jesus dá a resposta: “Jesus, porém,
lhes respondeu: Errais, não conhecendo as Escrituras ...” (Mateus 22:29). Essa
é a resposta. O conhecimento das Escrituras pode nos livrar dos enganos. É por
acreditar nos sentimentos e não na verdade que somos enganados. Jacó trabalhou
sete anos para ter Raquel como esposa, mas sem saber trabalhava esforçadamente
a cada dia para se casar com Lia. Pensando que trabalhava para ter Raquel, sem
saber trabalhava para ter Lia. Quantas pessoas fervorosas podem estar nessa
situação hoje? Pensando que trabalham para a salvação (tesouros no céu), sem
saber trabalham para a perdição (tesouros na terra). Dedicadas. Empenhadas.
Amorosas. Evangelizadores. Tantas coisas, que não dá para acreditar que não
terão o seu lugar na eternidade ao lado do Senhor. Mas, e se o maldito engano
as tiver sob seu controle? E se elas estiverem na mesma situação do pobre Jacó:
trabalhando por Lia enquanto pensava que era por Raquel? Em Mateus 7:21, Jesus
diz muito sobre esse tipo de engano: “Nem todo que me diz Senhor, Senhor!
entrará no reino dos céus; mas aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos
céus”. Olha só? Não é a mesma situação? Aquelas pessoas fizeram muita coisa em
nome do Senhor – é só continuar lendo Mateus que a gente vê. Mas
desgraçadamente foi tudo um grande engano. Apanhadas em uma poderosa armadilha
ficaram cegas. E, cegas, rumaram para longe do Senhor enquanto pensavam que
estavam indo ao seu encontro. Qual é o verdadeiro tesouro então? Como achar um
caminho certo e seguro para ele? Paulo responde: “A mim, o menor de todos os
santos, me foi dada esta graça de pregar aos gentios o evangelho das
insondáveis riquezas de Cristo” (Efésios 3:8). Eis aí o mapa do verdadeiro
tesouro: o evangelho da salvação. Confie sua vida a ele e seja rico em bençãos
celestiais! “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos
abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo”
(Efésios 1:3).– por Pedro de Jesus Barruzi, http://www.estudosdabiblia.net/2005120.htm].
SÍNTESE DO TÓPICO IV
Jesus
ensinou a respeito do uso correto do dinheiro, mostrando o cuidado que devemos
ter com a avareza.
CONCLUSÃO
Não
há valor moral no dinheiro em si. Ter dinheiro pode ser uma coisa boa ou ruim.
Isso vai depender do conjunto de valores daquele que o utiliza. Certamente,
usar o dinheiro para ajudar uma obra filantrópica, ou investir na obra
missionária, é uma coisa útil e louvável. Todavia, usar esse dinheiro, como
advertiu Jesus, simplesmente com a atitude de querer mais posses, mais
prestígio, mais autossatisfação, acaba se tornando uma coisa ruim. Leiamos com
cuidado o terceiro Evangelho e descubramos o exercício da verdadeira mordomia
cristã. .[O fato de ser rico não desqualifica ninguém ao reino de Deus, mas o
apego, a confiança, o amor, o serviço prestado à riqueza. A riqueza não é um
mau, mas o apego a ela! Estudamos anteriormente acerca das mulheres que
mantinham o ministério de Jesus, mesmo Mestre precisou ser financiado para que
pudesse exercer Seu ministério! O texto Áureo não fecha a porta da salvação aos
ricos, mas àqueles que aplicam seu coração nestas coisas. Sobre isso, ensina
Jesus: “Prestem atenção! Tenham cuidado com todo tipo de avareza porque a
verdadeira vida de uma pessoa não depende das coisas que ela tem, mesmo que
sejam muitas. Então Jesus contou a seguinte parábola: - As terras de um homem
rico deram uma grande colheita. Então ele começou a pensar: "Eu não tenho
lugar para guardar toda esta colheita. O que é que vou fazer? Ah! Já sei! -
disse para si mesmo. - Vou derrubar os meus depósitos de cereais e construir
outros maiores ainda. Neles guardarei todas as minhas colheitas junto com tudo
o que tenho. Então direi a mim mesmo: 'Homem feliz! Você tem tudo de bom que
precisa para muitos anos. Agora descanse, coma, beba e alegre-se.' " Mas
Deus lhe disse: "Seu tolo! Esta noite você vai morrer; aí quem ficará com
tudo o que você guardou?" Jesus concluiu: - Isso é o que acontece com
aqueles que juntam riquezas para si mesmos, mas para Deus não são ricos”.]. NaquEle que
me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de
vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Maio de 2015
PARA REFLETIR
Sobre
os ensinos do Evangelho de Lucas, responda:
Como é visto o dinheiro na
cultura secular?
Uma das formas mais comuns de
enxergar o dinheiro, bens e posses na cultura secular é vê-los apenas como algo
de natureza puramente material.
Como era a situação dos pobres
nos dias de Jesus?
Os pobres eram "o povo da
terra" (Lc 21.1-4). Não possuíam nada e ainda eram oprimidos pelos ricos
(Tg 2.6).
Como o judaísmo via as
riquezas?
A posse de bens materiais não
era vista como um mal em si.
Como Jesus avaliava aqueles que
possuíam riquezas?
Ele avaliava não apenas as
ações exteriores, mas sobretudo as atitudes interiores.
O que você pensa a respeito do
ter dinheiro? É algo ruim ou bom?
Resposta livre. A ideia é que o
aluno responda sob a perspectiva bíblica ensinada na lição
CONSULTE
Revista
Ensinador Cristão - CPAD, nº 62, p. 41.
Você
encontrará mais subsídios para enriquecer a lição. São artigos que buscam
expandir certos assuntos.
SUGESTÃO DE LEITURA
O que Todo
Professor de Escola Dominical Deve Saber
Esta
obra é um excelente instrumento de referência para ajudar o crente a crescer em
Cristo, enquanto estuda o Evangelho e transforma-se em um ensinador da Palavra
de Deus.
Dicionário
Bíblico Wycliffe
A obra
proporciona uma vasta rede de informações sobre nomes e lugares mencionados na
Bíblia bem como aspectos doutrinários, históricos e pontos importantes do
cenário bíblico.
Dicionário
Vine
A
publicação deste volume proporciona maior facilidade ao estudo dos significados
de palavras do Novo e Antigo Testamento àqueles que procuram se aprofundar no
conhecimento da Palavra de Deus