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9 de junho de 2015

JOVENS-Lição 11: O Discípulo de Jesus e a questão ambiental

THINKING MATURELY ABOUT THE CRISTIAN FAITH


Lição 11
O Discípulo de Jesus e a questão ambiental
14 de junho de 2015
Texto do dia
"Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora" (Rm 8.22).

Síntese
A responsabilidade ambiental dos servos de Jesus decorre do princípio bíblico da mordomia cristã.

Agenda de leitura
Segunda - 1 Co 10.26 Toda a terra pertence ao Senhor
Terça - Gn 1.28,29 O cuidador da terra
Quarta - 1 Co 4.2 A fidelidade do mordomo
Quinta - Gn 8.17 Preservando os animais
Sexta - Lv 25.1-7 Descanso para a terra
Sábado - Dt 22.6,7 Proibindo a crueldade

Texto Bíblico
Gênesis 1.26-28
26. E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a terra.
27. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.
28. E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.

Comentário
Introdução
O planeta Terra tem sofrido com a atuação devastadora do homem. A poluição e a degradação estão a afetar drasticamente o habitat em que vivemos e colocado em risco a própria vida humana. Nesta lição, veremos que a responsabilidade ambiental à luz das Escrituras Sagradas está contida no encargo que Deus entregou ao homem após o advento da Criação. [Comentário: O primeiro versículo da Bíblia apresenta Deus como criador da terra. Quem continua pelos versos seguintes nota, como canta Neemias, que Deus criou a terra e tudo o que nela há (Salmo 24.1). Cuidar do meio ambiente é um corolário da fé cristã. a Bíblia começa e termina com a criação. Isto em si já deveria nos alertar para a importância do assunto. Nesta lição, exploraremos as implicações deste início e deste fim na responsabilidade cristã diante da criação. Veremos também que, no meio do grande relato da salvação na Bíblia, estão presentes a preocupação de Deus e a responsabilidade do ser humano e da igreja em relação à sua criação. É uma narrativa comovente e desafiadora. E, se fizermos uma leitura cuidadosa, percebemos que a história tem um final otimista! Estamos caminhando em direção a novos céus e nova terra, a um mundo recriado pelo próprio Deus, mas que não dispensa o papel do ser humano, em especial dos cristãos, na redenção da criação. Qual é o nosso papel, como seres humanos e como igreja? Como devemos exercê-lo diante dos desafios atuais? Vamos pensar maduramente sobre a fé cristã?]



I - A BÍBLIA E A QUESTÃO ECOLÓGICA

1. O Criador da natureza. A Bíblia é muita clara ao registrar que a natureza faz parte da criação de Deus. No capítulo 1 de Gênesis temos o relato completo do princípio do universo e da vida. Todos os elementos da natureza, como o sol e a lua, as árvores da floresta, a chuva e a neve, os rios e os córregos, as colinas e as montanhas, os animais e aves, foram criados pelo Senhor. E tudo era bom. Essa é a razão pela qual a natureza é tão bela, e os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos (Sl 19.1). À luz das Escrituras e da doutrina da criação, portanto, entendemos que o universo não é fruto da evolução e do acaso, mas de um desígnio perfeito. Concluímos, também, que o Criador não se confunde com a sua criação, diferentemente do que afirmam as religiões panteístas - que entendem que Deus é tudo e tudo é Deus. [Comentário: Nos relatos sobre a criação em Gênesis 1 e 2, vemos que o destino e o bem-estar da criação estão entrelaçados com o destino humano. O papel do ser humano, homem e mulher juntos, está ligado ao cuidado e à ordenação pró-ativos de todas as outras criaturas (capítulo 1), o que exige conhecimento e “classificação” minuciosa dos seres criados (capítulo 2). Em Gênesis 1, nasce o zelo e responsabilidade ecológicas do ser humano. Em Gênesis 2, nasce a ciência, que implica não só em conhecimento, mas também em responsabilidade. Apesar das conseqüências terríveis e abrangentes do pecado, a história do dilúvio deixa claro que essa incumbência primordial continua em vigor (Gn 9.1-12). Portanto, assumimos a nossa humanidade legítima, em parte, quando assumimos a “missão ecológica” da boa ordenação do meio ambiente. É importante esclarecer que tal missão não visa principalmente o benefício do ser humano, mas acima de tudo a glória de Deus, manifesta na beleza e no bem-estar de toda a criação (Gn 1.27-31; Sl 8, 104). Ser gente é ser agente no cuidado da criação.]

2. O homem e a mordomia. Após ter criado todas as coisas, Deus formou o homem e deu-lhe autoridade para dominar sobre tudo que criara (Gn 1.26). Dessa passagem bíblica, extraímos o conceito de mordomia. Isto é, a terra pertence ao Senhor (Sl 24.1), mas o homem é o mordomo, aquele que administra os bens de Deus aqui, o que implica responsabilidade, fidelidade (1 Co 4.2) e zelo pela criação, pois o administrador deve prestar contas daquilo que não lhe pertence (Mt 25. 14-22). A responsabilidade humana pelo cuidado com a natureza fica mais evidente quando Deus põe Adão no jardim do Éden para o lavrar (servir) e o guardar (cuidar) (Gn 2.15). O Jardim foi plantado (heb. nãta) por Deus (Gn 2.8), para que o homem pudesse cuidar e cultivá-lo. Aqui está o mandato cultural. Deus forma, mas o homem possui a responsabilidade de ser o mordomo do jardim. Nenhuma outra criatura recebeu esse encargo. [Comentário: Os relatos da criação apresentam o homem dentro da Natureza, com a qual guarda uma relação de solidariedade, pelo fato de ter o mesmo Criador e estar ordenado, juntamente com ela, para a glória de Deus. A atitude do homem perante o mundo não pode ser de desenraizamento, distanciamento, independência e oposição, mas de compromisso, como corresponde a uma realidade que forma parte da sua casa e da sua própria existência. No primeiro capítulo do Gênesis, a apresentação escalonada do relato da criação situa o homem no cimo da criação visível (Gn 1, 1-31). Mais significativa ainda é a manifestação da intenção de Deus ao criar o homem, e as indicações que faz depois o criar . O homem, criado à imagem de Deus , é colocado à cabeça da criação visível, a qual está ao seu serviço (Gn 1, 29), e reflete a imagem de Deus através do domínio de todos os seres vivos (Gn 1, 28) . Por outras palavras, sob certo aspecto, pode-se dizer que o homem é imagem de Deus porque domina, porque reflete sobre o mundo o poder criador e a inteligência que governa de Deus. O relato do Gênesis também ressalta o chamamento de Deus para submeter a terra. Esta vocação, de cuidar e cultivar o paraíso, inscreve-se no chamamento primordial à existência (Gn 2, 15), cujo fim é a comunhão do homem com Deus. O plano divino originário consistia em que o homem, vivendo em harmonia com Deus, com os outros e com o mundo, orientasse para o Criador, não só a sua pessoa, mas também todo o universo, de modo que a criação desse glória a Deus através do homem. Por sua vez, o homem através do exercício desse domínio cresceria, aperfeiçoar-se-ia e relacionar-se-ia com Deus. A função de domínio sobre o mundo encontra uma expressão adequada no conceito de administração , pois o domínio do homem sobre a Natureza não é um domínio absoluto, despótico, mas participado e virtuoso. O mundo deve ser considerado, não como uma res nullius – algo que não tem dono –, mas res omnium – patrimônio da humanidade –; e, portanto, o seu uso deve redundar em benefício de todos . Pois bem, como realiza o homem a administração do cosmos? O homem, em primeiro lugar, como administrador deve reconhecer que a criação é obra de Deus e dom para o homem. Uma doação é mais perfeita quando o destinatário é consciente da mesma e é capaz de a aceitar. Aceita-se realmente, não só ao receber o dom, mas também quando se reconhece a pessoa que concede o dom, quando se identifica a própria vontade com a vontade do doador . A boa administração exige ao homem, enquanto imagem de Deus, que participe da sua Sabedoria e da sua Soberania sobre o mundo, isto é, que se relacione com a terra com a mesma atitude do Criador, que não só é Onipotente, mas também Providência amorosa. Acolher o dom da criação conduz num primeiro momento a conhecer os “ordenamentos intrínsecos” traçados pelo Criador, os quais são «sinais de orientação que devemos ter em conta como administradores da sua criação» . «O fato de que esta estrutura inteligente procede do mesmo Espírito criador que nos deu o espírito também a nós, implica ao mesmo tempo uma tarefa e uma responsabilidade» : o homem recebe o poder de dominar o mundo, «não para o destruir, mas para o converter no jardim de Deus e, assim, também num jardim do homem» . Deste modo, através do trabalho do homem, torna-se visível a Providência de Deus sobre o mundo. Pode distinguir-se, portanto, duas ações no domínio do homem sobre a criação: o conhecimento (científico, metafísico, teológico, etc.) do cosmos e o trabalho para o aperfeiçoar. Estas tarefas levam em si também uma orientação ética pelo fato de refletirem o Espírito criador . Reconhecendo as estruturas racionais da criação, o homem poderá reconhecer os limites do seu atuar. O primeiro limite da ação humana sobre o mundo é o próprio homem, pois «não deve fazer uso da Natureza contra o seu próprio bem, o bem dos seus próximos e o bem das futuras gerações (…). O segundo limite são os seres criados, isto é, a vontade de Deus expressa na Natureza. Ao homem não lhe está permitido fazer o que quiser e como quiser com as criaturas que o rodeiam. Pelo contrário, o homem deve “cultivar” e “guardar”, como ensina a narração bíblica da criação (Gn 2, 15). O fato de que Deus “deu” ao gênero humano as plantas para comer e o jardim “para cuidar” implica que a vontade de Deus deve ser respeitada quando se trata das suas criaturas. Estão “confiadas” a nós e não simplesmente à nossa disposição. Por esta razão, o uso dos bens criados implica obrigações morais» .]

3. Cuidando da Criação. Ainda no Antigo Testamento, vemos o esmero de Deus com os animais e com a terra. O plano do Altíssimo para a nova civilização após o Dilúvio envolvia a preservação da espécie animal (Gn 8.17). O Senhor estabeleceu para a nação de Israel a guarda do sétimo ano para descanso da terra (Lv 25.1-7), com o objetivo de evitar a deterioração do solo pelo uso abusivo e egoísta. Proibiu, também, o tratamento cruel contra animais e aves (Dt 22.6,7; 25.4). Logo, usar com sabedoria e prudência os recursos naturais disponíveis é uma recomendação bíblica aos servos de Jesus. [Comentário: O Senhor demonstra ser o proprietário da Terra Prometida através de leis que impedem a exploração da terra e dos seus ocupantes. Da mesma maneira como o homem necessita de um dia de descanso, a terra precisava ficar em repouso por algum tempo. Para isso, Deus dá ao seu povo o Shemitá. “Como se sabe, Deus ordenou ao povo judeu: "O sétimo dia da semana é Shabat. Neste dia, vocês devem abster-se de fazer quaisquer tarefas cotidianas." Deus também nos ordenou que fosse observado outro tipo de Shabat: "A cada sete anos, a terra de Israel terá um 'Shabat'. Neste ano de descanso, não podereis trabalhar a terra." O Shabat da terra chama-se Shemitá, que significa "deixar livre" ou "retirar-se". Durante o ano de Shemitá os agricultores de Israel abstém-se de lavrar a terra. Por que Deus ordenou ao povo judeu guardar os anos de Shemitá? Deus deseja que Seu povo, em qualquer o lugar onde esteja, deposite sua confiança Nele, e somente Nele. Ele temia que os judeus estabelecidos em Israel, que possuíam terras férteis e fecundas, começassem a depositar sua confiança na terra. Por isso, Deus ordenou ao povo judeu uma mitsvá para guardarem em Israel: a mitsvá de Shemitá. Sempre que um agricultor judeu guarda a mitsvá de Shemitá, ele lembra que "Deus é o Criador do mundo, é Quem me alimenta, e à minha família.” http://www.pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/920255/jewish/Shemit-O-Descanso-da-Terra-a-cada-Sete-Anos.htm]

Pense
Cuidar da terra e da natureza não é uma opção. É um mandato outorgado pelo Criador.

Ponto Importante
A terra pertence ao Senhor (Sl 24.1), mas o homem é o mordomo, aquele que administra os bens de Deus aqui na terra.

II - O CRISTÃO E A RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

1. Agenda ambiental equilibrada. Se as Escrituras enfatizam a importância do cuidado com a criação divina, por que poucos crentes estão conscientes dessa responsabilidade ambiental? Raramente, ouvimos, no meio evangélico, ensino a respeito do meio ambiente (dentro de uma perspectiva cristã), prevalecendo a ideia de que toda postura pró-preservação está vinculada ao panteísmo, às religiões orientais e ao sectarismo. Embora esse equívoco ocorra, com a existência de grupos que defendem, de modo radical, o meio ambiente e os animais, os cristãos não podem se omitir no dever de cuidado da natureza pelos motivos corretos, abalizados na doutrina da mordomia cristã. Silas Daniel, na obra A Sedução das Novas Teologias, escreve a esse respeito: "Cristãos devem ter em sua agenda o discurso pró-preservação da natureza. Nada mais lógico. Repito: é bíblico. Porém, não devem fazer desse discurso algo parecido com uma religião nem ser hipnotizados por qualquer discurso apelativo dos ambientalistas de plantão. Em tudo, deve prevalecer o equilíbrio e a coerência." [Comentário: A visão cristã acerca do domínio do homem sobre a criação seria incompleta, se não se tem em conta a dimensão escatológica. A esperança num céu novo e numa terra nova não conduz o cristão a desprezar o mundo; pelo contrário, para a maioria dos cristãos o caminho da salvação passa pela santificação das realidades terrenas. A espera de uma terra nova não deve amortecer, antes deve encarecer a preocupação por aperfeiçoar esta terra, a qual pode de algum modo antecipar um vislumbre do novo século. Para o cristão, a espera das verdades últimas não é mera expectativa de um futuro longínquo, mas sim, em palavras do Santo Padre, «performativa» : o futuro, enquanto projeção antecipada do que é factível, transforma já e dá sentido ao presente. «Por isso, desde as Bem-aventuranças do Sermão da montanha até às promessas das cartas às sete Igrejas, a grande maioria das exortações evangélicas e apostólicas baseia-se na perspectiva escatológica, que constitui o motivo moral mais estimulante e realista que pode haver» . Por isso, os cristãos não podem desentenderem-se das coisas terrenas – em particular dos problemas ecológicos – pela espera de um céu e uma terra novos, antes essa mesma esperança estimula-os a esforçarem-se com perseverança ordenando as realidades terrenas segundo o desígnio divino. Pela mesma razão, embora seja preciso distinguir cuidadosamente o progresso temporal e o crescimento do reino de Cristo, não se deve esquecer que «o primeiro, enquanto pode contribuir a ordenar melhor a sociedade humana, interessa em grande medida ao reino de Deus» . Seria erro tanto afirmar que o atuar humano em relação à criação não tem valor moral, como sustentar que o fim da ética ecológica é realizar já nesta terra, de modo definitivo, a promessa dos céus novos e da terra nova. A ética ecológica deverá ser consciente de «que a procura, sempre nova e fatigante, de ordenamentos retos para as realidades humanas é uma tarefa de cada geração; nunca é uma tarefa que se possa dar por concluída. Contudo, cada geração tem de oferecer também a sua própria contribuição para estabelecer ordenamentos convincentes de liberdade e de bem, que ajudem a geração seguinte como orientação ao reto uso da liberdade humana e dêem também assim, dentro dos limites humanos, uma certa garantia para o futuro». A dimensão escatológica da nova criação entranha o esforço do homem por renovar o mundo por meio do trabalho. Isto só é possível se o homem se renova interiormente, se procura identificar-se com Cristo para o colocar no cume de todas as atividades. humanashttp://www.cliturgica.org/portal/artigo.php?id=1203&PHPSESSID=a45352a3e9b3c0d14d3608fdb050a53d]

2. A volta de Jesus. Outra justificativa equivocada que muitos crentes utilizam para a falta de responsabilidade ambiental é o discurso escatológico - "Jesus está voltando, por que eu deveria me preocupar com o meio ambiente?", indagam tais pessoas. Entretanto, a iminência da vinda de Cristo não deve servir de desculpa para uma vida cristã descompromissada e apática com as questões sociais, culturais e, até mesmo, ecológicas. Ainda que as tragédias naturais sirvam como sinal dos últimos tempos (Lc 21.11), os servos de Jesus não podem fazer parte do grupo que provoca tais sinais, interferindo no equilíbrio da natureza estabelecido pelo Senhor desde a criação. Uma vez que a desordem da natureza foi ocasionada pela Queda, pela qual toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora (Rm 8.22), é papel do crente agraciado pela redenção em Cristo Jesus, lutar contra os efeitos do pecado no mundo e vencer o mal com o bem (Rm 12.21). [Comentário: Por que há certa resistência ecológica pelos cristãos? Alguns fatores contribuem para uma visão distanciada dos cristãos em causas ecológicas, sendo assim prejudicial para a cristandade sair de um debate que ela deveria tomar a frente:
a) Escatologia radical. Umas das questões levantadas por muitos cristãos é a iminência da volta de Cristo. É claro que Cristo está às portas, mas a escatologia cristã não deve impedir o cristão de trabalhar em seu planeta. Usar a escatologia para justificar a apatia é anti-bíblico, pois se situa no mesmo erro dos crentes tessalonicenses que deixaram suas atividades por justificar sua letargia na doutrina da Vinda de Cristo. Paulo condena fortemente esse tipo de pensamento. Em um contexto doutrinário escatológico, Paulo exorta: “E procureis viver quietos, e tratar dos vossos próprios negócios, e trabalhando com vossas próprias mãos” (I Ts 4.11). Confira II Ts 3.11-15. O uso indevido da escatologia tem levado muitos cristãos, inclusive, a deixarem de se sensibilizar diante de tragédias, como aconteceu recentemente no Mianmar e na China. Os bordões diante das notícias logo florescem como dizer que são os sinais se cumprindo. Essas tragédias são os sinais se cumprindo, mas além desse discurso a igreja Cristã precisa agir nesse momento para orar e ajudar as vítimas dessas catástrofes. Quantas igrejas reuniram seus membros por um minuto e oraram, para pedir que sobreviventes sejam encontrados e que as famílias chinesas, além do Mianmar, possam ser consoladas?
b) Negligência na mordomia cristã. Cuidar da terra é mandamento bíblico (Gn 1.28; 2.15). Paulo lembra que, por causa do pecado, “toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora” (Rm 8.22). É dever do cristão cuidar da criação de Deus, pois a Imago Dei está na pessoa humana, que é responsabilizada pela responsabilidade de cuidar dos demais aspectos criativos de Deus.
c) Associar ecologista com espiritualismo ou algo sectário. Há cristãos que generalizam; para ele todo desenho “é do diabo”, todo filme é obra “do demônio”, todo “ecologista é um idólatra da natureza membro de uma seita ligada à Nova Era”. Essas manias ultra-fundamentalista de alguns cristãos prejudicam bastante o entendimento bíblico da questão abordada. A apologética desses grupos cristãos sectaristas acaba por prejudicar a mensagem das Boas Novas que deveria levar adiante. Os cristãos devem estar longe da idolatra reinante em alguns ambientalistas espirituosos, mas jamais poderão criar um clima maniqueísta sobre o assunto, sendo de um lado cristãos versus ecologistas.
d) Associar causas ecológicas com o “cristianismo” liberal. Ninguém se engane com os discursos piedosos da maioria dos teólogos de linha liberal. Nos livros eles amam a dignidade humana, as pessoas excluídas, os necessitados, a natureza criada por Deus; mas ao final nada fazem na prática sobre suas falácias de piedade. O cristianismo liberal não é efetivamente ecológico, assim como a negligência dos conservadores fazem com que esses também não se envolvam com o assunto. Mesmo que os liberais fossem, realmente, ecológicos, isso não exima dos cristãos bíblicos de sua responsabilidade ambiental. http://www.teologiapentecostal.com/2008/06/escatologia-ecologia-e-mordomia-crist.html]

Pense
"Cristãos devem ter em sua agenda o discurso pró-preservação da natureza. Porém, não devem fazer desse discurso algo parecido com uma religião, nem ser hipnotizados por qualquer discurso apelativo dos ambientalistas de plantão" (Silas Daniel).

Ponto Importante
Uma das justificativas equivocadas que muitos crentes utilizam para a falta de responsabilidade ambiental é o discurso escatológico.

III - PROTEGENDO O AMBIENTE

1. O que é meio ambiente. O meio ambiente, habitualmente chamado apenas de ambiente, "é o conjunto de condições, leis, influências e infra-estrutura de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas". Com efeito, a proteção do ambiente é, também, uma forma de proteção da própria vida humana, pois envolve todos os recursos naturais do globo, inclusive o ar, a água, a terra, a flora e a fauna. [Comentário: MEIO AMBIENTE - é o conjunto de condições, leis, influências e infra-estrutura de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Habitualmente chamado apenas de ambiente, envolve todas as coisas vivas e não-vivas que existem na Terra, ou em alguma região dela, que afetam os ecossistemas e a vida dos seres humanos. É o conjunto de condições, leis, influências e infraestrutura de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Na Conferência de Estocolmo, organizada pelas Nações Unidas em 1972, que abordou o tema a relação da sociedade com o do meio ambiente, sendo assim a primeira atitude mundial a tentar preservar o meio ambiente, este foi definido como sendo "o conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos ou indiretos, em um prazo curto ou longo, sobre os seres vivos e as atividades humanas." Na ecologia, o meio ambiente é o panorama animado ou inanimado onde se desenvolve a vida de um organismo. No meio ambiente existem vários fatores externos que têm uma influência no organismo. A ecologia tem como objeto de estudo as relações entre os organismos e o ambiente envolvente. A flora, a fauna, os ecos sistemas, as estações do ano, a água, o ar e toda a harmonia dos mecanismos que o planeta Terra possui para manter a vida são obras incomparáveis do poder criador de Deus. O Apóstolo S. Paulo escreveu no prefácio de sua carta aos Romanos que: "os atributos invisíveis de Deus (Onipotência, Onisciência e Onipresença), assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas" Rm 1:20. Em síntese, Paulo declara que a Natureza retrata e ao mesmo tempo estampa a Glória de seu Criador.]

2. Direito de todos. No Brasil, o meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito previsto na Constituição Federal, que assim estabelece em seu art. 225: "Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações". Como cidadão responsável e consciente, o cristão também possui o dever legal de defender e preservar os recursos naturais, tanto para a presente quanto para as futuras gerações. Que tipo de terra deixaremos para os nossos filhos? [Comentário: A Bíblia diz que "Deus criou o homem à sua imagem e semelhança e em seguida os abençoou dizendo: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a Terra, sujeitai-a, e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo animal que se move sobre a terra. Eis que tenho dado toda erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra, e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda erva verde será para mantimento; e assim foi. E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto". (Gênesis) Tal episódio da criação nos revela que a intenção primária de Deus para com o homem frente à natureza criada era uma só, o exercício da mordomia, ou seja, o cuidado (preservação) que o próprio homem deveria dispensar à natureza. A sujeição e o domínio que o homem estaria exercendo frente o ecos deveria dar-se a partir do senso de responsabilidade ambiental, que, por conseguinte estaria lhe garantindo o próprio bem estar, sua provisão, e por isso a garantia da subsistência.]

3. Sustentabilidade e ética ambiental. A proteção ecológica envolve um conjunto de medidas que podem ser adotadas pelos servos de Jesus. É preciso encontrar o ponto de equilíbrio entre o desenvolvimento e a preservação dos recursos naturais, o chamado desenvolvimento sustentável. [Comentário: De todos os grandes sistemas religiosos e filosóficos, nenhum dá maior dignidade ao mundo material do que a tradição judaico-cristã. Os dois testamentos das escrituras apóiam o argumento de que a matéria é boa, e que o mundo natural é semelhante a Deus. (Norman L. Geisler, 1991, p. 213). É bom que se diga, que, o povo Cristão no mundo inteiro tem plena consciência de que a Bíblia é a Palavra de Deus, ou seja, é o único guia de fé, porém, o mundo não tem atentado para o fato de que a Bíblia começa e termina com a criação. “No princípio criou Deus os Céus e a terra...”Gn1.1,” ...A Glória do Senhor encherá toda a terra.”Nm. 14:21. Quando desrespeitamos a natureza, não utilizamos de forma sustentável os rios, as florestas, o solo, o ar, aquilo que é necessário para a vida do planeta, demonstramos a falta de importância dada às gerações futuras, transmitindo a idéia de que nós precisamos extrair tudo agora porque pensamos apenas, no máximo, nos nossos netos. Essa é uma visão completamente fora do propósito de Deus na relação do homem com a natureza. Abraão também nos apresenta um interessante testemunho, pois é enviado para uma terra que não conhecia, a fim de ser pai de uma grande nação, uma geração tão grande que nem poderia ser contada. Ele se preocupou com as gerações futuras, essa é uma parte muito bonita na Bíblia: “Plantou Abraão tamargueiras em Berseba e invocou ali o nome do SENHOR, Deus Eterno” (Gn 21.33). Quantos anos tinha Abraão quando plantou aquele bosque de tamargueiras? 80 anos? 100 anos? Por que um homem de idade tão avançada haveria de se preocupar em plantar um bosque de tamargueiras, se ele não comeria do fruto daquelas árvores, se não usaria as suas sombras para descansar? Ele plantou as tamargueiras simbolizando a sua aliança, o seu cuidado com as gerações futuras.]

Pense
A proteção do ambiente é, também, uma forma de proteção da própria vida humana.

Ponto Importante
Desenvolvimento sustentável significa encontrar o ponto de equilíbrio entre o desenvolvimento e a preservação dos recursos naturais.

CONCLUSÃO
Como discípulos e servos de Jesus, possuímos boas razões para zelar pela natureza. Porque a terra é do Senhor e toda a sua plenitude (1 Co 10.26), e nós somos mordomos, cuidadores da sua criação. Desse modo, a responsabilidade ambiental do cristão não está amparada em conceitos panteístas e na onda "verde" do tempo atual, e, sim, nas Escrituras Sagradas. Devemos, por isso, usar os recursos naturais de forma consciente e sábia, preservando-a para uma boa qualidade de vida, tanto para a presente quanto para as futuras gerações, enquanto o Senhor não voltar. [Comentário: A visão cristã, juntamente com a participação do homem na obra criadora de Deus, não perde de vista a realidade do pecado. O pecado original não só rompeu a harmonia entre Deus e o homem, como também rompeu a harmonia do homem com a criação . No Gênesis, a maldição de Deus sobre a terra tem a sua origem no pecado do homem (Gn 3. 17-18). A crise do meio ambiente não pode considerar-se somente como a consequência de um «erro» técnico; é, sobretudo, o resultado da vontade humana que, em lugar de tratar a Natureza em obediência à lei moral, decidiu utilizá-la como meio para exaltar o próprio poder e bem estar: o problema ecológico é um problema moral. O empenho ecológico deve iniciar por uma mudança de tipo espiritual e moral. A ecologia interior é condição necessária para solucionar a ecologia exterior . A ecologia interior permite e tem como fruto a mudança moral da pessoa, um novo modo de atuar em relação com os outros e com a Natureza, a superação das atitudes e estilos de vida conduzidos pelo egoísmo, que são a causa do esgotamento dos recursos naturais. A tutela do meio ambiente será considerada eficazmente como uma obrigação moral que incumbe a cada pessoa e a toda a humanidade. Não será apreciada somente como uma questão de interesse pela Natureza, mas de responsabilidade de cada homem perante o bem comum e os desígnios de Deus. Pela redenção, não só o homem é reconciliado com Deus, mas também o mundo visível, que – devido ao pecado – está sujeito à vaidade, «adquire novamente o vínculo original com a mesma fonte divina da Sabedoria e do amor» . A redenção de Cristo alcança toda a criação (Ef 1, 10; Cl 1, 20) . Em Cristo, plenitude da caridade, o cristão encontra a verdade sobre o domínio da criação, um domínio que é serviço: um ocupar-se amorosamente no embelezamento do criado, que implica também maximizar o seu proveito. Com a redenção, o cuidado da criação não é outra coisa que a participação dos homens redimidos por Cristo, identificados com Ele, na obra redentora de Deus. O cristão, com efeito, está destinado a ser, em Cristo, sacerdote, profeta e rei de toda a criação. O Cristão deve estar informado e informar ao mundo acerca dos males que causam por falta da educação ambiental na sociedade, isso porque, Deus quer que sejamos dignos de confiança, pois somos a sua imagem e semelhança. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. (Gn 1.27). Nestas considerações é claro e notório que o povo de Deus está diretamente compromissado com a preservação do meio ambiente. Portanto, o homem está neste reflexo criador, ordenador e zelador dos bens de Deus.] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco Barbosa
CampinaGrande-PB
Junho de 2015


Hora da Revisão
1. De qual passagem bíblica extraímos o conceito de mordomia?
2. O que envolvia o plano do Altíssimo para a civilização após o Dilúvio?
3. Qual justificativa equivocada os crentes utilizam para a falta de responsabilidade ambiental?
4. O que é meio ambiente?
5. O que você tem feito para preservar o meio ambiente?




Fonte: CPAD, Revista, Lições Bíblicas Jovens, alunos, 2º trimestre 2015.