THINKING MATURELY ABOUT THE CRISTIAN FAITH
2º
Trimestre de 2015
Lição 2
12 de abril de 2015
O Nascimento de Jesus
TEXTO ÁUREO
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VERDADE PRÁTICA
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"E deu à luz o seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e
deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na
estalagem." (Lc 2.7)
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Deus revelou seu amor à
humanidade ao enviar a este mundo o seu Filho Jesus.
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LEITURA DIÁRIA
Segunda - Lc 1.55
Deus é fiel e cumpre
as suas promessas
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Quinta - Lc 2.18
Deus revela a
realeza do Messias para toda a humanidade
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Terça - Lc 1.41
Deus revitaliza as
profecias a respeito do Messias
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Sexta - Lc 2.25-26
Deus revela-se aos
piedosos e às minorias
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Quarta - Lc 4.18;6.20
Deus revela-se aos
carentes e necessitados
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Sábado - Lc 2.36-38
Deus revela-se aos
humildes e contritos de coração
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LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Lucas
2.1-7
1 - E aconteceu,
naqueles dias, que saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo se alistasse.
2 - (Este primeiro
alistamento foi feito sendo Cirênio governador da Síria.)
3 - E todos iam
alistar-se, cada um à sua própria cidade.
4 - E subiu da Galileia
também José, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade
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de
Davi chamada Belém (porque era da casa e família de Davi),
5 - afim de alistar-se
com Maria, sua mulher; que estava grávida.
6 - E aconteceu que,
estando eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz.
7 - E deu à luz o seu
filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque
não havia lugar para eles na estalagem.
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HINOS
SUGERIDOS: 169,184, 185 da Harpa Cristã
OBJETIVO GERAL
Mostrar que a vinda de Jesus Cristo ao mundo é uma prova do amor de
Deus.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Após esta aula, o aluno deverá
estar apto a: Abaixo, os objetivos específicos
referem-se aos que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o
objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I. Apresentar
o nascimento de Jesus no contexto profético.
II. Conhecer como se deu o anúncio do
nascimento de Jesus segundo Lucas.
III. Explicar
o porquê de o nascimento de Jesus ter ocorrido entre os pobres.
IV. Mostrar
o nascimento de Jesus dentro do judaísmo.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Lucas narra o nascimento de Jesus,
situando-o no contento das profecias bíblicas e do judaísmo dos seus dias. O
"silêncio profético", que já durava quatrocentos anos, foi rompido
pelas manifestações divinas na Judeia. A plenitude dos tempos havia chegado e o
Messias agora seria revelado! O nascimento de Jesus significava boas novas de
alegria para todo o povo. Os pobres e os piedosos seriam os primeiros a
receberem a notícia. Dessa forma. Deus mostrava que a salvação, por Ele
provida, alcançaria a todos os homens. [Comentário: Após uma rápida introdução (1.1-4), Lucas relata o anúncio
dos anjos com respeito aos nascimentos vindouros de João Batista (w 5-25) e de Jesus
(w. 26-38), narra a alegria das duas parentas, Isabel e Maria (vv. 39-45) e
inclui uma cópia do magnífico cântico de louvor, em forma de poema, “o cântico
de Maria”, comumente conhecido como “o Magnificat” (w. 46-56). Lucas descreve
as circunstâncias extraordinárias do nascimento de João e o sentimento pela
expectativa criada na região (vv. 57-66). Finalmente, Lucas inclui uma
declaração profética de Zacarias, o pai de João, ao identificar a missão de seu
filho como o precursor do Messias {w. 67-80). Ao juntar todo esse material,
muitos dos quais exclusivos de seu Evangelho, Lucas chama a atenção para o
clima de expectativa que Deus começava a criar entre seu povo como preparativo
para o aparecimento do Salvador. Todavia, o autor também chama nossa atenção
para as magníficas características de Maria e Isabel, mulheres de fé e
compromisso. RICHARDS. Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. Uma análise
de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo.Editora CPAD. pag. 652. O termo
plenitude significa literalmente "completude", com isso o texto de
Lucas nos diz que que Cristo veio no momento certo, na hora que deveria, Ele
veio na Plenitude dos tempos; se Cristo fosse enviado em qualquer outro momento
da história o cristianismo não teria o mesmo impacto como tem hoje, como diz o
Rev. Herminsten Maia (pastor presbiteriano, teólogo e escritor. Coordenador
do Departamento de Teologia Sistemática no Seminário Presbiteriano Rev. José
Manoel da Conceição, em São Paulo.): "Deus não intervém na história, Ele controla a história". Deus
é soberano. O tempo entre a última parte do Antigo Testamento e a aparição de
Cristo é conhecido como o "silêncio profético", porque não houve
nenhuma palavra profética de Deus durante esse período, alguns o chamam de “400
anos de silêncio”. A atmosfera política, religiosa e social da Palestina mudou
significantemente durante esse período. Muito do que aconteceu foi predito pelo
profeta Daniel (veja Daniel capítulos 2,7,8 e 11 e compare os eventos
históricos).] Convido você para mergulharmos mais fundo nas
Escrituras!
Continue a leitura clicando abaixo:
I - O NASCIMENTO DE JESUS NO CONTEXTO PROFÉTICO
1. Poesia e profecia. No relato do nascimento de Jesus há duas
belíssimas poesias conhecidas na teologia cristã como Magnificat de Maria, a
mãe de Jesus, e o Benedictus de Zacarias, o sacerdote (Lc 1.46-55,67-79). Esses
cânticos são de natureza profética e como tal contextualizam o nascimento de
Cristo dentro das promessas de Deus a seu povo. Maria, por exemplo, diz que, ao
nascer Jesus, Deus estava se lembrando das promessas feitas a Abraão {Lc 1.55).
Por outro lado, Zacarias afirma da mesma forma que tal visitação era o cumprimento
do que Deus havia prometido na antiguidade aos profetas (Lc 1.70). 0 nascimento
de Jesus não se tratava, portanto, de um evento sem nexo com a história
bíblica. Foi um fato que aconteceu na plenitude dos tempos e testemunhou o
cumprimento das promessa de Deus (Gl 4.4). [Comentário: O
Magnificat (1.46-56). Alguns questionam se uma jovem e inculta criatura poderia
compor esse magnífico poema profético. Não obstante, Maria estava bem
familiarizada com as passagens do Antigo Testamento, pois as ouvia nos momentos
de louvor na sinagoga e em sua casa. Maria, sem dúvida alguma, sabia tudo sobre
a visita do anjo e pode ter escrito seu salmo durante semanas, orientada pelo Espírito
que falava através dela. Seu poema em formato de louvor é dividido em quatro
partes distintas. 1) louvor e agradecimento pessoal (w. 46-48); 2) celebração
aos atributos de Deus (w. 49,50); 3) proclamação da correção da injustiça (w.
51-53); e 4) louvor pela misericórdia demonstrada a Israel (vv. 54,56). O
Benedictus (1.67-80). O poema profético de louvor de Zacarias a Deus, pelo
Messias (vv. 68-75) e o papel de seu filho, João (w. 76-79). RICHARDS.
Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. Uma análise de Gênesis a Apocalipse
capítulo por capítulo.Editora CPAD. pag. 652.]
2. A restauração do Espírito profético. Já observamos que, na teologia lucana, o Espírito
Santo ocupa um lugar especial. Encontramos 17 referências ao Espírito Santo no
terceiro Evangelho e 54 no livro de Atos dos Apóstolos. Isso é significativo se
levarmos em conta que Mateus fala apenas 12 vezes no Espírito Santo e Marcos 6.
Lucas focaliza o revestimento do Espírito, mostrando que o dom profético,
silenciado no período Interbíblico, foi revivificado com a vinda do Messias.
Não é à toa que a maioria das referências ao Espírito, nesse Evangelho, ocorra
nos dois primeiros capítulos que relatam o nascimento de Jesus (Lc 1.41,67;
2.25-27). [Comentário: Já foi
dito neste livro que Lucas demonstra um interesse ímpar na pessoa do Espírito Santo
e como Ele se relaciona com o ministério de Jesus. Lucas faz um desenho
detalhado do contexto profético a fim de mostrar que o Espírito profético havia
sido revivificado. Os expositores bíblicos David W. Pao e Echard J. Schnabel
denominam esse aspecto da teologia carismática de Lucas de “o alvorecer da era
escatológica”, e escrevem: “O surgimento de João Batista significa o retorno da
profecia e dos atos salvíficos de Deus na história, essa sessão destaca o
despertar da era escatológica. A intensidade da presença do Espírito Santo enfatiza
essa afirmação: Isabel “ficou cheia do Espírito Santo” (1.41), e assim também
Zacarias (1.67). O ministério de João Batista é caracterizado como um
ministério do Espírito (1.15). Simeão, que aguarda com expectativa a consolação
de Israel (cf. Is 40.1), recebe o Espírito (2.25) e a revelação do Espírito Santo
de que “ele não morreria antes de ver o Cristo da parte do Senhor” (2.26).
Embora a presença do Espírito possa ser encontrada nos relatos de personagens
do AT (e.g., Josué [Nm 27.18], Sansão [Jz 13.25], Davi (1 Sm 16.13], essa
intensidade só encontra correspondência no acontecimento do Pentecostes,
relatado no segundo volume de Lucas (At 2), no qual as promessas proferidas por
João (Lc 3.16) e por Jesus (Lc 11.13; 12.12; At 1.8) são cumpridas. Esses
acontecimentos apontam para o cumprimento de antigas promessas que falam do
papel do Espírito no tempo do fim (v. esp. Is 32.14-17 [cf. Lc 24.49; At 1.8];
J1 2.28-32 [cf. At 2.17-21]), quando Deus restaurará seu povo para sua glória
(At 3.19-20)”. A teologia de Lucas, portanto, tanto no terceiro evangelho como
nos Atos dos Apóstolos é uma teologia da Salvação de Deus. Durante seu
ministério terreno, capacitado pelo Espírito Santo, conforme o testemunho do
terceiro evangelho, Jesus a proclamou (Lc 4.18; At 10.38). Glorificado à
direita do Pai nos céus, e através do mesmo Espírito que outorgou aos que lhe
obedecem, conforme o testemunho de Atos dos Apóstolos (At 2.33; 5.32), o Senhor
está dando-lhes continuidade. O Espírito Santo sempre esteve presente na
história do povo de Deus. Ele esteve presente na história do antigo Israel,
esteve presente no ministério de Jesus e dos apóstolos e agora está presente na
igreja hodierna! José Gonçalves. Lucas, O Evangelho de JESUS, o Homem
Perfeito. Editora CPAD. pag. 32-33. . Simeão é descrito como justo.
Também o era José, o esposo de Maria (Mt 1.29); e o era a própria Maria, bem
como Zacarias e Isabel (Lc 1.6). E não nos esqueçamos de José de Arimatéia
(23.50). Simeão “era justo e devoto”. Veja outros exemplos de pessoas devotas
em Atos 2.5; 8.2; 22.12. Com a máxima prudência, essas pessoas se encarregaram
dos deveres que Deus lhes designara. São conscientes em seus planos, tendo
sempre como objetivo melhorar o bem-estar delas mesmas e de seu próximo, para a
glória de Deus. A combinação “justo e devoto” bem que poderia indicar que
Simeão se conduzia de tal modo que sua conduta com respeito aos homens (era
justo) e para com Deus (era piedoso) era alvo da aprovação divina. Este homem
“estava esperando a consolação de Israel”. Realmente, as condições em Israel
eram bem precárias, precaríssimas no tempo em que Jesus nasceu em Belém. Pense
na perda da independência política, no cruel rei Herodes, na degeneração da
religião que passara a ser algo completamente externo, no legalismo de escribas
e fariseus e de seus muitos seguidores, no mundanismo dos saduceus, no silêncio
da voz profética etc. Mas em meio a toda essa obscuridade, degradação e
desespero havia homens que olhavam com esperança, com sinceridade, “para a
consolação de Israel”. Havia homens ... e também mulheres! Já foram mencionadas
Maria e Isabel. Um pouco mais adiante Lucas porá Ana na lista. A frase “todos
os que estavam esperando a redenção de Jerusalém” (2.38) indica que esse grupo
de homens e mulheres piedosos era considerável. Que esses homens e mulheres
eram deveras justificados nessa esperança é evidente à luz da profecia. Por
exemplo, estude as muitas profecias de Isaías nas quais se prometem bênçãos
tais como consolo, paz e alegria, associando-as com a era messiânica (Is 7.14;
9.1-7; 11.1- 10; 40.1-11; 49.8-13; 51.1-6, 12-16; 52.13-55.13; 60.1-3; cap. 61;
66.13). Simeão fora dotado com uma bênção muito rara e especial. De alguma
forma, mesmo antes do Pentecostes, o Espírito Santo já estava habitando nele.
Ele estava constantemente sob a influência do Espírito. Esse mesmo Consolador
lhe revelara que não morreria sem antes ver o Cristo de Deus. Para ter mais luz
sobre a expressão, o Cristo de Deus, ou do Senhor, veja Salmo 2.2; 45.7; 110.1;
Isaías 61.1; Lucas 4.18. HENDRIKSEN. William. Comentário do Novo
Testamento. Lucas I. Editora Cultura Cristã. pag. 230-231.]
SÍNTESE
DO TÓPICO I
0
nascimento de Jesus se deu na plenitude dos tempos, cumprindo todas as
profecias bíblicas.
“No
plenitude dos tempos, Jesus veio ao mundo. Ele é o Messias.
”
II-O ANÚNCIO DO NASCIMENTO DE JESUS
1. Zacarias e Izabel. Em sua narrativa dos fatos que precederam o
anúncio do nascimento de Jesus, Lucas diz que o sacerdote Zacarias havia
entrado no "templo para ofertar incenso" (Lc 1.9). A queima do
incenso fazia parte do ritual do Templo e ocorria no período da manhã e à tarde
(Êx 30.1-8; 1 Rs 7.48-50). Foi durante um desses turnos que um anjo de Deus
apareceu a Zacarias para informar-lhe que a sua oração havia sido ouvida pelo Senhor
e que a sua mulher, embora já não fosse mais fértil, geraria um menino, cujo
nome seria João (Lc 1.13). João, o Batista, nasceu para ser o precursor do
Messias, anunciando a sua missão. Ele seria a "Voz do que clama no
deserto" e precederia o Senhor, preparando o seu caminho (Lc 3.4,5). [Comentário: Exercendo
ele o sacerdócio diante de Deus (8) indica que se tratava de um sacerdote - em
uma época em que o sacerdócio era frequentemente corrupto e secularizado - que
percebia o caráter sagrado do seu trabalho e o relacionamento, tanto do seu
trabalho quanto da sua pessoa, com Deus. Deus não somente escolhe grandes
homens para executarem grandes tarefas, mas Ele também destina grandes pais
para esses homens - grandes, de acordo com o padrão de Deus. Na ordem da sua
turma significa a ordem de Abias (veja o comentário sobre o versículo 5). Na Páscoa,
no Pentecostes, e na Festa dos Tabernáculos todos os sacerdotes serviam
simultaneamente, mas durante o resto do ano cada uma das 24 ordens servia
durante uma semana a cada seis meses. Zacarias estava servindo durante uma
dessas semanas no Templo. Depois de terminar o seu período de serviço, ele
retornaria à sua casa. Os deveres do sacerdote eram atribuídos por meio da
sorte sagrada (9). A maior honra que um sacerdote poderia ter era a de oferecer
incenso, e um sacerdote não poderia tirar outra sorte melhor durante aquela
semana de serviço. O incenso era oferecido antes do sacrifício matinal, e
depois do sacrifício vespertino, no altar do incenso. Este altar se localizava
no Tempo, imediatamente antes do véu que separava o Lugar Santo do Lugar
Santíssimo. Toda a multidão... estava fora, orando, à hora do incenso (10).
Esta era uma ocasião altamente sagrada. O incenso oferecido simbolizava as
orações do povo, que eram ofertadas ao mesmo tempo, pelas mulheres no pátio das
mulheres, pelos homens no pátio dos homens e pelos demais sacerdotes no pátio
dos sacerdotes. Então, um anjo do Senhor lhe apareceu [a Zacarias] (11). A voz
divina da revelação não havia se pronunciado durante quatro séculos. Então, de
repente, apareceu o anjo do Senhor. Observamos que o anjo não “se aproximou”,
ele apareceu - de repente, sem aviso. O fato de ele ter aparecido a um
sacerdote no Templo ressalta as características de Antigo Testamento desse
início da revelação do Novo Testamento. João seria um precursor do Cristo que
viria e do seu Reino. Ele também seria um elo com a revelação do Antigo
Testamento, que agora estava chegando ao seu final. A direita do altar do
incenso é o lado norte, entre o altar do incenso e a mesa dos pães da
proposição. Observamos como Lucas é específico com os mínimos detalhes. Esta é
uma característica que podemos observar em todo o seu Evangelho, e é mais uma
prova da sua autenticidade. Zacarias... turbou-se... e caiu temor sobre ele
(12). Esta era uma reação natural sob estas circunstâncias incomuns. O anjo lhe
disse... não temas (13). Embora o medo fosse a reação humana natural, a missão
do anjo proporcionava motivo para alegria. A sua presença não era uma indicação
do desagrado de Deus, mas da Sua aprovação, e da adequação de Zacarias para uma
tarefa divina muito significativa. ... a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua
mulher, dará à luz um filho. A oração à qual o anjo se refere deve ter sido
feita em um período anterior da vida de Zacarias; a sua dificuldade em
acreditar na promessa do anjo evidencia que há muito tempo ele já tinha deixado
de orar por um filho, ou até mesmo de esperar por ele. Mas Deus não se esquece
das orações passadas. O que parece ser uma demora ou uma recusa da parte de Deus,
é somente a Sua perfeita sabedoria e o Seu perfeito planejamento. Alguns
estudiosos opinam que a oração mencionada aqui foi para a vinda do Messias ou
para a libertação de Israel, mas isto não seria coerente com o contexto. Sem
dúvida, Zacarias orava frequentemente pedindo essas coisas, mas a oração
mencionada era aquela em que ele pedia um filho. E lhe porás o nome de João. Deus
não apenas convocava e enviava os seus profetas, mas também frequentemente lhes
dava o nome. “João” significa “Jeová mostra graça” ou “a misericórdia” ou “a
graça de Jeová”.2 Este era um nome apropriado para alguém cujo ministério
demonstra tão claramente a lembrança e a misericórdia de Deus para com o seu
povo. Charles L. Childers. Comentário Bíblico Beacon. Lucas. Editora CPAD.
Vol. 6. pag. 358-359.]
2. José e Maria. Cerca de seis meses após o anúncio do nascimento
de João, o Batista, o anjo Gabriel é enviado a Nazaré, lugar onde moravam José
e sua noiva, Maria. Ela era uma virgem e estava noiva de José. O anúncio de que
ela geraria um filho, sem que para isso fosse necessário haver intercurso
sexual, deixou-a apreensiva (Lc 1.34). 0 anjo informa-lhe que desceria sobre
ela o Espírito Santo e o poder de Deus a envolveria com a sua sombra (Lc 1.35).
Aqui está o milagre da encarnação - O Filho de Deus fazendo-se carne, a fim de
que, através desse grande mistério, possamos alcançar a salvação (Jo 1.1,14). [Comentário: «...como
será isto...». Este versículo afirma a intenção do autor de ensinar o
nascimento virginal de Jesus. Ver Luc. 1:27. Neste ponto começou o segundo
estágio da experiência espiritual de Maria—a perplexidade. (Ver notas, no vs.
29, sobre os quatro estágios dessa experiência: temor e perplexidade (vss. 29 e
34) e administração da graça divina e, finalmente, obediência (vss. 37 e 38). O
pronunciamento do anjo causou-lhe espanto, porque suas implicações eram
gigantescas, e a perplexidade foi, aprofundada pelo pensamento, que Maria
compreendeu pelo menos em parte, que aquele grande Filho haveria de nascer de
uma virgem. Maria ficara perplexa ante o fato de que ela haveria de ser a
progenitora do Messias davídico, e também porque isso era um anúncio virtual de
que teria um filho antes da consumação de seu matrimônio, como ocorrência
inteiramente desvinculada desse casamento. Maria, mostrando-se digna
representante das mulheres da mais profunda confiança no Senhor,—não requereu
um sinal—ou qualquer espécie de confirmação, mas aceitou a declaração por um
notável ato de fé. O vs. 45 afirma a sua crença: «Bem-aventurada a que creu, porque
serão cumpridas as palavras que lhe foram ditas da parte do Senhor». «...descerá
sobre ti o Espirito Santo. ..» Diz Bengel, in loc: «O que denota a operação
mais suave e gentil do poder divino, indicando que o fogo divino não consumiria
a Maria, mas a tornaria frutífera». (Ver também Êx. 33:33 e Marc. 9:7). O mito
clássico a respeito de Semele e Jove apresenta-o aparecendo a ela com o mesmo
aspecto que ele tinha no mais alto céu, e o resultado foi que ela foi consumida
pelo seu relâmpago, com todos os seus terrores e trovões. Mas aqui é prometida
a Maria—a glória—do resplendor divino, porém para encobrir a Maria e servir-lhe
de consolo, tal como uma nuvem que oculta os raios consumidores do sol. A
referência a Deus Pai, com o título de «Altíssimo», é repetida neste caso. Ver
vs. 32. «Filho de Deus». Embora esse apelativo tenha uma aplicação mais ampla
do que apenas o nome de «Cristo», e talvez não contenha qualquer ideia de
deidade, dependendo do contexto em que se encontra, aparece aqui para indicar uma
relação toda especial com Deus—provavelmente a participação na mesma
essência—assim ensinando indiretamente a divindade de Cristo. Foi atribuído,
sob diferentes circunstâncias a Israel, a reis e a sacerdotes, como título. Em
algumas referências, quando Cristo está em foco, não há qualquer intenção de
destacar essa relação especial com Deus ou com a natureza divina de Jesus. Se
acompanhar o uso dessa expressão pelas páginas sagradas, haveremos de encontrar
as seguintes declarações: 1. Jesus é identificado com o personagem profético do
Messias davídico do V.T. 2. Reivindica uma relação especial, existente entre Jesus
e Deus Pai. 3. Às vezes indica a natureza divina de Jesus, e até mesmo a
perfeita união com o Pai (João 5:19,30; 16:32; Heb. 1:3,4). 4. Embora tenha
sido inicialmente aplicada ao Messias davídico, posteriormente assume
qualidades transcendentais e se torna um título de Jesus Cristo, com o intuito
de indicar a sua natureza divina. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo
Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag.
16. A informação adicional que o anjo transmite a Maria, respondendo à
sua pergunta a respeito do nascimento deste príncipe. 1. A pergunta que ela faz
é apropriada: “Como se fará isto?”, v. 34. Como eu posso conceber um filho na
atualidade (pois foi isto o que o anjo quis dizer), se eu “não conheço varão”?
Deverá ser de outra maneira, e não pelo modo normal de concepção? Se for assim,
diga-me “como se fará isto?” Ela sabia que o Messias devia nascer de uma
virgem; e, se ela devia ser a sua mãe, ela queria saber como isto aconteceria.
Estas não eram palavras resultantes da sua falta de confiança, ou de qualquer
dúvida sobre o que o anjo lhe havia dito, mas de um desejo de receber mais
orientação. 2. A resposta que ela recebe é satisfatória, v. 35. (1) Ela irá
conceber pelo poder do “Espírito Santo”, cuja obra é santificar, e portanto,
santificar a virgem, para este propósito. O Espírito Santo é chamado de
“virtude do Altíssimo”. Ela pergunta “como se fará isto? Isto é suficiente para
ajudá-la a superar as dificuldades que parecem existir. Um poder divino o
realizará, não o poder de um anjo empregado para isto, como em outros milagres.
Mas, o poder do próprio “Espírito Santo”. (2) Ela não deve fazer perguntas a
respeito da maneira como isto se realizará, pois o Espírito Santo, sendo “a
virtude do Altíssimo”, irá cobri-la “com a sua sombra”, como a nuvem cobriu o
tabernáculo quando a glória de Deus tomou posse dele, para escondê-lo daqueles
que poderiam - com excessiva curiosidade - observar o que acontecia,
“bisbilhotando” os seus mistérios. A formação de cada bebê no útero, e a
entrada do espírito da vida nele, são mistérios da natureza; ninguém conhece “o
caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da que está grávida”,
Eclesiastes 11.5. Nós fomos formados no oculto, Salmos 139.15,16. A formação do
menino Jesus é um mistério ainda maior, sem controvérsia, “grande é o mistério
da piedade”, Deus manifestado em carne, 1 Timóteo 3.16. E uma coisa nova criada
na terra (Jr 31.22), a cujo respeito nós não devemos cobiçar conhecer além do
que está escrito. (3) A criança que ela irá conceber é santa, e portanto não
deve ser concebida da maneira normal, porque ela não deverá compartilhar da
corrupção e da contaminação comuns à natureza humana. O bebê é mencionado
enfaticamente como “o Santo”, como nunca houve; e Ele será chamado de “Filho de
Deus”, como o Filho de Deus por geração eterna, o que indica como Ele será
formado pelo Espírito Santo, nesta concepção. A sua natureza humana deveria ser
produzida desta maneira, como era adequado que fosse, pois se uniria à natureza
divina. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A
JOÃO Edição completa.Editora CPAD. pag. 517.]
SÍNTESE
DO TÓPICO II
0 anjo Gabriel anunciou a Maria o
nascimento do Filho de Deus.
CONHEÇA MAIS
*0 local de nascimento do Salvador
“Jesus
nasceu em Belém, ao sul de Jerusalém, mas passou a infância e juventude em
Nazaré, cidade próxima ao mar da Galileia, no norte. Belém, o lugar onde Jesus
nasceu, é hoje uma região em conflito." Para conhecer mais leia Guia
Cristão de Leitura da Bíblia, CPAD, p. 21.
III - O NASCIMENTO DE JESUS E OS CAMPONESES
1. A nobreza dos pobres. É um fato de fácil constatação o destaque que os
pobres recebem no Evangelho de Lucas. Quando deu início ao seu ministério,
Jesus o fez dizendo as seguintes palavras: "0 Espírito do Senhor é sobre
mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres" (Lc 4.18). Os pobres
faziam parte das bem-aventuranças de Jesus (Lc 6.20). Pobres são os carentes
tanto de bens materiais como espirituais. No anúncio do nascimento de Jesus, um
anjo do Senhor é enviado especialmente aos camponeses pobres que pastoreavam os
seus rebanhos no campo. Jesus veio para todos, independente da condição social.
O Filho de Deus dedicou total atenção as minorias do seu tempo: as mulheres,
crianças, gentios, leprosos, etc. Ele chegou a ser chamado de amigo de
publicanos e pecadores, pois estava sempre perto dos mais necessitados. Como
Igreja do Senhor, temos atendido os desvalidos em suas necessidades? Será que
temos seguido o exemplo do Salvador? Como "sal" da terra e
"luz" do mundo precisamos revelar Cristo aos carentes e necessitados,
pois eles conhecerão o amor de Cristo mediante as nossas ações. [Comentário: Evangelizar
os pobres (18), ou “pregar o evangelho aos pobres”. O termo evangelho significa
“boas-novas” ou “boas notícias”. Os pobres pareciam mais dispostos a ouvir Jesus.
As suas necessidades faziam com que eles se voltassem para o Salvador. Ninguém,
rico ou pobre, consegue encontrar Jesus até que perceba sua destituição
espiritual, busque a Cristo, e confesse a Ele as suas necessidades. Charles
L. Childers. Comentário Bíblico Beacon. Lucas. Editora CPAD. Vol. 6. pag. 387.
Por isso, a segunda coisa que Jesus diz para caracterizar a proclamação
que lhe fora confiada é que ela precisa ser levada aos pobres, aos pedintes e
mendicantes, isto é, aos que se encontram fracos e com o coração deprimido,
prostrando-se por isso em súplica perante Deus, uma boa mensagem que alegra
justamente a estes. – Por isso, lemos no v. 18: Ele me enviou para evangelizar
aos indigentes. A expressão “indigente” refere-se aos materialmente pobres e
que se tornaram também interiormente pobres pelo Espírito Santo (cf. Comentário
Esperança, Mateus, o exposto sobre Mt 5.3, p. 76s). Aqueles que têm consciência
dessa sua miséria (cf. a primeira bem-aventurança do Sermão da Montanha) são
receptivos para a boa nova da graça. “Jesus não se considera enviado aos que
acreditam que não precisam de ajuda nem de quem os auxilie, mas àqueles que
sofrem com a própria situação e com a situação do mundo, esperando por socorro.
É para estes que a mensagem de Jesus é notícia alegre”, diz um comentarista. O fato
de que as ilustrações são retiradas da esfera social, anunciando primeiro aos
indigentes e desprezados na vida a salvação e alegria, não constitui apenas uma
predileção de Lucas, mas está profundamente embasado em toda a revelação de Deus
com tal, porque representava a vinda de Deus aos humanos. Não obstante Lucas
não perde nenhuma oportunidade para dar destaque especial a esse aspecto.
Afinal, não há melhor forma de retratar a graça do que pela condescendência com
o que não é nada. Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de
Lucas. Editora Evangélica Esperança.]
2. A realeza do Messias. A mensagem angélica anunciada aos pastores que se
encontravam no campo era que havia nascido na ''cidade de Davi, [...] o
Salvador, que é Cristo, o Senhor" (Lc
2.11). Lucas lembra o fato de que
Cristo nasceu em Belém, cidade de Davi, cumprindo dessa forma a profecia
bíblica (Mq 5.2). Mas o Messias não apenas nasce em Belém, cidade de Davi, Ele
também possui realeza porque é da descendência de Davi, como atesta a sua
árvore genealógica (Lc 3.23-38). Mas não era só isso. Lucas também detalha como
o anjo de Deus falou da realeza do Messias aos camponeses! Ele é o Salvador, o
Cristo, o Senhor (Lc 2.11). Essas palavras proferidas pelo anjo, além de
mostrar a realeza do Messias, destacam também a sua divindade. Jesus é Deus
feito homem! [Comentário: «...nasceu na cidade de Davi...». Aqui
encontramos o paradoxo da encarnação. Quão estranhamente se combinam as
palavras destes versículos: «...o Salvador...Cristo, o Senhor...uma criança
envolta em faixas e deitada em manjedoura... Essas frases têm sido ouvidas e
lidas tão frequentemente que a primeira impressão deixada por elas já se
embotou para muitos. Não obstante, por si mesmas devem ter parecido a princípio
impossíveis e inacreditáveis. Seria uma manjedoura lugar próprio para aquele
que foi enviado pelo Deus altíssimo? Um estábulo seria o lugar onde se
esperaria encontrar o Salvador recém-nascido? No entanto, o mistério e a
maravilha da encarnação se fazem presentes precisamente no fato que essas
coisas assim aconteceram. Pois por ocasião do nascimento de Jesus, em Belém, e
em tudo que a vida de Jesus haveria de revelar posteriormente, encontramos a
mensagem de que não somente existe Deus, mas também que Deus se aproxima
extraordinariamente de nós. Crer que Deus está acima de nós é uma coisa. Crer
que Deus é uma força suficiente para nós é uma confiança inteiramente
diferente, inspiradora. E crer que Deus é não somente todo-poderoso, mas também
se mostra todo-suficiente, e é Deus conosco, Deus próximo de nós, é algo que
nem podemos começar a compreender, e é a melhor de todas as coisas» (Walter
Russel Bowie, in loc.). Naturalmente que devemos observar, em companhia de
quase todos os comentaristas das Escrituras, que—a humildade do nascimento—de Jesus
concorda com a posição por ele ocupada na vida, e com as suas maneiras. E
também se coaduna com aqueles para quem veio ministrar. Ele tratava com as
pessoas em suas ocupações ordinárias, trabalhou como carpinteiro, falava sobre
mulheres que teciam e amassavam a massa, sobre o semeador em seu trabalho de
semeadura, e sobre os pastores que vigiavam os seus rebanhos. Jesus cresceu
como todo homem deve crescer, e desenvolveu-se como todo homem deveria fazê-lo.
Aprendeu a andar com Deus, e, na qualidade de homem, desenvolveu grandes
poderes espirituais. Jesus foi, ao mesmo tempo, o caminho e o indicador do
caminho. E do modo como ele andou também nos compete andar; e assim como ele
compartilhou plenamente de nossa natureza, assim também haveremos de
compartilhar plenamente da dele. (Ver humanidade de Cristo e sua importância
para nós, em Fil. 2:7, bem como a transformação de nossa natureza na dele, em
Rom. 8:29 e Efé. 1:23). «Existem alguns trechos, nas Escrituras, onde as
palavras Cristo e Senhor aparecem juntas. No cap. 23:2 temos Cristo, o Rei, e
em Atos 2:36 encontramos Cristo e Senhor. E não vejo outra maneira de
compreender a palavra ‘Senhor’ senão como um paralelo do termo hebraico Jeová»
(Alford, in loc., apoiado por outros comentaristas e intérpretes, como
Wordsworth). A conexão entre Cristo e Senhor também ocorre em Col. 3:24. O
povo, ao tempo do império romano, acostumara-se a intitular o imperador de
«Salvador»; mas os cristãos aplicam esse titulo a Jesus Cristo. Muitas
dificuldades e perseguições houve contra os cristãos, por causa dessa doutrina.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 29.]
SÍNTESE
DO TÓPICO III
Os pastores que estavam no campo foram os primeiros a saber
que o Filho de Deus havia nascido.
“No anúncio do nascimento de Jesus, um
anjo do Senhor é enviado especialmente aos camponeses pobres que pastoreavam os
seus rebanhos no campo.
”
IV - O NASCIMENTO DE JESUS E O JUDAÍSMO
1. Judeus piedosos. Lucas mostra que o nascimento de Jesus aconteceu
sob o judaísmo piedoso. Ele ocorre dentro do contexto daqueles que alimentavam
a esperança messiânica. São pessoas piedosas que aguardavam o Messias e, quando
Ele se revelou, elas prontamente o reconheceram. Primeiramente, Lucas cita
Zacarias, um sacerdote piedoso e sua esposa, Isabel. A Escritura sublinha que
ambos eram justos diante de Deus e viviam irrepreensivelmente nos preceitos e
mandamentos do Senhor (Lc 1.6). Lucas apresenta também Simeão, outro judeu
piedoso de Jerusalém, e que esperava a consolação de Israel. A ele foi
revelado, pelo Espírito Santo, que não morreria antes que visse o Messias {Lc
2.25,26). Da mesma forma a profetisa Ana, uma viúva piedosa, que continuamente
orava a Deus e jejuava. Quando viu o menino Jesus, deu graças a Deus por Ele e
falava da sua missão messiânica (Lc 2.36-38). [Comentário:
Simeão era nome bem comum, e com esse nome figuram diversos personagens
bíblicos bem conhecidos. Alguns têm pensado que esse Simeão tivesse sido filho
dó famoso rabino Hilel e pai de Gamaliel, mencionado em Atos 5:34, e que foi o
mestre de Saulo de Tarso. Acerca disso não possuímos qualquer informação
segura. Mas os pormenores com que contamos são suficientes em si mesmos. Simeão
era homem justo, piedoso, devoto (palavra empregada somente por Lucas, neste
ponto, e em parte alguma do N.T. encontrada além desta passagem; significa
temente a Deus, e os seus cognatos podem ser encontrados em Heb. 4:5-7 e 12:28.
Quando aplicada a questões religiosas enfatiza o elemento da circunspecção, da
cautela, da observância cuidadosa dos preceitos divinos, e por isso mesmo
expressa muito bem a ideia da piedade, segundo é retratada no V.T., com suas
muitas leis e ordenanças. Ver também Atos 2:5). Esse homem, pois, esperava a
consolação de Israel, o que é uma referência direta à promessa e às profecias
messiânicas. Pelo texto também ficamos sabendo que ele recebeu uma revelação
especial para entender aquele acontecimento, e que o mesmo deveria estar bem
próximo. (Ver os vss. 35 e 30). O vs. 35 indica, igualmente, que ele percebeu
que o sofrimento faria parte do destino do Messias, tanto quanto a glória; mas
essa glória futura do Messias não é omitida. Se Simeão entendeu ou não
perfeitamente tudo quanto estava envolvido nessas profecias, não sabemos dizer;
mas o mais certo é que ele não percebia todo o seu alcance. Lemos, na história,
que Simeão não era o único a esperar pelo Messias, naqueles dias, pois através
da leitura das profecias de Daniel, tal como aquela encontrada em Dan. 9:26, um
remanescente esperava o cumprimento das promessas messiânicas justamente no
tempo de Jesus Cristo. Algumas lendas se têm desenvolvido em torno da pessoa de
Simeão, como no caso de muitas outras histórias presas ao Antigo ou ao Novo
Testamentos, onde realmente não possuímos qualquer informação sólida que
esclareça as identidades. Entretanto, o evangelista teve o cuidado de tornar
conhecida a identidade desse homem quanto ao seu estado espiritual, embora não
nos informasse sobre as suas circunstâncias humanas. A inscrição na lápide de
um soldado, no estado de Virgínia, nos Estados Unidos da América do Norte,
expressa a mesma ideia, ao dizer: «Quem foram eles, ninguém sabe; que foram
eles, todos sabem». «Revelara-lhe o Espírito Santo...». Certa passagem, em
Eyth. Zig,, menciona uma tradição com esse sentido; mas provavelmente não é uma
tradição separada, mas apenas uma tradição que procura ornar o texto. Sabemos
tão-somente que Simeão gozava de uma presença especial do Espírito Santo e sua
orientação, análoga àquela forma superior de vida espiritual que, em dias mais
antigos, era expressa pela expressão «andar com-Deus». Lucas indica que, por
causa dessa unção especial do espírito, Simeão foi conduzido ao templo naquele
dia particular, e que reconheceu ao Cristo. Tudo isso parece indicar alguma
forma especial de manifestação do Espírito Santo em sua vida. Não lemos que a
Simeão tivesse sido revelado qualquer coisa sobre Jesus, sobre as narrativas
acerca de seu nascimento, sobre o milagre de sua concepção virginal ou sobre as
visitações angelicais; não obstante, reconheceu a identidade da criança. Bengel
observa a doce antítese que aqui aparece entre dois espetáculos, o fato de ter
visto «o Cristo do Senhor», antes que ele «visse a morte». Lange observa
admiravelmente que «Simeão, no sentido mais nobre do termo, é o eterno judeu do
Velho Pacto que não pode morrer antes de ter visto o Messias prometido. Foi-lhe
permitido dormir na paz de seu Senhor, antes da crucificação dele». A expressão
«o Cristo do Senhor » é um título judaico, anterior ao cristianismo, que
significa «o Messias de Deus», isto é, o ungido de Deus. CHAMPLIN, Russell
Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Candeias. Vol. 2. pag. 33.]
2. Rituais sagrados. Lucas coloca o cristianismo dentro do contexto do
judaísmo e não como uma seita derivada deste. Como qualquer judeu de seu tempo,
Jesus se submete aos rituais da religião judaica (Lc 2.21-24). Como Homem
Perfeito, Ele cumpriu toda a lei de Moisés. [Comentário: «...circuncidado
o menino, deram-lhe o nome Jesus...» Uma vez mais vemos que uma criança recebe
nome por ocasião de sua circuncisão. Quanto a uma explicação completa a esse
respeito, bem como acerca do sentido e da história do rito da circuncisão, ver
as notas em Luc. 1:59. «Jesus». (Luc. 1:31). Lucas teve o cuidado de salientar
que esse nome foi dado de acordo com a proclamação angelical (1:31). «..purificação
deles...» Alguns manuscritos, principalmente o códex (D) dizem dela,
referindo-se à purificação de Maria após o parto, e isso é seguido por algumas
traduções, tal como a KJ; mas essa alteração de «deles» para «dela» foi
efetuada a fim de fazer o texto conformar-se à regulamentação de Lev. 12:6.
Assim sendo, quase todos os mss e traduções dizem «deles». Após o parto, a
mulher ficava cerimonialmente impura (separada da adoração formal) durante
quarenta dias, se o filho fosse do sexo masculino, e durante oitenta dias, se
fosse uma menina. (Ver Lev. 12:1-8. onde se leem esses regulamentos bíblicos).
A impureza podia ser física. cerimonial ou moral. Aquele que participasse da
adoração deveria ser fisicamente puro, além de estar cerimonialmente limpo
(mediante observância de muitas leis variegadas concernentes ao que podia ser
tocado, comido, etc.) e moralmente limpo, através da observância da lei moral,
Principalmente os dez mandamentos. É possível que o fluxo de sangue, após o
nascimento de uma criança, assim tomando a mãe supostamente «fisicamente
inquira», tivesse dado lugar a esse regulamento e à subsequente cerimônia de
purificação da mãe. No N .T., o evangelho eliminou tais leis como princípios de
adoração. Embora muitas delas são proveitosas como medidas de higiene. Os judeus
ampliavam a grandes proporções as coisas mais comezinhas, e algumas leis, que
eles mesmos reputavam secundárias, acerca da impureza, eram observadas como
grandes questões religiosas. No fim do período do tempo designado pela lei, a
mãe oferecia certos sacrifícios no templo, estipulados pela lei, devido à sua
impureza, e assim ela ficava cerimonialmente limpa. «.. .para o apresentarem ao
Senhor. » Isso foi feito de conformidade com a estipulação de Êx. 13:2, quando
o primogênito era criança do sexo masculino. Obviamente era um testemunho da
ideia do sacerdócio dos primogênitos, como sobrevivente da ideia em prática,
mesmo depois das funções desse sacerdócio terem sido superadas pelo sacerdócio
dos filhos de Aarão. Os primogênitos de cada família ainda tinham por obrigação
levar uma vida consagrada e tinham de reputar-se pessoas dedicadas a certos
misteres especiais. (Ver Heb. 12:23, que indica que todos os crentes devem
pensar sobre si mesmos nesses termos, porquanto todos os crentes são
«primogênitos» e «primícias» da humanidade, segundo aprendemos em Tia. 1:18).
Como expressão formal dessa obrigação, o pagamento de pequena quantia em
dinheiro era esperado, feito ao sacerdócio aarônico (ver Núm. 18:15). O rito da
apresentação era diferente do rito da purificação, mas é patente que os dois
ritos são mesclados nesta narrativa de Lucas. A lei provia a «redenção» dos
meninos primogênitos mediante a oferta de um substituto (Êx. 13:13), mas Lucas
omite qualquer menção sobre isso. Lucas apresenta—o quadro inteiro—como
apresentação do menino Jesus ao serviço de Deus, e a história foi arranjada de
acordo com a narrativa acerca de Samuel, que encontramos na passagem de I Sam.
1:24-28. «...para oferecer um sacrifício... » A citação é tirada de Lev. 12:8,
e isso fala sobre o sacrifício que deveria ser oferecido pela mãe pobre,
incapaz de oferecer um cordeiro; em outras palavras, era o sacrifício oferecido
pelos pobres, o que nos serve para indicar o estado financeiro da família de
José. O preço dos pombos seria o equivalente a alguns poucos centavos. De
conformidade com o trecho de Êx. 13:2-12, todos os primogênitos deveriam ser
redimidos por tal orientação como—memorial— do fato que as famílias israelitas
foram poupadas, quando o anjo destruidor passou por cima do sangue, durante a
«páscoa». Também lemos que se dois pombinhos fossem dispendiosos demais para uma
família, então poderia ser oferecida uma porção de farinha de trigo, embora sem
os usuais acompanhamentos fragrantes de azeite e incenso, o que também se dava
no caso da oferta pelo pecado. (Ver Lev. 12:6-8 e 5:7-11). Assim sendo, vemos
que a família do Senhor Jesus era pobre, embora não vivesse em pobreza abjeta,
posto que preferiram a categoria intermediária. (Á visita dos magos, segundo
ficou registrada exclusivamente pelo evangelho de Mateus—2:1-12—mui
provavelmente antecedeu a essa ação no templo. CHAMPLIN, Russell Norman, O
Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2.
pag. 32-33.]
SÍNTESE
DO TÓPICO IV
José e
Maria, como pais piedosos, seguiram todos os rituais do judaísmo no nascimento
de Jesus.
“Lucas lembra o fato de que Cristo
nasceu em Belém, cidade de Davi, cumprindo dessa forma a profecia bíblica.
”
CONCLUSÃO
Já observamos que Lucas procura
situar o nascimento de Jesus dento do contexto histórico. Dessa forma ele dá
detalhes sobre fatos da história universal mostrando que Deus foi, é e
continuará sendo Senhor da História. É dentro dessa história que se cumpre as
profecias. O Messias prometido, diferentemente do Messias esperado pelos
judeus, nasce em uma manjedoura e não em um palácio. Os pobres, e não os ricos,
são os convidados a participar do seu natal. A Lógica do Reino de Deus se
manifesta oposta à do reino dos homens. Todos aqueles que se sentem carentes e
necessitados são convidados a participarem dele. [Comentário: “A religião judaica foi tipo que uma
"terra arada" e o cristianismo foi a semente plantada nessa terra.
Quando ocorreu a diáspora judaica, os judeus espalharam a ideia de que: iria
vir um messias, e ele ia ser a esperança do mundo, ele ia ter a salvação” Plenitude
dos tempos (Gálatas 4:4)-Danyllo Gomes, em http://verdadedocristianismo.blogspot.com.br/2012/03/plenitude-dos-tempos-galatas-44.html. Deus é soberano na história,
preparou o cenário para a aparição do Messias, no tempo exato. A “plenitude dos
tempos” é o tempo pré-determinado por Deus desde antes da fundação do mundo,
para libertar os que estavam debaixo da Lei, nos tornar Seus filhos pela adoção
de filhos que há em Jesus Cristo e tornar a congregar em Cristo todas as coisas.
A plenitude dos tempos é o momento histórico em que Deus se fez carne para
manifestar a Sua Graça e Verdade aos Seus filhos gentios.] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois
salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Abril de 2015
PARA REFLETIR
Sobre os ensinos do Evangelho de
Lucas, responda:
De que forma devem ser entendidos
os cânticos de Zacarias e Maria?
Eles devem ser entendidos como sendo de
natureza profética. Esses cânticos contextualizam o nascimento de Cristo dentro
das promessas de Deus ao seu povo.
Como era o relacionamento de José
e Maria antes da anunciação angélica?
Eles eram noivos.
De que forma a lição conceitua os
pobres?
Os pobres são os carentes tanto de bens
materiais como espirituais.
De acordo com a lição, qual o
propósito de Lucas mostrar Jesus cumprindo rituais judaicos?
Lucas deseja mostrar que Jesus, como Homem
Perfeito, se submeteu e cumpriu os rituais judaicos, tendo, com isso, cumprido
a Lei.
Dentro de que contento Lucas
procura situar o nascimento de Jesus?
Lucas procura situar o nascimento de Jesus
dentro do contexto histórico.
CONSULTE
Revista Ensinador Cristão -
CPAD, n° 62, p. 38. Você encontrará mais subsídios para enriquecer a lição. São
artigos que buscam expandir certos assuntos.
NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
Revista Lições Bíblicas Mestre - 2º Trim./2015 – CPAD – Comentarista:
José Gonçalves
Tema: "Jesus, o Homem Perfeito; O Evangelho de Lucas, o
Médico Amado
Autorizo a todos que
quiserem fazer uso dos subsídios colocados neste Blog. Solicito, tão somente,
que indiquem a fonte e não modifiquem o seu conteúdo. Agradeceria, igualmente,
a gentileza de um e-mail indicando qual o texto.