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TEXTO PRINCIPAL
“Para que sejais
irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma geração
corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo.” (Fp
2.15).
ENTENDA O TEXTO PRINCIPAL:
👉 O versículo pertence a uma unidade exortativa que vai de Fp 2.12 a 2.18,
onde Paulo encoraja os crentes de Filipos a “desenvolver a sua salvação com
temor e tremor” (v.12) e a fazê-lo “sem murmurações nem contendas” (v.14). O
apóstolo apresenta a vida cristã como um testemunho público da salvação operada
interiormente. O contraste é nítido: enquanto o mundo se entrega à corrupção
moral e espiritual, os crentes devem brilhar como luzes (φωστῆρες, phōstēres) no firmamento do mundo, refletindo a glória de Cristo. Para que sejais irrepreensíveis e
sinceros (ἵνα γένησθε ἄμεμπτοι καὶ ἀκέραιοι) O verbo γένησθε (genēsthe) “vos torneis”, indica processo contínuo de
formação espiritual. A santidade não é um estado automático, mas o fruto da
obediência constante à obra do Espírito. O termo ἄμεμπτοι (amemptoi)
significa “sem censura”, “sem motivo de acusação” usado para designar o caráter que resiste à
crítica moral. Já ἀκέραιοι (akeraios), literalmente “sem mistura”, descreve pureza de intenções e integridade moral. É o mesmo termo usado em Mateus 10.16 “sede simples como as pombas”, e expressa inocência associada à sabedoria.
Paulo, portanto, chama os cristãos a uma pureza tanto ética (no agir) quanto
interna (no querer). Filhos de Deus inculpáveis (τέκνα
θεοῦ ἄμωμα) O apóstolo usa τέκνα θεοῦ (tekna Theou), “filhos de Deus”, em contraste direto com a “geração corrompida”
mostrando que a identidade espiritual é o fundamento da conduta. O adjetivo ἄμωμα (amōma, “inculpáveis”) é termo cultual, usado em Efésios 1.4 e 5.27, remetendo ao cordeiro sem defeito (Lv 1.3). Assim, a
santidade cristã não é apenas ética, mas sacrificial — viver de forma pura é
apresentar-se como oferta viva (Rm 12.1). No meio duma geração corrompida e perversa
(μέσον γενεᾶς σκολιᾶς καὶ διεστραμμένης) A expressão ecoa Deuteronômio 32.5, onde Moisés censura Israel por ter
se tornado “geração corrompida e perversa”. Paulo aplica o mesmo diagnóstico à
sociedade pagã. O termo σκολιός (skolios) significa “torto”, “curvado” imagem
moral para o desvio da verdade. Διεστραμμένη (diestrammenē, de diastrephō)
significa “deturpado”, “distorsionado”. Em outras palavras, o mundo vive
entortando o que Deus fez reto, chamando o mal de bem e o bem de mal (Is 5.20).
O cristão é chamado a permanecer reto em meio aos tortos, íntegro em meio aos
deformados pela incredulidade. Entre a qual resplandeceis como astros no
mundo (ἐν οἷς φαίνεσθε ὡς φωστῆρες ἐν κόσμῳ) A imagem é poética e poderosa. Φαίνεσθε (phainesthe) significa
“brilhar”, “manifestar luz visível”. O termo φωστῆρες (phōstēres) é usado na Septuaginta de Gênesis 1.14–18 para descrever o sol e as estrelas, os “luminares” que
Deus colocou nos céus para iluminar a terra. Paulo aplica essa metáfora cósmica
aos crentes: a Igreja é o firmamento espiritual que reflete a luz de Cristo em
meio às trevas do mundo (cf. Mt 5.14-16; Jo 8.12). Aqui está a missão discipular:
não competir com a escuridão, mas brilhar com pureza, consistência e
constância.
Santidade é um reflexo, não autoprodução. O
crente não brilha por mérito, mas por participar da luz de Cristo (Jo 1.4-9).
Assim como a lua reflete a luz do sol, o discípulo reflete a glória do Filho. A
espiritualidade genuína nasce da comunhão contínua. Pureza interior sustenta
testemunho exterior. Paulo une “irrepreensíveis” e “sinceros” porque santidade
não é fachada, mas coerência entre o ser e o parecer. O Espírito Santo molda o
caráter, não apenas o comportamento. A igreja é chamada a ser contraste
visível. Em uma cultura moralmente torta (skolios), o cristão é chamado a ser
linha reta. Nossa presença deve gerar contraste, não conformidade (Rm 12.2; Ef
5.8-11). Viva de forma que o mundo perceba Cristo em você. Cada atitude,
palavra e escolha devem ser reflexo da luz divina. Pergunte-se: “O que eu
brilho revela Cristo ou apenas meu ego?” Mantenha-se puro em um mundo
distorcido. Isso requer vigilância sobre o coração (Pv 4.23). Santidade não é
isolamento, mas presença transformadora. Torne-se um farol onde há confusão. Em
tempos de relativismo, o crente é chamado a permanecer firme na verdade,
oferecendo direção para os que tateiam nas trevas.
Filipenses 2.15 é um manifesto de santidade
missionária. Paulo não fala apenas de ética pessoal, mas de testemunho público
do Evangelho. Os “filhos de Deus” devem se parecer com o Pai, refletindo sua
pureza moral e sua luz espiritual no meio de uma geração deformada.
ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Org.). Comentário
Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.
FEE, Gordon D. Paul’s Letter to the Philippians. NICNT.
Grand Rapids: Eerdmans, 1995.
MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo:
Thomas Nelson Brasil, 2017.
HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma
Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
OLIVEIRA, Marcelo. Alcance um Futuro Feliz e Seguro. Rio
de Janeiro: CPAD, 2022.
SHEDD, Russell P. Comentário do Novo Testamento: Filipenses.
São Paulo: Vida Nova, 2014.
QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito. Rio de Janeiro:
CPAD, 2019.
MENZIES, Robert P. Empowered for Witness: The Spirit in
Luke-Acts. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1994.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo
por Versículo. São Paulo: Candeia, 2002.
RESUMO DA LIÇÃO
Deus usou os
recabitas como um exemplo de fidelidade aos seus princípios, para advertir
Judá.
ENTENDA O RESUMO DA LIÇÃO:
👉 Deus levantou os recabitas como um espelho
vivo de fidelidade inabalável, um povo simples, porém firme em seus princípios,
para envergonhar e advertir Judá, que, mesmo cercada de privilégios
espirituais, havia abandonado a obediência ao Senhor.
TEXTO BÍBLICO
Jeremias 35.1-14.
👉 Esse capítulo fornece uma descrição do
compromisso de um grupo de pessoas de obedecer ao próprio pai, em contraste com
a desobediência rios judeus a Deus. jeremias 35 nos ensina que:
Deus valoriza a obediência
mais do que o sacrifício (1Sm 15.22).
A fidelidade é um testemunho
público que confronta gerações corrompidas.
A obediência a princípios
espirituais herdados preserva a identidade do povo de Deus.
A disciplina espiritual é um
antídoto contra a cultura da acomodação.
Honrar os princípios espirituais recebidos: A obediência aos valores
bíblicos herdados dos pais e líderes fiéis é sinal de maturidade espiritual. Cultivar
uma fidelidade transferível: Assim como Jonadabe gerou gerações fiéis, pais e
discipuladores devem formar sucessores obedientes. Ser exemplo em meio à
corrupção: Num mundo relativista, a fidelidade é a luz que denuncia a escuridão
(Fp 2.15).
1. Palavra que do Senhor veio a Jeremias, nos dias de
Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, dizendo:
👉 nos dias de jeoaquim. 609-597 a.C. Esse episódio volta vários anos antes de 34.1,
possivelmente por uma razão temática — para citar um exemplo de obediência
depois do episódio de traição no cap. 34. jeremias recebe uma ordem divina
durante o reinado de Jeoaquim (609–598 a.C.), período de decadência espiritual
e moral em Judá. Enquanto o povo de Deus se corrompia, o Senhor usa um povo
marginal à linhagem israelita, os recabitas, descendentes de Recabe (2Rs
10.15–23), para ensinar uma lição de obediência e santidade. Deus pode levantar
exemplos de fidelidade até fora dos círculos religiosos para confrontar nossa
própria infidelidade.
2. Vai à casa dos recabitas, e fala com eles, e leva-os à Casa
do SENHOR, a uma das câmaras, e dá-lhes vinho a beber.
👉 Recabitas. Estes eram um grupo seminômade queneu, ligado ao sogro de Moisés (Jz
1.16; 4.11), descendente das pessoas citadas em 1Cr 2.55. O primeiro governante
deles foi Jonadabe (35.6,14; 2Rs 10.15,23). O nome deles era derivado de Recabe
(v. 8) e não eram descendentes de Jacó, mas "estrangeiros" em Israel.
3. Então, tomei a Jazanias, filho de Jeremias, filho de
Habazinias, e a seus irmãos, e a todos os seus filhos, e a toda a casa dos
recabitas;
👉 O profeta obedece sem questionar. O ato não
é uma tentação, mas um teste pedagógico, uma dramatização profética (como em Jr
13 e 19). Deus usa esse cenário para revelar o caráter de um povo que obedece
por convicção. MacArthur destaca que a fidelidade dos recabitas era “uma
ilustração viva da obediência voluntária que Deus desejava ver em Israel”. A
obediência verdadeira se manifesta não sob pressão, mas em situações de teste.
4. e os levei à Casa do SENHOR, à câmara dos filhos de Hanã,
filho de Jigdalias, homem de Deus, que está junto à câmara dos príncipes, que
está sobre a câmara de Maaseias, filho de Salum, guarda do vestíbulo;
5. e pus diante dos filhos da casa dos recabitas taças cheias
de vinho e copos e disse-lhes: Bebei vinho.
6. Mas eles disseram: Não beberemos vinho, porque Jonadabe,
filho de Recabe, nosso pai, nos mandou, dizendo: Nunca bebereis vinho, nem vós
nem vossos filhos;
👉 Os recabitas seguem as instruções de seu
antepassado Jonadabe, filho de Recabe, que havia proibido o consumo de vinho, a
aquisição de propriedades e a vida urbana, um voto de simplicidade e separação
do mundanismo cananeu. Shedd comenta que essa disciplina os preservou da
corrupção moral e idolátrica que devastava Judá. Plenitude interpreta que o
estilo de vida dos recabitas era “um testemunho de santidade e autocontrole”,
qualidades que o Espírito Santo deseja operar em todo crente (Gl 5.22–23). Pentecostal
enfatiza o valor de uma consagração contínua e hereditária, a fidelidade que
passa de geração a geração. A obediência transmitida e praticada pelos
recabitas ensina que fidelidade é uma herança espiritual. Os filhos aprendem
mais pela coerência dos pais do que por seus discursos.
7. não edificareis casa, nem semeareis semente, não
plantareis, nem possuireis vinha alguma, mas habitareis em tendas todos os
vossos dias, para que vivais muitos dias sobre a face da terra em que vós
andais peregrinando.
8. Obedecemos, pois, à voz de Jonadabe, filho de Recabe, nosso
pai, em tudo quanto nos ordenou, de maneira que não bebemos vinho em todos os
nossos dias, nem nós, nem nossas mulheres, nem nossos filhos, nem nossas
filhas;
👉 Obedecemos. O que está sendo elogiado aqui não era a ordem específica do pai a
respeito da vida nômade, mas a obediência resoluta dos filhos. A obediência
deles era total em todos os aspectos, em todo o tempo, da parte de todos, sem
exceção. Israel estava falhando em todos esses aspectos (v. 14).
9. nem edificamos casas para nossa habitação, nem temos vinha,
nem campo, nem semente,
10. mas habitamos em tendas. Assim, ouvimos e fizemos conforme
tudo quanto nos mandou Jonadabe, nosso pai.
11. Sucedeu, porém, que, subindo Nabucodonosor, rei da
Babilônia, a esta terra, dissemos: Vinde, e vamo-nos a Jerusalém, por causa do
exército dos caldeus e por causa do exército dos siros; e assim ficamos em
Jerusalém.
👉 Mesmo sendo fiéis, os recabitas sofreram as
pressões da guerra. MacArthur observa que “obediência não garante ausência de
tribulação, mas assegura integridade diante dela.” Shedd destaca que, embora
tenham deixado as tendas e se refugiado na cidade, não abandonaram seus princípios.
A fidelidade não é anulada pela adversidade. Em tempos difíceis, a obediência
torna-se ainda mais valiosa.
12. Então, veio a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo:
👉 Deus contrasta a obediência humana aos
recabitas com a desobediência espiritual de Judá. Pentecostal ressalta que o
Senhor usa a fidelidade dos recabitas “como uma parábola viva contra o povo
infiel”. Plenitude vê aqui um princípio universal: a obediência parcial é
desobediência total diante de Deus. Shedd comenta que os recabitas obedeceram
por respeito a um pai terreno, enquanto Israel desrespeitou o Pai celestial.
MacArthur conclui: “A mensagem é simples: se os recabitas honraram um
mandamento humano, quanto mais Judá deveria obedecer à voz divina.” O contraste
denuncia a hipocrisia de uma fé nominal. Quem obedece apenas quando convém
ainda vive no centro da própria vontade, não sob o senhorio de Deus.
13. Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel: Vai e
dize aos homens de Judá e aos moradores de Jerusalém: Porventura, nunca
aceitareis instrução, para ouvirdes as minhas palavras? — diz o SENHOR.
14. As palavras de Jonadabe, filho de Recabe, que ordenou a
seus filhos que não bebessem vinho, foram guardadas, pois não beberam até este
dia; antes, ouviram o mandamento de seu pai; a mim, porém, que vos tenho falado
a vós, madrugando e falando, vós não me ouvistes.
INTRODUÇÃO
O Senhor ordenou
que Jeremias tomasse os recabitas como exemplo de fidelidade para contrastar
com a infidelidade e a dureza do coração de Judá. O objetivo divino era
despertar o seu povo para que se arrependesse. Na lição desta semana, vamos
estudar a respeito da necessidade de o crente manter-se santo e fiel a Deus em
um mundo caído, partindo do exemplo dos recabitas (Rm 12.2).
👉 Há momentos na história em que Deus
silencia os discursos e fala por meio de exemplos vivos, não de teólogos, nem
de reis, mas de gente simples cuja obediência cala gerações inteiras. Os
recabitas foram um desses exemplos. Em meio à decadência espiritual de Judá,
quando a religião havia se tornado rotina e o arrependimento uma palavra vazia,
Deus ergueu esse pequeno grupo como um espelho desconfortável daquilo que o Seu
povo havia deixado de ser: fiel. O contraste é brutal. Enquanto Judá acumulava
promessas e privilégios espirituais, mas andava em rebeldia, os recabitas (estrangeiros,
sem templos, sem holofotes) permaneceram firmes às instruções de um ancestral
piedoso. Eles não tinham a Lei mosaica como herança direta, mas carregavam no
coração o peso de um princípio: obedecer é melhor do que sacrificar (1Sm
15.22). Aqui está o ponto central desta lição: Deus confronta a infidelidade
dos que O conhecem usando a fidelidade dos que apenas aprenderam a obedecer. É
uma mensagem tão incômoda quanto necessária. A fidelidade dos recabitas não é
apenas um exemplo histórico, é um espelho espiritual para cada geração que se
acostuma com o Evangelho, mas esquece o Deus do Evangelho.
Ao longo desta lição, veremos que:
Os recabitas representam uma
espiritualidade que resiste ao tempo, fundada em princípios herdados e
praticados.
Sua obediência expõe a
rebeldia de Judá, e a nossa, quando relativizamos o que Deus já falou.
Sua fidelidade revela que
santidade não é isolamento, mas coerência, um estilo de vida que se mantém puro
mesmo dentro de uma cultura corrompida.
Esta não é apenas uma história sobre um povo do passado. É uma
convocação divina à fidelidade radical em meio à geração torta e perversa (Fp
2.15). O Senhor ainda busca recabitas, homens e mulheres cuja vida silenciosa
grita mais alto do que a teologia dos infiéis.
I. OS RECABITAS
1. Quem são os recabitas? Segundo o Dicionário Bíblico Baker, os recabitas
são “uma família ou, talvez, uma ordem, que tem as suas origens em Jonadabe
(2Rs 10), um filho queneu ou descendente de Recabe (veja 1Cr 2.55), cujos
integrantes são zelosos pelo Senhor”. Eles são citados no capítulo 35 do livro
de Jeremias como exemplo para Judá. O profeta, mediante a orientação do Senhor,
usa esse grupo com a finalidade de proferir uma mensagem ao povo de Judá. No
entanto, pouco se sabe sobre a origem deste grupo, mas o que se sabe é
suficiente para chamar a atenção, principalmente pelo compromisso que tinham
com o seu modo de viver que receberam de seus patriarcas.
👉 Poucos nomes nas Escrituras carregam tanto
peso espiritual e tão pouca notoriedade pública quanto os recabitas. Em meio à
nação corrompida de Judá, quando o pecado já havia se tornado rotina e a voz
profética era ignorada, Deus levantou uma família simples para envergonhar uma
geração inteira. Os recabitas não eram sacerdotes, nem reis, nem profetas. Eram
homens e mulheres comuns, descendentes de Recabe, que permaneceram fiéis a um
voto antigo enquanto todos ao redor cediam às pressões culturais e espirituais
do seu tempo. Segundo o Dicionário Bíblico Baker (CPAD, 2023), tratava-se de
uma ordem ou clã originado de Jonadabe, filho de Recabe, um queneu que viveu
nos dias do rei Jeú (2Rs 10.15–23). Sua história começa ligada à purificação de
Israel da idolatria de Acabe. Jonadabe era um homem zeloso, e sua devoção o
levou a estabelecer para seus descendentes um código de consagração: não beber
vinho, não construir casas, não possuir campos, mas viver como peregrinos e
dependentes do Senhor (Jr 35.6–7). Essa escolha não era apenas cultural, era
teológica. Representava uma vida separada, desapegada do sistema mundano, um
testemunho silencioso de que a fidelidade a Deus vale mais do que o conforto
terreno. Séculos depois, quando o profeta Jeremias os convoca ao templo (Jr
35.1–5), a fidelidade dos recabitas é testada publicamente. Diante de taças
cheias de vinho, símbolo da sedução espiritual de Judá, eles respondem sem
hesitar: “Não beberemos vinho” (Jr 35.6). Que contraste poderoso! Enquanto a
maioria do povo rejeitava as advertências divinas, eles permaneciam fiéis à
palavra de um homem mortal, Jonadabe. Foi essa obediência humana que Deus usou
como espelho moral para expor a rebeldia de um povo que ignorava a Sua voz
eterna. O termo hebraico usado para “obedecer” nesse contexto é שָׁמַע (shāma‘), que significa “ouvir atentamente, dar atenção, responder com ação”. Não se trata de um simples “escutar”, mas de um ouvir que transforma comportamento. Os recabitas não apenas lembravam o mandamento de seu pai, eles o encarnavam. Sua obediência
atravessou gerações, resistiu à modernização de costumes e sobreviveu à
decadência espiritual de Judá. Isso revela um princípio eterno: a fidelidade
não depende do tempo em que se vive, mas da voz que se decide obedecer. Teologicamente,
essa passagem é um retrato da igreja fiel em meio à apostasia. Como observa o
Comentário Bíblico Beacon, “os recabitas são o paradigma da perseverança moral
e da submissão incondicional à autoridade espiritual legítima, mesmo quando o
mundo ao redor a despreza”. Em um tempo em que Judá buscava segurança política
e prazeres materiais, os recabitas escolheram viver na contramão da cultura,
sustentados pela memória da aliança com seu patriarca. Essa é a marca dos
verdadeiros servos de Deus: quando o mundo inteiro muda de direção, eles
permanecem firmes. É impossível ler Jeremias 35 e não se ver confrontado. Se os
recabitas honraram a palavra de um pai humano, quanto mais nós devemos honrar a
Palavra do Pai celestial! (Hb 12.9). Deus os ergue como um espelho diante de
cada geração, para nos perguntar: “A quem você está obedecendo?” A fidelidade
deles expõe o coração inconstante de muitos que ouvem sermões, mas não
obedecem; que conhecem doutrina, mas não praticam. Para o cristão hoje, devemos
entender: a fé verdadeira não se mede por intensidade emocional, mas por
constância moral. O mundo te seduz com taças de vinho: prazeres, status, fama,
ideologias. Mas Deus procura recabitas, homens e mulheres que digam com
firmeza: “Não nos corromperemos”. A fidelidade que o Senhor espera de você hoje
é a mesma que viu neles: obediência radical e amor inegociável pela santidade. Que
esta geração levante recabitas espirituais: jovens que, mesmo rodeados por
tentações, escolhem permanecer puros; líderes que, mesmo pressionados por um
cristianismo diluído, optam pela integridade; discípulos que, mesmo em meio à
apostasia, continuam dizendo: “Senhor, queremos ser fiéis até o fim”.
BAKER, Warren. Dicionário Bíblico Baker.
Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
BEACON, Comentário Bíblico. Vol. 4:
Jeremias a Malaquias. Kansas City: Beacon Hill Press, 2005.
BÍBLIA DE ESTUDO MACARTHUR. São Paulo: SBB,
2021.
BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE. São Paulo: SBB,
2020.
BÍBLIA DE ESTUDO SHEDD. São Paulo: Vida
Nova, 2017.
TORRALBO, Elias. Exortação, Arrependimento
e Esperança. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento
Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Candeia, 1995.
KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do
Contexto Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
2. Como viviam os recabitas. Eles levavam uma vida simples e
isso se deu porque Recabe, seu líder-fundador, estabeleceu limites com a
intenção de protegê-los da imoralidade. Eles habitavam em tendas e viviam como
peregrinos, andando pela terra, daí porque não construíam, não plantavam e nem
cultivavam vinhas (Jr 35.7). A maneira de viver deles era fruto de uma decisão
pessoal a partir de seu líder. Não era uma exigência de Deus, já que o seu povo
recebeu promessas de que na Terra Prometida teria casas bem construídas,
plantações em abundância, bens dos mais diversos e fartura de alimento (Dt
6.11,12; 7.13). A vida dos recabitas se assemelha, em certa medida, com a vida
dos nazireus, pois também viviam em abstinência de vinho e com hábitos que os
distinguiam da maioria das pessoas (Jz 6; Jz 13.4-7; 1Sm 1.11).
👉 Há algo profundamente contracultural na
vida dos recabitas. Enquanto a maioria buscava estabilidade e conforto nas
casas de pedra e nas plantações férteis da Terra Prometida, eles escolheram o
caminho das tendas e da simplicidade. O pai da família, Jonadabe, filho de
Recabe, instituiu essa forma de vida não como um capricho, mas como uma
salvaguarda espiritual, um muro contra a decadência moral e a assimilação dos
costumes idólatras que corrompiam Israel. Ele compreendia uma verdade que
muitos negligenciam: a prosperidade sem santidade se torna um laço mortal. A
decisão dos recabitas de não plantar vinhas, nem construir casas (Jr 35.7) era,
em essência, uma resistência espiritual silenciosa. Eles abriram mão da
segurança material para preservar a fidelidade ao Senhor. Essa escolha refletia
o princípio de não se conformar com o século presente (Rm 12.2). Viviam como
peregrinos, lembrando que a terra não era o destino final, mas apenas uma
passagem. Assim como Abraão, “esperavam a cidade que tem fundamentos, da qual
Deus é o arquiteto e edificador” (Hb 11.10). É importante notar que o estilo de
vida recabita não era uma imposição divina, mas um voto comunitário de
consagração. Ao contrário de Israel, que recebeu promessas de abundância (Dt
6.11–12; 7.13), os recabitas decidiram, voluntariamente, renunciar ao excesso
para manter o coração íntegro. Sua abstinência do vinho não se tratava apenas
de evitar a embriaguez, mas de um ato simbólico de pureza e vigilância
espiritual, semelhante ao voto dos nazireus (Nm 6.1–4; Jz 13.4–7). Em uma
cultura dominada pelo prazer e pelo excesso, eles escolheram a sobriedade como
forma de culto. De acordo com o Comentário Bíblico Beacon, “Jonadabe sabia que
a idolatria e a luxúria crescem nas terras férteis da acomodação espiritual;
por isso ensinou seus filhos a viverem de modo itinerante, dependendo somente
de Deus” (BEACON, 2010, v. 4, p. 321). Essa postura nos desafia a refletir:
quantas vezes nossas próprias seguranças materiais se tornam substitutos sutis
da confiança em Deus? O apelo dos recabitas é profético, uma advertência viva
de que obedecer é melhor do que possuir (1Sm 15.22). O teólogo John MacArthur
observa que a obediência dos recabitas expôs a desobediência de Judá, pois “a
fidelidade deles a um mandamento humano serviu de contraste à infidelidade do
povo ao mandamento divino” (MACARTHUR, 2021, p. 987). Ou seja, eles se tornaram
um espelho moral para uma geração em declínio. Enquanto Judá negociava
princípios por conveniências, os recabitas sustentavam convicções inegociáveis.
A vida deles ecoa um ensino crucial: nem todo avanço é progresso espiritual. Às
vezes, permanecer firme em princípios antigos é o maior ato de coragem em um
mundo em ruínas. Assim como os recabitas, somos chamados a ser “estrangeiros e
peregrinos sobre a terra” (1Pe 2.11), vivendo com discernimento, sobriedade e
fidelidade, ainda que o mundo nos chame de retrógrados. Que esta geração de
jovens aprenda com eles: a santidade não floresce na acomodação, mas no terreno
árido da renúncia. A obediência não é um fardo, é a linguagem de quem ama a
Deus o suficiente para não se vender às facilidades deste século. Que cada
jovem da EBD ouça a voz do Espírito e escolha, como os recabitas, viver de modo
contracultural para permanecer fiel em tempos de decadência.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de
Janeiro: CPAD, 2014.
Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo:
Sociedade Bíblica do Brasil, 2021.
Bíblia de Estudo Plenitude. São Paulo:
Sociedade Bíblica do Brasil, 2016.
Bíblia de Estudo Shedd. São Paulo: Vida
Nova, 2015.
Comentário Bíblico Beacon. Vol. 4. Rio de
Janeiro: CPAD, 2010.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento
Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2012.
TORRALBO, Elias. Exortação, Arrependimento
e Esperança (Livro de Apoio Jovens). Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro:
CPAD, 2023.
KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do
Contexto Cultural. São Paulo: Vida Nova, 2014.
3. Os recabitas e os seus valores. A identificação dos valores dos
recabitas passa, em primeiro lugar, por relembrar, ordenadamente, daquilo que
eles abriram mão em cumprimento à ordem de seu líder-fundador. Já sabemos que
os recabitas não bebiam vinho, não construíam casas e não plantavam vinhas.
Deus não exigiu que este grupo vivesse dessa forma, esta atitude parece
exagerada e sem propósito. Contudo, no que se refere a não beber vinho, essa
comunidade estava obedecendo a voz de seu líder em uma orientação de sabedoria
e que não desonrava a Deus. Quanto a não construir casas, eles demonstraram
desapego às coisas transitórias desta vida. Inquestionavelmente, essas atitudes
estiveram pautadas em valores que fundamentavam a vida dos recabitas, tais
como: obediência; limites a serem observados; vida separada e prevenir-se para
não agir imoralmente e não cair na idolatria. Estes valores contribuíram para
que Jeremias tomasse esta comunidade como exemplo de fidelidade e de
advertência a Judá.
👉 Há gerações que se perdem por falta de
referências e há gerações que sobrevivem porque decidem manter viva a voz de
quem as precedeu. Os recabitas pertencem a esta segunda categoria. Eles
escolheram guardar, com zelo quase sagrado, os valores herdados de Jonadabe,
filho de Recabe, e se tornaram, séculos depois, um espelho de obediência num
tempo de apostasia. Enquanto Judá desprezava a voz de Deus, os recabitas
continuavam fiéis à voz de um homem temente. E foi exatamente isso que chamou a
atenção de Jeremias. O profeta, ordenado a convidá-los para beber vinho (Jr
35.2), esperava observar algo: seriam eles fiéis mesmo sob pressão? A resposta
foi categórica. Eles se recusaram. Aquela recusa, aparentemente simples, soou
como um trovão no templo. Jeremias compreendeu que estava diante de uma
raridade espiritual, um povo capaz de dizer “não” quando todos estavam dizendo
“sim”. Um povo que preservava valores em extinção: obediência, separação e
domínio próprio. Os recabitas abriram mão de prazeres legítimos: o vinho, as
casas, as plantações, não por ascetismo irracional, mas por convicção moral e
temor santo. Segundo o Comentário Bíblico Beacon, Jonadabe instituiu esse modo
de vida como barreira contra a idolatria cananeia, que se manifestava
justamente nas colheitas, no luxo e nas festas regadas a vinho (BEACON, 2010,
v. 4, p. 322). Ou seja, cada renúncia deles era uma declaração silenciosa de
fidelidade: “Não seremos como eles.” Essa escolha produziu um tipo raro de
liberdade, a liberdade de quem não é escravo dos próprios desejos. Como
observou o teólogo John MacArthur, “os recabitas obedeceram a uma voz humana
por séculos, enquanto Judá desprezou a voz divina por gerações” (MACARTHUR,
2021, p. 988). O contraste é devastador. Os recabitas revelam que a obediência
é a raiz da estabilidade espiritual, e que o maior valor que alguém pode herdar
é o temor ao Senhor, ainda que venha por meio das instruções de um líder
piedoso. No hebraico, a palavra usada para “obedecer” (shamaʿ) significa ouvir com o propósito de agir. Não se trata apenas de escutar sons, mas de submeter o coração àquilo que foi dito. Os recabitas não apenas ouviram Jonadabe — eles incorporaram sua voz à própria identidade. Tornaram-se testemunhas vivas de um legado espiritual.
É por isso que Deus usa essa família como metáfora profética contra Judá: o povo
que tinha a Lei, mas não a praticava; que tinha o templo, mas não tinha temor. Esses
valores, obediência, separação e domínio, formam o tripé da fidelidade cristã.
Em tempos de relativismo e superficialidade espiritual, o exemplo dos recabitas
nos desafia a restaurar o sentido sagrado da palavra “limite”. A geração atual
sofre porque confundiu liberdade com ausência de fronteiras, mas toda vida
frutífera nasce da disciplina. Eles nos lembram que a santidade começa quando o
“não” se torna uma forma de adoração. Jeremias não viu nos recabitas um grupo
excêntrico, mas um modelo de coerência. Sua simplicidade desmascarou a
hipocrisia de uma nação religiosa, mas infiel. Seu estilo de vida era um sermão
vivo, pregando que é possível permanecer puro mesmo cercado de corrupção. Deus
os levantou como espelho e advertência: se homens comuns conseguem ser fiéis a
um líder humano, quanto mais deveríamos nós ser fiéis ao próprio Deus! Hoje, o
Espírito Santo ainda procura recabitas, jovens que se recusem a se conformar,
que amem mais a obediência do que o aplauso, e que saibam que viver separado
não é isolamento, é proteção. Que cada aluno da EBD entenda: fidelidade não
nasce de conveniência, mas de convicção. E toda geração que honra seus valores
espirituais, por mais esquecida que seja pelo mundo, é lembrada por Deus como
luz em meio à escuridão.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de
Janeiro: CPAD, 2014.
Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo:
Sociedade Bíblica do Brasil, 2021.
Bíblia de Estudo Plenitude. São Paulo: Sociedade
Bíblica do Brasil, 2016.
Bíblia de Estudo Shedd. São Paulo: Vida
Nova, 2015.
Comentário Bíblico Beacon. Vol. 4. Rio de
Janeiro: CPAD, 2010.
CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento
Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2012.
TORRALBO, Elias. Exortação, Arrependimento
e Esperança (Livro de Apoio Jovens). Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro:
CPAD, 2023.
KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do
Contexto Cultural. São Paulo: Vida Nova, 2014.
SUBSÍDIO
I
“O
pai de Jonadabe e fundador da família dos recabitas. Recabe pode ter sido de
uma das famílias de queneus que entraram na Palestina com os israelitas (1Cr
2.55). Nos dias do reino dividido, Recabe determinou que a causa da apostasia e
da imoralidade do povo era a cultura palestina, e comandou seus filhos a
voltarem ao seu antigo modo nômade de vida com toda sua simplicidade. Nos dias
de Jeú, Jonadabe, o líder dos recabitas, auxiliou aquele rei em sua destruição
ao culto a Baal (2Rs 10.15,23). Nos dias de Jeremias, o profeta usou os
recabitas como uma lição objetiva. Ele os levou até a Casa do Senhor, e lhes
ofereceu vinho. Eles recusaram por causa de sua lealdade para com o seu
ancestral Recabe, e sua ordem. Jeremias usou a fidelidade deles como uma censura
à infidelidade de Israel para com o Senhor. Por causa de sua fidelidade, o
Senhor lhes prometeu: ‘Nunca faltará varão... que assista perante a minha face
todos os dias’ (Jr 35.19). Diz-se que Rab Judah registrou que as filhas
recabitas se casaram com os levitas, e assim esta linda promessa foi cumprida.
Hegessippus disse que ‘sacerdotes recabitas’ intercederam por Tiago, o irmão do
Senhor Jesus Cristo, mas não conseguiram salvar sua vida. Malquias, ‘o filho de
Recabe’, reparou a Porta do Monturo de Jerusalém sob o governo de Neemias (Ne
3.14). Ele pode ter sido o líder dos recabitas depois do exílio.” (Dicionário
Bíblico Wyclitfe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.1653).
II. JEREMIAS E OS
RECABITAS
1. Compreendendo o texto. Em obediência à ordem divina, Jeremias levou
“os da casa dos recabitas” à “Casa do Senhor, à câmara dos filhos de Hanã” (Jr
35.1-4). Sobre Hanã, a mesma referência bíblica informa que Jigdalias foi o seu
pai, além de dizer que ele foi “homem de Deus” o que aponta para a possibilidade
de ele ter sido um profeta e que a sua câmara ficava “junto à câmara dos
príncipes”, o que se leva a crer ter sido ele uma pessoa de grande influência e
que respeitava o ministério de Jeremias (1Sm 2.27; 9.6,8,10; 1Rs 12.22). Frente
à proposta do profeta para que eles tomassem vinho, os recabitas não só
rejeitaram, como reafirmaram o compromisso com os ensinamentos de seu
líder-fundador, sem deixar de mencionar que estavam em Jerusalém de passagem,
isto é, não tinham nenhuma intenção de fazer alianças duráveis (vv.6-11).
Depois disto, o texto informa que Jeremias recebeu a mensagem de Deus a ser
transmitida a Judá com base nesse episódio (vv.12-15), seguido da promessa de
Deus aos recabitas pela sua fidelidade (vv.16-19). Essa estrutura do texto refere-se
à atitude de Jeremias em usar a fidelidade dos recabitas como exemplo para
Judá.
👉 Quando Deus ordenou a Jeremias que
conduzisse os recabitas à Casa do Senhor (Jr 35.1–4), não era apenas um ato de
hospitalidade, era um ensaio profético, um teatro divino para revelar a
diferença entre os que ouvem e obedecem e os que ouvem e resistem à voz do
Altíssimo. Os recabitas, descendentes de Jonadabe, filho de Recabe, não
pertenciam à linhagem levítica, nem tinham posição de prestígio político. Eram
nômades, peregrinos por escolha, guardiões de um legado de disciplina e
abstinência transmitido por gerações. No meio de uma nação entregue à idolatria
e à autossuficiência, eles se tornaram o último lampejo de integridade moral
diante de um povo que já não ouvia a Deus. Jeremias, obediente à ordem divina,
os leva à câmara dos filhos de Hanã, junto à dos príncipes (Jr 35.4). Esse
detalhe geográfico é teologicamente significativo: Deus os posiciona dentro do
templo, mas perto dos governantes, como quem coloca uma luz silenciosa ao lado
das trevas do poder. Hanã, “homem de Deus”, era alguém respeitado por sua
integridade, e sua câmara representava um ambiente de reverência e autoridade
espiritual (1Sm 2.27; 1Rs 12.22). Ali, diante dos líderes de Judá e dos olhos
atentos do profeta, o Senhor arma uma cena pedagógica para expor o contraste
gritante entre a fidelidade dos simples e a rebeldia dos que se diziam
espirituais. Ao oferecer vinho aos recabitas, Jeremias não os estava testando
por curiosidade, mas obedecendo a uma ordem divina para revelar caráter (Jr
35.5). A resposta deles foi firme, clara e inegociável: “Não beberemos vinho”
(v.6). Esse “não” não era uma negação ao prazer, mas uma afirmação de
princípios. Jonadabe, seu ancestral, havia lhes ordenado a viverem separados
dos excessos da cidade, livres da corrupção da vida urbana, e fiéis à
simplicidade nômade (2Rs 10.15–23). Eles não apenas lembraram esse mandamento,
mas o mantiveram vivo por gerações, enquanto o próprio povo de Deus havia
esquecido o pacto feito com o Senhor. O contraste é espiritual e brutal: quem
tinha menos revelação, obedeceu mais; quem tinha a Lei, desobedeceu por
completo. Esse episódio ecoa o princípio bíblico de que a obediência é o teste
supremo do amor a Deus (Jo 14.15). Enquanto Judá se afogava em religiosidade
sem submissão, os recabitas demonstravam uma fé silenciosa, mas prática. O
vinho, nesse contexto, representa mais do que uma bebida, simboliza as
tentações sutis que corrompem o compromisso espiritual. Eles recusaram o vinho
porque sabiam que, uma vez comprometidos com uma aliança, qualquer concessão
abriria brecha para a decadência. O segredo deles era simples, mas poderoso:
fidelidade inegociável ao que Deus havia estabelecido. Quando Jeremias
testemunha essa lealdade, Deus transforma o exemplo dos recabitas em um espelho
para Judá (Jr 35.12–15). O profeta é instruído a anunciar: “Vinde, ouvi as
palavras do Senhor, ó homens de Judá.” Era como se Deus dissesse: “Vocês, que
têm a Minha Palavra, olhem para aqueles que só têm uma tradição humana, e
aprendam o que é obediência.” A lição é devastadora. A fidelidade dos recabitas
condena a desobediência dos religiosos. O povo de Judá tinha templos,
sacrifícios e orações, mas havia perdido o coração obediente. Os recabitas, sem
altar nem sacerdócio, preservaram o essencial: temor, honra e constância. A
atitude deles nos ensina algo urgente: em tempos de confusão moral e
espiritual, Deus levanta minorias fiéis para expor a infidelidade das
multidões. Os recabitas representam aqueles que, mesmo sendo poucos e
desprezados, se recusam a negociar seus princípios. Eles são como faróis de
pureza em mares de corrupção. Jovem, o Senhor ainda procura recabitas em meio a
uma geração que relativiza tudo: valores, santidade, pureza e compromisso.
Enquanto muitos justificam seus desvios, Deus busca aqueles que ainda sabem
dizer “não” por amor ao “sim” da fidelidade. Por isso, a história dos recabitas
não é uma lembrança antiga, mas um chamado profético vivo: quem você será em
meio a uma geração perversa e indiferente à voz de Deus? Em um tempo onde os
princípios são trocados por conveniências, Deus continua testando seus servos
com pequenos “copos de vinho”, situações aparentemente simples, mas que revelam
o coração. O recabita que habita em nós só permanece firme quando a Palavra é
mais forte do que o desejo. Que o Espírito Santo nos ajude a viver como eles:
irrepreensíveis, sinceros e inabaláveis, até que Cristo seja visto em nós,
mesmo em meio à decadência espiritual do século presente.
ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico do
Novo Testamento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.
BEVERE, John. Assim Diz o Senhor? Rio de
Janeiro: CPAD, 2006.
CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento
Interpretado: Jeremias. São Paulo: Hagnos, 2001.
GILBERTO, Antônio. Bíblia de Estudo
Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2022.
KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do
Contexto Cultural da Bíblia. São Paulo: Vida, 2014.
MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo
MacArthur. São Paulo: SBB, 2020.
SHEED, Russell. Bíblia de Estudo Shedd. São
Paulo: Vida Nova, 2006.
TORRALBO, Elias. Exortação, Arrependimento
e Esperança. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
VIDA PLENA. Bíblia de Estudo Plenitude. São
Paulo: SBB, 2018.
2. O exemplo dos recabitas. O exemplo dos recabitas é mais
um ato simbólico do ministério de Jeremias e, naturalmente possui alguns
elementos que, além de importantes, são também muito bem empregados no texto
bíblico. No entanto, mais importante que o seu aspecto literário, é identificar
a motivação e o propósito de Deus, e consequentemente do profeta já que ele
estava sob a sua ordem (Jr 35.1,2). É possível perceber o propósito no uso do
exemplo dos recabitas. Deus já vinha usando os profetas para falar a Judá há
algum tempo, mas sem mudança alguma em suas atitudes, como se vê nas
expressões: “vós não me ouvistes [...] mas não inclinastes os ouvidos, nem me
obedecestes a mim [...] mas este povo não me obedeceu [...] pois lhes tenho
falado, e não ouviram; e clamei a eles, e não responderam” (vv.14-17). Deus
também mostrou a fidelidade dos recabitas em contraste à indiferença de Judá
diante da sua Palavra, com o propósito de ativar a consciência de seu povo, sob
a promessa de não o tirar de sua terra (v.15).
👉 Deus sempre usou gestos simbólicos para
despertar consciências adormecidas. E quando Judá mergulhava em decadência
espiritual, Ele levantou um exemplo vivo, os recabitas, para expor a cegueira
de um povo que ouvia, mas não obedecia. O episódio narrado em Jeremias 35 não é
um simples relato histórico: é uma mensagem profética encarnada, uma
dramatização divina para revelar a diferença entre fidelidade silenciosa e
rebeldia religiosa. Ao ordenar que Jeremias oferecesse vinho aos recabitas (Jr
35.1–2), Deus não testava apenas uma família, mas toda a nação, pois a resposta
deles se tornaria o espelho que revelaria a corrupção de Judá. A estrutura
narrativa desse capítulo é brilhante e cirúrgica. O profeta convida os
recabitas à Casa do Senhor, o lugar onde os pactos são lembrados e a fidelidade
deveria ser inegociável. Mas ironicamente, é ali, no templo, que Deus mostraria
que a santidade não está nas paredes sagradas, mas nos corações obedientes. Os
recabitas, instruídos por Jonadabe, seu ancestral (2Rs 10.15–23), recusaram o
vinho por convicção, não por ritualismo. Eles entenderam que obediência não é
apenas dizer “sim” a Deus, mas também saber dizer “não” ao mundo, mesmo quando
ninguém está olhando. Sua firmeza não era orgulho, mas reverência. Enquanto
isso, Judá, o povo que possuía a Lei, os profetas e o templo, se tornava cada
vez mais surdo à voz divina. Deus havia lhes falado repetidas vezes: “Vós não
me ouvistes, nem inclinastes os ouvidos” (Jr 35.14–15). O verbo hebraico usado
aqui, šāmaʿ (ouvir com atenção e obediência), indica mais do que audição, significa acolher a Palavra com o coração. Mas Judá havia perdido essa sensibilidade
espiritual. Os recabitas, sem sacerdotes nem holocaustos, demonstraram mais
temor do que os líderes que ministravam diante do altar. O contraste é devastador: os que
tinham pouco obedeceram mais; os que tinham tudo, ignoraram a Deus. A
fidelidade dos recabitas expõe um princípio espiritual profundo: a obediência é
mais poderosa do que o conhecimento. Judá tinha doutrina, mas não tinha
submissão. Possuía tradição, mas não transformação. E é isso que Deus denuncia
através desse ato profético. O Senhor usa a simplicidade de uma família nômade
para humilhar a arrogância de uma nação inteira. O recabita, que vive em tendas
e despreza o conforto da cidade, representa aquele crente que decide viver
separado do sistema, mantendo o coração limpo enquanto o mundo se contamina.
Eles nos lembram que fidelidade não depende de status, mas de decisão, e que
Deus sempre preserva um remanescente fiel, mesmo quando tudo parece perdido. Deus,
então, usa a obediência dos recabitas como uma mensagem pedagógica e profética:
“Vede, este povo obedece ao mandado de seu pai, e vós não me obedeceis” (Jr
35.16). Era um golpe direto à consciência espiritual de Judá. O Senhor esperava
que o exemplo deles ativasse a vergonha santa, aquele incômodo espiritual que
conduz ao arrependimento. Em outras palavras, Deus dizia: “Se uma família
humana é capaz de obedecer por gerações a um líder mortal, como é possível que
o Meu povo não obedeça ao Deus eterno?” Essa pergunta ainda ecoa hoje nas
igrejas, confrontando corações que dizem amar a Deus, mas vivem como se Ele não
falasse mais. A teologia por trás desse texto revela que a obediência é a
linguagem da aliança. No contexto hebraico, obedecer é viver em harmonia com o
propósito do Criador. Quando Judá ignorou a voz divina, quebrou a aliança. Mas
os recabitas, ao permanecerem fiéis à ordem de Jonadabe, simbolizaram a
integridade perdida da nação. Eles se tornaram uma metáfora viva de santidade
em meio à infidelidade. O profeta Elias Torralbo (2024, p. 79) destaca que
“Deus usou os recabitas como espelho da consciência de Judá, não para
envergonhar, mas para convocar ao arrependimento”. O propósito divino nunca foi
apenas denunciar, mas restaurar. Por fim, a fidelidade dos recabitas se torna
um sinal escatológico, uma profecia viva para todas as gerações. Deus promete:
“Nunca faltará a Jonadabe, filho de Recabe, homem que esteja diante de mim” (Jr
35.19). Essa promessa não fala apenas de descendência biológica, mas de
linhagem espiritual, pessoas que, em cada tempo, permanecem fiéis ao Senhor
quando a maioria se curva à cultura. Hoje, o Espírito Santo procura novos
recabitas: jovens que não negociam seus valores, que dizem “não” à imoralidade,
à superficialidade e à indiferença espiritual. O recabita moderno é aquele que
vive contracorrente, que carrega dentro de si o temor do Senhor como o vinho
proibido que jamais provará, porque seu prazer está em agradar ao Deus vivo. A
história dos recabitas, portanto, é mais do que um capítulo em Jeremias, é um
chamado profético à geração atual: ser fiel quando todos se desviam; ser santo
quando a maioria se corrompe; permanecer obediente quando o mundo se cansa da
verdade. Que cada aluno da Escola Bíblica olhe para esse exemplo e pergunte a
si mesmo: sou um recabita em meio à decadência, ou mais um judeu indiferente à
voz de Deus?
ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico do
Novo Testamento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.
BEVERE, John. Assim Diz o Senhor? Rio de
Janeiro: CPAD, 2006.
CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento
Interpretado: Jeremias. São Paulo: Hagnos, 2001.
GILBERTO, Antônio. Bíblia de Estudo
Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2022.
KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do
Contexto Cultural da Bíblia. São Paulo: Vida, 2014.
MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo
MacArthur. São Paulo: SBB, 2020.
SHEED, Russell. Bíblia de Estudo Shedd. São
Paulo: Vida Nova, 2006.
TORRALBO, Elias. Exortação, Arrependimento
e Esperança. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
VIDA PLENA. Bíblia de Estudo Plenitude. São
Paulo: SBB, 2018.
3. A mensagem. Ao ressaltar a fidelidade dos recabitas, Jeremias acentuou
a desobediência do povo de Judá. Ali estava, diante de todo o povo, um exemplo
vivo da fidelidade de um grupo às ordens de seu líder, já morto há cerca de
dois séculos, contrastando com a infidelidade de Judá frente ao Deus vivo e
Todo-Poderoso. Enquanto os recabitas guardavam, com diligência, uma tradição
humana, o povo de Judá desprezava a Lei do Eterno. Portanto, a mensagem é a de
arrependimento, não destoando das demais que já havia transmitido e nem das que
ainda transmitiria. A expressão “convertei-vos” aponta para o conteúdo da
mensagem, enquanto “madrugando” indica a urgência, a seriedade e a insistência
de Deus com o seu povo (v.15). Sendo assim, o tema central neste ato simbólico
a partir do exemplo dos recabitas, é a infidelidade de Judá e o seu chamado ao
arrependimento. Entretanto, os ouvidos e o coração fechados não contribuíram
para que o povo se arrependesse, vindo então o juízo, ainda que mensagem tenha
sido anunciada (v.17).
👉 Há momentos em que Deus não fala apenas por
palavras, mas por contraste. Foi exatamente isso que Ele fez ao colocar os
recabitas diante de Judá. Enquanto o povo do Senhor tapava os ouvidos para a
voz do Altíssimo, ali estava, diante de todos, uma família que ainda obedecia a
uma instrução humana de séculos atrás e o fazia com zelo e reverência. O
contraste era humilhante: os recabitas obedeciam a um líder mortal, Jonadabe,
enquanto Judá ignorava o próprio Deus vivo. É como se o Eterno dissesse: “Olhem
para eles, uma linhagem inteira que guarda uma ordem antiga. E vocês, que têm a
Minha voz, não Me escutam.” (cf. Jr 35.13–14). Jeremias, o profeta das
lágrimas, sabia que aquele ato simbólico era mais do que uma ilustração moral;
era uma denúncia profética. A obediência dos recabitas desnudava o coração de
um povo religioso, porém rebelde. Eles guardavam uma tradição humana com rigor,
abstendo-se de vinho, recusando-se a construir casas ou plantar vinhas,
enquanto Judá, o povo da aliança, desprezava o mandamento divino (v.6–8). A
mensagem era cortante: Deus não estava pedindo religiosidade, mas fidelidade. O
Senhor desejava corações sensíveis, ouvidos atentos e uma disposição interior
de se curvar diante de Sua vontade. Em hebraico, o verbo usado em
“convertei-vos” (שׁוּבוּ, shûvû) significa “voltar-se de volta ao ponto original”, indicando não apenas arrependimento emocional, mas uma
reorientação total da vida¹. Era um chamado para retornar à aliança, à obediência e à intimidade. A expressão “madrugando” (שָׁכַם, shakam), usada no verso 15, é igualmente poderosa: mostra um Deus que se
levanta cedo, insistente, determinado, incansável em Sua busca por um povo que Lhe deu as
costas. O texto transmite uma imagem divina quase paterna, um Pai que bate à porta de corações endurecidos antes que o
sol nasça. Por isso, o tema central da mensagem é claro: arrependimento. O
arrependimento não é apenas um ato pontual, mas um processo contínuo de
realinhamento com a vontade de Deus. Elias Torralbo observa que “o
arrependimento é o grito da esperança de um Deus que ainda não desistiu de seu
povo”². Deus chamava Judá à restauração, não à ruína. O ato simbólico com os
recabitas era um espelho, Deus os usou para mostrar ao Seu povo o quanto a
obediência é bela e o quanto a desobediência é trágica. Enquanto os recabitas
honravam a memória de um líder humano, o povo de Judá desonrava o próprio
Criador. Essa é uma das ironias mais profundas da história bíblica: homens que
obedecem a regras passageiras, mas desdenham da Palavra eterna. John MacArthur
comenta que “a fidelidade dos recabitas serviu de condenação para Judá, pois a
obediência deles à tradição humana contrastava com a recusa do povo em obedecer
à revelação divina”³. Esse contraste é, até hoje, um espelho para as igrejas
que amam rituais, mas negligenciam relacionamentos; que celebram o culto, mas
esquecem o Deus do culto. Assim, a mensagem que ecoa de Jeremias 35 não é
apenas histórica, mas escandalosamente atual. Quantos hoje vivem como os
recabitas, fiéis mesmo em pequenas coisas? Quantos ainda guardam o “não” do
Senhor quando todos dizem “sim”? Quantos permanecem leais à santidade quando o
mundo prega conveniência? A fidelidade, em tempos de decadência espiritual, é o
grito silencioso que mais honra a Deus. Obedecer hoje é resistir à cultura da
superficialidade espiritual que inunda o século XXI. No final, a voz divina se
ergueu com dor e justiça: “Portanto, assim diz o Senhor... trarei sobre Judá
todo o mal que falei contra ele, porque lhes falei e não me ouviram” (v.17). O
silêncio humano diante da Palavra foi a sentença. Mas, entre as ruínas do
juízo, a fidelidade dos recabitas brilhou como uma chama e Deus prometeu a eles
uma bênção eterna: “Nunca faltará a Jonadabe, filho de Recabe, homem que esteja
perante mim” (v.19). É como se o Senhor dissesse: “Quem Me obedece, permanece.”
Essa é a lição final: a fidelidade tem recompensa eterna, e a obediência, ainda
que custe, é o caminho da permanência diante do Deus que nunca muda.
¹ Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro:
CPAD, 2023.
² TORRALBO, Elias. Exortação,
Arrependimento e Esperança. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
³ Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo:
Sociedade Bíblica do Brasil, 2022.
⁴ Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro:
CPAD, 2018.
⁵ SHEDD, Russell P. Bíblia de Estudo Shedd. São Paulo: Vida Nova, 2017.
⁶ Comentário Bíblico Beacon. Vol. 5. Kansas City: Beacon Hill Press,
2014.
⁷ CHAMPLIN, R. N. Comentário Bíblico do Antigo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2016.
SUBSÍDIO
II
“Os
recabitas permaneceram leais às suas convicções, recusando-se a desobedecer às
regras estabelecidas pelo seu ancestral.
(1)
Jonadabe tinha dado estas regras para que os seus descendentes pudessem manter
um estilo de vida simples, separados dos Ímpios cananeus e evitando o modo
maligno de vida que os israelitas haviam adotado como resultado de sua
constante rebelião e incredulidade para com Deus. A abstinência de vinho os
ajudava a evitar a imoralidade da adoração a Baal, a qual envolvia
frequentemente a embriaguez e o comportamento lascivo. As outras restrições
praticadas pelos recabitas os ajudavam a escapar das influências da degradação
espiritual, moral e social em sua própria nação.
(2)
Embora algumas das regras dos recabitas não precisem ser seguidas pelos
cristãos hoje, seu objetivo de permanecerem separados das crenças e
comportamentos maus e iníquos ainda deve ser o objetivo dos verdadeiros servos
de Cristo. Como Jonadabe, os pais devem ter padrões para os seus filhos que os
ajudem a se manter fiéis a Deus e à sua Palavra.
35.19
— A fidelidade dos recabitas ao seu antepassado seria recompensada. Eles sempre
teriam descendentes que serviriam a Deus. Todos os servos de Cristo que
permanecerem leais aos padrões, convicções e princípios piedosos por respeito a
Deus, à igreja e aos pais, receberão a bênção e as recompensas de Deus.”
(Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.955).
III. UM CHAMADO À
SANTIDADE
1. O que é santidade? Santidade é aquilo que é próprio do que é santo. Quando
relacionada a Deus, a santidade é um de seus atributos, geralmente relacionado
ao aspecto moral, embora as suas implicações sejam muito mais amplas. A santidade
diz respeito também ao que ou a quem está próximo de Deus, como o seu povo que,
além de ser convocado a viver em santidade e denominado como “nação santa” (1Ts
5.23; 1Pe 2.9). Santidade é a qualidade de alguém que se entrega sem reservas a
Deus e para Ele vive de forma exclusiva, com vistas a agradá-lo.
👉 Falar de santidade é tocar no coração do
próprio Deus. A palavra “santo” não é apenas um adjetivo que O descreve, é a
essência de quem Ele é. No hebraico, qadosh (קָדוֹשׁ) significa “separado, distinto, puro”, e revela a natureza totalmente diferente de Deus em relação a tudo o
que é impuro ou comum. Ele é infinitamente outro, absolutamente incorruptível e
moralmente perfeito. No Novo Testamento, o termo grego hagios carrega a mesma
força: “separado para Deus”, indicando não apenas afastamento do mal, mas uma
consagração ativa à Sua vontade. Ser santo, portanto, não é apenas evitar o
pecado é pertencer inteiramente ao Senhor. Quando a santidade é aplicada a
Deus, ela descreve Sua glória moral, Sua pureza absoluta e Sua majestade
inacessível. Isaías, ao contemplar o trono, ouviu os serafins clamando: “Santo,
Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da Sua glória”
(Is 6.3). Cada repetição dessa palavra ecoa o infinito da Sua perfeição. Não há
sombra de erro, vaidade ou maldade em Deus. Ele é luz pura (1Jo 1.5). Tudo o
que está Nele é verdade, beleza e justiça. É por isso que o chamado à santidade
não é uma opção para o crente é um reflexo inevitável da natureza do próprio
Deus em nós (Lv 19.2; 1Pe 1.16). Mas o mistério da santidade não termina na
distância entre o Criador e Suas criaturas. O espantoso é que esse Deus santo
escolheu habitar em pessoas frágeis. Por meio de Cristo, Ele não apenas nos
perdoa, Ele nos separa para Si. A santidade, então, deixa de ser apenas um
ideal moral e se torna um estado de pertença. Somos “nação santa”, não porque
conquistamos isso, mas porque fomos escolhidos (1Pe 2.9). A santidade é um selo
de identidade espiritual, uma marca de quem já não vive para si, mas para
Aquele que o comprou com sangue (1Co 6.19–20). Teologicamente, santidade é o
processo e a condição de alguém que se entrega por completo a Deus e vive para
agradá-Lo em todas as dimensões da existência, pensamentos, palavras, desejos,
relacionamentos e decisões. É o reflexo de uma vida que diz “não” ao mundo, não
por orgulho, mas por amor. Anthony D. Palma explica que “a santificação é tanto
uma posição em Cristo quanto uma experiência progressiva de transformação pelo
Espírito”¹. Em outras palavras: fomos feitos santos na cruz, mas estamos sendo
moldados à imagem de Cristo a cada dia (2Co 3.18). É uma jornada que começa na
graça e termina na glória. Na prática, santidade é viver consciente de que cada
escolha é um altar. É decidir agradar a Deus quando ninguém está vendo. É dizer
“sim” à vontade do Pai, mesmo quando isso significa perder algo ou alguém. É
olhar para o espelho e perguntar: “Essa versão de mim se parece com Jesus?”
Santidade não é isolamento, é influência. É ser luz no meio da escuridão sem
deixar que a escuridão apague o brilho da fé (Fp 2.15). É carregar dentro de si
o perfume do céu em meio ao odor moral de um mundo corrompido. Esse chamado é
urgente. Paulo orou para que o “Deus da paz vos santifique completamente” (1Ts
5.23), e o verbo no grego indica uma ação contínua, uma santificação em
movimento, um processo que envolve corpo, alma e espírito. Deus não quer parte
de você, Ele quer tudo. Ele não busca apenas comportamentos santos, mas
corações transformados. A santidade é, acima de tudo, um relacionamento: quanto
mais perto de Deus, mais diferente do mundo você se torna. Ser santo, portanto,
é uma resposta de amor. É reconhecer que aquele que morreu por nós merece nossa
entrega total. Santidade é dizer todos os dias: “Eu pertenço ao Senhor, e nada
nem ninguém me fará esquecer disso.” Em tempos em que tudo parece relativo,
Deus ainda procura jovens que escolham a pureza em meio ao caos, a obediência
em meio à tentação e a fidelidade em meio à decadência. E quando Ele encontra
um coração assim, Ele o enche de Sua presença, porque o verdadeiro santo é
aquele que vive para revelar o Santo que habita nele.
¹ PALMA, Anthony D. A Doutrina da
Santificação. In: ARRINGTON, French L. (Org.). Teologia Sistemática
Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
² TORRALBO, Elias. Exortação,
Arrependimento e Esperança. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
³ BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL PARA JOVENS.
Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
⁴ MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2022.
⁵ SHEDD, Russell P. Bíblia de Estudo Shedd. São Paulo: Vida Nova, 2017.
⁶ CHAMPLIN, R. N. Comentário Bíblico do Antigo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2016.
⁷ DICIONÁRIO BÍBLICO BAKER. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
2. Santidade como fruto da fidelidade. Santidade e fidelidade são
virtudes que o Espírito Santo desenvolve na vida do crente. Mas qual a relação
entre santidade e fidelidade? O termo fidelidade vem do latim fidelis e diz
respeito a quem é fiel, leal, constante, consistente e comprometido com algum
compromisso assumido. Os recabitas são um bom exemplo de fidelidade, pois,
diante da oferta feita por Jeremias para que eles tomassem vinho, eles
preferiram manter-se firmes em seguir o compromisso de honrarem a diretriz de
um líder que já não estava entre eles (Jr 35.8). Daniel, o profeta, também
serve como um exemplo de que a fidelidade é a base sólida de uma vida
construída no propósito de honrar a Deus com uma vida de santidade, pois, no
mesmo contexto de Jeremias, nos dias do rei Jeoaquim, junto de outros nobres,
ele foi levado à Babilônia e, longe de sua terra, teve a possibilidade de se
contaminar com as suas iguarias. Entretanto, decidiu firmemente não o fazer,
mantendo-se fiel a Deus e em santidade (Dn 1.1-8).
👉 A verdadeira santidade não floresce em
ambientes favoráveis, mas nas estações áridas da fé. Assim como os recabitas
permaneceram fiéis em meio a uma geração corrompida, também somos chamados a
manter-nos firmes quando tudo ao redor se desvia dos caminhos de Deus. A
santidade é o testemunho silencioso que resiste às pressões do mundo e revela,
por contraste, a luz que ainda habita no coração daqueles que não se renderam à
cultura da impureza e da infidelidade. Santidade é a resistência do coração
fiel, aquele que prefere ser minoria obediente do que multidão rebelde (cf. Jr
35.6–10; Fp 2.15). Os recabitas não obedeceram por medo ou tradição vazia. Sua
fidelidade brotava da reverência, o reconhecimento de que suas vidas estavam
debaixo de uma aliança moral e espiritual herdada com temor e respeito. Quando
a obediência é movida pela reverência, ela se torna inquebrável. Da mesma
forma, um jovem crente que teme ao Senhor não precisa de vigilância constante,
pois a fidelidade já está gravada em sua consciência (Pv 1.7; Sl 111.10). A santidade,
portanto, não é uma camisa de força, mas o reflexo natural de quem aprendeu a
honrar a Deus mesmo quando ninguém está olhando (MACARTHUR, 2017, p. 1147). Os
recabitas não se destacaram por um ato isolado de fidelidade, mas por uma
trajetória de constância. Santidade não se mede por momentos de êxtase
espiritual, mas por dias comuns vividos em coerência com a vontade de Deus. É
na rotina, nas pequenas decisões e nos hábitos discretos que a fidelidade é
provada (Tg 1.12; 2Tm 4.7). Viver em santidade é dizer “não” todos os dias a
tudo que fere a comunhão com o Espírito, é manter o coração limpo quando a alma
quer se sujar, é continuar fiel mesmo quando ninguém mais permanece (SHEED,
2008, p. 764). A história dos recabitas não termina neles; ela ecoa como um
chamado para toda geração. Deus os elevou como exemplo diante de Judá para
demonstrar que ainda há pessoas capazes de permanecer firmes em tempos de
decadência (Jr 35.12–19). O Senhor procura, ainda hoje, recabitas espirituais,
homens e mulheres que mantenham o coração consagrado e não negociem os valores
do Reino. Cada jovem que escolhe viver em santidade, cada família que decide
honrar a Palavra, cada igreja que prefere a fidelidade à popularidade, todos
eles tornam-se recabitas modernos, luminares de Deus em meio às trevas morais
de nosso tempo (PLENITUDE, 1995, p. 1342). Viver em santidade é, em si mesmo,
um ato profético. Quando o mundo chama de normal o que Deus chama de pecado, o
crente fiel se torna uma mensagem viva, um recado de Deus à geração perversa. A
santidade confronta sem palavras, denuncia sem ódio e inspira sem orgulho. Ela
é o grito silencioso dos que decidiram não se dobrar. Assim como Jeremias
apresentou os recabitas como testemunhas contra a infidelidade de Judá, o
Espírito Santo hoje ergue vidas santas como sinais vivos de que ainda há um
povo separado, puro e comprometido com a verdade (BEACON, 2006, p. 575). Deus
não ignora a obediência. Aos recabitas, Ele prometeu que nunca faltaria homem
que estivesse diante d’Ele (Jr 35.19). Essa é a recompensa da fidelidade:
permanecer diante do Senhor. A santidade não busca aplausos humanos, mas
encontra alegria em ser aprovada por Deus. Quem permanece fiel não apenas
sobrevive espiritualmente, prospera na presença divina. O Senhor honra os que o
honram e exalta os que não se corrompem (1Sm 2.30; Hb 12.14). Assim como os
recabitas ergueram um testemunho contra sua geração, nós também somos chamados
a ser uma voz viva de pureza e fidelidade. O Espírito Santo continua convocando
jovens, famílias e igrejas a retornarem à santidade prática, aquela que se
manifesta na obediência cotidiana, na renúncia e na devoção sincera. Que cada
coração, ao ouvir o eco do exemplo dos recabitas, desperte para uma fé viva,
uma fidelidade constante e uma santidade que brilhe como luz no meio das trevas
de uma geração sem temor.
Referências Bibliográficas (ABNT – NBR
6023:2018)
BEACON BÍBLICO. Comentário Bíblico Beacon:
Jeremias a Malaquias. Vol. 4. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
BÍBLIA DE ESTUDO MACARTHUR. A Bíblia de
Estudo MacArthur. Tradução: João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada. São
Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.
BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE. A Bíblia de
Estudo Plenitude: A Bíblia que fala com poder. Tradução: João Ferreira de
Almeida Revista e Atualizada. São Paulo: Editora Vida, 1995.
BÍBLIA DE ESTUDO SHEDD. A Bíblia de Estudo
Shedd. Tradução: João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada. São Paulo: Vida
Nova, 2008.
BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. A Bíblia de
Estudo Pentecostal. Tradução: João Ferreira de Almeida Revista e Corrigida. Rio
de Janeiro: CPAD, 2003.
3. A santidade que abençoa. Depois de mostrar o contraste
entre a fidelidade dos recabitas e a infidelidade de Judá, o Senhor vaticinou o
mal que viria sobre o seu povo e o bem que faria aos filhos de Jonadabe (Jr
35.17-19). A fidelidade e a vida separada dos recabitas atraiu a atenção de
Deus que garantiu a perpetuação deste povo, somada à promessa de que os seus
descendentes assistiriam em sua presença (v.19). Deus quer que o seu povo seja
santo e aos que fazem a sua vontade têm a promessa de que permanecerão para
sempre (1Ts 4.3; 1Jo 2.17). Portanto, a santidade e a fidelidade agradam a Deus
e permitem que os crentes sejam beneficiados com as bênçãos divinas.
👉 Há fidelidades que Deus não ignora. Entre
as ruínas espirituais de Judá, um pequeno grupo brilhou como um raio de luz em
meio à escuridão. Enquanto o povo quebrava alianças e desprezava a voz do
Senhor, os filhos de Jonadabe permaneciam firmes, guardando um legado de
obediência que atravessara gerações (Jr 35.17–19). Esse contraste foi tão forte
que o próprio Deus os tomou como testemunho vivo de fidelidade e como modelo do
que Ele esperava de todo o Seu povo. A santidade deles não era apenas
comportamento moral, mas vida separada, fruto de uma aliança cultivada em
secreto. Por isso, o Senhor declarou: “Nunca faltará homem de Jonadabe, filho
de Recabe, que assista perante mim” (Jr 35.19). Essa expressão, no hebraico
original yaʿămōd ləpānāy carrega o sentido de “permanecer de pé diante da face de Deus”, isto é, manter-se em comunhão e serviço contínuo na Sua presença (CHAMPLIN, 2001, p. 584). Ser lembrado por Deus é o maior prêmio que
uma vida fiel pode receber. Deus sempre retribui a santidade com presença, não
apenas com bênçãos materiais. O Senhor prometeu aos recabitas não apenas
sobrevivência, mas permanência espiritual, um símbolo profético de que a
fidelidade sempre gera continuidade. A santidade, portanto, não é apenas uma
separação do mundo, mas uma aproximação contínua de Deus. É isso que Paulo
expressa quando afirma: “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Ts
4.3). A santidade é a linguagem que o céu entende; é o selo de quem vive para
agradar ao Pai (MACARTHUR, 2017, p. 1252). A santidade também é herança que se
transmite. O texto revela que os descendentes de Jonadabe continuariam diante
do Senhor, uma promessa geracional. Assim, cada decisão de fidelidade que
tomamos hoje escreve o futuro espiritual de quem virá depois de nós. A vida
santa de um pai, de uma mãe, de um jovem crente, deixa rastros que Deus
perpetua. Como disse o salmista: “A posteridade o servirá; falar-se-á do Senhor
à geração vindoura” (Sl 22.30). Ser santo é plantar eternidade no coração da
próxima geração (SHEED, 2008, p. 817). O mesmo princípio ecoa no Novo
Testamento: “O mundo e a sua cobiça passam, mas aquele que faz a vontade de
Deus permanece para sempre” (1Jo 2.17). Permanecer é mais do que existir, é
viver sustentado pela aprovação divina. A santidade é a ponte entre o tempo e a
eternidade; ela conecta o instante presente ao propósito eterno de Deus. Não é
um adorno moral, mas uma condição para desfrutar da presença de Deus e das Suas
bênçãos duradouras (PLENITUDE, 1995, p. 1379). Portanto, ser santo é mais do
que evitar o pecado — é atrair a atenção de Deus. Os recabitas não tinham
tronos nem títulos, mas foram lembrados pelo Senhor quando reis e sacerdotes O
haviam esquecido. É a fidelidade nas pequenas coisas que abre portas para a
presença do Eterno. O mesmo Deus que prometeu perpetuar os recabitas está hoje
observando aqueles que, em uma geração distraída, ainda escolhem a pureza, a
constância e a obediência. Santidade continua sendo a senha da permanência
diante de Deus. Aqueles que se consagram não apenas sobrevivem, permanece neles
o perfume da eternidade. O Senhor abençoa os fiéis não apenas com o que dá, mas
com quem Ele é: presença, comunhão e vida abundante. Ser santo é viver de tal
forma que o próprio Deus se agrade em permanecer ao nosso lado.
Referências Bibliográficas (ABNT – NBR
6023:2018)
BEACON BÍBLICO. Comentário Bíblico Beacon:
Jeremias a Malaquias. Vol. 4. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
BÍBLIA DE ESTUDO MACARTHUR. A Bíblia de Estudo
MacArthur. Tradução: João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada. São Paulo:
Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.
BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE. A Bíblia de
Estudo Plenitude: A Bíblia que fala com poder. Tradução: João Ferreira de
Almeida Revista e Atualizada. São Paulo: Editora Vida, 1995.
BÍBLIA DE ESTUDO SHEDD. A Bíblia de Estudo
Shedd. Tradução: João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada. São Paulo: Vida
Nova, 2008.
CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento
Interpretado: Jeremias a Malaquias. Vol. 4. São Paulo: Hagnos, 2001.
SUBSÍDIO
III
“No
sentido bíblico, a palavra ‘santificação’ relaciona-se diretamente com as
palavras hebraicas e gregas para designar ‘santo’. Apesar da ênfase contínua de
muitos escritores de que ‘santo’ fala de separação e que ‘ser santo’ significa
‘ser separado’, os termos bíblicos são relacionais e falam principalmente de
pertencimento. ‘Ser santo’ (santificado) significa ‘pertencer a Deus’; a
separação segue-se apenas quando se estabelece a exclusividade do
relacionamento.
A
gradação do sacerdócio do AT em níveis de santidade que capacitava a entrada e
o serviço em menor ou maior intensidade da presença de Deus, ressalta ainda
mais essa qualidade dinâmica da santidade. Embora todo o povo de Israel fosse
santo (pertencente ao Senhor Deus), os sacerdotes desfrutavam de um grau mais
alto de santidade do que o israelita comum. Nos cargos dos sacerdotes, o sumo
sacerdote passava por rituais mais rígidos de consagração, visto que somente
ele poderia ministrar na presença mais intensa de Deus (Lv 16.1-17).
Os
israelitas comuns possuíam um nível mais baixo de santidade que os levitas e os
sacerdotes, mas podiam, individualmente, adquirir maior nível de santidade
através da obediência. Além disso, votos especiais — como o do nazireu, por
exemplo — aumentavam a qualidade do israelita comum como santo.” (Adaptado de
Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.451).
CONCLUSÃO
A lição que
estudamos é um convite aos crentes deste tempo a viverem em santidade e em
fidelidade a Deus. O comportamento de Judá não refletia a sua identidade de
povo de Deus, daí porque Ele contrastou a sua infidelidade com a fidelidade dos
recabitas, ensinando a esta geração que a fidelidade e a santidade são virtudes
que o agradam e abrem as portas para que as suas bênçãos sejam derramadas aos
que assim decidem viver.
👉 A lição de hoje ergue diante de nós um
espelho e nele se reflete a diferença entre viver por tradição ou viver por
devoção. Judá possuía o Templo, os sacerdotes e a Lei, mas havia perdido o
coração obediente. Os recabitas, por outro lado, mesmo sem sacerdócio, sem
altar e sem renome, permaneceram fiéis às instruções de um líder que já havia
morrido há séculos. E é essa fidelidade simples, silenciosa e constante que
Deus exalta como padrão para a Sua Igreja hoje (Jr 35.18–19). O contraste é
chocante e profético. O povo de Judá, cercado de símbolos religiosos, se
esqueceu do Deus vivo; os recabitas, guardando apenas uma palavra humana de
instrução, foram lembrados pelo próprio Senhor. Assim, aprendemos que Deus não
se impressiona com rituais, mas se agrada de corações fiéis. Santidade e
fidelidade continuam sendo o idioma do céu, e quem as pratica se torna um sinal
vivo do Reino em meio à decadência espiritual. Vivemos em uma geração que
relativiza valores, banaliza o pecado e celebra a autossuficiência. Em tempos
assim, ser santo e fiel é um ato de resistência espiritual. É remar contra a
corrente de um mundo que já se acostumou com o erro. Deus ainda procura jovens,
famílias e igrejas que, como os recabitas, escolham dizer “não” ao vinho da
cultura deste século e “sim” à voz do Espírito (Rm 12.2). Santidade não é
isolamento; é influência. É permanecer puro dentro de um mundo impuro e, por
meio dessa pureza, inspirar outros a buscarem o mesmo Deus. A fidelidade dos
recabitas se tornou um testemunho perpétuo, e a nossa pode ser também. Toda vez
que alguém decide obedecer a Deus, mesmo quando ninguém mais obedece, uma nova
história começa a ser escrita diante do trono. Portanto, a mensagem que ecoa de
Jeremias 35 é um chamado urgente ao arrependimento e à consistência espiritual.
O Senhor ainda recompensa os que O honram. Ele ainda sustenta os que
permanecem. Ele ainda se manifesta àqueles que preferem obedecer do que
aparentar. A fidelidade continua sendo o solo onde floresce a verdadeira
santidade e, onde há santidade, sempre há bênção, presença e permanência. Que
esta geração de crentes não repita o erro de Judá, mas siga o exemplo dos
recabitas firmes, fiéis e cheios de temor do Senhor. Pois Deus continua olhando
para a terra em busca de corações assim: corações que O amem mais do que ao
mundo, e que escolham permanecer de pé quando tudo à sua volta se curva. Com
base em todo o conteúdo da lição, resta-nos concluir com três aplicações
práticas voltadas para o jovem cristão, que possam gerar transformação real:
1. Santidade não é isolamento, é
resistência interior: Os recabitas viviam em meio a uma cultura
corrompida, mas não se deixaram moldar por ela. Eles estavam no mundo, mas o
mundo não estava dentro deles. A santidade não é fugir da vida, é viver de forma diferente nela. É dizer
“não” quando todos dizem “sim”, é escolher pureza quando tudo te convida à
superficialidade. Cada vez que você decide honrar a Deus em segredo: na mente,
no corpo, nas redes, você resiste à lógica deste século e confirma: “Eu
pertenço a outro Reino.” “Não se amoldem
ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente...”
(Rm 12.2, NVI)
2. Fidelidade é prova de amor, não de
conveniência: Os recabitas obedeceram a Jonadabe mesmo
séculos depois de sua morte, não por medo, mas por respeito e amor à herança
recebida. Fidelidade é permanecer firme quando ninguém mais está olhando. É fazer o
certo quando é mais fácil ceder. É escolher Cristo, mesmo que pareça que Ele
está em silêncio. Deus não procura perfeição, mas corações fiéis. A fidelidade
te coloca no caminho da herança que permanece: a presença dEle. “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da
vida.” (Ap 2.10, ARA)
3. A santidade que abençoa é a que
permanece: Os recabitas não foram apenas abençoados,
foram perpetuados. Sua história ecoa até hoje, porque a fidelidade deixa marcas
eternas. As escolhas de hoje estão construindo o legado espiritual do amanhã. A
santidade que você vive hoje pode abençoar gerações futuras, sua casa, seus
filhos, sua igreja. Não é em vão resistir, não é em vão obedecer. Toda
fidelidade é semente que frutifica no tempo certo. “E o mundo passa, bem como a sua cobiça; mas aquele que faz a vontade de
Deus permanece para sempre.” (1Jo 2.17, ARA)
Referências Bibliográficas (ABNT – NBR
6023:2018)
BEACON BÍBLICO. Comentário Bíblico Beacon:
Jeremias a Malaquias. Vol. 4. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL PARA JOVENS.
Edição CPAD. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2021.
BÍBLIA DE ESTUDO MACARTHUR. São Paulo:
Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.
BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE. São Paulo:
Editora Vida, 1995.
BÍBLIA DE ESTUDO SHEDD. São Paulo: Vida
Nova, 2008.
CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento
Interpretado: Jeremias a Malaquias. Vol. 4. São Paulo: Hagnos, 2001.
TORRALBO, Elias. Exortação, Arrependimento
e Esperança: Livro de Apoio Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
BAKER, Warren W. Dicionário Bíblico Baker.
Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
Viva para
a máxima glória do Nome do Senhor Jesus!
Viva conectado a Cristo, adore com sinceridade, sirva com amor e
aja com justiça, para que cada atitude reflita a glória de Deus no mundo.
HORA DA REVISÃO
1. Segundo o
Dicionário Bíblico Baker, quem são os recabitas?
Segundo o Dicionário Bíblico Baker, os recabitas são “uma família
ou, talvez, uma ondem, que tem as suas origens em Jonadabe, um filho queneu ou
descendente de Recabe, cujos integrantes são zelosos pelo Senhor”.
2. Qual a
finalidade do profeta, mediante a orientação do Senhor, usar os recabitas como
exemplo?
O profeta, mediante a orientação do Senhor, usa esse grupo com a
finalidade de proferir uma mensagem ao povo de Judá.
3. Segundo a
lição, o que é santidade?
Santidade é aquilo que é próprio do que é santo.
4. Quem
desenvolve no crente a virtude de santidade e fidelidade?
Santidade e fidelidade são virtudes que o Espírito Santo desenvolve
na vida do crente.
5. Qual a origem
do termo “fidelidade” e qual o seu significado?
O termo fidelidade vem do latim fidelis e diz respeito a quem é
fiel, leal, constante, consistente e comprometido com algum compromisso
assumido.