TEXTO ÁUREO
“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto,
tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa
fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.” (Fp 4.8).
ENTENDA O TEXTO ÁUREO:
👉 Paulo escreve esta carta da prisão, dirigindo-se à
comunidade de Filipos, uma igreja plantada em um ambiente cultural pluralista e
marcado por tensões sociais e filosóficas. O capítulo 4 conclui a epístola,
encerrando com exortações à unidade, à alegria, à perseverança e à disciplina
da mente e do coração. O versículo 8 conecta-se diretamente com o tema da vida
cristã prática, oferecendo um imperativo ético e espiritual para o exercício da
mente no cotidiano do crente¹. Quanto ao mais, irmãos A expressão
grega to loipon, adelphoi indica uma conclusão ou aplicação prática das
instruções anteriores, estabelecendo uma transição para o tema dos pensamentos.
Paulo enfatiza que, após instruções sobre alegria, oração e paz, é crucial
disciplinar a mente. Tudo o que é verdadeiro (píston) Refere-se
à fidelidade, correspondência à realidade e à verdade revelada em Cristo (Jo
14.6). É o primeiro filtro para avaliar pensamentos e informações. Tudo
o que é honesto (semnón) Ligado à dignidade, decoro e respeito moral.
Indica pensamentos que promovem integridade e boa conduta. Tudo o que é justo
(dikaíon) Relaciona-se com justiça e retidão, tanto em relação a Deus quanto ao
próximo, fundamentada na ética bíblica. Tudo o que é puro (hagnón) Refere-se
à pureza moral, emocional e espiritual, excluindo pensamentos impuros que
contaminam a alma. Tudo o que é amável (prosphiletón) Aponta para pensamentos que
geram afeição, gentileza e bondade no relacionamento interpessoal. Tudo
o que é de boa fama (euprepés) Considera reputação, honra e respeito,
cultivando pensamentos que refletem integridade pública e ética. Se há
alguma virtude, e se há algum louvor Estes termos abrangem excelência
moral (areté) e elogio ou reconhecimento positivo (epainos), resumindo o
caráter de pensamentos que edificam a vida cristã². Nisso pensai O imperativo
grego logizesthe indica atividade consciente e deliberada da mente, ou seja,
controlar, filtrar e direcionar os pensamentos, não apenas reagir passivamente
a eles³. Paulo liga diretamente o pensar ao viver cristão. Pensamentos não são
neutros; eles moldam sentimentos, escolhas e caráter. A exegese revela que a
mente é campo de batalha, e pensar em coisas nobres é uma forma de obediência
ativa a Deus (Fp 4.8; Rm 12.2). A lista de adjetivos não é arbitrária. Ela
abrange dimensões cognitivas, morais e afetivas, mostrando que a mente deve ser
alinhada à verdade, à retidão e ao amor — três pilares da ética cristã. A
exortação é prática: toda decisão, palavra e ação nasce primeiro do pensamento.
Ensina-se a filtrar informações, rejeitar falsidades e cultivar o que é
virtuoso e digno de louvor, promovendo saúde espiritual, emocional e
relacional.
Bíblia de Estudo
Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.
Bíblia de Estudo
MacArthur. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
QUEIROZ, Silas.
Corpo, Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2001.
Comentário Bíblico
Beacon. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.
Comentário Bíblico
Champlin. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
VERDADE PRÁTICA
O cristão sábio e
prudente preserva sua mente, tornando seus pensamentos obedientes a Cristo.
ENTENDA A VERDADE PRÁTICA:
👉 O cristão verdadeiro guarda sua mente como um tesouro,
conduzindo cada pensamento à obediência e à plenitude de Cristo. Guardar a
mente não é apenas um ato de autocontrole, mas uma disciplina espiritual que
reflete a santidade de Cristo em cada esfera da vida. O cristão sábio reconhece
que os pensamentos moldam sentimentos, decisões e ações, tornando-se, assim,
terreno fértil tanto para a graça quanto para a tentação. Conduzir a mente à obediência
de Cristo significa filtrar cada ideia, avaliar cada memória, cada desejo à luz
da Palavra, permitindo que a verdade divina transforme a percepção do mundo,
purifique as emoções e alinhe a vontade à de Deus. Essa vigilância consciente
cria uma vida interior segura, resistente às mentiras do inimigo, e uma conduta
exterior que manifesta a excelência moral, o amor genuíno e a paz que só a
mente renovada pelo Espírito Santo pode gerar.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Filipenses 4.8,9; 2 Coríntios 10.3-5.
Filipenses 4
8. Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que
é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o
que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.
👉 Paulo conclui suas instruções práticas exortando os
filipenses a uma disciplina ativa da mente. O termo grego logizesthe (“pensai”)
indica atividade deliberada e consciente, não passiva, da mente¹. A lista de
atributos (verdadeiro, honesto, justo, puro, amável, de boa fama) forma um guia
ético-cognitivo, abrangendo o racional, o moral e o afetivo². As Bíblias de
Estudo enfatizam que este versículo liga pensamento e caráter: pensamentos
nobres moldam atitudes santas e decisões corretas³. O enfoque de Shedd reforça
que a mente cristã deve ser governada pelo Espírito, e não pelos instintos ou
desejos mundanos. A virtude e o louvor são os filtros pelos quais os
pensamentos devem passar⁴. Aplicação: Filtrar cada pensamento segundo critérios
bíblicos é essencial para uma vida íntegra e alinhada a Cristo, evitando
contaminação emocional ou moral.
9. O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e
vistes em mim, isso fazei; e o Deus de paz será convosco.
👉 Paulo conecta aprendizado e prática. A mente disciplinada
deve levar a ações concretas⁵. O verbo grego prakte indica ação prática contínua, não
apenas contemplação. É a tradução da mente renovada em comportamento piedoso. As
Bíblias de Estudo destacam que o exemplo pessoal de Paulo é um modelo
pedagógico: a instrução doutrinária só se completa quando o crente aplica o que
aprendeu⁶. A promessa do
“Deus de paz” sugere que a serenidade interior é consequência direta da
obediência mental e prática. A paz não é passiva; é fruto de disciplina
espiritual e mente subordinada a Cristo⁷.
2 Coríntios 10
3. Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne.
👉 Paulo distingue realidade física e espiritual da vida
cristã¹. A “carne” refere-se à natureza humana caída; andar na carne significa
viver na limitação física, mas não lutar segundo os padrões humanos. A Bíblia
de Estudo Pentecostal observa que a guerra cristã não é carnal, mas espiritual,
envolvendo discernimento e força do Espírito.
4. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim,
poderosas em Deus, para destruição das fortalezas;
👉 As “armas” (hopla) são espirituais, incluindo oração,
Palavra, fé e discernimento, não meios humanos. “Fortalezas” (ochyrōmata)
representam cognições, argumentos, raciocínios e sistemas de pensamento que se
levantam contra o conhecimento de Deus². MacArthur enfatiza que essa batalha é
exclusivamente mental e espiritual, voltada para desmantelar estruturas
internas de pecado e engano.
5. destruindo os conselhos e toda altivez que se levanta
contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo entendimento à obediência
de Cristo.
👉 A expressão “levando cativo todo pensamento”
(aichmalotizontes panta nous) descreve submissão ativa da mente ao Senhor,
mostrando que a vitória sobre a carne começa no intelecto³. Shedd sublinha que
esta é a base da disciplina cristã: pensamentos não podem permanecer livres
para gerar pecado; devem ser filtrados, avaliados e submetidos à Palavra⁴. Aplicação: Cada ideia, memória ou impulso deve
ser analisado à luz de Cristo, impedindo que o inimigo estabeleça “fortalezas”
na mente do crente.
1. Bíblia de Estudo
Plenitude. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
2. Bíblia de Estudo
Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.
3. Bíblia de Estudo
MacArthur. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
4. Shedd, William
G. The Doctrine of Sanctification. Grand Rapids: Zondervan, 1888.
5. Bíblia de Estudo
Aplicação Pessoal (CPAD), Rio de Janeiro, 2015.
6. Comentário
Bíblico Pentecostal Novo Testamento, CPAD, 2010.
7. Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento, CPAD, 2014.
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INTRODUÇÃO
Na lição 5 fizemos um
estudo introdutório acerca da alma. Vimos que, junto com o espírito e
inseparável dele, ela compõe a parte imaterial ou espiritual do ser humano.
Também apresentamos uma síntese dos seus principais atributos: sentimentos,
intelecto e vontade. O intelecto é a parte cognitiva, o aspecto racional da
alma. Compreende a capacidade de pensar, raciocinar, conhecer, compreender.
Nesta lição estudaremos a respeito dos pensamentos.
👉 Na lição anterior, mergulhamos nos mistérios da alma e vimos
que ela, unida inseparavelmente ao espírito, constitui a dimensão imaterial do
ser humano. Somos mais do que corpo; somos seres espirituais moldados à imagem
de Deus. Silas Queiroz nos recorda que o ser humano “é uma unidade indivisível,
e, embora possua diferentes aspectos, é uma só pessoa diante de Deus” (QUEIROZ,
2008, p. 47). A alma, conforme estudamos, manifesta-se em três grandes
faculdades: sentimentos, intelecto e vontade. É nela que se trava a batalha
silenciosa entre o que sentimos, pensamos e decidimos. O intelecto, termo
derivado do latim intellectus, “compreensão”, é a sede dos pensamentos, o
espaço onde ideias são formadas, julgadas e transformadas em atitudes. No grego
do Novo Testamento, Paulo usa nous (νοῦς), palavra que designa não apenas a mente racional, mas também o centro moral e
espiritual do homem. É nesse nous que o Espírito Santo opera a renovação que
transforma a conduta (Rm 12.2). Mas há algo ainda mais profundo: o campo dos
pensamentos não é neutro. Ele é uma arena espiritual. Paulo escreve que, embora
andemos na carne, não militamos segundo a carne, pois as armas da nossa milícia
“não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas” (2 Co
10.3-5). Essas fortalezas não são castelos visíveis, mas estruturas mentais,
raciocínios, imaginações e pretensões que se levantam contra o conhecimento de
Cristo. Craig Keener observa que Paulo usa aqui linguagem militar para indicar
que a mente humana é um território em disputa, e cada pensamento precisa ser
submetido ao “cativeiro de Cristo” (KEENER, 2014, p. 328). Quando o apóstolo
exorta os filipenses a pensarem “no que é verdadeiro, honesto, justo, puro,
amável e de boa fama” (Fp 4.8), ele não oferece apenas uma lista moral. Está,
na verdade, mostrando a estratégia do Espírito para manter a mente sob domínio
do Evangelho. A palavra “pensar”, em grego logízomai (λογίζομαι), implica
meditar com propósito, ponderar até que a verdade de Deus se torne padrão
interior. French Arrington destaca que o crente deve “disciplinar a mente para
que seus pensamentos se harmonizem com o caráter de Cristo” (ARRINGTON, 1999,
p. 241). Portanto, ao entrarmos nesta lição, somos chamados a encarar um campo
de guerra invisível: a mente. O que pensamos molda o que sentimos, e o que
sentimos guia o que fazemos. Satanás sabe disso e tenta infiltrar-se nesse
território com sutilezas, mentiras e distrações. O Espírito, por sua vez, nos
convida à renovação do pensamento, à santificação da consciência e à submissão
da mente à verdade. Esta é a arena onde a fé se torna prática, onde a teologia
desce ao cotidiano, onde o discipulado se torna visível. A vitória do cristão
começa na mente transformada pela Palavra e termina em atitudes que glorificam
a Cristo. Assim, antes de combatermos fora, somos chamados a vencer dentro, a
levar cativo todo pensamento à obediência de Cristo. Que o Espírito Santo, ao
longo desta lição, nos conduza a sondar nossos pensamentos, discernir suas
origens e alinhar cada um deles à vontade do Pai. Pois quem governa a mente,
governa a vida.
ARRINGTON, French
L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Vol. 2. Rio de Janeiro:
CPAD, 1999.
KEENER, Craig S.
Comentário Bíblico do Contexto Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2014.
QUEIROZ, Silas.
Corpo, Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
A Bíblia Sagrada.
Almeida Revista e Corrigida. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2011.
Palavra-Chave:
PENSAMENTOS
👉 Na teologia, os pensamentos são vistos não apenas como
processos mentais, mas como uma parte crucial da vida espiritual e moral do ser
humano, com implicações diretas para sua relação com Deus e suas ações no
mundo. A definição teológica abrange vários aspectos principais:
Origem e Natureza: A teologia reconhece os pensamentos como uma
faculdade humana dada por Deus, parte da mente ou "coração" (em um
sentido bíblico mais amplo, que inclui a totalidade do ser interior). A mente
humana é vista como o "campo de batalha" espiritual, onde influências
divinas (Espírito Santo) e malignas (Satanás) podem atuar, e onde o indivíduo
exerce seu livre arbítrio na forma como reage a elas.
Responsabilidade Moral: Os pensamentos não são considerados neutros do
ponto de vista ético. A teologia ensina que há uma responsabilidade em relação
ao que se pensa. Pensamentos de maldade, cobiça ou impureza são considerados
pecaminosos e prejudiciais, enquanto pensamentos virtuosos são encorajados.
Poder e Influência: Há a crença de que os pensamentos têm um poder
formativo significativo. Eles influenciam diretamente as decisões,
comportamentos, palavras e atitudes de uma pessoa, moldando seu caráter e seu
destino espiritual. A teologia sugere que "você é o que você pensa".
Orientação Divina: A teologia cristã, em particular, instrui os
crentes a alinharem seus pensamentos com os valores e a vontade de Deus.
Passagens bíblicas como Filipenses 4:8 incentivam a meditação sobre "tudo
o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é puro", o que é
fundamental para uma vida espiritual saudável e para ter a "mente de
Cristo".
Conhecimento Divino: A teologia afirma que Deus é onisciente, ou
seja, Ele conhece plenamente todos os pensamentos humanos, mesmo os mais
íntimos e secretos, e sabe que, por vezes, são vãos.
Em suma, a
perspectiva teológica vê os pensamentos como uma dimensão vital da existência
humana que requer disciplina, discernimento e renovação constante pela
influência do Espírito Santo para refletir a santidade e a vontade de Deus.
I. UMA VISÃO INTRODUTÓRIA
1. A
experiência de Adão e Eva. No estudo da Antropologia Bíblica é importante sempre buscar
primeiro no Gênesis os fundamentos de nossa compreensão teológica. Ali os
traços da personalidade humana se manifestam originalmente na vida do primeiro
casal. O aspecto racional é visto na capacidade de comunicação, compreensão e
governo do homem sobre a criação, e em seu relacionamento interpessoal e com o
Criador (Gn 1.26-28; 2.18-23; 3.8). Para todos esses processos Adão e Eva
usaram o intelecto, raciocinando, elaborando pensamentos e tomando decisões.
Exemplo disso é o comportamento mental relativo ao pecado. Eva pensou o que não
devia e foi enganada. Adão não pensou o que devia e pecou (Gn 3.6; 1Tm 2.14).
👉 Toda compreensão bíblica do ser humano precisa começar onde
a revelação começa: no Gênesis. É ali, nas primeiras páginas da Escritura, que
encontramos o retrato original da mente e da consciência humana antes da Queda.
O jardim do Éden não foi apenas o cenário da criação; foi também o primeiro
laboratório da psicologia espiritual, o lugar onde pensamento, vontade e emoção
se revelaram em perfeita harmonia com Deus. O texto sagrado afirma: “Façamos o
homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 1.26). A expressão
“imagem” (tselem, צֶלֶם) e “semelhança” (demuth, דְּמוּת) indicam que o homem reflete o caráter racional e moral do Criador. Como explica Silas Queiroz
(2008, p. 45), o ser humano foi dotado de uma mente capaz de pensar, sentir e
decidir à luz da comunhão divina. Essa capacidade racional manifesta-se logo em
Adão ao nomear os animais (Gn 2.19-20), um ato de domínio intelectual,
linguístico e espiritual. A comunicação de Adão com Deus e com Eva revela a
profundidade relacional do intelecto humano. Ele compreendia, elaborava
conceitos, dialogava e tomava decisões, atos típicos de uma mente ativa e
moralmente responsável. Craig Keener (2014, p. 52) observa que, na cultura
hebraica, pensar e agir estavam intimamente ligados; a mente não era um espaço
de abstração, mas o centro da obediência ou da rebelião. Assim, antes do pecado
entrar no mundo, o pensamento humano estava em perfeita sintonia com a vontade
divina. Entretanto, quando a serpente dialoga com Eva, vemos a distorção desse
processo mental. Eva pensou o que não devia; ela raciocinou fora do parâmetro
da revelação. Em Gênesis 3.6, o texto diz que “a mulher viu que aquela árvore
era boa para se comer, agradável aos olhos e desejável para dar entendimento”.
O verbo “viu” (ra’ah, רָאָה) não descreve
apenas o ato de enxergar, mas de considerar mentalmente. A tentação, portanto,
começou na imaginação. O diabo não forçou Eva a comer; apenas semeou uma ideia.
E ela a alimentou até se tornar ação. Adão, por sua vez, não pensou o que
devia. A omissão racional também é pecado. Paulo escreve que “Adão não foi
enganado” (1Tm 2.14); ele agiu conscientemente, mas sem reflexão espiritual.
Douglas Oss (2003, p. 189) ressalta que “o pecado do homem foi mais grave
porque não nasceu do engano, mas da negligência voluntária em submeter seu
pensamento à voz de Deus”. A mente de Adão, criada para dominar, foi dominada
pela vontade da carne. A partir desse episódio, a humanidade passou a
experimentar o conflito entre o pensamento carnal e o pensamento espiritual. A
serpente ainda sussurra ideias que desafiam a Palavra, e o homem ainda é
tentado a racionalizar o pecado. O mesmo ciclo se repete: imaginar, desejar,
agir e, por fim, colher as consequências. Por isso, compreender o Éden é
compreender o campo de batalha da mente. O primeiro pecado não começou com um
ato, começou com um pensamento. Que essa verdade desperte em nós vigilância e
humildade. Como disse French Arrington (1999, p. 58), “a queda não anulou a
capacidade de pensar, mas corrompeu sua direção”. A restauração da mente é,
portanto, uma das principais obras do Espírito Santo: renovar, corrigir e
alinhar nossos pensamentos novamente com os de Deus (Rm 12.2).
ARRINGTON, French
L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Vol. 1. Rio de Janeiro:
CPAD, 1999.
KEENER, Craig S.
Comentário Bíblico do Contexto Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2014.
OSS, Douglas A.
Comentário Bíblico Beacon – Gênesis. Vol. 1. Kansas City: Casa Nazarena de
Publicações, 2003.
QUEIROZ, Silas.
Corpo, Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
A Bíblia Sagrada.
Almeida Revista e Corrigida. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2011.
2.
Conceito e origens. Pensamentos são processos mentais constituídos de informações,
reflexões, lembranças, sentimentos, sons, imagens. A despeito dos mistérios da mente
humana, sabe-se que eles se originam de fatores internos (biológicos,
psicológicos e espirituais) ou externos (ambientais; experiências do
cotidiano). Podem também ser uma combinação desses fatores. Qualquer que seja a
origem dos pensamentos, cabe ao ser humano aceitá-los ou rejeitá-los,
aprovando-os ou reprovando-os (Fp 4.8; Pv 3.1-7; 15.28; Jr 17.5,10).
👉 Pensar é mais do que um simples ato mental. É a atividade
invisível pela qual a alma se revela. Nossos pensamentos são como rios
subterrâneos que, cedo ou tarde, deságuam nas palavras e nas ações. Eles nascem
da interação entre alma e espírito, onde emoções, memórias, experiências e
impulsos espirituais se entrelaçam num movimento contínuo e misterioso. O
apóstolo Paulo, ao escrever aos filipenses, convida o crente a “pensar”
(logízomai, λογίζομαι) nas coisas que refletem o caráter de Deus (Fp 4.8). Esse
verbo, no grego, significa “avaliar com propósito”, “ponderar cuidadosamente”,
é o ato consciente de escolher o que ocupará a mente. Assim, pensamentos não
são meras ocorrências; são decisões espirituais travestidas de reflexões. A
mente não é um campo neutro, mas o território onde se define quem exercerá
governo: a carne, o mundo ou o Espírito (Rm 8.5-6). De modo geral, os
pensamentos se originam em três fontes principais. A primeira é interna,
envolvendo fatores biológicos e psicológicos, o modo como o cérebro processa
memórias, estímulos e emoções. Como destaca Silas Queiroz (2008, p. 75), “a
mente humana é o elo dinâmico entre a alma e o corpo; nela se percebem os
reflexos tanto do Espírito Santo quanto das forças contrárias”. A segunda
origem é espiritual, pois o homem, sendo ser espiritual, pode receber
influências tanto divinas quanto malignas (Ef 6.12). O Espírito Santo inspira
pensamentos de santidade, edificação e paz (Rm 8.6), enquanto Satanás lança
setas inflamadas de dúvida, medo e condenação (Ef 6.16). A terceira fonte é
externa, o ambiente, as experiências e os relacionamentos que moldam percepções
e hábitos mentais (Pv 13.20; 1Co 15.33). Por isso, o cristão precisa exercer o
que Provérbios chama de discernimento do coração. “O coração do justo medita no
que há de responder, mas a boca dos ímpios jorra coisas más” (Pv 15.28). No
hebraico, o termo traduzido por “medita” vem de hagah (הגה), que expressa a ideia de murmurar, ponderar,
ruminar em silêncio, ou seja, refletir
antes de agir. Esse discernimento é a fronteira entre
o pensamento santo e o pensamento destrutivo. Jeremias recorda que o próprio
Senhor “sonda o coração e prova os pensamentos” (Jr 17.10). O verbo hebraico bāḥan (בחן), “provar”, significa testar
com intensidade, como o ourives que verifica o ouro no fogo. Assim, Deus
examina nossas motivações mais profundas, revelando se o conteúdo da mente é fruto da fé ou da
incredulidade (Jr 17.5). Craig Keener (2014, p. 331) observa que, para os
profetas, o centro do ser humano não é o cérebro, mas o coração, sede das
intenções e da moralidade. A mente, portanto, é o espaço onde se manifestam os
frutos de nossas alianças espirituais. Aquilo que alimentamos se fortalece;
aquilo que resistimos enfraquece. Anthony D. Palma (2001, p. 112) ensina que “a
santificação não é apenas uma mudança de comportamento, mas uma reeducação da
mente à luz da Palavra e do Espírito”. Filipenses 4.8 é, assim, o filtro divino
que regula a qualidade dos pensamentos e define o padrão de saúde espiritual. Em
última análise, cada cristão é responsável pelos pensamentos que decide
cultivar. Podemos não controlar o que chega à mente, mas podemos decidir o que
permanece. O Espírito Santo é o aliado que nos ajuda a submeter cada pensamento
ao senhorio de Cristo, enquanto a Palavra serve como lâmpada que expõe o que
deve ser rejeitado. Essa é a verdadeira batalha da alma: discernir, julgar e
escolher o que honra a Deus em nossa mente.
ARRINGTON, French
L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Vol. 2. Rio de Janeiro:
CPAD, 1999.
KEENER, Craig S.
Comentário Bíblico do Contexto Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2014.
PALMA, Anthony D. O
Espírito Santo: Doutrina e Prática. Rio de Janeiro: CPAD, 2001.
QUEIROZ, Silas.
Corpo, Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
A Bíblia Sagrada.
Almeida Revista e Corrigida. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2011.
3.
Características dos pensamentos. Em sua amplíssima capacidade imaginativa, o ser humano
pode construir, na mente, cenários silenciosos ou barulhentos; simples ou
complexos; neutros ou coloridos. Quantas imaginações já tivemos desde a
infância! Do ponto de vista moral, os pensamentos podem ser bons ou ruins;
puros ou impuros; verdadeiros ou falsos. Os que são originados de fatores
externos são fruto de experiências sensoriais. A mente cria a partir de
conteúdos que obtém por meio dos órgãos dos sentidos, como os olhos, o ouvido,
a boca, as mãos, o nariz. Por isso, abster-se de toda a aparência do mal é
essencial (1Ts 5.22). Não podemos alimentar nossa mente com conteúdos enganosos
ou impuros (Sl 101.3-5). Deles podem surgir gravíssimos pecados como violências,
imoralidades sexuais, mentiras, calúnias e maledicências (Mt 12.34; 15.19).
Cabe-nos abortar o ciclo pecaminoso (Tg 1.13-15).
👉 A mente humana é um universo vasto e insondável. Dentro
dela, o homem constrói mundos inteiros: silenciosos ou ruidosos, luminosos ou
sombrios, reais ou imaginários. Desde a infância, aprendemos a habitar esses
mundos invisíveis, projetando sonhos, medos, desejos e lembranças. É nesse
espaço interior que se molda o caráter e se define a direção espiritual da
vida. O pensamento é, portanto, o nascedouro das atitudes. Antes que qualquer
palavra seja pronunciada ou gesto realizado, ela existe em forma de ideia.
Jesus foi enfático ao afirmar que “do que há em abundância no coração, disso
fala a boca” (Mt 12.34). No contexto semita, o coração (kardía, καρδία) inclui
a mente e a vontade. É o centro das decisões e da moralidade humana. A pureza
ou impureza da vida começa ali, na quietude dos pensamentos. Do ponto de vista
moral, os pensamentos podem ser bons ou maus, puros ou impuros, verdadeiros ou
falsos. Paulo exorta o cristão a “aprovar as coisas excelentes” (Fp 1.10), isto
é, discernir o que é digno de permanecer na mente. Robert Menzies (2015, p.
176) explica que “a santidade prática começa com a vigilância mental; uma mente
cheia de Cristo é o primeiro escudo contra o pecado”. Grande parte de nossos
pensamentos nasce de estímulos sensoriais. O que vemos, ouvimos, tocamos e
experimentamos se transforma em imagens mentais e memórias que alimentam o
imaginário. Por isso, Davi declarou: “Não porei coisa má diante dos meus olhos”
(Sl 101.3). Ele sabia que os olhos são portas para a alma e que cada olhar pode
plantar uma semente, de luz ou de trevas. A palavra hebraica para “má”
(bĕliya‘al, בליעל) também significa “sem valor”,
“corrupta” ou “destrutiva”; é o mesmo termo usado para descrever o caráter de
Satanás (2Co 6.15). Assim, o salmista rejeita qualquer imagem que possa
contaminar o santuário interior da mente. O apóstolo Tiago descreve o processo
do pecado como um ciclo mental que começa com a tentação e termina na morte:
“Cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência”
(Tg 1.14). O termo “atraído” (exelkó, ἐξέλκω) significa “ser arrastado para fora”, e “engodado” (deleázō, δελεάζω) carrega a ideia
de ser seduzido por um isco. Em outras palavras, o pecado começa com um
pensamento não disciplinado que se torna atração e depois ação. Abortá-lo no
início é o segredo da vitória espiritual. Por isso, Paulo recomenda:
“Abstende-vos de toda a aparência do mal” (1Ts 5.22). A expressão grega eidous
ponērou (εἴδους πονηροῦ) não se refere apenas
a algo “visivelmente errado”, mas a qualquer
forma ou representação do mal. Ou seja, até mesmo aquilo que parece inofensivo pode servir de porta
para a contaminação mental. French Arrington (1999, p. 315) comenta que “o
Espírito Santo não apenas limpa o coração do pecado, mas disciplina o olhar e a
imaginação do crente”. Quando o cristão negligencia essa vigilância,
pensamentos distorcidos começam a gerar frutos amargos: inveja, ciúmes,
violência, imoralidade, mentiras e calúnias (Mt 15.19). É assim que o inimigo
corrompe a mente, não com grandes tentações, mas com pequenos desvios tolerados.
Por isso, somos chamados a vigiar o que entra e o que permanece em nossa mente,
pois aquilo que é meditado se tornará, cedo ou tarde, comportamento. O Espírito
Santo deseja habitar um templo mental limpo, onde Cristo reine sobre cada
pensamento. Assim, a vitória do crente começa quando ele aprende a discernir o
que alimenta e o que destrói a sua mente. O campo de batalha é invisível, mas
as consequências são eternas.
ARRINGTON, French
L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Vol. 2. Rio de Janeiro:
CPAD, 1999.
MENZIES, Robert P.
O Poder do Espírito: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2015.
QUEIROZ, Silas.
Corpo, Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
A Bíblia Sagrada.
Almeida Revista e Corrigida. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2011.
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SINOPSE I
Os pensamentos fazem parte da
estrutura da alma humana e devem ser avaliados quanto à sua origem e natureza
moral.
AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO
“O
PENSAMENTO BÍBLICO
Retomando Provérbios 4, o sábio inicia o versículo 20 pedindo:
‘atenta para as minhas palavras, às minhas razões inclina o teu ouvido’. O
versículo 21 exorta: ‘guarda-as no meio do teu coração’. Tanto a palavra
‘atenta’ quanto a palavra ‘guarda’ denotam uma atividade que abrange o processo
racional do pensamento. Elas remetem à ideia de ponderar, prestar atenção para
o que está sendo ensinado. Esse trabalho de processamento do pensamento tem a
ver com selecionar o que será o centro da sua atenção. Esse exercício é muito
importante, pois o que pensamos inevitavelmente gerará emoções e sentimentos
[...]. Sim, como vimos, conforme a Bíblia, trata-se de um exercício do coração.
Foi Deus quem nos dotou de intelecto para escolhermos o bem, o caminho da vida;
logo, a Bíblia e a fé cristã não anulam o intelecto e o pensamento, mas
direciona-os segundo a ação do Espírito Santo (Jo 14.26; 16.8).” (OLIVEIRA,
Marcelo. Alcance um Futuro Feliz e Seguro. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD,
2024, pp.38,40).
II. A GESTÃO DOS PENSAMENTOS
1.
Imperativo ético e espiritual. A Epístola aos Filipenses é repleta de referências a
sentimentos ou emoções — não sem razão tem, entre seus epítetos, o de “Epístola
da Alegria” (cf. Fp 1.3,4; 2.1,2; 4.1). Mas possui, também, uma contundente
afirmação acerca da gestão dos pensamentos (Fp 4.8). Nela, Paulo apresenta o
aspecto positivo do emprego da mente. Ao usar o pronome indefinido “tudo”, abre
uma ampla possibilidade de pensamentos, desde que qualificados com os adjetivos
“verdadeiro”, “honesto”, “justo”, “puro”, “amável”, “de boa fama”, virtuoso ou
digno de louvor. O uso do imperativo afirmativo “pensai” indica tratar-se de
uma conduta ativa e não passiva. É assumir o controle do processo mental e não
se deixar conduzir por pensamentos aleatórios ou intrusivos (cf. Rm 1.21,22 —
NTLH/NAA). Como temos gerido nossos pensamentos?
👉 Facilmente
poderíamos substituir a chamada deste segundo tópico por algo como: “Assuma o
Comando da Mente: O Chamado Divino à Disciplina dos Pensamentos”. Há batalhas
que se travam diante dos olhos; outras, porém, se desenrolam em silêncio,
dentro da mente. E é neste campo invisível que se decide a vitória ou a derrota
do cristão. O apóstolo Paulo, escrevendo aos filipenses, sabia bem disso. Ele
não apenas falou sobre emoções e sentimentos; falou sobre pensar. E quando
escreveu: “Quanto
ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é
justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há
alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Fp 4.8,
ARC), ele não estava oferecendo um conselho opcional, mas emitindo uma ordem
espiritual. No texto grego, o verbo usado para “pensai” é λογίζεσθε (logízesthe), no
imperativo presente. Esse termo carrega a ideia de um processo contínuo,
racional e intencional de meditar, ponderar e trazer algo repetidamente à
mente. Paulo está dizendo: mantenham
a mente ocupada com o que é digno. Não é uma atitude passiva; é um
comando ativo. Em outras palavras, o cristão deve ser o administrador da
própria mente, o mordomo dos seus pensamentos, e não refém deles. O apóstolo
ensina que a mente precisa de direção, não de liberdade absoluta. Pensar é um
ato de culto quando a mente está rendida à verdade. O Espírito Santo não
controla um coração que se recusa a cooperar com a graça. Por isso, a gestão
dos pensamentos é tanto um imperativo
ético (porque envolve decisão moral) quanto um imperativo espiritual
(porque revela o governo de Cristo dentro de nós). Quando deixamos que a mente
vagueie sem filtro, abrimos espaço para pensamentos deformados pelo pecado, e o
coração, que deveria ser altar, torna-se campo de guerra. É aqui que muitos
tropeçam: acreditam que não podem controlar o que pensam. Mas Paulo desconstrói
essa crença. Ele mostra que podemos
escolher o conteúdo mental que alimenta nossa alma. A mente é como
um jardim, se não for cultivada, será invadida por ervas daninhas. O que você
rega, cresce. O que você tolera, domina. Por isso, o cristão é chamado a
exercer vigilância: submeter todo pensamento à obediência de Cristo (2Co 10.5).
Pensar bem é obedecer. Pensar mal é abrir brechas espirituais. A Bíblia de
Estudo Aplicação Pessoal (CPAD) observa que “o que ocupamos com frequência em
nossa mente molda o que nos tornamos”¹. Isso significa que a qualidade da nossa
vida espiritual está diretamente ligada à qualidade dos nossos pensamentos. Mentes saudáveis produzem
vidas santas. O Comentário Bíblico Pentecostal acrescenta que, para
Paulo, pensar nas coisas do alto (Cl 3.2) é participar da própria natureza do
Reino, é colocar o coração onde Cristo está entronizado². Mas como praticar
isso no cotidiano? A resposta está na disciplina interior. Assim como o corpo
exige exercício, a mente também requer treinamento. Precisamos filtrar o que
entra pelos sentidos, porque cada imagem, palavra e som tem o poder de semear
pensamentos. Anthony D. Palma ensina que “a santidade começa na mente, pois o
pecado nasce primeiro como ideia antes de se tornar ato”³. Quando a Palavra de
Deus habita ricamente em nós (Cl 3.16), ela se torna o padrão pelo qual todo
pensamento é julgado. Não se trata de reprimir a mente, mas de redirecioná-la
ao que edifica. O maior desafio do cristão moderno é aprender a pensar espiritualmente.
A vida não muda quando o cenário muda, mas quando a mente é renovada (Rm 12.2).
A transformação que o Espírito realiza começa na estrutura do pensamento. Cada
crente é convidado a construir uma mente onde Deus habita, e não um abrigo onde
o inimigo semeia mentiras. Portanto, pensar é orar com a razão; e orar é pensar
sob a luz da verdade. Que cada pensamento nosso seja uma semente de adoração e
uma prova de que Cristo governa não só o coração, mas também a mente.
1.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de
Janeiro: CPAD, 2015.
2.
ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
3.
PALMA, Anthony D. A Teologia do Espírito Santo. Rio de
Janeiro: CPAD, 2010.
4.
MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São
Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2017.
5.
QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito. Rio de
Janeiro: CPAD, 2001.
6.
OLIVEIRA, Marcelo. Alcance um Futuro Feliz e Seguro.
Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
7.
Comentário Bíblico Beacon. Vol. 9. Kansas City:
Casa Nazarena de Publicações, 2014.
8.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro:
CPAD, 2000.
9.
Bíblia de Estudo Plenitude. São Paulo: Vida,
2014.
10. CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento
Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2010.
11. KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do
Contexto Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
2.
Acima da técnica. Em nossos dias há uma profusão de técnicas de gestão de pensamentos.
São estratégias de valor relativo, que se limitam ao plano da realidade humana;
ao nível terreno. A Palavra de Deus vai muito além, e nos ensina que a solução
é pensar “nas coisas que são de cima e não nas que são da terra” (Cl 3.1).
Pensar além das circunstâncias temporais através de percepção e discernimento espiritual,
com a mente de Cristo, nos liberta da atmosfera de conflitos mentais comuns a
toda a humanidade (1Co 2.15,16). Além de encher nosso coração da esperança que
não traz confusão (Rm 5.5), a visão celestial, infinitamente superior, nos
capacita a gerenciar habilmente todos os sistemas dessa vida inferior, efêmera
e passageira; além de ser um preventivo eficaz contra a ansiedade (Mt 6.25-34;
Fp 4.6).
👉 A mente guiada pelo céu pensa
além do visível. Hoje somos
inundados por métodos, cursos e técnicas que prometem controlar a mente e domar
os pensamentos. São estratégias que funcionam apenas no plano humano, restritas
à realidade visível e limitada. Elas podem até oferecer resultados temporários,
mas não alcançam a raiz da vida interior. Paulo nos lembra que há um caminho
mais profundo: pensar nas coisas que são de cima e não nas que são da terra (Cl
3.1). Não se trata de negar a vida cotidiana, mas de elevar o olhar para o céu,
onde a sabedoria e o poder de Deus transformam a mente. Quando adotamos essa
perspectiva celestial, nossa forma de raciocinar muda. Pensar com a mente de
Cristo (nous Christou, νοῦς Χριστοῦ) não é apenas um conceito abstrato, é
uma prática espiritual que nos permite enxergar além das limitações humanas. O
apóstolo explica que o homem espiritual julga todas as coisas, enquanto o
natural não consegue discernir o que é de Deus (1Co 2.15-16). Aqui reside a
diferença crucial: a verdadeira gestão dos pensamentos não começa em técnicas, mas
na percepção espiritual que conecta nossa mente à mente divina.
Essa visão celestial traz liberdade. Liberdade
de não ser escravo das tempestades mentais, dos medos e ansiedades que afligem
a humanidade. É o olhar sobre o invisível que permite ver o passageiro com
clareza, sem se deixar dominar por ele. A esperança que nasce desse pensamento
elevado não confunde nem paralisa; antes, fortalece, aquece e enche o coração
de paz que ultrapassa a lógica humana (Rm 5.5). A Palavra nos instrui que,
quando nossa mente está ancorada nas realidades eternas, conseguimos
administrar com sabedoria os sistemas da vida terrena, nossos relacionamentos,
finanças, decisões e responsabilidades. Nada escapa à orientação de Deus para
aqueles que aprendem a pensar como Ele pensa. É uma inteligência que transcende
o cálculo humano e transforma o cotidiano em oportunidade de serviço e santificação.
Além disso, essa perspectiva funciona como um escudo contra a ansiedade. Jesus
nos ensina a não nos preocuparmos com o amanhã, a não sermos consumidos pelas
necessidades imediatas (Mt 6.25-34). Quando a mente se fixa no que é eterno, a
inquietação perde força. Paulo reforça que, mesmo em situações adversas, a
oração e a gratidão alimentam a paz divina e nos impedem de sermos dominados
pela ansiedade (Fp 4.6). Pensar nas coisas de cima exige disciplina, mas também
confiança. É aprender a olhar através da lente da eternidade, enxergar o que os
olhos humanos não podem ver, e deixar que essa visão molde cada decisão, cada
escolha mental e cada ação prática. Não é apenas uma técnica psicológica, é uma
prática
espiritual que muda a vida.
Que cada um de nós seja lembrado de que a mente
do crente não foi feita para vaguear sem direção, mas para habitar o céu aqui
na terra. Pensar além do visível é tomar posse de uma liberdade que não se
compra, não se aprende em cursos, mas se conquista na presença do Senhor, na
leitura da Palavra e na ação contínua do Espírito Santo.
1.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de
Janeiro: CPAD, 2015.
2.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro:
CPAD, 2000.
3.
MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São
Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2017.
4.
QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito. Rio de
Janeiro: CPAD, 2001.
5.
OLIVEIRA, Marcelo. Alcance um Futuro Feliz e Seguro.
Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
6.
Comentário Histórico-Cultural do Novo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.
7.
KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do Contexto Cultural do Novo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
3.
Recursos espirituais. A leitura da Bíblia é um recurso extraordinário para a produção de
bons pensamentos, inspirados em verdades eternas. Essa disciplina traz profunda
edificação e firmeza espiritual (Sl 37.31; 119.33,93). Meditar é refletir;
pensar de maneira detida. Exige o emprego da vontade (a decisão, o querer) (Sl
119.131). Produz sentimentos elevados (amor, alegria e paz pelas verdades apreendidas)
(Sl 119.97), abundante sabedoria e correta direção (Sl 119.98-102).
👉 A mente que deseja
pensar como Deus pensa precisa de alimento celestial. Entre todos os recursos à
disposição do cristão, a
leitura da Palavra de Deus se destaca como a mais poderosa
fonte de pensamentos puros e edificantes. Não se trata de leitura mecânica ou
por obrigação, mas de um mergulho intencional nas verdades eternas que moldam o
caráter, orientam a conduta e fortalecem o espírito. Como afirma o salmista: “A
lei do Senhor é perfeita, refrigera a alma” (Sl 19.7). Cada palavra lida tem o
poder de gerar ideias que nascem do alto e não da limitação humana. Meditar na
Escritura é mais do que absorver informações; é refletir profundamente,
permitir que a mente se detenha em cada conceito e examine suas próprias
percepções à luz da verdade divina. Paulo descreve o processo como uma guerra
interior: os pensamentos precisam ser trazidos cativos à obediência de Cristo
(2Co 10.5). O salmista complementa: “Abri os meus lábios, e declarei a tua lei”
(Sl 119.131), mostrando que a meditação exige decisão da vontade, o querer, a
escolha deliberada de direcionar a mente para o que é correto e eterno. Essa
disciplina mental produz frutos tangíveis no coração e na vida do crente. O ato
de meditar gera sentimentos elevados: amor pelas verdades de Deus, alegria de
contemplar Sua sabedoria e paz que não depende das circunstâncias (Sl 119.97).
Não é um mero exercício intelectual, mas uma transformação interior que liga pensamentos
à emoção e à ação prática. Cada reflexão na Palavra fortalece a integridade e a
estabilidade espiritual, preparando o crente para resistir às investidas do
mal. Além disso, meditar produz sabedoria abundante e direção correta (Sl
119.98-102). Quando os pensamentos são moldados pela Escritura, eles se tornam
bússola para decisões diárias. Craig S. Keener observa que a leitura e a
meditação sistemática da Palavra permitem discernir padrões e consequências,
evitando escolhas impulsivas e caminhos enganosos⁴. Assim, o recurso espiritual da
Bíblia não apenas eleva a
mente, mas também governa o
comportamento. A prática constante de meditar transforma a mente em um espaço
seguro, onde verdades eternas suplantam ilusões passageiras. Anthony D. Palma
ressalta que o crente que internaliza a Palavra desenvolve pensamento virtuoso e
resistência moral, pois cada reflexão é uma fortaleza contra
pensamentos enganosos ou impuros³. A mente se torna um território protegido,
onde o Espírito habita e conduz cada decisão. Portanto, não subestime o poder
da leitura e da meditação. Não é apenas conhecimento, mas arma espiritual e disciplina
interior. Quanto mais nos demoramos na Palavra, mais aptos nos
tornamos a pensar corretamente, amar o que é bom e agir com discernimento. Cada
pensamento alinhado com a Escritura aproxima-nos da mente de Cristo, da visão
de Deus e do propósito eterno para nossas vidas.
Que essa prática diária não seja rotina, mas
vida. Que cada mente seja um santuário de meditação, cada coração um altar de
pensamentos puros, e cada decisão fruto de uma mente treinada na verdade.
Assim, teremos não apenas conhecimento, mas sabedoria, não apenas ideias, mas
transformação, e não apenas mente ativa, mas mente submissa ao governo de
Cristo.
1.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de
Janeiro: CPAD, 2015.
2.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro:
CPAD, 2000.
3.
PALMA, Anthony D. A Teologia do Espírito Santo. Rio de
Janeiro: CPAD, 2010.
4.
KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do Contexto Cultural do Novo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
5.
QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito. Rio de
Janeiro: CPAD, 2001.
4.
Jerusalém e Betânia. Não podemos desconsiderar a influência de fatores orgânicos, físicos
e ambientais em nossa maneira de pensar. Por isso, os cuidados com a saúde
mental incluem a observância de uma rotina saudável. Em dias de tanta agitação
e pensamento acelerado, Jesus nos convida a descansar o corpo e a mente: “E ele
disse-lhes: Vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco”
(Mc 6.31). Há tempo para todo o propósito (Ec 3.1): tempo de estar em
Jerusalém, mas também de ir para Betânia (Mt 21.17; Jo 12.1,2).
👉 Pensar bem não
depende apenas da disciplina espiritual ou da meditação na Palavra. Nosso corpo
e nosso ambiente exercem influência direta sobre os pensamentos. A mente não
funciona isoladamente; é afetada pelo ritmo da vida, pelo estado físico e pelas
pressões do dia a dia. Jesus mesmo reconheceu essa realidade e chamou Seus
discípulos a cuidarem de si: “Vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e
repousai um pouco” (Mc 6.31). Há momentos em que o corpo precisa descansar para
que a mente possa refletir com clareza. O equilíbrio entre atividade e repouso
é essencial para a saúde mental e espiritual. A Escritura nos lembra que “há
tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Ec 3.1). Nem todo momento é de
ação intensa; nem todo período exige decisões imediatas ou grande
produtividade. Assim como há momentos de Jerusalém (centro de missão e
engajamento), também há momentos de Betânia, onde o silêncio, a proximidade com
Deus e o descanso restaurador reparam forças e renovam a perspectiva. Jesus nos
ensina que retirar-se do ruído não é fuga, mas estratégia divina. Ele sabia que
a agitação e o excesso de estímulos podem confundir a mente, entorpecer a
percepção espiritual e gerar ansiedade. Ao descansar, a mente é reorganizada, o
coração é restaurado e a capacidade de discernir aumenta. Assim, a gestão dos
pensamentos também inclui reconhecer os limites do corpo e do ambiente, e saber
quando é hora de parar, refletir e orar.
O exemplo de Betânia nos mostra que a
contemplação e o descanso são parte do ministério. Estar com Jesus em silêncio,
longe da multidão e das responsabilidades imediatas, permite que a mente se
alimente de verdades eternas e não se perca nas preocupações temporais. Essa
pausa consciente fortalece a capacidade de pensar com clareza, tomar decisões
acertadas e manter o coração firme na fé. Além disso, o descanso mental atua
como prevenção
contra pensamentos desordenados, ansiedade e fadiga espiritual.
A mente cansada é vulnerável a ideias impulsivas e enganosas; a mente
descansada tem discernimento, estabilidade e paciência. Como enfatiza o Pastor
Antônio Gilberto, separar momentos para reflexão tranquila e repouso é investir
na própria saúde espiritual¹. É cultivar o terreno onde pensamentos virtuosos
podem florescer.
Portanto, a vida cristã não é feita só de ação e
produtividade. É feita de ritmo, equilíbrio e sabedoria para alternar entre
Jerusalém e Betânia. Cada crente é chamado a ouvir a voz de Jesus que convida
ao descanso consciente, permitindo que o corpo e a mente estejam alinhados,
prontos para agir com sabedoria e pensar de acordo com a vontade divina. Que
cada pausa seja estratégica, cada momento de silêncio seja transformador, e que
a mente do discípulo seja, como o corpo, santuário de descanso e preparação
para a missão que Deus lhe confiou.
1.
GILBERTO, Antônio. Teologia Pastoral e Vida Cristã. Rio
de Janeiro: CPAD, 2014.
2.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de
Janeiro: CPAD, 2015.
3.
QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito. Rio de
Janeiro: CPAD, 2001.
4.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro:
CPAD, 2000.
5.
Comentário Histórico-Cultural do Novo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.
SINOPSE II
O cristão deve assumir o controle
de sua mente, usando recursos espirituais e bíblicos para pensar conforme a
vontade de Deus.
AUXÍLIO DE VIDA CRISTÃ
“PENSAMENTO
PROTEGIDO
Nossa tradição pentecostal sempre observou o valor da meditação
diária da Palavra de Deus. Entre nós, sempre houve o estímulo de iniciarmos a
jornada diária com a meditação da Palavra de Deus nas primeiras horas do dia. A
ideia é que o que meditamos na Bíblia nas primeiras horas do dia deve tornar-se
o objeto de nossa atenção ao longo de todo o dia, ou seja, nosso pensamento
deve estar imerso na Palavra de Deus. As palavras ‘atentar’ e ‘guardar’, como
nos ensina Provérbios 4.20,21, exorta-nos ao exercício intelectual da leitura,
da reflexão e da memorização do texto bíblico. Esse processo fecha o ciclo da
meditação bíblica. Isso significa que um valor eterno, ou um conceito que o
texto bíblico ensina, deve dominar nosso pensamento ao longo do dia.”
(OLIVEIRA, Marcelo. Alcance um Futuro Feliz e Seguro. 1ª Edição. Rio de
Janeiro: CPAD, 2024, p.40).
III. A BATALHA NA ARENA DOS PENSAMENTOS
1.
Influências espirituais. Não podemos simplificar o processo de controle dos pensamentos,
principalmente diante da realidade espiritual que enfrentamos. A mente é como
uma arena de intensas batalhas. Com verdadeiros bombardeios, inclusive
espirituais. Como Paulo escreveu, há uma luta travada nos lugares celestiais
(Ef 6.12). Em função disso, a Bíblia adverte que devemos guardar nosso coração
(ou mente), pois o que pensamos influencia nossos sentimentos, desejos e decisões.
Na versão NTLH (Nova Tradução na Linguagem de Hoje), Provérbios 4.23 diz:
“Tenha cuidado com o que você pensa, pois a sua vida é dirigida pelos seus
pensamentos”. Judas e Ananias são exemplos de personagens bíblicos que deixaram
Satanás influenciar seus pensamentos e fazer “ninhos” em suas cabeças. Tiveram
fins trágicos (Jo 13.2,27; Mt 27.3-5; At 5.1-5).
👉 A mente do cristão
não é um espaço neutro. Ela é uma arena onde se travam batalhas invisíveis,
muitas vezes intensas e silenciosas, mas com consequências reais para o corpo,
a alma e o espírito. Paulo nos lembra que nossa luta não é apenas contra carne
e sangue, mas contra principados, potestades e forças espirituais malignas nos
lugares celestiais (Ef 6.12). Cada pensamento pode se tornar um campo de
batalha, e o que deixamos entrar na mente influencia diretamente nossos
sentimentos, desejos e decisões. Guardar a mente é uma ordem estratégica.
Provérbios 4.23 alerta: “Tenha cuidado com o que você pensa, pois a sua vida é
dirigida pelos seus pensamentos” (NTLH). Aqui vemos que a disciplina mental não
é apenas questão de autocontrole, mas de sobrevivência espiritual. Cada ideia
que permitimos permanecer, cada devaneio que alimentamos, pode abrir brechas
para que o inimigo estabeleça seus “ninhos” na mente, gerando consequências
devastadoras. A história bíblica oferece exemplos claros desse perigo. Judas
Iscariotes e Ananias permitiram que a influência do mal tomasse seus
pensamentos. Judas cedeu ao engano, planejando a traição que levaria à
crucificação de Jesus (Jo 13.2,27). Ananias, dominado pelo engano e pelo medo
de Deus, acabou caindo em desgraça e morte (At 5.1-5). Esses relatos não são
apenas histórias antigas; são advertências eternas sobre o risco de
negligenciar a vigilância mental. O controle dos pensamentos exige, portanto,
vigilância constante e submissão à Palavra de Deus. Cada ideia que surge deve
ser examinada à luz das Escrituras, confrontada com a verdade e submetida à
mente de Cristo (2Co 10.5). Não se trata de reprimir ou negar pensamentos, mas
de trazê-los
cativos à obediência de Cristo, prevenindo que planos malignos
se enraízem no coração.
Além disso, o perigo dos pensamentos não vem
apenas do exterior. O próprio inimigo explora nossas emoções, medos e desejos.
Ele sabe que a mente é a porta de entrada para o coração. Como alerta Douglas
Oss, a batalha espiritual é travada onde não se vê, mas suas consequências se
manifestam em atitudes, escolhas e relacionamentos¹. Por isso, proteger a mente
é proteger a própria vida espiritual. Portanto, é urgente que cada crente
aprenda a reconhecer os sinais de influência espiritual negativa e estabeleça práticas
de vigilância: oração, meditação na Palavra, comunhão com outros irmãos e uso
criterioso dos sentidos. Cada passo é um movimento estratégico na guerra que se
trava na arena mental, onde pensamentos impuros ou enganosos podem ser
derrotados. Que cada um de nós esteja atento à mente, armando-se de
discernimento e oração. Que nossos pensamentos não sejam reféns do inimigo, mas
santuários de verdade, esperança e santidade. Assim, a vida que Deus deseja
para nós será protegida e dirigida pelo que é digno, puro e verdadeiro.
1.
OSS, Douglas. Batalha
Espiritual e Vida Cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
2.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de
Janeiro: CPAD, 2015.
3.
QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito. Rio de
Janeiro: CPAD, 2001.
4.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro:
CPAD, 2000.
5.
Comentário Histórico-Cultural do Novo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.
2.
Cuidados práticos. O cristão deve adotar algumas medidas práticas de proteção da mente:
a) não nutrir pensamentos distorcidos de si mesmo, que produzem complexos de
inferioridade ou superioridade (2Co 10.13); b) purificar a mente dos maus
pensamentos e vigiar contra a mentira e todo o tipo de engano (Tg 4.8) ); c)
livrar-se da intoxicação — o excesso de informações (principalmente das redes
sociais) que produz fadiga, exaustão e ansiedade; d) focar a mente no que
edifica ou, pelo menos, instrui (1Co 10.23; e) construir relacionamentos
saudáveis. Contendas verbais geram pensamentos aflitivos e perturbam a mente
(Pv 12.18; 15.4,18; 21.19), dificultando a paz interior e o discernimento
espiritual.
👉 A mente do cristão
é preciosa e vulnerável. Não é exagero dizer que ela é terreno de batalha
constante, e cuidar dela exige ação deliberada e contínua. Não basta orar ou
estudar a Palavra; é preciso prática
intencional e disciplinada, adotando medidas concretas que
blindam nossos pensamentos contra enganos, distorções e ataques espirituais.
Primeiro,
não permita que pensamentos distorcidos sobre si mesmo tomem posse da sua
mente. Sentimentos de inferioridade ou superioridade corroem o equilíbrio
espiritual e a humildade cristã. Paulo adverte contra essa armadilha: “Pois não
podemos comparar-nos com os que se louvam por fora” (2Co 10.13). Reconhecer
quem somos em Cristo, nem mais nem menos, é a primeira linha de defesa contra
complexos mentais que escravizam o coração.
Segundo,
purifique a mente continuamente. Vigie contra a mentira e toda forma de engano.
Tiago nos chama a nos aproximar de Deus e, em contrapartida, Ele se aproxima de
nós, purificando nosso pensamento (Tg 4.8). Cada ideia suspeita, cada impulso
enganoso, deve ser trazido à luz da Palavra. O cristão não se acomoda; ele
inspeciona, avalia e corrige, como um guardião atento de seu próprio santuário
mental.
Terceiro,
evite intoxicação informacional. O excesso de estímulos, especialmente pelas
redes sociais e notícias incessantes, produz fadiga, ansiedade e dispersão
espiritual. A mente sobrecarregada perde clareza, discernimento e paz interior.
É preciso filtrar cuidadosamente o que entra em nossa consciência, permitindo
que pensamentos bons e edificantes floresçam, enquanto a confusão e a poluição
mental são rejeitadas.
Quarto,
direcione a mente ao que edifica e instrui. Nem tudo que é permitido é útil, e
nem tudo que passa despercebido é neutro. Paulo adverte: “Tudo é permitido, mas
nem tudo é útil” (1Co 10.23). Cada reflexão, leitura e atividade mental deve
contribuir para a edificação espiritual, fortalecer o caráter e preparar a alma
para agir com sabedoria.
Finalmente,
construa relacionamentos saudáveis. Palavras têm poder sobre nossos
pensamentos. Contendas verbais, fofocas ou críticas constantes geram ansiedade
e pensamentos perturbadores, prejudicando a paz e o discernimento espiritual
(Pv 12.18; 15.4,18; 21.19). Escolher com quem nos relacionamos e manter
ambientes de diálogo positivo é proteger a mente de tempestades emocionais e
espirituais.
Viver assim exige disciplina, vigilância e
intenção. Mas o resultado é imensurável: uma mente tranquila, capaz de pensar
com clareza, discernir a verdade e alinhar cada decisão com a vontade de Deus.
Que cada crente se torne guardião vigilante de sua mente, transformando
pensamentos em sementes de sabedoria, paz e santidade, firmes para enfrentar os
desafios desta vida sem perder a perspectiva do céu.
1.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de
Janeiro: CPAD, 2015.
2.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro:
CPAD, 2000.
3.
Bíblia de Estudo MacArthur. Rio de Janeiro:
CPAD, 2005.
4.
QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito. Rio de
Janeiro: CPAD, 2001.
5.
Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD,
2014.
6.
OLIVEIRA, Marcelo. Alcance um Futuro Feliz e Seguro.
Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
7.
Comentário Bíblico Champlin. Rio de Janeiro:
CPAD, 2010.
SINOPSE III
A mente é um campo de batalha
espiritual que exige vigilância, pureza e ações práticas para preservar a saúde
mental e espiritual.
CONCLUSÃO
Para
um viver equilibrado, com quietude e paz na alma, devemos deixar que o Senhor
nos transforme pela
constante renovação da nossa mente. Somente assim viveremos em sintonia com sua vontade (Rm
12.2).
👉 Chegamos
ao fim desta lição e é impossível não perceber a magnitude da responsabilidade
que cada crente carrega: nossos
pensamentos moldam nossa vida, direcionam nossas escolhas e influenciam nosso
relacionamento com Deus e com o próximo. A mente não é neutra; é terreno
fértil, e aquilo que cultivamos nela se manifesta na conduta, no coração e no
destino espiritual. Paulo nos exorta a pensar em tudo que é verdadeiro,
honesto, justo, puro e digno de louvor (Fp 4.8). Isso não é sugestão, é imperativo ético e espiritual.
Pensar bem exige disciplina, vigilância e
intenção. Cada ideia precisa ser filtrada, analisada e transformada à luz da
Palavra. O cristão que negligencia essa guarda corre o risco de abrir portas ao
engano, à ansiedade e ao pecado, como vimos nos exemplos de Judas e Ananias.
Mas, por outro lado, a mente treinada, alimentada da Verdade e protegida pelo
Espírito, produz frutos de paz, sabedoria e discernimento. Ela se torna
santuário, arena de vitória espiritual e campo fértil para pensamentos que
glorificam a Deus.
Ao fim deste importante estudo, se faz necessário extrairmos
três aplicações práticas para a vida diária:
1.
Filtrar os
pensamentos diariamente: Examine cada ideia
que surge à luz das Escrituras. Pergunte-se: isto é verdadeiro? Isto é puro?
Isto me aproxima de Deus ou me afasta? Transforme essa avaliação em hábito,
tornando a vigilância mental tão natural quanto a oração.
2.
Estabelecer pausas
estratégicas e momentos de descanso: Em meio à correria e à sobrecarga de informações, aprenda a
alternar Jerusalém e Betânia. Silêncio, oração, meditação e afastamento do
excesso de estímulos restauram a mente, prevenindo confusão, fadiga e ansiedade.
3.
Cultivar
relacionamentos e influências saudáveis: Escolha cuidadosamente as companhias e as conversas que
alimentam sua mente. Palavras e interações edificantes produzem pensamentos
nobres; contendas, fofocas e enganos geram ansiedade, perturbação e escolhas
equivocadas.
O chamado é claro: sejamos guardiões diligentes
da mente. Que cada pensamento seja alinhado à Verdade, cada decisão guiada pelo
Espírito e cada atitude refletindo a luz de Cristo. Assim, não apenas
controlaremos nossos pensamentos, mas transformaremos nossa vida, edificaremos
nosso lar e fortaleceremos a igreja. Uma mente guardada produz uma vida que
glorifica a Deus e influencia o mundo ao redor.
1.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de
Janeiro: CPAD, 2015.
2.
QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito. Rio de
Janeiro: CPAD, 2001.
3.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro:
CPAD, 2000.
4.
OLIVEIRA, Marcelo. Alcance um Futuro Feliz e Seguro.
Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
5.
Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD,
2014.
6.
Comentário Bíblico Champlin. Rio de Janeiro:
CPAD, 2010.
7.
MACARTHUR, John. Comentários Bíblicos. Rio de
Janeiro: CPAD, 2005
Viva para
a máxima glória do Nome do Senhor Jesus!
Viva conectado a Cristo, adore com sinceridade, sirva com amor e
aja com justiça, para que cada atitude reflita a glória de Deus no mundo.
Meu
ministério aqui é um chamado do coração: compartilhar o ensino da
Palavra de Deus de forma livre e acessível, para que você, irmão ou irmã em Cristo,
possa crescer na fé e no conhecimento das Escrituras, sem barreiras, com
subsídios preparados por um Especialista em Exegese Bíblica do Novo Testamento.
Todo o material que ofereço é fruto de
oração, estudo e dedicação, e está disponível gratuitamente para que a luz do
Evangelho alcance ainda mais vidas sedentas pela verdade. Porém, para que essa
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REVISANDO O CONTEÚDO
1. Qual o conceito de “pensamento”?
Pensamentos são processos mentais constituídos de informações,
reflexões, lembranças, sentimentos, sons, imagens.
2. Em sua amplíssima capacidade
imaginativa, o que o ser humano pode construir na mente?
Em sua amplíssima capacidade imaginativa, o ser humano pode
construir, na mente, cenários silenciosos ou barulhentos; simples ou complexos;
neutros ou coloridos.
3. Quais os fatores originários dos
pensamentos?
A mente cria a partir de conteúdos que obtém por meio dos órgãos
dos sentidos, como os olhos, o ouvido, a boca, as mãos, o nariz.
4. O que o uso do imperativo
afirmativo “pensai” indica?
O uso do imperativo afirmativo “pensai” indica tratar-se de uma
conduta ativa e não passiva.
5. Que medidas práticas podemos
adotar para proteger a mente?
a) Não nutrir pensamentos distorcidos de si mesmo; b) purificar a
mente dos maus pensamentos; c) livrar-se da intoxicação pelo excesso de
informações; d) focar a mente no que edifica; e) construir relacionamentos
saudáveis.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
OS
PENSAMENTOS — A ARENA DA BATALHA NA VIDA CRISTÃ
A aula
desta semana traz a explicação de um conceito importante dentro da tricotomia
humana: o pensamento. O cuidado com os pensamentos trata-se de uma disciplina
pouco explorada desde a nossa infância. Aprendemos conhecimentos gerais, somos
disciplinados a respeitar regras e ao preparo quanto à vida profissional. No
entanto, há pouco aprendizado em relação a lidar com os pensamentos e as
emoções. Isso tem resultado em adultos ansiosos, instáveis emocionalmente e com
baixa autoestima. A Palavra de Deus destaca a importância de cuidar da mente,
não se permitir ser enganado pelas emoções ou pelos pensamentos invasivos que
se opõem aos princípios divinos. Por essa razão, o crente deve atentar para a
forma como lida com seus pensamentos, não permitindo que o medo controle suas
emoções de tal forma que a suas ações sejam comprometidas.
A respeito
desde assunto, Lesli Parrot, em sua obra A Batalha Pela Sua Mente (CPAD),
discorre que no contexto cristão, a infelicidade em lidar com a batalha na
mente é resultado da imaturidade: “Tiago descreve os quatro fatores normalmente
presentes nos cristãos que são vítimas da sua própria imaturidade: 1. Na vida
de cada cristão imaturo, existe a falta de sabedoria, que é um nível baixo de
bom senso. 2. Na vida de cada cristão imaturo há uma fé hesitante, que oscila
pelos ventos do desapontamento. Sempre imerso em boatos até os joelhos, o cristão
hesitante é sempre ansioso e amedrontado. 3. Na vida de cada cristão imaturo há
muita dependência de algum milagre que compense toda a falta de bom senso e
toda a fé hesitante. E 4. Na vida de cada cristão imaturo, existe o problema da
instabilidade. As pessoas imaturas desistem facilmente, se sentem
desencorajadas pela falta de aprovação de outros, e frequentemente vivem duas
vidas, uma na igreja e a outra no mundo. A indecisão faz com que o possível
cristão seja inútil para Deus, para si mesmo, e certamente para qualquer outra
pessoa”. (2010, p.79).
O cristão precisa se habilitar para lidar com a batalha que ocorre no campo mental. Como aconselha o apóstolo Paulo escrevendo aos Coríntios, as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus para destruição das fortalezas (2Co 10.4). Com as armas que Deus nos concede, podemos destruir todo conselho e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus e levar cativo todo entendimento à obediência de Cristo (v.5). Agindo assim, nosso pensamento estará continuamente preenchido com as virtudes que “vêm do Alto” e estaremos preparados para lidar com as intempéries da batalha que ocorre no campo da mente.