ADULTOS│ Lição 10: Espírito
— O âmago da vida humana │4º Trim 2025
TEXTO ÁUREO
“Peso da Palavra do Senhor sobre Israel. Fala
o Senhor, o que estende o céu, e que funda a terra, e que forma o espírito do
homem dentro dele.” (Zc 12.1)
ENTENDA O TEXTO ÁUREO:
👉 Peso da Palavra do Senhor sobre Israel מַשָּׂא דְבַר־יְהוָה (massá devar YHWH) A palavra “peso” (מַשָּׂא, massá) não significa apenas “mensagem”, mas um oráculo carregado, uma declaração com força de juízo e glória. O termo implica
algo que cai sobre o povo com impacto inevitável, é pesado porque é divino, inevitável e traz consequências
cósmicas. Zacarias abre esse capítulo dizendo: “O que vou dizer não é leve. Não
é opinativo. Não é sugestão. É o peso da Palavra do Deus eterno.” Ou seja, a
mensagem que virá não depende da reação humana; é soberana, firme e
irrevogável. O objeto desse “peso” é Israel, não as nações pagãs. Aqui, Deus
fala primeiro aos seus, chamando-os à responsabilidade pela aliança. Sempre que
Deus pesa uma palavra sobre o seu povo, é porque está prestes a revelar algo
decisivo: juízo, restauração ou ambos. Fala o Senhor נאֻם־יְהוָה (ne'um YHWH) O termo
hebraico aqui indica uma declaração oficial, um pronunciamento profético com a
autoridade de um Rei. Zacarias enfatiza que quem fala não é o profeta, mas o
próprio YHWH, o Deus da aliança. Essa expressão reforça: “Preparem-se. Não é
Jeremias, Isaías, Zacarias ou qualquer voz humana. É o próprio Senhor que rompe
o silêncio.” O que estende o céu הַנּוֹטֶה שָׁמַיִם (hannoteh shamayim) Antes de decretar juízo ou
promessa, Deus apresenta Seu currículo. Ele apela não para Seu poder militar,
mas para Seu poder criador. O verbo נָטָה (natah) significa “esticar, estender como
uma tenda”. A imagem é belíssima:
O céu é como um tecido esticado pela mão de Deus.
Ele o estende com precisão, com propósito, com domínio
absoluto.
Essa linguagem ecoa o
Gênesis e lembra que a Aliança envolve o mesmo Deus que criou todas as coisas.
Se Ele estende os céus, Ele estende Sua vontade sobre a história com a mesma
autoridade. E funda a terra וְיֹסֵד אָרֶץ (veyosed aretz) O verbo יָסַד (yasad) significa “lançar os alicerces”, usado para descrever um pedreiro construindo uma
cidade ou templo. Aqui, Deus é “o arquiteto cósmico”. Ele não apenas estendeu o céu; Ele firmou a terra,
a estabilizou, deu-lhe estrutura. O mundo não está à deriva; existe uma base
espiritual criada por Deus que sustenta sua ordem. Esse detalhe é importante,
porque o capítulo 12 fala de juízo e intervenção divina, e o Deus que julga é o
mesmo que construiu o palco da história. E que forma o espírito do homem dentro dele
וְיֹצֵר רוּחַ אָדָם בְּקִרְבּוֹ (veyotser ruach adam
beqirbo) Aqui está o clímax teológico do verso. O verbo יָצַר (yatsar) é o mesmo usado em Gênesis 2.7 para descrever Deus
moldando o homem “como um oleiro molda o barro”. É um verbo artesanal: Deus não
cria o espírito humano por acidente; Ele o forma cuidadosamente,
intencionalmente. A palavra רוּחַ (ruach) aqui significa: espírito humano, centro da
consciência, sede da moralidade, local onde Deus se comunica. Ao dizer que Ele
forma o espírito “dentro dele” (בְּקִרְבּוֹ, beqirbô), Zacarias afirma:
Deus não apenas cria universos exteriores; Ele cria
universos interiores.
O mesmo Deus que moldou galáxias moldou sua consciência,
seu senso moral, sua capacidade de adorá-Lo.
Ele tem autoridade absoluta sobre o interior humano,
nossos pensamentos, desejos, convicções, propósito e direção.
Zacarias quer que
entendamos: o mesmo Deus que move os céus e funda a terra é quem molda o
espírito humano. Ou seja, Ele controla tanto o macro quanto o micro, o universo
e o indivíduo, as nações e cada pessoa. Por isso a Palavra dEle é “peso”: Ele
fala como Criador do cosmos e como Criador da alma.
Zacarias 12.1 nos
lembra:
Aquele que soprou o universo também soprou vida em você.
Aquele que sustenta as estrelas sustenta seu espírito.
Aquele que governa as nações governa seu futuro.
Se Deus estende o céu,
funda a terra e molda seu espírito, não há área da vida que Ele não reivindique
como Sua.
VERDADE PRÁTICA
Uma vez livre,
nossa alma recebe vida espiritual e dirige nosso corpo para adorar e servir ao Criador.
ENTENDA A VERDADE PRÁTICA:
👉 Quando a graça nos liberta, o Espírito vivifica nossa alma, realinha
nossos afetos e toma o governo do nosso ser; então, corpo, mente e vontade se
curvam em adoração e se movem em fidelidade para servir ao Deus que nos chamou
à santidade.
LEITURA BÍBLICA
EM CLASSE
Gênesis 2.7;
Eclesiastes 12.7; Zacarias 12.1; João 4.24.
Gênesis 2
7. E formou o Senhor Deus o homem do pó da
terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma
vivente.
👉 A Bíblia de Estudo Pentecostal destaca o ato pessoal de Deus ao formar o
homem “do pó” e soprar o “fôlego de vida”. Entende que o “fôlego” não é
meramente biológico, mas espiritual, representando a dimensão imaterial que
torna o ser humano capaz de comunhão com Deus. Afirma que, desde a criação, o
ser humano é um ser tripartido (corpo, alma, espírito) e que a vida espiritual
depende do relacionamento com Deus.
A Bíblia de Estudo
Plenitude enfatiza que Deus é o artífice pessoal da humanidade, moldando o
homem com propósito. O sopro divino comunica vida, identidade e propósito,
elevando o homem acima da criação animal. Liga o versículo à ideia de que o ser
humano possui um espírito que responde ao Espírito de Deus.
A Bíblia de Estudo
MacArthur interpreta o ato criativo como evidência da distinção ontológica
entre o homem e os animais. O “fôlego de vida” é visto como a alma racional e
imortal que distingue a humanidade. Destaca que a formação do homem é literal,
histórica e central para a doutrina da imagem de Deus.
A Bíblia de Estudo Shedd
ressalta a união de dois elementos: matéria (“pó”) e vida espiritual (“sopro”).
Aponta que a vida humana deriva diretamente de Deus, por meio de Sua vontade. Mostra
que a dignidade humana está em sua origem divina e no chamado para refletir o
caráter de Deus.
Eclesiastes 12
7. e o pó volte à terra, como o era, e o
espírito volte a Deus, que o deu.
👉 Bíblia de Estudo Pentecostal: Usa o texto para ensinar a existência
pós-morte do espírito humano. Defende que o espírito é preservado por Deus e
retorna a Ele para julgamento. Reforça que a morte é uma separação entre corpo
e espírito, não aniquilação.
Bíblia de Estudo
Plenitude: Interpreta este versículo como a reafirmação de que o ser humano tem
um espírito que sobrevive à morte física. Vê o retorno do espírito a Deus como
prestação de contas da vida vivida.
Bíblia de Estudo
MacArthur destaca que o versículo se refere à realidade universal da morte como
consequência do pecado. O retorno do espírito a Deus implica responsabilidade
moral e julgamento final. Se conecta à doutrina da imortalidade da alma.
Bíblia de Estudo Shedd sublinha
a divisão entre corpo e espírito no momento da morte. O retorno do espírito a
Deus é uma afirmação de origem divina da vida humana. O versículo reforça que a
existência humana transcende o material.
Zacarias 12
1. Peso da Palavra do Senhor sobre Israel.
Fala o Senhor, o que estende o céu, e que funda a terra, e que forma o espírito
do homem dentro dele.
👉 Bíblia de Estudo Pentecostal enfatiza o poder criador de Deus expresso em
três atos: estender os céus, fundar a terra, formar o espírito. O espírito
humano é visto como um componente espiritual e eterno, que responde ao Espírito
de Deus. Mostra que Deus é tanto Criador cósmico quanto pessoal.
Bíblia de Estudo
Plenitude interpreta “forma o espírito” como referência ao espírito humano que
reflete a imagem divina. A passagem legitima a capacidade do ser humano de
relacionar-se espiritualmente com Deus. Conecta o texto ao tema da identidade
espiritual de Israel.
Bíblia de Estudo
MacArthur aponta que o versículo destaca três obras criadoras de Deus, todas de
igual magnitude. O espírito humano é entendido como a essência interior,
imaterial, racional e moral. Aplica o texto à autoridade absoluta de Deus sobre
a criação e sobre Israel.
Bíblia de Estudo Shedd enfatiza
o contraste entre grandeza cósmica e cuidado pessoal. O espírito do homem é
visto como elemento que deriva diretamente de Deus, conferindo dignidade e
responsabilidade. Indica que toda autoridade profética deriva do Deus que cria
e controla tudo.
João 4
24. Deus é Espírito, e importa que os que o
adoram o adorem em espírito e em verdade.
👉 Bíblia de Estudo Pentecostal ressalta que a natureza espiritual de Deus
exige adoração espiritual e verdadeira. “Em espírito e em verdade” implica
adoração motivada pelo Espírito Santo. A adoração não se limita a um lugar
físico, mas a um coração regenerado.
Bíblia de Estudo
Plenitude mostra que adorar “em espírito” significa adorar com o espírito
humano vivificado pelo Espírito Santo. “Em verdade” é adoração alinhada à
revelação de Deus em Cristo. O texto enfatiza a centralidade da experiência
espiritual na vida cristã.
Bíblia de Estudo
MacArthur interpreta “Deus é espírito” como afirmação da natureza imaterial,
infinita e pessoal de Deus. A verdadeira adoração deve ser conforme a verdade
das Escrituras. Critica a adoração ritualista e meramente emocional.
Bíblia de Estudo Shedd enfatiza
a essência imaterial e transcendente de Deus. A verdadeira adoração flui de um
espírito transformado e alinhado à Palavra. Mostra que Jesus desloca a adoração
do templo geográfico para um novo “templo”: o coração regenerado.
Este ministério nasceu de um chamado:
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INTRODUÇÃO
Já estudamos a respeito do corpo e da alma. Nesta lição
estudaremos acerca do espírito. Veremos como nos foi comunicado pelo Criador.
Trataremos de sua divisão em relação à alma e sua importância para nossa
comunhão com Deus, em santificação e adoração.
👉 Falar sobre o espírito humano é voltar ao ponto mais profundo da nossa
existência. Depois de entendermos o corpo e a alma, chegamos agora ao centro
invisível onde tudo realmente começa: o lugar onde Deus sopra vida, onde Ele
nos encontra, onde a fé se acende e onde a santificação toma forma. Esse é o
tema desta lição. E ele é decisivo. O problema é que muitos cristãos conhecem
bem as demandas do corpo e até reconhecem os conflitos da alma, mas raramente
param para discernir o estado do próprio espírito. Vivem a fé de maneira
funcional, mas não necessariamente profunda. Servem a Deus com emoção e
vontade, mas sem perceber que o âmago, o espírito, pode estar enfraquecido,
confundido ou até adoecido. E quando o espírito perde sensibilidade, toda a
vida espiritual perde direção. Nesta lição temos um alvo simples e direto: o
espírito é a parte mais íntima do ser humano, dada por Deus, e precisa estar
vivo, alinhado e santificado para que exista verdadeira comunhão, verdadeira
vitória sobre o pecado e verdadeira adoração. Sem isso, tudo o mais se torna
aparência. Mas quando o espírito é restaurado, cada área da vida é iluminada
pela graça. Ao longo do estudo, veremos quatro verdades fundamentais. Primeiro,
que Deus nos concedeu o espírito pelo sopro divino, definindo quem somos diante
dEle. Depois, que o pecado atinge o espírito de maneira profunda, gerando
raízes que só a obra da graça pode arrancar. Em seguida, veremos como o novo
nascimento regenera o nosso interior e nos devolve a capacidade de responder a
Deus. Finalmente, entenderemos que a adoração verdadeira só brota de um
espírito quebrantado, cheio de verdade e rendido à presença do Senhor. Antes de
avançar, vale uma reflexão: Como está o seu espírito? Não pergunto sobre sua
rotina, seu humor ou suas atividades ministeriais. Pergunto sobre aquilo que só
Deus vê quando sonda o íntimo; o lugar onde você guarda motivações, desejos,
resistências e rendições. Nesta lição, o Senhor nos chama a olhar para dentro
com honestidade e reverência, permitindo que Sua Palavra nos alcance exatamente
onde corpo, alma e espírito se entrelaçam. Que o estudo a seguir desperte em nós
um desejo sincero de viver diante de Deus com profundidade, inteireza e verdade,
começando pelo âmago do nosso ser.
Palavra-Chave:
ESPÍRITO
👉 Espírito (Heb. ruach / Gr. pneuma) é a dimensão imaterial e pessoal do ser
humano, criada diretamente por Deus, que dá vida ao corpo, sustenta a
consciência própria, a capacidade racional, moral e volitiva, e o habilita à
relação espiritual com o Criador. É o princípio interior da vida, distinto do
corpo, que retorna a Deus após a morte, e que expressa a profundidade do ser
humano: sua identidade interior, sua vontade, sua sensibilidade espiritual e
sua abertura ao agir divino.
I. O SOPRO DIVINO: A CONCESSÃO DO ESPÍRITO
1. O fôlego da vida. Feito
de uma matéria pré-existente, o pó da terra, o corpo humano estava inerte até
receber o sopro divino (o fôlego da vida), ato pelo qual Deus deu ao homem o
espírito e o tornou alma vivente (Gn 2.7). Até então, toda a Criação havia sido
feita mediante o emprego de ordens verbais: “Haja”, “Ajuntem-se”, “Produza” (Gn
1.3-11). O homem, contudo, recebeu vida por uma comunicação especial: o
elemento espiritual soprado por Deus. A matéria recebeu vida espiritual
consciente, constituída de espírito e alma. O espírito é a parte imaterial
através da qual estabelecemos nossa comunhão com o Criador. A vida que o
espírito recebe de Deus é por Ele transmitida à alma. Esta, por sua vez, a
expressa por meio do corpo. Portanto, o espírito é o âmago, a parte mais profunda
e íntima do ser humano, entranhado com a alma e inseparável dela.
👉 O relato de Gênesis 2.7 nos obriga a desacelerar. Deus não criou o ser
humano com a mesma voz que ordenou que a luz surgisse ou que as águas se
ajuntassem. Em vez disso, o texto afirma que Ele formou o homem do pó da terra
e soprou nele o fôlego da vida. O verbo hebraico naphach transmite a ideia de
um sopro pessoal, intencional, quase como um gesto de proximidade extrema. Não
é apenas vida biológica; é vida comunicada. É aqui que o aluno atento da
Palavra percebe: a existência humana começou com um encontro espiritual, e não
apenas com um processo fisiológico. Ao soprar em Adão, Deus não apenas ativou
funções vitais. Ele conferiu espírito, aquilo que a Escritura descreve como
ruach, termo que carrega o sentido de vento, movimento, energia interior e
consciência. O espírito humano, conforme destacam Horton e Palma, é a dimensão
pela qual nos tornamos capazes de receber, perceber e responder a Deus. No Novo
Testamento, Paulo usa o termo grego pneuma, que, segundo Fee, indica a
faculdade mais profunda do ser humano, capaz de relacionamento, discernimento e
adoração. É o “centro” de onde fluem nossos afetos mais profundos e nossa
intuição espiritual. Essa distinção é fundamental. O espírito recebe vida de
Deus e a transmite à alma. A alma, por sua vez, é o assento das emoções,
pensamentos e decisões, aquilo que Champlin descreve como a expressão
consciente da vida espiritual. A alma manifesta, pelo corpo, aquilo que o
espírito absorve da presença de Deus. O espírito é a região mais íntima, o
lugar do “contato primário” com o Criador, e que essa dimensão espiritual é
inseparável da alma, embora distinta em função. O contraste com Gênesis 1 é
intencional. Nada mais na criação recebeu esse toque. Tudo foi criado por
comandos. O homem, porém, foi tocado, moldado, vivificado. Isso demonstra que,
para Deus, não somos fruto de casualidade, mas de proximidade. Ele não apenas
nos fez existir; fez questão de estar perto para que pudéssemos existir de modo
consciente, relacional e responsivo. Como ensina Macchia, isso revela a vocação
humana para a adoração: fomos feitos para refletir, em nosso interior, o
próprio movimento de vida que procede de Deus. Essa verdade precisa nos
constranger espiritualmente. Nosso espírito não é um detalhe anatômico
invisível; é o altar interno onde Deus deseja ser conhecido. Quando
compreendemos isso, percebemos por que a queda afetou tão profundamente a
humanidade: o espírito humano não morreu biologicamente, mas perdeu sua
sensibilidade para Deus. A salvação em Cristo restaura exatamente esse ponto
quebrado. O Espírito Santo vivifica o pneuma humano, reacendendo a percepção, o
discernimento e o desejo pelas coisas do céu, como enfatiza Robert Menzies. Essa
restauração, no entanto, exige resposta. O aluno de EBD precisa entender que
sua vida espiritual não florescerá por acidente. O espírito foi criado para
receber, a alma para processar e o corpo para expressar. Se a Palavra e a
oração não alimentam o espírito, a alma se esgota e o corpo se torna escravo
dos sentidos. Mas quando o espírito é nutrido pela presença de Deus, toda a
estrutura humana se realinha, e a vida ganha coerência, clareza e propósito. Por
isso a Escritura insiste: cuide do seu espírito. Ele é o âmago do seu ser, a
zona mais profunda do seu encontro com Deus. Quando essa dimensão é
fortalecida, tudo ao redor se ordena. Quando ela é ignorada, tudo se
desorganiza. Somos seres soprados por Deus; e só encontramos plenitude quando o
mesmo sopro, agora pelo Espírito Santo, continua moldando nossa vida, nossos
afetos e nossas escolhas.
ARRINGTON, French L.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD.
BEACON, Comitê de
Redação. Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD.
CHAMPLIN, Russell. O
Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos.
FEE, Gordon D. Paul, the
Spirit, and the People of God. Peabody: Hendrickson.
GILBERTO, Antonio. Obras
Diversas. Rio de Janeiro: CPAD.
HORTON, Stanley (Ed.).
Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD,
2024.
KEENER, Craig S. The IVP
Bible Background Commentary: New Testament. Downers Grove: IVP.
MACARTHUR, John. Bíblia
de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas Nelson Brasil.
MACCHIA, Frank D.
Baptized in the Spirit. Grand Rapids: Zondervan.
MENZIES, Robert.
Empowered for Witness. Springfield: GPH.
OLIVEIRA, Marcelo.
Alcance um Futuro Feliz e Seguro. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD.
PALMA, Anthony D. The
Holy Spirit: A Pentecostal Perspective. Springfield: GPH.
PLENITUDE. Bíblia de
Estudo Plenitude. São Paulo: SBB.
QUEIROZ, Silas. Corpo,
Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD.
SHEED, Brian. Bíblia de
Estudo Shedd. São Paulo: Mundo Cristão.
2. A singularidade do espírito. Alma e espírito são mencionados ao longo do Antigo e
do Novo Testamento como componentes imateriais distintos. Zacarias 12.1 diz que
Deus “forma o espírito do homem dentro dele”. Jó faz referência ao corpo
(representado pela boca), ao espírito e à alma (Jó 7.11). Há, também, o bem
conhecido texto de Eclesiastes 12.7: “e o pó volte à terra, como o era, e o espírito
volte a Deus, que o deu”. O retorno do espírito para Deus se dá junto com a
alma, consciente das ações humanas, boas ou más (Lc 16.22-25; Ap 20.4). Neste
texto, como em outros, ruah,
o termo hebraico para “espírito”, é representativo dos dois elementos
espirituais (Gn 45.27; Sl 146.4; 1Sm 30.12). Da mesma sorte, em diversas
passagens nephesh (alma)
é tomada pelo todo imaterial (Gn 35.18; 1Rs 17.21).
👉 Há algo em nós que não cabe em diagnósticos, análises psicológicas ou
descrições comportamentais. A Bíblia chama isso de espírito, rûaḥ no hebraico e pneuma no grego. E quando as
Escrituras falam do nosso espírito, não tratam de um detalhe secundário, mas daquilo que nos
torna seres capazes de responder a Deus. Por isso a afirmação de Zacarias 12.1
é tão incisiva: é o próprio Senhor quem “forma o espírito do homem dentro
dele”. Antes de qualquer identidade cultural, emocional ou social, existe essa
marca divina impressa no centro da nossa existência. É importante perceber que
a Escritura nunca confunde espírito e alma, ainda que ambos componham nossa
interioridade. Jó 7.11 deixa isso claro ao mencionar corpo, espírito e alma de
forma distinta. No hebraico, nephesh descreve a alma como o centro da vida
consciente e afetiva, enquanto rûaḥ aponta para a dimensão mais profunda, aquela pela qual discernimos, desejamos e nos movemos em
direção ao eterno. Silas Queiroz observa que o espírito é a “instância mais elevada da consciência humana, criada para
relacionamento com Deus”, o que explica por que o pecado afeta essa área com
tanta intensidade. Eclesiastes 12.7 aprofunda ainda mais essa compreensão ao
afirmar que, na morte, “o espírito volta a Deus, que o deu”. A expressão
hebraica yāšōb ha-rûaḥ el ha-Elohim mostra que
o espírito não é uma energia impessoal, mas algo que conserva identidade diante do
Criador. A narrativa de Jesus sobre o rico e Lázaro confirma isso, pois
tanto o justo quanto o ímpio aparecem plenamente
conscientes após a morte (Lc 16.22-25). A experiência descrita ali ecoa Apocalipse 20.4,
onde as “almas” dos mártires permanecem ativas e em plena lucidez. Não existe
sono da alma; existe continuidade da consciência. Outro ponto essencial é que,
muitas vezes, a Bíblia usa rûaḥ e nephesh de modo
representativo para toda a realidade imaterial, sem negar sua distinção. Em passagens como Gênesis 45.27 e Salmos
146.4, rûaḥ está associado ao vigor vital e à interioridade inteira.
Já em textos como Gênesis 35.18 e 1 Reis 17.21, nephesh assume o mesmo
papel. Craig Keener observa que isso não deve ser lido como confusão
conceitual, mas como a forma hebraica de descrever a pessoa em sua totalidade,
destacando ora uma função, ora outra. A linguagem bíblica é funcional, não
filosófica. Contudo, no Novo Testamento, essa distinção ganha nitidez. A
palavra pneuma descreve não apenas o sopro de vida, mas a capacidade espiritual
que Deus desperta, ilumina e regenera. Em Hebreus 4.12, espírito e alma são
mencionados como realidades que podem ser discernidas pela Palavra. O termo
grego pneuma, derivado da ideia de movimento do ar, evoca algo ativo, dinâmico,
apto para responder a Deus. Gordon Fee aponta que o espírito humano é “o lugar
onde o Espírito de Deus opera mais profundamente na regeneração e
santificação”. Esse entendimento tem implicações práticas. Se o espírito é a
dimensão mais profunda do ser humano, é nele que surgem as decisões que
realmente moldam nossa vida. Grande parte das crises espirituais nas igrejas
acontece porque tratamos da alma (emoções, sentimentos, impulsos), mas
negligenciamos o espírito, que precisa ser nutrido pela Palavra, pela oração e
pela obediência. Quando o espírito enfraquece, a alma perde direção; quando o
espírito é fortalecido, a alma encontra descanso. Amos Yong afirma que “a saúde
espiritual antecede e sustenta a saúde emocional”. Por isso, a pergunta que
fica é direta e pastoral: como está o seu espírito? Não sua rotina, não sua
aparência, não sua produtividade, mas aquilo que Deus formou dentro de você. A
Bíblia nos chama a cuidar desse lugar sagrado de forma intencional, porque é
dele que brotam a comunhão, o discernimento e a obediência. Espírito e alma são
distintos, mas caminham juntos. E quando o espírito é alinhado ao Senhor, toda
a vida encontra ordem, propósito e transformação.
ARRINGTON, French L.
Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.
BEACON HILL. Comentário
Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD.
CHAMPLIN, R. N. O Novo
Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos.
FEE, Gordon D. God’s
Empowering Presence. Peabody: Hendrickson, 1994.
GILBERTO, Antônio.
Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD.
HORTON, Stanley (Ed.).
Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
KEENER, Craig S. The IVP
Bible Background Commentary: New Testament. Downers Grove: IVP, 1993.
MACARTHUR, John. Bíblia
de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas Nelson.
MENZIES, Robert P.
Empowered for Witness. Springfield: Gospel Publishing House, 1994.
OLIVEIRA, Marcelo.
Alcance um Futuro Feliz e Seguro. Rio de Janeiro: CPAD.
PALMA, Anthony D. A
Teologia do Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD.
QUEIROZ, Silas. Corpo,
Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD.
YONG, Amos. Renewing
Christian Theology. Waco: Baylor University Press, 2014.
BÍBLIA DE ESTUDO
APLICAÇÃO PESSOAL. Rio de Janeiro: CPAD.
BÍBLIA DE ESTUDO
PLENITUDE. São Paulo: SBB.
BÍBLIA DE ESTUDO
PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD.
3. A tênue divisão. No
Novo Testamento, 1 Tessalonicenses 5.23 e Hebreus 4.12 se destacam em relação à
distinção entre alma e espírito, pois os mencionam expressamente sem qualquer
aparência sinonímica. O segundo texto, aliás, refere-se à tênue divisão que há
entre os dois componentes imateriais e é acessada sobrenaturalmente pela
Palavra de Deus, que penetra até o mais íntimo de nosso ser, onde alma e
espírito estão entretecidos. Conclui-se, portanto, que apesar das discussões
teológicas a respeito da composição tríplice (espírito, alma e corpo), as
Escrituras Sagradas fazem claras referências às três partes, distinguindo-as.
👉 Quando Paulo ora para que o “espírito, alma e corpo” sejam preservados
irrepreensíveis (1Ts 5.23), ele não está criando uma teoria filosófica sobre a
natureza humana. Ele está revelando que Deus conhece cada camada do nosso ser,
inclusive aquela fronteira quase imperceptível onde alma e espírito se
encontram. Essa distinção não é fria nem acadêmica; é pastoral. Mostra que o
Senhor cuida tanto do nosso vigor espiritual quanto das emoções que sentimos e
do corpo com o qual caminhamos neste mundo. Hebreus 4.12 aprofunda essa
percepção com uma imagem poderosa. A Palavra é comparada a uma espada afiada
que “penetra até dividir alma e espírito”. O autor usa o verbo grego
diiknéomai, que indica atravessar inteiramente, chegando até aquilo que nenhuma
análise humana alcança. Não se trata de uma separação mecânica, mas de uma
revelação sobrenatural. O texto afirma que a Escritura invade os recantos mais
profundos, aqueles onde nossas motivações espirituais se misturam com nossos
sentimentos, expectativas e fragilidades da alma. Essa “divisão tênue” não é um
corte para destruir, e sim para discernir. O espírito, pneuma, é a dimensão que
responde diretamente a Deus. A alma, psychē, traz consigo nossos afetos,
histórias, memórias, dores e desejos. Ambos são tão entrelaçados que só a
Palavra consegue mostrar onde termina um movimento meramente emocional e onde
começa uma decisão verdadeiramente espiritual. Craig Keener observa que Hebreus
usa essa metáfora para mostrar que “o discernimento divino ultrapassa qualquer
capacidade humana de análise”. Isso significa que, mesmo quando parecemos
espirituais, pode haver sentimentos não tratados governando nossas escolhas. E,
por outro lado, mesmo quando nossas emoções estão abaladas, pode existir um
movimento real do Espírito Santo fortalecendo o espírito humano em seu
interior. Gordon Fee lembra que o Novo Testamento descreve o espírito como “o
ponto de contato onde o Espírito de Deus opera de forma mais decisiva na vida
do crente”. Isso explica por que decisões espirituais profundas às vezes surgem
justamente em momentos de intensa emoção, desde que iluminadas pela Palavra. A
distinção bíblica entre espírito e alma também reforça que a experiência cristã
não é unidimensional. A fé alcança o espírito, transforma a alma e santifica o
corpo. Stanley Horton destaca que essa visão tríplice é coerente com a
antropologia bíblica, porque cada área tem um papel no processo de
santificação. O espírito recebe vida, a alma é moldada e o corpo se torna
instrumento de obediência. É por isso que Paulo ora para que tudo isso seja
preservado; a obra de Deus é integral. Essa compreensão protege o cristão de
dois extremos: espiritualizar tudo e ignorar a alma, ou psicologizar tudo e
ignorar o espírito. A Bíblia não escolhe um lado; ela ilumina os dois. E ao
fazer isso, ela cura. Ela nos mostra intenções escondidas, medos silenciosos,
desejos não confessados e ambições espirituais legítimas que estavam soterradas
por camadas de emoções feridas. Quando a Palavra atua nesse lugar sutil, o
coração encontra alinhamento e paz. O ponto final é simples, direto e pastoral:
deixe a Palavra entrar onde nenhuma outra voz consegue chegar. Ela separa,
discerne, cura e reordena. A divisão entre alma e espírito é tênue demais para
ser compreendida sozinhos, mas clara o suficiente quando iluminada pelo Deus
que nos formou. E quando Ele traz discernimento, nossa vida inteira (espírito,
alma e corpo) encontra o caminho da obediência e da maturidade cristã.
ARRINGTON, French L.
Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.
BEACON HILL. Comentário
Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD.
CHAMPLIN, R. N. O Novo
Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos.
FEE, Gordon D. God’s Empowering
Presence. Peabody: Hendrickson, 1994.
GILBERTO, Antônio.
Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD.
HORTON, Stanley (Ed.).
Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
KEENER, Craig S. The IVP
Bible Background Commentary: New Testament. Downers Grove: IVP, 1993.
MACARTHUR, John. Bíblia
de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas Nelson.
MENZIES, Robert P.
Empowered for Witness. Springfield: Gospel Publishing House, 1994.
OLIVEIRA, Marcelo.
Alcance um Futuro Feliz e Seguro. Rio de Janeiro: CPAD.
PALMA, Anthony D. A
Teologia do Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD.
QUEIROZ, Silas. Corpo,
Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD.
YONG, Amos. Renewing
Christian Theology. Waco: Baylor University Press, 2014.
BÍBLIA DE ESTUDO
APLICAÇÃO PESSOAL. Rio de Janeiro: CPAD.
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PLENITUDE. São Paulo: SBB.
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PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD.
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SINOPSE I
Deus concedeu ao ser humano
o fôlego da vida, tornando-o um ser espiritual com capacidade de comunhão com o
Criador.
AUXÍLIO TEOLÓGICO
ALERTAS CONTRA DISTORÇÕES
DO ENSINO TRICOTOMISTA
“Textos bíblicos que
parecem apoiar o tricotomismo incluem 1 Tessalonicenses 5.23, onde Paulo
pronuncia a bênção: ‘E todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente
conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo’. Em 1
Coríntios 2.14 — 3.4, Paulo refere-se aos seres humanos como sarkikos (literalmente:
‘carnal’ 3.1,3), psuchikos (literalmente:
‘segundo a alma’, 2.14) e pneumatikos (literalmente:
‘espiritual’, 2.15). Esses dois textos parecem demonstrar de forma ostensiva
três componentes elementares. Vários outros textos parecem distinguir alma e
espírito (1Co 15.44; Hb 4.12). O tricotomismo é bastante popular nos círculos
conservadores. H. O. Wiley, porém, indica que erros podem ocorrer quando seus
vários componentes ficam fora de equilíbrio. Os gnósticos, antigo grupo
religioso sincretista que adotava elementos tanto do paganismo quanto do
Cristianismo, sustentavam que, se o espírito emanava de Deus, era imune ao
pecado. Os Apolinarianos, grupo herético do século IV condenado por vários
concílios eclesiásticos, acreditavam que Cristo possuía corpo e alma, mas que o
espírito humano fora substituído pelo Logos divino. Placeu (1596-1655 ou 1665),
da Escola de Samur, na França, ensinava que somente o pneuma era criado
diretamente por Deus. A alma, dizia, era mera vida animal e perecia com o
corpo.” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia
Sistemática: Uma
Perspectiva Pentecostal. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2024,
pp.248,249).
II. ESPÍRITO, PECADO E SANTIFICAÇÃO
1. Pecados do espírito. Existem pecados do corpo, como a prostituição, e da
alma, como os maus pensamentos. Mas também existem pecados do espírito, como o
orgulho, a soberba, a vanglória, a arrogância e a inveja (Pv 16.18; 1Tm 3.6).
Estes costumam ser piores que os pecados do corpo. Sutis (e às vezes ocultos!),
os pecados do espírito causam terríveis males (Pv 15.25). Além de prejudicar
seus autores, afetam e destroem muitos relacionamentos (Tg 3.13-16). Certas
expressões pecaminosas da alma e do corpo, como iras, disputas e maledicências,
geralmente são reflexos de pecados do espírito (Ne 4.1-8). Em alguns casos não
é difícil percebê-los. Sambalate, Tobias e seus asseclas não contiveram sua soberba
e inveja, mas Neemias permaneceu firme, redobrando a vigilância e a oração.
Diante de capciosas e sistemáticas oposições, precisamos ter prudência e
resiliência, sem nos abalar (Rm 12.21).
👉 Quando a Bíblia fala de pecados, ela não se limita ao que fazemos com o
corpo ou ao que sentimos na alma. Há algo ainda mais profundo e perigoso: os
pecados do espírito. São movimentos internos que nascem no mais alto nível da
interioridade humana, onde nossas decisões revelam quem realmente somos diante
de Deus. Enquanto os pecados do corpo são visíveis e os da alma se manifestam
pelas emoções, os do espírito se escondem nos bastidores da motivação. São
altivos, sorrateiros, e muitas vezes passam despercebidos até mesmo por quem os
comete. É por isso que textos como Provérbios 16.18 e 1 Timóteo 3.6 tratam o
orgulho e a soberba como destruições anunciadas. O hebraico usa o termo ga’on,
que indica não apenas a elevação do coração, mas uma autopercepção distorcida,
inflada, que tenta rivalizar com a própria autoridade de Deus. Esses pecados
não surgem repentinamente; eles se formam no espírito, no lugar onde deveria
haver reverência, humildade e dependência do Senhor. Anthony Palma afirma que
“pecados espirituais são perigosos porque disfarçam independência de Deus com
aparência de zelo”. O problema é que, por serem silenciosos, os pecados do
espírito se tornam mais danosos. Provérbios 15.25 declara que Deus derruba a
casa dos soberbos, mostrando que o juízo divino não recai apenas sobre atos
externos, mas sobre a postura interior que os alimenta. A soberba tem frutos. A
arrogância tem ramos. A inveja tem raízes profundas. E quando esses elementos
se entrelaçam no espírito humano, eles contaminam relacionamentos, ambientes e
até ministérios inteiros. Tiago 3.13–16 descreve isso com precisão ao mostrar
que onde há inveja e espírito faccioso, ali haverá confusão e toda obra
perversa. Perceba como isso atua na prática. As explosões de ira, as disputas,
os ciúmes ministeriais, as murmurações e a maledicência raramente são problemas
isolados. São sintomas. São sinais externos de uma enfermidade mais profunda.
Silas Queiroz lembra que “os pecados do espírito explicam por que muitas quedas
começam bem antes de qualquer ato visível”. Ne 4.1–8 mostra isso claramente.
Sambalate e Tobias não começaram com ataques externos; primeiro foram corroídos
por inveja e soberba no espírito, e só depois suas palavras e ações se tornaram
hostis. Neemias, por outro lado, é o retrato do que acontece quando o espírito
está alinhado com Deus. Ele discerne a raiz espiritual da oposição e responde
com vigilância e oração. Não perde o foco. Não desce ao nível dos ofensores.
Não entrega sua paz ao veneno da soberba alheia. Craig Keener observa que
Neemias “vence não apenas pela estratégia, mas pela integridade interior”. O
combate não era apenas contra inimigos externos, mas contra tentações internas
que poderiam desviá-lo do propósito. Por isso Paulo nos chama, em Romanos
12.21, a vencer o mal com o bem. Essa não é uma postura emocional, mas
espiritual. É no espírito que decidimos se permitiremos que o orgulho determine
nossas reações ou se deixaremos o Espírito Santo moldar nossa resposta. E
quanto mais discernimos isso, mais entendemos que os maiores combates do
cristão não são travados nas mãos ou na língua, mas no espírito, onde nascem
tanto as quedas quanto as vitórias. Assim, o chamado para nós é claro: vigiar o
espírito. Examinar motivações. Detectar raízes de orgulho antes que elas se
tornem muralhas de rebelião. Os pecados do espírito podem destruir
relacionamentos, projetos e ministérios, mas um espírito quebrantado, moldado
pela Palavra e sustentado pela graça, se torna espaço para a vida, para a
maturidade e para o avanço do Reino.
ARRINGTON, French L.
Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.
BEACON HILL. Comentário
Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD.
CHAMPLIN, R. N. O Novo
Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos.
FEE, Gordon D. God’s
Empowering Presence. Peabody: Hendrickson, 1994.
GILBERTO, Antônio.
Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD.
HORTON, Stanley (Ed.).
Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
KEENER, Craig S. The IVP
Bible Background Commentary: New Testament. Downers Grove: IVP, 1993.
MACARTHUR, John. Bíblia
de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas Nelson.
MENZIES, Robert P.
Empowered for Witness. Springfield: Gospel Publishing House, 1994.
OLIVEIRA, Marcelo.
Alcance um Futuro Feliz e Seguro. Rio de Janeiro: CPAD.
PALMA, Anthony D. A
Teologia do Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD.
QUEIROZ, Silas. Corpo,
Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD.
YONG, Amos. Renewing
Christian Theology. Waco: Baylor University Press, 2014.
BÍBLIA DE ESTUDO
APLICAÇÃO PESSOAL. Rio de Janeiro: CPAD.
BÍBLIA DE ESTUDO
PLENITUDE. São Paulo: SBB.
BÍBLIA DE ESTUDO
PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD.
2. Raízes do pecado. Em
1 Tessalonicenses 5.23, Paulo trata do processo de santificação que deve
atingir o ser humano por inteiro. A ordem por ele apresentada — espírito, alma
e corpo — não nos parece aleatória. O ato de criação se deu do material para o
imaterial (Gn 2.7), mas a Redenção se dá do espiritual para o físico (1Pe 1.23;
Rm 8.23). É no imaterial, que a Bíblia geralmente chama de “coração”, que o
pecado fica enraizado (Mt 15.19). Por isso, a verdadeira santificação acontece
de dentro para fora (Ez 36.26,27; Rm 8.10-13; Gl 5.22). A falta dessa
compreensão leva ao legalismo, além de representar grave distorção da Doutrina
da Graça, pela confiança nas próprias obras (Mt 23.25-28; Ef 2.8-10).
👉 Quando Paulo ora para que todo o ser humano seja santificado em espírito,
alma e corpo (1Ts 5.23), ele não está apenas organizando palavras. Ele está
revelando uma ordem espiritual que nasce da própria economia da salvação. No
grego, Paulo usa “pneuma, psychē, sōma”, e essa sequência não é acidental. Ele
toca primeiro na dimensão mais profunda, onde a vida de Deus é implantada, e de
onde fluem todas as demais transformações. Muitos crentes tentam mudar de fora
para dentro, mas Paulo mostra que a obra de Deus começa no invisível e vai
empurrando luz até atingir o visível. No relato da criação, Deus começa pelo pó
e sopra o fôlego que faz o homem tornar-se alma vivente (Gn 2.7). É um
movimento do material para o imaterial. Já na redenção, o caminho é invertido.
Pedro afirma que somos regenerados pela Palavra viva e permanente de Deus (1Pe
1.23). Paulo explica que a própria criação aguarda a redenção do corpo (Rm
8.23), o que significa que Deus inicia sua obra no espírito e a estende até
alcançar o corpo. Essa lógica revela que o pecado, antes de se expressar em
comportamentos, se aloja na região mais íntima da pessoa, aquilo que a Bíblia
chama de coração, o centro espiritual das decisões e dos afetos. Jesus deixa isso
evidente quando afirma que “do coração procedem os maus pensamentos,
homicídios, adultérios” (Mt 15.19). No termo grego “kardia”, não está apenas o
lugar das emoções, mas o núcleo da existência humana. É ali que o pecado finca
raízes profundas. Por isso, a santificação verdadeira não acontece por ajustes
superficiais ou pela imposição de regras, mas por transformação interna. O
profeta Ezequiel já anunciava isso quando falava do novo coração e do novo
espírito que Deus colocaria no seu povo (Ez 36.26,27). Paulo retoma o mesmo
princípio ao dizer que o Espírito vivifica o nosso interior e produz fruto em
nós (Rm 8.10-13; Gl 5.22). Quando essa verdade é ignorada, nasce o legalismo. O
indivíduo foca no comportamento, mas não permite que o Espírito Santo trate a
raiz. A pessoa se cansa tentando parecer santa, enquanto o interior permanece
sem vida. Jesus confrontou os fariseus justamente por essa incoerência. Eles
limpavam o exterior do copo, mas o interior permanecia impuro (Mt 23.25-28). A
Doutrina da Graça é distorcida quando alguém acredita que pode produzir
santidade por esforço próprio. A graça não apenas perdoa; ela recria o
interior, conduzindo o crente a uma vida de obediência fruto da obra de Deus, e
não da autoconfiança (Ef 2.8-10). Essa compreensão é confirmada pelo estudo
teológico mais amplo. Silas Queiroz destaca que a santificação envolve o ser
humano integral, mas sempre parte do espírito regenerado, onde o Espírito Santo
habita e opera¹. Antônio Gilberto lembra que o Espírito Santo age no “homem
interior” para que o exterior reflita essa obra divina². Amos Yong e Gordon Fee
enfatizam que o Espírito atua na profundidade da pessoa, reordenando desejos e
purificando motivações, antes mesmo de tocar nos comportamentos³⁻⁴. Craig Keener, em seu
Comentário Histórico-Cultural, reforça que a estrutura tripartida de Paulo não
visa fragmentar o ser humano, mas mostrar a direção do agir divino: da essência
para as expressões externas⁵. Se a raiz do pecado
está no interior, então o chamado pastoral é claro. A santificação precisa
começar naquilo que não aparece. É ali que Deus planta a vida nova. É ali que o
Espírito convence, purifica e transforma. É ali que as decisões mais profundas
são tomadas. Para muitos cristãos, essa é a descoberta que faltava. Não é que
sua fé seja fraca, é que eles estão travando a batalha no lugar errado. Quando
o coração é tratado, tudo o mais encontra ordem e direção. E é assim que a
graça produz frutos que realmente permanecem.
1. QUEIROZ, Silas.
Corpo, Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD.
2. GILBERTO, Antônio. A
Doutrina Bíblica do Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD.
3. YONG, Amos. Renewing
Christian Theology.
4. FEE, Gordon D. Paul,
the Spirit, and the People of God.
5. KEENER, Craig S.
Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD.
HORTON, Stanley (Ed.).
Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
PALMA, Anthony D. O
Batismo no Espírito Santo. CPAD.
ARRINGTON, French L.
Doutrinas Pentecostais.
MACARTHUR, John. Bíblia
de Estudo MacArthur.
Bíblia de Estudo
Aplicação Pessoal. CPAD.
Bíblia de Estudo
Pentecostal. CPAD.
Bíblia de Estudo
Plenitude.
Comentário Bíblico
Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.
Comentário Bíblico
Beacon.
CHAMPLIN, R. N. Comentário
Bíblico.
3. Vencendo o pecado. A
força do pecado arraigado em nosso espírito somente é vencida quando deixamos
de confiar em nós mesmos, e dependemos inteiramente da graça de Deus e seu
poder salvador e santificador (Rm 6.14; Hb 10.10). Como ensina Paulo, “a lei do
Espírito de vida, em Cristo Jesus, nos livrou da lei do pecado e da morte” (Rm
8.2). O que é impossível à força humana torna-se possível mediante o poder
divino operante em nós (Rm 8.3,4). Revestir-se de mansidão e humildade, no
modelo de Cristo, é essencial para uma vida espiritual saudável e frutífera (Fp
2.3-8). A arrogância sequer deveria ser nominada entre nós. Quando contendas —
inclusive públicas — são feitas “em nome de Cristo” é porque ainda não
compreendemos o que é o verdadeiro Cristianismo: “ao servo do Senhor não convém
contender” (2Tm 2.24). Purifiquemo-nos de todos os pecados (inclusive do
espírito) pelos meios da Graça, “aperfeiçoando a santificação no temor de Deus”
(2Co 7.1).
👉 Há um ponto da vida cristã que todos precisam enfrentar com honestidade. O
pecado que mais nos oprime não é o escandaloso, nem o visível. É aquele que se
fixa no espírito, quieto, profundo, quase imperceptível. E a verdade é que
ninguém vence essa força pela própria capacidade. Paulo afirma com clareza que
“o pecado não terá domínio sobre vós” porque estamos debaixo da graça, e não da
lei (Rm 6.14). A graça não é apenas um favor imerecido; é poder atuante. O
autor de Hebreus reforça que fomos santificados “uma vez por todas” pelo
sacrifício de Cristo (Hb 10.10). Ou seja, a vitória começa onde nossa força
termina. Paulo explica que existe uma lei operando em nós. Ele chama de “lei do
pecado e da morte”, um princípio interno que nos empurra para longe de Deus.
Mas existe outra lei, maior e superior, “a lei do Espírito de vida” (Rm 8.2).
No texto grego, o termo “nomos” aparece em contraste. Uma força é destrutiva; a
outra é vivificadora. O Espírito Santo liberta não apenas da culpa, mas também
do domínio do pecado. A santificação é uma obra do Espírito no pneuma humano,
ativando uma nova dinâmica de vida que não poderia nascer de esforço humano
algum. O que é impossível para nós torna-se possível pela ação divina. Paulo
faz questão de sublinhar isso em Romanos 8.3 e 4. Deus fez o que a lei era
incapaz de realizar porque a lei não podia transformar o interior. A carne, no
grego “sarx”, descreve a condição humana inclinada ao pecado. O Espírito,
porém, reverte essa inclinação. Ele insere no coração um novo padrão de vida,
capacita a obediência e ajusta nossas inclinações à vontade de Deus. Essa é a
marca da nova criação. A obra não começa na moralidade, mas na regeneração. Por
isso, o caminho para vencer o pecado exige mansidão e humildade. Paulo aponta
Cristo como nosso modelo. Ele se esvaziou, assumiu forma de servo e se humilhou
até à morte (Fp 2.3-8). A expressão grega “ekenōsen”, traduzida como
“esvaziou-se”, revela a profundidade do gesto. Não significou perder sua
divindade, mas renunciar a qualquer prerrogativa que impedisse sua completa
submissão ao Pai. A vida cristã nasce desse mesmo movimento. A mansidão não é
fraqueza; é força sob controle. A humildade não é timidez; é confiança absoluta
em Deus, e não em si mesmo. Por isso, a arrogância deveria ser totalmente
alheia ao povo de Deus. Ela é incoerente com a vida no Espírito. Onde há
brigas, disputas, contendas, especialmente quando feitas “em nome de Cristo”,
há imaturidade espiritual. Paulo adverte que ao servo do Senhor não convém
contender (2Tm 2.24). Essa palavra é decisiva para líderes, professores e
alunos da EBD que servem em ambientes onde divergências existem. A maturidade
espiritual se revela não pela capacidade de vencer debates, mas pela capacidade
de vencer a carne. Diante disso, o chamado bíblico é simples e profundo:
Precisamos nos purificar de todo pecado, inclusive aqueles que nascem no
espírito, que se escondem atrás de boas intenções, ministérios ativos ou
discursos piedosos. Paulo nos convoca a aperfeiçoar a santificação no temor de
Deus (2Co 7.1). Isso significa cultivar uma vida sensível ao Espírito, pronta
ao arrependimento, vigilante contra a soberba e dependente da graça. E isso
transforma tudo. Quando o Espírito governa o interior, surge uma vida
frutífera, marcada por paz, sobriedade, maturidade e relacionamentos
restaurados. Essa é a vitória real. Não a vitória do esforço, mas a
ARRINGTON, French L.
Doutrinas Pentecostais.
BEACON, Comentário
Bíblico Beacon.
Bíblia de Estudo
Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD.
Bíblia de Estudo
MacArthur.
Bíblia de Estudo
Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD.
Bíblia de Estudo
Plenitude.
CHAMPLIN, R. N.
Comentário Bíblico.
FEE, Gordon D. Paul, the
Spirit, and the People of God.
GILBERTO, Antônio. A
Doutrina Bíblica do Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD.
HORTON, Stanley (Ed.).
Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
KEENER, Craig S.
Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD.
MACCHIA, Frank. Baptized
in the Spirit.
MENZIES, Robert P.
Empowered for Witness.
OSS, Douglas.
Espiritualidade Bíblica.
PALMA, Anthony D. O
Batismo no Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD.
QUEIROZ, Silas. Corpo,
Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD.
YONG, Amos. Renewing
Christian Theology.
SINOPSE II
O pecado pode enraizar-se
no espírito, e a verdadeira santificação começa no interior, pela ação
transformadora da graça de Deus.
III. REGENERAÇÃO E ADORAÇÃO
1. O Novo Nascimento. A
vitória sobre o pecado começa necessariamente com a experiência espiritual do
Novo Nascimento, ato divino operado em nosso interior que nos outorga um
espírito regenerado (Jo 3.5-8; Ef 2.1-6). Isso era incompreensível para
Nicodemos e seu padrão religioso, assim como é para os que desejam mostrar
aparência de piedade sem terem experimentado o sobrenatural processo de
Regeneração (2Tm 3.5). Com espírito altivo, resistem à verdade e negam a
inerrância e a infalibilidade da Bíblia, considerando sua mensagem
ultrapassada. Interpretam as Escrituras conforme seus desejos já estabelecidos
(2Tm 2.8; 4.3). Não podemos ter comunhão com os tais (1Tm 6.1-5; 2Tm 2.5).
👉 A vitória real e permanente sobre o pecado não começa na força de vontade,
nem em padrões morais elevados, e muito menos em códigos de conduta externos.
Ela nasce, antes de tudo, no milagre interior do Novo Nascimento, obra soberana
de Deus realizada pelo Espírito Santo. Jesus é categórico ao afirmar a
Nicodemos, mestre, conhecedor da Torá, homem disciplinado no agir religioso,
que ninguém pode “ver” ou “entrar” no Reino de Deus sem nascer “da água e do
Espírito” (Jo 3.5). A questão não é aprimorar o velho homem, mas tornar-se uma
nova criação pela ação regeneradora de Deus (Ef 2.1-6). Nicodemos representa
todo ser humano que confia excessivamente na forma, nos ritos, na tradição e na
aparência da piedade. Ele conhece a teologia, mas lhe falta a vida do Espírito;
conhece as Escrituras, mas ainda não experimentou seu poder; conhece a Lei, mas
seu coração ainda não foi transformado. Por isso, não compreende a linguagem da
Regeneração, porque ela não se explica apenas com categorias doutrinárias, mas
com experiência espiritual. Como Paulo declara, aqueles que possuem mera
fachada de espiritualidade “têm aparência de piedade, mas negam o seu poder”
(2Tm 3.5). O verbo grego arneomai (“negar”) indica uma recusa ativa: não é
ignorância, é resistência. São pessoas que, com espírito altivo, rejeitam a
obra sobrenatural do Espírito, resistem à verdade revelada e procuram
reinterpretar a Escritura conforme seus próprios desejos, exatamente como Paulo
advertiu: “não suportarão a sã doutrina” (2Tm 4.3). Essa resistência lembra a
postura dos falsos mestres denunciados por Paulo, homens que colocavam a
própria opinião acima da autoridade apostólica e minavam a fé da igreja (2Tm
2.16-18). Em contraste, o regenerado submete sua vida à Palavra, reconhece a
soberania de Deus e experimenta profunda transformação interior. É por isso
que, biblicamente, não podemos ter comunhão espiritual com aqueles que
persistem em desprezar a verdade, distorcer as Escrituras e negar seu poder
(1Tm 6.3-5). A comunhão cristã pressupõe não apenas convivência, mas unidade na
fé, na verdade e no Espírito. Onde essa base é rejeitada, a própria comunhão é
impossibilitada. Assim, o Novo Nascimento não é um detalhe periférico da
experiência cristã. Ele é: o início da vida espiritual, pois sem ele estamos
“mortos em delitos e pecados” (Ef 2.1); a raiz da santificação, porque apenas
um coração renovado pode produzir frutos novos (Ez 36.26-27); a porta de
entrada do Reino, conforme o ensino direto de Jesus (Jo 3.5); o fundamento da
nova identidade, pois agora somos feitos filhos de Deus (Jo 1.12-13). Quem
nasce de novo não apenas crê, vive outra vida, movido pelo Espírito e
transformado continuamente pela graça.
BÍBLIA. Almeida Revista
e Atualizada. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2011.
CALVINO, João.
Institutas da Religião Cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 2009.
GRUDEM, Wayne. Teologia
Sistemática. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2020.
HODGE, Charles. Teologia
Sistemática. São Paulo: Hagnos, 2001.
KEENER, Craig. O
Evangelho de João: Comentário. São Paulo: Vida Nova, 2015.
LLOYD-JONES, Martyn.
Exposição de Romanos: A Nova Vida no Espírito. São Paulo: PES, 2011.
PIPER, John. Desiring
God. Wheaton: Crossway, 2011.
STOTT, John. O Discípulo
Radical. São Paulo: Ultimato, 2010.
WALKE, Bruce. Ezequiel:
Comentário Exegético e Teológico. Grand Rapids: Baker Academic, 2019.
2. Em espírito e em verdade. A compreensão da imprescindível obra do novo
nascimento operada em nosso interior é fundamental também para uma vida correta
de adoração. Assim como Nicodemos, a mulher samaritana expressou um
entendimento religioso limitado ao visível, apontando o Monte Gerizim,
conhecido lugar de adoração de seus pais (Jo 4.20). Uma vida espiritual sadia
não se fundamenta em misticismos, mas em uma comunhão com Deus segundo as
Escrituras (Jo 7.38).
👉 A compreensão da obra indispensável do Novo Nascimento não apenas inaugura
a vida cristã, mas modela a forma correta de adorar a Deus. A adoração genuína
não nasce de práticas externas, nem de tradições geográficas ou culturais, mas
de um coração transformado pelo Espírito Santo. Por isso, Jesus conduz a mulher
samaritana, assim como fez com Nicodemos, a superar um entendimento meramente
religioso, limitado ao que é visto e herdado. Quando a mulher aponta para o
Monte Gerizim, apelando ao costume de seus antepassados (Jo 4.20), ela revela a
mesma lógica de Nicodemos: a de uma espiritualidade centrada no externo, no
lugar, no rito. Ambos representam a tendência humana de confundir expressões
visíveis de devoção com a essência espiritual da fé. Contudo, Jesus corrige
essa percepção e a direciona para a realidade maior inaugurada pelo Evangelho:
a adoração que o Pai procura não é geográfica, mas espiritual (Jo 4.23-24). Jesus
declara que o Pai busca adoradores “em espírito e em verdade”. O termo grego
pneuma aqui não se refere apenas ao “espírito humano”, mas à vida interior
regenerada, capacitada e vivificada pelo próprio Espírito Santo. A adoração
verdadeira brota do íntimo, de um coração renovado conforme a promessa de
Ezequiel: “porei dentro de vós o meu Espírito” (Ez 36.27). Sem regeneração, a
adoração permanece restrita ao ritual; com a regeneração, ela se torna comunhão
viva, resposta amorosa ao Deus que nos alcançou pela graça. Além disso, Jesus
afirma que essa adoração deve ser “em verdade”. Aqui, “verdade” não é mera
sinceridade subjetiva, mas conformidade com a revelação bíblica. Como o próprio
Cristo ensina: “Quem crer em mim, como diz a Escritura...” (Jo 7.38). A
espiritualidade saudável não se apoia em misticismos, experiências autônomas ou
tradições humanas; ela é sustentada pela Palavra revelada e iluminada pelo Espírito.
A adoração cristã é, portanto, teocêntrica, bíblica e espiritual. Assim, adorar
em espírito e em verdade significa:
Adorar a partir de um coração regenerado, vivificado pelo
Espírito Santo;
Adorar conforme a Escritura, e não conforme costumes
humanos;
Adorar de forma interior, sincera e santa, não limitada a
locais ou sistemas religiosos;
Adorar Cristo como centro, pois Ele é a plena revelação
do Pai.
Em Cristo, a adoração
deixa de ser geográfica para tornar-se existencial; deixa de ser ritualística
para tornar-se relacional; deixa de ser externa para tornar-se uma resposta
viva ao Deus que nos regenerou para viver em comunhão com Ele.
BÍBLIA. Almeida Revista
e Atualizada. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2011.
CALVINO, João. O
Evangelho Segundo João. São Paulo: Cultura Cristã, 2012.
CARSON, D. A. O
Evangelho Segundo João. São Paulo: Edições Vida Nova, 2017.
GRUDEM, Wayne. Teologia
Sistemática. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2020.
KEENER, Craig. O
Evangelho de João: Comentário. São Paulo: Vida Nova, 2015.
LLOYD-JONES, Martyn. A
Verdadeira Adoração. São Paulo: PES, 2008.
MACARTHUR, John.
Adoração: A Prioridade Suprema da Igreja. São José dos Campos: Fiel, 2010.
PIPER, John. Let the
Nations Be Glad!. Grand Rapids: Baker Academic, 2010.
STOTT, John. A Cruz de
Cristo. São Paulo: ABU, 2007.
3. Um espírito quebrantado. O Pentecostalismo Clássico sempre foi despido de
crenças e práticas alheias às Escrituras, buscando sempre refletir o autêntico
cristianismo bíblico. Como Jesus ensinou à samaritana, “Deus é Espírito, e
importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4.24). A
verdadeira e pura adoração nasce de um espírito quebrantado, em simplicidade,
sem pretensão de louvor ou glória humana (Sl 51.17; 2Co 11.3).
👉 O Pentecostalismo Clássico, em sua expressão mais fiel, sempre buscou
manter-se alinhado à simplicidade e pureza da fé bíblica, longe de misticismos
alheios às Escrituras e centrado na obra do Espírito Santo como revelada na
Palavra. Esse movimento, historicamente enraizado na oração, na santificação e
na submissão à autoridade da Escritura, reconhece que a adoração autêntica não
nasce do espetáculo, mas de um coração profundamente tocado pela graça de Deus.
Quando Jesus afirma: “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem
em espírito e em verdade” (Jo 4.24), Ele não apenas corrige a visão geográfica
da samaritana; Ele estabelece o princípio fundamental de toda adoração cristã:
ela brota do interior, do espírito regenerado, transformado e quebrantado
diante do Santo Deus. O salmista expressa essa mesma verdade: “Coração
quebrantado e contrito, não o desprezarás, ó Deus” (Sl 51.17). O termo hebraico
para quebrantado (דָּכָא daká) descreve algo esmagado, reduzido, sem arrogância, um espírito que
reconhece sua dependência do Senhor e se rende à Sua santidade. É nesse terreno
humilde que a verdadeira adoração floresce. Paulo, por sua vez, alerta os
crentes a guardarem a simplicidade e pureza devidas a Cristo (2Co 11.3). A
adoração não deve ser contaminada por exibições humanas, vanglória espiritual
ou práticas que desviem o foco da centralidade de Cristo. O verdadeiro culto é
cristocêntrico, humilde e reverente. Um espírito quebrantado, portanto, não é
sinônimo de fraqueza emocional, mas de força espiritual: a força de quem
reconhece que tudo provém da graça, que a santidade é obra do Espírito e que a
glória pertence somente a Deus. O Pentecostalismo Clássico, quando fiel às
Escrituras, sempre ensinou que o centro da adoração não é o adorador, mas o
Deus que o convida a uma vida de arrependimento, obediência e devoção sincera. Assim,
a verdadeira adoração, aquela que o Pai procura (Jo 4.23), nasce em um coração
humilde, contrito, purificado pela Palavra e sensível ao Espírito Santo. Sem
ostentação, sem autopromoção, sem teatralidade. Apenas quebrantamento, verdade
e comunhão com Deus.
BÍBLIA. Almeida Revista
e Atualizada. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2011.
BARTH, Karl. A Carta aos
Romanos. São Paulo: Novo Século, 2013.
CALVINO, João. Salmos.
São Paulo: Cultura Cristã, 2002.
CARSON, D. A. O
Evangelho Segundo João. São Paulo: Vida Nova, 2017.
GRUDEM, Wayne. Teologia
Sistemática. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2020.
HODGE, Charles. 2
Coríntios. São Paulo: PES, 2008.
KEENER, Craig. O
Evangelho de João: Comentário. São Paulo: Vida Nova, 2015.
LLOYD-JONES, Martyn.
Avivamento. São Paulo: PES, 2009.
MACARTHUR, John. A
Verdadeira Adoração. São José dos Campos: Fiel, 2010.
MURRAY, Andrew.
Humildade. São Paulo: Betânia, 1997.
STOTT, John. A Mensagem
do Sermão do Monte. São Paulo: ABU, 2010.
SINOPSE III
A regeneração espiritual é
essencial para uma adoração autêntica, que nasce de um espírito quebrantado e
alinhado com a verdade bíblica.
AUXÍLIO TEOLÓGICO
A RESTAURAÇÃO DA IMAGEM DE
DEUS
“A respeito da imagem moral
de Deus nos seres humanos, ‘Deus fez ao homem reto’ (Ec 7.29). Até mesmo os
pagãos, que não possuem conhecimento da Lei escrita de Deus, conservam uma Lei
moral escrita por Ele em seus corações (Rm 2.14,15). Em outras palavras,
somente os seres humanos possuem a capacidade de sentir o que é certo e errado,
bem como o intelecto e a vontade necessários para escolher entre eles. Por esta
razão, os seres humanos são chamados livres agentes morais. Diz-se também que
possuem autodeterminação. Efésios 4.22-24 parece indicar que a imagem moral de
Deus, embora não completamente erradicada na Queda, foi afetada negativamente
até certo ponto. Para ter restaurada a imagem moral ‘em verdadeira justiça e
santidade’, o pecador precisa aceitar a Cristo e se tornar uma nova criação.” (HORTON,
Stanley (Ed.). Teologia
Sistemática: Uma
Perspectiva Pentecostal. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2024,
p.260).
CONCLUSÃO
Âmago da vida humana, o espírito nos foi dado por Deus para
que mantenhamos comunhão com Ele. Não deixemos que os cuidados da vida nos
façam esquecer de que somos seres espirituais. Desfrutar da presença divina
fortalece o espírito, alegra a alma e nos enche de vigor para enfrentar os
desafios cotidianos em nossa jornada ao Céu.
👉 O espírito é o âmago da existência humana. Foi nele que Deus soprou vida,
e é por meio dele que continuamos capazes de conhecer, discernir e responder ao
próprio Deus. Quando as Escrituras afirmam que “o Senhor… formou o espírito do
homem dentro dele” (Zc 12.1), lembram-nos de que fomos criados para muito mais
do que rotina, obrigações e preocupações terrenas. Somos seres espirituais,
chamados a viver em comunhão com o Criador. No entanto, os cuidados desta vida
facilmente abafam essa consciência. A pressa, as lutas, as demandas e até mesmo
o trabalho na obra do Senhor podem nos fazer esquecer que a vitalidade
espiritual não nasce da agenda cheia, mas da presença de Deus habitando em nós.
Quando negligenciamos isso, nosso espírito se torna frágil e nossa alma perde o
brilho da alegria que só o Senhor pode restaurar. Por outro lado, quando
buscamos a presença divina com sinceridade, algo profundo acontece. O espírito
é fortalecido, a alma reencontra descanso e o corpo recebe vigor para enfrentar
cada dia com esperança renovada. A adoração, a meditação na Palavra e a oração
não são disciplinas opcionais; são o fôlego da vida espiritual, o meio pelo
qual caminhamos firmes rumo ao Céu. O Senhor deseja que vivamos assim:
conscientes de quem somos, alimentados pela comunhão com Ele e guiados pela
obra do Espírito Santo. Cada passo dado na presença de Deus nos alinha
novamente com o propósito para o qual fomos criados e nos prepara para
enfrentar, com fé e equilíbrio, os desafios da nossa peregrinação. Que o Senhor
nos ajude a cultivar esse espírito desperto e sensível, lembrando sempre que
nossa verdadeira força vem de permanecer nEle.
Diante de todo o
conteúdo da lição, resta-nos aplicar:
1. Cultive diariamente a vida interior, cuide do espírito
antes de qualquer outra coisa: Toda a lição mostra que o espírito é o núcleo da vida
humana, o lugar onde Deus opera regeneração, santificação e discernimento. Por
isso, a primeira aplicação é simples e radical: priorize aquilo que fortalece o
espírito antes de tudo o que ocupa a rotina.
Isso significa:
– separar tempo real
para oração profunda;
– meditar nas Escrituras
antes de ser absorvido pelas demandas do dia;
– permitir que o
Espírito Santo sonde o coração, revele motivações ocultas e trate os pecados do
espírito, os mais sutis e perigosos.
A transformação verdadeira
acontece de dentro para fora. O cristão que negligencia a vida interior se
torna presa fácil da soberba, da vaidade e da estagnação espiritual. Mas quem
cuida do espírito vive com lucidez, humildade e sensibilidade à voz de Deus.
Escolha 15 minutos
diários para começar o dia em silêncio e oração, pedindo a Deus que alinhe seu
espírito ao dEle antes de qualquer decisão.
2. Submeta continuamente o coração à santificação, deixe
Deus tratar a raiz, não apenas os frutos: A lição enfatiza que o pecado se radica no imaterial,
aquilo que a Bíblia chama de kardía (coração). Raízes espirituais geram frutos
corporais e emocionais. Sem tratar o espírito, apenas maquiamos o
comportamento. A aplicação é: pare de lutar sozinho contra pecados visíveis e
comece a permitir que a Palavra e o Espírito tratem o nível mais profundo do
seu ser. Isso inclui:
– confessar pecados do
espírito (orgulho, inveja, altivez) com honestidade;
– pedir que o Espírito
Santo revele padrões de autoengano;
– abandonar a confiança
em obras, métodos ou aparência religiosa;
– permitir que Deus
opere a renovação prometida em Ez 36.26-27.
Santificação não é
performance; é rendimento. Não é esforço humano isolado; é vida conduzida pelo
Espírito. Faça uma oração diária de entrega: “Senhor, trata meu espírito,
revela-me onde tenho resistido à tua voz e cria em mim um coração novo.”
3. Adore e sirva a Deus em espírito e verdade, com
quebrantamento, sinceridade e vida alinhada à Bíblia: A lição deixa claro que
a adoração verdadeira não começa em espaços físicos, emoções ou rituais, mas no
espírito regenerado, sensível e quebrantado diante de Deus. Assim como Jesus
corrigiu a samaritana, o cristão precisa aprender a viver uma fé baseada na
verdade da Palavra, não em tradições, misticismos ou sensações passageiras. Isso
implica:
– discernir o que é
espiritualidade bíblica e o que é apenas religiosidade;
– cultivar
quebrantamento e simplicidade diante de Deus;
– manter-se fiel à
Escritura mesmo quando a cultura rejeita sua autoridade;
– praticar a humildade e
evitar contendas, lembrando que o servo do Senhor não vive em disputa.
Quem adora em espírito e
verdade vive de maneira íntegra, equilibrada e centrada em Cristo, e se torna
um testemunho vivo dentro e fora da igreja. Antes de qualquer culto ou ministério,
faça esta pergunta: “Meu coração está alinhado com a verdade de Cristo ou
apenas com minhas expectativas?”
Viva para
a máxima glória do Nome do Senhor Jesus!
Viva conectado a Cristo, adore com sinceridade, sirva com amor e
aja com justiça, para que cada atitude reflita a glória de Deus no mundo.
Meu
ministério aqui é um chamado do coração: compartilhar o ensino da
Palavra de Deus de forma livre e acessível, para que você, irmão ou irmã em
Cristo, possa crescer na fé e no conhecimento das Escrituras, sem barreiras,
com subsídios preparados por um Especialista em Exegese Bíblica do Novo Testamento.
Todo o material que ofereço é fruto de
oração, estudo e dedicação, e está disponível gratuitamente para que a luz do
Evangelho alcance ainda mais vidas sedentas pela verdade. Porém, para que essa
missão continue firme, preciso da sua ajuda.
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REVISANDO O CONTEÚDO
1. Que ato
divino demonstra a doação do espírito ao ser humano?
Feito de uma matéria pré-existente, o pó da terra, o corpo
humano estava inerte até receber o sopro divino (o fôlego da vida), ato pelo
qual Deus deu ao homem o espírito e o tornou alma vivente (Gn 2.7).
2. Quais os
principais textos neotestamentários que mencionam a tríplice composição humana?
No Novo Testamento, 1 Tessalonicenses 5.23 e Hebreus 4.12
se destacam em relação à distinção entre alma e espírito, pois os mencionam
expressamente sem qualquer aparência sinonímica.
3. Existem
pecados do espírito? Cite exemplos.
Mas também existem pecados do espírito, como o orgulho, a
soberba, a vanglória, a arrogância e a inveja (Pv 16.18; 1Tm 3.6).
4. Onde ficam
enraizados os pecados?
É no imaterial, que a Bíblia geralmente chama de “coração”,
que o pecado fica enraizado (Mt 15.19).
5. Como vencer a
força do pecado?
A força do pecado arraigado em nosso espírito somente é
vencida quando deixamos de confiar em nós mesmos e dependemos inteiramente da
graça de Deus e seu poder salvador e santificador (Rm 6.14; Hb 10.10).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
ESPÍRITO — O ÂMAGO DA VIDA
HUMANA
Nesta lição, veremos outra
particularidade do interior humano. Assim como esboçamos o corpo e a alma nas
lições anteriores, o espírito também constitui a tríplice formação humana.
Semelhante à alma, que precisa ser cuidada a fim de que a nossa afetividade e
racionalidade estejam santificados para Deus, nosso espírito também carece de
estar em profunda comunhão e unidade com o Espírito de Deus. O espírito é a
parte do interior humano, pelo qual, podemos ter contato com o sobrenatural
divino. Essa distinção da alma pode ser notada de maneira mais clara quando
oramos ou expressamos adoração a Deus. Nosso interior sente a presença do
Espírito Santo e recebemos o seu fortalecimento espiritual, por exemplo, ao
término de um culto. Essa experiência é uma evidência notável de que o nosso
ser é constituído não apenas de corpo e alma, mas também do espírito que carece
de fortalecimento e revestimento (Ef 6.10,11; Cl 3.10).
Vale destacar que nosso
Senhor mencionou que os verdadeiros adoradores são aqueles que adoram em
“espírito e em verdade” (cf. Jo 4.23,24). Note que a verdadeira e pura adoração
é percebida de maneira transparente pelo Espírito de Deus ao sondar o nosso
interior, a saber, o nosso espírito e, portanto, não há nada que possamos
ocultar aos seus olhos. Assim sendo, não há como ocultar quem somos em nosso
mais íntimo interior. Por essa razão, uma adoração verdadeira só pode ser
oferecida por aqueles que já experimentaram do novo nascimento.
Conforme discorre o Comentário Bíblico Pentecostal — Novo
Testamento (CPAD), “[...] o significado de ‘maneira
verdadeiramente espiritual diz respeito à natureza do crente que Jesus criou
pelo Espírito. O nascido de novo assume a natureza espiritual de Deus, e assim
tem a capacidade de comunicar-se e comungar com Deus. Num estado não-regenerado,
ninguém entende o ensino de Jesus, que é de cima. Além do mais, a afirmação
‘Deus é espírito’ do versículo 24 alude à essência de Deus, mas indica que Deus
é de natureza espiritual. Para que as pessoas se comuniquem com Ele, elas
também têm de ter uma natureza semelhante.” (Volume 1, 2003, pp.512,513). Nessa
perspectiva, podemos entender que o nosso espírito também precisa ser
santificado e consagrado a Deus. Qualquer crente que almeja servir a Deus com
sinceridade e verdade, precisa abster o seu espírito de qualquer distração que
o faça perder de vista a adoração completa a Deus. Afinal de contas, o Senhor
não divide a sua glória com ninguém (Is 42.8). Que o nosso espírito, alma e
corpo sejam dedicados com exclusividade para adorar a Deus (1Ts 5.23).