Pb Francisco Barbosa
TEXTO ÁUREO
“Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (Jo 4.24).
Entenda o Texto Áureo:
- “Como Deus é um Espírito, assim Ele convida e demanda um culto
espiritual, e já tudo está em preparação para uma dispensação espiritual, mais
em harmonia com a verdadeira natureza do serviço aceitável do que o culto
cerimonial por pessoas consagradas, lugares e tempos, que Deus por um tempo
considerou necessário guardar até a plenitude do tempo chegar.” [JFU]
VERDADE PRÁTICA
Adorar significa viver em total rendição a Deus,
entregando-nos plenamente a Ele.
Entenda a Verdade Prática:
- A verdadeira adoração
vem do coração, não de fatores externos como o lugar, a cerimônia ou palavras
repetidas. Adorar em espírito e em verdade é adorar com sinceridade e fé (João
4:23-24)
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
João 4.5-7,9,10,19-24.
5. Foi,
pois, a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, junto da herdade que Jacó tinha
dado a seu filho José.
- Veio pois… Assim (οὖν)
chegou … uma cidade…chamada Sicar. O termo “cidade” é usado amplamente,
como nas passagens citadas, e não implica tamanho considerável, mas refere-se a
uma das “pequenas vilas muradas que coroam cada elevação”. Sicar. Esse nome foi
frequentemente considerado uma corruptela intencional de Siquém (Atos 7:16,
Shequém, Neápolis, Nablus), significando “cidade dos bêbados” (Isaías 28:1, שֵׁכָר)
ou “cidade da mentira” (Habacuque 2:18, שֶׁקֶר). Porém, escritores antigos
(como Eusébio, ‘Onom.’ s.v.) distinguem Siquém e Sicar, e dizem que esta última
se situa “diante de Neápolis”. Além disso, um local chamado Sicar (פין סוכר, סוכר,
סוכרא) é mencionado várias vezes no Talmude, e é improvável que um lugar tão
famoso quanto Siquém fosse referido da mesma maneira que Sicar é aqui.
Atualmente, há uma vila chamada ’Askar que corresponde bem ao local mencionado.
O nome aparece em uma forma transicional em uma Crônica Samaritana do século
XII como Iskar (Conder, em ‘Palestine Exploration Report,’ 1877, p. 150). Veja
também Delitzsch, ‘Ztschr. f. Luth. Theol.’ 1856, pp. 240 e seguintes, onde ele
reúne as passagens talmúdicas. à propriedade (χωρίον, Vulg.
prœdium, cf. Mateus 26:36) …José. Veja Gênesis 33:19, 48:22 (34:25); Josué
24:32. A bênção de Jacó trata a compra que ele fez e o ato guerreiro de seus
filhos naquela região como um penhor das futuras conquistas dos descendentes de
José, a quem ele concede a região como porção (שְׁכֶם). A Septuaginta faz um
jogo de palavras e introduz Siquém (Σίκιμα) como uma tradução substancial (não
literal). Em reconhecimento da promessa, os ossos de José foram depositados em
Siquém, na ocupação de Canaã (Josué 24:32; Atos 7:15, 7:16). [Westcott, 1882]
6. E
estava ali a fonte de Jacó. Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim
junto da fonte. Era isso quase à hora sexta.
- a fonte de Jacó. A
palavra “fonte” (πηγή, עַיִן, na Vulgata, fons) é usada aqui (duas vezes) e no
versículo 14. Veja também Tiago 3:11 (βρύει); Apocalipse 7:17, 21:6. O termo
“poço” (θρέαρ, בְּאֵר, na Vulgata, puteus) aparece nos versículos 11 e 12.
Compare com Apocalipse 9:1, 9:2. Ambos os nomes ainda são atribuídos ao poço:
Ain Yakûb e Bîr-el-Yakûb. O esforço para construir o poço em uma área com
muitas fontes naturais indica que ele foi obra de um “estrangeiro na terra”.
Veja Gênesis 26:19. O tenente Anderson, que desceu até o fundo em maio de 1866,
encontrou-o com uma profundidade de aproximadamente 23 metros e totalmente
seco. “É”, ele afirma, “revestido com alvenaria rústica, pois foi escavado em
solo aluvial” (Warren, Recovery of Jerusalem, pp. 464 e segs.). cansado.
É importante notar em João as evidências claras da plena humanidade do Senhor.
Ele é o único que preserva a frase “Tenho sede” no relato da Paixão (João
19:28). assim. A palavra pode significar (1) “cansado como estava” ou
(2) simplesmente, exatamente como estava, sem preparo ou preocupação adicional.
No primeiro sentido, seria mais natural que o advérbio precedesse o verbo (οὕτως
ἐκαθέζετο), como em Atos 7:8, 20:11, 27:17. [Westcott, 1882]
7. Veio
uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber.
- uma mulher da Samaria.
Uma mulher, e, como tal, menosprezada pelos mestres populares (cf. v. 27); uma
samaritana, e, por isso, desprezada pelos judeus. Assim, os preconceitos de
gênero e nacionalidade foram superados por este primeiro ensino do Senhor além
dos limites do povo escolhido. Mais ainda, a mulher não era apenas uma
estrangeira, mas também pobre, pois tirar água não era mais, como nos tempos
patriarcais (Gênesis 24:15, 29:9 e seguintes; Êxodo 2:16 e seguintes; cf.
Tristram, Terra de Israel, pp. 25 e segs.), uma tarefa das mulheres de posição.
Dá-me
de beber. O pedido deve ser entendido em seu sentido literal e óbvio
(v. 6); mas, ao mesmo tempo, pedir, neste caso, foi também oferecer. O Mestre
encontrou Sua ouvinte no terreno comum da simples humanidade e lhe concedeu o
privilégio de conferir um favor. [Westcott, 1882]
9. Disse-lhe,
pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que
sou mulher samaritana (porque os judeus não se comunicam com os samaritanos)?
- Como, sendo tu – não
recusando totalmente, mas se perguntando sobre um pedido tão incomum de um
judeu, uma vez que Suas vestes e dialeto revelariam que Ele era, de uma vez por
todas, para um samaritano? Porque… – É essa antipatia nacional
que dá sentido à parábola do bom samaritano (Lucas 10:30-37), e a gratidão do
leproso samaritano (Lucas 17:16,18). [Jamieson; Fausset; Brown]
10. Jesus
respondeu e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus e que é o que te diz:
Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva.
- Se tu conhecesses
(tivesses conhecido) o dom de Deus… As palavras são, como comumente ocorre no
Evangelho de João, uma resposta à ideia essencial da pergunta anterior. A
mulher buscava entender o fato estranho um judeu pedir um favor a uma
samaritana. No entanto, como ela vagamente percebeu, isso era apenas uma parte
do novo mistério. O franco apelo à caridade humana, que transcende antagonismos
religiosos, indicava uma possibilidade de união maior do que ela poderia
esperar. Se ela soubesse o que Deus agora havia feito pela humanidade e quem
era esse Mestre judeu que ela via, ela própria teria ousadamente pedido a Ele
um favor muito maior do que o que Ele lhe pedira e o teria recebido de
imediato: ela se tornaria a suplicante e não se espantaria com o pedido: sua
dificuldade atual seria resolvida pela compreensão da nova revelação que havia
sido dada não a judeus ou samaritanos, mas a seres humanos. Se ela conhecesse o
dom de Deus, o dom de Seu Filho (João 3:16), que inclui tudo o que o ser humano
poderia desejar, ela sentiria que as necessidades das quais estava parcialmente
ciente (v. 25) poderiam finalmente ser satisfeitas. Se soubesse quem era aquele
que lhe dizia “Dá-me de beber,” ela teria derramado sua oração a Ele sem
reservas ou dúvidas, confiante em Sua simpatia e ajuda. o dom. A palavra aqui
usada (δωρεά) aparece apenas neste ponto nos Evangelhos. Ela carrega uma ideia
de generosidade, honra, privilégio; e é usada para descrever o dom do Espírito
(Atos 2:38, 8:20, 10:45, 11:17) e o dom da redenção em Cristo (Romanos 5:15;
2Coríntios 9:15), manifestado de várias formas (Efésios 3:7, 4:7; Hebreus 6:4).
Esse uso indica que há aqui uma referência geral às bênçãos dadas à humanidade
na revelação do Filho, e não apenas uma simples descrição do que foi concedido
à mulher em sua conversa com Cristo. “O dom de Deus” é tudo o que é oferecido
gratuitamente no Filho. tu lhe pedirias. O pronome é
enfático (αὺ ἃν ᾔτ). água viva – isto é, água perene, que
flui de uma fonte inesgotável (Gênesis 26:19), sempre fluindo fresca (Levítico
14:5). O pedido que Cristo havia feito forneceu a ideia de uma parábola; a
necessidade física que Ele sentia sugeria uma imagem da bênção espiritual que
Ele estava pronto para conceder. Os judeus já estavam familiarizados com a
aplicação da expressão “água viva” para se referir às energias vivificantes que
procedem de Deus (Zacarias 14:8; Jeremias 2:13, 17:13. Cf. v. 14, nota), embora
seja incerto até que ponto essa linguagem profética seria conhecida pelos
samaritanos. Aqui, as palavras indicam aquilo que, do lado divino, responde à
sede espiritual, aos anseios dos homens por comunhão com Deus. Isso pode ser
visto sob vários aspectos: como a Revelação da Verdade, o dom do Espírito
Santo, individual ou socialmente, ou qualquer coisa que, de acordo com as
circunstâncias, conduza à vida eterna (v. 14), que consiste no conhecimento de
Deus e de Seu Filho Jesus Cristo (João 17:3). [Westcott, 1882]
19. Disse-lhe
a mulher: Senhor, vejo que és profeta.
- “Senhor, eu percebo”, isto
é pelo que você disse, “que você é um profeta” (compare com João 9:17, Lucas
7:16, “um profeta” não “o profeta”). Um profeta era alguém que tinha
capacidades especiais de discernimento, bem como de previsão. Compare com Lucas
7:39, onde o fariseu objeta que se Jesus fosse realmente um profeta, Ele
saberia que a mulher com o frasco de unguento era uma pecadora … A mulher
samaritana ficou surpresa com o conhecimento de sua história pessoal que Jesus
revelou, e, por sua resposta, ela praticamente confessa que era essa a história
dela. [Bernard, 1928]
20. Nossos
pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve
adorar.
- Nossos pais…e vós dizeis…
Para o estudante da Lei, o estabelecimento exclusivo do culto em Jerusalém
devia ser uma grande dificuldade. Para um samaritano, nenhuma questão poderia
parecer mais digna da decisão de um profeta do que a definição do centro
religioso do mundo. Assim, a dificuldade proposta não é uma distração, mas o
pensamento natural de alguém que se encontra diante de um intérprete da vontade
divina. Nossos pais. Refere-se, ou aos antepassados desde a época da
construção do Templo Samaritano após o Retorno, ou, mais provavelmente, aos
patriarcas. O Templo Samaritano foi destruído por João Hircano por volta de 129
a.C. (Josefo, ‘Antiguidades’, 13.9.1). adoraram. Para este uso absoluto do
verbo (προσκυνεῖν), veja João 12:20; Apocalipse 5:14 (leitura correta); Atos
8:27, 24:11. neste monte – apontando para o Monte Gerizim, ao pé do qual
está o poço. Segundo a tradição samaritana, foi neste monte que Abraão preparou
o sacrifício de Isaque e também onde ele encontrou Melquisedeque. Em
Deuteronômio 27:12, Gerizim é mencionado como o local onde seis tribos se
postaram para proclamar as bênçãos pela observância da Lei. E no Pentateuco
Samaritano, Gerizim, e não Ebal, é o monte onde o altar foi erguido
(Deuteronômio 27:4). A referência natural à montanha não mencionada é um traço inconfundível
da vida. Uma passagem notável é citada de ‘Bereshith R.’ §32, por Lightfoot e
Wünsche: “R. Jochanan, indo a Jerusalém para orar, passou por [Gerizim]. Um
certo samaritano, ao vê-lo, perguntou-lhe: Para onde vais? Ele respondeu: Vou a
Jerusalém para orar. Ao que o samaritano disse: Não seria melhor para ti orar
neste monte sagrado do que naquela casa amaldiçoada?” Compare ‘Bereshith R.’
§81. “e vós dizeis…vós (ὑμεῖς), do vosso lado… Todo o problema é
exposto em sua forma mais simples. Os dois fatos são colocados lado a lado (e,
não mas): a prática tradicional e o ensinamento judeu. o lugar – ou seja, o
único templo. devem adorar“] devem adorar (v. 24), de acordo com uma
obrigação divina (δεῖ). Compare João 3:30, nota. [Westcott, 1882]
21. Disse-lhe
Jesus: Mulher, crê-me a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém
adorareis o Pai.
- As reivindicações rivais
de Gerizim e Jerusalém não são determinadas pelo Senhor, pois desaparecem na
revelação de uma religião universal. Mulher, crê em mim. A forma original
(πίστευσον) marca o início da fé no presente, que deve crescer para algo mais
maduro. Compare com João 10:38, 12:36, 14:1, 14:11. Por outro lado, o ato único
de fé é marcado (πιστευσον) em Atos 16:31. Nos dois relatos paralelos, Marcos 5:36
e Lucas 8:50 (πίστευσον), as duas formas são usadas: a fé contínua e geral no
primeiro trecho é concentrada em um ato especial no segundo, com o acréscimo “e
ela será salva”. Nesta passagem, a frase única (“crê em mim”) corresponde ao
familiar “Em verdade, em verdade” ao introduzir uma grande verdade. Compare com
Malaquias 1:11. a (melhor, uma) hora vem. Essa consumação ainda era futura. O
templo ainda exigia a honra reverente dos crentes (João 2:16). Em contraste com
o versículo 23. a hora. Há uma ordem divina na qual cada parte do plano de
salvação é cumprida no devido tempo. Compare com João 5:25, 5:28, 16:2, 16:4,
16:25, 16:32. Cristo também teve “Sua hora” (João 2:4, nota). nem…nem
em Jerusalém. Os dois centros de adoração são mencionados nos mesmos termos
(οὔτε … οὔτε) no contexto do futuro. adorareis o Pai. A palavra “adorar”
foi usada de forma indefinida no versículo 20; aqui encontra seu verdadeiro
complemento. O objeto da adoração determina suas condições. Aquele que é
conhecido como o Pai encontra Seu lar onde estão Seus filhos. Este uso absoluto
do título “o Pai” é característico de João e quase exclusivo a ele. Outros
exemplos estão em Mateus 11:27 e paralelos; Atos 1:4, 1:7; Romanos 6:4; Efésios
2:18. A revelação de Deus como o Pai resume as novas boas novas do Evangelho.
Aqui, o título tem uma relação significativa com a ostentação de descendência
especial (“nossos pais”, v. João 4:20). [Westcott, 1882]
22. Vós
adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos, porque a salvação vem dos
judeus.
- Vós adorais o que não sabeis.
Sua adoração, portanto, é direcionada a Alguém cujo caráter, conforme revelado
através dos profetas e da história do povo de Deus, vocês verdadeiramente
desconhecem. Vocês sabem quem devem adorar, mas não O conhecem. Ao limitar sua
fé à lei, vocês se condenam à ignorância sobre o Deus de Israel. Nós, judeus,
por outro lado (o pronome é novamente enfático), adoramos o que sabemos, pois a
salvação prometida vem dos judeus. O poder do judaísmo reside no fato de que ele
não era um simples deísmo, mas uma preparação gradual para a Encarnação. O
judeu, portanto, conhecia aquilo que adorava, na medida em que a vontade e a
natureza de Deus foram gradualmente reveladas a ele. Veja o contraste em João
8:54. vós…nós … O forte contraste entre samaritanos e judeus, que
permeia o relato (versículos 9, 20, “vós dizeis”), e a referência pontual aos
“judeus” que segue, estabelecem além de qualquer dúvida razoável a
interpretação dos pronomes. o que… e não “a Quem…”. A forma abstrata
sugere a noção de Deus, tanto quanto Seus atributos e propósitos foram
revelados, em vez de Deus como uma Pessoa, revelado aos homens, finalmente, no
Filho (João 14:9). Compare com Atos 17:23 (ὃ οὖν). salvação. Melhor, a
salvação prometida e esperada (ἡ σωτηρία), a ser realizada na missão do
Messias. Veja Atos 4:12. Compare com Atos 13:26. Veja também Apocalipse 7:10,
12:10, 19:1. vem dos. Significa que “procede dos” (ἐστίν ἐκ), e não que
“pertence aos”. Compare João 1:46, 7:22, 7:52, e (10:16). O pensamento é
expresso simbolicamente em Apocalipse 12:5. [Westcott, 1882]
23. Mas
a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem.
- Porém a hora vem, e agora é
– evidentemente, querendo que ela entendesse que essa nova dispensação estava
em algum sentido sendo montada enquanto Ele estava falando com ela, um sentido
que em poucos minutos até agora apareceria, quando Ele disse a ela claramente
que Ele era o Cristo. [Jamieson; Fausset; Brown]
24. Deus
é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.
- A adoração precisa ser
sincera (4.24). A adoração precisa ser em espírito, ou seja, de todo o coração.
Precisa ter fervor. Não é um culto frio, árido, seco, sem vida. A adoração
precisa ser sincera. A adoração precisa ser em espírito, ou seja, de todo o
coração. Precisa ter fervor. Não é um culto frio, árido, seco, sem vida. Deus
é espírito. Esse versículo representa a afirmação clássica sobre a
natureza de Deus como Espírito. A frase significa que Deus é invisível (Cl
1.15; ITm 1.17; Hb 11.27), como oposto à natureza física ou material rio ser
humano (1.18; 3.6). A ordem das palavras dessa frase coloca a ênfase em
"Espírito", e a afirmação é essencialmente enfática. O ser humano
jamais compreenderia o Deus invisível a não ser que ele se revelasse, como o
fez na Escritura e na encarnação. o adorem. Jesus não está falando de
um elemento desejável na adoração, mas do que é absolutamente necessário. em
espírito e em verdade. A palavra "espírito" não se refere ao
Espírito Santo, mas ao espírito humano. Jesus está dizendo que a pessoa deve
adorar não simplesmente em conformidade externa a ritos e lugares religiosos
(externamente), mas interiormente ("em espírito"), com atitude
correta do coração. A referência à "verdade" diz respeito à adoração
a Deus consistente com a Escritura revelada e centrada no "Verbo que se
fez carne", que, cm última análise, revelou o Pai (14.6),
INTRODUÇÃO
O ser humano sente uma necessidade
intrínseca de Deus. Com a leitura da passagem de João 4, essa carência
espiritual torna-se evidente. Neste contexto, também se revela a importância de
uma autêntica adoração que surge de uma experiência profunda com Jesus Cristo.
Por este motivo, a Adoração Cristã é o tema central desta lição. A partir do
diálogo entre Jesus e a mulher samaritana, podemos extrair ensinamentos
valiosos sobre a adoração.
- Jesus faz a transição de
um diálogo com um doutor da lei para um diálogo com uma mulher samaritana. O contraste
entre Nicodemos e a samaritana é gritante: ele, homem, judeu, fariseu, mestre,
membro do Sinédrio; ela, mulher, samaritana, inculta, vivendo uma vida imoral.
Ambos, porém, precisavam de Jesus e foram alvos do amor de Jesus. O Senhor
prova, outrossim, ser capaz de salvar os dois. Em vibrante contraste com a fria
incredulidade com que nosso Senhor fora recebido em Jerusalém e na Judeia,
temos sua experiência em Samaria, onde uma cidade inteira o aceitou como o Messias
prometido, o Salvador do mundo.
Palavra-Chave:
ADORAÇÃO
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I. O
ENCONTRO EM SAMARIA E DUAS PRECIOSAS LIÇÕES
1. A necessidade de passar em
Samaria. Em João 4.4 é informado que
“era-lhe necessário passar por Samaria”. O Senhor deixava a Judeia em direção à
Galileia e, para tal, teria de atravessar por Samaria. Apesar de evitar entrar
nessa cidade devido à tensão racial entre judeus e samaritanos, havia uma
missão ainda mais urgente: o encontro com a mulher samaritana em Sicar, junto à
“fonte de Jacó” (vv.6,7). Durante essa conversa, Jesus abordou o assunto sobre
o local adequado para adorar a Deus: seria em Samaria ou em Jerusalém? Nesse
diálogo, nosso Senhor ensinou duas importantes lições.
- Várias estradas levavam
da Judeia para a Galileia: uma perto do litoral; outra pela região da Pereia; e
urna pelo centro de Samaria. Mesmo com a forte antipatia entre judeus e
samaritanos, o historiador judeu Josefo relata que o costume dos judeus, na
época das grandes festas, era atravessar o país dos samaritanos porque era a
rota mais curta. Embora a expressão "era necessário" talvez possa
referir-se ao fato de que Jesus quis ganhar tempo e evitar distância necessária,
por causa da ênfase do Evangelho no empenho do Senhor em cumprir o plano de seu
Pai (2.4; 7.30; 8.20; 12.23; 13.1; 14.31), o apóstolo pode ter realçado a
necessidade divina e espiritual, ou seja, Jesus estava comprometido com o
destino divino de encontrar-se com a mulher samaritana a quem se revelaria como
o Messias. Quando o povo de Israel se dividiu politicamente depois do reinado
de Salomão, o rei Onri nomeou "Samaria" como capital do Reino do
Norte de Israel (1 Rs 16.24). Mais tarde, o nome se referia a todo o distrito
e, às vezes, a todo o Reino do Norte, que tinha sido levado cativo (capital,
Samaria) pela Assíria, em 722 a.C. (2Rs 17.1-6). Conquanto a Assíria tenha
levado embora a maioria da população das dez tribos (para a região que atualmente
corresponde ao Iraque), um considerável número de judeus foi deixado na região
norte de Samaria; então, a Assíria transportou muitos não judeus para Samaria.
Esses grupos se misturaram para formar uma raça mista por meio de casamentos.
Finalmente, desenvolveu-se uma tensão entre os judeus que retornaram do
cativeiro e os samaritanos. Os samaritanos se retiraram do culto prestado a
Javé em Jerusalém e estabeleceram o seu próprio culto no monte Gerizim, na
Samaria (vs. 20-22). Eles consideravam como autoridade somente o Pentateuco. Em
consequência dessa história, os judeus repudiavam os samaritanos e os
consideravam hereges. Fortes tensões étnicas e culturais alimentadas
historicamente entre os dois grupos fizeram com que ambos evitassem conoto
mútuo tanto quanto possível (v. 9; Ed 4.1-24; Ne 4.1-6; Lc 10.25-37).
2. A necessidade do ser humano. O encontro entre Jesus e a mulher samaritana
não foi um simples acaso. Ele encontrava-se sentado à beira da fonte de Jacó,
na hora sexta, durante o calor do meio-dia. A mulher samaritana dirigiu-se à
fonte para recolher água, momento em que se cruzou com Jesus e ouviu um pedido
do amado Mestre: “Dá-me de beber” (v.7). Em resposta ao pedido de Jesus, ela
iniciou uma conversa com o divino Mestre, até que Este lhe propôs uma água que
se tornará nela uma “fonte de água a jorrar para a vida eterna” (v.14). O que
nosso Senhor ofereceu à mulher samaritana era “um tipo de água” capaz de
transformar toda a sua existência. Aqui encontramos a primeira valiosa lição:
toda pessoa necessita de Deus e, por isso, devemos aproveitar cada oportunidade
para partilhar essa “água da vida”.
- Jesus fez um ponto de
contato com aquela mulher pedindo-lhe: Dá-me um pouco de água. Se alguém deseja
penetrar o coração de outra pessoa, pode usar dois métodos: fazer-lhe um favor
ou pedir-lhe um favor. Com frequência, a segunda opção é mais eficaz que a
primeira. Jesus, no entanto, combinou as duas. Jesus se identificou com a
mulher. Ele deu valor a ela, quando todos fugiam. Jesus quebrou a barreira
cultural, conversando com a mulher em público. Ele não fugiu dela nem a
desprezou, mas a olhou com simpatia. Não a julgou nem a condenou. Ele começou
onde ela estava. Jesus a fez acreditar que algo mais, além da simples sede,
levou-o a lhe falar. É em vão esperar que as pessoas virão a nós em busca de
conhecimento. Nós devemos começar por elas. Devemos entender qual é o melhor
acesso ao coração delas. O Antigo Testamento é o pano de fundo para a expressão
“água viva”, que possui importante
significado metafórico. Em Jr 2.13, YHWH censura os judeus desobedientes pelo
fato de rejeitarem a ele, "o
manancial de águas vivas". Os profetas do Antigo Testamento olharam
para frente para um tempo quando "correrão
de Jerusalém águas vivas" (Ez 47.9; Zc 14.8). A metáfora do Antigo Testamento
falava do conhecimento de Deus e de sua graça que provê purificação, vida
espiritual e o poder transformador do Espírito Santo (cf. Is 1.16-18; 12.3;
44.3; Ez 36.25-27). João aplica esses temas a Jesus Cristo como a água viva,
que é simbólica da vida eterna mediada pelo Espírito Santo de Cristo (cf. v.
14; b.3.5; 7.37-39). Jesus usou a necessidade de água física da mulher para
sustentar a vida na região árida em que vivia como uma lição prática da
necessidade que ela tinha de transformação espiritual. A água da vida que Jesus
oferece não vem de um poço comum. É uma dádiva que só o Messias pode conceder. Muitas
pessoas vivem uma vida infeliz, vazia e prisioneira porque não conhecem Jesus,
o supremo dom de Deus. A mulher samaritana talvez não esperasse nada de Deus. Estava
desiludida. Por isso, Jesus tocou no nervo exposto de sua curiosidade: Se
conhecesses [...] não conheceis. Essa fala de Jesus aguçou na mulher o desejo
de saber quem era aquele interlocutor. Seria ele maior do que Jacó, o doador do
poço? Quem pretendia ser? Que diria de si? Assim como Nicodemos não conseguiu
compreender as palavras de Jesus sobre novo nascimento, a mulher também não
conseguiu entender as palavras de Jesus sobre a água viva.
3. O lugar de adoração a Deus. Dando seguimento à conversa com Jesus, a
mulher samaritana questiona-o sobre onde deveria ocorrer a verdadeira adoração,
se em Jerusalém ou no Monte Gerizim.
Neste diálogo, a samaritana procura
entender o local apropriado para adorar a Deus. Em resposta à sua indagação,
Nosso Senhor revela uma nova forma de culto. Esta adoração não seria exclusiva
dos judeus nem dos samaritanos. Na realidade, o verdadeiro culto dirigido a
Deus deve ser feito ao “Pai em espírito e em verdade” (vv.23,24). Aqui
encontramos uma segunda lição valiosa: o autêntico culto de adoração a Deus,
que satisfaz as necessidades humanas, não se limita a um lugar específico, mas
reside no mais profundo do ser humano, em “espírito e em verdade”.
- Diante das dificuldades
levantadas pela mulher samaritana para dar água a Jesus, este lhe mostrou que
era ela quem precisava de água, a água da vida. A mulher precisava conhecer o
dom de Deus, a água da vida (4.10). Aqui há uma leve reprovação nas palavras de
Jesus, como se ele dissesse: “Eu lhe pedi água comum, um dom de menor
importância, mas você hesitou em me oferecer água; se você tivesse me pedido a agua
viva, o dom supremo de Deus, eu não teria hesitado, mas lha teria dado imediatamente”.
A água da vida que Jesus oferece não vem de um poço comum. É uma dádiva que só
o Messias pode conceder. Muitas pessoas vivem uma vida infeliz, vazia e
prisioneira porque não conhecem Jesus, o supremo dom de Deus. A mulher
samaritana talvez não esperasse nada de Deus. Estava desiludida. Por isso,
Jesus tocou no nervo exposto de sua curiosidade: Se conhecesses [...] não
conheceis. Essa fala de Jesus aguçou na mulher o desejo de saber quem era aquele
interlocutor. Seria ele maior do que Jacó, o doador do poço? Quem pretendia
ser? Que diria de si? Jesus foi categórico com a mulher samaritana, ao declarar:
Quem beber desta água voltará a ter sede. Nicodemos não entendeu quando Jesus
falou sobre novo nascimento, e a mulher samaritana não entendeu quando Jesus
falou sobre a água da vida. Tanto o erudito Nicodemos quanto a ignorante
samaritana não entenderam a linguagem espiritual de Jesus. As coisas deste
mundo não satisfazem. Nada que o homem jogue para dentro do coração satisfaz. A
agua do poço de Jacó não satisfaz para sempre. A água do poço de Jacó fica fora
da alma e não é capaz de satisfazer as necessidades do coração. A água do poço
de Jacó é de quantidade limitada, diminui e desaparece. Satisfação era
exatamente aquilo a que essa pobre mulher aspirava. Atrás disso andara toda a
vida, e nessa busca não respeitara nem as leis de Deus, nem as dos homens.
Entretanto, continuava sedenta; e a sede nunca seria satisfeita, senão quando
achasse em Cristo o Senhor e Salvador pessoal. A água que Jesus concede é um
manancial completo e perpétuo que jorra para a vida eterna. Que água é essa, a água
da vida? A promessa de Deus é derramar água sobre o sedento (Is 44.3). Deus
convida todos: Vos, todos os que tendes sede, vinde às águas (Is 53.1). Deus
prometeu que seu povo tiraria com alegria águas do poço da salvação (Is 12.3).
Jesus disse: Se alguém tem sede, venha a mim e beba (Jo 7.37). O Espírito que
flui como rio dentro de nós é essa fonte que jorra para a vida eterna (Jo
7.38). Para o judeu, água viva significava água corrente. Tratava-se da água
que fluía de uma nascente, em oposição à água estancada de uma cisterna. Há no
texto duas palavras distintas para “fonte”. A primeira delas épegue, provavelmente
com o significado de mina de água ou olho d’água (4.6,14); a segunda é phrear,
que denota um poço cavado ou uma cisterna. Dessa palavra vem o conhecido termo
“lençol freático”, traduzido aqui por poço (4.11,12). As duas palavras
apropriadas para o poço de Jacó; o poço foi escavado, mas é alimentado por uma
veia subterrânea que raramente falha. A vida dessa mulher era como uma cisterna
cavada, um poço de águas paradas (phrear), mas Jesus ofereceu a ela uma fonte
de águas refrescantes, que jorraria de dentro dela para a vida eterna (pegue). No
milagre realizado em Caná da Galileia (2.6-11) e na conversa com Nicodemos
(3.5), a água já tinha um sentido espiritual. Aqui, a água do poço de Jacó,
simbolizando a antiga ordem herdada tanto por samaritanos como por judeus, é contrastada
com a nova ordem, o dom do Espírito, a vida eterna. Há ecos de promessas do
Antigo Testamento nessa promessa de Jesus. No dia da salvação, o povo de Deus
tirará águas das fontes da salvação com alegria (Is 12.3); eles não sentirão
fome nem sede (Is 49.10). O derramar do Espírito de Deus será como o derramar
de água sobre o sedento e torrentes sobre a terra seca (Is 44.3). A linguagem
da satisfação e transformação interior traz à mente uma série de profecias,
antecipando o novo coração e a troca do falido formalismo religioso por um
coração que conhece e experimenta Deus, ansioso por fazer sua vontade (Jr
31.29-34; Ez 36.25-27; Jl 2.28-32).O evangelho de João revela claramente que
existe um novo sacrifício (1.29), um novo templo (2.19-21; 4.20-24), um novo
nascimento (3.17) e uma nova água (4.11).
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SINOPSE I
O encontro entre Jesus e a mulher
samaritana demonstra que a verdadeira adoração satisfaz a necessidade humana de
adorar.
AUXÍLIO
TEOLÓGICO
O CONTEXTO HISTÓRICO ENTRE OS
SAMARITANOS E JUDEUS
“Depois que o Reino do Norte, com sua
capital em Samaria, foi derrotado pelos assírios, muitos judeus foram
deportados para a Babilônia, e estrangeiros foram levados para colonizar Israel
e ajudar a manter a paz (2Rs 17.24). O casamento misto entre estrangeiros e
judeus remanescentes resultou em um povo mestiço que se estabeleceu no Reino do
Sul, e era considerado impuro na opinião de judeus etnicamente puros. Estes
odiavam aqueles (os samaritanos), porque sentiam que seus compatriotas haviam
traído seu povo e sua nação por meio de tais casamentos. Os samaritanos haviam
instituído um centro alternativo para adoração no monte Gerizim (4.20), para
concorrer com o Templo em Jerusalém, mas aquele havia sido destruído há 150
anos. Face a tantos conflitos, os judeus faziam o possível para evitar viajar
pelo território de Samaria. Mas Jesus não tinha razões para viver segundo essas
restrições culturais. A rota por Samaria era mais curta, e foi a que Ele tomou.
[...] A fonte de Jacó ficava na terra que originalmente pertenceu a Jacó (Gn
33.18,19). Não havia nela uma nascente, era um reservatório, recebia águas da
chuva e do orvalho, recolhendo-as ao fundo. As fontes eram quase sempre
localizadas fora da cidade, ao longo da estrada principal. Duas vezes por dia,
de manhã e ao anoitecer, as mulheres iam retirar água. Aquela samaritana, no
entanto, foi ao meio-dia, provavelmente para evitar encontrar-se com pessoas
que conheciam sua reputação. Jesus levou àquela mulher uma extraordinária
mensagem sobre a fonte e a água pura que podiam saciar a sede espiritual dela
para sempre”(Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro:
CPAD, 2022, p.1422).
II. O
ENSINO DE JESUS A RESPEITO DA VERDADEIRA ADORAÇÃO
1. A adoração. Ao afirmar que ofereceria a “água viva” aos
que têm sede, Jesus referia-se a uma vivência espiritual que se daria no
interior de cada indivíduo: “a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de
água a jorrar para a vida eterna” (Jo 4.14). Assim, à luz das suas palavras
neste capítulo, a verdadeira adoração a Deus não está mais ligada a um local
específico, como Jerusalém ou Samaria. A presença de Deus já não se restringe a
uma determinada geografia, mas está presente em todos os lugares onde existam
adoradores sinceros. Mais do que uma adoração formal e ritualística, a
autêntica adoração possui essencialmente um caráter espiritual: “Deus é
Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”
(Jo 4.24).
- O apóstolo Paulo
descreve perfeitamente a verdadeira adoração em Romanos 12: 1-2: "Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias
de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas
transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja
a boa, agradável e perfeita vontade de Deus". Essa passagem contém
todos os elementos da verdadeira adoração. Primeiro, há a motivação para adoração:
"as misericórdias de Deus." As misericórdias de Deus são tudo o que
Ele tem nos dado que nós não merecemos: o amor eterno, a graça eterna, o
Espírito Santo, a paz eterna, a alegria eterna, a fé salvadora, conforto,
força, sabedoria, esperança, paciência, bondade, honra, glória, justiça,
segurança, vida eterna, perdão, reconciliação, justificação, santificação,
liberdade, intercessão e muito mais. O conhecimento e a compreensão desses
presentes incríveis nos motivam a demonstrar louvor e ação de graças - em
outras palavras, adoração! Também na passagem encontra-se uma descrição da
forma da nossa adoração: "apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo e
santo." Apresentar os nossos corpos significa dar a Deus tudo de nós
mesmos. A referência aos nossos corpos, aqui, significa todas as nossas
faculdades humanas, tudo da nossa humanidade - nossos corações, mentes, mãos,
pensamentos, atitudes - deve ser apresentado a Deus. Em outras palavras,
estamos abrindo mão do controle dessas coisas e entregando-o a Ele, assim como
um sacrifício literal foi entregue totalmente a Deus no altar. Mas como
alcançar isso? Mais uma vez, a passagem é clara: "pela renovação da sua
mente." Renovamos as nossas mentes diariamente ao limpá-las da
"sabedoria" do mundo e substituindo-as com a verdadeira sabedoria que
vem de Deus. Nós o adoramos com nossas mentes renovadas e limpas, não com
nossas emoções. As emoções são coisas maravilhosas, mas a menos que sejam
formadas por uma mente saturada na Verdade, elas podem ser forças destrutivas e
fora de controle. Onde a mente vai, a vontade segue, e assim fazem as emoções.
Primeiro Coríntios 2:16 nos diz que temos "a mente de Cristo", e não
as emoções de Cristo. Há apenas uma maneira de renovar as nossas mentes –
através da Palavra de Deus. É conhecer e compreender a verdade da Palavra de
Deus que renova nossas mentes. Conhecer a a verdade, crer na verdade, manter
convicções sobre a verdade e amar a verdade naturalmente resultarão em uma
verdadeira adoração espiritual. É convicção seguida de afeto, afeto que é uma
resposta à verdade, e não a quaisquer estímulos externos, incluindo a música. A
música, como tal, não tem nada a ver com a adoração. A música não pode produzir
adoração, embora certamente possa produzir emoção. A música não é a origem da
adoração, mas pode ser uma expressão da mesma. Não espere que a música induza a
sua adoração; busque nela apenas uma forma de expressar o que se encontra em um
coração encantado pelas misericórdias de Deus e obediente aos Seus mandamentos.
A verdadeira adoração é centrada em Deus. As pessoas tendem a se distrair com
onde devem adorar, qual música devem cantar na adoração e como outras pessoas
enxergam o seu louvor. Focalizar-se nessas coisas atrapalha enxergar o ponto
principal. Jesus diz-nos que os verdadeiros adoradores hão de adorar a Deus em
espírito e em verdade (João 4:24). Isso significa que adoramos a partir do
coração, essa é a maneira que Deus projetou. A adoração pode incluir orar, ler
a Palavra de Deus com o coração aberto, cantar, participar em comunhão e servir
aos outros. Ela não se limita a um ato, mas é feita corretamente quando o
coração e atitude da pessoa estão no lugar certo. Também é importante saber que
a adoração é reservada somente para Deus. Só Ele é digno e não qualquer um dos
Seus servos (Apocalipse 19:10). Não devemos adorar santos, profetas, anjos,
estátuas, quaisquer falsos deuses ou Maria, a Mãe de Jesus. Também não devemos
adorar com a expectativa de receber algo em troca, como uma cura milagrosa. A
adoração é feita para Deus - porque Ele merece - e para o Seu prazer apenas. A
adoração pode ser louvor público a Deus (Salmo 22:22; 35:18) em um ambiente
congregacional, onde podemos proclamar através da oração e louvor a nossa
adoração e gratidão a Ele e o que tem feito por nós. A verdadeira adoração é
sentida interiormente e então expressa através de nossas ações.
"Adorar" por obrigação desagrada a Deus e é completamente em vão. Ele
pode ver através de toda a hipocrisia, a qual Ele odeia. Ele demonstra isso em
Amós 5:21-24 ao falar sobre a vinda de julgamento. Um outro exemplo é a
história de Caim e Abel, os primeiros filhos de Adão e Eva. Ambos trouxeram
ofertas ao Senhor, mas Deus só se agradou com Abel. Caim trouxe a oferta por
obrigação; Abel trouxe os melhores cordeiros do seu rebanho. Ele trouxe o que
trouxe por fé e admiração por Deus. A verdadeira adoração não se limita ao que
fazemos na igreja ou em adoração aberta (embora sejam coisas boas e que a
Bíblia nos encoraja a fazer). A verdadeira adoração é o reconhecimento de Deus
e todo o Seu poder e glória em tudo o que fazemos. A forma mais elevada de
louvor e adoração é a obediência a Ele e à Sua Palavra. Para fazer isso,
devemos conhecer a Deus; não podemos ser ignorantes dEle (Atos 17:23). A
adoração serve para glorificar e exaltar a Deus - para mostrar a nossa lealdade
e admiração ao nosso Pai.
2. Jesus e a verdadeira adoração. Ao questionar Jesus sobre o local da adoração
(Jo 4.20,21), a mulher samaritana teve uma revelação que lhe permitiu entender
os ensinamentos de Jesus sobre a verdadeira adoração. O Senhor Jesus é, por si
só, a base para essa adoração genuína (Jo 4.21). É pertinente ilustrar esta
verdade ao lembrarmos do Calvário e do sepulcro vazio, onde, após sua morte, a
obra realizada se tornou a razão fundamental para a adoração de todos os
cristãos. Embora os locais físicos do Calvário e do sepulcro vazio possam não
ter grande significado por si mesmos, a lembrança da obra realizada nesses
lugares ultrapassa qualquer noção geográfica. O impacto dessa obra abrange
todos, não importando o lugar de onde se encontrem. Sempre que participamos da
Ceia do Senhor, essa memória permanece viva em nós, independentemente da nossa
localização (1Co 11.23-25; 15.3,4).
- Para podermos adorar a
Deus em espírito e em verdade temos que morrer para nós mesmos e para o pecado
a fim de ressuscitarmos para Deus. É somente em Cristo que podemos efetuar essa
mudança. “E se Cristo está em vós, o corpo,
na verdade, está morto, por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da
justiça” (Rm 8:10). Quando o Espírito Santo (Parakletos) ilumina e aviva o
nosso espírito, recebemos graça para podermos adorar ao SENHOR em espírito e em
verdade. Assim, estaremos de acordo com João 4:23-24. A adoração a Deus emana
de nosso interior a fim de expressá-la ao PAI e ao Senhor JESUS, “em espírito e
em verdade” o relacionamento íntimo e reverente, ressaltando as qualidades do
Deus Triúno. Pressupõe intimidade com o Rei dos Reis Jesus Cristo. Os samaritanos
só acreditavam no Pentateuco e como Deuteronômio diz que Deus suscitaria outro
profeta semelhante a Moisés, esse profeta seria o Messias. Assim, essa mulher
fez uma pergunta honesta: Onde adorar? Jesus respondeu que o importante não é onde,
mas como e quem adorar. A verdadeira adoração a Deus é em espírito e em
verdade. E de todo o coração e também prescrita pela Palavra de Deus. Os
samaritanos adoravam o que não conheciam. Assim, qualquer religião que consista
apenas em formalidade, sem fundamentação nas Escrituras, é absolutamente
inútil. Mas a hora vem, e agora é, em que
os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai
procura a tais que assim o adorem (23). Agora é o momento para que as
antigas formas, limitadas em termos de lugar e de nação, sejam transformadas em
uma adoração que é ao mesmo tempo pessoal, em espírito, e inteligente, em
verdade. "Adorar em espirito significa que nós entregamos as nossas
vontades à vontade de Deus, os nossos pensamentos e planos aos que Deus tem
para nós e para o mundo... Em verdade significa que não estamos adorando uma
"imagem" de Deus, feita segundo as nossas próprias ideias... somente
Cristo nos apresentou ao Deus 'verdadeiro' ou real"?' A palavra-chave em
toda esta ideia é Pai. Ele é o Objeto de adoração e aquele que procura os que o
adoram em espírito e em verdade. "Quando Deus se revelar como o Pai
universal... as limitações de espaço estarão acabadas e tanto o conhecimento
quanto a adoração a Deus serão mediados por meios puramente espirituais"."
A natureza do objeto de adoração, Deus é Espírito (24; cf. 1 Jo 1:5-4.8), determina
as condições necessárias para a adoração. Importa que os que o adoram o adorem
em espírito e em verdade (24).
SINOPSE II
A base da verdadeira adoração cristã
reside na narrativa do Calvário: o sacrifício substitutivo de Jesus.
AUXÍLIO
TEOLÓGICO
A VERDADEIRA ADORAÇÃO
“A mulher levantou uma questão
teológica popular entre judeus e samaritanos: qual o lugar correto para a
adoração? Mas tal pergunta era uma cortina de fumaça que tinha a finalidade de
manter Jesus longe da mais profunda necessidade dela. Jesus conduziu a conversa
a um ponto muito mais importante: o lugar da adoração não é tão importante
quanto a atitude dos adoradores. [...] A expressão “Deus é Espírito” mostra que
Ele não é um ser físico, limitado a tempo e espaço. Ele está presente em todos
os lugares e pode ser adorado em qualquer local e a qualquer tempo. O mais
importante não é onde adoramos, mas como adoramos o Senhor. A sua adoração é
genuína e verdadeira? Você tem a ajuda do Espírito Santo? Como o Espírito nos
ajuda a adorar? Ele ora por nós (Rm 8.26), ensina-nos as palavras de Cristo
(14.26) e garante-nos que somos amados (Rm 5.5)”. (Bíblia de Estudo
Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.1423).
III.
A ADORAÇÃO BÍBLICA
1. O conceito bíblico de adoração. Na língua hebraica, existe uma expressão
chamada hishtaha wa, que transmite a ideia de “manifestar um temor
reverente, admiração e respeito característicos da adoração”. Já na língua
grega, duas palavras são utilizadas para definir a adoração: latreia e proskuneo. A palavra latreia refere-se à submissão de quem
serve outrem. Por sua vez, proskuneo significa “adorar” ou o “ato de adoração”. No
diálogo com a mulher samaritana, Jesus utilizou o termo proskuneô (Jo 4.20-24). Em Português, a
palavra “adoração” implica “atribuir mérito ou valor” a alguém. Em suma, adorar
a Deus significa essencialmente reconhecê-lo, render-se e exaltá-lo por tudo o
que Ele é, e faz.
- "Proskuneô" é
uma palavra grega que significa "adorar" e é frequentemente usada na
Bíblia. Ela é composta por dois radicais: "pros", que significa
"em relação a", e "kuneo", que significa "beijar".
A Bíblia ensina que só devemos adorar a Deus. A verdadeira adoração vem do
coração, não é só um ato exterior. Quem adora outro que não seja Deus, rejeita
a Deus. Adoração é mostrar amor e respeito, se dedicando totalmente a Deus. Só
Deus merece tanta dedicação e reverência, porque Ele nos criou e é soberano
sobre tudo. Mais ninguém merece adoração (Lucas 4:8). A.W. Tozer diz que a
adoração é "a jóia perdida das
igrejas evangélicas". Tal declaração concernente à adoração não é
simplesmente negativa; ela busca um arrependimento e uma reforma dos caminhos
pelos quais nos temos desviado. Infelizmente, os cristãos não estão muito
cientes de que o Pai está procurando por aqueles que O adorem em Espírito e
verdade. Eles não são ensinados que a adoração é a "suprema
prioridade". A adoração é expressa por termos como latrueô e proskuneô. O
primeiro significa servir, prestar serviço ou homenagem religiosa. O último
significa fazer mesura, reverenciar. Na adoração, o homem toma o seu devido
lugar, com sua face no pó e Deus é reconhecido por aquilo que Ele é: o Criador,
Preservador e Soberano Redentor de seu eleito. Quando Deus é confessado desta
forma, nossa vida inteira, atitude, cosmovisão e perspectiva sobre todas as
coisas serão radicalmente afetadas. Então, não estamos falando aqui de “glórias”,
“aleluia(s)”, durante o culto; Trata-se de algo interior, que nos coloca em
nosso devido lugar quando estamos na presença de Deus – o pó da humilhação! Talvez
o Senhor tenha escondido o Seu rosto de nós e com isto, nos feito tropeçar;
estamos apalpando na escuridão, multiplicando as atividades e correndo daqui
para ali, pensando que estamos servindo a Deus. Mas Deus quer o sacrifício de nós
mesmos antes de querer o que temos. O Todo-suficiente não necessita de nós:
"Se eu tivesse fome, não to diria"
(Salmos 50:12). Talvez pensemos que estamos fazendo um favor a Deus ao
atendermos os serviços de adoração; e não percebemos que na adoração a Deus
chegamos a conhecer melhor tanto Ele, como nós mesmos. A igreja evangélica hoje
sofre desta forma, porque ela está muito mais engolfada no espírito deste
século. Sendo homens de pequena fé, não "vemos" o Deus invisível.
Assim, é somente "algumas vezes" que Deus nos surpreende com Sua
presença. Temos nos afastado do padrão demonstrado para nós, como aqueles que
adoram a Deus em Espírito e não confiam na carne. Necessitamos traçar nossos
passos de volta às "antigas veredas".
2. Adoração como ato de rendição a
Deus. O conceito fundamental da
palavra “adorar” (proskuneo) no Novo Testamento remete originalmente à noção
de “beijar”, associado a um ato de se dobrar os joelhos ou prostrar-se com a
testa no solo, ou sobre os pés da pessoa a quem se está submisso. O episódio da
mulher pecadora ilustra bem esse significado (Lc 7.37,38) e nos ensina a
reconhecer a própria inferioridade e, e também, a superioridade daquEle que
estamos dispostos a servir plenamente.
- A rendição é um termo de
batalha. Implica abrir mão de todos os direitos ao conquistador. Quando um exército
adversário se rende, eles depõem as armas e os vencedores assumem o controle a
partir de então. Entregar-se a Deus funciona da mesma maneira. Deus tem um
plano para nossas vidas, e rendermo-nos a Ele significa que deixamos de lado os
nossos próprios planos e buscamos ansiosamente os Seus. A boa notícia é que o
plano de Deus para nós é sempre do nosso interesse (Jeremias 29:11), ao
contrário dos nossos próprios planos que muitas vezes levam à destruição
(Provérbios 14:12). Nosso Senhor é um vencedor sábio e benéfico; Ele nos
conquista para nos abençoar. Existem diferentes níveis de rendição, todos os
quais afetam o nosso relacionamento com Deus. A rendição inicial à atração do
Espírito Santo leva à salvação (João 6:44; Atos 2:21). Quando deixamos de lado
nossas próprias tentativas de ganhar o favor de Deus e confiamos na obra
consumada de Jesus Cristo em nosso favor, nós nos tornamos filhos de Deus (João
1:12; 2 Coríntios 5:21). Mas há momentos de maior rendição durante a vida de um
cristão que trazem uma intimidade mais profunda com Deus e maior poder no
serviço. Quanto mais áreas de nossas vidas entregarmos a Ele, mais espaço
haverá para o enchimento do Espírito Santo (Efésios 5:18). Quando estamos
cheios do Espírito Santo, exibimos traços do Seu caráter (Gálatas 5:22). Quanto
mais nos rendemos a Deus, mais nossa velha natureza de auto-adoração é
substituída por uma que se assemelha a Cristo (2 Coríntios 5:17). Romanos 6:13
diz que Deus exige que entreguemos a totalidade de nós mesmos; Ele quer o todo,
não uma parte: “nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como
instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os
mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça.” Jesus disse
que Seus seguidores devem negar a si mesmos (Marcos 8:34)— outro chamado para
se render. O objetivo da vida cristã pode ser resumido em Gálatas 2:20: “…
logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora,
tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se
entregou por mim.” Tal vida de entrega é agradável a Deus, resulta na maior
realização humana e colherá recompensas finais no céu (Lucas 6:22-23).
3. Adoração como ato de serviço a
Deus. O serviço a Deus está
profundamente associado à adoração. Esse é um ato espontâneo que demonstra o
nosso reconhecimento da soberania de Deus sobre tudo. Assim, o serviço que
prestamos a Ele, ou seja, cumprir os seus propósitos para nós, exige uma
entrega total da nossa vida, como um sacrifício vivo ao Senhor (Rm 12.1), de
tal forma que não podemos servir a dois senhores, mas somente a um (Mt 6.24).
Trata-se de uma entrega completa a Deus através da nossa existência.
- Você já percebeu que
servir é uma atividade incessante? É como respirar. Não existe um só momento em
que não estejamos servindo alguém. Nenhum de nós fica de fora, esperando um convite
para entrar nessa “roda” de servir. Desde que nascemos, todos estamos
ativamente envolvidos em servir. Na maior parte do tempo, contudo, simplesmente
servimos a nós mesmos — canalizando nossa energia e nossa esperança de ser
feliz em desejos e sonhos próprios. A cada momento, porém, ou servimos aos
desejos da carne ou aos desejos de Deus. Como Paul Tripp afirma: “Nossa vida é
moldada pela batalha entre o reino de Deus e o nosso reino pessoal.”1 Esse
conflito reside no fato de que nós não queremos nos submeter aos desejos e às
necessidades de outros. Nem mesmo se esses desejos forem de Deus. Isso gera um
problema, como Jesus tão bem destacou, pois não podemos obedecer a Deus e aos
nossos próprios interesses ao mesmo tempo: “Ninguém pode servir a dois
senhores; porque ou odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e
desprezará o outro” (Mt 6.24). Ou servimos a Deus ou a outro senhor totalmente
diferente. Nem sempre esse é o tipo de serviço com o qual eu queira me
envolver. Frequentemente, prefiro me dedicar a servir ao meu reino pessoal —
aquele em que eu mesmo sou o objeto de adoração e no qual defino o que é servir
(e normalmente defino como servindo a mim mesmo e tendo os outros também me
servindo). Sempre servimos àquele que vemos como o rei de nosso reino. Esse é o
motivo pelo qual serviço e adoração são em essência a mesma coisa. Mas o
serviço, segundo a Bíblia, requer que a preferência seja dada a outros, e não a
nós mesmos; requer que nos sacrifiquemos, de boa vontade, dedicando tempo e
energia, que poderiam ser usados em benefício próprio, para beneficiar outros.
O serviço na visão bíblica nos chama para que voltemos nosso foco na direção de
outros. Nisso imitamos a Cristo, que serviu aos outros a ponto de por eles
morrer. Como enfatizarei por todo este livro, o chamado de todo cristão é
servir a Deus como grata resposta ao evangelho. Serviço como adoração – O privilégio
de servir na Igreja Local. Nate Palmer. Ed Vida Nova.
4. Uma experiência interior de
adoração. Sentimos uma necessidade
profunda de adorar a Deus, conforme é lembrado no Salmo 42: “A minha alma tem
sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de
Deus?” (Sl 42.2). A gloriosa presença do Deus Todo-Poderoso satisfaz todas as
carências da pessoa. Assim, a verdadeira adoração envolve uma postura interior
que permite ao crente estabelecer um vínculo profundo com Jesus Cristo,
reconhecendo-o como Senhor e Salvador das nossas vidas.
- A verdadeira adoração é
um dos temas centrais das Escrituras. A veneração de imagens de escultura é uma
abominação para Deus, pois Deus é plenamente espiritual em sua essência. Quando
Jesus diz que Deus é Espírito, isso significa que Deus é invisível, intangível
e divino, em oposição a humano. E desconhecido para os seres humanos a menos
que decida se revelar (1.18). Da mesma forma que Deus é luz (lJo 1.5) e amor (lJo
4.8), também é Espírito (4.24). Esses são elementos da forma em que Deus se apresenta
aos seres humanos, da bondosa autorrevelação em seu Filho. Deus escolheu se
revelar quando o Verbo se fez carne. Quem vê Jesus, vê o próprio Pai. O culto
prestado a outros deuses é uma ofensa a Deus, pois Deus é um só e não há outro.
A adoração a Deus, entrementes, não pode ser do nosso modo nem ao nosso gosto, pois
Deus mesmo estabeleceu critérios claros como exige ser adorado. Muitas igrejas,
com o propósito de agradar às pessoas, estabelecem formas estranhas de adoração
que não estão prescritas nas Escrituras. Isso é como fogo estranho no altar. O
pragmatismo religioso está substituindo a verdade de Deus em muitas igrejas.
Muitas pessoas buscam o que funciona, não o que é certo. Procuram o que dá
resultado, não a verdade. Estabelecem um culto sensório, não um culto em
espírito e em verdade. Jesus orienta a mulher samaritana que não é ao judaísmo que
os samaritanos devem ser convertidos, nem é para Jerusalém que devem fazer
peregrinações a fim de adorar. Em Jerusalém, Jesus também não encontrou
“verdadeiros adoradores”. Ali eles haviam transformado a casa de seu Pai numa
casa de comércio.32 Os verdadeiros adoradores não podem ser identificados por
sua ligação com um santuário particular. Os verdadeiros adoradores são aqueles
que adoram o Pai em espírito e em verdade. A adoração falsa é abominação para
Deus, e a adoração hipócrita provoca o desgosto de Deus. O profeta Isaías já havia
demonstrado o desgosto divino, quando disse que o povo de Israel honrava a Deus
com os lábios, mas seu coração estava distante de Deus (Is 29.13). Nessa mesma linha,
Amós foi contundente quando escreveu em nome de Deus: Eu detesto e desprezo as
vossas festas; não me agrado das vossas assembleias solenes [...]. Afastai de
mim o som dos vossos cânticos, porque não ouvirei as melodias das vossas liras (Am
5.21,23). Jesus diz à mulher samaritana o que adoração não é. Primeiro, não é
adoração centrada em lugares sagrados (4.20). Não é neste monte nem naquele.
Não existe lugar mais sagrado que outro. Não é o lugar que autentica a adoração,
mas a atitude do adorador.
SINOPSE III
O ato de adoração ao Senhor envolve a
rendição completa de nossa vontade, pensamentos e ações a Ele, manifestando-se
em um serviço voluntário.
CONCLUSÃO
Neste estudo, focamos nos
ensinamentos práticos de Jesus acerca da adoração e, por consequência,
discutimos a doutrina da Adoração Cristã. O capítulo 4 do Evangelho de João
revela duas lições valiosas. A primeira é que todo ser humano possui uma
necessidade a satisfazer: a necessidade de Deus. A segunda é que, em Jesus, a
verdadeira adoração surge como um movimento que se inicia no interior. Tudo
isso resulta de uma experiência viva com Jesus Cristo.
- Criado á imagem e
semelhança de Deus, partilhando com o Senhor uma identidade desconhecida por
todas as outras criaturas, somente o homem pode desfrutar de um relacionamento
pessoal, voluntário e consciente com Deus. Nós adoramos a Deus porque Deus nos
criou para adorá-lo. Adoração está no centro da nossa existência; no coração da
nossa razão de ser. Deus nos criou para ser sua imagem - uma imagem que
refletiria sua glória. De fato, toda a criação foi trazida à existência para
refletir a glória divina. O salmista nos diz que "os céus proclamam a
glória de Deus; e o firmamento anuncia as obras das suas mãos" (Salmos
19:1). O apóstolo Paulo na oração com que ele inicia a epístola aos Efésios mostra
claramente que Deus nos criou para louvá-lo. “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem
abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo,
assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e
irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção
de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para
louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado
(...)” (Ef 1.3-6).
Tudo já valeu a pena, mas a maior recompensa ainda está por vir.
Que o mundo saiba que Jesus Cristo é o seu Senhor!
Dele seja a glória!
_______________
Francisco Barbosa (@Pbassis)
Non
Nobis Domine, Non Nobis
• Graduado
em Gestão Pública;
• Teologia
pelo Seminário Martin Bucer (S.J.C./SP);
• Pós-graduado
em Teologia Bíblica e Exegese do Novo Testamento, pela Faculdade Cidade Viva
(J.P./PB);
• Professor
de Escola Dominical desde 1994 (AD Cuiabá/MT, 1994-1998; AD Belém/PA,
1999-2001; AD Pelotas/RS, 2000-2004; AD São Caetano do Sul/SP, 2005-2009; AD
Recife/PE (Abreu e Lima), 2010-2014; Ig Cristo no Brasil, Campina Grande/PB,
2015).
• Pastor
da Igreja de Cristo no Brasil em Campina Grande/PB
Servo, barro nas mãos do Oleiro.
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REVISANDO O CONTEÚDO
1. Quais
são as duas principais lições que Jesus nos ensinou durante a sua conversa com
a mulher samaritana?
Toda pessoa necessita de Deus; o autêntico culto de adoração a Deus não
se limita a um lugar específico.
2. O
que constitui o verdadeiro culto de adoração a Deus que atende às necessidades
humanas?
O verdadeiro culto dirigido a Deus deve ser feito ao “Pai em espírito e
em verdade” (vv.23,24).
3. Quais
são os elementos essenciais da verdadeira adoração?
Em suma, adorar a Deus significa essencialmente reconhecê-lo, render-se
e exaltá-lo por tudo o que Ele é, e faz.
4. Em
resumo, o que implica adorar a Deus?
Implica reconhecer a própria inferioridade e a superioridade daquEle que
estamos dispostos a servir plenamente.
5. De
que forma podemos definir a adoração como um ato de serviço dedicado a Deus?
O serviço que prestamos a Ele, ou seja, cumprir os seus propósitos para
nós, exige uma entrega total da nossa vida, como um sacrifício vivo ao Senhor
(Rm 12.1).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
A VERDADEIRA ADORAÇÃO
O episódio relatado nesta lição
destaca um dos ensinamentos mais preciosos do Evangelho: a verdadeira adoração
a Deus. Nos dias em que Jesus exerceu Seu ministério terreno, os judeus
encontravam-se extremamente cegos e tomados por uma religiosidade vazia. Adorar
a Deus verdadeiramente não era uma prioridade para os fariseus e líderes
religiosos judeus. O encontro de Jesus com a mulher samaritana revela algumas
verdades que vão de encontro ao padrão religioso daquela época. Primeiro, o
Mestre vai ensinar que “os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e
em verdade” (Jo 4.24a). Segundo, que o Pai procura a tais adoradores que assim
O adorem (v.24b).
O discurso de Jesus para mulher
samaritana revela que Deus se importa com a adoração, e não apenas isso, mas
que essa adoração seja praticada “em espírito e em verdade”. A qualidade dessa
adoração deve ser almejada pelos crentes. O Comentário Bíblico Beacon (CPAD)
discorre sobre este tema: “Agora é o momento para que as antigas formas,
limitadas em termos de lugar e de nação, sejam transformadas em uma adoração
que é ao mesmo tempo pessoal, em espírito, e inteligente, em verdade. ‘Adorar
em espírito significa que nós entregamos as nossas vontades à vontade de Deus,
os nossos pensamentos e planos aos que Deus tem para nós e para o mundo... Em
verdade significa que não estamos adorando uma imagem’ de Deus, feita segundo
as nossas próprias ideias... somente Cristo nos apresentou ao Deus ‘verdadeiro’
ou ‘real’. A palavra-chave em toda esta ideia é Pai. Ele é o objeto de adoração
e aquele que procura os que o adoram em espírito e em verdade. ‘Quando Deus se
revelar como o Pai universal... as limitações de espaço estarão acabadas e
tanto o conhecimento quanto a adoração a Deus serão mediados por meios
puramente espirituais’. A natureza do objeto de adoração, Deus é Espírito (24;
cf. 1Jo 1.5; 4.8), determina as condições necessárias para a adoração. Importa
que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade (v.24)” (2006, Volume 7,
pp.58,59).
Devemos considerar que a natureza do
relacionamento com Deus não está restrita à frieza da lei, observada pelos
fariseus e religiosos que ocupavam a cadeira de Moisés naqueles dias. O
verdadeiro cumprimento da lei está gravado no coração daqueles que entendem a
mensagem transformadora do Evangelho e recebem o Espírito Santo, conforme
profetizou Jeremias (Jr 31.33). Que nosso relacionamento com o Pai seja tão
verdadeiro quanto nossa adoração.