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8 de novembro de 2021

A D U L T O S: LIÇÃO 7: PAULO NO PODER DO ESPÍRITO

 


Comentário elaborado pelo Pb Alessandro Silva, disponível em: professordaebd.com.br

 

TEXTO AUREO

E impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam.” (At 19.6)    

 

VERDADE PRATICA

Uma vez movidos no poder do Espírito, podemos ser bem-sucedidos na missão de pregar o Evangelho a toda a criatura.  

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Atos 19.1-7

 

INTRODUÇÃO

Movido pelo Espírito Santo, o apóstolo Paulo passou a ter como missão de vida dar testemunho de Jesus e provar que Ele é o Cristo (At 19.21,22). Nesta lição, veremos como Paulo pregou a Cristo no poder do Espírito, seu argumento sobre a plenitude do Espírito Santo e a fonte da revelação do Espírito Santo em seu ministério. Confirmaremos que o ministério do apóstolo Paulo foi um ministério no poder do Espírito Santo.    

Comentário

Alguns biblistas afirmam que Paulo concentrou toda a sua teologia na soteriologia e que deixou de lado a pneumatologia. Entretanto, discordamos dessa ideia, porque ninguém mais que Paulo abordou a doutrina do Espírito Santo. Se levarmos em conta a cronologia da vida de Paulo, iremos descobrir que esse imponente homem, uns 20 anos aproximadamente depois do Pentecostes e uns poucos anos depois da sua conversão no dramático e memorável encontro que teve com o Senhor Jesus no caminho de Damasco, foi um homem guiado pelo Espírito Santo. Ananias – um dos 120 discípulos que recebeu o derramamento do Espírito Santo e que foi enviado pelo Espírito para ir à casa onde Saulo estava hospedado – orou por ele, e as vistas de Saulo foram recuperadas. Quando Ananias impôs as suas mãos sobre Saulo, este recebeu o dom do Espírito Santo (At 9.3-6,17,18). Impactado pela revelação de Jesus no caminho de Damasco e, depois, recuperado das vistas, foi batizado em nome de Jesus. Depois dessa gloriosa experiência, Paulo foi cheio do Espírito Santo e, consciente do seu ministério, exerceu-o com a unção do Espírito Santo por onde andava. No texto de Atos 19.7, percebe-se o resultado de uma vida cheia do Espírito Santo, e, compartilhando com toda a igreja em Éfeso, ele impunha as mãos sobre as pessoas, e estas recebiam o Espírito Santo. Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021.    

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«…resolveu no seu espírito…» literalmente traduzida, essa frase diria «no espírito». Posto que o texto grego não contém letras maiúsculas, nem mesmo no caso da palavra «espírito», ainda quando se refere ao Espírito Santo, é impossível para nós, com base nessa indicação, descobrirmos se a referência aqui é ao espírito de Paulo ou ao Espírito de Deus. Portanto, qualquer tradução que aqui encontremos, pertencerá mais à categoria das interpretações do que mesmo das traduções. Por conseguinte, neste lugar, essa palavra pode significar que Paulo sentiu alguma forma de impulso íntimo, em seu próprio espírito, derivado de si mesmo ou do Espírito de Deus, para subir a Jerusalém. No entanto, o artigo definido, que também aparece no original grego, relativo à palavra «espírito», pode bem indicar que o escritor sagrado tinha o Espírito Santo em mente quando assim escreveu, e que então está correta a interpretação que diz «no Espírito», e não «no …espírito», conforme diz esta versão portuguesa. Por outro lado, com frequência é usado o artigo definido como se fora um pronome possessivo, e, em razão disso, é perfeitamente possível a tradução no seu espírito. Todavia, voltando à primeira posição, a observação de que neste ponto da narrativa do livro de Atos, é enfatizada a orientação imprimida pelo Espírito Santo, é mais provável que o Espírito de Deus é quem realmente esteja em foco neste versículo. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 419.    

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Esses dois breves versículos são um esboço do que ainda está por vir, um resumo do futuro. Em especial, no versículo 21, somos informados que Paulo viaja pela Macedônia e Acaia para, depois, ir a Jerusalém e, finalmente, para Roma. Esse é o esboço do restante do livro. Contudo, o que temos aqui é mais que apenas um esboço; é a indicação de uma mudança radical na natureza da narrativa. A frase: “Depois de ocorridas essas coisas”, sugere que, agora, algo fora cumprido. De certa maneira, Paulo, agora, cumpriu a tarefa missionária que o Espírito lhe confiara. O que falta, nesse ponto da história, é ir para Jerusalém e, depois, para Roma, lugares não tanto de trabalho missionário como de perseguição e sofrimento. Na carreira de Paulo, essa passagem faz paralelo com o que Lucas diz sobre Jesus “manifest[ar] firme propósito de ir para Jerusalém” (Lc 9.51). O verbo “cumprir”, que aparece nesse ponto do evangelho, também aparece nesse versículo de Atos. Da mesma maneira que se pode dizer que a paixão de Jesus começou em Lucas 9.51, também, agora, a vida de Paulo toma-se cada vez mais de sofrimento e oposição oficial. Gonzalez., Justo L. Atos o Evangelho do Espirito Santo. Editora Hagnos. pag. 267 -268.    

 

I – PREGANDO A CRISTO NO PODER DO ESPÍRITO

 

1 Paulo, movido pelo poder do Espírito. O Livro de Atos mostra que, após sua conversão, Paulo ficou “alguns dias com os discípulos que estavam em Damasco” (At 9.19). E, logo em seguida, ele “pregava a Jesus, que este era o Filho de Deus” nas sinagogas (9.20). Mais tarde, quando chegou a Jerusalém, Paulo “falava ousadamente no nome de Jesus” (9.29). Era o poder do Espírito Santo que o movia de tal modo que o apóstolo não tinha outra missão, senão, pregar a Jesus, e este crucificado (1 Co 2.2). Ele só poderia pregar tal mensagem pelo Espírito de Deus (1 Co 12.3).    

Comentário

    Desde a sua conversão no caminho de Damasco, Paulo foi impactado com a experiência da glória de Cristo (At 9.3-5). Ao receber a oração e a imposição das mãos de Ananias, Paulo foi cheio do Espírito Santo. Três dias depois dessa experiência, ele já estava disposto a dar a sua vida com uma nova mensagem de que Jesus era o Filho de Deus. O texto de Atos 9.19,20 diz que: “E, tendo comido, ficou confortado. E esteve Saulo alguns dias com os discípulos que estavam em Damasco. E logo, nas sinagogas, pregava a Jesus, que este era o Filho de Deus”. Na verdade, Paulo permaneceu alguns dias em Damasco, lugar que ele havia ido para perseguir os cristãos da cidade, mas acabou por entrar na sinagoga de Damasco para confrontar os judeus com a nova mensagem, confundindo-os e provocando grande polêmica acerca da sua nova atitude. Entretanto, dando-se a conhecer os discípulos de Damasco, Saulo recebeu as primeiras orientações sobre a mensagem do evangelho. O poder do Espírito movia-o de tal modo que ele não conseguia aquietar-se (At 9.20-22). Tornou-se, por isso, a razão do crescente movimento da igreja. A experiência pastoral ensina-nos que sempre os novos convertidos, cheios do Espírito, são capazes de enfrentar ameaças para anunciar a sua experiência de fé. Naturalmente, é o testemunho desses novos convertidos que faz a igreja crescer. A liderança da igreja deve sempre investir no discipulado desses novos crentes, preparando-os para os embates da fé. A despeito de toda a bagagem cultural, religiosa e secular, isso não era suficiente para que Paulo saísse imediatamente no campo missionário. Ele mesmo percebeu que precisava conhecer um pouco mais sobre Cristo e suas doutrinas. Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021.    

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Isso ele fazia nas mesmas sinagogas onde teria entrado com o propósito de obrigar seus dirigentes a entregarem os membros que se tinham tornado cristãos, contra o que tais dirigentes não teriam podido resistir, porquanto Saulo vinha armado de expressa autorização escrita do sinédrio de Jerusalém, que aqueles dirigentes de sinagogas não poderiam ignorar, sob pena de caírem no desagrado do sinédrio, sofrendo as devidas consequências de sua rebeldia. Quão estranho deve ter sido, para os judeus crentes que havia nessas sinagogas, ouvirem aquele fanático Saulo de Tarso, cuja reputação era a pior possível, a proclamar agora Cristo claramente, como o Filho de Deus, ao invés de blasfemar de seu nome e de maltratar os seus seguidores como gado. Que tal mensagem foi pregada nas sinagogas, pelo extremamente zeloso Saulo, deve ter sido repelente para os oficiais das sinagogas que porventura estavam de acordo com o sinédrio de Jerusalém. E não se há de duvidar que o mesmo deve ter sentido os membros do sinédrio. Não e mister fazer prolongado exame desse título de Jesus, até mesmo nos evangelhos, ou na tradição crista, para perceber que era utilizado com uma significação muito mais elevada do que para meramente designar Jesus como o Messias, embora seja esse, por semelhante modo, um sentido legitimo do título, conforme e ordinariamente usado nas páginas do A.T. Esse termo realmente tenciona apresentar uma espécie de dupla criptologia, que expõe o contraste do que se poderia compreender pela expressão Filho do homem. O Senhor Jesus e o homem representativo, um homem verdadeiro, que sofreu os sofrimentos humanos, tendo-se identificado com os homens em todos os pontos essenciais. (Quanto a notas expositivas acerca da humanidade de Cristo, seu sentido e importância para conosco, ver o trecho de Fil. 2:7). Ao mesmo tempo, porém, Jesus e também o Filho de Deus, distinto dos homens conforme os conhecemos agora, por ser ele perfeito e total participante da natureza divina. E muito provável que quando foi escrito o primeiro dos evangelhos—Marcos—esse título já fosse frequentemente usado como título divino. É verdade que o próprio termo não tem de indicar necessariamente deidade, porque, no A.T., era empregado até mesmo como título de reis, sacerdotes e profetas, e dava a entender tão-somente que Deus estava com eles e os dirigia. Porém, também e obvio que, em muitas referências, quando o título Messias e aplicado ao Senhor Jesus, está em foco mais do que uma relação especial qualquer, porquanto tenciona incluir a ideia da participação na essência divina; e esse e um dos particulares onde o cristianismo ultrapassa em muito a qualquer implicação do judaísmo, no que diz respeito a natureza do Messias. (Ver os trechos de Mat. 11:27; Marc. 13:32; 14:36; Joao 20:17; 10:38; 14:10; 5:35; 3:16 e Heb. 1:2). As ideias centrais do título Messias, são as seguintes:

  1. Jesus e a grande figura predita no A.T., ainda que em termos que excedem em muito aquilo que os judeus compreendiam através de tais profecias.
  2. Realmente eles mantem uma relação toda especial para com Deus Pai. conforme indicam-nos com grande clareza passagens como Joao 5:19,30; 16:32; 8:49,50 e Heb. 1:3,
  3. Essa expressão veio a ser termo que designa a natureza divina do Senhor Jesus. Assume assim uma natureza transcendental, tornando-se um título que indica a exaltada e divina natureza do Salvador dos homens.

Na qualidade de Messias, e de conformidade com a perspectiva crista acerca desse oficio, ele e o Filho de Deus em sentido absoluto. (Ver Mat. 27:43; 9:27; 24:36 e Marc. 13:32). Por causa dessa filiação e que ele e o verdadeiro Messias, o Salvador determinado e qualificado pelo Pai, o alvo da criação inteira, porquanto Deus está duplicando o seu Filho amado nos remidos. Paulo deixa subentendido claramente que o próprio Deus se manifestou em Cristo, o que e, igualmente, a grande ênfase do quarto evangelho, onde 0 Cristo aparece também como o Logos ou Verbo eterno, o criador de todas as coisas. A ideia parece ser que, no N.T., se ensina que a fim de Cristo poder levar os homens a uma verdadeira e completa comunhão com Deus, era necessário que fosse ele verdadeiro homem e verdadeiro Deus ao mesmo tempo, e não meramente—um personagem celestial, como é o caso dos anjos. E seguro supormos que Saulo de Tarso, tendo experimentado aquele tão poderoso encontro místico com o Senhor, na estrada de Damasco, ficou convicto da realidade de que Jesus era muito mais do que meramente o Messias, tendo usado a palavra Cristo (ou Messias), desde seus primeiros testemunhos nas sinagogas de Damasco, a fim de dar a entender a divindade de Jesus, embora ainda não compreendesse plenamente a significação de tudo isso, até haver recebido visões e revelações posteriores, que se concretizaram em suas epistolas, preservadas miraculosamente para nos nas páginas do N.T. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 198-199.    

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Saulo Prega que jesus É o Cristo (9.19b-22). Saulo fica vários dias com os cristãos de Damasco, que o recebem imediatamente na comunhão. Em seguida ao batismo em águas e no Espírito, ele começa a cumprir a missão que Deus lhe deu de pregar que jesus é o Filho de Deus. O título “Filho de Deus” refere-se à filiação messiânica de jesus de acordo com o Salmo 2.7 e é uma chave da teologia de Paulo (cf. Rm 1.4). Como Pedro no Dia de Pentecostes, ele é capacitado pelo Espírito a proclamar aos judeus incrédulos que Jesus é o iniciador da salvação e que sua morte é o único meio de reconciliar as pessoas a Deus (cf. Rm 5.10; Gl 2.20; Cl 1.13,14). Evidentemente, nesta ocasião Saulo tem apenas um ministério pequeno na cidade. A pregação de Saulo tem forte efeito nos ouvintes. Todos que o ouvem ficam pasmos com este homem, que tinha buscado destruir a Igreja em Jerusalém e ido a Damasco com propósito semelhante. A palavra traduzida por “perseguia” (portheó) significa pilhar ou saquear uma cidade (cf. Gl 1.13,23, onde Paulo usa esta palavra para descrever seus esforços em destruir a Igreja). Agora, nas sinagogas em Damasco, ele testemunha da mesma fé que tinha tentado destruir. Saulo tinha visto o Cristo ressurreto na sua glória e, assim, pregava como testemunha ocular (cf. 1 Co 9-1). Os judeus em Damasco estavam confusos com os argumentos de Saulo de que o Jesus crucificado é o Messias prometido pelos profetas do Antigo Testamento. Inspirado pelo Espírito Santo, ele se torna cada vez mais poderoso em sua pregação, e seus oponentes ficam perplexos e não podem refutá-lo. Este aumento em poder fala da obra dinâmica do Espírito. Tal poder espiritual é básico à experiência pentecostal e ao ministério de Paulo, que começa aqui em Damasco e continua durante os próximos vinte e cinco anos ou mais. Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. pag. 676.  

 

2. O caminho de pregação. Depois do estágio no deserto da Arábia por três anos, Paulo voltou a Damasco, e daí foi para Jerusalém (Gl 1.18). Não teve uma recepção calorosa porque os cristãos de Jerusalém, inclusive os apóstolos, ainda temiam a presença do antigo Saulo de Tarso (At 9.26). Com alguma reserva, ele foi acolhido na “igreja-mãe” e todos ouviram o seu testemunho e, sem se intimidar, ele pregava ousadamente para os judeus e gregos da cidade (At 9.28,29). Entretanto, Paulo recebeu uma revelação de que deveria sair de Jerusalém (At 22.17,18).    

Comentário

    No relato de Lucas em Atos 9, logo após a conversão de Saulo, por causa da sua ousadia ao entrar na sinagoga de Damasco e falar que Jesus era, de fato, o Cristo das Escrituras profetizado, ele teve que fugir de Damasco para não ser apedrejado. Até então, e ele era conhecido pelo nome judeu “Saulo”. Inteligente e certamente orientado pelo Espírito Santo em sua mente, ele não renegou seu nome judeu, mas preferiu usar o nome romano “Paulo”, que havia adotado para proteger-se um pouco mais dos judeus que queriam matá-lo (At 9.23,24). Somente no capítulo 13 de Atos, ele passou a identificar-se como “Paulo”. Depois de ameaçado em Damasco, ele foi para Jerusalém para dar-se a conhecer aos apóstolos, ficando poucos dias na cidade, depois de pregar e anunciar sua nova fé. Paulo intentou ir a Jerusalém, mas o Espírito direcionou-o para ir à Arábia (Gl 1.17,18). Somente depois de três anos, Paulo foi a Jerusalém para ver a Pedro, Tiago e os demais apóstolos. A partir daí, Lucas silenciou-se sobre Paulo, que só aparece quando, estando em Jerusalém, Barnabé foi buscá-lo para juntar-se a ele em Antioquia (At 13.1-3). Antes, é claro, quando se reclusou na Arábia e confinou-se num deserto, Paulo torna-se aprendiz na escola do deserto para ter a revelação plena de Jesus Cristo e a mensagem que deveria pregar. Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021.    

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A passagem paralela de Atos 9:29 mostra-nos quão profundo se tomara o ódio dos judeus incrédulos contra Paulo, desde o início, porquanto, ainda em seus primeiros meses de vida cristã já sofrerá uma tentativa de assassinato, organizada. Quão inclinados para a violência e para o homicídio eram aqueles indivíduos fica demonstrado pelo fato de que as suas mentes podiam imaginar somente uma solução para o problema de se sentirem perturbados por um profeta de Deus — o assassinato desse profeta. Isso nos permite entrever quão pouco desenvolvidas eram as suas almas, como eles eram perversos, malignos, endemoninhados. Não obstante, saíam por toda a parte a exibir-se como instrumentos escolhidos no serviço de Deus, como se, acima de todos os demais homens, soubessem qual a vontade de Deus, e sendo os seus máximos representantes na terra. Quão fácil é para os homens enganarem a si próprios, considerando-se santos quando, na realidade, são profunda e arraigadamente pervertidos! Portanto, com boa razão, a visão celestial advertiu a Saulo que fugisse da presença daquela gente. Outrossim, a missão evangelística de Paulo não visava a eles, porquanto lhe foi determinado que instaurasse a igreja cristã no mundo gentílico, e, por meio do poder do Espírito Santo, realizou isso quase sozinho. Cada indivíduo é sem igual, cada qual tem uma missão sem par, e todas as missões são igualmente importantes. (Ver as notas expositivas sobre Atos 9:15, acerca dos «instrumentos escolhidos». Ver também Apo. 2:17 sobre o tema de que cada indivíduo é sem-igual. E ver também Atos 9:19 quanto ao tema de que «há missões secundárias, mas igualmente importantes»). «…era apropriado que o santo servo do Senhor fosse assim humilhado, para que todos os pregadores do evangelho aprendessem a dedicar-se completamente à obediência a Cristo, a fim de que, ao serem expulsos de um lugar estejam preparados para se dirigirem para outro, e de maneira alguma se sintam desencorajados e nem cessem de cumprir com o seu dever, ainda que sejam odiados sem a menor razão». (Calvino, in loc.). Paulo relata esse aspecto da visão que recebeu – a comissão divina que o enviava aos povos gentílicos—a fim de mostrar que a sua missão lhe fora conferida pelo próprio Deus. Sem isso, ele teria continuado na mesma atitude que caracterizava a maioria dos judeus, isto é, a de ódio contra os gentios. E posto que essa sua missão entre os gentios lhe fora propiciada divinamente, os seus ouvintes não tinham razão por odiar ao apóstolo, porque entrava em contato constante com os gentios. A lógica é perfeita, mas aquela multidão iracunda mostrou pouca paciência em face da lógica e da razão. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 3. pag.    

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Barnabé Apoia Saulo (9.26-30). Compelido a fugir da cena de seus primeiros trabalhos no evangelho, Saulo volta a Jerusalém. Os doze apóstolos tinham ficado na Cidade Santa quando Saulo partiu em sua missão assassina. Eles e outros discípulos não esqueceram a perseguição que ele fazia, e quando chega, encontra dúvida e suspeita. Os crentes ouviram falar de sua conversão (Gl 1.23), mas conhecendo sua história, estão com medo e duvidam que ele seja discípulo genuíno. Eles não descartam a possibilidade de um grande trama para tirar vantagem deles. Parece-lhes incrível que tal perseguidor violento tenha se tornado cristão. Assim, os cristãos rejeitam Saulo quando ele tenta se unir a eles. Barnabé é o primeiro a se convencer da sinceridade de Saulo. Ele o apresenta a dois apóstolos, Pedro e Tiago (Gl 1.18- 24). Este “Filho da Consolação” (At 4.36) está familiarizado com os detalhes da conversão de Saulo e sua obra evangelística em Damasco. Ele convence a comunidade cristã da autenticidade da conversão deste fariseu e também que o Senhor o chamou e o equipou para o ministério. Por causa da recomendação de Barnabé, Saulo é aceito como discípulo genuíno e pregador do evangelho. Tendo agora estreita associação com os apóstolos e o poder do seu ministério reconhecido por eles, Saulo prega com a mesma ousadia que teve em Damasco (v. 28). Seguindo os passos de Estêvão, ele prega para os judeus de fala grega (hellenistai) e entra em debate com eles. Eles descobrem que seu novo oponente é tão invencível quanto Estêvão tinha sido. Visto que eles não conseguem repudiar os argumentos de Saulo das Escrituras, eles resolvem que seu destino é igual ao de Estêvão. Quando os cristãos ficam sabendo que a vida de Saulo está em perigo, eles o enviam a Cesaréia. Ele faz uma curta viagem ao norte do mediterrâneo na região de Tarso, o lugar do seu nascimento (At 21.39; 22.3). Neste ponto, Saulo desaparece de cena no relato de Lucas e reaparece aproximadamente dez anos depois (At 11.25-30). Este lapso de tempo é conhecido por “período silencioso”, mas obviamente só é silencioso para nós. Durante este período, de acordo com relato do próprio Paulo, ele foi às regiões da Síria e Cilicia, pregando ao povo sobre a fé que uma vez ele tinha tentado destruir (Gl 1.21-24). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. pag. 677-678    

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3. Paulo e as duas viagens missionárias. Na primeira viagem, Paulo não estava só, mas acompanhado e assistido por Barnabé, que era um conselheiro competente. Os dois, Paulo e Barnabé, passaram por vários lugares e visitaram os discípulos que estavam em Antioquia, Fenícia, Chipre e outros pequenos lugares. Na segunda viagem missionária, o apóstolo e Barnabé voltaram a Antioquia porque a igreja dessa cidade havia crescido e se tornou o ponto de partida para visitar outras cidades (Atos 16-18). Nessa viagem, eles passaram por Listra, Troas (ou Trôade), Filipos, Tessalônica, Beréia, Atenas, Corinto e, por fim, Éfeso. Em todas essas viagens, o Espírito Santo movia o ministério de Paulo.    

Comentário

    Impulsionado pelo Espírito Santo para pregar a Cristo aos judeus e gentios, Paulo empreende sua primeira viagem, mas não estava sozinho. Ele estava acompanhado e assistido por Barnabé, que era um conselheiro competente. Os dois, Paulo e Barnabé, passaram por vários lugares e visitaram os discípulos que estavam em Antioquia, Fenícia, Chipre e outros pequenos lugares. O ministério de ambos era poderoso com sinais e prodígios e muitos novos convertidos a Cristo. Na segunda viagem missionária dos dois, Paulo voltou a Antioquia, porque a igreja dessa cidade havia crescido e tornou-se o ponto estratégico para o desafio missionário de Barnabé e Paulo. Antioquia seria o ponto de partida para visitar outras cidades (Atos 16–18), e, nessa segunda viagem, eles passaram por Listra, Trôas (ou Trôade), Filipos, Tessalônica, Bereia, Atenas, Corinto e, por fim, Éfeso. A mensagem de Cristo age no coração e na mente de um vocacionado como uma centelha de fogo que não se apaga nunca, e o desejo de avançar e anunciar a Palavra a outros é muito forte. Na verdade, um homem cheio do Espírito Santo não vê obstáculos para pregar a Cristo, porque o desprendimento é total. Nada físico ou material prende uma pessoa cheia do Espírito. Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021.    

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A PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA Depois de várias reuniões e muita oração, os líderes da igreja entenderam que era a vontade de Deus que enviassem Barnabé e Saulo nessa missão. Quem seria melhor qualificado para ela? Eram homens experimentados, e ambos defendiam a ideia de que os gentios deviam ser participantes da promessa juntamente com os judeus. Haviam ambos viajado muito e pareciam ser cidadãos do mundo. Estavam capacitados a representar a Cristo; para isto haviam sido chamados.     Os líderes, levantando-se numa reunião da igreja, segundo o costume dos sacerdotes de Israel, impuseram as mãos sobre Barnabé e Saulo, abençoando-os e encarregando-os solenemente da tarefa missionária. Com as mochilas cheias de provisões e presentes oferecidos pelos membros da igreja, Barnabé e Saulo partiram numa jornada que os manteria longe de casa por mais de dois anos. Deixaram atrás de si uma igreja que jamais haveria de se esquecer deles em suas orações. Os missionários levaram consigo o jovem Marcos. Quando a primavera chegou aos montes da Síria, os três partiram; muitos irmãos estavam lá para se despedirem deles. Os missionários caminharam pela longa estrada pavimentada que os levaria ao porto de Selêucia, onde havia grande atividade. Navios mercantes chegavam e partiam para outros portos em todo o Mediterrâneo. Muitos barcos de pequeno porte, levando frutas de Chipre, distante dali cerca de 113 quilômetros, navegavam regularmente pela estreita faixa de água azulada, num percurso de seis horas, com vento favorável. Como Barnabé era de Chipre, eles certamente seriam bem acolhidos na cidade. Além disso, havia na ilha alguns cristãos que tinham sido expulsos de Jerusalém quando da perseguição geral.  

A SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA Barnabé e Marcos embarcaram num navio, enquanto Paulo e Silas foram por terra ao longo da estrada dos mercadores, atravessando as altas serranias de Listra. O zelo demonstrado por Silas em Antioquia impressionara Paulo, e dera-lhe a certeza de que Deus honraria o seu testemunho onde quer que fosse. Silas, como Paulo, era cidadão romano. Juntos, pensou Paulo, poderiam realizar grandes coisas para Deus, enquanto visitavam as cidades gentias.   Com as mochilas às costas, e os jumentos carregados de provisões, despediram-se dos irmãos e partiram para o monte Tauro. Por essa estrada, Paulo viajara quando criança para ir a Jerusalém com o pai. Era uma estrada larga, e ele tinha a sensação de conhecer cada palmo dela. Mas, por segurança, foram em grupos, juntando-se aos mercadores e peregrinos. Provavelmente, Paulo conhecia bem a Síria e a Cilicia. Bem pode ser que tenha pregado em muitas aldeias e cidades dessa região, enquanto aguardava o chamado de Deus em Tarso. Havia diversas pequenas igrejas em lugarejos perto da estrada, e Paulo pretendia visitá-las, confirmando-as na fé e encorajando-as a manter firme lealdade a Cristo. As igrejas precisavam realmente dessa visita. Não tinham o Novo Testamento para orientá-las na vida cristã e, às vezes, as ondas da perseguição eram enormes. Receber a visita do apóstolo Paulo, conhecer Silas que viera da igreja-mãe, e ouvir sobre os cristãos de outras cidades, era sem dúvida de grande ajuda. Ball. Charles Ferguson. A vida e os Tempos do Apostolo Paulo. Editora CPAD. pag. 51; 67.    

 

II – O ARGUMENTO DE PAULO SOBRE A PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO

 

1. Paulo aclara o ensino sobre a plenitude do Espírito. Nos capítulos anteriores, depois da separação entre Paulo e Barnabé, o jovem Timóteo e Silas passaram a acompanhar o após- tolo. Quando Paulo voltou a Éfeso, deparou-se com um grupo de discípulos que seguiam o ensino de Apolo e foram batizados com o batismo de arrependimento de João Batista. Esses discípulos ouviram falar de Jesus, mas não conheciam a doutrina do batismo no Espírito Santo. Eles haviam crido (At 19.2) em Cristo, mas nada sabiam da experiência do Pentecostes. Paulo percebeu que a despeito de terem crido no Cristo das Escrituras, eles não haviam recebido o poder do Espírito para se tornarem testemunhas do Senhor.    

Comentário

    Uma experiência um pouco amarga aconteceu quando Paulo e Barnabé desentenderam-se acerca de um jovem chamado João Marcos, que, antes, havia abandonado os dois numa das viagens. Barnabé entendia que se deveria dar nova oportunidade ao jovem Marcos, mas Paulo não aceitou. Os dois separaram-se, e Paulo tomou um rumo, e Barnabé, outro. Foi uma situação possível entre pessoas que não afetou a continuidade missionária de ambos (At 15.36-39). Numa dessas viagens missionárias de Paulo, antes de ir a Éfeso, ele encontrou dois homens especiais que estavam no aprendizado do ministério e estavam dispostos a acompanhá-lo: Timóteo e Silas (At 15.40; 16.1). Ao chegar a Éfeso, Paulo deparou-se com um grupo de discípulos que seguiam o ensino de Apolo e que foram batizados com o batismo de arrependimento de João Batista. Apolo era um judeu de Alexandria, no Egito, e era muito culto e eloquente. Era um homem com profundo conhecimento das Escrituras, com uma índole boa e honesta. Entretanto, tudo o que conhecia sobre o Messias era o que tinha aprendido com João Batista. Ele conhecia os fatos da vida de Jesus, mas ainda não sabia sobre a morte e ressurreição de Jesus. Áquila e Priscila, então, fizeram-no conhecer a verdade sobre Jesus e instruíram-no acerca disso. Portanto, os discípulos que estavam em Éfeso ouviram falar de Jesus, mas não conheciam a doutrina de Cristo. Eles haviam crido (At 19.2) em Cristo e sabiam que havia uma promessa do Espírito Santo, mas nada sabiam da experiência do Pentecostes. Paulo percebeu que, a despeito de terem crido no Cristo das Escrituras, eles não haviam recebido o poder do Espírito para tornarem-se testemunhas de Cristo. Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021.  

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Os primeiros crentes, a maioria dos quais se compunha de judeus, haviam recebido o Espírito Santo no «primeiro» Pentecoste, o Pentecoste judaico. Os crentes samaritanos, tendo crido por intermédio da prédica de Filipe, o evangelista, necessitaram da ajuda apostólica a fim de receberem o dom do Espírito Santo. Então foi a vez dos gentios crerem em Jesus, e, através da presença de Pedro, ainda que não houvesse qualquer cerimônia da imposição de mãos, como nos casos anteriores, receberam eles o dom do Espírito Santo. Foi aquele o «segundo» Pentecoste, dado especialmente a crentes gentílicos. A partir desse ponto fica abandonado esse tema, supondo-se que à medida em que Paulo foi espraiando as suas atividades missionárias os seus convertidos também iam sendo batizados no Espírito Santo, mais ou menos segundo sucedera aos gentios de Cesaréia, na casa de Cornélio, através do ministério de Pedro, ainda que essa informação não nos seja explicitamente outorgada. AQUI, entretanto, encontramo-nos com um novo grupo de crentes, cuja fé ainda estava mui imperfeitamente formada, pouco tendo avançado além dos judeus ordinários quanto aos seus pontos de vista religiosos; eram gentios ainda crus. Tinham ouvido falar em Jesus Cristo, e mantinham nele alguma fé, talvez numa confiança um tanto ou quanto similar à dos primeiros seguidores de Jesus, que tinham vindo a ele mediante a recomendação feita por João Batista, ao iniciar o Senhor Jesus o seu ministério terreno. O sexto versículo deste mesmo capítulo mostra-nos que a imposição de mãos foi uma medida necessária para o recebimento do Espírito Santo, no presente caso. Porém, se acompanharmos os vários modos em que o dom do Espírito Santo foi dado, segundo as narrativas neotestamentárias, descobriremos que a cerimônia da imposição de mãos nem sempre era necessária; pois, na realidade, essa experiência ocasionalmente se verificava espontaneamente. (Ver 10:44).   Na maioria dos casos, ainda que não em todos, o falar em línguas era fenômeno que se seguia, como uma comprovação da realidade do recebimento do Espírito Santo. No sexto versículo deste capítulo isso acontece novamente, o que é uma maneira de Lucas, o autor sagrado afirmar a realidade da experiência mística do batismo no Espírito Santo. Novamente, essa porção nem sempre é registrada nos relatos sobre o recebimento do Espírito Santo. Por exemplo, faz-se ausente no caso dos samaritanos, não tendo sido mencionada nem mesmo pelo apóstolo Paulo. Não sabemos se o autor sagrado deixou propositalmente de mencionar o falar em línguas porque tal fenômeno não ocorreu em diversas instâncias, ou simplesmente porque ele preferiu não aludir ao mesmo em todas as suas narrativas sobre o recebimento do dom do Espírito Santo. Na totalidade das descrições acerca das chamadas duas primeiras viagens missionárias de Paulo, as línguas nunca são mencionadas. Contudo, a volta à alusão às mesmas, neste décimo nono capítulo, mostra-nos que esse tema continuava sendo importante no conceito de Lucas e do cristianismo primitivo. Embora Lucas não se tenha mostrado sempre coerente em sua narrativa (porquanto às vezes pode ter deixado uma verdade subentendida, ao invés de mencioná-la especificamente), é evidente que ordinariamente ele considerava que a confirmação do batismo no Espírito Santo era conferida através do fenômeno do falar em línguas. Alford supõe que a ênfase deve ser posta sobre as palavras «…nem mesmo ouvimos…»

É como se eles tivessem respondido: «Nem ao menos ouvimos falar no Espírito Santo, quando recebemos o batismo». O recebimento do dom do Espírito não teria feito parte da transação. Porém, talvez essas palavras também tenham o sentido que, embora soubessem que essa promessa fora feita, não sabiam que já fora cumprida. Assim sendo, poderíamos parafrasear a sentença como segue: «Nem ao menos ouvimos dizer que o Espírito Santo é dado». (Comparar com João 7:39). «Não tinham ouvido dizer que existem dons e graças particulares do Espírito Santo, que podem ser recebidos». (Adam Clarke, in loc.). …quando crestes…» Isso subentende alguma forma de fé em Jesus, e justifica o uso do termo discípulo, que Lucas empregou para descrever aqueles homens. Naturalmente é possível que o autor sagrado tivesse considerado que o fato de alguém seguir a João Batista, precursor do Messias, fosse uma espécie de fé. Porém, o mais provável é que aqueles homens tivessem ouvido o testemunho de João Batista acerca de Jesus, como o Messias prometido, tendo vindo a crer nesse testemunho. Ato contínuo, entretanto, ficaram totalmente destituídos de treinamento cristão doutrinário, por terem perdido todo o contato com os cristãos, jamais tendo estado em algum centro onde a igreja fora estabelecida. Importância do Espirito Santo. Não pode haver cristianismo verdadeiro sem a operação interna do Espírito Santo, que vem habitar no indivíduo remido. Se o Espírito de Deus não vier aos homens, através de alguma elevada experiência mística, tal como o tipo de batismo do Espírito Santo que aparece nos primeiros capítulos do livro de Atos —sem importar se essa experiência é repentina ou progressiva – não poderá haver verdadeiro progresso na vida espiritual, e nem a transformação segundo a imagem moral e metafísica de Cristo poderá começar a ser uma realidade. Por essa exata razão é que o apóstolo Paulo se preocupou em indagar daqueles discípulos se eles já haviam passado por essa notável experiência. E nós, por nossa vez, também deveríamos ficar profundamente interessados pela mesma. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 409.    

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  1. Éfeso. Mesmo que Lucas apresente a Apolo no capítulo anterior (Atos 18) e mencione seu nome neste capítulo (Atos 19), em nenhuma parte diz que Paulo e Apolo se encontraram. Só diz que enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo viajou de Antioquia da Pisídia através das regiões interiores (segundo o texto grego, as zonas mais altas) da Ásia Menor e chegou a Éfeso. Paulo tinha prometido aos judeus em Éfeso que voltaria a visitá-los, se Deus o permitia, para lhes instruir mais (cf. At 18:19–21). Embora numa ocasião anterior o Espírito Santo o tinha impedido de entrar na província da Ásia (At 16:6), Paulo considerava Éfeso um ponto-chave para a propagação do evangelho.

Situada ao sul do rio Caistro e a quase 5 km. ao interior do Mar Egeu, Éfeso era uma encruzilhada para a estrada costeira que ia do norte ao sul e a estrada que se estendia a leste, a Laodiceia e à região de Frígia (Antioquia da Pisídia). Em séculos anteriores, Éfeso, onde o tráfico do mar se unia com o de terra, tinha sido o principal centro do comércio na província da Ásia. Porém, nos dias de Paulo, o porto de Éfeso estava tão cheio de sedimento que as embarcações tinham dificuldade para atracar ali pelo que buscavam outro lugar. Embora a deterioração do porto tivesse provocado a inevitável decadência de Éfeso como ponto de influência comercial, não obstante tinha ultrapassado a Pérgamo em importância quando os romanos a fizeram a capital provincial da Ásia (Turquia ocidental) para o final do século I a.C. Nos meados daquele século, é possível que a cidade tenha tido mais de duzentos mil habitantes; as escavações arqueológicas encontraram o antigo teatro, o qual se estima que tinha capacidade para vinte e quatro mil pessoas. De mais significado era o templo da deusa Ártemis. O templo, que era o edifício maior de que se tenha conhecimento naquele tempo e que era uma das sete maravilhas do mundo antigo, atraía multidões de adoradores a Éfeso. E aqui os ourives tinham desenvolvido um possante negócio, fabricando altares e imagens de prata de Ártemis.

  1. Os discípulos. Quando Paulo chegou a Éfeso, sem dúvida que se reuniu com Priscila e Áquila, aqueles que certamente lhe informaram a respeito do trabalho de Apolo na sinagoga local. Pouco depois, Paulo reuniu a um grupo de doze homens a aqueles que Lucas descreve como discípulos. A palavra discípulos, que Lucas em Atos usa para descrever aos crentes cristãos, é usualmente um sinônimo para “seguidores de Cristo”. Paulo parece dar a estas pessoas o benefício da dúvida, porque usa o verbo crer, com a implicação de que eles criam em Cristo. Pergunta-lhes: “Vocês receberam o Espírito Santo quando creram?”

Mas estes discípulos lhe responderam: “Não, nem sequer ouvimos que existe o Espírito Santo”. Esta afirmação em si mesma parece inconcebível, porque o Antigo Testamento ensina a doutrina do Espírito. E a evidência da presença do Espírito foi óbvia na vida de João (cf. Lc 1:15). O escriba do Texto ocidental enfrentou este problema e fez os discípulos dizerem: “Nem sequer ouvimos se as pessoas estão recebendo o Espírito Santo”.1178 Mas os tradutores duvidam quanto a usar esta forma, devido à insinuação usual dos escribas de revisar o texto e torná-lo mais fácil de entender aos leitores. Prevalece, no entanto, a forma mais difícil: “que se existe o Espírito Santo”. O fato de que os discípulos em Éfeso mostrem ignorância a respeito da presença do Espírito provoca perguntas, porque um cristão sem o Espírito é uma contradição. Fé (ou crença) sem o Espírito é nada mais que um consentimento sem compromisso. Além disso, eram estes homens seguidores de Cristo? Tinham sido batizados no nome de Jesus? O Novo Testamento ensina que “ninguém que não tenha recebido o batismo cristão pode ser parte da comunidade de fé”.1179 Paulo queria saber mais quanto à base espiritual destes discípulos e lhes perguntou: “Então, que batismo vocês receberam?” Os discípulos simplesmente responderam: “O batismo de João”. Sua resposta pode indicar que eles eram na verdade discípulos de João Batista, que tinham sido batizados por seu mestre ou por um de seus seguidores, e que se tinham trasladado da Judeia a Éfeso. C. K. Barrett escreve: “Há uma boa embora pouco contundente razão para pensar que grupos de discípulos de João existiam depois da morte de seu mestre, e mesmo depois da morte e ressurreição de Jesus”. Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. pag. 1180.    

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Note-se a diferença entre Apolo e estes discípulos. Apolo conhecia só o batismo de João mas ensinava corretamente a respeito de Jesus com um amplo conhecimento das Escrituras (At 18:24–25); os discípulos tinham o batismo de João mas careciam de conhecimento sobre o Espírito Santo. Embora estivessem aprendendo a respeito de Jesus, mantiveram-se estreitamente associados com João Batista. Eles perderam a prazerosa segurança do Espírito em suas vidas, não tinham uma relação viva com Jesus, e lhes disse que o batismo de João era inadequado. Estavam numa fase que era introdutória à fé cristã. E devido ao fato de que se encontravam nesta fase, Lucas e Paulo usam com cautela os termos discípulos (aprendizes) e crer (consentir).1181 Da forma em que Priscila e Áquila ensinaram Apolo a respeito do evangelho de Cristo e o animaram, assim Paulo guiou estes seguidores de João a um conhecimento salvífico de Jesus. Desta maneira Paulo confirmou as palavras que João Batista pronunciou ao comparar Cristo consigo mesmo: “É necessário que ele cresça, mas que eu diminua” (Jo 3:30). Simom J. Kistemaker. Comentário do Novo Testamento Atos dos Apóstolos. Editora Cultura Cristã. pag. 925-928      

 

2 É preciso crer para receber o Espírito Santo. Ninguém recebe o batismo no Espírito Santo antes de crer em Cristo como Salvador. Somente depois de passar pela experiência da conversão, de reconhecer Jesus como o Salvador, então, o Senhor concede “o dom do Espírito Santo (At 2.38), ou seja, o batismo no Espírito Santo sobre a pessoa convertida.    

Comentário

    Quando chegou a Éfeso, deparou-se com discípulos fiéis de João Batista, mas que pouco sabiam acerca de Cristo. O batismo que conheciam era o do arrependimento ensinado por João Batista, mas não conheciam o Espírito Santo (At 19.2). Paulo perguntou-lhes: “Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes?”. A resposta desses discípulos foi: “Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo” (At 19.2). Na mente daqueles judeus convertidos, ainda prevalecia o monoteísmo judaico; por isso, não podiam saber nada acerca da Trindade. Aqueles discípulos, então, foram batizados em águas em nome do Senhor Jesus Cristo (At 19.5). Paulo, cheio do poder do Espírito, impôs as mãos sobre aqueles discípulos e “veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam” (At 19.6). Os não pentecostais rejeitam a ideia de que o batismo com o Espírito Santo é uma experiência sequencial à conversão. Ninguém recebe o batismo com o Espírito Santo antes de ter crido em Cristo como o Salvador. O ato de crer daqueles discípulos envolvia o intelectual e o emocional de cada um deles. Somente depois de ter reconhecido Jesus como o Salvador mediante a conversão, o Senhor concede, então, “o dom do Espírito Santo”, que é a presença do Espírito que se apossa da pessoa convertida. Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021.  

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«…e recebereis o dom do Espirito Santo…» Encontra-se aqui o comentário sobre o Dom do Espírito Santo e o Batismo do Espírito Santo. Alguns intérpretes têm pensado, com base neste versículo, que o dom do Espírito Santo é conferido como resultado direto do batismo; porém, isso não pode ser consubstanciado mediante a comparação com outros trechos bíblicos. É a aproximação a Cristo que traz esse dom aos homens, e isso pode anteceder, e, em sentido bem real, sempre antecede o rito do batismo em água. No sentido mais lato do dom do Espírito Santo, todos os crentes, no instante de sua conversão, passam a possuí-lo.

No sentido mais estreito desse dom, isto é, na forma de um derramamento do mesmo dentro do tempo, o que pode acompanhar a entrega de algum dom miraculoso, de uma experiência mística qualquer, do falar em línguas, etc., esse dom também pode anteceder o batismo, conforme este livro de Atos mesmo demonstra amplamente. Deve-se observar o trecho de Atos 10:34-38, onde o Espírito Santo caiu sobre os ouvintes gentios da Palavra de Deus, quando Pedro ainda falava, sem haver passado qualquer intervalo de tempo, e mesmo sem batismo, que só lhes foi administrado mais tarde (conforme vemos em Atos 10:48). Na passagem de Atos 19:1-7 vemos que o batismo não proporciona o dom do Espírito Santo; mas novamente, como no caso dos samaritanos, historiado no oitavo capítulo desse mesmo livro, tal dom foi outorgado através da imposição de mãos. Não podemos asseverar, por conseguinte, que a ordenança do batismo em água tem qualquer conexão direta com o dom do Espírito Santo. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 68.    

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Pedro promete que os que se arrependerem e forem batizados, “receberão] o dom do Espírito Santo”. Esta promessa deve ser entendida no contexto do derramamento do Espírito no Dia de Pentecostes, o qual Pedro e seus colegas há pouco experimentaram. O trabalho inicial do Espírito segue o arrependimento e lança numa nova vida em Cristo. A promessa de Pedro se refere a um subsequente dom gratuito do Espírito e cumpre a promessa de Joel de poder carismático e pentecostal. Tal poder equipa os crentes para serem testemunhas de Cristo e os capacita a fazer milagres (cf. At 2.43). Este batismo é uma roupa com poder; é um dom que Jesus encoraja os discípulos a buscar (Lc 11.13). O poder pentecostal é prometido a todos os crentes: “A vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe” (i.e., aos gentios). O batismo com o Espírito é uma experiência potencialmente universal, como demonstram Cornélio e sua casa (At 10) e os discípulos em Éfeso (19.1-7).

A promessa de uma dotação especial do Espírito rito não é somente para a audiência imediata de Pedro, mas para todos os que creem em Jesus Cristo e o seguem em obediência (cf. At 5.32). Não há restrição de tempo — de geração em geração (At 2.39); não há restrição social—de jovem a velho, de mulher a homem e de escravos a pessoas livres (w. 17,18); não há restrição geográfica — de Jerusalém até aos confins da terra (At 1.8). Deus deseja que todo o seu povo tenha a mesma experiência momentosa que os discípulos receberam no Dia de Pentecostes. O cumprimento de sua promessa do Espírito, dada no Antigo Testamento, não se exaure no Livro de Atos quando a Igreja alcança os gentios. Permanece uma bênção presente e universal, “a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar”, incluindo “a todos os que estão longe”. Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. pag. 638-639.    

 

3. Paulo cuida para esclarecer Apolo (At 18.21-28). Quem era Apolo? Era um judeu de Alexandria, cidade egípcia, de grande cultura. Certamente Apolo teve uma elevada formação, principalmente, no conhecimento das Escrituras Sagradas, e se destacava pela eloquência. Tornou-se um discípulo de João Batista à distância e creu na mensagem dele (Mt 3.11). Apolo tornou-se pregador de Cristo, mas não havia experimentado ainda o poder do Espírito Santo. Fez discípulos em Éfeso, os quais eram fiéis à sua mensagem. Quando Paulo enviou Áquila e Priscila para Éfeso, tinha por objetivo orientar Apolo acerca da via do espírito santo. Antes que o apóstolo chegasse a Éfeso, Apolo foi para Corinto.    

Comentário

    Apoio era natural de Alexandria, a segunda cidade mais importante do Império. Fundada por Alexandre, o Grande (daí seu nome) em 332 a.C., só perdia para Atenas como centro de cultura e aprendizado. Ali a Septuaginta foi traduzida e o judeu Filo se tornou famoso no primeiro século como gênio intelectual que combinava a filosofia grega com as Escrituras hebraicas, interpretando as Escrituras alegoricamente. A cidade possuía uma biblioteca universitária contendo quase setecentos mil livros. E sua população ultrapassava os seiscentos mil habitantes. Apoio chega a Éfeso, capital da província romana da Ásia Menor e seu centro comercial mais importante, com uma população em torno de trezentos mil habitantes. Graças ao porto que recebia mercadorias de todo o mundo e também escoava seus produtos, e graças ao templo da deusa Diana, uma das setes maravilhas do mundo antigo, a cidade atraía inúmeros visitantes do mundo inteiro. Esse templo de mármore branco era muito maior do que o Parthenon de Atenas. O colossal monumento tinha 140 metros de comprimento por mais de 78 metros de largura; e era sustentado por 100 colunas de quase 17 metros de altura cada. No recinto sagrado ficava a imagem de Diana (19.35). Apoio era um homem eloquente e poderoso nas Escrituras. Obreiro instruído na Palavra, pregava com entusiasmo e paixão. A expressão fervoroso de espírito significa literalmente “fervendo em seu espírito”, isto é, cheio de entusiasmo. Nas palavras de Matthew Henry, Apoio era um pregador que tinha tanto o fogo divino quanto a luz divina. Muitos pregadores são fervorosos de espírito, mas são fracos no conhecimento. Por outro lado, outros são eloquentes nas Escrituras, mas lhes falta fervor. Quatro coisas são ditas acerca de Apoio: a) ele era judeu; b) nasceu em Alexandria, cidade egípcia na qual durante muito tempo grande colônia de judeus ocupava dois de seus cinco bairros; c) era um varão eloquente; d) era poderoso nas Escrituras. Mesmo pregando com fervor e precisão sobre Jesus, Apoio não tinha todo conhecimento necessário. Vendo o potencial desse obreiro, Priscila e Áquila investiram nele e expuseram-lhe com mais exatidão o caminho de Deus. Nas igrejas do Novo Testamento, embora as mulheres não fossem ordenadas aos ofícios de liderança, tinham espaço para serem cheias do Espírito Santo (1.14; 2.1,4) e para profetizarem (2.17,18; 21.9) bem como para ensinar teologia a um homem pregador (18.26).

Aqueles que hoje querem proibir as mulheres cristãs, cheias do Espírito Santo, de pregar a Palavra de Deus e ensinar as santas Escrituras até mesmo na escola bíblica dominical, estão em desacordo com o exemplo das igrejas primitivas. Sobre este assunto, Justo González escreve: Priscila — e também as quatro filhas de Filipe, que pregavam (21.9) – é uma indicação do que Pedro disse em seu discurso do Pentecostes, de que os dons do Espírito são derramados sobre os jovens e velhos, os homens e mulheres. Diante dos atos desse Espírito, todas as limitações que nós, seres humanos, impomos uns aos outros devem ser afastados. A igreja latino-americana tem um valioso recurso nas mulheres, e os que se recusam a permitir o uso apropriado desses recursos devem ter cuidado para que não se vejam resistindo ao Espírito. John Stott afirma que o ministério de Priscila e Áquila foi oportuno e discreto. E muito melhor dar esse tipo de ajuda particular a um pregador, cujo ministério é defeituoso, do que corrigi-lo ou denunciá-lo publicamente. Os ensinos recebidos foram eficazes, e os cristãos em Éfeso passaram a ter plena confiança em Apoio, a ponto de escreverem uma carta de apresentação aos discípulos na Acaia quando ele resolveu ir para lá. Chegando a Acaia, especificamente a Corinto, Apoio auxiliou muito os crentes, porque com grande poder convencia publicamente os judeus, provando por meio das Esrituras que Jesus era de fato o Messias. A eloquência e a erudição de Apoio chamaram a atenção (IC o 1.12; 3.4-6; 4.6). Mais tarde Paulo disse que ele plantou, mas foi Apoio quem regou a semente do evangelho em Corinto (IC o 3.6). E triste que uma “panelinha” se tenha formado ao redor dele e contribuído para causar divisão na igreja. LOPES. Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. pag. 374-377.    

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UM HOMEM COM UMA MENSAGEM INCOMPLETA (AT 18:23-28) Quando Paulo partiu de Éfeso a fim de ir para Jerusalém, deixou na cidade seus amigos Áqüila e Priscila para que dessem testemunho na sinagoga. Podemos apenas imaginar a surpresa deles quando, certo sábado, ouviram um mestre judeu chamado Apolo ensinar as mesmas verdades nas quais eles criam e que também ensinavam! Sem dúvida, Apolo era um homem excepcional em vários sentidos. Era de Alexandria, a segunda cidade mais importante do império romano. Centro de educação e de filosofia, a cidade fora fundada por Alexandre, o Grande (daí o seu nome) e possuía uma universidade com uma biblioteca contendo quase 700 mil livros. A população de Alexandria (cerca de 600 mil habitantes) era extremamente cosmopolita, constituída de egípcios, romanos, gregos e judeus. Pelo menos um quarto da população era de judeus, e a comunidade judaica era bastante influente. Apolo conhecia bem as Escrituras do Antigo Testamento e as ensinava com eloquência e poder. Tinha um espírito fervoroso e era diligente em sua apresentação da mensagem. Possuía ousadia suficiente para entrar na sinagoga e pregar aos judeus. O único problema era que esse homem cheio de entusiasmo proclamava um evangelho incompleto. Sua mensagem só chegava até João BatistaI Não sabia coisa alguma acerca do Calvário, da ressurreição de Cristo nem da vinda do Espírito em Pentecostes. Apesar de seu zelo, faltava-lhe conhecimento espiritual (Rm 10:1-4). O ministério de João Batista foi parte importante do plano da redenção. Deus enviou João a fim de preparar a nação de Israel para seu Messias 00 1:15-34). O batismo de João era um batismo de arrependimento: os que eram batizados olhavam para o Messias que estava por vir (At 19:4). João também proclamava o batismo futuro do Espírito Santo (Mt 3:11; Mc 1:8), que se deu no dia de Pentecostes (At 1:5). Apolo conhecia as promessas, mas não sabia de seu cumprimento. Afinal, de onde Apolo tirou sua mensagem? Uma vez que Alexandria era um centro acadêmico famoso, é possível que alguns dos discípulos de João Batista (Mt 14:12; Lc 11:1) tenham ido para lá, enquanto Cristo ainda ministrava na Terra, e que tenham compartilhado com os judeus tudo o que sabiam.

O termo “instruído”, em Atos 18:25, significa “catequizado” e indica que Apolo recebeu instrução formal acerca das Escrituras. Essa instrução, porém, limitava-se aos fatos sobre o ministério de João Batista. A mensagem de Apolo não era incorreta nem insincera, apenas incompleta. Quando viajo para dar palestras em congressos, quem faz todo o planejamento do roteiro e do caminho é minha esposa (consigo me perder até em um estacionamento!). Em uma de nossas viagens, ficamos confusos quando não encontramos certa estrada. Foi quando descobrimos que nosso mapa estava desatualizado! Assim que conseguimos um mapa novo, tudo deu certo. Apolo tinha um mapa antigo, que fora exato por algum tempo, mas agora precisava encarecidamente de um mapa novo. Assim, Priscila e Áquila contaram-lhe as novidades. O casal não o instruiu em público, pois isso só teria confundido os judeus. Convidaram- no para o jantar de sábado na casa deles e lhe falaram de Jesus Cristo e da vinda do Espírito Santo. Conduziram-no a um conhecimento mais profundo de Cristo e, no sábado seguinte, Apolo voltou à sinagoga e contou aos judeus o resto da história! Seu ministério foi tão eficaz que os cristãos de Éfeso o recomendaram com muitos elogios para as igrejas da Acaia. Lá, ele não apenas fortaleceu os santos, como também debateu com judeus incrédulos e convenceu vários deles de que Jesus Cristo é o Messias. Apolo ministrou durante algum tempo na igreja de Corinto (At 19:1), onde sua erudição e eloquência chamaram a atenção (1 Co 1:12; 3:4-6, 22; 4:6). É triste que uma “panelinha” tenha se formado ao redor dele e contribuído para causar divisão na igreja, pois, sem dúvida, Apolo era amigo de Paulo e seu colaborador de confiança (1 Co 16:12; Tt 3:13). WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 621-622.    

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Priscila e Áquila permanecem em Éfeso depois que Paulo parte para Jerusalém e Antioquia. Antes de voltar a Éfeso, Apoio entra em cena. Mais tarde Apoio se torna pessoa importante na Igreja em Corinto (1 Co 3.1-9), mas na Igreja em Éfeso há uma controvérsia que.se centraliza nele. Quando Apoio chega, embora fosse “instruído no caminho do Senhor” (v. 25), seu conhecimento parece imperfeito. Priscila e Áquila explicam “mais pontualmente o caminho de Deus” (v. 26), e ele vem a compartilhar a perspectiva teológica de Paulo. Aqui, vemos como os cristãos primitivos lidavam com aqueles em falta de uma compreensão mais plena da fé. Lucas descreve Apoio em condições positivas. 1) Ele é judeu de Alexandria. Nascido em Alexandria, Egito, ele provém de uma das principais cidades do mundo antigo e importante centro de aprendizagem. Pouco é conhecido sobre o começo do cristianismo em Alexandria, embora presumivelmente tenha começado durante o derramamento do Espírito no Dia de Pentecostes, no qual estavam presentes pessoas do Egito (At 2.10). O primeiro cristianismo registrado em Alexandria foi caracterizado por tendências gnósticas. Talvez a instrução recebida por Apoio não tenha sido na linha do cristianismo apostólico e, portanto, pode responder por sua compreensão inadequada. 2) Apoio é homem instruído, que conhece as Escrituras do Antigo Testamento. É difícil decidir com certeza o significado exato de “instruído” (logios). Alguns estudiosos consideram que esta palavra signifique “eloquente”, enfatizando a grande capa cidade de Apoio como orador; outros entendem que significa “literato”, acentuando a extensão do seu conhecimento. É possível combinar os dois significados e entender que Apoio é um alexandrino eloquente e culto, especialmente levando em conta seu conhecimento do Antigo Testamento. 3) Apoio fala fervorosamente no Espírito. Algumas autoridades consideram a palavra pneuma (“espírito”) referência ao próprio espírito de Apoio e, assim, signifique que ele fala com grande entusiasmo (RC). Considerando que os dons naturais de Apoio são enfatizados no versículo 24, o 25 parece falar sobre o dom espiritual. Ele é equipado poderosamente pelo Espírito para o ministério. É sua prática pregar sob a inspiração do Espírito Santo e com a mesma autoridade profética associada com o ministério de Pedro no Dia de Pentecostes. 4) Apoio ensina com acurácia os fatos sobre Jesus e, dessa forma, está bem informado sobre a vida de Jesus e, talvez, também do seu ensino, provavelmente inteirando-se daqueles presentes durante o derramamento do Espírito no Dia de Pentecostes (At 2.10). Ele está familiarizado com o batismo de João e deve ter recebido esse batismo, o qual João Batista administrou da perspectiva do trabalho redentor de Cristo (Jo 1.29ss; cf. Mt 3-lss; Mc 1.4ss; Lc 3-lss). É improvável que Apoio tenha sido rebatizado, visto que Lucas não diz nada sobre isso. Lucas sabe que a experiência da plenitude carismática do Espírito não depende do batismo nas águas (At 10.44-48). Diferente dos doze discípulos em Éfeso (At 19.1-7), Apoio já tinha sido cheio com o Espírito. Embora ele pregue a história de Jesus com precisão e grande inspiração carismática, ele pára abruptamente — pois “acerca da questão adicional de suportar as ações e obras de Jesus na vida presente, ele nada diz” (Rackham, 1953, p. 343).

É possível que uma pessoa que recebeu o batismo no Espírito seja imperfeita em algum aspecto da fé. Como ilustra 1 Coríntios ao longo da carta, a experiência carismática não assegura entendimento adequado da prática e doutrina cristãs. A princípio, Apoio cumpre a missão cristã na sinagoga. Ele prega com grande ousadia, mas fica aquém em sua compreensão da fé. Ouvindo-o, Priscila e Áquila logo percebem que este pregador grandioso precisa de mais instrução sobre “o caminho de Deus” (v. 26). Assim, eles o levam à privacidade de sua casa e lhe explicam um entendimento mais preciso da fé. Evidentemente eles dão a Apoio mais instruções nas distintivas doutrinas paulinas, com ênfase em Jesus como Messias. Apoio deve ter sido ávido estudante e homem de profunda espiritualidade. Seu avanço no entendimento fica aparente. Um pouco mais tarde ele soa uma nova nota em sua pregação: “Porque com grande veemência convencia publicamente os judeus, mostrando pelas Escrituras que Jesus era o Cristo” (v. 28). Entendendo melhor a fé, ele proclama que a salvação messiânica é uma experiência presente pela fé em Jesus, como também uma esperança futura. “Sua mensagem carismática torna- se messiânica” (Moody, 1968, p. 78). Por uma razão não determinada, Apoio decide visitar as igrejas estabelecidas por Paulo na Acaia. Os cristãos, que foram convertidos sob o breve ministério de Paulo em Éfeso e o ministério de Priscila e Áquila, expressam plena confiança em Apoio. Quando ele parte para a Acaia, eles o encorajam e têm o prazer de escrever uma carta de apresentação, exortando os crentes da Acaia a darem as boas-vindas a este homem. Na era apostólica, as cartas de recomendação eram comuns (cf. Rm 16.1; 2 Co 3-1). Apoio vive de acordo com a recomendação. Chegando a Corinto, ele é uma grande bênção aos crentes e bem-sucedido em lhes fortalecer a fé (veja v. 28). Entre os cristãos em Corinto, Apoio se torna proeminente líder, seus seguidores tendo o mesmo nível que os de Pedro e os de Paulo (1 Co 1.12). Paulo diz que Apoio rega o que ele tinha plantado (1 Co 3.6). Ele não considera Apoio um rival, como alguns crentes coríntios presumiram, mas como um cooperador (1 Co 4.1-7). O sucesso de Apoio como pastor e evangelista mostra que ele tem uma variedade de dons espirituais. Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. pag. 736-737    

 

III – A FONTE DO ENSINO DE PAULO SOBRE O ESPÍRITO SANTO AOS EFÉSIOS

 

1. As Escrituras como fonte de revelação sobre o Espírito Santo. Visto que Paulo era um erudito nas Escrituras, a sua primeira fonte de conhecimento acerca da divindade era a revelação do cânon do Antigo Testamento. Sua compreensão sobre Deus era monoteísta, tanto quanto todos os demais judeus. A doutrina da Santíssima Trindade, mais especificamente a pessoa do Espírito Santo, estava presente no Antigo Testamento de forma subjetiva.    

Comentário

    (1) primeira fonte: o cânon do Antigo Testamento. Paulo era um erudito nas Escrituras, e o seu conhecimento acerca da Divindade era a revelação do Antigo Testamento. Sua compreensão sobre Deus era monoteísta, tanto quanto todos os demais judeus. A doutrina da Trindade estava embutida na teologia do Antigo Testamento de forma subjetiva, e o que Paulo sabia do Espírito Santo estava atrelado à ideia de que o Espírito de Deus estava na essência do seu monoteísmo. Outrossim, no Antigo Testamento, o Espírito é identificado como o “Espírito de Deus”. Apenas três vezes no Antigo Testamento a palavra “santo” aparece identificando o Espírito (Is 63.10,11; Sl 51.13). Essa designação de “santo” foi utilizada mais no período intertestamentário. (2) A segunda fonte de conhecimento de Paulo sobre o Espírito era “o judaísmo intertestamentário. O termo “espírito” (heb. Rûah e no gr. pneuma) é usado de modo crescente nos escritos judaicos. Entretanto, dependendo do contexto da escritura, às vezes a palavra “espírito” refere-se a anjos, demônios e também pode referir-se a seres humanos. Porém, na visão paulina, a citação da expressão “Espírito de Deus” aparece, pelo menos, de 90 a 100 vezes no Antigo Testamento. A ideia da palavra “espírito” em relação a Deus é a sua singularidade e unicidade. Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021.    

  1. Paulo interpretou o Espírito como força de Cristo ressuscitado, de forma tal que esta força deve ser comprovada todos os dias na vida dos cristãos como o poder da nova obediência; 2. partindo da identidade de Cristo ressuscitado com Cristo crucificado, ele fez do Espírito a força dos que são provados por conflitos e sofrimentos; 3. Como os judeu-cristãos, Paulo entendeu o Espírito como “penhor” do futuro, colocando assim a pneumatologia, como a cristologia e a antropologia, sob a reserva escatológica. Ernst Käsemann. Perspectivas Paulinas. Editora Teológica. pág. 198.    

 

A concepção que o apóstolo Paulo tinha de Deus moldou sua teologia e motivou o seu serviço. Ela era fundamental à natureza de sua liderança. Conforme demonstrou J. B. Phillips em um de seus livros, uma opinião imprópria a respeito de Deus limitará e afetará tudo o que tentarmos fazer. Paulo tinha a sua fé edificada na doutrina da Trindade. O Credo dos Apóstolos seria um resumo dos princípios decisivos de sua fé, essencialmente trinitariana. “Creio em Deus Pai Todo-poderoso… e em Jesus Cristo seu único Filho, nosso Senhor… Creio no Espírito Santo.” Ele concebia a “Deus na sublime majestade de seu Ser como um Deus em três Pessoas. Dentro da unidade de seu Ser há uma distinção de ‘Pessoas’ às quais chamamos o Pai, o Filho e o Espírito Santo”. Para Paulo, Deus era a grande Realidade, e ele não tinha necessidade alguma de demonstrar sua existência. Seu Deus era soberano em poder, mas simpatizava com a fraqueza humana e era solícito pelo bem-estar do homem. A vida sem Deus era inconcebível. As ideias que ele tinha de Deus foram moldadas pelos registros do Antigo Testamento sobre os tratos de Deus com o seu povo. Ele não tinha problema algum com o sobrenatural. Uma forma de descobrir a concepção que Paulo tinha de Deus é estudar o método que ele adotou para fortalecer seus jovens favoritos, Timóteo e Tito, para o desempenho do serviço exigente a eles confiado — e aqui encontramos uma valiosa lição de liderança para todos. Ele pretendia dar-lhes um Deus maior — impressioná-los com a grandeza e majestade do Deus que eles tinham o privilégio de servir. Ele alcançou esse propósito por meio dos variados títulos de Deus que ele empregou em suas cartas pastorais, cada um dos quais revela alguma nova faceta da grandeza e glória divinas. Deus Espírito Santo Pouco antes de sua morte, no discurso que proferiu no cenáculo, nosso Senhor transmitiu aos seus discípulos acerca do Espírito Santo e seu ministério, mais do que em todo o seu ensino anterior.

Mas ao falar sobre esse tema, ele fez esta declaração um tanto misteriosa: “Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora; quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade” (João 16:12, 13). Foi principalmente por intermédio de Paulo que ele comunicou esta revelação posterior. Não é de surpreender, pois, que os escritos de Paulo estejam salpicados de referências ao Espírito Santo. Na própria experiência de Paulo, o Espírito desempenhou um papel muito importante. Imediatamente após a conversão, ele foi cheio do Espírito Santo (Atos 9:17), daí que não surpreende encontrá-lo exortando os cristãos efésios — e a nós também — a encher-se do Espírito (Efésios 5:18). Seu chamado para o serviço e comissionamento foram feitos por intermédio do Espírito (Atos 13:1, 4). Ele era guiado mediante a restrição ou constrangimento do Espírito (Atos 16:6, 7). Seu poder para pregar vinha do Espírito (1 Coríntios 2:4). O Espírito preveniu-o dos perigos iminentes (Atos 21:4, 11-14). Paulo encareceu a obra do Espírito Santo em sua pregação e ensino. Como Administrador da Igreja, o Espírito tomou a iniciativa na escolha dos presbíteros (Atos 20:28), e era sua a voz autorizada no primeiro Concilio da Igreja (Atos 15:28). Quando Paulo encontrou o pequeno grupo de crentes em Éfeso, sua primeira pergunta foi: “Recebestes, porventura, o Espírito Santo quando crestes?” (Atos 19:2), e então os conduziu à experiência (v. 6). Os diversos nomes que ele usa para o Espírito esclarecem diferentes facetas do ministério do Espírito. Espírito de poder, de amor e de moderação (2 Timóteo 1:7); Espírito da fé (2 Coríntios 4:1 3); Espírito de sabedoria (Efésios 1: 17); Espírito de santidade (Romanos 1:4); Espírito da promessa (Efésios 1:13); Espírito de adoção (Romanos 8:15); Espírito da vida (Romanos 8:2). Ele ensinou que tanto a justificação como a santificação resultam da operação do Espírito (1 Coríntios 6:11; 2 Tessalonicenses 2:13). O Espírito inspira a adoração (Filipenses 3:3). Ele habita em nós (1 Coríntios 3:16), e nos fortalece (Romanos 14:17). Ele ajuda na oração (Romanos 8:26, 27), e concede alegria (1 Tessalonicenses 1:6). Ele promove e mantém a unidade da Igreja (Efésios 4:4). Foi o ministério do Espírito que deu a Paulo vitória sobre a carne — a natureza decaída que recebemos de Adão. Só pelo Espírito é que podemos mortificar “os feitos do corpo” (Romanos 8:12, 13). O Espírito Santo deleita-se em produzir na vida do crente submisso os frutos espirituais arrolados em Gálatas 5:22-23. Sanders., J. Oswaldo. Paulo o Líder. Uma visão para a liderança cristã Hodierna. Editora: Vida. pag.46; 51-52.    

 

2. O Pentecostes como fonte de revelação do Espírito Santo. A segunda fonte reveladora do Espírito Santo era a experiência vivida pelos apóstolos no dia de Pentecostes (At 2.1-4). Em segui da, a sua própria experiência quando foi cheio do Espírito Santo, depois da conversão (At 9.17). Se o Antigo Testamento mostrava o Espírito Santo de forma subjetiva, o Novo Testamento, em especial o Pentecostes, revelava a atuação do Espírito Santo de maneira objetiva e clara.    

Comentário

    A terceira fonte reveladora do Espírito Santo era a experiência vivida pelos apóstolos no Dia de Pentecostes (At 2.1-4) e a sua própria experiência quando foi cheio do Espírito Santo depois da conversão (At 9.17). Ora, a teologia judaica era monoteísta, e, quando se falava no Espírito de Deus, os judeus não tinham qualquer ideia ou revelação da existência do Pai, do Filho e do Espírito Santo. No Novo Testamento, o Espírito é associado às manifestações espirituais dos dons carismáticos (1 Co 12.8-10,28). Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021.    

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Ananias finalmente venceu sua relutância, senão seu medo, e acabou indo à casa da rua Direita. Ali, impôs as mãos sobre Paulo, anunciando-lhe que havia sido enviado por Jesus, a fim de que torne ver, e sejas cheio do Espírito Santo (v. 17). Nenhuma palavra de recriminação, mas uma recepção calorosa à comunhão da igreja (cp. v. 27). A imposição de mãos deve ser vista como um sinal da cura dos olhos, não do enchimento de Paulo com o Espírito Santo— e menos ainda como método mediante o qual esse dom é concedido. O enchimento de Paulo com o Espírito Santo relaciona-se melhor com seu batismo, mas repitamos, não como o método ou meio, mas simplesmente como um sinal externo de uma graça espiritual interna (veja a disc. sobre 2:38). A vista de Paulo foi restaurada (Lucas descreve a cura empregando termos de medicina); Paulo foi batizado (teria sido pelas mãos de Ananias?), alimentou-se e “sentiu-se fortalecido”. E possível que este seja outro termo médico, e assim Paulo estava pronto para o que o aguardava. David j. Williams. Comentário Bíblico Contemporâneo. Atos. Editora Vida. pag. 197-198    

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O Dia de Pentecostes (2.1-41) Atos 2 faz uma narrativa do primeiro Dia de Pentecostes depois da ressurreição de Cristo. O Dia de Pentecostes (hepentecoste, “o quinquagésimo [dia]”) se dava cinquenta dias depois de 16 de nisã, o dia seguinte à Páscoa. Também era chamado “Festa das Semanas”, porque ocorria sete semanas depois da Páscoa. Por causa da colheita de trigo que acontecia naquele período, era uma celebração da colheita de grãos (Êx 23.16; 34.22; Lv 23.15-21). Nos dias de Lucas, também pode ter se tornado ocasião para os judeus celebrarem a doação da lei no monte Sinai. Porém, não há autoridade para esta tradição do Antigo Testamento, nem há qualquer tradição judaica conhecida já no século I que relacione a doação da lei com a Festa do Pentecostes. Muitos judeus devotos de vários países iam a Jerusalém para observar a Festa da Páscoa e ficavam até a Festa do Pentecostes. A festividade judaica do Dia de Pentecostes assume novo significado em Atos 2, pois é o dia no qual o Espírito prometido desce em poder e torna possível o avanço do evangelho até aos confins da terra. O batismo dos apóstolos com o Espírito Santo no Dia de Pentecostes serve de fundação da missão da Igreja aos gentios. Essa experiência corresponde à unção de Jesus com o Espírito no rio Jordão (Lc 3.21,22). Existem semelhanças entre estes dois eventos. O Espírito desceu sobre Jesus depois que Ele orou (Lc 3-22); no Dia de Pentecostes, os discípulos também são cheios com o Espírito depois que oram (At 1.14), Manifestações físicas acompanham ambos os eventos.

No rio Jordão, o Espírito Santo desceu em forma corpórea de pomba, e no Dia de Pentecostes a presença do Espírito está evidente na divisão de línguas de fogo e no fato de os discípulos falarem em outras línguas. A experiência de Jesus enfatizava uma unção messiânica para seu ministério público pelo qual Ele pregou o Evangelho, curou os doentes e expulsou demônios; os apóstolos agora recebem o mesmo poder do Espírito. Derramamentos subsequentes do Espírito em Atos são semelhantes à experiência dos discípulos em Jerusalém. Como Stronstad (1984, pp. 8,9) afirma com propriedade: “Da mesma maneira que a unção de Jesus (Lc 3-22; 4.18) é um paradigma para o subsequente batismo dos discípulos com o Espírito (At 1.5; 2.4), assim o dom do Espírito aos discípulos é um paradigma para o povo de Deus em todos os ‘últimos dias’ de uma comunidade carismática do Espírito e da condição de profeta de todos os crentes (At 2.16-21)”. Os paralelos entre a experiência dejesus e os crentes primitivos é crucial à interpretação de Atos e provê a base teológica para a experiência pentecostal dos dias de hoje e para o serviço cristão no poder do Espírito até que Jesus volte. 2.2.1. Sinal: Os Discípulos São Cheios com o Espírito Santo (2.1-4). No Dia de Pentecostes, os discípulos estão orando e esperando, prontos para serem batizados com o Espírito. Uma de suas características surpreendentes é a unidade. Lucas já descreveu que eles estão unidos em oração, sugerindo que eles têm uma mente e propósito (At 1.14). O Dia de Pentecostes começa com eles “todos reunidos no mesmo lugar” (At 2.1) — muito provavelmente no templo onde eles se reuniam diariamente (Lc 24.53; At 2.46; 5.42; cf. At 6.13,14). Devido ao contexto, eles não estão meramente no mesmo lugar, mas estão em comunhão uns com os outros. Seu verdadeiro senso de comunidade centraliza-se no conhecimento pessoal que eles têm do Cristo ressurreto e da devoção para com Ele. Quando o Dia de Pentecostes desponta, o tempo de orar e esperar terminou para estes cento e vinte discípulos. A princípio, há um som sobrenatural vindo do céu, como um vento violento. A medida que o som enche a casa (o templo) onde eles estão sentados, línguas como fogo pousam sobre os presentes. Sinais milagrosos introduzem o Dia de Pentecostes como no monte Sinai (Êx 19.18,19), em Belém (Mt 1.18—2.12; Lc 2.8-20) e no Calvário (Mt 27.51-53; Lc 23.44). O vento e o fogo enfatizam a grandeza da ocasião e são evidências audíveis e visíveis da presença do Espírito — o som do vento poderoso significa que o Espírito Santo está com os discípulos, e as chamas de fogo em forma de língua que posam em cada um deles são manifestação da glória de Deus, acrescentando esplendor à ocasião.

Os relatos posteriores de enchimento com o Espírito em Atos não sugerem que o som do vento e as línguas de fogo ocorrem de novo. Estes sinais são introdutórios, somente para aquela ocasião. O sinal constante e recorrente da plenitude do Espírito em Atos é falar em outras línguas (At 10.46; 19-6). No Dia de Pentecostes, Pedro declara que Cristo derramou o que as pessoas veem e ouvem (At 2.33). Falar em línguas (ou glossolalia) — um sinal externo, visível e audível — marca a dotação dos discípulos com poder sobrenatural, isto é, o fato de eles serem cheios com o Espírito. O verbo traduzido por encher (pimplemi), usado em Atos 2.4, está estreitamente ligado como Espírito (Lc 1.41,67; At4.8,31; 9.17; 13-9). Este verbo é usado por Lucas para indicar o processo de ser ungido com o poder do Espírito para o serviço divino. Ser cheio com o Espírito significa o mesmo que ser batizado com o Espírito ou receber o dom do Espírito (cf. At 1.5; 2.4,38). O Espírito Santo habilita os discípulos a “falar em outras línguas”. Falar em línguas não é meramente questão de vontade humana, pois é o Espírito que inicia a manifestação. Em plena submissão ao Espírito (“o Espírito Santo lhes concedia”), eles falam e agem conforme o Espírito os conduz. Tais expressões vocais não são fala estática ou mera algaravia; mas, como o termo “falar” (apophthengomai) sugere, elas são poderosas e capacitadoras (cf. At 2.14; 26.25). Este verbo se refere no Antigo Testamento grego à atividade de videntes e profetas que reivindicam inspiração divina (Ez 13.9,19; Mq 5.11; Zc 10.2) e indica uma proclamação divinamente inspirada. As línguas no Dia de Pentecostes podem ser corretamente descritas como proféticas e confirmam o padrão de Atos 2.17,18:

 “Os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão”. No batismo com o Espírito, declarações inspiradas originam- se com o Espírito Santo. Os crentes são porta-vozes do Espírito, embora permaneçam em pleno controle de suas faculdades. O Espírito respeita a liberdade e busca a cooperação deles. Ele fala por meio deles, mas eles estão falando ativamente em línguas e podem parar à vontade. Por exemplo, Pedro fala em línguas, mas para quando se dirige à multidão. Assim a manifestação de línguas pode ser entendida como resposta e obediência ativas ao Espírito Santo. A experiência dos discípulos no Dia de Pentecostes tem um significado quádruplo. 1) A principal característica do batismo com o Espírito é primariamente vocacional em termos de propósito e resultado. Como nos tempos do Antigo Testamento, a unção com o Espírito é primariamente vocacional, em vez de ser salvadora (i.e., que leva à vida eterna). O batismo com o Espírito não salva ou faz da pessoa um membro da família de Deus; antes, é uma unção subsequente, um enchimento que equipa com poder para servir. No Dia de Pentecostes, os discípulos se tornam membros de uma comunidade carismática, herdeiros de um ministério anterior de Jesus. Eles são iniciados num serviço capacitado pelo Espírito e dirigido pelo Espírito para o Senhor. 2) Falar em línguas é o sinal inicial do batismo com o Espírito. Serve como manifestação externa do Espírito e acompanha o batismo ou imersão no Espírito. Para Pedro, o sinal milagroso demonstra a plenitude do Espírito. Ele aceita línguas como a evidência de que os cento e vinte foram cheios com o Espírito. Como sinal inicial, as línguas transformam uma profunda experiência espiritual num acontecimento reconhecível, audível e visível.

Os crentes recebem a certeza de que eles foram batizados com o Espírito. O próprio Jesus não falou em línguas, nem mesmo no Rio Jordão. Sua unção especial foi normativa para seu ministério, mas o derramamento do Espírito em Atos 2 é normativo para os crentes. A distinção entre Jesus e os crentes é que Ele inicia a nova era como Senhor. 3) As línguas proporcionam aos discípulos os meios pelos quais eles louvam e adoram a Deus. Estes discípulos falam em línguas que nunca aprenderam, mas ao celebrarem os trabalhos poderosos de Deus elas são completamente inteligíveis aos circunstantes (v. 11). Todos os que testemunham o que está acontecendo reconhecem que os discípulos estão louvando a Deus. Em vários idiomas, eles magnificam e agradecem a Deus pelas grandiosas coisas que Ele fez. 4) Falar em línguas é sinal para os ouvintes descrentes (cf. 1 Co 14.22). As palavras de louvor nos lábios dos discípulos servem como sinal de julgamento para os incrédulos. Com base na manifestação milagrosa, Pedro declara: “Saiba, pois, com certeza, toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo” (At 2.36). Falar em línguas é o meio pelo qual o Espírito Santo condena os judeus por terem crucificado Jesus e por serem incrédulos. Tanto quanto a evidência inicial do batismo com o Espírito, as línguas podem ser sinal do desgosto de Deus. Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. pag. 631-633    

 

3. Paulo ensina acerca do Espírito Santo aos efésios (At 19.1-6). Ao ensinar sobre o Espírito Santo aos efésios, Paulo não desfez a mensagem de João Batista, nem a de Apolo. Pelo contrário, o apóstolo fortaleceu a mensagem de João Batista e revelou o Cristo profetizado por João exatamente como o que havia de vir” (At 19.4). A seguir, Paulo anuncia sobre o Espírito Santo aos efésios, os quais recebem a mensagem que havia sido consumada no dia de Pentecostes. Então, ora por eles e impõe as mãos sobre suas cabeças e o Espírito Santo derramado como chuva abundante sobre todos e “começaram a falar em línguas e a profetizar” (At 19.6). Iniciou-se um grande avivamento na igreja de Éfeso. Essa experiência levou os discípulos efésios a anunciarem Jesus como Salvador, e fez a igreja crescer. Nesse tempo, sinais e prodígios foram marcas externas da presença e do poder do Espírito Santo na vida da Igreja.    

 

Comentário

    Para o apóstolo Paulo, o Espírito é a Presença gloriosa, inconfundível e invisível de Deus na vida do crente. No Antigo Testamento, o Espírito de Deus é identificado pela “presença de Deus” na vida do seu povo, Israel, nos vários eventos sagrados da vida religiosa de Israel, no Tabernáculo e, especialmente, no Santuário interior do Tabernáculo. No Novo Testamento, essa presença é renovada mediante a promessa de que o Espírito seria derramado sobre toda a carne (Jl 2.28-30). Para Israel, essa presença voltaria à vida do seu povo, que, mesmo tendo se afastado, o Senhor honraria sua promessa a Abraão (Ez 37.27; Ml 3.1; Mq 4.1,2; Zc 14.16-19). Na mente de Paulo, essa “Presença” representa o “Espírito”. Na Nova Aliança, Jesus promete enviar o Espírito, que habitaria dentro deles e estaria com eles — seus discípulos (1 Ts 4.8; 1 Co 6.19; 14.24,25; Ef 5.18). Paulo ensina aos efésios que a Igreja está sendo edificada para tornar-se “templo santo do Senhor” (Ef 2.22). Aos coríntios, Paulo ensinou: “não sabeis que sois o templo de Deus?” (1 Co 3.16,17). O apóstolo Paulo desenvolveu seu conhecimento na experiência que ele mesmo teve com o Espírito Santo. À igreja em Éfeso, Paulo não desfez a mensagem de João Batista, porque o que esse profeta revelou referia-se a Jesus e, quando falou que “ele batizaria com o Espírito Santo e com fogo” (Mt 3.11), reforçava o fato do cumprimento dessa profecia na experiência do Pentecostes.

Paulo também não desfez a mensagem que Apolo pregava. Pelo contrário, o apóstolo fortaleceu o teor da mensagem de João Batista e revela que o Cristo profetizado por João era exatamente o que “havia de vir” (At 19.4). Os que ouviram Paulo entenderam que o batismo de João era para arrependimento e, então, receberam a palavra de Paulo e, convencidos, foram batizados no nome de Jesus Cristo (At 19.4). Porém, aqueles discípulos aceitaram a mensagem de que o Espírito prometido na mensagem de João Batista havia se cumprido no dia de Pentecostes e que eles podiam receber, do mesmo modo, “o dom do Espírito Santo”. Paulo, orando, impôs as mãos sobre as cabeças deles, e o Espírito Santo veio como uma chuva abundante sobre todos, e “eles começaram a falar em línguas e a profetizar” (At 19.5,6). Iniciou-se aí um grande avivamento na igreja de Éfeso. Essa experiência levou aqueles discípulos a anunciar Jesus como Salvador, e a igreja cresceu. Naquele tempo, curas e prodígios foram sinais externos da presença e do poder do Espírito Santo. Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021.    

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Esse episódio está intimamente relacionado com o precedente. Ele acontece depois da partida de Apoio, mas aparentemente ainda há alguns discípulos em Éfeso que não conhecem nada além do “batismo de João” (19.3). Por essa ser a mesma frase que aparece em 18.25 a respeito de Apoio, poderia parecer que o texto sugere que havia alguma relação entre esses doze (ou “uns doze”; 19.7) discípulos e Apoio. Será que eles eram as pessoas que tinham sido ensinadas por Apoio antes de este receber sua lição de teologia de Priscila e Aquila? Ou eles eram apenas pessoas vindas do mesmo círculo de Apoio? E impossível saber. Em todo caso, agora, encontramos uma clara explicação da deficiência, se não de Apoio, pelo menos, desses discípulos. Paulo acrescenta dois elementos ao que eles já sabiam: primeiro, que a pregação de João Batista apontava para aquele que viria depois dele, Jesus Cristo (19.4); e segundo, que há um Espírito Santo (19.2,6). Aparentemente, esses discípulos eram seguidores de Jesus como mestre, mas não como o Cristo, o esperado Messias, o cumprimento das promessas. (Será que talvez essa também representasse a inadequação teológica de Apoio, ou seja, que ele podia falar com exatidão dos ensinamentos e dos milagres de Jesus, mas não sabia que ele era o cumprimento da promessa?) O que Paulo lhes diz é que, na verdade, essa era a mensagem do próprio João. Depois, com base nos testemunhos conjuntos de Paulo e de João Batista, esses discípulos são batizados e, quando Paulo impõe as mãos sobre eles, estes recebem o Espírito. JESUS E O ESPÍRITO Embora este não seja um tratado sobre a doutrina do Espírito Santo, há dois pontos importantes decorrentes dessa narrativa que são particularmente relevantes para a igreja protestante de fala espanhola, na qual há tanta discussão a respeito do Espírito Santo. O primeiro ponto é que há uma relação muito próxima entre ter o Espírito e ser capaz de confessar plenamente quem Jesus Cristo é. Observamos isso na própria narrativa.

Os doze discípulos não sabem nada sobre o Espírito, e Paulo responde a essa situação fazendo que saibam que Jesus é o Cristo. A seguir, eles são batizados “em nome do Senhor Jesus” e recebem o Espírito. Nesse caso, quando Paulo fica sabendo que alguém não conhece o Espírito, ele conta-lhe sobre Jesus. Há uma necessária ligação entre conhecer e confessar Jesus como o Cristo e ter o Espírito Santo. Conforme Paulo mesmo diz em outra passagem: “Ninguém pode dizer: Jesus é Senhor! A não ser pelo Espírito Santo” (ICo 12.3). O segundo ponto importante é que nem sempre a maneira como esses vários aspectos estão relacionados é a mesma. Gostamos de ter tudo preto no branco, saber exatamente como e quando o Espírito age. Em particular, em nossas igrejas, há alguns que afirmam conhecer mais sobre o Espírito Santo e sua ação do que é dado ao homem conhecer. Isso tentar limitar o poder e a liberdade do Espírito. Aqui, como na maior parte das outras passagens de Atos, o Espírito vem depois do batismo, com a imposição das mãos por parte dos apóstolos (veja, por exemplo, 8.17). Todavia, no episódio de Comélio, os gentios recebem, primeiro, o Espírito sem nenhuma imposição de mãos, e, depois, como consequência de ter recebido o Espírito, é que Comélio e seus companheiros são batizados. A importância de tudo isso para as nossas igrejas deve ficar clara: que não afirmemos saber mais do que realmente sabemos, nem tentemos limitar e controlar os atos do Espírito. Gonzalez., Justo L. Atos o Evangelho do Espirito Santo. Editora Hagnos. pag. 262 -263    

Esta seção forma um par com a anterior. Ambas se relacionam e se preocupam com o cristianismo perante uma forma imperfeita de fé — “o batismo de João”. Neste presente caso é o próprio Paulo que cuida da situação. Estes versículos também descrevem brevemente seu ministério em Éfeso, cujos aspectos são ilustrados na seção seguinte. Mas, de novo temos de recorrer às cartas do apóstolo a fim de preencher certas lacunas desses anos. Ficamos sabendo que as realizações paulinas em Éfeso se fizeram à custa de muito sofrimento (1 Coríntios 15:32; 2 Coríntios 1:8; 4:9ss.; 6:4ss.), incluindo, talvez, um encarceramento (cp. 2 Coríntios 11:23) e uma visita rápida a Corinto, numa tentativa de pôr ordem nas questões caóticas da igreja (cp. 2 Coríntios 12:14; 13:1; também 2 Coríntios 2:1; veja a disc. sobre 21:21). 19:1a / Parece que Paulo fez sua viagem para Éfeso por um caminho mais curto, embora menos frequentado, pelo vale do Cayster (veja a disc. sobre 18:23). Pelo menos esta parece ser o significado de estrada do interior, “ou terras altas”, visto que este caminho levava a uma topografia mais elevada em relação à estrada principal através de Colossos e Laodicéia. Agora ele estava na Ásia proconsular. Por volta do segundo século a.C. esta região estava sob o governo dos Selêucidas, mas pela derrota destes, comandados pelo rei selêucida Antíoco III (190 a.C. em Magnésia) numa guerra com os romanos, grande parte da região passou para Eumenes II, de Pérgamo, aliado de Roma. Subseqüentemente, pela morte do último rei de Pérgamo, Atalus III (133 a.C.), como herança a região voltou aos romanos. A nova província assim adquirida chamou-se Ásia, visto que os Atalidas eram conhecidos dos romanos como os reis da Ásia. Essa província tomou Mísia (veja a disc. sobre 16:7s.); Lídia e Caria; as áreas costeiras de Eólia, Iônia e Trôade, e muitas das ilhas do mar Egeu. A província cresceu em 116 a.C. mediante a adição da Frigia maior. Sua primeira capital havia sido Pérgamo, a antiga capital dos Atalidas, mas, pela época de Augusto, Éfeso havia assumido essa posição. A cidade dirigia e resolvia seus próprios assuntos através da assembleia de cidadãos (demos), e elegia seus magistrados. A paz trazida por Augusto ao mundo romano foi bem recebida pelos povos da Ásia, cuja própria história havia sido turbulenta. Desenvolveram um forte senso de lealdade ao imperador, expressa no estabelecimento do culto de “Roma e seu Imperador”, em 29 a.C.

O culto era ministrado a favor das cidades participantes (como a Liga da Ásia) por seus representantes, os asiarcas, nomeados anualmente para esse propósito. Sendo membro da Liga da Ásia, Éfeso havia sido o centro desse culto desde o início; moedas e inscrições mostram como a cidade se orgulhava de ser neokoros, “Administradora do Templo”, tanto do culto imperial como do de Ártemis, sua própria deusa padroeira. A maior parte das evidências neste sentido relaciona-se ao culto imperial, mas o título “guardadora do templo da grande deusa Diana” (v. 35) é atestado (embora depois do Novo Testamento), não havendo a menor dúvida de que Éfeso era famosa pela adoração de sua deusa. Seu último templo — aquele que Paulo viu — foi considerado uma das maravilhas do mundo. 19:1 b-2 / Logo após sua chegada a Éfeso, ou assim parece, Paulo veio a encontrar-se com uns homens (“cerca de doze”, v. 7), os quais Lucas teria considerado como cristãos em certo sentido, visto que ele os chama de discípulos (v. 1), dos quais se afirma que haviam crido (v. 2), mas só conheciam o “batismo de João” (v. 3). É muito significativo o critério de Paulo para discernir um cristão. Também é significativa a forma como o apóstolo formula sua pergunta. Esses discípulos talvez estivessem na mesma situação de Apoio, tendo sido “instruídos no caminho do Senhor” até certo ponto (18:25), mas ignoravam o que havia acontecido no Pentecoste cerca de vinte anos antes (e talvez ignorassem outras coisas). Esta sugestão apoia-se na interpretação do v. 2. Eles responderam à pergunta de Paulo, dizendo: nem sequer ouvimos que haja Espírito Santo. Ora, é quase certo que tais homens fossem judeus, mas ainda que fossem gentios influenciados pelos ensinos de João Batista e de Jesus, deveriam pelo menos ter ouvido falar do Espírito.

É melhor entender, então, a resposta deles como significando que não sabiam que o Espírito Santo havia sido concedido (cp. João 7:39, onde se encontra a mesma expressão grega). Assim é que, independente do que mais soubessem a respeito de Jesus, não estavam conscientizados a respeito de um evento em particular que, mais do que qualquer outro, confirmava a realidade da chegada da era da salvação. Em suma, esses crentes não estavam mais adiantados essencialmente do que os discípulos de João Batista. 19:3-4 / Investigação um pouco mais profunda demonstrou que de fato o único batismo que conheciam era o de João. Paulo lhes explicou que aquele batismo havia sido apenas um rito preparatório mediante o qual as pessoas prometiam emendar suas vidas, arrepender-se, em antecipação do Messias prestes a chegar, em (lit. “dentro de”) quem deveriam crer (veja a disc. sobre 10:43). Mas o Messias havia chegado, oferecendo perdão a quem mostrasse arrependimento, e bênçãos a quem tivesse fé. Sem dúvida Paulo lhes exibiu tudo isso com muitas provas das Escrituras, mas Lucas resumiu todo o ensino paulino nas duas palavras do final do v. 4. Tudo quanto João Batista e os profetas haviam contemplado no futuro se realizara em Jesus (veja também a disc. sobre 18:25). 19:5-7 / Estes “discípulos” consideravam-se cristãos e no entanto ficaram sabendo que ainda não tinham uma compreensão completa da fé cristã. Talvez por essa razão impondo-lhes Paulo as mãos (v. 6), assegurou-lhes que agora passavam a estar na “linha sucessória apostólica”. Também pode ser por essa razão que se lhes acrescentaram os sinais externos da presença do Espírito, pois passam a falar em línguas, e profetizavam. Quanto a terem sido batizados “em nome do Senhor Jesus” (v. 5), veja a nota sobre 2:38 e a disc. sobre 8:16). O tempo do verbo na segunda metade do v. 6 (imperfeito) significa que eles “começaram a falar e a profetizar”, ou que “ficaram falando e profetizando continuamente”. Estes dois dons são discutidos em profundidade em 1 Coríntios 12 e 14. A forma indefinida usada por Lucas, eram ao todo uns doze homens (v. 7), faz que seja improvável a atribuição de algum significado a esse número. David j. Williams. Comentário Bíblico Contemporâneo. Atos. Editora Vida. pag.360-362.    

 

CONCLUSÃO

No poder do Espírito, o apóstolo Paulo, além de realizar curas e milagres em nome de Jesus, levou a igreja em Éfeso a espalhar o Evangelho de Cristo. A luz desse exemplo, precisamos resgatar a simplicidade da fé crista, buscando os sinais que demonstram o poder do Espírito Santo hoje.    

 

PARA REFLETIR

A respeito de “Paulo no Poder do Espírito”, responda:

·         O que movia o apóstolo Paulo e para quê?

Era o poder do Espírito Santo que o movia de tal modo que o apóstolo não tinha outra missão, senão, pregar a Jesus, e este crucificado.    

·         Quem acompanhou Paulo na primeira viagem missionária?

Na primeira viagem, Paulo não estava só, mas acompanhado e assistido por Barnabé, que era um conselheiro competente.    

·         Quem o acompanhou na segunda viagem missionária?

Na segunda viagem missionária, o apóstolo e Barnabé voltaram a Antioquia porque a igreja dessa cidade havia crescido e se tornou o ponto de partida para visitar outras cidades.  

·         É possível receber o Batismo no Espírito Santo antes de crer em Jesus?

Ninguém recebe o batismo no Espírito Santo antes de crer em Cristo como Salvador.  

·         Quais eram as fontes do ensino de Paulo sobre o Espírito Santo?

As Escrituras e os Pentecostes.    

Comentário elaborado pelo Pb Alessandro Silva, disponível em: https://professordaebd.com.br/6-licao-4-tri-2021-paulo-no-poder-do-espirito/. Acesso em: 8 NOV 21.