Comentário elaborado pelo Pb Alessandro Silva,
disponível em: professordaebd.com.br
TEXTO AUREO
“E impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre
eles o Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam.” (At 19.6)
VERDADE PRATICA
Uma vez movidos no
poder do Espírito, podemos ser bem-sucedidos na missão de pregar o Evangelho a
toda a criatura.
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Atos 19.1-7
INTRODUÇÃO
Movido pelo
Espírito Santo, o apóstolo Paulo passou a ter como missão de vida dar
testemunho de Jesus e provar que Ele é o Cristo (At 19.21,22). Nesta lição,
veremos como Paulo pregou a Cristo no poder do Espírito, seu argumento sobre a
plenitude do Espírito Santo e a fonte da revelação do Espírito Santo em seu
ministério. Confirmaremos que o ministério do apóstolo Paulo foi um ministério
no poder do Espírito Santo.
Comentário
Alguns biblistas afirmam que Paulo
concentrou toda a sua teologia na soteriologia e que deixou de lado a
pneumatologia. Entretanto, discordamos dessa ideia, porque ninguém mais que
Paulo abordou a doutrina do Espírito Santo. Se levarmos em conta a cronologia
da vida de Paulo, iremos descobrir que esse imponente homem, uns 20 anos
aproximadamente depois do Pentecostes e uns poucos anos depois da sua conversão
no dramático e memorável encontro que teve com o Senhor Jesus no caminho de
Damasco, foi um homem guiado pelo Espírito Santo. Ananias – um dos 120
discípulos que recebeu o derramamento do Espírito Santo e que foi enviado pelo
Espírito para ir à casa onde Saulo estava hospedado – orou por ele, e as vistas
de Saulo foram recuperadas. Quando Ananias impôs as suas mãos sobre Saulo, este
recebeu o dom do Espírito Santo (At 9.3-6,17,18). Impactado pela revelação de
Jesus no caminho de Damasco e, depois, recuperado das vistas, foi batizado em
nome de Jesus. Depois dessa gloriosa experiência, Paulo foi cheio do Espírito
Santo e, consciente do seu ministério, exerceu-o com a unção do Espírito Santo
por onde andava. No texto de Atos 19.7, percebe-se o resultado de uma vida
cheia do Espírito Santo, e, compartilhando com toda a igreja em Éfeso, ele
impunha as mãos sobre as pessoas, e estas recebiam o Espírito Santo. Cabral.
Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do
Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1,
2021.
**********************
«…resolveu no seu espírito…»
literalmente traduzida, essa frase diria «no espírito». Posto que o texto grego
não contém letras maiúsculas, nem mesmo no caso da palavra «espírito», ainda
quando se refere ao Espírito Santo, é impossível para nós, com base nessa
indicação, descobrirmos se a referência aqui é ao espírito de Paulo ou ao
Espírito de Deus. Portanto, qualquer tradução que aqui encontremos, pertencerá
mais à categoria das interpretações do que mesmo das traduções. Por
conseguinte, neste lugar, essa palavra pode significar que Paulo sentiu alguma
forma de impulso íntimo, em seu próprio espírito, derivado de si mesmo ou do
Espírito de Deus, para subir a Jerusalém. No entanto, o artigo definido, que
também aparece no original grego, relativo à palavra «espírito», pode bem
indicar que o escritor sagrado tinha o Espírito Santo em mente quando assim
escreveu, e que então está correta a interpretação que diz «no Espírito», e não
«no …espírito», conforme diz esta versão portuguesa. Por outro lado, com
frequência é usado o artigo definido como se fora um pronome possessivo, e, em
razão disso, é perfeitamente possível a tradução no seu espírito. Todavia,
voltando à primeira posição, a observação de que neste ponto da narrativa do
livro de Atos, é enfatizada a orientação imprimida pelo Espírito Santo, é mais
provável que o Espírito de Deus é quem realmente esteja em foco neste
versículo. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 419.
**********************
Esses dois breves versículos são um
esboço do que ainda está por vir, um resumo do futuro. Em especial, no
versículo 21, somos informados que Paulo viaja pela Macedônia e Acaia para,
depois, ir a Jerusalém e, finalmente, para Roma. Esse é o esboço do restante do
livro. Contudo, o que temos aqui é mais que apenas um esboço; é a indicação de
uma mudança radical na natureza da narrativa. A frase: “Depois de ocorridas
essas coisas”, sugere que, agora, algo fora cumprido. De certa maneira, Paulo,
agora, cumpriu a tarefa missionária que o Espírito lhe confiara. O que falta,
nesse ponto da história, é ir para Jerusalém e, depois, para Roma, lugares não
tanto de trabalho missionário como de perseguição e sofrimento. Na carreira de
Paulo, essa passagem faz paralelo com o que Lucas diz sobre Jesus “manifest[ar]
firme propósito de ir para Jerusalém” (Lc 9.51). O verbo “cumprir”, que aparece
nesse ponto do evangelho, também aparece nesse versículo de Atos. Da mesma
maneira que se pode dizer que a paixão de Jesus começou em Lucas 9.51, também,
agora, a vida de Paulo toma-se cada vez mais de sofrimento e oposição oficial.
Gonzalez., Justo L. Atos o Evangelho do Espirito Santo. Editora
Hagnos. pag. 267 -268.
I – PREGANDO A
CRISTO NO PODER DO ESPÍRITO
1 Paulo, movido
pelo poder do Espírito. O Livro de Atos mostra que, após sua conversão, Paulo
ficou “alguns dias com os discípulos que estavam em Damasco” (At 9.19). E, logo
em seguida, ele “pregava a Jesus, que este era o Filho de Deus” nas sinagogas
(9.20). Mais tarde, quando chegou a Jerusalém, Paulo “falava ousadamente no nome
de Jesus” (9.29). Era o poder do Espírito Santo que o movia de tal modo que o
apóstolo não tinha outra missão, senão, pregar a Jesus, e este crucificado (1
Co 2.2). Ele só poderia pregar tal mensagem pelo Espírito de Deus (1 Co 12.3).
Comentário
Desde a sua conversão no
caminho de Damasco, Paulo foi impactado com a experiência da glória de Cristo
(At 9.3-5). Ao receber a oração e a imposição das mãos de Ananias, Paulo foi
cheio do Espírito Santo. Três dias depois dessa experiência, ele já estava
disposto a dar a sua vida com uma nova mensagem de que Jesus era o Filho de
Deus. O texto de Atos 9.19,20 diz que: “E, tendo comido, ficou
confortado. E esteve Saulo alguns dias com os discípulos que estavam em
Damasco. E logo, nas sinagogas, pregava a Jesus, que este era o Filho de
Deus”. Na verdade, Paulo permaneceu alguns dias em Damasco, lugar que
ele havia ido para perseguir os cristãos da cidade, mas acabou por entrar na
sinagoga de Damasco para confrontar os judeus com a nova mensagem,
confundindo-os e provocando grande polêmica acerca da sua nova atitude.
Entretanto, dando-se a conhecer os discípulos de Damasco, Saulo recebeu as
primeiras orientações sobre a mensagem do evangelho. O poder do Espírito
movia-o de tal modo que ele não conseguia aquietar-se (At 9.20-22). Tornou-se,
por isso, a razão do crescente movimento da igreja. A experiência pastoral
ensina-nos que sempre os novos convertidos, cheios do Espírito, são capazes de
enfrentar ameaças para anunciar a sua experiência de fé. Naturalmente, é o
testemunho desses novos convertidos que faz a igreja crescer. A liderança da
igreja deve sempre investir no discipulado desses novos crentes, preparando-os
para os embates da fé. A despeito de toda a bagagem cultural, religiosa e
secular, isso não era suficiente para que Paulo saísse imediatamente no campo
missionário. Ele mesmo percebeu que precisava conhecer um pouco mais sobre
Cristo e suas doutrinas. Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições
de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora
CPAD. Ed. 1, 2021.
**********************
Isso ele fazia nas mesmas sinagogas
onde teria entrado com o propósito de obrigar seus dirigentes a entregarem os
membros que se tinham tornado cristãos, contra o que tais dirigentes não teriam
podido resistir, porquanto Saulo vinha armado de expressa autorização escrita
do sinédrio de Jerusalém, que aqueles dirigentes de sinagogas não poderiam
ignorar, sob pena de caírem no desagrado do sinédrio, sofrendo as devidas
consequências de sua rebeldia. Quão estranho deve ter sido, para os judeus
crentes que havia nessas sinagogas, ouvirem aquele fanático Saulo de Tarso,
cuja reputação era a pior possível, a proclamar agora Cristo claramente, como o
Filho de Deus, ao invés de blasfemar de seu nome e de maltratar os seus
seguidores como gado. Que tal mensagem foi pregada nas sinagogas, pelo
extremamente zeloso Saulo, deve ter sido repelente para os oficiais das
sinagogas que porventura estavam de acordo com o sinédrio de Jerusalém. E não
se há de duvidar que o mesmo deve ter sentido os membros do sinédrio. Não e
mister fazer prolongado exame desse título de Jesus, até mesmo nos evangelhos,
ou na tradição crista, para perceber que era utilizado com uma significação
muito mais elevada do que para meramente designar Jesus como o ≪Messias≫, embora seja
esse, por semelhante modo, um sentido legitimo do título, conforme e
ordinariamente usado nas páginas do A.T. Esse termo realmente tenciona
apresentar uma espécie de dupla criptologia, que expõe o contraste do que se
poderia compreender pela expressão Filho do homem. O Senhor Jesus e o homem
representativo, um homem verdadeiro, que sofreu os sofrimentos humanos,
tendo-se identificado com os homens em todos os pontos essenciais. (Quanto a
notas expositivas acerca da ≪humanidade de Cristo≫, seu sentido e
importância para conosco, ver o trecho de Fil. 2:7). Ao mesmo tempo, porém,
Jesus e também o Filho de Deus, distinto dos homens conforme os conhecemos
agora, por ser ele perfeito e total participante da natureza divina. E muito
provável
que quando foi escrito o primeiro dos evangelhos—Marcos—esse título já fosse
frequentemente usado como título divino. É verdade que o próprio termo não tem
de indicar necessariamente deidade, porque, no A.T., era empregado até mesmo
como título de reis, sacerdotes e profetas, e dava a entender tão-somente que
Deus estava com eles e os dirigia. Porém, também e obvio que, em muitas
referências, quando o título ≪Messias≫ e aplicado ao Senhor Jesus, está em
foco mais do que uma relação especial qualquer, porquanto tenciona incluir a
ideia da participação na essência divina; e esse e um dos particulares onde o
cristianismo ultrapassa em muito a qualquer implicação do judaísmo, no que diz
respeito a natureza do Messias. (Ver os trechos de Mat. 11:27; Marc. 13:32;
14:36; Joao 20:17; 10:38; 14:10; 5:35; 3:16 e Heb. 1:2). As ideias centrais do
título Messias, são as seguintes:
- Jesus e a grande figura predita no A.T., ainda que
em termos que excedem em muito aquilo que os judeus compreendiam através
de tais profecias.
- Realmente eles mantem uma relação toda especial
para com Deus Pai. conforme indicam-nos com grande clareza passagens como
Joao 5:19,30; 16:32; 8:49,50 e Heb. 1:3,
- Essa expressão veio a ser termo que designa a
natureza divina do Senhor Jesus. Assume assim uma natureza transcendental,
tornando-se um título que indica a exaltada e divina natureza do Salvador
dos homens.
Na qualidade de Messias, e de
conformidade com a perspectiva crista acerca desse oficio, ele e o Filho de
Deus em sentido absoluto. (Ver Mat. 27:43; 9:27; 24:36 e Marc. 13:32). Por
causa dessa filiação e que ele e o verdadeiro Messias, o Salvador determinado e
qualificado pelo Pai, o alvo da criação inteira, porquanto Deus está duplicando
o seu Filho amado nos remidos. Paulo deixa subentendido claramente que o
próprio Deus se manifestou em Cristo, o que e, igualmente, a grande ênfase do
quarto evangelho, onde 0 Cristo aparece também como o ≪Logos≫ ou ≪Verbo≫ eterno, o
criador de todas as coisas. A ideia parece ser que, no N.T., se ensina que a
fim de Cristo poder levar os homens a uma verdadeira e completa comunhão com
Deus, era necessário que fosse ele verdadeiro homem e verdadeiro Deus ao mesmo
tempo, e não meramente—um personagem celestial, como é o caso dos anjos. E seguro
supormos que Saulo de Tarso, tendo experimentado aquele tão poderoso encontro
místico com o ≪Senhor≫, na estrada de Damasco, ficou convicto
da realidade de que Jesus era muito mais do que meramente o Messias, tendo usado a
palavra ≪Cristo≫ (ou Messias),
desde seus primeiros testemunhos nas sinagogas de Damasco, a fim de dar a
entender a divindade de Jesus, embora ainda não compreendesse plenamente a
significação de tudo isso, até haver recebido visões e revelações
posteriores, que se concretizaram em suas epistolas, preservadas
miraculosamente para nos nas páginas do N.T. CHAMPLIN, Russell Norman, O
Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos.
Vol. 3. pag. 198-199.
**********************
Saulo Prega que jesus É o Cristo
(9.19b-22). Saulo fica vários dias com os cristãos de Damasco, que o recebem
imediatamente na comunhão. Em seguida ao batismo em águas e no Espírito, ele
começa a cumprir a missão que Deus lhe deu de pregar que jesus é o Filho de
Deus. O título “Filho de Deus” refere-se à filiação messiânica de jesus de
acordo com o Salmo 2.7 e é uma chave da teologia de Paulo (cf. Rm 1.4). Como
Pedro no Dia de Pentecostes, ele é capacitado pelo Espírito a proclamar aos
judeus incrédulos que Jesus é o iniciador da salvação e que sua morte é o único
meio de reconciliar as pessoas a Deus (cf. Rm 5.10; Gl 2.20; Cl 1.13,14).
Evidentemente, nesta ocasião Saulo tem apenas um ministério pequeno na cidade.
A pregação de Saulo tem forte efeito nos ouvintes. Todos que o ouvem ficam
pasmos com este homem, que tinha buscado destruir a Igreja em Jerusalém e ido a
Damasco com propósito semelhante. A palavra traduzida por “perseguia” (portheó)
significa pilhar ou saquear uma cidade (cf. Gl 1.13,23, onde Paulo usa esta
palavra para descrever seus esforços em destruir a Igreja). Agora, nas
sinagogas em Damasco, ele testemunha da mesma fé que tinha tentado destruir.
Saulo tinha visto o Cristo ressurreto na sua glória e, assim, pregava como
testemunha ocular (cf. 1 Co 9-1). Os judeus em Damasco estavam confusos com os
argumentos de Saulo de que o Jesus crucificado é o Messias prometido pelos
profetas do Antigo Testamento. Inspirado pelo Espírito Santo, ele se torna cada
vez mais poderoso em sua pregação, e seus oponentes ficam perplexos e não podem
refutá-lo. Este aumento em poder fala da obra dinâmica do Espírito. Tal poder
espiritual é básico à experiência pentecostal e ao ministério de Paulo, que
começa aqui em Damasco e continua durante os próximos vinte e cinco anos ou
mais. Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora
CPAD. pag. 676.
2. O caminho de
pregação. Depois do estágio no deserto da Arábia por três anos, Paulo
voltou a Damasco, e daí foi para Jerusalém (Gl 1.18). Não teve uma recepção
calorosa porque os cristãos de Jerusalém, inclusive os apóstolos, ainda temiam
a presença do antigo Saulo de Tarso (At 9.26). Com alguma reserva, ele foi
acolhido na “igreja-mãe” e todos ouviram o seu testemunho e, sem se intimidar,
ele pregava ousadamente para os judeus e gregos da cidade (At 9.28,29).
Entretanto, Paulo recebeu uma revelação de que deveria sair de Jerusalém (At
22.17,18).
Comentário
No relato de Lucas em
Atos 9, logo após a conversão de Saulo, por causa da sua ousadia ao entrar na
sinagoga de Damasco e falar que Jesus era, de fato, o Cristo das Escrituras
profetizado, ele teve que fugir de Damasco para não ser apedrejado. Até então,
e ele era conhecido pelo nome judeu “Saulo”. Inteligente e certamente orientado
pelo Espírito Santo em sua mente, ele não renegou seu nome judeu, mas preferiu
usar o nome romano “Paulo”, que havia adotado para proteger-se um pouco mais
dos judeus que queriam matá-lo (At 9.23,24). Somente no capítulo 13 de Atos,
ele passou a identificar-se como “Paulo”. Depois de ameaçado em Damasco, ele
foi para Jerusalém para dar-se a conhecer aos apóstolos, ficando poucos dias na
cidade, depois de pregar e anunciar sua nova fé. Paulo intentou ir a Jerusalém,
mas o Espírito direcionou-o para ir à Arábia (Gl 1.17,18). Somente depois de
três anos, Paulo foi a Jerusalém para ver a Pedro, Tiago e os demais apóstolos.
A partir daí, Lucas silenciou-se sobre Paulo, que só aparece quando, estando em
Jerusalém, Barnabé foi buscá-lo para juntar-se a ele em Antioquia (At 13.1-3).
Antes, é claro, quando se reclusou na Arábia e confinou-se num deserto, Paulo
torna-se aprendiz na escola do deserto para ter a revelação plena de Jesus
Cristo e a mensagem que deveria pregar. Cabral. Elienai,. O Apostolo
Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja
de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021.
**********************
A passagem paralela de Atos 9:29
mostra-nos quão profundo se tomara o ódio dos judeus incrédulos contra Paulo,
desde o início, porquanto, ainda em seus primeiros meses de vida cristã já
sofrerá uma tentativa de assassinato, organizada. Quão inclinados para a
violência e para o homicídio eram aqueles indivíduos fica demonstrado pelo fato
de que as suas mentes podiam imaginar somente uma solução para o problema de se
sentirem perturbados por um profeta de Deus — o assassinato desse profeta. Isso
nos permite entrever quão pouco desenvolvidas eram as suas almas, como eles
eram perversos, malignos, endemoninhados. Não obstante, saíam por toda a parte
a exibir-se como instrumentos escolhidos no serviço de Deus, como se, acima de
todos os demais homens, soubessem qual a vontade de Deus, e sendo os seus
máximos representantes na terra. Quão fácil é para os homens enganarem a si
próprios, considerando-se santos quando, na realidade, são profunda e
arraigadamente pervertidos! Portanto, com boa razão, a visão celestial advertiu
a Saulo que fugisse da presença daquela gente. Outrossim, a missão
evangelística de Paulo não visava a eles, porquanto lhe foi determinado que
instaurasse a igreja cristã no mundo gentílico, e, por meio do poder do
Espírito Santo, realizou isso quase sozinho. Cada indivíduo é sem igual, cada
qual tem uma missão sem par, e todas as missões são igualmente importantes.
(Ver as notas expositivas sobre Atos 9:15, acerca dos «instrumentos
escolhidos». Ver também Apo. 2:17 sobre o tema de que cada indivíduo é
sem-igual. E ver também Atos 9:19 quanto ao tema de que «há missões
secundárias, mas igualmente importantes»). «…era apropriado que o santo servo
do Senhor fosse assim humilhado, para que todos os pregadores do evangelho
aprendessem a dedicar-se completamente à obediência a Cristo, a fim de que, ao
serem expulsos de um lugar estejam preparados para se dirigirem para outro, e
de maneira alguma se sintam desencorajados e nem cessem de cumprir com o seu
dever, ainda que sejam odiados sem a menor razão». (Calvino, in loc.). Paulo
relata esse aspecto da visão que recebeu – a comissão divina que o enviava aos
povos gentílicos—a fim de mostrar que a sua missão lhe fora conferida pelo
próprio Deus. Sem isso, ele teria continuado na mesma atitude que caracterizava
a maioria dos judeus, isto é, a de ódio contra os gentios. E posto que essa sua
missão entre os gentios lhe fora propiciada divinamente, os seus ouvintes não
tinham razão por odiar ao apóstolo, porque entrava em contato constante com os
gentios. A lógica é perfeita, mas aquela multidão iracunda mostrou pouca
paciência em face da lógica e da razão. CHAMPLIN, Russell Norman, O
Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos.
Vol. 3. pag.
**********************
Barnabé Apoia Saulo (9.26-30).
Compelido a fugir da cena de seus primeiros trabalhos no evangelho, Saulo volta
a Jerusalém. Os doze apóstolos tinham ficado na Cidade Santa quando Saulo
partiu em sua missão assassina. Eles e outros discípulos não esqueceram a
perseguição que ele fazia, e quando chega, encontra dúvida e suspeita. Os
crentes ouviram falar de sua conversão (Gl 1.23), mas conhecendo sua história,
estão com medo e duvidam que ele seja discípulo genuíno. Eles não descartam a
possibilidade de um grande trama para tirar vantagem deles. Parece-lhes incrível
que tal perseguidor violento tenha se tornado cristão. Assim, os cristãos
rejeitam Saulo quando ele tenta se unir a eles. Barnabé é o primeiro a se
convencer da sinceridade de Saulo. Ele o apresenta a dois apóstolos, Pedro e
Tiago (Gl 1.18- 24). Este “Filho da Consolação” (At 4.36) está familiarizado
com os detalhes da conversão de Saulo e sua obra evangelística em Damasco. Ele
convence a comunidade cristã da autenticidade da conversão deste fariseu e
também que o Senhor o chamou e o equipou para o ministério. Por causa da
recomendação de Barnabé, Saulo é aceito como discípulo genuíno e pregador do
evangelho. Tendo agora estreita associação com os apóstolos e o poder do seu
ministério reconhecido por eles, Saulo prega com a mesma ousadia que teve em
Damasco (v. 28). Seguindo os passos de Estêvão, ele prega para os judeus de
fala grega (hellenistai) e entra em debate com eles. Eles descobrem que seu
novo oponente é tão invencível quanto Estêvão tinha sido. Visto que eles não
conseguem repudiar os argumentos de Saulo das Escrituras, eles resolvem que seu
destino é igual ao de Estêvão. Quando os cristãos ficam sabendo que a vida de
Saulo está em perigo, eles o enviam a Cesaréia. Ele faz uma curta viagem ao
norte do mediterrâneo na região de Tarso, o lugar do seu nascimento (At 21.39;
22.3). Neste ponto, Saulo desaparece de cena no relato de Lucas e reaparece
aproximadamente dez anos depois (At 11.25-30). Este lapso de tempo é conhecido
por “período silencioso”, mas obviamente só é silencioso para nós. Durante este
período, de acordo com relato do próprio Paulo, ele foi às regiões da Síria e
Cilicia, pregando ao povo sobre a fé que uma vez ele tinha tentado destruir (Gl
1.21-24). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora
CPAD. pag. 677-678
**********************
3. Paulo e as duas
viagens missionárias. Na primeira viagem, Paulo não estava só, mas
acompanhado e assistido por Barnabé, que era um conselheiro competente. Os
dois, Paulo e Barnabé, passaram por vários lugares e visitaram os discípulos
que estavam em Antioquia, Fenícia, Chipre e outros pequenos lugares. Na segunda
viagem missionária, o apóstolo e Barnabé voltaram a Antioquia porque a igreja
dessa cidade havia crescido e se tornou o ponto de partida para visitar outras
cidades (Atos 16-18). Nessa viagem, eles passaram por Listra, Troas (ou Trôade),
Filipos, Tessalônica, Beréia, Atenas, Corinto e, por fim, Éfeso. Em todas essas
viagens, o Espírito Santo movia o ministério de Paulo.
Comentário
Impulsionado pelo
Espírito Santo para pregar a Cristo aos judeus e gentios, Paulo empreende sua
primeira viagem, mas não estava sozinho. Ele estava acompanhado e assistido
por Barnabé, que era um conselheiro competente. Os dois, Paulo e Barnabé,
passaram por vários lugares e visitaram os discípulos que estavam em Antioquia,
Fenícia, Chipre e outros pequenos lugares. O ministério de ambos era poderoso
com sinais e prodígios e muitos novos convertidos a Cristo. Na segunda
viagem missionária dos dois, Paulo voltou a Antioquia, porque a igreja
dessa cidade havia crescido e tornou-se o ponto estratégico para o desafio
missionário de Barnabé e Paulo. Antioquia seria o ponto de partida para visitar
outras cidades (Atos 16–18), e, nessa segunda viagem, eles passaram por Listra,
Trôas (ou Trôade), Filipos, Tessalônica, Bereia, Atenas, Corinto e, por fim,
Éfeso. A mensagem de Cristo age no coração e na mente de um vocacionado como
uma centelha de fogo que não se apaga nunca, e o desejo de avançar e anunciar a
Palavra a outros é muito forte. Na verdade, um homem cheio do Espírito Santo
não vê obstáculos para pregar a Cristo, porque o desprendimento é total. Nada
físico ou material prende uma pessoa cheia do Espírito. Cabral. Elienai,. O
Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para
a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021.
**********************
A PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA Depois de
várias reuniões e muita oração, os líderes da igreja entenderam que era a
vontade de Deus que enviassem Barnabé e Saulo nessa missão. Quem seria melhor
qualificado para ela? Eram homens experimentados, e ambos defendiam a ideia de
que os gentios deviam ser participantes da promessa juntamente com os judeus.
Haviam ambos viajado muito e pareciam ser cidadãos do mundo. Estavam
capacitados a representar a Cristo; para isto haviam sido chamados.
Os líderes, levantando-se numa reunião da igreja, segundo o costume dos
sacerdotes de Israel, impuseram as mãos sobre Barnabé e Saulo, abençoando-os e
encarregando-os solenemente da tarefa missionária. Com as mochilas cheias de
provisões e presentes oferecidos pelos membros da igreja, Barnabé e Saulo
partiram numa jornada que os manteria longe de casa por mais de dois anos.
Deixaram atrás de si uma igreja que jamais haveria de se esquecer deles em suas
orações. Os missionários levaram consigo o jovem Marcos. Quando a primavera
chegou aos montes da Síria, os três partiram; muitos irmãos estavam lá para se
despedirem deles. Os missionários caminharam pela longa estrada pavimentada que
os levaria ao porto de Selêucia, onde havia grande atividade. Navios mercantes
chegavam e partiam para outros portos em todo o Mediterrâneo. Muitos barcos de
pequeno porte, levando frutas de Chipre, distante dali cerca de 113
quilômetros, navegavam regularmente pela estreita faixa de água azulada, num
percurso de seis horas, com vento favorável. Como Barnabé era de Chipre, eles
certamente seriam bem acolhidos na cidade. Além disso, havia na ilha alguns
cristãos que tinham sido expulsos de Jerusalém quando da perseguição geral.
A SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA Barnabé e
Marcos embarcaram num navio, enquanto Paulo e Silas foram por terra ao longo da
estrada dos mercadores, atravessando as altas serranias de Listra. O zelo
demonstrado por Silas em Antioquia impressionara Paulo, e dera-lhe a certeza de
que Deus honraria o seu testemunho onde quer que fosse. Silas, como Paulo, era
cidadão romano. Juntos, pensou Paulo, poderiam realizar grandes coisas para
Deus, enquanto visitavam as cidades gentias. Com as mochilas às costas,
e os jumentos carregados de provisões, despediram-se dos irmãos e partiram para
o monte Tauro. Por essa estrada, Paulo viajara quando criança para ir a
Jerusalém com o pai. Era uma estrada larga, e ele tinha a sensação de conhecer
cada palmo dela. Mas, por segurança, foram em grupos, juntando-se aos
mercadores e peregrinos. Provavelmente, Paulo conhecia bem a Síria e a Cilicia.
Bem pode ser que tenha pregado em muitas aldeias e cidades dessa região,
enquanto aguardava o chamado de Deus em Tarso. Havia diversas pequenas igrejas
em lugarejos perto da estrada, e Paulo pretendia visitá-las, confirmando-as na
fé e encorajando-as a manter firme lealdade a Cristo. As igrejas precisavam
realmente dessa visita. Não tinham o Novo Testamento para orientá-las na vida
cristã e, às vezes, as ondas da perseguição eram enormes. Receber a visita do
apóstolo Paulo, conhecer Silas que viera da igreja-mãe, e ouvir sobre os
cristãos de outras cidades, era sem dúvida de grande ajuda. Ball. Charles
Ferguson. A vida e os Tempos do Apostolo Paulo. Editora CPAD.
pag. 51; 67.
II – O ARGUMENTO
DE PAULO SOBRE A PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO
1. Paulo aclara o
ensino sobre a plenitude do Espírito. Nos capítulos anteriores, depois da
separação entre Paulo e Barnabé, o jovem Timóteo e Silas passaram a acompanhar
o após- tolo. Quando Paulo voltou a Éfeso, deparou-se com um grupo de
discípulos que seguiam o ensino de Apolo e foram batizados com o batismo de
arrependimento de João Batista. Esses discípulos ouviram falar de Jesus, mas
não conheciam a doutrina do batismo no Espírito Santo. Eles haviam crido (At
19.2) em Cristo, mas nada sabiam da experiência do Pentecostes. Paulo percebeu
que a despeito de terem crido no Cristo das Escrituras, eles não haviam
recebido o poder do Espírito para se tornarem testemunhas do Senhor.
Comentário
Uma experiência um pouco
amarga aconteceu quando Paulo e Barnabé desentenderam-se acerca de um jovem
chamado João Marcos, que, antes, havia abandonado os dois numa das viagens.
Barnabé entendia que se deveria dar nova oportunidade ao jovem Marcos, mas
Paulo não aceitou. Os dois separaram-se, e Paulo tomou um rumo, e Barnabé,
outro. Foi uma situação possível entre pessoas que não afetou a continuidade
missionária de ambos (At 15.36-39). Numa dessas viagens missionárias de Paulo,
antes de ir a Éfeso, ele encontrou dois homens especiais que estavam no
aprendizado do ministério e estavam dispostos a acompanhá-lo: Timóteo e Silas
(At 15.40; 16.1). Ao chegar a Éfeso, Paulo deparou-se com um grupo de
discípulos que seguiam o ensino de Apolo e que foram batizados com o batismo de
arrependimento de João Batista. Apolo era um judeu de Alexandria, no Egito, e
era muito culto e eloquente. Era um homem com profundo conhecimento das
Escrituras, com uma índole boa e honesta. Entretanto, tudo o que conhecia sobre
o Messias era o que tinha aprendido com João Batista. Ele conhecia os fatos da
vida de Jesus, mas ainda não sabia sobre a morte e ressurreição de Jesus.
Áquila e Priscila, então, fizeram-no conhecer a verdade sobre Jesus e
instruíram-no acerca disso. Portanto, os discípulos que estavam em Éfeso
ouviram falar de Jesus, mas não conheciam a doutrina de Cristo. Eles haviam
crido (At 19.2) em Cristo e sabiam que havia uma promessa do Espírito Santo,
mas nada sabiam da experiência do Pentecostes. Paulo percebeu que, a despeito
de terem crido no Cristo das Escrituras, eles não haviam recebido o poder do
Espírito para tornarem-se testemunhas de Cristo. Cabral. Elienai,. O
Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para
a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021.
**********************
Os primeiros crentes, a maioria dos
quais se compunha de judeus, haviam recebido o Espírito Santo no «primeiro»
Pentecoste, o Pentecoste judaico. Os crentes samaritanos,
tendo crido por intermédio da prédica de Filipe, o evangelista, necessitaram da
ajuda apostólica a fim de receberem o dom do Espírito Santo. Então foi a vez
dos gentios crerem em Jesus, e, através da presença de Pedro, ainda que não
houvesse qualquer cerimônia da imposição de mãos, como nos casos anteriores,
receberam eles o dom do Espírito Santo. Foi aquele o «segundo» Pentecoste, dado
especialmente a crentes gentílicos. A partir desse ponto fica abandonado esse
tema, supondo-se que à medida em que Paulo foi espraiando as suas atividades
missionárias os seus convertidos também iam sendo batizados no Espírito Santo,
mais ou menos segundo sucedera aos gentios de Cesaréia, na casa de Cornélio,
através do ministério de Pedro, ainda que essa informação não nos seja
explicitamente outorgada. AQUI, entretanto, encontramo-nos com um novo grupo de
crentes, cuja fé ainda estava mui imperfeitamente formada,
pouco tendo avançado além dos judeus ordinários quanto aos seus pontos de vista
religiosos; eram gentios ainda crus. Tinham ouvido falar em Jesus Cristo, e
mantinham nele alguma fé, talvez numa confiança um tanto ou quanto similar à
dos primeiros seguidores de Jesus, que tinham vindo a ele mediante a
recomendação feita por João Batista, ao iniciar o Senhor Jesus o seu ministério
terreno. O sexto versículo deste mesmo capítulo mostra-nos que a imposição de
mãos foi uma medida necessária para o recebimento do Espírito Santo, no
presente caso. Porém, se acompanharmos os vários modos em que o dom do Espírito
Santo foi dado, segundo as narrativas neotestamentárias, descobriremos que a
cerimônia da imposição de mãos nem sempre era necessária; pois, na realidade,
essa experiência ocasionalmente se verificava espontaneamente. (Ver 10:44).
Na maioria dos casos, ainda que não em todos, o falar em línguas era
fenômeno que se seguia, como uma comprovação da realidade do recebimento do
Espírito Santo. No sexto versículo deste capítulo isso acontece novamente, o
que é uma maneira de Lucas, o autor sagrado afirmar a realidade da experiência
mística do batismo no Espírito Santo. Novamente, essa porção nem sempre é registrada
nos relatos sobre o recebimento do Espírito Santo. Por exemplo, faz-se ausente no
caso dos samaritanos, não tendo sido mencionada nem mesmo pelo apóstolo Paulo.
Não sabemos se o autor sagrado deixou propositalmente de mencionar o falar em
línguas porque tal fenômeno não ocorreu em diversas instâncias, ou simplesmente
porque ele preferiu não aludir ao mesmo em todas as suas narrativas sobre o
recebimento do dom do Espírito Santo. Na totalidade das descrições acerca das
chamadas duas primeiras viagens missionárias de Paulo, as línguas nunca são
mencionadas. Contudo, a volta à alusão às mesmas, neste décimo nono capítulo,
mostra-nos que esse tema continuava sendo importante no conceito de Lucas e do
cristianismo primitivo. Embora Lucas não se tenha mostrado sempre coerente em
sua narrativa (porquanto às vezes pode ter deixado uma verdade subentendida, ao
invés de mencioná-la especificamente), é evidente que ordinariamente ele
considerava que a confirmação do batismo no Espírito Santo era conferida através
do fenômeno do falar em línguas. Alford supõe que a ênfase deve ser posta sobre
as palavras «…nem mesmo ouvimos…»
É como se eles tivessem respondido:
«Nem ao menos ouvimos falar no Espírito Santo, quando recebemos o batismo». O
recebimento do dom do Espírito não teria feito parte da transação. Porém,
talvez essas palavras também tenham o sentido que, embora soubessem que essa
promessa fora feita, não sabiam que já fora cumprida. Assim sendo, poderíamos
parafrasear a sentença como segue: «Nem ao menos ouvimos dizer que o Espírito
Santo é dado». (Comparar com João 7:39). «Não tinham ouvido dizer que existem
dons e graças particulares do Espírito Santo, que podem ser recebidos». (Adam
Clarke, in loc.). ≪…quando crestes…» Isso subentende
alguma forma de fé em Jesus, e justifica o uso do termo discípulo, que
Lucas empregou para descrever aqueles homens. Naturalmente é possível que o
autor sagrado tivesse considerado que o fato de alguém seguir a João Batista,
precursor do Messias, fosse uma espécie de fé. Porém, o mais provável é que
aqueles homens tivessem ouvido o testemunho de João Batista acerca de Jesus,
como o Messias prometido, tendo vindo a crer nesse testemunho. Ato contínuo,
entretanto, ficaram totalmente destituídos de treinamento cristão doutrinário,
por terem perdido todo o contato com os cristãos, jamais tendo estado em algum
centro onde a igreja fora estabelecida. Importância do Espirito
Santo. Não pode haver cristianismo verdadeiro sem a operação interna
do Espírito Santo, que vem habitar no indivíduo remido. Se o Espírito de Deus
não vier aos homens, através de alguma elevada experiência mística, tal como o
tipo de batismo do Espírito Santo que aparece nos primeiros capítulos do livro
de Atos —sem importar se essa experiência é repentina ou progressiva – não
poderá haver verdadeiro progresso na vida espiritual, e nem a transformação
segundo a imagem moral e metafísica de Cristo poderá começar a ser uma
realidade. Por essa exata razão é que o apóstolo Paulo se preocupou em indagar
daqueles discípulos se eles já haviam passado por essa notável experiência. E
nós, por nossa vez, também deveríamos ficar profundamente interessados pela
mesma. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado
versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 409.
**********************
- Éfeso. Mesmo que Lucas apresente a Apolo no
capítulo anterior (Atos 18) e mencione seu nome neste capítulo (Atos 19),
em nenhuma parte diz que Paulo e Apolo se encontraram. Só diz que enquanto
Apolo estava em Corinto, Paulo viajou de Antioquia da Pisídia através das
regiões interiores (segundo o texto grego, as zonas mais altas) da Ásia
Menor e chegou a Éfeso. Paulo tinha prometido aos judeus em Éfeso que
voltaria a visitá-los, se Deus o permitia, para lhes instruir mais (cf. At
18:19–21). Embora numa ocasião anterior o Espírito Santo o tinha impedido
de entrar na província da Ásia (At 16:6), Paulo considerava Éfeso um
ponto-chave para a propagação do evangelho.
Situada ao sul do rio Caistro e a quase
5 km. ao interior do Mar Egeu, Éfeso era uma encruzilhada para a estrada
costeira que ia do norte ao sul e a estrada que se estendia a leste, a
Laodiceia e à região de Frígia (Antioquia da Pisídia). Em séculos anteriores,
Éfeso, onde o tráfico do mar se unia com o de terra, tinha sido o principal
centro do comércio na província da Ásia. Porém, nos dias de Paulo, o porto de
Éfeso estava tão cheio de sedimento que as embarcações tinham dificuldade para
atracar ali pelo que buscavam outro lugar. Embora a deterioração do porto
tivesse provocado a inevitável decadência de Éfeso como ponto de influência
comercial, não obstante tinha ultrapassado a Pérgamo em importância quando os
romanos a fizeram a capital provincial da Ásia (Turquia ocidental) para o final
do século I a.C. Nos meados daquele século, é possível que a cidade tenha tido
mais de duzentos mil habitantes; as escavações arqueológicas encontraram o
antigo teatro, o qual se estima que tinha capacidade para vinte e quatro mil
pessoas. De mais significado era o templo da deusa Ártemis. O templo, que era o
edifício maior de que se tenha conhecimento naquele tempo e que era uma das
sete maravilhas do mundo antigo, atraía multidões de adoradores a Éfeso. E aqui
os ourives tinham desenvolvido um possante negócio, fabricando altares e
imagens de prata de Ártemis.
- Os discípulos. Quando Paulo chegou a Éfeso, sem
dúvida que se reuniu com Priscila e Áquila, aqueles que certamente lhe
informaram a respeito do trabalho de Apolo na sinagoga local. Pouco
depois, Paulo reuniu a um grupo de doze homens a aqueles que Lucas
descreve como discípulos. A palavra discípulos, que Lucas em Atos usa para
descrever aos crentes cristãos, é usualmente um sinônimo para “seguidores
de Cristo”. Paulo parece dar a estas pessoas o benefício da dúvida, porque
usa o verbo crer, com a implicação de que eles criam em Cristo.
Pergunta-lhes: “Vocês receberam o Espírito Santo quando creram?”
Mas estes discípulos lhe responderam:
“Não, nem sequer ouvimos que existe o Espírito Santo”. Esta afirmação em si
mesma parece inconcebível, porque o Antigo Testamento ensina a doutrina do
Espírito. E a evidência da presença do Espírito foi óbvia na vida de João (cf.
Lc 1:15). O escriba do Texto ocidental enfrentou este problema e fez os
discípulos dizerem: “Nem sequer ouvimos se as pessoas estão recebendo o
Espírito Santo”.1178 Mas os tradutores duvidam quanto a usar esta forma, devido
à insinuação usual dos escribas de revisar o texto e torná-lo mais fácil de
entender aos leitores. Prevalece, no entanto, a forma mais difícil: “que se
existe o Espírito Santo”. O fato de que os discípulos em Éfeso mostrem
ignorância a respeito da presença do Espírito provoca perguntas, porque um
cristão sem o Espírito é uma contradição. Fé (ou crença) sem o Espírito é nada
mais que um consentimento sem compromisso. Além disso, eram estes homens
seguidores de Cristo? Tinham sido batizados no nome de Jesus? O Novo Testamento
ensina que “ninguém que não tenha recebido o batismo cristão pode ser parte da
comunidade de fé”.1179 Paulo queria saber mais quanto à base espiritual destes
discípulos e lhes perguntou: “Então, que batismo vocês receberam?” Os
discípulos simplesmente responderam: “O batismo de João”. Sua resposta pode
indicar que eles eram na verdade discípulos de João Batista, que tinham sido batizados
por seu mestre ou por um de seus seguidores, e que se tinham trasladado da
Judeia a Éfeso. C. K. Barrett escreve: “Há uma boa embora pouco contundente
razão para pensar que grupos de discípulos de João existiam depois da morte de
seu mestre, e mesmo depois da morte e ressurreição de Jesus”. Comentário
Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. pag. 1180.
**********************
Note-se a diferença entre Apolo e estes
discípulos. Apolo conhecia só o batismo de João mas ensinava corretamente a
respeito de Jesus com um amplo conhecimento das Escrituras (At 18:24–25); os
discípulos tinham o batismo de João mas careciam de conhecimento sobre o
Espírito Santo. Embora estivessem aprendendo a respeito de Jesus, mantiveram-se
estreitamente associados com João Batista. Eles perderam a prazerosa segurança
do Espírito em suas vidas, não tinham uma relação viva com Jesus, e lhes disse
que o batismo de João era inadequado. Estavam numa fase que era introdutória à
fé cristã. E devido ao fato de que se encontravam nesta fase, Lucas e Paulo
usam com cautela os termos discípulos (aprendizes) e crer (consentir).1181 Da
forma em que Priscila e Áquila ensinaram Apolo a respeito do evangelho de
Cristo e o animaram, assim Paulo guiou estes seguidores de João a um
conhecimento salvífico de Jesus. Desta maneira Paulo confirmou as palavras que
João Batista pronunciou ao comparar Cristo consigo mesmo: “É necessário que ele
cresça, mas que eu diminua” (Jo 3:30). Simom J. Kistemaker. Comentário
do Novo Testamento Atos dos Apóstolos. Editora Cultura Cristã. pag.
925-928
2 É preciso crer
para receber o Espírito Santo. Ninguém recebe o batismo no Espírito
Santo antes de crer em Cristo como Salvador. Somente depois de passar pela
experiência da conversão, de reconhecer Jesus como o Salvador, então, o Senhor
concede “o dom do Espírito Santo (At 2.38), ou seja, o batismo no Espírito
Santo sobre a pessoa convertida.
Comentário
Quando chegou a Éfeso,
deparou-se com discípulos fiéis de João Batista, mas que pouco sabiam acerca de
Cristo. O batismo que conheciam era o do arrependimento ensinado por João
Batista, mas não conheciam o Espírito Santo (At 19.2). Paulo perguntou-lhes:
“Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes?”. A resposta desses
discípulos foi: “Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo” (At 19.2). Na
mente daqueles judeus convertidos, ainda prevalecia o monoteísmo judaico; por
isso, não podiam saber nada acerca da Trindade. Aqueles discípulos, então,
foram batizados em águas em nome do Senhor Jesus Cristo (At 19.5). Paulo, cheio
do poder do Espírito, impôs as mãos sobre aqueles discípulos e “veio sobre eles
o Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam” (At 19.6). Os não
pentecostais rejeitam a ideia de que o batismo com o Espírito Santo é uma
experiência sequencial à conversão. Ninguém recebe o batismo com o Espírito
Santo antes de ter crido em Cristo como o Salvador. O ato de crer daqueles
discípulos envolvia o intelectual e o emocional de cada um deles. Somente
depois de ter reconhecido Jesus como o Salvador mediante a conversão, o Senhor
concede, então, “o dom do Espírito Santo”, que é a presença do Espírito que se
apossa da pessoa convertida. Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições
de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora
CPAD. Ed. 1, 2021.
**********************
«…e recebereis o dom do
Espirito Santo…» Encontra-se aqui o comentário sobre o Dom do Espírito
Santo e o Batismo do Espírito Santo. Alguns intérpretes têm pensado, com base
neste versículo, que o dom do Espírito Santo é conferido como resultado direto
do batismo; porém, isso não pode ser consubstanciado mediante a comparação com
outros trechos bíblicos. É a aproximação a Cristo que traz esse dom aos homens,
e isso pode anteceder, e, em sentido bem real, sempre antecede o rito do
batismo em água. No sentido mais lato do dom do Espírito Santo, todos os
crentes, no instante de sua conversão, passam a possuí-lo.
No sentido mais estreito desse dom,
isto é, na forma de um derramamento do mesmo dentro do tempo, o que pode
acompanhar a entrega de algum dom miraculoso, de uma experiência mística
qualquer, do falar em línguas, etc., esse dom também pode anteceder o batismo,
conforme este livro de Atos mesmo demonstra amplamente. Deve-se observar o
trecho de Atos 10:34-38, onde o Espírito Santo caiu sobre os ouvintes gentios
da Palavra de Deus, quando Pedro ainda falava, sem haver passado qualquer
intervalo de tempo, e mesmo sem batismo, que só lhes foi administrado mais
tarde (conforme vemos em Atos 10:48). Na passagem de Atos 19:1-7 vemos que o
batismo não proporciona o dom do Espírito Santo; mas novamente, como no caso
dos samaritanos, historiado no oitavo capítulo desse mesmo livro, tal dom foi
outorgado através da imposição de mãos. Não podemos asseverar, por conseguinte,
que a ordenança do batismo em água tem qualquer conexão direta com o dom do
Espírito Santo. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 68.
**********************
Pedro promete que os que se
arrependerem e forem batizados, “receberão] o dom do Espírito Santo”. Esta
promessa deve ser entendida no contexto do derramamento do Espírito no Dia de
Pentecostes, o qual Pedro e seus colegas há pouco experimentaram. O trabalho
inicial do Espírito segue o arrependimento e lança numa nova vida em Cristo. A
promessa de Pedro se refere a um subsequente dom gratuito do Espírito e cumpre
a promessa de Joel de poder carismático e pentecostal. Tal poder equipa os
crentes para serem testemunhas de Cristo e os capacita a fazer milagres (cf. At
2.43). Este batismo é uma roupa com poder; é um dom que Jesus encoraja os
discípulos a buscar (Lc 11.13). O poder pentecostal é prometido a todos os
crentes: “A vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe” (i.e., aos
gentios). O batismo com o Espírito é uma experiência potencialmente universal,
como demonstram Cornélio e sua casa (At 10) e os discípulos em Éfeso (19.1-7).
A promessa de uma dotação especial do
Espírito rito não é somente para a audiência imediata de Pedro, mas para todos
os que creem em Jesus Cristo e o seguem em obediência (cf. At 5.32). Não há
restrição de tempo — de geração em geração (At 2.39); não há restrição social—de
jovem a velho, de mulher a homem e de escravos a pessoas livres (w. 17,18); não
há restrição geográfica — de Jerusalém até aos confins da terra (At 1.8). Deus
deseja que todo o seu povo tenha a mesma experiência momentosa que os
discípulos receberam no Dia de Pentecostes. O cumprimento de sua promessa do
Espírito, dada no Antigo Testamento, não se exaure no Livro de Atos quando a
Igreja alcança os gentios. Permanece uma bênção presente e universal, “a tantos
quantos Deus, nosso Senhor, chamar”, incluindo “a todos os que estão
longe”. Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora
CPAD. pag. 638-639.
3. Paulo cuida
para esclarecer Apolo (At 18.21-28). Quem era Apolo? Era um judeu de
Alexandria, cidade egípcia, de grande cultura. Certamente Apolo teve uma
elevada formação, principalmente, no conhecimento das Escrituras Sagradas, e se
destacava pela eloquência. Tornou-se um discípulo de João Batista à distância e
creu na mensagem dele (Mt 3.11). Apolo tornou-se pregador de Cristo, mas não
havia experimentado ainda o poder do Espírito Santo. Fez discípulos em Éfeso,
os quais eram fiéis à sua mensagem. Quando Paulo enviou Áquila e Priscila para
Éfeso, tinha por objetivo orientar Apolo acerca da via do espírito santo. Antes
que o apóstolo chegasse a Éfeso, Apolo foi para Corinto.
Comentário
Apoio era natural de
Alexandria, a segunda cidade mais importante do Império. Fundada por Alexandre,
o Grande (daí seu nome) em 332 a.C., só perdia para Atenas como centro de
cultura e aprendizado. Ali a Septuaginta foi traduzida e o judeu Filo se tornou
famoso no primeiro século como gênio intelectual que combinava a filosofia
grega com as Escrituras hebraicas, interpretando as Escrituras alegoricamente.
A cidade possuía uma biblioteca universitária contendo quase setecentos mil
livros. E sua população ultrapassava os seiscentos mil habitantes. Apoio chega
a Éfeso, capital da província romana da Ásia Menor e seu centro comercial mais
importante, com uma população em torno de trezentos mil habitantes. Graças ao
porto que recebia mercadorias de todo o mundo e também escoava seus produtos, e
graças ao templo da deusa Diana, uma das setes maravilhas do mundo antigo, a
cidade atraía inúmeros visitantes do mundo inteiro. Esse templo de mármore
branco era muito maior do que o Parthenon de Atenas. O colossal monumento tinha
140 metros de comprimento por mais de 78 metros de largura; e era sustentado
por 100 colunas de quase 17 metros de altura cada. No recinto sagrado ficava a
imagem de Diana (19.35). Apoio era um homem eloquente e poderoso nas
Escrituras. Obreiro instruído na Palavra, pregava com entusiasmo e paixão. A
expressão fervoroso de espírito significa literalmente
“fervendo em seu espírito”, isto é, cheio de entusiasmo. Nas palavras de
Matthew Henry, Apoio era um pregador que tinha tanto o fogo divino quanto a luz
divina. Muitos pregadores são fervorosos de espírito, mas são fracos no
conhecimento. Por outro lado, outros são eloquentes nas Escrituras, mas lhes
falta fervor. Quatro coisas são ditas acerca de Apoio: a) ele era judeu; b)
nasceu em Alexandria, cidade egípcia na qual durante muito tempo grande colônia
de judeus ocupava dois de seus cinco bairros; c) era um varão eloquente; d) era
poderoso nas Escrituras. Mesmo pregando com fervor e precisão sobre Jesus,
Apoio não tinha todo conhecimento necessário. Vendo o potencial desse obreiro,
Priscila e Áquila investiram nele e expuseram-lhe com mais exatidão o caminho
de Deus. Nas igrejas do Novo Testamento, embora as mulheres não fossem
ordenadas aos ofícios de liderança, tinham espaço para serem cheias do Espírito
Santo (1.14; 2.1,4) e para profetizarem (2.17,18; 21.9) bem como para ensinar
teologia a um homem pregador (18.26).
Aqueles que hoje querem proibir as
mulheres cristãs, cheias do Espírito Santo, de pregar a Palavra de Deus e
ensinar as santas Escrituras até mesmo na escola bíblica dominical, estão em
desacordo com o exemplo das igrejas primitivas. Sobre este assunto, Justo
González escreve: Priscila — e também as quatro filhas de Filipe, que pregavam
(21.9) – é uma indicação do que Pedro disse em seu discurso do Pentecostes, de
que os dons do Espírito são derramados sobre os jovens e velhos, os homens e
mulheres. Diante dos atos desse Espírito, todas as limitações que nós, seres
humanos, impomos uns aos outros devem ser afastados. A igreja latino-americana
tem um valioso recurso nas mulheres, e os que se recusam a permitir o uso
apropriado desses recursos devem ter cuidado para que não se vejam resistindo
ao Espírito. John Stott afirma que o ministério de Priscila e Áquila foi
oportuno e discreto. E muito melhor dar esse tipo de ajuda particular a um
pregador, cujo ministério é defeituoso, do que corrigi-lo ou denunciá-lo
publicamente. Os ensinos recebidos foram eficazes, e os cristãos em Éfeso
passaram a ter plena confiança em Apoio, a ponto de escreverem uma carta de
apresentação aos discípulos na Acaia quando ele resolveu ir para lá. Chegando a
Acaia, especificamente a Corinto, Apoio auxiliou muito os crentes, porque com
grande poder convencia publicamente os judeus, provando por meio das Esrituras
que Jesus era de fato o Messias. A eloquência e a erudição de Apoio chamaram a
atenção (IC o 1.12; 3.4-6; 4.6). Mais tarde Paulo disse que ele plantou, mas
foi Apoio quem regou a semente do evangelho em Corinto (IC o 3.6). E triste que
uma “panelinha” se tenha formado ao redor dele e contribuído para causar
divisão na igreja. LOPES. Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito
Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. pag. 374-377.
**********************
UM HOMEM COM UMA MENSAGEM INCOMPLETA
(AT 18:23-28) Quando Paulo partiu de Éfeso a fim de ir para Jerusalém, deixou
na cidade seus amigos Áqüila e Priscila para que dessem testemunho na sinagoga.
Podemos apenas imaginar a surpresa deles quando, certo sábado, ouviram um mestre
judeu chamado Apolo ensinar as mesmas verdades nas quais eles criam e que
também ensinavam! Sem dúvida, Apolo era um homem excepcional em vários
sentidos. Era de Alexandria, a segunda cidade mais importante do império
romano. Centro de educação e de filosofia, a cidade fora fundada por Alexandre,
o Grande (daí o seu nome) e possuía uma universidade com uma biblioteca
contendo quase 700 mil livros. A população de Alexandria (cerca de 600 mil
habitantes) era extremamente cosmopolita, constituída de egípcios, romanos,
gregos e judeus. Pelo menos um quarto da população era de judeus, e a
comunidade judaica era bastante influente. Apolo conhecia bem as Escrituras do
Antigo Testamento e as ensinava com eloquência e poder. Tinha um espírito
fervoroso e era diligente em sua apresentação da mensagem. Possuía ousadia
suficiente para entrar na sinagoga e pregar aos judeus. O único problema era
que esse homem cheio de entusiasmo proclamava um evangelho incompleto. Sua
mensagem só chegava até João BatistaI Não sabia coisa alguma acerca do
Calvário, da ressurreição de Cristo nem da vinda do Espírito em Pentecostes.
Apesar de seu zelo, faltava-lhe conhecimento espiritual (Rm 10:1-4). O
ministério de João Batista foi parte importante do plano da redenção. Deus
enviou João a fim de preparar a nação de Israel para seu Messias 00 1:15-34). O
batismo de João era um batismo de arrependimento: os que eram batizados olhavam
para o Messias que estava por vir (At 19:4). João também proclamava o batismo
futuro do Espírito Santo (Mt 3:11; Mc 1:8), que se deu no dia de Pentecostes
(At 1:5). Apolo conhecia as promessas, mas não sabia de seu cumprimento.
Afinal, de onde Apolo tirou sua mensagem? Uma vez que Alexandria era um centro
acadêmico famoso, é possível que alguns dos discípulos de João Batista (Mt
14:12; Lc 11:1) tenham ido para lá, enquanto Cristo ainda ministrava na Terra,
e que tenham compartilhado com os judeus tudo o que sabiam.
O termo “instruído”, em Atos 18:25,
significa “catequizado” e indica que Apolo recebeu instrução formal acerca das
Escrituras. Essa instrução, porém, limitava-se aos fatos sobre o ministério de
João Batista. A mensagem de Apolo não era incorreta nem insincera, apenas
incompleta. Quando viajo para dar palestras em congressos, quem faz todo o
planejamento do roteiro e do caminho é minha esposa (consigo me perder até em
um estacionamento!). Em uma de nossas viagens, ficamos confusos quando não
encontramos certa estrada. Foi quando descobrimos que nosso mapa estava
desatualizado! Assim que conseguimos um mapa novo, tudo deu certo. Apolo tinha
um mapa antigo, que fora exato por algum tempo, mas agora precisava
encarecidamente de um mapa novo. Assim, Priscila e Áquila contaram-lhe as
novidades. O casal não o instruiu em público, pois isso só teria confundido os
judeus. Convidaram- no para o jantar de sábado na casa deles e lhe falaram de
Jesus Cristo e da vinda do Espírito Santo. Conduziram-no a um conhecimento mais
profundo de Cristo e, no sábado seguinte, Apolo voltou à sinagoga e contou aos
judeus o resto da história! Seu ministério foi tão eficaz que os cristãos de
Éfeso o recomendaram com muitos elogios para as igrejas da Acaia. Lá, ele não
apenas fortaleceu os santos, como também debateu com judeus incrédulos e
convenceu vários deles de que Jesus Cristo é o Messias. Apolo ministrou durante
algum tempo na igreja de Corinto (At 19:1), onde sua erudição e eloquência
chamaram a atenção (1 Co 1:12; 3:4-6, 22; 4:6). É triste que uma “panelinha”
tenha se formado ao redor dele e contribuído para causar divisão na igreja,
pois, sem dúvida, Apolo era amigo de Paulo e seu colaborador de confiança (1 Co
16:12; Tt 3:13). WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. N.T.
Vol. I. Editora Central Gospel. pag. 621-622.
**********************
Priscila e Áquila permanecem em Éfeso
depois que Paulo parte para Jerusalém e Antioquia. Antes de voltar a Éfeso,
Apoio entra em cena. Mais tarde Apoio se torna pessoa importante na Igreja em
Corinto (1 Co 3.1-9), mas na Igreja em Éfeso há uma controvérsia que.se
centraliza nele. Quando Apoio chega, embora fosse “instruído no caminho do
Senhor” (v. 25), seu conhecimento parece imperfeito. Priscila e Áquila explicam
“mais pontualmente o caminho de Deus” (v. 26), e ele vem a compartilhar a
perspectiva teológica de Paulo. Aqui, vemos como os cristãos primitivos lidavam
com aqueles em falta de uma compreensão mais plena da fé. Lucas descreve Apoio
em condições positivas. 1) Ele é judeu de Alexandria. Nascido em Alexandria,
Egito, ele provém de uma das principais cidades do mundo antigo e importante
centro de aprendizagem. Pouco é conhecido sobre o começo do cristianismo em
Alexandria, embora presumivelmente tenha começado durante o derramamento do
Espírito no Dia de Pentecostes, no qual estavam presentes pessoas do Egito (At
2.10). O primeiro cristianismo registrado em Alexandria foi caracterizado por
tendências gnósticas. Talvez a instrução recebida por Apoio não tenha sido na
linha do cristianismo apostólico e, portanto, pode responder por sua
compreensão inadequada. 2) Apoio é homem instruído, que conhece as Escrituras
do Antigo Testamento. É difícil decidir com certeza o significado exato de
“instruído” (logios). Alguns estudiosos consideram que esta palavra signifique
“eloquente”, enfatizando a grande capa cidade de Apoio como orador; outros
entendem que significa “literato”, acentuando a extensão do seu conhecimento. É
possível combinar os dois significados e entender que Apoio é um alexandrino
eloquente e culto, especialmente levando em conta seu conhecimento do Antigo
Testamento. 3) Apoio fala fervorosamente no Espírito. Algumas autoridades
consideram a palavra pneuma (“espírito”) referência ao próprio espírito de
Apoio e, assim, signifique que ele fala com grande entusiasmo (RC).
Considerando que os dons naturais de Apoio são enfatizados no versículo 24, o
25 parece falar sobre o dom espiritual. Ele é equipado poderosamente pelo
Espírito para o ministério. É sua prática pregar sob a inspiração do Espírito
Santo e com a mesma autoridade profética associada com o ministério de Pedro no
Dia de Pentecostes. 4) Apoio ensina com acurácia os fatos sobre Jesus e, dessa
forma, está bem informado sobre a vida de Jesus e, talvez, também do seu
ensino, provavelmente inteirando-se daqueles presentes durante o derramamento do
Espírito no Dia de Pentecostes (At 2.10). Ele está familiarizado com o batismo
de João e deve ter recebido esse batismo, o qual João Batista administrou da
perspectiva do trabalho redentor de Cristo (Jo 1.29ss; cf. Mt 3-lss; Mc 1.4ss;
Lc 3-lss). É improvável que Apoio tenha sido rebatizado, visto que Lucas não
diz nada sobre isso. Lucas sabe que a experiência da plenitude carismática do
Espírito não depende do batismo nas águas (At 10.44-48). Diferente dos doze
discípulos em Éfeso (At 19.1-7), Apoio já tinha sido cheio com o Espírito.
Embora ele pregue a história de Jesus com precisão e grande inspiração
carismática, ele pára abruptamente — pois “acerca da questão adicional de
suportar as ações e obras de Jesus na vida presente, ele nada diz” (Rackham, 1953,
p. 343).
É possível que uma pessoa que recebeu o
batismo no Espírito seja imperfeita em algum aspecto da fé. Como ilustra 1
Coríntios ao longo da carta, a experiência carismática não assegura
entendimento adequado da prática e doutrina cristãs. A princípio, Apoio cumpre
a missão cristã na sinagoga. Ele prega com grande ousadia, mas fica aquém em
sua compreensão da fé. Ouvindo-o, Priscila e Áquila logo percebem que este
pregador grandioso precisa de mais instrução sobre “o caminho de Deus” (v. 26).
Assim, eles o levam à privacidade de sua casa e lhe explicam um entendimento
mais preciso da fé. Evidentemente eles dão a Apoio mais instruções nas
distintivas doutrinas paulinas, com ênfase em Jesus como Messias. Apoio deve
ter sido ávido estudante e homem de profunda espiritualidade. Seu avanço no
entendimento fica aparente. Um pouco mais tarde ele soa uma nova nota em sua
pregação: “Porque com grande veemência convencia publicamente os judeus,
mostrando pelas Escrituras que Jesus era o Cristo” (v. 28). Entendendo melhor a
fé, ele proclama que a salvação messiânica é uma experiência presente pela fé
em Jesus, como também uma esperança futura. “Sua mensagem carismática torna- se
messiânica” (Moody, 1968, p. 78). Por uma razão não determinada, Apoio decide
visitar as igrejas estabelecidas por Paulo na Acaia. Os cristãos, que foram
convertidos sob o breve ministério de Paulo em Éfeso e o ministério de Priscila
e Áquila, expressam plena confiança em Apoio. Quando ele parte para a Acaia,
eles o encorajam e têm o prazer de escrever uma carta de apresentação,
exortando os crentes da Acaia a darem as boas-vindas a este homem. Na era
apostólica, as cartas de recomendação eram comuns (cf. Rm 16.1; 2 Co 3-1).
Apoio vive de acordo com a recomendação. Chegando a Corinto, ele é uma grande
bênção aos crentes e bem-sucedido em lhes fortalecer a fé (veja v. 28). Entre
os cristãos em Corinto, Apoio se torna proeminente líder, seus seguidores tendo
o mesmo nível que os de Pedro e os de Paulo (1 Co 1.12). Paulo diz que Apoio
rega o que ele tinha plantado (1 Co 3.6). Ele não considera Apoio um rival,
como alguns crentes coríntios presumiram, mas como um cooperador (1 Co 4.1-7).
O sucesso de Apoio como pastor e evangelista mostra que ele tem uma variedade
de dons espirituais. Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora
CPAD. pag. 736-737
III – A FONTE DO
ENSINO DE PAULO SOBRE O ESPÍRITO SANTO AOS EFÉSIOS
1. As Escrituras
como fonte de revelação sobre o Espírito Santo. Visto que Paulo
era um erudito nas Escrituras, a sua primeira fonte de conhecimento acerca da
divindade era a revelação do cânon do Antigo Testamento. Sua compreensão sobre
Deus era monoteísta, tanto quanto todos os demais judeus. A doutrina da
Santíssima Trindade, mais especificamente a pessoa do Espírito Santo, estava
presente no Antigo Testamento de forma subjetiva.
Comentário
(1) primeira fonte: o
cânon do Antigo Testamento. Paulo era um erudito nas Escrituras, e o seu
conhecimento acerca da Divindade era a revelação do Antigo Testamento. Sua
compreensão sobre Deus era monoteísta, tanto quanto todos os demais judeus. A
doutrina da Trindade estava embutida na teologia do Antigo Testamento de forma
subjetiva, e o que Paulo sabia do Espírito Santo estava atrelado à ideia de que
o Espírito de Deus estava na essência do seu monoteísmo. Outrossim, no Antigo
Testamento, o Espírito é identificado como o “Espírito de Deus”. Apenas três
vezes no Antigo Testamento a palavra “santo” aparece identificando o Espírito
(Is 63.10,11; Sl 51.13). Essa designação de “santo” foi utilizada mais no
período intertestamentário. (2) A segunda fonte de conhecimento de Paulo sobre
o Espírito era “o judaísmo intertestamentário. O termo
“espírito” (heb. Rûah e no gr. pneuma) é
usado de modo crescente nos escritos judaicos. Entretanto, dependendo do
contexto da escritura, às vezes a palavra “espírito” refere-se a anjos,
demônios e também pode referir-se a seres humanos. Porém, na visão paulina, a
citação da expressão “Espírito de Deus” aparece, pelo menos, de 90 a 100 vezes
no Antigo Testamento. A ideia da palavra “espírito” em relação a Deus é a sua
singularidade e unicidade. Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições
de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora
CPAD. Ed. 1, 2021.
- Paulo interpretou o Espírito como força de Cristo
ressuscitado, de forma tal que esta força deve ser comprovada todos os
dias na vida dos cristãos como o poder da nova obediência; 2. partindo da
identidade de Cristo ressuscitado com Cristo crucificado, ele fez do
Espírito a força dos que são provados por conflitos e sofrimentos; 3. Como
os judeu-cristãos, Paulo entendeu o Espírito como “penhor” do futuro,
colocando assim a pneumatologia, como a cristologia e a antropologia, sob
a reserva escatológica. Ernst Käsemann. Perspectivas Paulinas. Editora
Teológica. pág. 198.
A concepção que o apóstolo Paulo tinha
de Deus moldou sua teologia e motivou o seu serviço. Ela era fundamental à
natureza de sua liderança. Conforme demonstrou J. B. Phillips em um de seus
livros, uma opinião imprópria a respeito de Deus limitará e afetará tudo o que
tentarmos fazer. Paulo tinha a sua fé edificada na doutrina da Trindade. O
Credo dos Apóstolos seria um resumo dos princípios decisivos de sua fé,
essencialmente trinitariana. “Creio em Deus Pai Todo-poderoso… e em Jesus
Cristo seu único Filho, nosso Senhor… Creio no Espírito Santo.” Ele concebia a
“Deus na sublime majestade de seu Ser como um Deus em três Pessoas. Dentro da
unidade de seu Ser há uma distinção de ‘Pessoas’ às quais chamamos o Pai, o
Filho e o Espírito Santo”. Para Paulo, Deus era a grande Realidade, e ele não
tinha necessidade alguma de demonstrar sua existência. Seu Deus era soberano em
poder, mas simpatizava com a fraqueza humana e era solícito pelo bem-estar do
homem. A vida sem Deus era inconcebível. As ideias que ele tinha de Deus foram
moldadas pelos registros do Antigo Testamento sobre os tratos de Deus com o seu
povo. Ele não tinha problema algum com o sobrenatural. Uma forma de descobrir a
concepção que Paulo tinha de Deus é estudar o método que ele adotou para
fortalecer seus jovens favoritos, Timóteo e Tito, para o desempenho do serviço
exigente a eles confiado — e aqui encontramos uma valiosa lição de liderança
para todos. Ele pretendia dar-lhes um Deus maior — impressioná-los com a
grandeza e majestade do Deus que eles tinham o privilégio de servir. Ele
alcançou esse propósito por meio dos variados títulos de Deus que ele empregou
em suas cartas pastorais, cada um dos quais revela alguma nova faceta da
grandeza e glória divinas. Deus Espírito Santo Pouco antes de sua morte, no
discurso que proferiu no cenáculo, nosso Senhor transmitiu aos seus discípulos
acerca do Espírito Santo e seu ministério, mais do que em todo o seu ensino
anterior.
Mas ao falar sobre esse tema, ele fez
esta declaração um tanto misteriosa: “Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós
não o podeis suportar agora; quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos
guiará a toda a verdade” (João 16:12, 13). Foi principalmente por intermédio de
Paulo que ele comunicou esta revelação posterior. Não é de surpreender, pois,
que os escritos de Paulo estejam salpicados de referências ao Espírito Santo.
Na própria experiência de Paulo, o Espírito desempenhou um papel muito
importante. Imediatamente após a conversão, ele foi cheio do Espírito Santo
(Atos 9:17), daí que não surpreende encontrá-lo exortando os cristãos efésios —
e a nós também — a encher-se do Espírito (Efésios 5:18). Seu chamado para o
serviço e comissionamento foram feitos por intermédio do Espírito (Atos 13:1,
4). Ele era guiado mediante a restrição ou constrangimento do Espírito (Atos
16:6, 7). Seu poder para pregar vinha do Espírito (1 Coríntios 2:4). O Espírito
preveniu-o dos perigos iminentes (Atos 21:4, 11-14). Paulo encareceu a obra do
Espírito Santo em sua pregação e ensino. Como Administrador da Igreja, o
Espírito tomou a iniciativa na escolha dos presbíteros (Atos 20:28), e era sua
a voz autorizada no primeiro Concilio da Igreja (Atos 15:28). Quando Paulo
encontrou o pequeno grupo de crentes em Éfeso, sua primeira pergunta foi:
“Recebestes, porventura, o Espírito Santo quando crestes?” (Atos 19:2), e então
os conduziu à experiência (v. 6). Os diversos nomes que ele usa para o Espírito
esclarecem diferentes facetas do ministério do Espírito. Espírito de poder, de
amor e de moderação (2 Timóteo 1:7); Espírito da fé (2 Coríntios 4:1 3);
Espírito de sabedoria (Efésios 1: 17); Espírito de santidade (Romanos 1:4);
Espírito da promessa (Efésios 1:13); Espírito de adoção (Romanos 8:15);
Espírito da vida (Romanos 8:2). Ele ensinou que tanto a justificação como a
santificação resultam da operação do Espírito (1 Coríntios 6:11; 2
Tessalonicenses 2:13). O Espírito inspira a adoração (Filipenses 3:3). Ele
habita em nós (1 Coríntios 3:16), e nos fortalece (Romanos 14:17). Ele ajuda na
oração (Romanos 8:26, 27), e concede alegria (1 Tessalonicenses 1:6). Ele
promove e mantém a unidade da Igreja (Efésios 4:4). Foi o ministério do
Espírito que deu a Paulo vitória sobre a carne — a natureza decaída que
recebemos de Adão. Só pelo Espírito é que podemos mortificar “os feitos do
corpo” (Romanos 8:12, 13). O Espírito Santo deleita-se em produzir na vida do
crente submisso os frutos espirituais arrolados em Gálatas 5:22-23. Sanders.,
J. Oswaldo. Paulo o Líder. Uma visão para a liderança cristã Hodierna.
Editora: Vida. pag.46; 51-52.
2. O Pentecostes
como fonte de revelação do Espírito Santo. A segunda fonte reveladora do Espírito
Santo era a experiência vivida pelos apóstolos no dia de Pentecostes (At
2.1-4). Em segui da, a sua própria experiência quando foi cheio do Espírito
Santo, depois da conversão (At 9.17). Se o Antigo Testamento mostrava o
Espírito Santo de forma subjetiva, o Novo Testamento, em especial o
Pentecostes, revelava a atuação do Espírito Santo de maneira objetiva e clara.
Comentário
A terceira fonte
reveladora do Espírito Santo era a experiência vivida pelos apóstolos no Dia de
Pentecostes (At 2.1-4) e a sua própria experiência quando foi cheio do Espírito
Santo depois da conversão (At 9.17). Ora, a teologia judaica era monoteísta, e,
quando se falava no Espírito de Deus, os judeus não tinham qualquer ideia ou
revelação da existência do Pai, do Filho e do Espírito Santo. No Novo
Testamento, o Espírito é associado às manifestações espirituais dos dons
carismáticos (1 Co 12.8-10,28). Cabral. Elienai,. O Apostolo
Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja
de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021.
**********************
Ananias finalmente venceu sua
relutância, senão seu medo, e acabou indo à casa da rua Direita. Ali, impôs as
mãos sobre Paulo, anunciando-lhe que havia sido enviado por Jesus, a fim de que
torne ver, e sejas cheio do Espírito Santo (v. 17). Nenhuma palavra de
recriminação, mas uma recepção calorosa à comunhão da igreja (cp. v. 27). A
imposição de mãos deve ser vista como um sinal da cura dos olhos, não do
enchimento de Paulo com o Espírito Santo— e menos ainda como método mediante o
qual esse dom é concedido. O enchimento de Paulo com o Espírito Santo
relaciona-se melhor com seu batismo, mas repitamos, não como o método ou meio,
mas simplesmente como um sinal externo de uma graça espiritual interna (veja a
disc. sobre 2:38). A vista de Paulo foi restaurada (Lucas descreve a cura
empregando termos de medicina); Paulo foi batizado (teria sido pelas mãos de
Ananias?), alimentou-se e “sentiu-se fortalecido”. E possível que este seja
outro termo médico, e assim Paulo estava pronto para o que o aguardava. David
j. Williams. Comentário Bíblico Contemporâneo. Atos. Editora
Vida. pag. 197-198
**********************
O Dia de Pentecostes (2.1-41) Atos 2
faz uma narrativa do primeiro Dia de Pentecostes depois da ressurreição de
Cristo. O Dia de Pentecostes (hepentecoste, “o quinquagésimo [dia]”) se dava
cinquenta dias depois de 16 de nisã, o dia seguinte à Páscoa. Também era
chamado “Festa das Semanas”, porque ocorria sete semanas depois da Páscoa. Por
causa da colheita de trigo que acontecia naquele período, era uma celebração da
colheita de grãos (Êx 23.16; 34.22; Lv 23.15-21). Nos dias de Lucas, também
pode ter se tornado ocasião para os judeus celebrarem a doação da lei no monte
Sinai. Porém, não há autoridade para esta tradição do Antigo Testamento, nem há
qualquer tradição judaica conhecida já no século I que relacione a doação da
lei com a Festa do Pentecostes. Muitos judeus devotos de vários países iam a
Jerusalém para observar a Festa da Páscoa e ficavam até a Festa do Pentecostes.
A festividade judaica do Dia de Pentecostes assume novo significado em Atos 2,
pois é o dia no qual o Espírito prometido desce em poder e torna possível o
avanço do evangelho até aos confins da terra. O batismo dos apóstolos com o
Espírito Santo no Dia de Pentecostes serve de fundação da missão da Igreja aos
gentios. Essa experiência corresponde à unção de Jesus com o Espírito no rio
Jordão (Lc 3.21,22). Existem semelhanças entre estes dois eventos. O Espírito
desceu sobre Jesus depois que Ele orou (Lc 3-22); no Dia de Pentecostes, os
discípulos também são cheios com o Espírito depois que oram (At 1.14),
Manifestações físicas acompanham ambos os eventos.
No rio Jordão, o Espírito Santo desceu
em forma corpórea de pomba, e no Dia de Pentecostes a presença do Espírito está
evidente na divisão de línguas de fogo e no fato de os discípulos falarem em
outras línguas. A experiência de Jesus enfatizava uma unção messiânica para seu
ministério público pelo qual Ele pregou o Evangelho, curou os doentes e
expulsou demônios; os apóstolos agora recebem o mesmo poder do Espírito.
Derramamentos subsequentes do Espírito em Atos são semelhantes à experiência
dos discípulos em Jerusalém. Como Stronstad (1984, pp. 8,9) afirma com
propriedade: “Da mesma maneira que a unção de Jesus (Lc 3-22; 4.18) é um
paradigma para o subsequente batismo dos discípulos com o Espírito (At 1.5;
2.4), assim o dom do Espírito aos discípulos é um paradigma para o povo de Deus
em todos os ‘últimos dias’ de uma comunidade carismática do Espírito e da
condição de profeta de todos os crentes (At 2.16-21)”. Os paralelos entre a
experiência dejesus e os crentes primitivos é crucial à interpretação de Atos e
provê a base teológica para a experiência pentecostal dos dias de hoje e para o
serviço cristão no poder do Espírito até que Jesus volte. 2.2.1. Sinal: Os
Discípulos São Cheios com o Espírito Santo (2.1-4). No Dia de Pentecostes, os
discípulos estão orando e esperando, prontos para serem batizados com o
Espírito. Uma de suas características surpreendentes é a unidade. Lucas já
descreveu que eles estão unidos em oração, sugerindo que eles têm uma mente e
propósito (At 1.14). O Dia de Pentecostes começa com eles “todos reunidos no
mesmo lugar” (At 2.1) — muito provavelmente no templo onde eles se reuniam
diariamente (Lc 24.53; At 2.46; 5.42; cf. At 6.13,14). Devido ao contexto, eles
não estão meramente no mesmo lugar, mas estão em comunhão uns com os outros.
Seu verdadeiro senso de comunidade centraliza-se no conhecimento pessoal que
eles têm do Cristo ressurreto e da devoção para com Ele. Quando o Dia de
Pentecostes desponta, o tempo de orar e esperar terminou para estes cento e
vinte discípulos. A princípio, há um som sobrenatural vindo do céu, como um
vento violento. A medida que o som enche a casa (o templo) onde eles estão
sentados, línguas como fogo pousam sobre os presentes. Sinais milagrosos
introduzem o Dia de Pentecostes como no monte Sinai (Êx 19.18,19), em Belém (Mt
1.18—2.12; Lc 2.8-20) e no Calvário (Mt 27.51-53; Lc 23.44). O vento e o fogo
enfatizam a grandeza da ocasião e são evidências audíveis e visíveis da
presença do Espírito — o som do vento poderoso significa que o Espírito Santo
está com os discípulos, e as chamas de fogo em forma de língua que posam em
cada um deles são manifestação da glória de Deus, acrescentando esplendor à
ocasião.
Os relatos posteriores de enchimento
com o Espírito em Atos não sugerem que o som do vento e as línguas de fogo
ocorrem de novo. Estes sinais são introdutórios, somente para aquela ocasião. O
sinal constante e recorrente da plenitude do Espírito em Atos é falar em outras
línguas (At 10.46; 19-6). No Dia de Pentecostes, Pedro declara que Cristo
derramou o que as pessoas veem e ouvem (At 2.33). Falar em línguas (ou
glossolalia) — um sinal externo, visível e audível — marca a dotação dos
discípulos com poder sobrenatural, isto é, o fato de eles serem cheios com o
Espírito. O verbo traduzido por encher (pimplemi), usado em Atos 2.4, está
estreitamente ligado como Espírito (Lc 1.41,67; At4.8,31; 9.17; 13-9). Este
verbo é usado por Lucas para indicar o processo de ser ungido com o poder do
Espírito para o serviço divino. Ser cheio com o Espírito significa o mesmo que
ser batizado com o Espírito ou receber o dom do Espírito (cf. At 1.5; 2.4,38).
O Espírito Santo habilita os discípulos a “falar em outras línguas”. Falar em
línguas não é meramente questão de vontade humana, pois é o Espírito que inicia
a manifestação. Em plena submissão ao Espírito (“o Espírito Santo lhes
concedia”), eles falam e agem conforme o Espírito os conduz. Tais expressões
vocais não são fala estática ou mera algaravia; mas, como o termo “falar”
(apophthengomai) sugere, elas são poderosas e capacitadoras (cf. At 2.14;
26.25). Este verbo se refere no Antigo Testamento grego à atividade de videntes
e profetas que reivindicam inspiração divina (Ez 13.9,19; Mq 5.11; Zc 10.2) e
indica uma proclamação divinamente inspirada. As línguas no Dia de Pentecostes podem
ser corretamente descritas como proféticas e confirmam o padrão de Atos
2.17,18:
“Os
vossos filhos e as vossas filhas profetizarão”. No batismo com o Espírito,
declarações inspiradas originam- se com o Espírito Santo. Os crentes são
porta-vozes do Espírito, embora permaneçam em pleno controle de suas
faculdades. O Espírito respeita a liberdade e busca a cooperação deles. Ele
fala por meio deles, mas eles estão falando ativamente em línguas e podem parar
à vontade. Por exemplo, Pedro fala em línguas, mas para quando se dirige à
multidão. Assim a manifestação de línguas pode ser entendida como resposta e
obediência ativas ao Espírito Santo. A experiência dos discípulos no Dia de
Pentecostes tem um significado quádruplo. 1) A principal característica do batismo
com o Espírito é primariamente vocacional em termos de propósito e resultado.
Como nos tempos do Antigo Testamento, a unção com o Espírito é primariamente
vocacional, em vez de ser salvadora (i.e., que leva à vida eterna). O batismo
com o Espírito não salva ou faz da pessoa um membro da família de Deus; antes,
é uma unção subsequente, um enchimento que equipa com poder para servir. No Dia
de Pentecostes, os discípulos se tornam membros de uma comunidade carismática,
herdeiros de um ministério anterior de Jesus. Eles são iniciados num serviço
capacitado pelo Espírito e dirigido pelo Espírito para o Senhor. 2) Falar em
línguas é o sinal inicial do batismo com o Espírito. Serve como manifestação
externa do Espírito e acompanha o batismo ou imersão no Espírito. Para Pedro, o
sinal milagroso demonstra a plenitude do Espírito. Ele aceita línguas como a
evidência de que os cento e vinte foram cheios com o Espírito. Como sinal
inicial, as línguas transformam uma profunda experiência espiritual num
acontecimento reconhecível, audível e visível.
Os crentes recebem a certeza de que
eles foram batizados com o Espírito. O próprio Jesus não falou em línguas, nem
mesmo no Rio Jordão. Sua unção especial foi normativa para seu ministério, mas
o derramamento do Espírito em Atos 2 é normativo para os crentes. A distinção
entre Jesus e os crentes é que Ele inicia a nova era como Senhor. 3) As línguas
proporcionam aos discípulos os meios pelos quais eles louvam e adoram a Deus.
Estes discípulos falam em línguas que nunca aprenderam, mas ao celebrarem os
trabalhos poderosos de Deus elas são completamente inteligíveis aos
circunstantes (v. 11). Todos os que testemunham o que está acontecendo
reconhecem que os discípulos estão louvando a Deus. Em vários idiomas, eles
magnificam e agradecem a Deus pelas grandiosas coisas que Ele fez. 4) Falar em
línguas é sinal para os ouvintes descrentes (cf. 1 Co 14.22). As palavras de
louvor nos lábios dos discípulos servem como sinal de julgamento para os
incrédulos. Com base na manifestação milagrosa, Pedro declara: “Saiba, pois,
com certeza, toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes,
Deus o fez Senhor e Cristo” (At 2.36). Falar em línguas é o meio pelo qual o
Espírito Santo condena os judeus por terem crucificado Jesus e por serem
incrédulos. Tanto quanto a evidência inicial do batismo com o Espírito, as
línguas podem ser sinal do desgosto de Deus. Comentário Bíblico
Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. pag. 631-633
3. Paulo ensina
acerca do Espírito Santo aos efésios (At 19.1-6). Ao ensinar sobre o
Espírito Santo aos efésios, Paulo não desfez a mensagem de João Batista, nem a
de Apolo. Pelo contrário, o apóstolo fortaleceu a mensagem de João Batista e
revelou o Cristo profetizado por João exatamente como o que havia de vir” (At
19.4). A seguir, Paulo anuncia sobre o Espírito Santo aos efésios, os quais
recebem a mensagem que havia sido consumada no dia de Pentecostes. Então, ora
por eles e impõe as mãos sobre suas cabeças e o Espírito Santo derramado como
chuva abundante sobre todos e “começaram a falar em línguas e a profetizar” (At
19.6). Iniciou-se um grande avivamento na igreja de Éfeso. Essa experiência
levou os discípulos efésios a anunciarem Jesus como Salvador, e fez a igreja
crescer. Nesse tempo, sinais e prodígios foram marcas externas da presença e do
poder do Espírito Santo na vida da Igreja.
Comentário
Para o apóstolo Paulo, o
Espírito é a Presença gloriosa, inconfundível e invisível de Deus na vida do
crente. No Antigo Testamento, o Espírito de Deus é identificado pela “presença
de Deus” na vida do seu povo, Israel, nos vários eventos sagrados da vida
religiosa de Israel, no Tabernáculo e, especialmente, no Santuário interior do
Tabernáculo. No Novo Testamento, essa presença é renovada mediante a promessa
de que o Espírito seria derramado sobre toda a carne (Jl 2.28-30). Para Israel,
essa presença voltaria à vida do seu povo, que, mesmo tendo se afastado, o
Senhor honraria sua promessa a Abraão (Ez 37.27; Ml 3.1; Mq 4.1,2; Zc
14.16-19). Na mente de Paulo, essa “Presença” representa o “Espírito”. Na Nova
Aliança, Jesus promete enviar o Espírito, que habitaria dentro deles e estaria
com eles — seus discípulos (1 Ts 4.8; 1 Co 6.19; 14.24,25; Ef 5.18). Paulo
ensina aos efésios que a Igreja está sendo edificada para tornar-se “templo
santo do Senhor” (Ef 2.22). Aos coríntios, Paulo ensinou: “não sabeis que sois
o templo de Deus?” (1 Co 3.16,17). O apóstolo Paulo desenvolveu seu
conhecimento na experiência que ele mesmo teve com o Espírito Santo. À igreja
em Éfeso, Paulo não desfez a mensagem de João Batista, porque o que esse
profeta revelou referia-se a Jesus e, quando falou que “ele batizaria com o
Espírito Santo e com fogo” (Mt 3.11), reforçava o fato do cumprimento dessa
profecia na experiência do Pentecostes.
Paulo também não desfez a mensagem que
Apolo pregava. Pelo contrário, o apóstolo fortaleceu o teor da mensagem de João
Batista e revela que o Cristo profetizado por João era exatamente o que “havia
de vir” (At 19.4). Os que ouviram Paulo entenderam que o batismo de João era
para arrependimento e, então, receberam a palavra de Paulo e, convencidos,
foram batizados no nome de Jesus Cristo (At 19.4). Porém, aqueles discípulos
aceitaram a mensagem de que o Espírito prometido na mensagem de João Batista
havia se cumprido no dia de Pentecostes e que eles podiam receber, do mesmo
modo, “o dom do Espírito Santo”. Paulo, orando, impôs as mãos sobre as cabeças
deles, e o Espírito Santo veio como uma chuva abundante sobre todos, e “eles
começaram a falar em línguas e a profetizar” (At 19.5,6). Iniciou-se aí um
grande avivamento na igreja de Éfeso. Essa experiência levou aqueles discípulos
a anunciar Jesus como Salvador, e a igreja cresceu. Naquele tempo, curas e
prodígios foram sinais externos da presença e do poder do Espírito Santo.
Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério
do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed.
1, 2021.
**********************
Esse episódio está intimamente
relacionado com o precedente. Ele acontece depois da partida de Apoio, mas
aparentemente ainda há alguns discípulos em Éfeso que não conhecem nada além do
“batismo de João” (19.3). Por essa ser a mesma frase que aparece em 18.25 a
respeito de Apoio, poderia parecer que o texto sugere que havia alguma relação
entre esses doze (ou “uns doze”; 19.7) discípulos e Apoio. Será que eles eram
as pessoas que tinham sido ensinadas por Apoio antes de este receber sua lição
de teologia de Priscila e Aquila? Ou eles eram apenas pessoas vindas do mesmo
círculo de Apoio? E impossível saber. Em todo caso, agora, encontramos uma
clara explicação da deficiência, se não de Apoio, pelo menos, desses
discípulos. Paulo acrescenta dois elementos ao que eles já sabiam: primeiro,
que a pregação de João Batista apontava para aquele que viria depois dele,
Jesus Cristo (19.4); e segundo, que há um Espírito Santo (19.2,6).
Aparentemente, esses discípulos eram seguidores de Jesus como mestre, mas não
como o Cristo, o esperado Messias, o cumprimento das promessas. (Será que
talvez essa também representasse a inadequação teológica de Apoio, ou seja, que
ele podia falar com exatidão dos ensinamentos e dos milagres de Jesus, mas não
sabia que ele era o cumprimento da promessa?) O que Paulo lhes diz é que, na
verdade, essa era a mensagem do próprio João. Depois, com base nos testemunhos
conjuntos de Paulo e de João Batista, esses discípulos são batizados e, quando
Paulo impõe as mãos sobre eles, estes recebem o Espírito. JESUS E O ESPÍRITO
Embora este não seja um tratado sobre a doutrina do Espírito Santo, há dois
pontos importantes decorrentes dessa narrativa que são particularmente
relevantes para a igreja protestante de fala espanhola, na qual há tanta
discussão a respeito do Espírito Santo. O primeiro ponto é que há uma relação
muito próxima entre ter o Espírito e ser capaz de confessar plenamente quem
Jesus Cristo é. Observamos isso na própria narrativa.
Os doze discípulos não sabem nada sobre
o Espírito, e Paulo responde a essa situação fazendo que saibam que Jesus é o
Cristo. A seguir, eles são batizados “em nome do Senhor Jesus” e recebem o
Espírito. Nesse caso, quando Paulo fica sabendo que alguém não conhece o
Espírito, ele conta-lhe sobre Jesus. Há uma necessária ligação entre conhecer e
confessar Jesus como o Cristo e ter o Espírito Santo. Conforme Paulo mesmo diz
em outra passagem: “Ninguém pode dizer: Jesus é Senhor! A não ser pelo Espírito
Santo” (ICo 12.3). O segundo ponto importante é que nem sempre a maneira como
esses vários aspectos estão relacionados é a mesma. Gostamos de ter tudo preto
no branco, saber exatamente como e quando o Espírito age. Em particular, em
nossas igrejas, há alguns que afirmam conhecer mais sobre o Espírito Santo e
sua ação do que é dado ao homem conhecer. Isso tentar limitar o poder e a
liberdade do Espírito. Aqui, como na maior parte das outras passagens de Atos,
o Espírito vem depois do batismo, com a imposição das mãos por parte dos
apóstolos (veja, por exemplo, 8.17). Todavia, no episódio de Comélio, os
gentios recebem, primeiro, o Espírito sem nenhuma imposição de mãos, e, depois,
como consequência de ter recebido o Espírito, é que Comélio e seus companheiros
são batizados. A importância de tudo isso para as nossas igrejas deve ficar
clara: que não afirmemos saber mais do que realmente sabemos, nem tentemos
limitar e controlar os atos do Espírito. Gonzalez., Justo L. Atos o
Evangelho do Espirito Santo. Editora Hagnos. pag. 262 -263
Esta seção forma um par com a anterior.
Ambas se relacionam e se preocupam com o cristianismo perante uma forma
imperfeita de fé — “o batismo de João”. Neste presente caso é o próprio Paulo
que cuida da situação. Estes versículos também descrevem brevemente seu
ministério em Éfeso, cujos aspectos são ilustrados na seção seguinte. Mas, de
novo temos de recorrer às cartas do apóstolo a fim de preencher certas lacunas
desses anos. Ficamos sabendo que as realizações paulinas em Éfeso se fizeram à
custa de muito sofrimento (1 Coríntios 15:32; 2 Coríntios 1:8; 4:9ss.; 6:4ss.),
incluindo, talvez, um encarceramento (cp. 2 Coríntios 11:23) e uma visita
rápida a Corinto, numa tentativa de pôr ordem nas questões caóticas da igreja
(cp. 2 Coríntios 12:14; 13:1; também 2 Coríntios 2:1; veja a disc. sobre
21:21). 19:1a / Parece que Paulo fez sua viagem para Éfeso por um caminho mais
curto, embora menos frequentado, pelo vale do Cayster (veja a disc. sobre
18:23). Pelo menos esta parece ser o significado de estrada do interior, “ou
terras altas”, visto que este caminho levava a uma topografia mais elevada em
relação à estrada principal através de Colossos e Laodicéia. Agora ele estava
na Ásia proconsular. Por volta do segundo século a.C. esta região estava sob o
governo dos Selêucidas, mas pela derrota destes, comandados pelo rei selêucida
Antíoco III (190 a.C. em Magnésia) numa guerra com os romanos, grande parte da
região passou para Eumenes II, de Pérgamo, aliado de Roma. Subseqüentemente,
pela morte do último rei de Pérgamo, Atalus III (133 a.C.), como herança a
região voltou aos romanos. A nova província assim adquirida chamou-se Ásia,
visto que os Atalidas eram conhecidos dos romanos como os reis da Ásia. Essa
província tomou Mísia (veja a disc. sobre 16:7s.); Lídia e Caria; as áreas
costeiras de Eólia, Iônia e Trôade, e muitas das ilhas do mar Egeu. A província
cresceu em 116 a.C. mediante a adição da Frigia maior. Sua primeira capital
havia sido Pérgamo, a antiga capital dos Atalidas, mas, pela época de Augusto,
Éfeso havia assumido essa posição. A cidade dirigia e resolvia seus próprios
assuntos através da assembleia de cidadãos (demos), e elegia seus magistrados.
A paz trazida por Augusto ao mundo romano foi bem recebida pelos povos da Ásia,
cuja própria história havia sido turbulenta. Desenvolveram um forte senso de
lealdade ao imperador, expressa no estabelecimento do culto de “Roma e seu
Imperador”, em 29 a.C.
O culto era ministrado a favor das
cidades participantes (como a Liga da Ásia) por seus representantes, os
asiarcas, nomeados anualmente para esse propósito. Sendo membro da Liga da
Ásia, Éfeso havia sido o centro desse culto desde o início; moedas e inscrições
mostram como a cidade se orgulhava de ser neokoros, “Administradora do Templo”,
tanto do culto imperial como do de Ártemis, sua própria deusa padroeira. A
maior parte das evidências neste sentido relaciona-se ao culto imperial, mas o título
“guardadora do templo da grande deusa Diana” (v. 35) é atestado (embora depois
do Novo Testamento), não havendo a menor dúvida de que Éfeso era famosa pela
adoração de sua deusa. Seu último templo — aquele que Paulo viu — foi
considerado uma das maravilhas do mundo. 19:1 b-2 / Logo após sua chegada a
Éfeso, ou assim parece, Paulo veio a encontrar-se com uns homens (“cerca de
doze”, v. 7), os quais Lucas teria considerado como cristãos em certo sentido,
visto que ele os chama de discípulos (v. 1), dos quais se afirma que haviam
crido (v. 2), mas só conheciam o “batismo de João” (v. 3). É muito
significativo o critério de Paulo para discernir um cristão. Também é
significativa a forma como o apóstolo formula sua pergunta. Esses discípulos
talvez estivessem na mesma situação de Apoio, tendo sido “instruídos no caminho
do Senhor” até certo ponto (18:25), mas ignoravam o que havia acontecido no
Pentecoste cerca de vinte anos antes (e talvez ignorassem outras coisas). Esta
sugestão apoia-se na interpretação do v. 2. Eles responderam à pergunta de
Paulo, dizendo: nem sequer ouvimos que haja Espírito Santo. Ora, é quase certo
que tais homens fossem judeus, mas ainda que fossem gentios influenciados pelos
ensinos de João Batista e de Jesus, deveriam pelo menos ter ouvido falar do
Espírito.
É melhor entender, então, a resposta
deles como significando que não sabiam que o Espírito Santo havia sido
concedido (cp. João 7:39, onde se encontra a mesma expressão grega). Assim é
que, independente do que mais soubessem a respeito de Jesus, não estavam
conscientizados a respeito de um evento em particular que, mais do que qualquer
outro, confirmava a realidade da chegada da era da salvação. Em suma, esses
crentes não estavam mais adiantados essencialmente do que os discípulos de João
Batista. 19:3-4 / Investigação um pouco mais profunda demonstrou que de fato o
único batismo que conheciam era o de João. Paulo lhes explicou que aquele
batismo havia sido apenas um rito preparatório mediante o qual as pessoas
prometiam emendar suas vidas, arrepender-se, em antecipação do Messias prestes
a chegar, em (lit. “dentro de”) quem deveriam crer (veja a disc. sobre 10:43).
Mas o Messias havia chegado, oferecendo perdão a quem mostrasse arrependimento,
e bênçãos a quem tivesse fé. Sem dúvida Paulo lhes exibiu tudo isso com muitas
provas das Escrituras, mas Lucas resumiu todo o ensino paulino nas duas
palavras do final do v. 4. Tudo quanto João Batista e os profetas haviam
contemplado no futuro se realizara em Jesus (veja também a disc. sobre 18:25).
19:5-7 / Estes “discípulos” consideravam-se cristãos e no entanto ficaram
sabendo que ainda não tinham uma compreensão completa da fé cristã. Talvez por
essa razão impondo-lhes Paulo as mãos (v. 6), assegurou-lhes que agora passavam
a estar na “linha sucessória apostólica”. Também pode ser por essa razão que se
lhes acrescentaram os sinais externos da presença do Espírito, pois passam a
falar em línguas, e profetizavam. Quanto a terem sido batizados “em nome do
Senhor Jesus” (v. 5), veja a nota sobre 2:38 e a disc. sobre 8:16). O tempo do
verbo na segunda metade do v. 6 (imperfeito) significa que eles “começaram a
falar e a profetizar”, ou que “ficaram falando e profetizando continuamente”.
Estes dois dons são discutidos em profundidade em 1 Coríntios 12 e 14. A forma
indefinida usada por Lucas, eram ao todo uns doze homens (v. 7), faz que seja
improvável a atribuição de algum significado a esse número. David j.
Williams. Comentário Bíblico Contemporâneo. Atos. Editora
Vida. pag.360-362.
CONCLUSÃO
No poder do
Espírito, o apóstolo Paulo, além de realizar curas e milagres em nome de Jesus,
levou a igreja em Éfeso a espalhar o Evangelho de Cristo. A luz desse exemplo,
precisamos resgatar a simplicidade da fé crista, buscando os sinais que
demonstram o poder do Espírito Santo hoje.
PARA REFLETIR
A respeito de
“Paulo no Poder do Espírito”, responda:
·
O que movia o apóstolo Paulo e para quê?
Era o poder do
Espírito Santo que o movia de tal modo que o apóstolo não tinha outra missão,
senão, pregar a Jesus, e este crucificado.
·
Quem acompanhou Paulo na primeira viagem missionária?
Na primeira
viagem, Paulo não estava só, mas acompanhado e assistido por Barnabé, que era
um conselheiro competente.
·
Quem o acompanhou na segunda viagem missionária?
Na segunda
viagem missionária, o apóstolo e Barnabé voltaram a Antioquia porque a igreja
dessa cidade havia crescido e se tornou o ponto de partida para visitar outras
cidades.
·
É possível receber o Batismo no Espírito Santo antes
de crer em Jesus?
Ninguém recebe
o batismo no Espírito Santo antes de crer em Cristo como Salvador.
·
Quais eram as fontes do ensino de Paulo sobre o
Espírito Santo?
As Escrituras
e os Pentecostes.
Comentário elaborado pelo Pb Alessandro Silva,
disponível em: https://professordaebd.com.br/6-licao-4-tri-2021-paulo-no-poder-do-espirito/. Acesso em: 8 NOV 21.