ANO 10 | Nr
1.333 | 2019
LIÇÕES BÍBLICAS
CPAD – ADULTOS - 3º Trimestre de 2019
Título: Tempo,
Bens e Talentos — Sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem
dado
Comentarista:
Elinaldo Renovato de Lima
Lição 9
1º de setembro de 2019
A MORDOMIA DO
TRABALHO
TEXTO
ÁUREO
''Porque, quando ainda estávamos
convosco, vos mandamos isto: que, se alguém não quiser trabalhar, não coma
também." (2 Ts 3.10)
VERDADE
PRÁTICA
O trabalho honesto, acompanhado da
bênção de Deus, dignifica e enobrece o cristão.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
2 Tessalonicenses 3.6-13
INTRODUÇÃO
O assunto desta semana nos mostrará que
Deus não fez o homem para viver na ociosidade, mas para "lavrar e
guardar" o jardim do Éden (Gn 2.15). Assim, veremos como a Bíblia
apresenta o conceito de trabalho, sua mordomia e os princípios cristãos para o
trabalho. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º
Trimestre 2019. Lição 9, 1º Setembro, 2019]
- O trabalho era parte importante e dignificante
no que respeita à representação da imagem de Deus e serviço a Deus, mesmo antes
da queda. Apocalipse 22.3 diz que no novo céu e na nova terra “Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela,
estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão” - A
maldição sobre a humanidade e a terra em conseqüência da desobediência de Adão
e Eva (Gn 3.16-19) acabará totalmente. Deus nunca mais precisará julgar o
pecado, pois este não existirá no novo céu e na nova terra. Vamos pensar maduramente a fé cristã?
I
– O TRABALHO DE DEUS NA BÍBLIA
1.
O trabalho de Deus na criação do Universo. A Bíblia nos
revela que Deus criou o Universo e os seres vivos em seis dias (Êx 20.11; Ne
9.6). Ou seja, ela inicia a história da salvação revelando o trabalho de Deus
na criação do Universo. Infelizmente, uma teoria falsa admite que o Universo
surgiu de uma explosão (Big-Bang), e, por acaso, tudo se organizou no Cosmos.
Mas a Palavra de Deus mostra que "por causa do seu orgulho, o ímpio não
investiga; todas as suas cogitações são: Não há Deus" (Sl 10.4; cf. 14.1;
53.1). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019.
Lição 9, 1º Setembro, 2019]
- Em Gênesis 2.2 temos que “E, havendo Deus terminado no dia sétimo a
sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha feito.”
Deus é Espírito,certamente não descansou por estar cansado; mas ali está estabelecido
o padrão divino para o ciclo de trabalho do homem, evidenciando a necessidade de
descanso. Temos essa necessidade caracterizada na ordenança do sábado, sendo o
sétimo dia baseado na semana da criação (Êx 20.8-11). Sobre a origem do
universo, a Bíblia de Estudo McArthur comenta: “1.1—2.3 Essa descrição de Deus criando os céus e a terra é entendida como
sendo: 1) recente, ou seja, há milhares, e não milhões, de anos; 2) ex nihilo,
ou seja, a partir do nada; e 3) excepcional, ou seja, em seis períodos
consecutivos de 24 horas chamados "dias", distinguidos daqui por
diante como tais pelas palavras: "tarde e manhã". A Escritura não
sustenta uma data para a criação anterior do que há cerca de dez mil anos.”
(Bíblia de Estudo McArthur. SBB. Nota textual Gênesis
1.1-2.3; pág39). Essa criação não necessitou de uma matéria
pré-existente, o que fica evidente pelo uso do verbo hebraico ‘barah’, criou, usado para referir-se
apenas à atividade criadora de Deus. O contexto de Gênesis 1 exige
determinantemente que se tratava de uma criação sem material preexistente.
2.
O trabalho de Deus na criação do homem. As Escrituras dizem que
Deus Pai formou o homem do pó da terra, e soprou-lhe o fôlego da vida em suas
narinas, tornando-o, assim, alma vivente (Gn 2.7). A Palavra mostra também que
o Filho é o centro de todas as coisas criadas no céu e na terra, pois
"tudo foi criado por ele e para ele (Cl 1.16). O Espírito Santo também
atuou na formação do ser humano na grande obra da Criação (Jó 33.4). Logo, o
Pai, o Filho e o Espírito Santo trabalharam na criação do ser humano. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Setembro,
2019]
- A Bíblia nos apresenta a
triunidade de Deus, doutrina formulada por Agostinho de Hipona, que produziu
uma obra seminal sobre este tema, um tratado conhecido por A Trindade, finalizada em 416 d.C., o que não quer dizer que, antes
disso, não havia Trindade ou crença como
uma verdade bíblica. Já em Gênesis 1.26, vemos indícios dessa doutrina nas
palavras Façamos e nossa, como também no próprio nome de
Deus - Elohim, a forma plural de El. E é nesse texto que achamos a
evidência da Trindade trabalhando na criação do homem, ato divino que veio a
ser o ponto ápice da criação, formado com o objetivo de governar a criação. A
Segunda Pessoa da Trindade, Jesus, criou o universo material e espiritual para
seu prazer e glória. Ele é antes de todas as coisas, portanto, ele deve ser
eterno (Mq 5.2; Jo 1.1-2; 8.58; 1Jo 1.1; Ap 22.13), e é o sustentador de todas
as coisas, mantendo o poder e o equilíbrio necessário para a existência e
continuidade da vida (Hb 1.3). Também temos a Terceira Pessoa da Trindade
agindo na formação do homem; Como já dito antes, o Pai e o Filho estavam
presentes em todo o processo da criação dos céus e da terra, mas fica evidente
que coube ao Espírito Santo produzir vida no homem (Gn 2.7). A vida como
conhecemos foi insuflada nas narinas do homem inerte, a vida biológica que o
Espírito Santo insuflou em Adão. “Deus
Pai é o criador – aquele que trouxe a existência os céus e a terra pela sua
infinita sabedoria e poder. Deus Filho é o coordenador – aquele que organizou
todo o processo da criação; que pôs em ordem todas as coisas. E, finalmente,
Deus Espírito Santo é o aperfeiçoador – aquele que concluiu e preserva toda a
criação em ordem.” (BEREIANOS)
3.
Deus continua a trabalhar. Ao ser acusado de desrespeitar o
sábado, nosso Senhor respondeu assim: "Meu Pai trabalha até agora, e eu
trabalho também" (Jo 5.17). 0 Deus revelado nas Escrituras, o Criador dos
céus e da terra, trabalha em prol de sua criação (Sl 24.1; 65.9,10; 104.30; Is
64.4). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019.
Lição 9, 1º Setembro, 2019]
- O fato de que Deus trabalha sem
cessar é ressaltado por Jesus no texto de João 5.17, e fica claro também que, pelo
fato de Jesus trabalhar continuamente, ele deve ser Deus. Como já dito antes,
Deus é Espírito e não necessita de um dia de descanso, pois nunca se cansa (Is
40.28). Como já explanado antes, Jesus como o sustentador de tudo o que existe,
trabalha sem cessar. “Escrevendo aos Efésios
Paulo afirma categoricamente que Deus "faz todas as coisas de acordo com o
conselho da sua vontade"(Ef 1.11). Isto quer dizer que nada do que
acontece neste mundo é à parte do cumprimento da vontade de Deus e sem que ele
esteja envolvido. A palavra grega que é traduzida como "faz" é
energeo ( de onde vem a palavra portuguesa energia, que é a comunicação de
poder ou o fato de Deus trabalhar), que indica o fato de Deus energizar cada
obra na qual ele participa. Sem a energia ou o poder divino, nenhum evento
acontece e nenhuma obra é feita. A vontade de Deus opera de modo que em todas
as coisas tem participação. Nenhum evento que acontece no mundo está fora da
providência de Deus.” (MONERGISMO)
II
- A BÍBLIA E A MORDOMIA DO TRABALHO
1.
O homem foi criado para o trabalho. Quando Deus criou o
homem, Ele estabeleceu que a atividade laborai fizesse parte de sua vida (Gn
2.5). No plano divino, o homem foi feito para trabalhar: "E tomou o Senhor
Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar" (Gn
2.8,15). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019.
Lição 9, 1º Setembro, 2019]
- O trabalho era parte importante e
dignificante no que respeita à representação da imagem de Deus e serviço a
Deus, mesmo antes da queda. A queda trouxe prejuízo para toda a criação; Após o
pecado, a Terra foi amaldiçoada. (Gn 3.17) “e a natureza sofre junto com a
humanidade, compartilhando assim as conseqüências da queda. As Escrituras
descrevem esta maldição em três maneiras:
a) O sustento será obtido com fadiga
v 17. Assim como a mulher terá seus filhos com dor, o homem haverá de comer o
fruto da Terra por meio de trabalho penoso. Antes da queda, o trabalho de Adão
no jardim era prazeroso e agradável, mas de agora em diante, seu trabalho, bem
como o dos seus descendentes será seguido de cansaço e tribulação.
b) A Terra produzirá cardos e
abrolhos v 18. O cultivo da terra seria mais difícil do que antes. Cardos e
abrolhos aqui significam: plantas indesejáveis, desastres naturais, enchentes,
insetos, secas e doenças. A natureza foi subvertida com o pecado do homem. (Rm
8:20-21).
c) No suor do rosto comerás v 19. O
trabalho árduo se tornaria a porção do homem. A vida não seria fácil”
(MONERGISMO)
2.
O trabalho antes da Queda. As duas primeiras atividades laborais
do homem foram "lavrar" e "guardar" a terra. Ao lado de
Adão, Eva foi a primeira trabalhadora. Nesse sentido, podemos deduzir que antes
da Queda, o trabalho era agradável, sem desgaste físico e mental, nem doença e,
principalmente, sem o perigo de morrer. Portanto, podemos afirmar que o
trabalho estava no plano original da Criação, ou seja, ele não foi um acidente
pós-queda. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º
Trimestre 2019. Lição 9, 1º Setembro, 2019]
- Como
já exposto no tópico I, o trabalho não começa conosco, mas em Deus; Gênesis
inicia com o relato do trabalho do Criador (Gn 1.1) que continua criando e
fazendo, até o ápice do ato criativo, o homem, e a mulher como sua adjutora e
companheira, momento supremo do trabalho criativo da Trindade. E como fomos
criados à imagem e semelhança de um Deus que trabalha, criados para sermos um
reflexo de Deus para o mundo (Gn 1.28), dominá-lo, governá-lo, guardá-lo,
cultivá-lo e fazê-lo crescer e florescer. O trabalho do homem não é qualquer
trabalho, quando entendemos isso, nosso trabalho passa a refletir a própria
natureza de Deus. Note, ainda, que Deus só “descansou” depois que delegou o
trabalho a Adão, declarando ser Sua obra muito boa (Gn 1.27-2.3). “Naquele mundo incrível, o trabalho deles era
tomar aquele jardim-casa-templo-local-de-trabalho e protegê-lo, cultivá-lo,
fazê-lo florescer e crescer, até que o mundo inteiro, e não apenas aquele
pequeno cantinho, tornasse um paraíso. Por que eles deveriam fazer aquilo?
Porque eles foram criados à imagem de Deus. Assim como Deus criou, eles
deveriam criar. Assim como Deus governou e tomou conta, eles deveriam governar
e cuidar. Assim como Deus criou um mundo frutífero e florescente, eles deveriam
proteger e promover esse florescimento e fecundidade. O trabalho do primeiro
casal, como representantes de Deus, era pegar o que Deus tinha começado e levar
adiante – para revelar a glória do Criador. O propósito do trabalho não era
revelar quem eles eram ou poderiam se tornar através do que faziam. O objetivo
era revelar, através do trabalho deles, quem Deus realmente é: criador,
governador, protetor e provedor de todas as coisas. Tendo sido criados à imagem
do Criador, o trabalho de Adão e Eva testificaria dele.” (A HISTÓRIA DE
DEUS SOBRE O TRABALHO – CRIAÇÃO E QUEDA, Material traduzido e adaptado pelo Pr.
Leandro B. Peixoto do curso Christians in the workplace. Disponível em: https://www.sibgoiania.org/sermon/historia-de-deus-sobre-o-trabalho-criacao-e-queda/.
Acesso em: 27 Ago, 2019).
- Como já definido,
Deus objetivou o “propósito original do
trabalho humano era o avanço do florescimento humano para a glória de Deus.
Nosso trabalho, em qualquer esfera que operemos – em casa, na igreja, no local
de trabalho – é mostrar a bondade e a magnificência do caráter divino como portadores
que somos da imagem de Deus. Fazemos isso enquanto cultivamos o jardim que nos
foi confiado, para o florescimento dos seres humanos ao nosso redor, para o
louvor da glória de Deus. Em outras palavras, o trabalho é, em primeiro lugar,
adoração” (SIBGOIANIA)
3.
O trabalho depois da Queda. Infelizmente, após a
ocorrência do pecado, tudo foi distorcido na vida do ser humano:
3.1.
O medo e a maldição. O ser humano passou a conhecer o medo
(doenças nervosas, emocionais); perdeu a autoridade sobre os demais seres; e
conheceu a maldição da terra. [Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Setembro, 2019]
- “Como, antes da queda, eles não tinham conhecimento do mal, até mesmo a
nudez era destituída de vergonha e era inocente. Homem e mulher encontravam sua
plena gratificação na alegria de sua união e no seu serviço a Deus. Sem nenhum
princípio de mal operando no interior deles, a proposta para pecar tinha que
vir de fora, como de fato aconteceu” (Bíblia de Estudo McArthur, SBB. Nota
textual Gn 2.25, pág.20). A inocência registrada em Gn 2.25 foi substituída por
culpa e vergonha (Gn 3 8-10). Agora, o homem estava com vergonha, medo,
remorso, confusão e culpa, escondido de Deus, embora soubesse que não haveria
tal lugar onde pudesse estar ausente do Criador (Sl 139.1-12).
3.2.
A ecologia foi mudada. As condições ambientais foram
transtornadas (Rm 8.20) e, em consequência, o homem viu-se a trabalhar penosa e
arduamente: "maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos
os dias da tua vida" (Gn 3.17). O que era leve, suave e agradável, por
causa do pecado, tornou-se pesado, brutal e desagradável. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Setembro,
2019]
- É
interessante frisar aqui o motivo pelo qual a terra foi amaldiçoada bem como o
homem, comentando o texto de Gn 3.8, a Bíblia de Estudo McArthur afirma: “A razão apresentada para a maldição da terra
e a morte humana é que o homem desconsiderou a voz de Deus para juntar-se à sua
mulher, comendo do fruto que Deus havia ordenado se abstivessem. A mulher pecou
porque agiu independentemente do seu marido, desprezando a liderança, o conselho
e a proteção dele. O homem pecou porque abandonou a sua liderança e cedeu aos
desejos de sua esposa. Em ambos os casos, as funções tencionadas por Deus foram
invertidas” (Bíblia de Estudo McArthur, SBB. Nota textual Gn 3.8,
pág.22). O Criador amaldiçoou o objeto
do trabalho do homem, mesmo que relutantemente, obter o seu alimento por meio
do trabalho árduo e penoso.
3.3.
O trabalho tornou-se desgastante. Este versículo é o
símbolo do desgaste do trabalho na Bíblia: "No suor do teu rosto, comerás
o teu pão, até que te tornes à terra" (Gn 3.19). A expressão "no suor
do teu rosto" pode remeter a ideia de trabalho mental e esforço físico.
Quantas pessoas não se encontram mentalmente esgotadas e cansadas por causa de
suas atividades profissionais?! Os consultórios médicos estão lotados de
pessoas com estafa e estresse. Há textos na Bíblia que nos lembram de tal
realidade: "Tenho visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens,
para com ele os afligir" (Ec 3.10). Jó também declarou: "Porque do pó
não procede a aflição, nem da terra brota o trabalho. Mas o homem nasce para o
trabalho, como as faíscas das brasas se levantam para voar" (Jó 5.6,7). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Setembro,
2019]
- -
“... por causa da Queda, três coisas
acontecem com o trabalho de Adão e Eva e também com o nosso:
Primeiro, o trabalho tornou-se penoso: “Com o suor do
rosto você obterá alimento, até que volte à terra da qual foi formado” (Gn
3.19). Isso é tão básico para a nossa experiência com o trabalho que é difícil
imaginar como o trabalho deve ter sido antes da Queda. Afinal, até mesmo um
trabalho que amamos tem pelo menos algum aspecto que é cansativo, tedioso e
mesmo doloroso. Sabemos o que precisa ser feito, mas não temos a capacidade ou
os recursos para fazê-lo, como se houvesse alguma conspiração para tornar
penoso o nosso trabalho. De fato, há uma conspiração. No mundo caído, o
trabalho é penoso.
Segundo, o trabalho tornou-se insignificante. Mesmo que
Adão trabalhe penosamente no solo, durante toda a sua vida, o solo amaldiçoado
sob seus pés “produzirá espinhos e ervas daninhas, mas você comerá de seus
frutos e grãos” (Gn 3.18). Percebeu? Por mais que se trabalhe duro, por vezes,
o que se experimenta é futilidade; inutilidade; insignificância. Por causa da
Queda, aspirações vão constantemente ser vencidas pela realidade, e por mais
duro que se tente, a realidade nunca vai mudar. Dentro do Jardim, o resultado
do trabalho foi a expansão da utopia. Fora do Jardim, nosso trabalho nunca
produz utopia; nem mesmo chega perto. A terra foi amaldiçoada. O que
descobrimos são esses dois aspectos do trabalho em um mundo caído – penoso e
insignificante – colidindo frontalmente com as aspirações do mundo moderno.
Como Timothy Keller observou, “nossa geração insiste que o trabalho seja
satisfatório e frutífero, que se encaixe perfeitamente com nossos talentos e
nossos sonhos, e que ‘faça algo incrível para o mundo’, como um executivo do
Google descreveu a missão da empresa”. Parece bom. O problema é que esse não é
o mundo em que vivemos.” (A HISTÓRIA DE
DEUS SOBRE O TRABALHO – CRIAÇÃO E QUEDA, Material traduzido e adaptado pelo Pr.
Leandro B. Peixoto do curso Christians in the workplace. Disponível em: https://www.sibgoiania.org/sermon/historia-de-deus-sobre-o-trabalho-criacao-e-queda/.
Acesso em: 27 Ago, 2019).
III
- PRINCÍPIOS CRISTÃOS PARA O TRABALHO
1.
O homem deve trabalhar "som o suor de seu rosto". É
a ideia do próprio esforço. Não há trabalho sem esforço. Embora tenha se
tornado mais pesado com a presença do pecado, o esforço e o comprometimento no
trabalho são uma característica de disciplina e método diante da vida. O
princípio bíblico é este: o homem comerá a partir do seu esforço (Gn 3.19). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Setembro,
2019]
- -
“Com o suor do rosto você obterá
alimento, até que volte à terra da qual foi formado. Pois você foi feito do pó,
e ao pó voltará” (Gn 3.19). No Éden, o trabalho desenvolvido pelo primeiro
casal não era para comer, tudo o que eles precisavam já havia sido
providenciado pelo Criador. Mas agora há uma urgência, uma compulsão, uma ordem
para trabalhar. Como Paulo disse: “Quem
não quiser trabalhar não deve comer” (2Ts 3.10). É importante dizer que o
trabalho tenha se tornado ruim ou seja uma espécie de punição pelo pecado; mas,
num mundo caído, o trabalho penoso e insignificante é também implacável.
Gostemos ou não, devemos trabalhar. Nós não podemos escapar dele, exceto na
morte. O tema específico relacionado a
trabalhar diligentemente para ganhar o próprio sustento é exemplificado pelo
apóstolo Paulo quando escreve aos crentes de Tessalônica e exorta que “Quem não quiser trabalhar não deve comer” (2
Ts 3.10). Embora Paulo tivesse "autoridade" como apóstolo para
receber apoio financeiro, ele escolheu, pelo contrário, ganhar seu próprio
sustento a fim de estabelecer um exemplo.
2.
O trabalho deve ser diuturno. A Palavra de Deus revela
que o tempo do trabalho vai até à tarde (Sl 104.23), ou noite e dia (2 Ts 3.9).
Eis a perspectiva bíblica central do trabalho: "Pois comerás do trabalho
das tuas mãos, feliz serás, e te irá bem" (Sl 128.2). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Setembro,
2019]
- No
Salmo 104.23 temos, na verdade, um contraste entre o período de trabalho dos
predadores (de noite) e o tempo de trabalho dos seres humanos (de dia), não é
um apontamento para o trabalho diuturno. No Salmo 128.2, 128.2-3 Quatro bênçãos
são relatadas: 1) provisão, 2) prosperidade, 3) fertilidade do cônjuge, e 4)
descendência numerosa. Note que a crise no trabalho conseqüência da mudança do ‘status’
espiritual, é fruto de uma mudança em nós, os trabalhadores. Em um mundo caído,
os trabalhadores caídos não usam mais seu trabalho para adorar a Deus, em vez
disso, colocam-se ídolos.
3.
Não ser pesado a ninguém. Outro princípio é o exposto por Paulo
aos Tessalonicenses: "nem, de graça, comemos o pão de homem algum, mas com
trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de
vós" (2 Ts 3.8). Não sejamos aproveitadores da bondade alheia.
[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º
Trimestre 2019. Lição 9, 1º Setembro, 2019]
- No
texto utilizado aqui (2Ts 3.8) é interessante notar que no versículo anterior, Paulo
invocou aqueles crentes a imitá-lo (1Ts 1.6) porque ele imitava o exemplo de
Cristo (cf. 1 Co 4.16; 11.1; Ef 5.1). Nesse ínterim, Cristo como co-autor da
criação e sustentador de tudo o que há, trabalha até agora (Jo 5.17). Paulo,
como ministro do Evangelho, era digno de ser sustentado pela igrejas por ele
fundadas, como de fato algumas delas o fizeram, mas ele, na maior parte do
tempo proveu o seu próprio sustento. Ele explicou isso em 2Ts 3.7-9, ode diz
que não pediu qualquer contribuição financeira, ao contrário, sobrevivia com o
que ganhava e com o que a igreja de Filipos havia enviado (Fp 4.16).
4.
O preguiçoso não deveria comer. Parece um discurso duro,
mas há pessoas que não gostam de trabalhar, e querem ter um padrão de vida como
se estivessem trabalhando. A Bíblia é muito clara a esse respeito:
"Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto: que, se
alguém não quiser trabalhar, não coma também" (2 Ts 3.10). Nada é fácil.
Há um custo para o nosso sustento. Ora, a Bíblia condena expressamente a
preguiça (Pv 6.6,9; 13.4; 19.24). [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Setembro, 2019]
- “A primeira lei de Newton diz que um objeto em movimento tende a
permanecer em movimento, e um objeto parado tende a permanecer parado. Essa lei
também se aplica a pessoas. Enquanto algumas pessoas são naturalmente motivadas
para completar projetos, outras pessoas são apáticas, precisando de motivação
para combater até mesmo a inércia! Preguiça, um estilo de vida para alguns, é
uma tentação para todos. A Bíblia, no entanto, é clara que, porque o Senhor,
que é um Deus que trabalha, foi quem ordenou trabalho para o homem, preguiça é
um pecado. “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para os seus caminhos, e
sê sábio” (Provérbios 6:6). A Bíblia tem muito a dizer sobre a preguiça. O
livro de Provérbios é cheio de sabedoria e advertências contra a preguiça. Ele
diz que o preguiçoso odeia trabalho: “O desejo do preguiçoso o mata, porque as
suas mãos recusam trabalhar” (21:25); ele adora dormir: “Como a porta gira nos
seus gonzos, assim o preguiçoso na sua cama” (26:14); ele dá desculpas: “Diz o
preguiçoso: Um leão está no caminho; um leão está nas ruas” (26:13); ele
desperdiça tempo e energia: “O que é negligente na sua obra é também irmão do
desperdiçador” (18:9); ele acredita que é sábio, mas é um tolo: “Mais sábio é o
preguiçoso a seus próprios olhos do que sete homens que respondem bem” (26:16).”
("O que a Bíblia diz sobre a
preguiça?" Disponível em: https://www.gotquestions.org/Portugues/preguica-Biblia.html.
Acesso em 27 Ago, 2019).
5.
A relação de empregados e empregadores. Nas relações de trabalho,
os cristãos devem manifestar os valores da Palavra de Deus.
5.1.
Os Patrões cristãos. Há orientação e mandamento de Deus para
os patrões: "E vós, senhores, fazei o mesmo para com eles, deixando as
ameaças, sabendo também que o Senhor deles e vosso está no céu e que para com
ele não há acepção de pessoas" (Ef 6.9). Os patrões cristãos têm o dever
de zelar pelos direitos trabalhistas de seus empregados, sob pena de serem
condenados por Deus (Tg 5.4-6). [Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Setembro, 2019]
- Não é de mais relembrar que é
dever de todo crente respeitar e honrar mutuamente, patrões e empregados, com
base na obediência comum ao Senhor, deixando as ameaças. O patrão cheio do
Espírito usa a sua autoridade e o sou poder com justiça e graça, nunca
ameaçando as pessoas, nem abusando delas ou desconsiderando-as. Ele reconhece
que tem um Senhor celestial o qual é imparcial e um dia haverá a prestação de
contas(At 10.34; Rm 2.11;Tg 2.9).
5.2.
Empregados cristãos. Há também orientação e mandamento para
os empregados: "Vós, servos, obedecei a vosso senhor segundo a carne, com
temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo, não servindo à
vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de
coração a vontade de Deus; servindo de boa vontade como ao Senhor e não como
aos homens, sabendo que cada um receberá do Senhor todo o bem que fizer, seja
servo, seja livre" (Ef 6.5-8). Os empregados cristãos não devem fugir ao
seu compromisso de trabalho; antes, devem executá-lo como se fosse ao Senhor. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Setembro,
2019]
- É interessante notar que Paulo
está se dirigindo a crentes que estavam na condição de escravos que, na cultura
helênica como na romana, não tinham direitos legais e eram tratados como
mercadorias, abusados e raramente eram bem tratados. No entanto, a admoestação
de Paulo aplica-se igualmente bem a todos os empregados, os quais devem manter
uma submissão contínua e ininterrupta ao seu patrão, com temor e tremor, não é
medo, mas respeito à autoridade deles. Mesmo que um patrão não mereça respeito
por direito (veja 1 Pe 2.18), este deve, contudo, ser dado a ele com
sinceridade genuína, como se a pessoa estivesse servindo ao próprio Cristo.
Servir bem ao patrão é servir bem a Cristo (Cl 3.23-24). Paulo deixa apenas uma
única exceção: quando envolva uma clara desobediência à Palavra de Deus, como
ilustrada em At 4.19-20.
5.3.
Não se submeta ao trabalho vil. O trabalho escravo, a
exploração laboral infantil, bem como "ofícios" oriundos do vício, do
crime e da prostituição são abominações aos olhos do Criador de todas as
coisas. Não podemos contrariar as leis divinas e humanas que zelam pela
dignidade do trabalho. Trabalhemos honestamente, para que o nome do Senhor seja
exaltado. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º
Trimestre 2019. Lição 9, 1º Setembro, 2019]
- Devemos ser aplicados em tudo o
que fazemos (Ec 9.10). Trabalhamos para a máxima glória de Deus, então, há
certos tipos de trabalho que não devem ser exercidos por cristãos. Como
explicitado no tópico anterior, Paulo deixa uma exceção no serviço prestado por
crentes, quando envolva uma clara desobediência à Palavra de Deus. Deus. Temos a
obrigação de sermos obedientes às autoridades governamentais (Rm 13.1-7; 1Pe
2.13-17), mas quando decretos governamentais são claramente contrários à
palavra de Deus, Deus deve ser obedecido (Êx 1.15-17; Dn 6:4-10).
CONCLUSÃO
Nos seis primeiros dias da criação, o
Criador executou sua obra com poder sobrenatural, a partir de sua palavra. Ao
expressar a sua vontade, tudo passou a existir. Assim, Ele criou o homem pelo
seu poder. E o criou para "lavrar e guardar" a Terra. É dessa
perspectiva que devemos exercer a nossa mordomia no trabalho, glorificando a
Deus e abençoando o próximo. [Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Setembro, 2019]
- Muitas vezes temos ouvido dizer
que o trabalho iniciou com a queda e vai perdurar até que Jesus volte, no entanto,
não passa de falácia e acaba por trazer uma ideia negativa do trabalho. De
fato, a origem do trabalho, para o homem, se deu no Éden, muito antes da queda,
e continuará no novo céu e na nova terra. Nosso Deus trabalha e nós, como a sua
imagem, temos a missão de refleti-la nesse mundo tenebroso, trabalhando como
Ele, e para a sua máxima glória. Como diz Paulo em 1 Co 10.31, “Portanto, quer comais quer bebais, ou
façais, qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus”.
Àquele que é “âncora da alma, segura
e firme” (Hb 6.19),
Pb Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Agosto de 2019