Lição 11
15 de março de 2015
LIÇÃO 11: Não darás falso testemunho
TEXTO ÁUREO
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“Não admitirás falso rumor e não
porás a tua mão com o ímpio, para seres testemunha falsa” (Êx 23.1).
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VERDADE PRÁTICA
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O nono mandamento proíbe a mentira,
o mexerico e o testemunho falso contra o próximo tanto no dia a dia como nos
tribunais.
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LEITURA DIÁRIA
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LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
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Êxodo 20.16; Deuteronômio 19.15-20.
16 - Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
Deuteronômio 19
15 - Uma só testemunha contra ninguém se levantará por qualquer
iniquidade ou por qualquer pecado, seja qual for o pecado que pecasse; pela
boca de duas ou três testemunhas, se estabelecerá o negócio.
16 - Quando se levantar testemunha falsa contra alguém, para testificar
contra ele acerca de transgressão,
17 - então, aqueles dois homens, que tiverem a demanda, se apresentarão
perante o SENHOR, diante dos sacerdotes e dos juízes que houver naqueles dias.
18 - E os juízes bem inquirirão; e eis que, sendo a testemunha falsa
testemunha, que testificou falsidade contra seu irmão,
19 - far-lhe-eis como cuidou fazer a seu irmão; e, assim, tirarás o mal
do meio de ti,
20 - para que os que ficarem o ouçam, e temam, e nunca mais tornem a
fazer tal mal no meio de ti.
OBJETIVO GERAL
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Apresentar o nono mandamento, ressaltando que Deus proíbe a mentira, o
mexerico e o testemunho falso contra o próximo, tanto no dia a dia como nos
tribunais.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
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Após esta aula, o aluno deverá estar apto a: Abaixo, os objetivos específicos
referem-se aos que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o
objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos.
- I. Tratar a abrangência e o objetivo do nono mandamento.
- II. Mostrar o que a legislação mosaica diz a respeito do
falso testemunho.
- III. Ressaltar que o Deus verdadeiro deseja tão somente a
verdade.
- IV. Enfatizar o cuidado que devemos ter com relação à
mentira.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O nono mandamento se aproxima do terceiro, pois envolve a questão da
mentira. “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” não se refere apenas
ao depoimento num tribunal, mas também ao relacionamento diário com aqueles à
nossa volta. Aqui temos uma lição para os que agem, ainda que
inconscientemente, como se o pecado se restringisse a assassinato, adultério e
furto. Ninguém deve pensar que a mentira e o falso testemunho são menos graves
que os demais pecados citados no Decálogo. A Bíblia coloca no mesmo nível todo
aquele que tem a mentira como estilo de vida. [Comentário: “Não dirás falso testemunho
contra o teu próximo (20,16). O mandamento inclui testemunho dado em tribunal,
mas vai além disso. Falso testemunho é qualquer declaração maliciosa
intencionada a degradar ou ferir outra pessoa, A reputação dos outros, assim
como suas propriedades, devem ser resguardadas por todos. Parecido com o abuso
de um irmão por meio do roubo é desonrá-lo dando falso testemunho contra ele
(Êx 20.16). Embora a proibição possa ser legitimamente aplicada à mentira em
geral, a linguagem técnica (“falso testemunho”; hebraico, 'edsãqer) sugere um
cenário legal ou de corte no qual um caso concernente a um crime ou
contravenção está sendo julgado. As testemunhas eram (e são) essenciais na
determinação da culpa ou da inocência (cf. Dt 17.6,7; 19.15), mas pessoas
chamadas para testemunhar devem dizer a verdade sobre o que viram ou ouviram.
Fazer menos que isso e, assim, incriminar uma parte inocente e sujeitá-la ao
malogro da justiça infringiria gravemente a liberdade, as posses e
possivelmente até mesmo a vida dela. Mais uma vez, a repercussão na estrutura
bem ordenada de administração do Reino é óbvia e prejudicial. Eugene H.
Merrill. Teologia do Antigo Testamento. Editora Shedd Publicações. pag. 337.] Convido você para
mergulharmos mais fundo nas Escrituras!
I. O NONO MANDAMENTO
1. Abrangência. O mandamento não
se restringe apenas ao campo do processo legal; há implicações vinculadas às
atividades da vida diária (Dt 17.13; Lv 19.16). A ruptura desse mandamento
podia solapar a característica básica da aliança, a fidelidade de Deus para com
o homem, do homem para com Deus e do homem para com seu próximo. [Comentário: CHAMPLIN,
Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Hagnos. pag. 552: O próximo, contra quem não devemos iniciar nenhuma campanha
de mexericos, é aqui um compatriota hebreu. Jesus, entretanto, ampliou a
aplicação disso a todos os nossos semelhantes (ver Luc. 10.29 ss.). Cf. Êxo.
23.4,5. Nos vss. 33 e 34 deste capítulo, o conceito de “próximo” inclui os
forasteiros. “Não deve haver campanhas de maledicência (vss. 16-18). Não
devemos tentar fazer o próximo cair em dificuldades. Devemos tratar com ele
face a face, em espírito de boa-vontade. Nunca deveríamos dizer: ‘Sou o
guardador de meu irmão?' conforme fez Caim. Deveríamos estar genuinamente
interessados pelo bem-estar temporal e espiritual de outras pessoas, como se
fosse nosso mesmo. Por quê? Eu sou o Senhor. Essa é, de fato, a ordem sagrada,
física e moral, que deve haver neste mundo” (Nathaniel Micklem, in loc.). A
maledicência geralmente termina em calúnia. Isso torna-se um hábito
extremamente perigoso no caso de certas pessoas, e as mulheres, especialmente,
deleitam-se nesse vício. E assim, vidas inocentes são destruídas. Ver I Sam.
22.9,18; Ez. 22.9. A versão caldaica, de acordo com o Targum de Jonathan, diz
aqui: “Não seguirás a língua três vezes amaldiçoada, pois ela é mais fatal do
que a espada devoradora de dois fios”.]
2. Objetivo. É duplo, em defesa
da honra e da fé. Trata-se da proteção da honra e da boa reputação no campo
social. O propósito divino neste mandamento é erradicar a mentira, a calúnia e
a falsidade do meio do povo (v.20; Dt 17.13). E não somente isso, mas também
promover o bem-estar social e a fraternidade entre os seres humanos. No tocante
à doutrina, o mandamento torna-se uma muralha de proteção contra os falsos
ensinos teológicos (2Co 13.8). [Comentário: CHAMPLIN, Russell
Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos.
pag. 830; 822: Dt 19.20 ... O ouçam e temam. Aqueles que sobrevivessem ao
incidente (como a família do homem que tinha cometido perjúrio), bem como a
população em geral, que ouvisse falar sobre o caso, temeriam, desencorajando o
crime de perjúrio. E embora isso não eliminasse o mal das testemunhas falsas,
essa prática odiosa ficaria grandemente reduzida. Dt 17.13 Neste versículo
vemos a severidade da lei. Não se hesitava em executar até mesmo um juiz local,
que não cumprisse o que se tinha considerado reto. Essa execução agiria como
uma medida preventiva, capaz de fazer todo o povo de Israel temer. Em Israel, a
justiça era imediata e terrível. Isso pode ser contrastado com nossos sistemas
modernos, que podem envolver anos para que um simples caso de homicídio seja
julgado. “Isso fazia o império da justiça tornar-se dotado de máxima
importância na Terra Prometida, ajudando a impedir a anarquia” (Jack S. Deere,
in Ioc.). E jamais se ensoberbeça. No hebraico, essa palavra é zadown, que
significa “de maneira arrogante”, “de maneira orgulhosa”. A medida disciplinar
humilharia os homens e fá-los-ia temer. HENRY. Matthew. Comentário Matthew
Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 619: Deveria
haver grande cuidado no julgamento, v. 18. Deveria ser feita uma investigação
diligente quanto ao caráter das pessoas, e todas as circunstâncias do caso.
Tudo isto devia sei' comparado, para que a verdade pudesse ser descoberta.
Quando a investigação fosse realizada de um modo fiel e imparcial, eles
poderiam esperar que a Providência os auxiliasse. Se ficasse evidente que um
homem tinha, conscientemente e perversamente, dado falso testemunho contra seu
próximo, embora o mal que lhe desejava não tivesse sido realizado, este deveria
sofrer a mesma penalidade à qual seu próximo estaria sujeito, devido à sua
evidência, v. 19. Nec lex estjustior idla - Nenhuma lei poderia ser mais justa.
Se o crime do qual ele acusasse seu próximo devesse ser punido com a morte,
também o homem que deu falso testemunho deveria ser condenado à morte. Se a
punição fosse açoitamento, ele deveria ser açoitado. Se fosse uma multa
financeira, ele deveria ser multado também. E, como para aqueles que não
levassem em consideração a atrocidade do crime e a necessidade de impedi-lo,
pareceria ser uma punição muito dura, por ter dito algumas palavras,
especialmente quando nenhum mal tinha, realmente, sido feito, aqui está
acrescentado: “O teu olho não poupará”, v. 21. Nenhum homem precisa ser mais
misericordioso do que DEUS. O benefício que resultará, para o público, desta
severidade, a recompensará com abundância: “Para que os que ficarem o ouçam, e
temam”, v. 20. Tais punições exemplares seriam advertências a outros, para que
não empreendessem nenhuma maldade deste tipo, quando vissem como aquele que fez
a cova e a escavou havia caído nela.]
3. Contexto. O nono mandamento
com suas normas na legislação mosaica mostra a administração da justiça em
Israel. O termo “juízes”, em hebraico, shophet, “juiz, árbitro, conselheiro
jurídico, governante” (Dt 19.17), é ha-Elohim, literalmente “Deus” na passagem
paralela (Êx 22.8,9). A tradução literal seria “perante Deus” como aparece na
Septuaginta e na Vulgata Latina. Este uso é padrão para o verdadeiro Deus no
Antigo Testamento e não deve ser traduzido como “deuses” por causa do artigo. O
emprego de “juízes” aqui é legítimo e ninguém questiona essa tradução. As
versões rabínicas empregam “perante a corte”. Os juízes representavam o Deus de
Israel nos julgamentos. [Comentário: O Um juiz ou magistrado civil é mencionado
pela primeira vez em Israel sob a liderança de Moisés, quando Jetro sugeriu que
juízes fossem designados para aliviar Moisés em suas responsabilidades
administrativas (Êx 18.13-26). Mais tarde, Israel se organizou em unidades
dentro de cada tribo com um homem qualificado como juiz. Estes homens deveriam
julgar corretamente, destemidamente e imparcialmente (Dt 1.16ss.). Somente os
casos mais importantes eram trazidos diante de Moisés (Dt 1.12-18; 21.2).
Observe também a organização de Israel em Números 1-10. Sob a liderança de
Josué um plano similar foi seguido (Dt 16.18-20; 17.2-13; 19.15-20; Js 8.33;
23.2; 24.1; 1 Sm 8.1). A era que se seguiu à morte de Josué retrata uma
situação modificada como é descrito no livro de Juízes. Aqui os líderes
principais, ou juízes do povo, eram aqueles que tinham primeiramente a missão
de livrar os israelitas das nações opressoras (Jz 2.16). Carismaticamente
dotados pelo Espírito de Deus, eles eram "libertadores" (Jz 3.9),
capacitados a livrar e preservar Israel (Jz 6.34-36). O termo heb. corretamente
inclui o conceito de líder bem como o de árbitro. Durante a era entre a
conquista e a monarquia em Israel, os invasores opressores foram sucessivamente
mesopotâmios, moabitas, cananeus, midianitas, amonitas e filisteus. Os notáveis
juízes que foram usados para agir contra estes foram Otniel, Eúde, Débora e
Baraque, Gideão e Sansão, conforme narrado no livro de Juízes. Outros juízes a
respeito dos quais pouca informação está disponível foram Sangar, Abimeleque,
Tola, Jair, Ibsã, Elom e Abdom. Alguns dos juízes desta era são mencionados no
livro de Hebreus (cap. 11) como heróis da fé. Os capítulos iniciais de 1 Samuel
(cf. 4.18) indicam que Eli serviu como juiz de Israel por 40 anos. Samuel não
só guiou os israelitas em uma resistência bem sucedida à opressão dos
filisteus, mas também estabeleceu um organizado tribunal itinerante. Embora ele
tenha designado seus filhos como juízes, as condições em mudança marcaram uma
transição para um reino organizado que trazia a necessidade da unção de um rei
(1 Sm 7.15-8.5). Durante a monarquia, o rei se tornou o supremo juiz em
assuntos civis (2 Sm 15.2; 1 Rs 3.9,28). Os casos eram julgados pelo rei no
portão do palácio (1 Rs 7.7), mas os tribunais locais estavam da mesma forma em
funcionamento. Davi atribuiu aos levitas o ofício judicial e designou 6.000
homens como oficiais e juízes (1 Cr 23.4; 26.29). Josafá ampliou o sistema
judicial em Judá, designando sacerdotes e juízes em cidades fortificadas com uma
suprema corte em Jerusalém, onde as questões religiosas estavam sujeitas aos
sacerdotes e as questões civis sujeitas ao príncipe de Judá (2 Cr 19.5-8). Os
profetas frequentemente afirmavam que a justiça estava corrompida pelo suborno
e pelos falsos testemunhos (Is 1.23; 5.23; 10.1; Am 5.12; 6.12; Mq 3.11; 7.3).
Os reis eram frequentemente injustos em seu modo de tratar os profetas que
falavam da parte de Deus (1 Rs 22.26,27; 2 Rs 21.16; Jr 36.26). Veja também 1
Reis 21.1-13, onde a lei era desconsiderada por Acabe e Jezabel e falsas
testemunhas eram usadas para trazer vantagens ao rei. PFEIFFER .Charles F.
Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1112-1113.]
SÍNTESE DO TÓPICO I
A finalidade do nono mandamento é erradicar a mentira, a calúnia e a
falsidade.
II. O PROCESSO
1. Responder em
juízo. O mandamento “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” (Êx
20.16; Dt 5.20) reflete o aspecto legal e isso é conhecido pelos termos usados
e por sua regulamentação na lei. O verbo “dizer”, anah, em hebraico,
“responder”, abrange amplo significado. É usado para indicar o ato de declarar
solenemente (Gn 41.16; Dt 27.14), de testemunhar a favor (Gn 30.33) ou contra
(2Sm 1.16). A resposta, aqui, diz respeito aos interrogatórios na corte. Essa
característica forense aparece na legislação sobre o tema (Êx 23.2; Dt
19.16-19). [Comentário: CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 393: Parece que o
objetivo central deste mandamento é a proteção ao sistema judicial. Os
tribunais seriam inúteis se os homens chegassem ali para mentir. Se tiver de
ser feita uma acusação contra outra pessoa, e se o acusado tiver de
defender-se, a verdade terá de ser dita por ambas as partes, sob pena da
justiça naufragar. Mas esse mandamento também se aplica a questões individuais.
A sociedade em geral perturba-se quando as pessoas saem a espalhar mentiras e
calúnias sobre seus semelhantes. O trecho de Êxo. 23.1 condena o falso
testemunho em nível pessoal. Ver Deu. 19.16-20 que requeria juízo apropriado
contra falsas testemunhas que perturbavam o sistema judicial. A linguagem e os
fatos devem concordar entre si. Ver Deu. 13.14; 17.4; 22.20; Jer. 9,5; Sal.
9.5; 15.2; Pro. 12.19; 14.25; 22.21. A verdade precisa ser dita como tempero do
amor (Efé. 4.15). Algumas vezes, as meias verdades prejudicam mais do que as
mentiras francas. O amor, porém, guarda-nos tanto da mentira aberta quanto das
meias verdades. A mentira artística vem sendo aprovada desde os tempos mais
antigos, conforme muitos eruditos supõem. Ver o caso de Labão (Gên. 29.21-27),
e o caso um tanto anterior de Jacó (Gên. 27.6-36). Por outro lado, a luz que
brilhou por meio de Moisés por certo condenava qualquer tipo de mentira ou
abuso de linguagem. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento
Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 296: O nono mandamento diz respeito
ao nosso próprio bom nome, e ao do nosso próximo: “Não dirás falso testemunho”,
v. 16. Isto proíbe: 1. Falar falsamente sobre qualquer assunto, com mentiras,
com equívocos intencionais, e de qualquer maneira planejada para enganar o
nosso próximo. 2. Falar injustamente contra o nosso próximo, para o prejuízo da
sua reputação. E (o que envolve a culpa de ambos): 3. Dar falsos testemunhos
contra ele, acusando-o de coisas de que ele não tem conhecimento, seja
judicialmente, sob juramento (com o que são infringidos o terceiro e o sexto
mandamento, além deste). Ou extrajudicialmente, em conversação comum,
caluniando, difamando, inventando estórias, piorando o que é feito erroneamente
e tornando-o pior do que já é, e de alguma maneira empenhando-se em aumentar a
sua própria reputação sobre a ruína da do seu próximo.]
2. Falso
testemunho. O termo hebraico ed, “testemunho”, emedshaw, literalmente “testemunho
vão” (Dt 5.20), ou edshaqer, “falso testemunho” (Êx 20.16), diz respeito a uma
mentira, a uma declaração conscientemente falsificada. O termo hebraico shaw,
“vão, inutilmente, à toa” (veja lição 5), indica algo sem valor, irreal no
aspecto material e moral. Aqui se trata de alguém que fala em vão, sem
fundamento, que faz acusação sem validade e sem consistência, portanto falso. A
tradução de Deuteronômio 5.20, na Septuaginta, acrescenta “com testemunho
falso”, assim: “Não testemunharás falsamente contra o teu próximo com
testemunho falso”. [Comentário: Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores
Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 128-129: O
nono mandamento não se restringe apenas ao aspecto jurídico, ao perjúrio num
tribunal civil ou criminal, mas se aplica também à vida diária, como o boato e
o mexerico (Êx 23.1; Lv 19.16). Estes envolvem a mentira e trazem implicações
profundas na vida humana. Deus condena tais práticas, e o ensino bíblico sobre
o assunto começa em Moisés e se estende até o Novo Testamento. "Não
admitirás falso rumor e não porás a tua mão com o ímpio, para seres testemunha
falsa" (Êx 23.1). A TB traz "Não levantarás um boato falso"; a
ARA e NTLH empregam "notícias falsas". A expressão hebraica para
"falso rumor" aqui é shêma ’ shãw ‘. O termo shêma ’,
"informação, notícia, fama, boato", é um substantivo derivado do
verbo Vtpüi (shãma ‘), "ouvir, escutar, prestar atenção, obedecer".
Essa informação, notícia ou fama pode ser boa ou ruim e diz respeito ao que se
ouve dizer (1 Rs 10.1), diferentemente de um conhecimento pessoal, de uma
experiência direta: "Antes eu te conhecia só por ouvir falar, mas agora eu
te vejo com os meus próprios olhos" (Jó 42.5). E o termo shãwque significa
"fraude, engano, inutilidade, inútil, imprestável, falsidade,
desonestidade, futilidade, vacuidade", aparece no terceiro mandamento (Êx
20.7; Dt 5.11) e no nono mandamento na versão de Deuteronômio (Dt 5.20). O
falso boato é a propagação de uma notícia infundada, não oficial e de fonte
desconhecida. O contexto mostra que divulgar informação enganosa é associação
com o ímpio para se tornar falsa testemunha: "E não porás a tua mão com o
ímpio, para seres testemunha falsa" (Êx 23.1b). Mesmo as coisas triviais
do dia a dia podem terminar na justiça, pois elas destroem a reputação de
qualquer pessoa.]
3. O próximo. É a primeira vez
que o termo aparece no Decálogo. O próximo, em hebraico, rea, indica outra
pessoa, vizinho, amigo, parceiro. Essa palavra se refere aos israelitas (Lv
19.18), mas o Senhor Jesus a aplicou a todas as pessoas em seu pronunciamento
sobre o segundo e grande mandamento (Mt 22.39). Todavia, a lei já contemplava
nessa palavra os estrangeiros (Lv 19.34). Assim, nosso próximo é qualquer
pessoa ou eu mesmo, pois devo também ser um próximo, isso está claro quando
Jesus manda o judeu e doutor da lei imitar o samaritano (Lc 10.36,37). [Comentário:
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Hagnos. pag. 552: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Essa
é a Regra Áurea. Cada um deve amar o próximo como a si mesmo. Esse é o segundo
grande mandamento, de acordo com a avaliação do Novo Testamento, que só perde
em importância para o amor a Deus. Jesus citou este versículo e exaltou os
princípios em que ele está alicerçado. Ver Mar. 12.31. A lei mosaica inteira
repousa sobre esses dois princípios. A lei do amor é a primeira lei da
espiritualidade, e, de fato, a essência da espiritualidade (I Cor. 13). É fruto
da regeneração (I João 4.7). Teu próximo. De acordo com a definição rabínica,
um compatriota hebreu. Mas notemos que até este capítulo inclui o estrangeiro
(vss. 33 e 34). Jesus falou de modo que entendêssemos que próximo é qualquer
outro ser humano (Luc.10.29 ss.). Quando de Hillel foi solicitado, por um
discípulo em potencial, que dissesse a essência da lei, estando de pé sobre
somente um dos pés (em tempo breve, portanto), ele apresentou, sob forma
negativa, o conceito à nossa frente: Ό que não quiseres que outros te façam,
não faças a outros”. Mas Jesus apresentou uma versão positiva desse mesmo
princípio, em Mat. 7.12: Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam,
assim fazei-o vós também a eles”. Cf. Rom. 13.8-10.]
SÍNTESE DO TÓPICO II
O falso testemunho fere ao próximo e principalmente a Deus.
III. A VERDADE
1. Antigo
Testamento. Verdade é aquilo que corresponde aos fatos, em contraste com qualquer
coisa enganosa, a mentira (Dt 13.14; 17.4; Is 43.9). O termo hebraico, emet,
significa “verdade, fidelidade, firmeza, veracidade”. Daí derivam as palavras
emunah, “fé, fidelidade, firmeza” (Hc 2.4), e amen, “amém, verdadeiramente, de
fato, assim seja”. É também um atributo divino: o “Deus da verdade” (Sl 31.5).
O próprio Deus é a verdade absoluta (Dt 32.4). O Deus verdadeiro espera que seu
povo também o seja, pois a ética é a imitação de Deus (Mt 5.48; 1Co 11.1). [Comentário: CHAMPLIN,
Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 5. Editora
Hagnos. pag. 593: No hebraico devemos considerar uma palavra e no grego, também
uma, a saber: 1. Emeth, “verdade”, “constância”. Esse vocábulo hebraico ocorre
por 92 vezes no Antigo Testamento. Há outras formas dessa palavra e outros
vocábulos que ocorrem por algumas poucas vezes, e que também podem ser
traduzidos como “verdade”. 2. Alétheia, “verdade”. Palavra grega que é usada
por 110 vezes. No Antigo Testamento, a palavra emeth e seus cognatos indicam as
ideias de firmeza, estabilidade, fidelidade, alguma base fidedigna de apoio. É
uma qualidade atribuída tanto a Deus quanto às criaturas. Também é atribuída
não somente às mais diversas afirmações (por exemplo, Rute 3:12), mas também à
conduta (ver Gên. 24:49) e às promessas (II Sam. 7:28). A verdade é associada
na Bíblia à gentileza (Gên. 47:29), à justiça (Nee. 9:13 e Isa. 59:14) e à
sinceridade (Jos. 24:14). Por essas razões, a Septuaginta, com frequência, a
traduz pelo termo grego pistis, “fé”, “fidelidade”, “convicção”, a fim de
expressar o aspecto moral, em vez de empregar alétheia, “verdade”.]
2. Novo Testamento. Emprega aletheia,
“verdade”, e seus derivados. O termo vem do verbo grego, lanthano / letho,
“ocultar ou encobrir algo a alguém”. O prefixo “a” indica negação. Assim, para
os gregos, aletheia significa “não oculto, não escondido”. É aquilo que
corresponde aos fatos e permanece em oposição à falsidade (At 26.25; Rm 1.25;
9.1). Nisto se alinha com as Escrituras hebraicas. Esta é a verdade como parte
da ética. Mas as palavras “como está a verdade em Cristo” (Ef 4.21), dizem
respeito a “toda sua plenitude e extensão, encarnada nele; Ele é a perfeita
expressão da verdade” (Dicionário Vine). Isso está de acordo com sua própria
afirmação (Jo 14.6). [Comentário: CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 523: «
...e a verdade...» Quanto a este particular, poderíamos destacar os pontos
seguintes: 1. Jesus é a verdade de Deus porque, na qualidade de «Logos» eterno
(ver João 1:1), ele é a perfeita revelação de Deus e de sua verdade, e isso não
meramente para os homens, mas também para todos os seres criados. 2. Jesus é,
especialmente, a revelação de Deus aos homens, no que concerne à salvação
deles. Sua própria pessoa representa realmente essa verdade, porque nele,
segundo os eternos conselhos divinos (ver Efé. 1:3-5), ele sempre esteve unido
a Deus Pai, e o plano da redenção dessa maneira se originou dele. Assim sendo,
em sua encarnação, ele trouxe essa verdade da redenção aos homens. Em sua
ascensão, ressurreição e glorificação, ele assegura aos remidos a mais plena
participação em toda a sua glória e em sua natureza divina. Portanto, por esses
motivos ele é a verdade metafísica do homem. 3. Jesus é a verdade do caminho
pelo qual os homens devem retornar a Deus, porquanto ele é o exemplo supremo e
o ilustrador desse caminho. Essa é a verdade envolvida em sua encarnação. Tudo
quanto o homem precisa saber está contido em sua pessoa. Jesus é a verdade
ética do homem. 4. Dessa maneira, em sua própria pessoa, Cristo Jesus combina tudo
quanto os homens precisam saber, crer e ser, tanto no que diz respeito à
natureza de Deus como no que tange à natureza e à posse da redenção e da glória
eterna. 5. Jesus é a Verdade, em o posição à religião falsa, como o judaísmo
desviado e obstinado. Ele é aquela verdade para a qual apontava a lei mosaica,
e da qual o pacto do A.T. era apenas uma sombra pálida. Ele é a materialização
dá verdade espiritual, e não meramente um profeta de Deus ou uma representação
parcial polêmica cristã contra os judeus incrédulos, que rejeitaram ao seu
próprio Messias. O autor sagrado queria que tais pessoas soubessem que tudo
aquilo em que confiavam, como uma revelação da parte de Deus, nada significava
à parte da pessoa de Jesus Cristo, posto ser ele a concretização de toda a
verdade de Deus, ao passo que Moisés, a lei e os profetas meramente apontavam
para Cristo. 6. Em sua própria essência. Cristo também é a verdade de Deus,
porquanto ele mesmo é divino, e assim nos tem mostrado qual é a natureza de Deus
ou a verdadeira forma de vida que ele possui, a qual ele está transmitindo aos
homens através de Cristo. Essa é justamente a mensagem de um trecho como Col.
2:9, onde se lê: «...porquanto nele habita corporalmente toda a plenitude da
divindade...» Ou então do trecho de Col. 1:15: «Ele é a imagem do Deus invisível...».]
3. O que é a
verdade? Foi a pergunta que Pilatos fez a Jesus, mas não esperou pela resposta
(Jo 18.37,38). Será que ele estava convencido de que não havia resposta, ou não
se interessou de modo algum pelo retorno que Jesus poderia dar? Para os
romanos, “verdade”, veritas em latim, significa “precisão, rigor, exatidão de
um relato”. Talvez Pilatos estivesse destoado do contexto. [Comentário: D.
A. CARSON. O Comentário De João. Editora Shedd Publicações. pag. 595-596: Jo
18.37 - O paralelismo sugere que seu reino é o reino da verdade; ou, de forma
mais precisa, o exercício de seu reinado de salvação é praticamente
indistinguível de seu testemunho da verdade. Nesse contexto, a verdade é
interpretada em um sentido mais que intelectual (cf dela Potterie, 2. 624ss.);
ela é apenas a auto-revelação de Deus em seu Filho, que é a verdade (14.6).
Revelar a verdade de Deus, da salvação e do juízo, era o principal meio de
fazer súditos, de exercer seu reinado salvífico (cf. Lagrange, p. 477). De
forma similar, somente aqueles que são corretamente relacionados com Deus, com
a própria verdade, podem compreender o testemunho que Jesus fornece da verdade
(cf. 3.16-21). Todos os que são da verdade ouvem a Jesus (cf. 10.3,16,27). 38a.
Se o reinado de Jesus é indistinguível de seu testemunho da verdade, e se seus
seguidores são caracterizados por fidelidade a seu testemunho, e não pela
revolução violenta, Pilatos é forçado a reconhecer que Jesus está sendo vítima
de uma conspiração do Sinédrio. Além disso, há um convite implícito nas
palavras de Jesus. O homem no banco dos réus convida o juiz para ser seu
seguidor, para juntar-se àqueles que são “da verdade”. Jesus não é perigoso;
mas ele também pode estar irritando Pilatos. De qualquer forma, Pilatos
abruptamente termina o interrogatório com uma curta e cínica pergunta: Que é a
verdade? - e com a mesma rispidez dá as costas, seja porque ele está convencido
de que não existe uma resposta, seja porque ele não quer ouvi-la, o que é mais
provável. Ele prova, assim, que não está entre aqueles a quem o Pai deu a seu
Filho (cf. Haenchen, 2. 180).]
SÍNTESE DO TÓPICO III
O Deus da Verdade exige tão somente a verdade.
IV. O CUIDADO COM A MENTIRA
1. As testemunhas. Ninguém podia ser
acusado por uma só testemunha, pois a lei exige duas ou três testemunhas (Dt
19.15-20). Era a garantia de um julgamento justo. Mas nem sempre isso era
possível. Nabote foi acusado, julgado e condenado conforme a lei, mas era
inocente, pois as testemunhas eram falsas (1Rs 21.13). O Senhor Jesus foi vítima
de testemunhas falsas (Mc 14.56), da mesma forma que Estêvão (At 6.13). Mesmo
com todo o rigor da lei, nunca faltou na história quem se dispusesse a
testemunhar falsamente. [Comentário: CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 830: Sobre o Falso
Testemunho (19.15-21) Dt 19.15 Pelo depoimento de duas ou três testemunhas.
Esse múltiplo testemunho concorria para a preservação da justiça. A lei mosaica
era severa, e por muitas vezes requeria a punição capital, devido a crimes que
na cultura moderna não seriam castigados tão severamente. Uma testemunha falsa
poderia tentar eliminar um adversário prestando um testemunho falso: “Meu
vizinho estava adorando um ídolo!”. A fim de impedir tão ultrajante conduta,
pois, foi estabelecida a lei das “duas ou mais testemunhas”. Desse modo o
perjúrio, embora não fosse eliminado de todo, pelo menos era grandemente
reduzido. Já vimos essa lei em Deu. 17.6. As notas oferecidas ali aplicam-se
também aqui. O depoimento de testemunhas precisava ser investigado. Os juízes e
os tribunais locais não deveriam aceitar passivamente os caprichos desonestos
dos homens. Juízes inquiririam as testemunhas. E as testemunhas falsas deveriam
ser executadas (Deu. 19.19). Isso lançaria o temor no coração de todos,
dificultando o pecado de perjúrio. Ό uso veraz da língua, ao evitar a todo o
transe a calúnia e a acusação falsa, é um dos princípios centrais da ética
bíblica, sendo esse pecado condenado no nono mandamento da lei. Aqui esse princípio
foi expresso em linguagem leal, para uso nos tribunais (cf. Êxo. 23.1; Lev.
19.11-18)" (G. Ernest Wright, in ioc.). As testemunhas não podiam prestar
seu testemunho por meio de cartas, nem podiam enviar representantes. Era mister
que comparecessem pessoalmente, a fim de serem inquiridas pelos juízes. E se
houvesse 0 envolvimento de algum idioma estrangeiro, não podia haver um
intérprete entre as testemunhas e os juízes. As testemunhas tinham de encarar
os juízes. Cf. Núm. 35.30. Dt 19.16 Quando se levantar testemunha falsa. É de
presumir-se que os casos complicados fossem submetidos à apreciação da Corte
Suprema, que funcionava no santuário central, em Jerusalém. Ver Deu. 17.18 ss..
O lugar determinado por YAHWEH como o santuário central também abrigaria o
Tribunal Superior, que julgaria os casos mais difíceis. Israel dispunha de
severas leis de retaliação, como olho por olho e dente por dente (vs. 21), e
isso precisava ser regulamentado com medidas extremas, mediante investigação e
depoimento de testemunhas oculares, para que houvesse sempre julgamentos
justos. Leis severas exigiam uma justiça estrita. Dt 19.17 Então os dois
homens. É provável que tenhamos aqui a descrição daqueles entre os quais
tivesse surgido alguma pendência, no santuário central; mas, se um concilio
local estivesse envolvido, então deveriam prevalecer as mesmas regras de
justiça. O vocábulo no singular, “juiz”, que ali aparece (vs. 9), talvez seja
uma referência ao sumo sacerdote, que era o juiz supremo em Israel. A passagem
de Deuteronômio 17.8-13 aborda a Corte Suprema, e nas notas expositivas a res-
peito, dou informações acerca dos oficiais que operavam ali, bem como dos
tribunais secundários. Ver também Deu. 16.18 ss.. Nesse versículo 18 dou informações
específicas sobre a estrutura dos antigos tribunais de Israel. Homens. Mulheres
não podiam servir de testemunhas. Ver Bartenora, see. 5. Esse mesmo documento
antigo assevera que tanto as testemunhas quanto os acusados tinham de dar e
ouvir o testemunho estando de pé. Perante o Senhor. Assim foi dito porque o
tribunal e suas regras de ação tinham sido estabelecidos por ordem divina. DEUS
era o observador silente que acompanhava 0 processo inteiro de justiça, e a Sua
presença inspiraria os juízes a impor uma justiça estrita. O comparecimento
pessoal era uma necessidade. Ninguém podia escrever uma carta ou enviar um seu
representante. Diante dos sacerdotes e dos juízes. Dt 19.18 Os juízes indagarão
bem. Investigações criteriosas faziam parte do dever dos tribunais, em Israel.
Ninguém podia mostrar-se frívolo, nessas ocasiões. Com frequência, a punição
capital era o fim do julgamento. O Targum de Jonathan refere a um exame e
interrogatório completo das testemunhas. Ver Deu. 17.4, quanto à expressão
“indagarás bem”. Ver também Deu. 13.12-14 e 17.9. O trecho enfatiza a questão.
Não se permitia testemunho por “ouvir dizer”, em Israel. Dt 19.19 Assim
exterminarás o mal do meio de ti. O próprio YAHWEH cuidaria para que os
tribunais de justiça de Seu povo não falhassem. Se alguma testemunha falsa
fosse descoberta pelas investigações, então tal indivíduo sofreria exatamente 0
castigo que tinha esperado infligir sobre seu vizinho ou conhecido inocente. A
questão era levada “perante o Senhor” (vs. 17), porquanto era 0 tribunal do
Senhor e os juízes do Senhor estavam julgando o caso. Sua presença, invisível
mas real, seria garantia absoluta da justiça. O castigo poderia tomar a forma
de uma multa, de açoites, da perda de um dos membros do corpo, ou então de
execução por apedrejamento, estrangula- mento, execução na fogueira ou morte à
espada. As testemunhas falsas seriam sujeitadas a uma dessas punições, sem
importar qual delas tivesse sido planejada para o homem falsamente acusado. Dt
19.20 ... o ouçam e temam. Aqueles que sobrevivessem ao incidente (como a
família do homem que tinha cometido perjúrio), bem como a população em geral,
que ouvisse falar sobre o caso, temeriam, desencorajando o crime de perjúrio. E
embora isso não eliminasse 0 mal das testemunhas falsas, essa prática odiosa
ficaria grandemente reduzida.]
2. Os danos. A violação do nono
mandamento é um atentado contra a honra e pode destruir a reputação e o bom
nome que alguém levou uma vida inteira para construir. Seus efeitos maléficos
podem ainda levar a pessoa à morte ou à prisão, destruir casamentos e arruinar
famílias. É um pecado grave do qual muitos ainda não se deram conta. A pena
contra a falsa testemunha em Israel era a morte; tal pessoa receberá o mesmo
que ela tentou fazer ao seu próximo: “será condenado, e o castigo dele será o
mesmo que ele queria para o outro” (Dt 19.19, NTLH). Será aplicada a lei de
talião (Êx 21.23-25). [Comentário: HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry
Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio. Editora CPAD. pag. 300: O cuidado
particular que a lei teve com as mulheres grávidas, para que nenhum mal lhes
fosse feito que pudesse provocar o seu aborto. A lei da natureza nos obriga a
sermos muito ternos neste caso, para que a árvore e o fruto não sejam
destruídos ao mesmo tempo, vv. 22,23. As mulheres grávidas, que desta maneira
são tomadas sob a proteção especial da lei de Deus, se viverem no temor a Ele,
podem, ainda, crer estar sob a proteção especial da providência de Deus, e ter
esperança de que serão salvas ao darem à luz. Nesta ocasião, é introduzida
aquela lei geral de retaliação à qual o nosso Salvador se refere em Mateus
5.38: “Olho por olho”. Bem: 1. A execução desta lei não é, com isto, deixada
nas mãos de pessoas individualmente, como se todo homem pudesse vingar-se, pois
isto causaria confusão universal e tornaria os homens como os peixes do mar. A
tradição dos anciãos parece ter colocado este disfarce corrupto sobre a lei, e
em oposição a isto o nosso Salvador nos ordena que perdoemos as ofensas e não
pensemos em vingança, Mateus 5.39. 2. Deus frequentemente realiza a vingança no
decorrer da sua providência, tornando a punição, em muitos casos, uma resposta
ao pecado, como visto em Juízes 1.7; Isaías 33.1; Habacuque 2.13; Mateus 26.52.
3. Os magistrados devem ter em mente esta regra ao punir os criminosos, e fazer
justiça àqueles que são ofendidos. Deve-se considerar a natureza, a qualidade e
o grau do mal que é feito, para que possa haver reparação à parte ofendida, e
outros se contenham para não fazer nada semelhante. Ou olho por olho, ou o olho
ferido será redimido por uma soma de dinheiro. Observe que aquele que causa o
dano deve esperar, de uma maneira ou de outra, uma recompensa de acordo com o
dano que causar, Colossenses 3.25. As vezes, Deus faz com que as obras
violentas dos homens caiam sobre as suas próprias cabeças (SI 7.16). E os
magistrados, quanto a isto, são os ministros da justiça, pois são vingadores
(Rm 13.4) e não trazem debalde a espada.]
3. O pecado da
mentira. Quem já viu um irmão ser disciplinado ou cortado da comunhão da Igreja
pelo pecado de mentira? A Bíblia trata o assunto com seriedade, pois quem se
converteu a Cristo precisa deixar a mentira e falar a verdade (Ef 4.25; Cl
3.9). Os mentirosos constam da lista dos incrédulos, homicidas, fornicadores,
feiticeiros, idólatras, dentre outros (Ap 21.8; 22.15). Na graça, o tema é
tratado com profundidade implicando a vida eterna, e não envolvendo tribunais
como no sistema mosaico. É desejo, portanto, de todo cristão se parecer com
Jesus e é isso o que Deus espera de todos nós (1Pe 1.15,16). [Comentário: CHAMPLIN,
Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 4. Editora
Hagnos. pag. 228-229: 1. Definições Básicas - Temos preparado um longo artigo
sobre os Vícios, onde é comentado o vício da mentira. Mentir é fazer
declarações propositalmente falsas, meias verdades que envolvem falsas
impressões. Um exagero proposital é um tipo de mentira, como também o é uma
declaração parcial proposital. Até mesmo as verdades proferidas com o intuito
de enganar, naquilo em que visam iludir, não passam de mentiras. Entretanto, as
histórias de ficção, escritas ou filmadas, embora não correspondam à realidade,
não são mentiras, visto que não se propõem a narrar fatos, mas tão-somente
simbolizam fatos e ideias. 2. Palavras Bíblicas Envolvidas - No hebraico
encontramos kazab, palavra usada por vinte e nove vezes, conforme se vê, por
exemplo em Juí. 16:10,13; Sal. 40:4; Pro. 6:19; 14:5,25; 19:5,9; Isa. 28:15,17;
Eze. 13:8,9,19; Dan. 11:27; Osé. 12:1; Amós 2:4; Sof. 3:13. Também encontramos
sheqer, que aparece no Antigo Testamento por cerca de quarenta e três vezes com
o sentido de «falsidade», «mentira», («mentiroso», etc., segundo se vê, para
exemplificar, em Jó 13:4; Sal. 63:11; 119:69; Isa. 9:15; 59:3; Jer. 9:3,5;
14:14; 29:21,31; Eze. 13:22; Miq. 6:12; Hab. 2:18; Zac. 10:2 e 13:3. Ambas as
palavras podem indicar «engano», «mentira». Outras palavras hebraicas bem menos
usadas sãoakzab (Miq. 1:14), bad, «artifício» (Jó 11:3; Isa. 16:6; Jer. 48:30);
kachash, «fingimento» (Osé. 7:3; 10:13; 11:12; Naum 3:1); dabar, «palavra de
falsidade» (Pro. 29:12). No grego encontramos pseüdos, «mentira» «falsidade»,
palavra empregada no Novo Testamento por sete vezes: João 8:44; Rom. 1:25; II
Tes. 2:11; I João 2:21,27; Apo. 21:27; 22:15. E também pseúsma, «falsidade», em
Rom. 3:7. 3. Usos Bíblicos - Os homens mentem, principalmente, a fim de
enganar. Essa palavra é usada nas Escrituras para indicar as declarações falsas
dos homens acerca de DEUS e das realidades espirituais (Jer. 14:14; Eze. 13:9;
Rom. 1:25). A verdade divina é reduzida a uma mentira, pelas ideias e
declarações dos homens. As mentiras dos homens pervertem, portanto, a verdade
dita por Deus. Toda mentira cria uma falsa certeza (Isa. 28:15). Os resultados
da mentira são o erro e a ilusão (Jer. 23:32). Os padrões morais são solapados
pelas mentiras (Rom. 1:26 ss). Deus não pode mentir, mas precisa julgar (I Sam.
15:29; Tito 1:2). Por isso, a mentira nunca é atribuída a Deus, mas é atribuída
aos homens, como quando prestam falso testemunho (Pro. 6:19). O ato de mentir
era proibido pela lei mosaica (Exo. 20:16; Lev. 19:11). Os crentes deveriam
reconhecer que o ato de mentir é próprio da vida velha, na incredulidade,
devendo ser rejeitado pelo crente como uma roupa indesejável, segundo se vê em
Col. 3:9; «Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem
com os seus feitos». O trecho de João 8:44 apresenta Satanás como o pai da
mentira. Os trechos de Apo. 21:27 e 22:15 mostram que os mentirosos habituais
(que o fazem devido à sua natureza corrompida e não regenerada), ficam
impedidos da salvação e do lar celestial. 4. Discussões Filosóficas - Será
errada a mentira, em todos os casos? Alguns filósofos asseveram que há ocasiões
em que mentir é melhor do que dizer a verdade. Um meu professor de filosofia
deu um exemplo em classe, baseado na vida real, ocorrido durante a Segunda
Guerra Mundial. Ele falou sobre um sacerdote católico romano que se viu
envolvido no movimento de resistência subterrânea de um pai» debaixo do poder
militar dos nazistas. Vidas dependiam dele. Quando foi apanhado, ele confessou,
e não mentiu, dizendo aos alemães que, de fato, fazia parte daquele movimento.
O resultado foi desastroso. Também poderíamos pensar no caso dos pacientes
terminais. Tais pacientes devem ficar sabendo da verdade, ou, pelo menos em
alguns casos, é melhor enganar o doente? Há pessoas que simplesmente querem
saber seu estado, e a essas deveríamos dizer a verdade. Mas há outras que,
segundo os médicos e seus familiares julgam, sentir-se-iam menos premidas se a
verdade não lhes fosse revelada, pois assim enfrentariam a morte mais
tranquilamente. Isso posto, em tais casos, seria melhor mentir a um paciente
terminal. Se esses casos são exemplos de exceções válidas à regra contra a
mentira, então podemos afirmar que, algumas vezes, a lei do amor é melhor
servida por um engano (intenção é aliviar o sofrimento), do que se dizendo a
verdade chocante e brutal.]
SÍNTESE DO TÓPICO IV
O cristão verdadeiro não coaduna com a fofoca ou mentira.
CONCLUSÃO
Deus se interessa pelo bem-estar de todos os seus filhos e filhas. O
desrespeito pelo próximo afronta a Deus. O Senhor Jesus nos ensinou a tratar as
pessoas da mesma maneira que gostaríamos de ser tratados (Mt 7.12). Que Deus
nos ajude e nos guarde para que possamos viver uma vida irrepreensível. [Comentário: O
amor é aclamado como qualidade suprema da vida cristã; mas Paulo, ao dizer isso
sobre a fé, a esperança e o amor, afirma que a maior delas é o amor, o qual
deve ser sem hipocrisia (Rm 12.9). O amor sem genuinidade é pior que não ter
amor algum. A honestidade é a essência da coragem moral, conforme ficou
demonstrado na vida de Jesus. Uma mentira inocente poderia tê-lo salvado da
cruz, mas ele não a quis proferir, apesar de sua vida estar em perigo. Os
primeiros cristãos deixaram profunda impressão sobre seus contemporâneos, não
meramente por causa do amor que exemplificavam «Vede como esses cristãos se
amam uns aos outros», mas muito mais pela integridade de suas vidas (Tg 5.12)]. “NaquEle que me
garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é
dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Março de 2015
PARA REFLETIR
Sobre o nono mandamento:
Contra quem eu não devo mentir?
Não
devemos mentir contra ninguém. A Bíblia declara que a mentira é pecado e que o
Diabo é o pai da mentira.
Quais prejuízos um falso
testemunho acarretará contra uma pessoa?
Os
prejuízos são incontáveis. A reputação de uma pessoa pode ser destruída, lares
desfeitos, carreira profissional arruinada, devido a um falso testemunho.
O que é a verdade para você?
Resposta
livre. O professor poderá esclarecer ao aluno que a verdade corresponde aos
fatos e permanece em oposição à falsidade. É o conhecimento da realidade que o
ser humano constata.
O desrespeito contra o próximo
pode afrontar a Deus?
Sim. Deus
deseja que venhamos amar e respeitar o nosso próximo.
NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
Revista Lições Bíblicas Mestre - 1º
Trim./2015 - CPAD
Tema: "Os Dez
Mandamentos" - Os Valores Divinos para uma Sociedade e Constante Mudança
Comentário: Pr. Esequias Soares
Consultores Doutrinários e
Teológicos: Pr. Antonio Gilberto e Pr. Claudionor de Andrade
Autorizo a todos que quiserem fazer
uso dos subsídios colocados neste Blog. Solicito, tão somente, que indiquem a
fonte e não modifiquem o seu conteúdo. Agradeceria, igualmente, a gentileza de
um e-mail indicando qual o texto.
Francisco Barbosa Ministries
THINKING MATURELY ABOUT THE CRISTIAN FAITH