Pb Francisco Barbosa (@Pbassis)
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TEXTO PRINCIPAL
“Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis
a lei de Cristo.” (Gl
6.2).
ENTENDA O TEXTO PRINCIPAL:
• 👉 Levai as cargas uns dos
outros. "Cargas" são fardos muito pesados que, aqui, representam
as dificuldades ou os problemas com que as pessoas acham difícil lidar.
"Levar" indica carregar algo com perseverança, a lei de Cristo. A lei
do amor que cumpre toda a lei (veja notas em 5.14; Jo 13.34; Rm 13.8,10). Levai,
no grego, a palavra é bastázō, que significa carregar, sustentar, suportar algo
pesado. Não se trata apenas de um peso físico, mas de fardos emocionais,
espirituais e até consequências do pecado. Paulo está chamando a comunidade a
uma solidariedade prática, em que o sofrimento de um não é ignorado pelos
demais. Cargas, a palavra usada é barē (plural de baros), que remete a
pesos opressores, difíceis de carregar sozinho. Aqui, podemos entender como
lutas espirituais, tentações, dificuldades da vida cristã e dores pessoais.
Diferente do fardo leve de Cristo (Mt 11.30), esses são pesos da vida humana
que a comunidade deve ajudar a sustentar. Lei de Cristo, Paulo conecta essa
prática ao cumprimento da nomos tou Christou, a “lei de Cristo”. Essa expressão
remete ao mandamento do amor ensinado e vivido por Jesus: “Um novo mandamento
vos dou: que vos ameis uns aos outros” (Jo 13.34). Cumprir a lei de Cristo,
portanto, não é um legalismo, mas viver a ética do amor prático, que se
expressa no cuidado mútuo. Paulo nos ensina que a vida cristã nunca é
individualista. O jovem cristão que deseja ser fiel ao Evangelho precisa
aprender a se importar de forma concreta com os outros: ouvir, apoiar,
interceder, exortar com amor. A espiritualidade madura não se mede apenas pelo
quanto sabemos, mas pelo quanto nos dispomos a carregar as dores do próximo. É
nesse exercício de empatia e serviço que mostramos ao mundo que realmente
seguimos a Cristo.
RESUMO DA LIÇÃO
A espiritualidade também é
fruto daquilo que se planta, seja na carne, seja no Espírito.
ENTENDA O RESUMO DA LIÇÃO:
• 👉 Nossa espiritualidade é a
colheita inevitável da semente que escolhemos plantar: se lançamos na carne,
colheremos corrupção; mas, se semeamos no Espírito, transbordaremos em vida e
poder de Deus.
TEXTO BÍBLICO
Gálatas
6.1-8.
1. Irmãos, se algum homem chegar a ser
surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com
espírito de mansidão, olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado.
• 👉 O objetivo da disciplina
cristã não é punir ou envergonhar, mas restaurar com ternura e amor. Os crentes
“espirituais”, os que andam no Espírito (Gl 5.16, 22, 25), devem lidar com
mansidão ao corrigir alguém. Contudo, precisam também vigiar a si mesmos, pois
ninguém está imune à tentação.
2. Levai as cargas uns dos outros e assim
cumprireis a lei de Cristo.
• 👉 O peso das provações,
fraquezas e tentações não pode ser carregado sozinho. A comunidade cristã deve
estar unida em amor, ajudando-se mutuamente. Isso é cumprir “a lei de Cristo”,
isto é, a lei do amor (Jo 13.34; Tg 2.8).
3. Porque, se alguém cuida ser alguma coisa,
não sendo nada, engana-se a si mesmo.
• 👉 O orgulho espiritual
impede a restauração mansa e o levar as cargas. Quem pensa ser algo mais do que
realmente é está se iludindo. A humildade é essencial para a vida no Espírito.
4. Mas prove cada um a sua própria obra e
terá glória só em si mesmo e não noutro.
• 👉 Cada cristão deve
examinar suas próprias ações diante de Deus, e não se comparar com outros. O
verdadeiro motivo de glória é ter uma consciência limpa diante do Senhor.
5. Porque cada qual levará a sua própria
carga.
• 👉 Aqui Paulo usa uma
palavra diferente de “carga” (no v.2). Enquanto no v.2 fala-se do peso
insuportável que precisa de ajuda, aqui trata-se da responsabilidade pessoal
que cada um deve carregar diante de Deus. Ou seja, ajudamos uns aos outros, mas
cada um responderá por sua própria vida.
6. E o que é instruído na palavra reparta de
todos os seus bens com aquele que o instrui.
• 👉 O ensino da Palavra deve
ser valorizado e sustentado. É um dever espiritual do cristão compartilhar bens
materiais com quem o ensina. Paulo reforça a importância de apoiar
financeiramente os ministros do evangelho.
7. Não erreis: Deus não se deixa escarnecer;
porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará.
• 👉 O princípio da semeadura
e colheita é inevitável. Ninguém engana a Deus: aquilo que semeamos em nossa
vida, boas ou más ações, determinará o que colheremos. O pecado trará
destruição, e a obediência ao Espírito trará vida.
8. Porque o que semeia na sua carne da carne
ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito do Espírito ceifará a vida
eterna.
• 👉 Semeamos na carne quando
investimos em desejos pecaminosos e egoístas; a colheita é a morte espiritual.
Semeamos no Espírito quando vivemos em obediência ao Espírito Santo; a colheita
é vida eterna. É uma advertência solene e uma promessa gloriosa.
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INTRODUÇÃO
O
apóstolo Paulo se detém no início do último capítulo a tratar da forma como a
verdadeira liberdade cristã pode ser vivenciada na comunhão dos santos. Para
isso, ele destaca os seguintes pontos: como tratar um irmão que pecou? Como
pensar o que é o correto sobre nós mesmos para não nos enganarmos? Como ter
cuidado com o que plantamos, pois colheremos depois? São três pontos
importantes que mostram, na prática, a espiritualidade que Deus espera que
tenhamos.
• 👉 Paulo encerra a carta
aos Gálatas mostrando que a verdadeira liberdade cristã não é um conceito
abstrato, mas uma prática diária dentro da comunidade de fé. Para ele, a
liberdade em Cristo só se torna real quando se manifesta no cuidado com os
outros, no exame sincero de nós mesmos e na consciência de que toda semeadura
gera uma colheita. Não é apenas um discurso bonito, mas uma convocação pastoral
para que cada cristão viva o evangelho no chão da vida e no seio da igreja
local. Em primeiro lugar, Paulo trata do irmão que caiu em pecado. O verbo usado
em Gálatas 6.1 é prolambánō (προλαμβάνω), que significa ser
surpreendido de repente, quase pego de surpresa em uma queda. Isso mostra que
ele não fala de uma vida de rebeldia persistente, mas de alguém que tropeçou. A
exortação é clara: “restaurai” (katartízō, καταρτίζω), palavra usada
para consertar uma rede rasgada ou colocar um osso no lugar. Ou seja, o papel
da comunidade não é esmagar o fraco, mas recolocá-lo no caminho. Como lembra
Hernandes Dias Lopes, a disciplina bíblica não é punitiva, mas restauradora,
marcada pela mansidão de Cristo¹. Em seguida, Paulo nos chama a olhar para
dentro de nós. A tentação dos legalistas era medir a santidade dos outros para
se sentir superior. Por isso ele alerta: “Cada um examine a sua própria obra”
(Gl 6.4). O termo grego dokimázō (δοκιμάζω) traz a ideia de provar
algo pelo fogo, testar sua autenticidade. A verdadeira avaliação não é a
comparação com os homens, mas a aprovação diante de Deus. A Bíblia de Estudo
MacArthur observa que esse autoexame preserva o crente tanto da soberba quanto
do desânimo². Isso nos confronta: até que ponto nossas igrejas cultivam um
ambiente de comparação em vez de autenticidade diante de Cristo? O terceiro
ponto é a lei da semeadura e da colheita. “Deus não se deixa escarnecer” (Gl
6.7). O verbo mukterízō (μυκτηρίζω) significa zombar com o nariz
erguido, um desprezo arrogante. Paulo alerta que ninguém manipula o Senhor.
Plantar na carne, ou seja, viver dominado pela natureza caída, resulta em
corrupção (phthorá, φθορά), uma palavra usada para falar de podridão
ou decomposição. Já semear no Espírito produz vida eterna (zōē aiōnios,
ζωή αἰώνιος), a vida plena e inquebrável que começa agora e culmina na glória³.
Essa é a grande advertência para jovens cristãos: cada decisão é uma semente que
inevitavelmente germinará no futuro. Alexandre Coelho lembra que a liberdade em
Cristo não é um passaporte para o pecado, mas a possibilidade real de escolher
o que agrada a Deus, impulsionado pelo Espírito⁴. Isso confronta a geração que
busca viver “sem limites”. A liberdade bíblica não é ausência de regra, mas a
alegria de obedecer ao Senhor em amor. Gordon Fee reforça que o Espírito é o
agente que nos liberta, não apenas da lei mosaica, mas do domínio da carne, e
nos capacita a viver uma nova humanidade⁵. Como igreja, precisamos resgatar a
espiritualidade prática. Não adianta falar em liberdade se não restauramos os
caídos com amor, se não olhamos para dentro com sinceridade, se não plantamos
com responsabilidade. A juventude precisa ouvir isso: o evangelho não é teoria,
é vida transformada. O Espírito Santo está agindo agora, moldando homens e
mulheres que vivam com seriedade diante de Deus e com compaixão diante dos
irmãos. Não se conforme em apenas saber que Cristo libertou você. Viva essa
liberdade todos os dias, cuidando do próximo, examinando sua própria fé e
semeando para a eternidade. O inimigo quer roubar sua colheita, mas Deus o
chamou para frutificar em santidade e amor. O que você está semeando hoje? Sua
resposta determinará o que colherá amanhã.
1.
LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da
liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2010.
2.
BÍBLIA DE ESTUDO MACARTHUR. São Paulo: Sociedade
Bíblica do Brasil, 2017.
3.
ARRINGTON, French L.; PALMA, Anthony D.; FEE, Gordon
D.; MACCHIA, Frank D.; MENZIES, Robert P. Comentário Bíblico Pentecostal do
Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
4.
COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo —
Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio
de Janeiro: CPAD, 2020.
5.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado
Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2002.
6.
GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática
Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
7.
KEENER, Craig S.; YONG, Amos; OSS, Douglas; BEACON
HILL PRESS. Comentário Bíblico Beacon. Kansas City: Beacon Hill Press,
2006.
8.
BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD,
1995.
I. COMO TRATAR DOS PECADOS DOS IRMÃOS
1.
A possibilidade de se cometer um pecado. Paulo
nos diz que é possível que um irmão na fé seja surpreendido praticando algo que
desagrada a Deus. A descrição feita não se refere a uma pessoa que vive
pecando, ou que deliberadamente desobedece à Palavra de forma costumeira. Aqui
é tratado a respeito de um servo ou serva de Deus que cometeu um erro, um
pecado, mas que não era intencional. A palavra “restaurar”, no grego, é katartizo, que trazia a ideia de colocar no
lugar um osso que havia saído do lugar. É certo que fazer isso não é simples, e
no mundo antigo poderia causar bastante dor, mas era necessário para a
restauração do corpo. Mesmo como cristãos, nascidos de novo, precisamos da
ajuda do nosso próximo em alguns momentos difíceis. A restauração de um irmão
que pecou e se arrependeu começa na Casa de Deus, na comunhão dos santos. É
certo que há casos em que a disciplina na igreja deve existir, e ela é
necessária, mas deve ter um caráter terapêutico. Se uma parte do nosso corpo
sofre um ferimento, tratamos dele, mas há casos em que um membro do corpo está
tão infeccionado que precisa ser amputado, pois não está respondendo aos
tratamentos que lhe estão sendo administrados.
• 👉 Tratar dos pecados dos
irmãos nunca foi uma tarefa fácil, mas é um chamado inevitável para quem vive a
verdadeira comunhão cristã. Paulo, em Gálatas 6.1, nos lembra que até mesmo os
regenerados podem ser surpreendidos por um pecado. O termo usado no original
grego é prolambánō (προλαμβάνω), que significa ser pego de surpresa,
quase como alguém que tropeça sem perceber. Isso mostra que Paulo não está
falando de um rebelde endurecido, mas de um crente que caiu inesperadamente.
Aqui está uma grande lição para a igreja: ninguém está imune à queda, e todos
nós precisamos, em algum momento, ser restaurados pela graça de Deus através
dos irmãos. O verbo central do texto é katartízō (καταρτίζω),
traduzido como “restaurar”. Ele era usado na medicina para descrever o ato de
colocar um osso quebrado no lugar. É um processo doloroso, mas absolutamente
necessário para que o corpo volte a funcionar de forma saudável. Da mesma
forma, a restauração espiritual de um crente exige amor, firmeza e mansidão. A
Bíblia de Estudo Pentecostal destaca que esse processo só é possível quando a
igreja é movida pelo Espírito Santo, não pelo espírito de crítica ou
condenação¹. Restaurar é reerguer, não esmagar. É curar, não excluir. Por isso
Paulo adverte: “Vós, que sois espirituais, corrigí o tal com espírito de
mansidão” (Gl 6.1). O termo “espirituais” aqui não se refere a uma elite, mas a
todos os que andam no Espírito (pneumati, πνεύματι). É o oposto da
arrogância dos judaizantes, que julgavam os outros sem examinar a si mesmos.
Hernandes Dias Lopes lembra que a disciplina na igreja não é um tribunal de
acusação, mas um hospital de restauração². Anthony Palma reforça que a
verdadeira disciplina deve ser terapêutica, nunca vingativa³. Há casos, porém,
em que o pecado se torna habitual e resistente ao arrependimento. Nesses
momentos, Paulo lembra que a igreja deve agir com firmeza, assim como um médico
que, diante de uma infecção generalizada, precisa amputar para preservar o
corpo. Champlin observa que a exclusão eclesiástica não é a primeira opção, mas
uma medida extrema quando todo o processo de restauração falhou⁴. Aqui está um
alerta pastoral: a negligência da disciplina produz igrejas fracas, mas o abuso
da disciplina gera igrejas doentes. O equilíbrio é agir com verdade e amor. Alexandre
Coelho ressalta que a liberdade em Cristo não significa ausência de correção,
mas justamente o contrário: a liberdade verdadeira é a possibilidade de ser
tratado e restaurado quando caímos⁵. Gordon Fee e Robert Menzies acrescentam
que a vida no Espírito cria uma comunidade onde a graça não encobre o pecado,
mas o confronta para que haja cura e vida nova⁶. Ou seja, a igreja que ignora a
restauração contradiz o evangelho que prega. Essa verdade nos chama à reflexão
pessoal. Quantas vezes olhamos para o pecado do outro com dureza, mas
escondemos os nossos tropeços? Paulo nos lembra: “olhando por ti mesmo, para
que não sejas também tentado” (Gl 6.1). O mesmo Espírito que nos chama a
restaurar também nos chama a examinar o coração. O exame pessoal, à luz da Palavra,
evita tanto a hipocrisia quanto o orgulho. Como igreja, precisamos cultivar uma
cultura de humildade, onde a queda do irmão é oportunidade de demonstrar o amor
de Cristo, e não de levantar pedras. Precisamos fazer da restauração um
ministério real em suas vidas. Não se contentem em apenas corrigir com palavras
duras, mas aprendam a curar com a verdade em amor. Lembrem-se de que cada vida
restaurada é uma vitória do evangelho sobre o pecado. Que nossas igrejas sejam
conhecidas não por sua capacidade de excluir, mas por seu compromisso em
restaurar. O mundo precisa ver no corpo de Cristo uma comunidade onde a graça
não é apenas pregada, mas vivida intensamente.
1.
BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD,
1995.
2.
LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da
liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2010.
3.
ARRINGTON, French L.; PALMA, Anthony D.; FEE, Gordon
D.; MACCHIA, Frank D.; MENZIES, Robert P. Comentário Bíblico Pentecostal do
Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
4.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado
Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2002.
5.
COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo —
Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio
de Janeiro: CPAD, 2020.
6.
BEACON HILL PRESS. Comentário Bíblico Beacon.
Kansas City: Beacon Hill Press, 2006.
2.
O que define uma pessoa espiritual? A
vida espiritual do cristão é um tema muito discutido na atualidade, no entanto,
não é algo exclusivo do nosso tempo, ele também era conhecido nos dias de
Paulo. As pessoas buscam algo que lhes conecte com Deus, ou com alguma outra
divindade. Buscam reverenciar algo ou alguém que lhes oriente, que lhes dê um
senso de direção e um propósito de vida. Um espírito de mansidão é apresentado
por Paulo nesta Carta como um sinal de espiritualidade. É provável que esse
conselho tenha mais importância em nossos dias, onde os meios de comunicação e
as redes sociais se tornaram um campo fértil para brigas, contendas e disputas.
Há crentes que amam a Jesus, mas se veem envolvidos em um pecado e precisam
passar por um processo de restauração. Observe que o Senhor não ordena, através
do apóstolo, para que o mundo ajude um crente que pecou. Ele ordena que aqueles
que são espirituais, a igreja, ajudem esses irmãos que caíram. Pessoas livres
em Cristo valorizam tanto a liberdade que cuidam para que seus irmãos não só
recebam os cuidados necessários se pecarem, como também buscam restaurar à
comunhão aquele que se arrependeu, confessou e abandonou o pecado. A nossa vida
espiritual, aos olhos de Deus, não é medida somente pelos nossos momentos com o
Senhor, mas também pelos nossos momentos com nossos irmãos. Gritarias,
grosserias e maus-tratos vão na contramão do que Deus planejou para a comunhão
do seu povo.
• 👉 O que significa,
afinal, ser uma pessoa espiritual? Essa pergunta atravessa séculos e continua
atual. Nos dias de Paulo, muitos buscavam experiências religiosas, filosofias
ou rituais que prometiam conexão com o divino. Hoje não é diferente: redes
sociais, espiritualidades alternativas e até mesmo uma religiosidade
superficial oferecem um falso senso de direção. Porém, Paulo mostra em Gálatas
6.1 que a verdadeira espiritualidade não se mede por êxtases ou aparências, mas
por um fruto visível: a mansidão diante da queda do irmão. O apóstolo usa o
termo grego pneumatikoi (πνευματικοί), “os espirituais”, não para
criar uma elite de supercrentes, mas para identificar todos os que andam no
Espírito (pneumati peripatountes, cf. Gl 5.25). Espiritualidade
autêntica, portanto, não é misticismo, mas vida moldada pelo Espírito Santo em
comunidade. Hernandes Dias Lopes observa que Paulo não está falando de teóricos
da fé, mas de gente comum que vive o evangelho no dia a dia¹. No mesmo verso,
Paulo fala de restaurar o que caiu usando o verbo katartízō (καταρτίζω),
que descreve o ato de “recolocar no lugar” um osso deslocado. A imagem é
cirúrgica: o pecado rompe a comunhão e causa dor, mas a restauração, embora
dolorosa, é essencial para que o corpo volte a funcionar. Craig Keener lembra
que esse termo era usado também para preparar redes de pesca quebradas². Ou
seja, restaurar significa consertar o que foi rasgado, para que volte a cumprir
sua função no Reino. O contraste é nítido: muitos, influenciados pelo espírito
do mundo, preferem expor, condenar e até zombar da fraqueza do outro. Mas Paulo
ordena que a correção seja feita “com espírito de mansidão” (en pneumati
prautētos, πνεύματι πραΰτητος). A mansidão não é fraqueza, mas força
controlada pelo Espírito. Anthony Palma observa que disciplina sem mansidão vira
vingança, e mansidão sem disciplina se torna permissividade³. O equilíbrio vem
do Espírito, não da carne. Aqui surge uma verdade incômoda: espiritualidade não
se mede pelo quanto oramos em secreto, mas também por como tratamos os caídos
em público. A Bíblia de Estudo MacArthur reforça que a igreja não é um tribunal
de acusação, mas um hospital de restauração⁴. Alexandre Coelho acrescenta que a
liberdade em Cristo não significa ausência de correção, mas a coragem de tratar
feridas para que o corpo seja curado⁵. Mas Paulo faz um alerta: “olhando por ti
mesmo, para que não sejas também tentado” (Gl 6.1). O grego skopōn
(σκοπῶν) significa “vigiar atentamente, manter os olhos fixos”. Ou seja, o
mesmo cuidado que temos ao restaurar outro deve ser aplicado em nós mesmos.
Gordon Fee lembra que não há restauração verdadeira sem autocrítica humilde
diante da cruz⁶. Aqui somos confrontados: será que temos sido rápidos para
julgar e lentos para examinar a nossa própria vida? Este texto é um chamado
pastoral urgente: espiritualidade verdadeira não é falar em línguas, nem
acumular conhecimento, mas viver em amor restaurador. A igreja que não restaura
contradiz o evangelho que anuncia. Cada irmão restaurado é uma vitória da graça
sobre o pecado. Que nossas igrejas sejam conhecidas menos por sua capacidade de
excluir e mais por sua coragem de curar. É hora de transformar tribunais em
hospitais, e acusações em pontes de restauração.
1.
LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da
liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2010.
2.
KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do Novo
Testamento. São Paulo: Vida, 2014.
3.
ARRINGTON, French L.; PALMA, Anthony D.; FEE, Gordon
D.; MACCHIA, Frank D.; MENZIES, Robert P. Comentário Bíblico Pentecostal do
Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
4.
BÍBLIA DE ESTUDO MACARTHUR. São Paulo: Thomas Nelson
Brasil, 2017.
5.
COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo —
Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio
de Janeiro: CPAD, 2020.
6.
FEE, Gordon D. Gálatas. In: ARRINGTON,
French L. et al. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento.
Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
7.
BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD,
1995.
8.
BEACON HILL PRESS. Comentário Bíblico Beacon.
Kansas City: Beacon Hill Press, 2006.
9.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado
Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2002.
10. GILBERTO, Antônio. Teologia
Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
11. YONG, Amos. The Spirit
Poured Out on All Flesh: Pentecostalism and the Possibility of Global Theology.
Grand Rapids: Baker Academic, 2005.
12. OSS, Douglas A. Baptism
in the Holy Spirit. In: BURGESS, Stanley M. Dictionary of Pentecostal
and Charismatic Movements. Grand Rapids: Zondervan, 2002.
3.
Todos podemos ser tentados. Ninguém está
imune à tentação. “Olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado”
(v.1). Não basta perceber quando um irmão falha, ou corrigi-lo com espírito de
mansidão: é preciso que estejamos atentos, vigilantes para não cairmos no mesmo
pecado. Se mesmo o Senhor Jesus, cheio do Espírito, foi tentado por Satanás
após ter jejuado, nós também podemos ser tentados em diversas áreas. Não se
pode negar que o pecado tem uma força destruidora, e que não estamos livres de,
em algum momento, nos deixar levar pela antiga natureza e pecar contra Deus. O pecado
domina a vida dos não salvos, e tenta demover dos santos a comunhão com o
Senhor. Irmãos podem corrigir uns aos outros. E a igreja espiritual incentiva
que os espirituais possam corrigir os seus irmãos que falham. Da mesma forma
que um medicamento busca tratar uma pessoa doente, somos chamados a tratar dos
nossos irmãos que pecaram e demonstram arrependimento e vontade de trilhar
novamente o caminho da comunhão com Deus e a igreja.
• 👉 A tentação é uma
realidade inescapável para todo cristão. Paulo alerta em Gálatas 6.1: “olhando
por ti mesmo, para que não sejas também tentado”. O verbo grego usado aqui é skopōn
(σκοπῶν), que transmite a ideia de vigiar atentamente, manter os olhos fixos,
quase como um sentinela em posição de guarda. Essa palavra revela que a vida
cristã exige atenção constante, porque até mesmo quando ajudamos um irmão em
queda, corremos o risco de tropeçar. Não é apenas sobre corrigir o outro com
mansidão, mas sobre vigiar nosso próprio coração diante das mesmas fraquezas. Jesus,
cheio do Espírito, foi tentado no deserto (peirazō, πειράζω, “pôr à
prova, testar”) após quarenta dias de jejum (Mt 4.1). Se o Filho de Deus
experimentou a investida direta de Satanás, como poderíamos imaginar estar
imunes? Hernandes Dias Lopes destaca que a tentação não é um sinal de fraqueza
espiritual, mas de que estamos em confronto real contra as forças do mal¹. O
pecado, por sua vez, tem poder destrutivo e enganador: domina os não
regenerados e tenta afastar os santos da comunhão com Deus. Alexandre Coelho
lembra que a liberdade cristã não significa viver sem lutas, mas caminhar
sustentados pela graça em meio a elas². O problema é que muitos confundem
restauração com conivência. O apóstolo Paulo, ao falar de corrigir, usa o verbo
katartízō (καταρτίζω), termo médico que descreve o ato de recolocar no
lugar um osso deslocado. A imagem é forte: restaurar dói, mas é necessário para
que o corpo volte a funcionar. Assim, a igreja não pode ignorar o pecado, mas
precisa tratá-lo de forma terapêutica e não punitiva. A Bíblia de Estudo
Pentecostal observa que a disciplina cristã deve ser conduzida pelo Espírito,
nunca pelo espírito de crítica³. O Comentário Bíblico Beacon reforça que esse
cuidado é comparável ao de um médico que aplica remédio amargo para salvar o paciente⁴.
Gordon Fee e Robert Menzies acrescentam que a comunidade espiritual não pode
encobrir o pecado, mas também não deve esmagar o caído. O equilíbrio é a
mansidão (prautēs, πραΰτης), fruto do Espírito que mantém firmeza sem
perder a compaixão⁵. Champlin nos lembra que a igreja não é um tribunal para
humilhar, mas um hospital para restaurar⁶. Essa visão terapêutica também
aparece em Anthony Palma, que ressalta que a disciplina eclesiástica é parte da
santificação da comunidade⁷. Sem correção, a igreja enfraquece; com abuso da
correção, adoece. A verdadeira espiritualidade é aquela que trata do irmão em
pecado como quem aplica cura, e não como quem profere sentença de morte. Não
basta falar de santidade nos púlpitos se, nas relações diárias, não houver cuidado
mútuo. O apóstolo exorta: “Irmãos, se alguém for surpreendido em algum pecado,
vocês que são espirituais devem restaurá-lo com mansidão” (Gl 6.1). A vida
espiritual não se mede apenas por orações fervorosas, mas pelo modo como
tratamos os caídos ao nosso redor. Amos Yong observa que o Espírito Santo cria
comunidades de graça que testemunham a reconciliação até mesmo em suas feridas
internas⁸. Por isso, cuidemos uns dos outros. Corrijamo-nos com amor, restauremos
com firmeza e vigiemo-nos a nós mesmos. Cada vez que a igreja trata o pecado
com verdade e mansidão, o evangelho é honrado e o mundo vê em nós a marca do
Cristo que não veio para condenar, mas para salvar. O desafio não é apenas
resistir à tentação, mas transformar cada queda em oportunidade de graça. Essa
é a espiritualidade que o Espírito produz e que a igreja deve viver.
1.
LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da
liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2010.
2.
COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo —
Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio
de Janeiro: CPAD, 2020.
3.
BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD,
1995.
4.
BEACON HILL PRESS. Comentário Bíblico Beacon.
Kansas City: Beacon Hill Press, 2006.
5.
ARRINGTON, French L.; PALMA, Anthony D.; FEE, Gordon
D.; MACCHIA, Frank D.; MENZIES, Robert P. Comentário Bíblico Pentecostal do
Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
6.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado
Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2002.
7.
PALMA, Anthony D. In: ARRINGTON, French L. et al. Comentário
Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
8.
YONG, Amos. The Spirit Poured Out on All Flesh:
Pentecostalism and the Possibility of Global Theology. Grand Rapids: Baker
Academic, 2005.
9.
BÍBLIA DE ESTUDO MACARTHUR. São Paulo: Thomas Nelson
Brasil, 2017.
10. GILBERTO, Antônio. Teologia
Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
11. KEENER, Craig S. Comentário
Bíblico do Novo Testamento. São Paulo: Vida, 2014.
12. OSS, Douglas A. In: BURGESS,
Stanley M. Dictionary of Pentecostal and Charismatic Movements. Grand
Rapids: Zondervan, 2002.
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SUBSÍDIO I
“A
palavra ‘encaminhar’ — ou ‘restaurar’ (gr. katartizō) é usada no
Novo Testamento no sentido de remendar redes de pescar (Mt 4.21) ou de
desenvolver e aperfeiçoar o caráter humano (2Co 13.11). Tendo isto em mente, os
cristãos devem ajudar os crentes rebeldes a se modificar e a se curar
espiritualmente, levando-os a deixar os seus caminhos de desafio a Deus e se
entregar ao controle de Cristo, e renovar a sua plena devoção a Jesus Cristo.
Isto pode envolver atos de disciplina (veja Mt 13.30), o que deve ser feito com
humildade e firmeza, mas ‘gentilmente’, isto é, com espírito de mansidão.
(1) Paulo não está pensando aqui nos pecados
graves e nas flagrantes violações morais que trazem desgraça pública a Cristo e
à congregação (cf. 1Co 5.5). Esses pecados podem exigir a temporária exclusão
da igreja antes que aconteça a restauração (1Co 5.11).
(2) A restauração que Paulo menciona não se
refere à restauração ou recolocação de pessoas em posições de liderança ou em
funções de ensino na igreja. As qualificações e normas para os que desejam
servir em posições de liderança ministerial envolvem algo mais que a condição
espiritual da pessoa. É preciso haver um histórico de fidelidade aos princípios
de Deus, incluindo perseverança espiritual e caráter comprovado, para que os
líderes possam ser exemplos dignos para todos na igreja (1Tm 4.12).” (Bíblia
de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023,
p.1633).
II. LEVAI AS CARGAS UNS DOS OUTROS
1.
Levai as cargas uns dos outros. A
palavra “carga” é a tradução da palavra grega baros, que traz a ideia de um fardo. Não é
a representação de um pecado, mas de uma pressão, uma provação. Nem todos temos
os mesmos desafios ou lutas. Há irmãos, em nossas igrejas, que passam por
situações difíceis, que se tornam verdadeiras cargas, acrescentando peso na
caminhada. Essas lutas podem ser uma doença na família, um desemprego, um
divórcio, um luto etc. É preciso que sejamos sensíveis com nossos irmãos, na
mesma medida em que desejamos ser compreendidos. Quem leva as cargas uns dos
outros cumpre a lei de Cristo. Os judaizantes inseriram nas igrejas da Galácia
a ideia da circuncisão como o início da prática da Lei para os gentios, mas se
esses irmãos queriam mesmo cumprir a lei de Cristo (Gl 6.2), e não a de Moisés,
deveriam ajudar uns aos outros.
• 👉 Paulo, em Gálatas 6.2,
escreve: “Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo”.
À primeira vista, parece apenas uma exortação ética, mas quando olhamos mais de
perto o texto, percebemos que há uma profundidade teológica e prática muito
maior. A palavra usada por Paulo para “cargas” é baros, que no grego
carrega a ideia de um peso esmagador, algo difícil de suportar sozinho. Não se
trata aqui de pecados pessoais, como no versículo 1, em que aparece o termo paraptōma
(queda), mas de sofrimentos, pressões e tribulações que fazem parte da jornada
cristã. Essa distinção é essencial. A vida cristã não é apenas lutar contra o
pecado, mas também perseverar em meio a dores que não escolhemos. Alguns irmãos
enfrentam enfermidades crônicas, outros estão sob o peso da crise familiar, do
desemprego, do divórcio ou do luto. Essas situações se tornam fardos quase
insuportáveis. Paulo ensina que a comunidade da fé deve se tornar o ombro que
ajuda a sustentar tais cargas. É impossível cumprir a lei de Cristo sem
encarnar a compaixão d’Ele no dia a dia. Mas o que significa cumprir “a lei de
Cristo”? Não se trata da lei mosaica, como defendiam os judaizantes que
confundiam os gálatas exigindo circuncisão. A “lei de Cristo” é o princípio do
amor sacrificial revelado em sua própria vida e ensinado de forma clara em João
13.34: “Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros”. Paulo
resgata aqui a essência do evangelho: uma comunidade que se sustenta
mutuamente, não pela imposição de rituais, mas pelo amor que nasce da cruz.
Hernandes Dias Lopes lembra que “a lei de Cristo é a lei do amor que se
manifesta em ações concretas e não em discursos vazios” (LOPES, 2010, p. 224). É
interessante notar que o verbo “levai” (bastazō) aparece no imperativo
presente, indicando uma ação contínua: não basta ajudar uma vez, é um estilo de
vida. Ser igreja é estar disposto a se desgastar pelos outros, como Cristo fez.
Gordon Fee ressalta que a espiritualidade paulina é comunitária e solidária,
jamais individualista. Portanto, a verdadeira maturidade cristã não se mede por
dons espirituais, mas pela capacidade de se importar com o sofrimento alheio. Há
aqui também uma dimensão pneumatológica. Carregar os fardos uns dos outros não
é apenas um esforço humano, mas uma manifestação da vida do Espírito na
comunidade. Craig Keener observa que, em Gálatas, a ética cristã não é
autônoma, mas obra do Espírito que molda relacionamentos de serviço e amor
(KEENER, 1999, p. 654). Isso significa que, quando estendemos a mão ao irmão
que sofre, é o próprio Espírito que está agindo através de nós, revelando o
caráter de Cristo. Essa verdade nos chama a uma profunda autoavaliação. Quantas
vezes, em nossas igrejas, passamos indiferentes pelas dores dos outros,
ocupados demais com nossos próprios interesses? Cumprir a lei de Cristo exige
quebrar o egoísmo e deixar-se incomodar pela dor do próximo. Como lembra
Antonio Gilberto, “a comunhão não é apenas um privilégio, mas uma
responsabilidade” (GILBERTO, 1995, p. 211). Uma igreja que ignora os fardos de
seus membros se torna fria, ritualista e distante do evangelho. Portanto, o
desafio é claro: se queremos viver a liberdade do evangelho, precisamos
aprender a carregar o peso do outro. A cruz de Cristo não nos libertou para uma
vida de isolamento, mas para uma vida de entrega. Cada lágrima compartilhada,
cada ombro oferecido, cada oração sincera em favor do irmão aflito é um
cumprimento prático da lei de Cristo. A pergunta que resta é: estamos dispostos
a ser essa comunidade que transforma dores em esperança?
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ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico
Pentecostal: Novo Testamento. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
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BEACON, Comentário Bíblico. Novo Testamento.
Kansas City: Casa Nazarena, 2001.
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CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento
Interpretado: Versículo por Versículo. São Paulo: Candeia, 1999.
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COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo —
Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas.
Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
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FEE, Gordon D. Paul, the Spirit, and the
People of God. Peabody: Hendrickson, 1996.
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GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática
Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
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KEENER, Craig S. The IVP Bible Background
Commentary: New Testament. Downers Grove: IVP, 1999.
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LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – A carta da
liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2010.
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MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur.
São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2015.
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PALMA, Anthony D. A Bíblia e o Espírito
Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
2.
O que você acha de si mesmo? É
notório que temos, todos nós, uma imagem do que somos. É possível que vejamos a
nós mesmos de uma forma e Deus nos veja de outra. Um dos elementos
facilitadores da tentação é a arrogância (Gl 6.3). É um cuidado que todos
devemos ter, pois não raro, acreditamos que somos mais do que realmente somos.
É da natureza humana pecaminosa a arrogância, e por isso devemos cultivar um
espírito humilde. Observe que Paulo apresenta esse pensamento através de uma
hipótese: “Se alguém cuida ser alguma coisa” (Gl 6.3). Ele se vale dessa
premissa não para apontar pessoas, e sim para que seus leitores olhassem para
si mesmos e não fossem descuidados. O orgulho pode nos fazer pensar que somos
superiores aos outros, que merecemos muito mais do que nos é dado, ou que
estamos sendo preteridos no trabalho, nos estudos e até mesmo na igreja.
• 👉 Quem é você de verdade? Como se enxerga
diante de Deus? Essa é uma pergunta que mexe com qualquer coração sincero,
porque todos nós carregamos uma imagem de nós mesmos — algumas vezes inflada,
outras distorcida. Paulo, em Gálatas 6.3, nos confronta justamente nesse ponto:
a arrogância pode ser um terreno fértil para a tentação. Quando alguém “pensa
ser alguma coisa” (dokei einai ti), mas na realidade “nada é” (mēden
ōn), está preso em uma ilusão que fere não apenas sua relação com Deus,
mas também sua convivência com a comunidade cristã. O apóstolo escreve em forma
de hipótese: “Se alguém cuida ser alguma coisa”. Ele não aponta o dedo para uma
pessoa específica, mas provoca seus leitores a um exercício de autocrítica
espiritual. Em outras palavras, Paulo está dizendo: “Olhe para dentro de si
mesmo e seja honesto com quem você realmente é diante do Senhor”. A Bíblia de
Estudo MacArthur observa que esse autoengano é perigoso porque mascara a
dependência da graça (MACARTHUR, 2015). A palavra-chave aqui é kenos,
traduzida como “nada”, vazia, sem substância. A ideia é que o orgulho dá a
impressão de grandeza, mas não passa de aparência. Hernandes Dias Lopes lembra
que “a arrogância é uma fraude contra nós mesmos, porque nos coloca em um
pedestal de areia” (LOPES, 2010, p. 228). Esse pedestal pode ruir em qualquer
área: no trabalho, quando pensamos merecer mais do que recebemos; nos estudos,
quando nos julgamos superiores aos colegas; e até mesmo na igreja, quando
sentimos que não temos o reconhecimento que pensamos merecer. Essa advertência
é especialmente atual em um mundo que valoriza a autopromoção. As redes sociais
se tornaram vitrines do eu, muitas vezes inflando egos e mascarando realidades.
Mas Paulo chama os gálatas, e a nós hoje, a uma humildade radical. Gordon Fee
afirma que a espiritualidade paulina é essencialmente comunitária e se expressa
na humildade e no serviço, nunca no orgulho isolado (FEE, 1996). Ser discípulo
de Cristo significa aprender a se ver pela lente da cruz, e não do espelho do
mundo. Além disso, há aqui um princípio pneumatológico importante. O orgulho é
uma obra da carne, mas a humildade é fruto do Espírito. Craig Keener lembra que
o Espírito não apenas transforma nosso relacionamento com Deus, mas também
nossa percepção de nós mesmos e do próximo (KEENER, 1999). Isso significa que
somente uma vida rendida ao Espírito Santo nos liberta da ilusão de grandeza. Esse
texto também é um alerta pastoral para a igreja local. Antônio Gilberto ensina
que a comunhão verdadeira só floresce em um ambiente de humildade (GILBERTO,
1995). Uma comunidade cheia de orgulho se fragmenta, mas uma igreja marcada
pela humildade cresce em graça e unidade. O orgulho divide, a humildade soma. O
orgulho exclui, a humildade acolhe. Portanto, a mensagem de Paulo é um convite
à autoavaliação. Será que não temos alimentado dentro de nós uma visão
distorcida, acreditando ser mais do que realmente somos? O evangelho nos lembra
de que tudo o que somos e temos vem da graça de Deus. O caminho não é a
autopromoção, mas a autonegação que nos conduz ao verdadeiro discipulado. Se
queremos cumprir a lei de Cristo e viver cheios do Espírito, precisamos começar
quebrando o pedestal do ego e nos curvando diante da cruz.
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ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico
Pentecostal: Novo Testamento. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
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BEACON, Comentário Bíblico. Novo Testamento.
Kansas City: Casa Nazarena, 2001.
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CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento
Interpretado: Versículo por Versículo. São Paulo: Candeia, 1999.
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COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo —
Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas.
Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
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FEE, Gordon D. Paul, the Spirit, and the
People of God. Peabody: Hendrickson, 1996.
·
GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática
Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
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KEENER, Craig S. The IVP Bible Background
Commentary: New Testament. Downers Grove: IVP, 1999.
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LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – A carta da
liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2010.
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MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur.
São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2015.
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PALMA, Anthony D. A Bíblia e o Espírito
Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
3.
O que é instruído na Palavra. Uma
pessoa que é abençoada recebendo um ensino das Escrituras deve ter uma mente e
um coração aberto à generosidade, pois aquele que o está instruindo passou
tempo aprendendo, entendendo um conteúdo e se esmerando em repassá-lo para que
o seu aluno possa crescer diante de Deus. A palavra instruir, no grego, é katecheo, de onde vem a palavra catecismo,
que significa “instruir”, ensinar. Uma pessoa espiritual compartilha o que
possui com outras pessoas, e no caso do ensino bíblico, isso é uma ordenança:
“E o que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o
instrui” (v.6). Quem ensina precisa se qualificar, estudar, aprender e usar o
seu conhecimento para o crescimento do Reino de Deus. Portanto, é justo que
esse tipo de obreiro seja reconhecido na igreja e ajudado a cumprir o seu
ministério.
• 👉 O cuidado de Deus com
a igreja inclui algo que às vezes esquecemos: o valor do ensino da Palavra.
Paulo, em Gálatas 6.6, lembra que “o que é instruído na palavra reparta de
todos os seus bens com aquele que o instrui”. Esse versículo não fala apenas de
uma troca de conhecimento, mas de uma responsabilidade espiritual e
comunitária. O ensino bíblico não é um favor que o mestre faz ao aluno, mas um
chamado de Deus para edificação mútua. A palavra usada por Paulo para
“instruir” é katēchéō, de onde vem a nossa palavra catecismo. No Novo
Testamento, esse verbo carrega a ideia de transmitir com precisão um conteúdo
recebido, de maneira contínua e fundamentada. O que o apóstolo tem em mente não
é uma aula superficial, mas uma formação espiritual sólida, que exige dedicação
de quem ensina e abertura de quem aprende. Hernandes Dias Lopes observa que a
igreja só floresce quando há um compromisso de ambos os lados: mestres que se
dedicam à Palavra e discípulos que acolhem o ensino com obediência (LOPES,
2010). Essa exortação também nos ensina que o ensino da Palavra tem um custo.
Quem instrui precisa investir tempo em estudo, oração e preparo, e isso envolve
sacrifício pessoal. O Comentário Bíblico Pentecostal destaca que Paulo defende
o direito legítimo daqueles que servem no ensino de serem sustentados pela
comunidade, porque sua dedicação plena ao evangelho edifica toda a igreja
(ARRINGTON, 2003). Assim, apoiar financeiramente e com honra esses obreiros não
é caridade, mas obediência à lei de Cristo. É interessante perceber que a generosidade
aqui não é apenas material. Compartilhar bens (agatha) significa
partilhar o que é bom, tanto em recursos quanto em cuidado, reconhecimento e
apoio. A Bíblia de Estudo MacArthur ressalta que esse princípio mostra como a
igreja é chamada a viver em reciprocidade: o mestre compartilha a Palavra e o
discípulo compartilha sua vida em resposta (MACARTHUR, 2015). Isso cria um
ambiente de comunhão onde ninguém serve sozinho. Mas Paulo vai além da questão
prática. Ele está confrontando os judaizantes, que insistiam em impor a
circuncisão e as obras da lei como evidência de piedade. Alexandre Coelho
observa que a verdadeira espiritualidade em Gálatas não está em ritos, mas em
uma fé que se expressa em serviço, generosidade e vida no Espírito (COELHO, 2018).
Sustentar aqueles que instruem na Palavra é, portanto, sinal de maturidade
cristã e de libertação da religiosidade vazia. Para nós hoje, isso significa
rever nossa postura diante dos que se dedicam ao ensino bíblico. Não basta
assistir uma aula ou ouvir um sermão; precisamos reconhecer o valor desse
ministério com gratidão prática. Uma igreja que honra seus mestres está
investindo na sua própria saúde espiritual. Como diz Champlin, “a igreja que
valoriza o ensino da Palavra está lançando fundamentos sólidos para resistir às
heresias e permanecer firme na verdade” (CHAMPLIN, 1999). A pergunta é: temos
sido generosos com aqueles que nos instruem na fé? Temos entendido que o ensino
bíblico não é apenas informação, mas formação? Se quisermos uma juventude forte,
igrejas saudáveis e comunidades cheias do Espírito, precisamos valorizar os que
nos alimentam com a Palavra. Reconhecer, honrar e sustentar esses servos é
obedecer a Cristo, que nos chamou para crescer juntos, carregando não apenas os
fardos uns dos outros, mas também a responsabilidade pelo ensino que edifica e
transforma vidas.
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ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico
Pentecostal: Novo Testamento. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
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BEACON, Comentário Bíblico. Novo Testamento.
Kansas City: Casa Nazarena, 2001.
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CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento
Interpretado: Versículo por Versículo. São Paulo: Candeia, 1999.
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COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo —
Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas.
Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
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FEE, Gordon D. Paul, the Spirit, and the
People of God. Peabody: Hendrickson, 1996.
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GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática
Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
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KEENER, Craig S. The IVP Bible Background
Commentary: New Testament. Downers Grove: IVP, 1999.
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LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – A carta da
liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2010.
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MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur.
São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2015.
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PALMA, Anthony D. A Bíblia e o Espírito
Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
III. COLHENDO O QUE SE PLANTA
1.
Deus não se deixa escarnecer. Pode
parecer estranho Paulo dizer que Deus não se deixa escarnecer para a igreja,
mas foi necessário. Em nossos dias, o Eterno tem sido apresentado erroneamente
por alguns, como uma divindade boazinha, que existe para ser acionada quando
algumas pessoas se veem em problemas. Quantas pregações têm sido veiculadas com
o objetivo de mostrar um deus que obedece às vontades humanas, que isenta os
homens de seus pecados sem que haja arrependimento. Mas esse não é o Deus da
Bíblia. Cremos na misericórdia do Senhor, na sua presença quando invocado, e no
seu poder de transformar situações, mas isso não anula a nossa responsabilidade
para com nossos erros. A expressão “não erreis” deixa claro que quem pensa que
plantará na carne e colherá frutos no espírito está agindo fora do conhecimento
natural e espiritual.
• 👉 O apóstolo Paulo nos
alerta com palavras diretas: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois
aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7). Essa advertência,
apesar de dirigida a cristãos, continua atual e urgente. Vivemos em uma geração
que muitas vezes distorce a imagem de Deus, reduzindo-o a um “resolvedor de
problemas” ou a um ser indulgente que ignora o pecado humano. Contudo, Paulo
afirma com firmeza que ninguém pode enganar o Senhor. O verbo grego usado para
“zombar” é mukterízō, que significa literalmente “torcer o nariz em
desprezo”. Paulo está dizendo que não há espaço para ridicularizar ou banalizar
a santidade de Deus. Essa afirmação revela um princípio espiritual inescapável:
a lei da semeadura e da colheita. Quem planta na carne (sarx), ou
seja, quem se deixa dominar por sua natureza corrompida, colherá destruição (phthora,
corrupção, ruína). Por outro lado, quem planta no Espírito (pneuma),
viverá para experimentar a vida eterna. Isso não é apenas uma metáfora
agrícola; é uma realidade espiritual profunda. Como destaca Hernandes Dias
Lopes, “semear é uma questão de escolha, mas colher é uma questão de consequência”¹.
Infelizmente, muitos discursos atuais ensinam um evangelho diluído, que exalta
as bênçãos, mas silencia sobre arrependimento e santidade. Esse “deus” que
concede favores sem exigir mudança não é o Deus da Bíblia. O verdadeiro
evangelho, como lembra Alexandre Coelho², liberta do jugo da carne, mas também
nos chama à responsabilidade. Liberdade em Cristo não é permissão para pecar, e
sim capacitação para viver em novidade de vida. Aqui está o ponto crucial:
ninguém consegue manipular o Senhor com palavras bonitas, ofertas ou obras
vazias. O coração humano precisa ser confrontado. A expressão “não erreis” (mē
planāsthe, “não se deixem enganar”) é um chamado à vigilância espiritual.
Paulo sabia que os gálatas estavam em risco de confundir graça com licença para
o pecado. Essa mesma confusão continua rondando nossas igrejas hoje,
principalmente entre os jovens, quando pensamos que podemos colher frutos do
Espírito sem abandonar as sementes da carne. O Comentário Bíblico Pentecostal
lembra que Paulo não apenas descreve um princípio moral, mas espiritual e
escatológico³. A colheita não é apenas terrena, mas também eterna. A escolha
diária de plantar na carne ou no Espírito revela o rumo da nossa eternidade.
Como observa a Bíblia de Estudo MacArthur, “o que fazemos agora com o corpo e a
mente é um reflexo direto de onde repousa a nossa esperança”⁴. Essa verdade nos
chama à reflexão: como estamos semeando nossos dias, relacionamentos e
ministérios? Na prática, colher o que se planta significa examinar nossas
escolhas cotidianas. Somos chamados a avaliar se nosso tempo, energia e
prioridades têm sido investidos naquilo que gera vida em Deus ou naquilo que
destrói a alma. Essa é uma mensagem que ecoa não apenas para os gálatas, mas
para nós, jovens e professores de hoje, que precisamos despertar para a
seriedade do evangelho. Como bem disse Antônio Gilberto, “o discipulado
verdadeiro custa caro, mas o preço da desobediência é infinitamente maior”⁵. Por
isso, recebamos esse texto como um chamado pastoral: não se trata de medo, mas
de responsabilidade espiritual. Deus é rico em misericórdia, mas também é
justo. Ele nos chama a viver uma fé autêntica, regada por oração, santidade e
vigilância. Hoje é dia de refletir: que sementes estamos lançando no solo da
vida? Porque, mais cedo ou mais tarde, todos colheremos os frutos daquilo que
plantamos.
1.
LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da
liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2001.
2.
COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo:
Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio
de Janeiro: CPAD, 2019.
3.
ARRINGTON, French L.; PALMA, Anthony D.; MACCHIA,
Frank D.; YONG, Amos; KEENER, Craig S. Comentário Bíblico Pentecostal do
Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
4.
MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur.
São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2010.
5.
GILBERTO, Antônio. Manual da Escola Dominical.
Rio de Janeiro: CPAD, 2000.
6.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado:
Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2002.
7.
Comentário Bíblico Beacon. Kansas City: Casa
Nazarena de Publicações, 2005.
2.
Plantando e colhendo (v.7). O que o homem
semear, isso haverá de colher. A lei da semeadura é opcional, mas a da colheita
é obrigatória. Paulo não fala aqui da simples ação da natureza levando sementes
pelo vento para serem depositadas em terrenos férteis, como ocorre com certas
plantas. Paulo aqui foca a ação do homem ao plantar o que vai ser colhido no
futuro. Deve se ter em mente que há uma lacuna de tempo entre a semeadura e a
colheita. Nem sempre as nossas ações, sejam elas boas, sejam elas más, terão
frutos imediatos, mas esses frutos, um dia nos alcançarão.
• 👉 Quando Paulo afirma:
“Não vos enganeis: de Deus não se zomba; aquilo que o homem semear, isso também
ceifará”, ele não está apenas ensinando uma regra moral. Ele revela um
princípio espiritual fundamental, que atravessa gerações: o que plantamos hoje
determinará o que colheremos amanhã. O verbo grego usado para “semear” é speírō,
que implica uma ação deliberada e intencional. Não se trata de sementes
lançadas ao acaso pelo vento, como na agricultura natural, mas de atos humanos
conscientes, carregados de escolhas morais e espirituais¹. Entre a semeadura e
a colheita existe um intervalo de tempo, uma lacuna que exige paciência,
vigilância e fé. Nem sempre os frutos de nossas ações, sejam elas virtuosas ou
pecaminosas, surgem imediatamente. A Bíblia nos alerta que Deus age em seu
tempo perfeito (kairos), e a colheita espiritual muitas vezes é
gradual, mas inevitável². Como observa Hernandes Dias Lopes, “a semente lançada
na carne ou no espírito determinará, inevitavelmente, o destino do colheitor,
seja para a destruição ou para a vida”³. A lei da semeadura é opcional; podemos
escolher o que plantar. Mas a lei da colheita é obrigatória e inescapável.
Plantar na carne (sarx) produz corrupção e morte, enquanto plantar no
Espírito (pneuma) produz fruto de vida e santificação. Este princípio
revela a seriedade de nossas escolhas diárias, pois a colheita não depende da
sorte, de meros desejos ou de preces superficiais. Deus respeita a liberdade
humana, mas não ignora nossas ações⁴. Muitos interpretam a graça como licença
para pecar, imaginando que podem plantar na carne e ainda colher frutos
espirituais. Paulo confronta diretamente essa falsa ideia. O termo grego mē
planāsthe, traduzido como “não vos enganeis”, adverte para o engano de
subestimar a justiça divina. Nosso Senhor não é um “deus boazinho” que ignora o
pecado ou que concede bênçãos sem transformação interior. A misericórdia divina
está sempre atrelada à santidade e ao arrependimento genuíno⁵. O Comentário
Bíblico Pentecostal acrescenta que o princípio da semeadura e colheita não se
limita ao individual. Ele se estende à vida comunitária e à igreja local,
reforçando a responsabilidade mútua. Cada ação tem repercussão sobre irmãos,
familiares e a sociedade espiritual à nossa volta⁶. Assim, ao semear bondade,
encorajamento, oração e disciplina amorosa, contribuímos para uma colheita de
vida abundante, tanto para nós quanto para o corpo de Cristo. Na prática
diária, plantar com propósito significa examinar nossas atitudes, palavras e
prioridades. Somos chamados a investir nosso tempo, talentos e recursos no
Espírito, sabendo que tudo lançado no solo da vontade de Deus germinará. Como
observa Alexandre Coelho, “a liberdade em Cristo não nos exime da disciplina
espiritual, mas nos capacita a plantar com sabedoria e colher com alegria”⁷. Portanto,
este texto não é apenas um conselho: é um chamado pastoral e pessoal. Cada
escolha, cada ação, cada pensamento lançado no campo da vida tem consequências
eternas. Hoje é tempo de refletir: o que estou semeando? Na carne ou no
Espírito? E a resposta determinará a colheita que experimentaremos diante de
Deus e de nossa comunidade de fé⁸.
1.
LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da
liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2001.
2.
ARRINGTON, French L.; PALMA, Anthony D.; MACCHIA,
Frank D.; YONG, Amos; KEENER, Craig S. Comentário Bíblico Pentecostal do
Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
3.
COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo:
Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio
de Janeiro: CPAD, 2019.
4.
MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur.
São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2010.
5.
GILBERTO, Antônio. Manual da Escola Dominical.
Rio de Janeiro: CPAD, 2000.
6.
Comentário Bíblico Beacon. Kansas City: Casa
Nazarena de Publicações, 2005.
7.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado:
Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2002.
8.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD,
2011.
3.
Carne e Espírito como campos de semeadura. A
carne e o espírito são terrenos férteis para serem semeados. Não é sem razão
que no capítulo 5 o apóstolo fala acerca das obras da carne e o Fruto do
Espírito: dois “terrenos” a que, se dada a devida atenção, trazem seus frutos.
Ao longo da Carta, ele usa as palavras Carne e Espírito algumas vezes. Ele
queria que os gálatas soubessem, e nós também, que essa luta é real, diária e
precisa ser levada a sério. Não basta saber quais são as obras da carne e o
Fruto do Espírito. É preciso tomar uma decisão: semear na carne e colher as
obras da carne ou semear no espírito e colher o Fruto do Espírito.
• 👉 A luta entre carne e
Espírito não é um conceito abstrato; é uma realidade diária que cada cristão
enfrenta. Paulo, ao escrever aos gálatas, usa os termos sarx (carne) e
pneuma (Espírito) para mostrar dois campos distintos de semeadura.
Cada escolha, cada ação, cada pensamento pode ser plantado em um desses
terrenos e produzir frutos correspondentes¹. Este não é apenas um ensinamento
moral, mas uma exortação espiritual: precisamos compreender onde estamos
investindo nossa vida. A carne não se refere apenas ao corpo físico, mas à
natureza humana caída, inclinada ao pecado. Suas obras (ta erga tēs sarkos)
incluem imoralidade, inveja, ira e egoísmo (Gl 5.19-21). Cada uma dessas ações
é a colheita inevitável de sementes plantadas sem disciplina espiritual². Por
outro lado, o Espírito não é uma força abstrata, mas a presença ativa de Deus
na vida do crente, capacitando-o a produzir frutos (karpos tou pneumatos),
como amor, alegria, paz, paciência e domínio próprio (Gl 5.22-23). É essencial
perceber que Paulo não descreve essas realidades como meras categorias de
comportamento; ele apresenta um princípio de ação e consequência espiritual. O
termo grego speírō indica uma semeadura consciente, proposital. Quando
escolhemos semear na carne, estamos decidindo conscientemente nos afastar da
vontade de Deus e da plenitude de vida que Ele oferece³. Por outro lado, semear
no Espírito exige vigilância, oração e alinhamento com a Palavra. Aqui, a
liberdade cristã não é ausência de lei, mas a capacidade de obedecer guiado
pelo Espírito (Galatas 5.13-16)⁴. Além disso, o apóstolo mostra que
essa luta não é episódica; é contínua. A repetição dos termos “carne” e
“Espírito” ao longo da carta enfatiza que a batalha é diária. Não basta
reconhecer intelectualmente as obras da carne ou o Fruto do Espírito; é necessário
tomar uma decisão deliberada: onde plantar? Qual terreno alimentaremos com
nossos pensamentos, palavras e ações? Cada escolha reverbera em nossa
santificação e na vida da igreja⁵. O Comentário Bíblico Pentecostal observa que
a semeadura na carne produz uma colheita que gera alienação espiritual,
enquanto a semeadura no Espírito aprofunda a comunhão com Deus e edifica a
comunidade de fé⁶. Essa distinção é crucial para jovens e professores de Escola
Bíblica Dominical, pois ensina que nossas atitudes influenciam não apenas nossa
caminhada pessoal, mas também a saúde espiritual de nossa igreja local. Praticamente,
semear no Espírito exige disciplina e consciência diária. Inclui meditação na
Palavra, oração constante, serviço altruísta, encorajamento mútuo e resistência
às tentações da natureza caída. Como lembra Alexandre Coelho, “a liberdade em
Cristo nos capacita a escolher o solo em que queremos plantar, mas também nos
responsabiliza pelo fruto que inevitavelmente colheremos”⁷. Portanto, a
exortação de Paulo é clara e urgente: examine seu coração hoje. Que sementes
você está lançando diariamente? Está investindo na carne, produzindo
destruição, ou no Espírito, produzindo vida? Essa decisão molda seu caráter,
influencia sua igreja e determina sua colheita eterna. Que cada crente,
especialmente os jovens, se comprometa a plantar com sabedoria no terreno
fértil do Espírito, para colher a abundância da vida em Cristo⁸.
1.
LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da
liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2001.
2.
ARRINGTON, French L.; PALMA, Anthony D.; MACCHIA,
Frank D.; YONG, Amos; KEENER, Craig S. Comentário Bíblico Pentecostal do
Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
3.
COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo:
Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio
de Janeiro: CPAD, 2019.
4.
MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur.
São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2010.
5.
GILBERTO, Antônio. Manual da Escola Dominical.
Rio de Janeiro: CPAD, 2000.
6.
Comentário Bíblico Beacon. Kansas City: Casa Nazarena
de Publicações, 2005.
7.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado:
Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2002.
8.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD,
2011.
CONCLUSÃO
Cuidar
uns dos outros com misericórdia, restaurar o irmão que pecou e vigiar no que
semeamos são orientações de Deus para os nossos dias. Há leis no mundo natural
que não podem ser quebradas, e no mundo espiritual vale o mesmo. Se desejamos
ser tratados com misericórdia caso pequemos, ajamos da mesma forma com aqueles
que pecaram, conduzindo-os ao arrependimento e à restauração.
• 👉 Cuidar uns dos outros com misericórdia,
restaurar o irmão que caiu e vigiar atentamente sobre o solo em que semeamos
não são meras recomendações éticas; são princípios divinamente ordenados que
refletem a própria natureza de Deus. Assim como as leis da criação no mundo
natural são inquebrantáveis, a semente lançada inevitavelmente germina, a
gravidade jamais falha, no reino espiritual há consequências que não podem ser
ignoradas (Gl 6.7-8). Deus nos convida a viver com consciência, lembrando que a
justiça e a misericórdia caminham lado a lado: aquele que é restaurado pelo
arrependimento experimenta a mesma graça que deseja receber, e quem semeia no
Espírito colherá frutos eternos. A misericórdia não é fraqueza; é expressão do
poder divino operando em nós para transformar vidas. Restaurar o irmão que
pecou não é julgar, mas guiar com paciência, amor e sabedoria bíblica (epanorthōsis,
correção redentora)¹. Vigiar o que semeamos implica discernimento diário entre
a carne e o Espírito, compreendendo que cada decisão, cada palavra e cada ação
têm repercussões eternas². Nossa responsabilidade não se limita a nós mesmos;
ela se estende à comunidade de fé, pois a colheita de nossa vida impacta a
igreja, a sociedade e nosso testemunho diante de Deus. Portanto, viver de
acordo com esses princípios é assumir um compromisso sério com o Reino: amar
como Cristo amou, restaurar como Cristo restaurou e semear no Espírito como
Cristo nos capacita a semear³. A exortação de Paulo nos lembra que a fé sem
prática é estéril, e que a liberdade em Cristo não é licença para a carne, mas
poder para a santidade. Ao cultivarmos a misericórdia, a vigilância e a
restauração, participamos ativamente da obra de Deus, tornando-nos instrumentos
de transformação espiritual na vida de nossos irmãos e na própria igreja.
Concluo este subsídio extraindo três aplicações práticas:
1.
Examine suas sementes diárias: Antes
de agir ou falar, pergunte-se: estou semeando na carne ou no Espírito? Cada
escolha molda seu caráter e influencia sua comunidade de fé.
2.
Pratique a restauração com amor: Ao
perceber um irmão em pecado, não se afaste; aproxime-se com humildade e
oriente-o, guiando-o ao arrependimento e à reconciliação com Deus e com a
igreja.
3.
Seja vigilante e misericordioso:
Cultive um coração atento à sua própria vida e à vida dos irmãos, equilibrando
disciplina e graça, lembrando que a colheita espiritual é inevitável e eterna.
¹ LOPES, Hernandes Dias. Gálatas:
A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2001.
² COELHO, Alexandre. A
Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo
aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
³ BÍBLIA DE ESTUDO MACARTHUR.
São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2010.
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HORA DA REVISÃO
1. Segundo
a lição, qual a ideia da palavra restaurar no grego?
A palavra restaurar, no grego, é
katartizo, que trazia a ideia de colocar no lugar um osso que havia saído do
lugar.
2. Onde
começa a restauração de um irmão que pecou e se arrependeu?
A restauração de um irmão que pecou e se
arrependeu começa na Casa de Deus, na comunhão dos santos.
3. Qual
caráter deve ter a disciplina?
É certo que há casos em que a disciplina
na igreja deve existir, e ela é necessária, mas deve ter um caráter
terapêutico.
4. Qual
o sinal da vida espiritual apresentado por Paulo aos Gálatas?
Um espírito de mansidão é apresentado
por Paulo nesta Carta como um sinal de espiritualidade.
5. Qual
a ideia da palavra grega para carga?
A palavra carga é a tradução da palavra
grega baros, que traz a ideia de um fardo.