Pb Francisco Barbosa (@Pbassis)
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TEXTO ÁUREO
“Respondeu,
então, Pedro: Pode alguém, porventura, recusar a água, para que não sejam
batizados estes que também receberam, como nós, o Espírito Santo?” (At 10.47).
UMA
EXEGÉSE DO TEXTO PRINCIPAL:
• Este
versículo se insere no clímax da narrativa da conversão de Cornélio e de sua
casa (At 10.1-48). Até este momento, Pedro havia sido conduzido pelo Espírito a
compreender que o Evangelho não se limita a Israel, mas alcança também os
gentios (At 10.34-35). O derramamento do Espírito Santo sobre Cornélio e os
seus antes mesmo do batismo (At 10.44-46) é o sinal inegável de que Deus
quebrou as barreiras étnicas e religiosas, inaugurando uma nova fase na missão
da Igreja. Pode alguém, porventura, recusar, O verbo traduzido por recusar
é do grego κωλύω (kōlyō), que significa “impedir, proibir, negar acesso” (cf.
Lc 18.16; At 8.36). O uso do aoristo subjuntivo aqui transmite a ideia de uma
impossibilidade lógica: diante da ação inequívoca do Espírito, não há argumento
válido para barrar o batismo. a água, (τὸ ὕδωρ, to hydōr). O artigo
definido τὸ dá especificidade:
trata-se não de qualquer água, mas da água do batismo cristão, já compreendida
e praticada pela comunidade cristã primitiva (At 2.38; 8.36-38). para
que não sejam batizados, O verbo βαπτίζω (baptizō) significa
literalmente “mergulhar, imergir”. No NT, tem valor técnico de rito de
iniciação cristã, marcando a união pública do crente com Cristo (Rm 6.3-4). estes
que também receberam, O verbo λαμβάνω (lambanō) no aoristo ativo indica
uma recepção real e completa: eles não esperam ainda pelo Espírito, mas já O
receberam. como nós, (καθὼς καὶ ἡμεῖς, kathōs kai hēmeis). A comparação é central. Pedro reconhece que a
experiência dos gentios é idêntica à dos judeus no Pentecostes (At 2.1-4). A
expressão elimina qualquer distinção hierárquica ou privilegiada entre judeus e
gentios na economia da salvação. O Espírito Santo desceu sobre os gentios antes
mesmo do batismo, mostrando que a salvação é obra soberana de Deus, não
condicionada a ritos humanos (cf. Ef 2.8-9). O batismo como selo visível:
Embora já tivessem recebido o Espírito, Pedro não relativiza o batismo em água.
O sacramento continua sendo necessário como testemunho público de inclusão no
corpo de Cristo. O batismo, portanto, não confere o Espírito, mas confirma
exteriormente a realidade interior já realizada pelo Espírito. O “como nós”
derruba qualquer exclusivismo judaico. A comunidade de fé é agora multiétnica,
unida não por tradições, mas pela ação do Espírito. É a antecipação do ideal
paulino de que em Cristo não há judeu nem grego (Gl 3.28). A pergunta de Pedro
é retórica e pedagógica. Ele não apenas autoriza o batismo, mas também ensina à
comunidade presente que ninguém pode levantar barreiras onde Deus já abriu
caminho. A missão da Igreja, portanto, é inclusiva, rompendo preconceitos
culturais e sociais. O texto nos confronta com uma pergunta implícita: temos
impedido alguém de experimentar a graça de Cristo por causa de nossas
tradições, preconceitos ou preferências pessoais? Assim como Pedro precisou ser
transformado para aceitar Cornélio, a Igreja hoje precisa permitir que o
Espírito quebre nossas barreiras e nos ensine a acolher todos os que Ele chama.
VERDADE PRÁTICA
O episódio da igreja hebreia na casa do
gentio Cornélio demonstra que Deus não faz acepção de pessoas.
ENTENDA
A VERDADE PRÁTICA:
• O encontro
da comunidade judaica com o lar do gentio Cornélio revela, de forma
incontestável, que o Deus da graça soberana derruba muros étnicos, culturais e
religiosos, e que, diante da cruz e do derramamento do Espírito, não existe
privilégio humano, pois todos são igualmente acolhidos em Cristo Jesus.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Atos 10.1-8,21-23,44-48.
1.
E havia em Cesareia um varão por nome Cornélio, centurião da coorte chamada
Italiana,
• centurião. Um dos 60
oficiais de uma legião romana, cada um dos quais comandava cem homens. coorte
chamada Italiana. Dez coortes de 600 homens cada uma per faziam uma
legião. Cornélio, um centurião temente a Deus Havia em Cesaréia um
homem chamado Cornélio, centurião do regimento chamado italiano. Ele e toda a
sua família eram piedosos e tementes a Deus; davam muitas esmolas ao povo e
oravam continuamente a Deus. Mesmo sendo romana, sua piedade e compaixão o
destacavam como um "temente a Deus", ainda que não judeu.
2.
piedoso e temente a Deus, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao
povo e, de contínuo, orava a Deus.
• temente
a Deus. Termo
técnico usado pelos judeus para se referirem aos gentios que tinham abandonado
sua religião pagã em favor da adoração de Deus Javé. Essa pessoa, conquanto
seguisse a ética do AT, não havia se tornado um prosélito pleno do judaísmo por
meio da circuncisão. Cornélio iria receber conhecimento salvífico de Deus em
Cristo (Rm 7.20).
3.
Este, quase à hora nona do dia, viu claramente numa visão um anjo de Deus, que
se dirigia para ele e dizia: Cornélio!
• cerca
da hora nona. Três
horas da tarde. A visão e o chamado divino Quase à hora nona do dia, viu
claramente numa visão um anjo de Deus, que lhe disse que suas orações e esmolas
tinham subido em memorial diante de Deus. Recebeu a ordem de enviar homens a
Jope para chamar Simão Pedro, que lhe diria o que fazer. A “hora nona” (15h)
era tradicionalmente tempo de oração judaica; o anjo não apareceu em pessoa,
mas numa visão vívida. Deus respondeu ao coração piedoso de Cornélio e o
comissionou para buscar Pedro.
4.
Este, fixando os olhos nele e muito atemorizado, disse: Que é, Senhor? E o anjo
lhe disse: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de
Deus.
• para
memória. Um
lembrete. As orações, a devoção, a fé e a bondade de Cornélio eram como oferta
fragrante para Deus.
5.
Agora, pois, envia homens a Jope e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome
Pedro.
6.
Este está com um certo Simão, curtidor, que tem a sua casa junto do mar. Ele te
dirá o que deves fazer.
7.
E, retirando-se o anjo que lhe falava, chamou dois dos seus criados e a um
piedoso soldado dos que estavam ao seu serviço.
8.
E, havendo-lhes contado tudo, os enviou a Jope.
21.
E, descendo Pedro para junto dos varões que lhe foram enviados por Cornélio,
disse: Sou eu a quem procurais; qual é a causa por que estais aqui?
• Enquanto
refletia sobre a visão, chegaram os enviados de Cornélio. O Espírito Santo
disse a Pedro: “Levanta-te, desce e vai com eles, nada duvidando; porque eu os
enviei.” Pedro recebeu os homens, ouviu sua mensagem, convidou-os a passar a
noite e, no dia seguinte, partiu com eles para Cesaréia. Pedro estava perplexo
quanto à visão, mas o Espírito o instruiu claramente a não hesitar —
ressaltando que esse encontro era obra divina. Pedro obedeceu e se preparou
para partir com confiança.
22.
E eles disseram: Cornélio, o centurião, varão justo e temente a Deus e que tem
bom testemunho de toda a nação dos judeus, foi avisado por um santo anjo para
que te chamasse a sua casa e ouvisse as tuas palavras.
23.
Então, chamando-os para dentro, os recebeu em casa. No dia seguinte, foi Pedro
com eles, e foram com ele alguns irmãos de Jope.
• convidando-os
a entrar,
judeus que se respeitavam não convidavam nenhum gentio para entrar na sua casa,
especialmente solda dos do odiado exército romano. alguns irmãos. Seis
crentes judeus (11.12), identificados como "os fiéis que eram da
circuncisão" no v. 45
44.
E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que
ouviam a palavra.
• O
Espírito Santo desce sobre os gentios. Enquanto Pedro ainda falava, o Espírito
Santo desceu sobre todos os que ouviam a mensagem. Os gentios começaram a
louvar a Deus em outras línguas. Os crentes judeus que tinham vindo com Pedro
ficaram admirados. Esse derramamento é o equivalente ao Pentecostes para os gentios,
um sinal do aceite de Deus, mostrando que Ele não faz acepção de pessoas.
45.
E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro,
maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os
gentios.
46.
Porque os ouviam falar em línguas e magnificar a Deus.
47.
Respondeu, então, Pedro: Pode alguém, porventura, recusar a água, para que não
sejam batizados estes que também receberam, como nós, o Espírito Santo?
• Pedro
ordena o batismo. Pedro reconheceu que, se Deus lhes havia dado o mesmo dom do
Espírito como fizera com os judeus, quem seria ele para impedir o batismo.
Ordenou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. O batismo foi uma
declaração pública da realidade espiritual já confirmada pelo Espírito, mostra
que a salvação é para todos, sem discriminação, e selada por Deus mesmo antes
do rito.
48.
E mandou que fossem batizados em nome do Senhor. Então, rogaram-lhe que ficasse
com eles por alguns dias.
• Batismo
é ordenado como expressão visível de uma realidade espiritual estabelecida.
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INTRODUÇÃO
Nesta semana, estudaremos sobre como
a igreja judaica de Jerusalém deu um passo gigantesco quando foi chamada por
Deus para compartilhar sua fé com pessoas de outras nações. O apóstolo Pedro
foi escolhido divinamente para pregar as Boas-Novas da salvação aos gentios, o
que na época não era aceitável. Atos 10 é uma das mais impressionantes
histórias da Bíblia, onde fica evidente o grande amor e graça de Deus em salvar
a todos aqueles que demonstrem fé na pessoa do seu bendito Filho, Jesus Cristo.
Lucas destaca em seu livro que os gentios foram salvos e receberam o dom do
Espírito da mesma forma que os judeus no Pentecostes.
• As vezes
temos uma visão lúdica da Igreja Primitiva e de sua expansão, sem pensar quão
duro foi esse período para os primeiros crentes. Também temos, muitas vezes,
uma visão equivocada daquela Igreja, vendo-a como ‘perfeita’, ‘sem erros’, ‘uma
igreja desejável’. A expansão da igreja de Jerusalém não aconteceu de forma
natural ou confortável. Foi um passo ousado, dirigido pelo Espírito Santo, que
levou homens e mulheres judeus a compreenderem que o evangelho não era
privilégio de um povo, mas a boa notícia de Deus para todas as nações. O
episódio narrado em Atos 10 mostra que a mensagem da cruz ultrapassa barreiras
culturais e religiosas, revelando o coração de um Pai que deseja reconciliar o
mundo consigo mesmo em Cristo. Pedro, escolhido por Deus, foi confrontado com
sua própria tradição. Ao entrar na casa de Cornélio, um gentio, ele
experimentou na prática o que o Senhor havia revelado em visão: aquilo que Deus
purificou não deve ser considerado impuro. O verbo usado em Atos 10.15,
katharízō (purificar, tornar limpo), indica uma ação definitiva de Deus que
redefine categorias humanas de aceitação. Ali, a graça rompeu muros erguidos
por séculos de preconceito religioso. Lucas, ao narrar essa cena, deseja que
compreendamos um ponto central: o Espírito Santo não faz acepção de pessoas.
Assim como no Pentecostes os judeus receberam poder do alto, também os gentios
foram revestidos do mesmo Espírito, sem qualquer distinção. A repetição da
expressão to pneûma tò hágion epépesen (o Espírito Santo caiu) tanto em Atos 2
quanto em Atos 10 sublinha a igualdade da experiência e confirma que a promessa
de Joel 2 se cumpre em todos os que creem, independentemente de etnia ou
cultura. Esse movimento divino foi revolucionário para a igreja. Antônio
Gilberto destaca que “a universalidade do evangelho derruba barreiras humanas e
exige da igreja coragem para se arriscar em obediência”¹. A comunidade que
antes era restrita e marcada pela identidade judaica agora é chamada a viver
como um corpo multiforme, unido pela fé em Cristo. Hernandes Dias Lopes
acrescenta: “o Espírito Santo quebra cadeias, derruba muros e abre portas que o
coração humano jamais ousaria abrir”². Hoje, esse texto nos confronta com uma
pergunta direta: temos coragem de viver uma fé que se arrisca, que atravessa fronteiras
sociais, culturais e até pessoais em nome de Cristo? Uma igreja que se fecha em
si mesma se torna estéril. Uma igreja que se lança em obediência ao Espírito
experimenta crescimento, diversidade e poder. O desafio é claro: permitir que o
mesmo Espírito que guiou Pedro nos guie também a vencer nossas barreiras
internas e a estender o amor de Cristo a todos.
1. GILBERTO,
Antônio. A Igreja em Jerusalém – Doutrina, Comunhão e Fé: A Base para o
Crescimento da Igreja em Meio às Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
2. LOPES,
Hernandes Dias. Gálatas – A Carta da Liberdade Cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.
- COELHO,
Alexandre. Livro de Apoio Adulto – A Igreja em Jerusalém. Rio de Janeiro: CPAD,
2024.
- ARRINGTON,
French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal do Novo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
- CHAMPLIN, R. N.
O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos,
2016.
- KEENER, Craig S.
Acts: An Exegetical Commentary. Grand Rapids: Baker Academic, 2012.
- MACARTHUR, John.
Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2017.
- BEACON HILL
PRESS. Comentário Bíblico Beacon: Atos. Kansas City: Beacon Hill, 2005.
Palavra-Chave:
ACEITAÇÃO
"Aceitação" (do
latim acceptatio, “ato de receber, acolher com favor”) no contexto teológico
cristão expressa a ideia de ser recebido por Deus em Cristo, não por mérito
humano, mas pela graça. No Novo Testamento, algumas palavras são usadas:
- δεκτός (dektós):
“aceitável, bem recebido, aprovado” (cf. Lc 4.19: “o ano aceitável do Senhor”).
- χάρις (cháris): “graça,
favor imerecido”, que fundamenta a aceitação divina (Ef 1.6: “para louvor da
glória da sua graça, a qual nos fez agradáveis [ἐχαρίτωσεν, echaritōsen] a si no Amado”).
- πρόσλημψις
(próslēmpsis): “acolhimento, recepção” (Rm 11.15: “a aceitação deles é a vida
dentre os mortos”).
Um exemplo claro: “…para louvor da glória da sua graça, a qual
nos fez agradáveis (ἐχαρίτωσεν) a si no Amado.” (Ef 1.6). Aqui, a
aceitação é fruto da graça em Cristo. O verbo charitóō (de cháris) indica ser
“tornado objeto do favor divino”. Aceitação não é conquista humana, mas ato de
Deus: Ele nos recebe em Cristo mediante fé. Pentecostalmente, destaca-se que
essa aceitação se evidencia não apenas juridicamente (justificação), mas também
experiencialmente, pelo testemunho interior do Espírito Santo (Rm 8.16) e pelos
dons espirituais que confirmam a inclusão plena do crente na comunidade do povo
de Deus.
I. A REVELAÇÃO DE DEUS AOS GENTIOS
1. A visão
de Cornélio. Cornélio, um centurião romano da cidade de Cesareia, orava por
volta das três horas da tarde quando teve uma revelação de Deus. Ele viu um
anjo de Deus (At 10.3). Não é incomum, nas páginas das Escrituras, Deus se revelar
por meio de anjos. Contudo, essa revelação se distingue de outras por conta de
seu propósito: a inclusão dos gentios à Igreja do Senhor. Cornélio era um homem
que tinha desejo de salvação, pois mesmo sendo um gentio, era piedoso e temente
a Deus com toda a sua casa (At 10.2). No entanto, isso não era suficiente para
salvá-lo. Ele precisava ouvir acerca da mensagem da cruz e o anjo de Deus
estava ali para instruí-lo a como fazer. Não sendo a pregação do Evangelho
missão para um anjo, Cornélio foi instruído a chamar o apóstolo Pedro para
fazer isso (At 10.22).
• Cornélio surge em Atos 10 como um marco na expansão da igreja. Ele
não era um judeu, mas um centurião romano da cidade de Cesareia. A Escritura o
descreve como piedoso, temente a Deus, generoso e constante em oração. Contudo,
esse retrato, por mais admirável que fosse, revela algo essencial: sua
religiosidade não bastava para a salvação. O homem que buscava a Deus ainda
precisava ouvir a mensagem da cruz. Aqui está um ensino precioso: atos de piedade,
por mais sinceros, não substituem a fé salvadora em Cristo (Ef 2.8-9). Foi
nesse contexto que, por volta da hora nona da oração, Cornélio teve uma visão.
Um anjo lhe apareceu e o chamou pelo nome. O detalhe é notável, pois mostra a
soberania divina que se move em direção aos gentios. O anjo, porém, não
anunciou o evangelho. A tarefa da proclamação pertence aos homens, pois a fé
vem pelo ouvir a Palavra de Cristo (Rm 10.17). O celestial mensageiro apenas
instruiu Cornélio a enviar mensageiros a Jope, para chamar Pedro. O próprio
Deus estava unindo os caminhos do centurião e do apóstolo, preparando o solo
para a inclusão dos gentios no corpo de Cristo. O texto grego ressalta esse
ponto. Quando Cornélio vê o anjo, Lucas usa o verbo horáō (ὁράω), indicando uma visão real, não apenas uma impressão subjetiva. E ao descrever Cornélio como eusebḗs (εὐσεβής), Lucas mostra que se
tratava de um homem devoto, mas ainda carente da plena revelação em Cristo. A piedade,
sem evangelho, não passa de preparo. É o encontro com a Palavra encarnada que traz vida eterna. Isso nos lembra
que muitas pessoas em nossas comunidades podem ser moralmente corretas e
religiosas, mas ainda precisam experimentar a salvação pela fé em Jesus. O que
acontece em Atos 10 é um divisor de águas. A barreira entre judeus e gentios
começa a ruir. O mesmo Espírito que desceu em Atos 2 sobre os judeus agora se
derramará sobre os gentios. O episódio mostra que o evangelho é universal em
seu alcance, mas particular em sua aplicação: só aqueles que creem em Cristo
participam dessa nova humanidade. Como afirma Keener, a conversão de Cornélio
não é apenas individual, mas um sinal profético de que Deus está formando um
povo entre todas as nações (KEENER, 2013, p. 1730). Diante disso, precisamos
refletir: nossa igreja tem sido um lugar de barreiras ou de pontes? Estamos
dispostos a nos arriscar como Pedro, atravessando fronteiras culturais e
sociais para obedecer à voz do Espírito? Ou estamos fechados em tradições que
impedem outros de ver a beleza do evangelho? Cornélio nos desafia a perceber
que Deus já está operando no coração de muitos, mas é nossa missão levar a
Palavra que gera vida. O anjo não pregou. A tarefa é nossa.
- ARRINGTON,
French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Vol. 1. Rio de
Janeiro: CPAD, 2002.
- CHAMPLIN, R. N.
O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Vol. 4. São Paulo:
Hagnos, 2005.
- GILBERTO,
Antônio. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, Comunhão e Fé – A Base para o
Crescimento da Igreja em Meio às Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
- KEENER, Craig S.
Acts: An Exegetical Commentary. Vol. 2. Grand Rapids: Baker Academic, 2013.
- MACARTHUR, John.
Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.
- MENZIES, Robert
P. Empowered for Witness: The Spirit in Luke-Acts. London: T&T Clark, 2004.
2. A
experiência espiritual de Pedro. Assim como Cornélio, Pedro também teve uma
revelação (At 10.10). Pedro teve uma experiência espiritual com visão e
revelação divina, que o deixou perplexo (At 10.11,12). Deus sabia do impacto
que a missão na casa do gentio Cornélio teria sobre as convicções de Pedro e,
por isso, por meio dessa experiência espiritual, o prepara para o que viria pela
frente. Pedro levaria as Boas-Novas do Evangelho a um povo que, para ele,
estava excluído do plano salvífico de Deus. Ele sentiu o caráter excepcional
dessa revelação e achou por bem levar consigo outros seis irmãos judeus naquela
missão (At 10.23; 11.12; 15.7).
• Pedro, assim como Cornélio, foi surpreendido por uma revelação de
Deus. Enquanto orava, caiu em êxtase e teve uma visão que o deixou perplexo (At
10.10-12). O Espírito o conduzia a um ponto de ruptura em sua caminhada de fé.
Até então, Pedro carregava convicções enraizadas na tradição judaica,
convicções que excluíam os gentios do plano salvífico. Mas Deus estava abrindo
seus olhos para algo maior: a obra redentora de Cristo não conhece barreiras
étnicas ou culturais. Na visão, Pedro contemplou um lençol descendo do céu,
cheio de animais considerados impuros pela Lei. A ordem divina foi clara:
“Levanta-te, Pedro; mata e come”. O verbo usado aqui, thýson (θύσον), no
imperativo aoristo, carrega o sentido de uma ação decisiva. Não se tratava de uma
sugestão, mas de um chamado direto a quebrar paradigmas e obedecer
imediatamente. Pedro resistiu, como faria qualquer judeu fiel à Lei, mas a voz
do céu insistiu: “Não chame impuro ao que Deus purificou”. Essa insistência
mostrou que Deus estava confrontando não apenas a dieta de Pedro, mas sua forma
de enxergar o próximo. A experiência não foi apenas simbólica; foi
preparatória. Pedro ainda não sabia, mas logo seria chamado à casa de um
gentio. O Espírito o conduzia passo a passo. O que para ele parecia apenas uma
visão estranha era, na verdade, a chave que abriria as portas da missão
universal da Igreja. Como comenta Gordon Fee, a experiência de Pedro mostra que
“o Espírito Santo vai adiante da Igreja, desafiando seus preconceitos e
expandindo seus horizontes” (FEE, 1994, p. 212). Percebendo a importância do
momento, Pedro não foi sozinho. Levou consigo seis irmãos judeus (At 11.12),
como testemunhas da obra que Deus estava prestes a realizar. Era um gesto de
prudência, mas também de fé. Ele entendia que o que estava para acontecer não
seria apenas uma visita pastoral, mas um marco na história da redenção. Aqueles
homens seriam testemunhas da derrubada de um muro secular de separação. Aqui
nos cabe refletir. Quantas vezes, como Pedro, também ficamos presos a
convicções antigas, honestas, mas limitadas? Será que temos coragem de deixar o
Espírito Santo ampliar nossa visão e nos levar a pessoas que nunca
consideraríamos? O chamado de Pedro é o nosso chamado: obedecer à voz de Deus,
mesmo quando isso confronta nossas tradições. A igreja que se arrisca é a
igreja que se deixa conduzir pelo Espírito, sem medo de cruzar fronteiras pelo
evangelho.
- ARRINGTON,
French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Vol. 1. Rio de
Janeiro: CPAD, 2002.
- CHAMPLIN, R. N.
O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Vol. 4. São Paulo:
Hagnos, 2005.
- FEE, Gordon D.
Gospel and Spirit: Issues in New Testament Hermeneutics. Peabody: Hendrickson,
1994.
- GILBERTO,
Antônio. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, Comunhão e Fé – A Base para o
Crescimento da Igreja em Meio às Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
- KEENER, Craig S.
Acts: An Exegetical Commentary. Vol. 2. Grand Rapids: Baker Academic, 2013.
- MACARTHUR, John.
Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.
- MENZIES, Robert
P. Empowered for Witness: The Spirit in Luke-Acts. London: T&T Clark, 2004.
3. A
urgência da pregação do Evangelho. Deus ainda pode revelar a alguém o seu plano
salvífico de forma excepcional, inclusive usando anjos eleitos, como fez na
casa de Cornélio. Contudo, essa não é a maneira usual do Senhor trabalhar. A
partir da verdade bíblica de que Deus quer salvar a todos (1Tm 2.4), a igreja
deve levar adiante a grandiosa missão de pregar o Evangelho a toda criatura (Mc
16.15). Paulo afirmou que Deus achou por bem salvar os que creem por meio da
pregação (1Co 1.21). Devemos, portanto, pregar. Não é preciso ninguém ficar
esperando um anjo comissioná-lo a pregar o Evangelho. Deus já fez isso.
• A missão da
Igreja nunca pode ser adiada. A urgência da pregação do Evangelho se revela no
próprio modo como Deus agiu na casa de Cornélio. Sim, o Senhor pode se
manifestar de maneira extraordinária, até mesmo enviando um anjo, como lemos em
Atos 10. Mas o detalhe impressionante é que o anjo não anunciou o Evangelho.
Ele apenas direcionou Cornélio a Pedro, porque a proclamação das Boas-Novas foi
confiada não a anjos, mas a homens e mulheres cheios do Espírito. Esse é o
método ordinário de Deus, estabelecido desde o princípio: salvar os que creem
por meio da pregação (1Co 1.21). O apóstolo Paulo compreendeu essa verdade com
profundidade. Para ele, a pregação não era uma opção ministerial, mas uma
imposição divina. É por isso que declara: “Ai de mim se não pregar o Evangelho”
(1Co 9.16). O verbo usado por ele, kēryssō (κηρύσσω), significa proclamar em
alta voz, como um arauto que anuncia um decreto real. Quando pregamos, não
falamos em nosso próprio nome, mas transmitimos a mensagem do Rei eterno. Essa
é a razão pela qual a Igreja não pode silenciar. Se Deus “quer que todos os
homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1Tm 2.4),
então a responsabilidade da Igreja é cooperar com esse desejo divino. O próprio
Jesus ordenou: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc
16.15). O texto grego usa o imperativo kēryxate (κηρύξατε), que exige uma ação
imediata e inadiável. A ordem não é para esperar circunstâncias favoráveis, nem
para aguardar sinais extraordinários, mas para ir e anunciar. Essa compreensão
nos leva a uma reflexão séria. Quantos crentes ainda esperam por experiências
místicas para obedecer a um mandamento já revelado? Quantas igrejas estão
distraídas com seus próprios programas enquanto negligenciam a missão
principal? Se Deus já nos confiou a mensagem da cruz, não precisamos de outro
comissionamento. O tempo de pregar é agora, com coragem e fidelidade, pois cada
vida sem Cristo caminha rumo à eternidade perdida. Cabe a nós resgatar o senso
de urgência que moveu a Igreja primitiva. Uma igreja que se arrisca é uma
igreja que não se cala. Que nossas congregações entendam que a evangelização
não é um projeto acessório, mas o próprio coração da fé cristã. Assim como
Pedro precisou ir até Cesareia, também nós precisamos sair das nossas zonas de
conforto. O Espírito já abriu as portas. Falta apenas que abramos a boca e
proclamemos a Cristo.
- ARRINGTON,
French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Vol. 1. Rio de
Janeiro: CPAD, 2002.
- CHAMPLIN, R. N.
O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Vol. 4. São Paulo:
Hagnos, 2005.
- GILBERTO,
Antônio. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, Comunhão e Fé – A Base para o
Crescimento da Igreja em Meio às Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
- KEENER, Craig S.
Acts: An Exegetical Commentary. Vol. 2. Grand Rapids: Baker Academic, 2013.
- MACARTHUR, John.
Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.
- MENZIES, Robert
P. Empowered for Witness: The Spirit in Luke-Acts. London: T&T Clark, 2004.
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📚 57 BÍBLIAS DE ESTUDO DIVERSAS
📚 TEOLOGIA
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SINOPSE I
Deus revelou seu plano de salvação a
Cornélio e preparou Pedro para anunciar o Evangelho aos gentios.
AUXÍLIO BÍBLICO—TEOLÓGICO
CORNÉLIO E PEDRO
“A primeira igreja, fundada após o
Pentecostes, era composta quase exclusivamente de judeus. Durante anos, nenhuma
tentativa foi feita no sentido de evangelizar os gentios. Apesar do último
mandamento de Cristo. Isto nos parece surpreendente! Mas, era difícil remover
da mentalidade judaica certos preconceitos seculares. Somente o poder de Deus
poderia arrancar deles tais costumes. Antes da Grande Comissão ser efetuada
pela igreja judaica e o Evangelho alcançar os gentios, algumas questões teriam
de ser solucionadas. Será que judeus e gentios poderiam receber igual salvação,
ficando em pé de igualdade? Os crentes judeus poderiam ter comunhão e convívio
com os gentios? Os judeus os consideravam ‘impuros’. Até da sua comida se
recusavam participar. Isto por não ser preparada de acordo com a Lei de Moisés.
Deus se pronunciou sobre estas dúvidas. Primeiro, providenciou um contato entre
duas pessoas: Cornélio, um gentio interessado no Evangelho, e Pedro, o pregador
judeu.” (PEARLMAN, Myer. Atos: Estudo do Livro de Atos e o Crescimento da
Igreja Primitiva. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, pp.119,120).
II. A SALVAÇÃO DOS GENTIOS
1.
Pregação aos gentios. Pedro recebeu a missão de pregar para Cornélio e sua casa
(At 11.14). Sua pregação é totalmente cristocêntrica, sempre apontando para a
cruz de Cristo. Assim, podemos perceber alguns eixos principais que sua
mensagem percorria. Primeiramente, Deus ama a todos (At 10.34). Todas as
pessoas, quer judeus quer gentios, são objeto do amor de Deus. Em segundo
lugar, Deus quer salvar a todos (At 10.35). Deus não somente ama a todos, mas
quer salvar a todos. Pedro agora reconhece que a salvação não é apenas para os
judeus que guardam a Lei, mas também para todo aquele que em qualquer nação o
“teme”. Em terceiro lugar, Cristo é o Senhor de todos (At 10.36). Cristo é o
centro do Evangelho. Ele é o eixo em torno do qual todas as bênçãos espirituais
se encontram. Estar em Cristo é estar salvo; não estar em Cristo é não estar
salvo!
• A missão de
Pedro ao entrar na casa de Cornélio não foi um simples encontro social, mas um
marco na história da salvação. Ali, Deus mostrou de forma clara que o Evangelho
não está preso a fronteiras étnicas ou tradições religiosas. A mensagem que
Pedro pregou foi inteiramente centrada em Cristo. Ele não se desviou para
discursos secundários. Seu foco era a cruz, a ressurreição e a autoridade de
Jesus como Senhor absoluto. Esse é o ponto que precisamos recuperar em nossas
igrejas: a centralidade de Cristo como o núcleo do Evangelho. Ao afirmar que
Deus “não faz acepção de pessoas” (At 10.34), Pedro usa o termo grego
prosōpolēmptēs, que significa literalmente “tomar o rosto em consideração”. Em
outras palavras, o Senhor não julga segundo aparência, etnia ou posição social.
Esse princípio nos obriga a rever se, de alguma forma, ainda selecionamos quem
pode ou não ser alvo da nossa evangelização. Quando a Escritura diz que Deus
“ama a todos” e deseja que “todo aquele que o teme” seja aceito (At 10.35),
está rompendo de vez com o exclusivismo judaico. A graça não está condicionada
à lei mosaica, mas se abre a todos os que crêem. Em seguida, Pedro proclama que
Cristo é “Kyrios pantōn”, o Senhor de todos (At 10.36). Essa expressão não é
apenas um título de respeito. No grego, Kyrios carrega a ideia de soberania
divina, o mesmo termo usado no Antigo Testamento grego (Septuaginta) para
traduzir o nome de Yahweh. Ou seja, Pedro estava declarando que o Jesus
crucificado e ressurreto é o próprio Senhor da história. Essa verdade derruba
qualquer pretensão humana de domínio sobre a fé. Não há outro mediador, não há
outro nome, não há outro centro. Estar em Cristo significa estar dentro do
plano eterno de Deus; estar fora dele é permanecer perdido. Esse texto também
nos provoca a refletir sobre nossa prática atual. A mensagem de Pedro foi
arriscada, pois desafiava séculos de tradição e preconceito. Mas ele se deixou
conduzir pelo Espírito e compreendeu que a missão da igreja não é proteger
fronteiras, mas abrir portas. Pergunto: será que nossas comunidades ainda
erguem barreiras invisíveis que impedem pessoas de diferentes contextos de se
sentirem acolhidas pelo Evangelho? Estamos pregando Cristo de forma pura e
corajosa ou diluímos sua centralidade em discursos periféricos? Precisamos
redescobrir a coragem de Pedro. O mesmo Espírito que o guiou continua operando
hoje. E a nossa tarefa é a mesma: anunciar a todos, sem distinção, que Cristo é
o Senhor de tudo e de todos. Essa convicção deve moldar não apenas nossa
pregação, mas também nossa vivência diária como igreja.
- BÍBLIA DE ESTUDO
PENTECOSTAL. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
- GILBERTO,
Antônio. Manual da Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
- Livro de Apoio
Adulto – A Igreja em Jerusalém: Doutrina, Comunhão e Fé. Rio de Janeiro: CPAD,
2024.
- ARRINGTON,
French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2015.
- BEACON BÍBLICO
COMENTÁRIO. Atos. Kansas City: Casa Nazarena de Publicações, 2006.
- CHAMPLIN, R. N.
O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. São Paulo: Hagnos,
2002.
- MACARTHUR, John.
Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas Nelson, 2017.
- KEENER, Craig S.
Acts: An Exegetical Commentary. Grand Rapids: Baker Academic, 2012.
- MENZIES, Robert
P. Empowered for Witness. London: T&T Clark, 2004.
- FEE, Gordon D.
God’s Empowering Presence. Peabody: Hendrickson, 1994.
- MACCHIA, Frank
D. Baptized in the Spirit. Grand Rapids: Zondervan, 2006.
- PALMA, Anthony
D. The Holy Spirit: A Pentecostal Perspective. Springfield: Gospel Publishing
House, 2001.
- YONG, Amos. The
Spirit Poured Out on All Flesh. Grand Rapids: Baker Academic, 2005.
- OSS, Douglas. A
Pentecostal Perspective on Acts. Springfield: Gospel Publishing House, 1992.
2. A
conversão dos gentios. A mensagem da cruz é um chamado ao arrependimento (At
10.43). Todos os que, arrependidos, creem em Cristo, serão perdoados, e,
portanto, salvos. Na sua soberania e graça, Deus havia incluído no seu plano de
salvação todos os não judeus que, arrependidos, professariam o nome do Senhor
Jesus. Ninguém é salvo à força; é preciso crer em Cristo para receber a
salvação. Tanto judeus quanto gentios necessitam se arrepender para ser salvos.
Os judeus acreditavam que o privilégio da salvação era exclusividade deles e
que, portanto, os gentios estavam excluídos. O Criador havia mostrado que isso
era um erro. Posteriormente, os judeus convertidos reconheceram maravilhados
que Deus, por meio do arrependimento, abriu a porta da fé para os gentios (At
11.18). Portanto, Ele salvou os gentios que demonstraram fé em Jesus e se
arrependeram de seus pecados.
• A conversão
dos gentios foi um dos acontecimentos mais marcantes do livro de Atos. Pela
primeira vez, ficou evidente que o Evangelho não era apenas uma bênção restrita
a Israel, mas um chamado universal à fé e ao arrependimento. Pedro declara que
“todo aquele que nele crê recebe o perdão dos pecados” (At 10.43). O termo
usado aqui para “perdão” é aphesis, no grego, que significa libertação total,
soltura da culpa, cancelamento da dívida. O que antes estava fechado pela barreira
da lei e da tradição agora é aberto pela cruz de Cristo. Esse chamado, no
entanto, não anula a responsabilidade humana. Tanto judeus quanto gentios
precisavam se arrepender para serem salvos. A fé cristã não é uma herança
cultural, mas uma resposta pessoal ao convite divino. O arrependimento, no
grego metanoia, significa mudança de mente e de direção. É mais do que remorso;
é reconhecer o senhorio de Cristo e abandonar o pecado. Isso desmontava o
orgulho religioso dos judeus que acreditavam ter exclusividade no plano da
salvação. Deus, em sua soberania, decidiu incluir os gentios no mesmo plano
redentor. Pedro e os demais apóstolos se espantaram ao testemunhar que “Deus
concedeu também aos gentios o arrependimento para a vida” (At 11.18). A
expressão “arrependimento para a vida” é rica em significado: trata-se de um
arrependimento que conduz não apenas a um sentimento de perdão, mas à
participação na vida eterna de Deus. Aqui está a essência do Evangelho:
salvação pela fé em Cristo, sem acepção de pessoas, movida pela graça e
confirmada pelo arrependimento. Esse relato nos obriga a olhar para nossas
igrejas de hoje. Será que ainda levantamos barreiras invisíveis que impedem
pessoas de experimentar essa “aphesis”, esse perdão pleno em Cristo? Quantas
vezes selecionamos, ainda que inconscientemente, quem é mais “digno” de ouvir a
mensagem do Evangelho? A narrativa de Atos mostra que Deus derrubou todos os
muros culturais e religiosos para alcançar aqueles que estavam distantes. O
mesmo Espírito que foi derramado sobre os judeus foi também derramado sobre os
gentios. A lição prática é clara: o arrependimento e a fé em Cristo continuam
sendo o caminho para todos. Nossa missão é pregar essa mensagem sem reservas,
acolhendo pessoas de todas as nações, línguas e contextos. O convite de Pedro
ecoa hoje em nossas salas de aula da Escola Bíblica Dominical: não basta
conhecer a mensagem, é preciso se render ao chamado de Cristo, deixar para trás
o pecado e viver a nova vida que o Senhor oferece.
- BÍBLIA DE ESTUDO
PENTECOSTAL. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
- GILBERTO,
Antônio. Manual da Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
- Livro de Apoio
Adulto – A Igreja em Jerusalém: Doutrina, Comunhão e Fé. Rio de Janeiro: CPAD,
2024.
- ARRINGTON,
French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2015.
- BEACON BÍBLICO
COMENTÁRIO. Atos. Kansas City: Casa Nazarena de Publicações, 2006.
- CHAMPLIN, R. N.
O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. São Paulo: Hagnos,
2002.
- MACARTHUR, John.
Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas Nelson, 2017.
- KEENER, Craig S.
Acts: An Exegetical Commentary. Grand Rapids: Baker Academic, 2012.
- MENZIES, Robert
P. Empowered for Witness. London: T&T Clark, 2004.
- FEE, Gordon D.
God’s Empowering Presence. Peabody: Hendrickson, 1994.
- MACCHIA, Frank
D. Baptized in the Spirit. Grand Rapids: Zondervan, 2006.
- PALMA, Anthony
D. The Holy Spirit: A Pentecostal Perspective. Springfield: Gospel Publishing
House, 2001.
- YONG, Amos. The
Spirit Poured Out on All Flesh. Grand Rapids: Baker Academic, 2005.
- OSS, Douglas. A
Pentecostal Perspective on Acts. Springfield: Gospel Publishing House, 1992.
SINOPSE II
A mensagem de Pedro mostrou que
todos, judeus e gentios, são chamados à salvação pela fé em Cristo.
III. O ESPÍRITO DERRAMADO SOBRE OS
GENTIOS
1. O
Espírito prometido. O batismo no Espírito Santo experimentado pelos gentios na
casa de Cornélio (At 10.44-46) foi um dos fatos mais marcantes que aconteceu
nos dias da Igreja Primitiva. Anos mais tarde, durante o primeiro Concílio da
Igreja em Jerusalém, Pedro faz referência a esse fato como sendo uma das
promessas feitas por Deus aos gentios (At 15.16). Assim, o recebimento do
Espírito Santo, incluindo a experiência pentecostal do batismo no Espírito
Santo, era a “bênção de Abraão” feita aos gentios (Gl 3.14). Pedro já havia
dito, citando a profecia do profeta Joel (Jl 2.28), que o batismo no Espírito
Santo era uma promessa de Deus a “toda carne” (At 2.17). A promessa, portanto,
não se limitava mais aos judeus, nem tampouco a uma classe especial (reis,
profetas e sacerdotes), mas a todos quantos nosso Deus chamar (At 2.39). Eu,
você e todos os que creem em Cristo somos contemplados com essa promessa de
Deus.
• O
derramamento do Espírito na casa de Cornélio não foi apenas um evento
extraordinário. Foi um divisor de águas na história da Igreja Primitiva. Até
então, muitos ainda viam a promessa do Espírito como algo exclusivo para
Israel. Mas, quando o Espírito Santo caiu sobre aqueles gentios em Cesareia (At
10.44-46), Deus deixou claro que o seu plano redentor ultrapassava fronteiras
culturais e religiosas. Aquele dia confirmou que o mesmo Pentecostes de
Jerusalém agora se repetia em território gentílico. Pedro jamais se esqueceu
desse fato. Anos mais tarde, no Concílio de Jerusalém, ele relembrou aquela
cena como prova de que Deus mesmo havia aberto a porta da graça para os gentios
(At 15.8-9). O Espírito foi dado não como uma segunda bênção restrita a uma
elite, mas como cumprimento da promessa feita a Abraão: “para que a bênção de
Abraão chegasse aos gentios em Cristo Jesus” (Gl 3.14). A palavra usada por
Paulo para bênção é eulogia, que significa não apenas favor, mas transmissão de
vida e plenitude. Logo, o batismo no Espírito Santo não era um privilégio dos
apóstolos ou de alguns escolhidos, mas a confirmação de que a salvação e o
poder de Deus pertencem a todos os que creem. O apóstolo já havia fundamentado
isso quando citou Joel: “derramarei do meu Espírito sobre toda carne” (At 2.17).
O hebraico de Joel traz a ideia de “todo ser humano sem distinção”. Isso era
revolucionário. No Antigo Testamento, o Espírito repousava sobre reis, profetas
e sacerdotes, sempre de forma seletiva e temporária. Agora, em Cristo, a
promessa é universal, abrangente e permanente. O verbo usado em Atos 2.17,
ekcheō (derramar), indica um transbordamento abundante, não algo medido ou
restrito. Essa compreensão nos leva a refletir sobre nossa própria comunidade
de fé. Será que ainda vemos a promessa do Espírito como limitada a alguns? Ou
entendemos que Ele deseja encher a todos, sem exceção, desde o novo convertido
até o crente maduro? Quando Pedro declara em Atos 2.39 que a promessa é “para
vós, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe”, ele inclui
tanto os judeus quanto os gentios, tanto aquela geração quanto as futuras. Esse
“todos” nos alcança hoje, aqui e agora. A aplicação é direta e desafiadora. O
batismo no Espírito Santo não é apenas um marco histórico, mas uma realidade
viva para a Igreja de hoje. Ele nos capacita para testemunhar, nos dá ousadia
para pregar, fortalece nossa comunhão com Deus e edifica o corpo de Cristo. Se
essa promessa é para todos os que o Senhor chamar, então nossa postura deve ser
de sede e busca constantes. Não podemos viver da lembrança de experiências
passadas. O Espírito continua sendo derramado. A questão é: estamos prontos
para receber e andar cheios dEle?
- BÍBLIA DE ESTUDO
PENTECOSTAL. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
- GILBERTO,
Antônio. Manual da Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.
- Livro de Apoio
Adulto – A Igreja em Jerusalém: Doutrina, Comunhão e Fé. Rio de Janeiro: CPAD,
2024.
- ARRINGTON,
French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2015.
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COMENTÁRIO. Atos. Kansas City: Casa Nazarena de Publicações, 2006.
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O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. São Paulo: Hagnos,
2002.
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Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas Nelson, 2017.
- KEENER, Craig S.
Acts: An Exegetical Commentary. Grand Rapids: Baker Academic, 2012.
- MENZIES, Robert
P. Empowered for Witness. London: T&T Clark, 2004.
- FEE, Gordon D.
God’s Empowering Presence. Peabody: Hendrickson, 1994.
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D. The Holy Spirit: A Pentecostal Perspective. Springfield: Gospel Publishing
House, 2001.
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Spirit Poured Out on All Flesh. Grand Rapids: Baker Academic, 2005.
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Pentecostal Perspective on Acts. Springfield: Gospel Publishing House, 1992.
2. O
Espírito recebido. Como vimos, logo após os gentios terem “recebido a Palavra
de Deus” (At 11.1), isto é, se convertido à fé cristã, o Espírito Santo foi
derramado sobre os crentes gentios de Cesareia: “E os fiéis que eram da
circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom
do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios” (At 10.45). Esse
derramamento do Espírito veio acompanhado pela evidência física do falar em
outras línguas e expressões de louvor, que aparece aqui como um padrão já
aceito pela comunidade cristã: “Porque os ouviam falar em línguas e magnificar
a Deus” (At 10.46).
• O Espírito
recebido. Logo após os gentios de Cesareia terem acolhido a Palavra de Deus, ou
seja, terem se convertido à fé em Cristo (At 11.1), algo extraordinário
aconteceu. O Espírito Santo foi derramado sobre aqueles novos crentes,
confirmando a obra de Deus em seus corações. O texto relata: “E os fiéis que
eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de
que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios” (At 10.45).
Note que o verbo grego ekcheō, traduzido por “derramar”, transmite a ideia de
um transbordamento abundante, sinal claro de que Deus não faz nada pela metade.
Esse derramamento não foi apenas espiritual, mas também visível e audível. Os
gentios começaram a falar em outras línguas e a louvar a Deus de forma
espontânea (At 10.46). Aqui se evidencia um padrão já reconhecido pela Igreja
primitiva: o sinal do Espírito inclui manifestação de línguas (glōssais) e
expressões de louvor. Não se trata de espetáculo, mas de autenticidade
espiritual, um selo divino que confirma a inclusão dos gentios no corpo de
Cristo. A reação dos crentes judeus que acompanharam Pedro foi de assombro e
maravilhamento. Eles perceberam que a promessa de Deus se cumpria plenamente e
de forma igualitária: o Espírito não estava restrito aos filhos de Israel, mas
se estendia a todos aqueles que creem em Jesus Cristo. Esse episódio reforça a
verdade bíblica de que a graça de Deus transcende fronteiras culturais e é
concedida a todo ser humano que se arrepende e crê (At 2.39; Gl 3.14). Mais do
que história, esse acontecimento nos desafia hoje. A experiência de Cornélio e
sua casa nos lembra que o Espírito Santo continua a agir de forma real e
poderosa na vida de todos os que entregam seus corações a Cristo. Ele confirma,
capacita e transforma. A pergunta que nos cabe é: estamos abertos para receber
o Espírito de Deus em plenitude, permitindo que Ele manifeste seu poder em nossas
vidas e em nossa comunidade de fé? O Espírito Santo é o selo da salvação e o
capacita para a missão. Assim como em Cesareia, Ele deseja transbordar, renovar
e conduzir todos os que creem a uma vida de testemunho, santidade e louvor
contínuo. Reconhecer sua ação é viver na dimensão prática da promessa de Deus,
que não faz acepção de pessoas.
3. Um
pentecoste “visto” e “ouvido”. Posteriormente, quando questionado e censurado
por outros judeus por ter ido à casa de um gentio em Cesareia, Pedro usou a
experiência pentecostal ocorrida na casa de Cornélio como argumento a favor da
autenticidade da fé gentílica. Na argumentação de Pedro, os gentios haviam
recebido a mesma experiência pentecostal que eles haviam recebido no dia de
Pentecostes (At 2.4), inclusive com a manifestação do fenômeno das línguas (At
11.15-18). Em outras palavras, o Pentecostes gentílico, assim como o
Pentecostes judaico, foi marcado pela experiência do Espírito. Em ambos os
casos, foi um Pentecostes “visto” e “ouvido”.
• Um
Pentecostes “visto” e “ouvido”. Quando Pedro precisou responder aos
questionamentos dos judeus que se escandalizavam por ele ter entrado na casa de
um gentio, ele não recorreu apenas à lógica ou à argumentação teológica. Ele
apontou para o que era incontestável: a experiência do Espírito Santo ocorrida
em Cesareia. Os gentios receberam o Espírito da mesma forma que os judeus no
dia de Pentecostes, com manifestações tangíveis e audíveis, confirmando a
autenticidade da fé gentílica (At 11.15-18). O verbo grego horáō, usado para
“ver”, e akouō, traduzido como “ouvir”, revelam que não se tratava de algo
abstrato ou simbólico, mas de uma experiência real, concreta e perceptível a
todos os presentes. Esse Pentecostes gentílico reproduziu o padrão do
Pentecostes judaico: o derramamento do Espírito Santo não se restringe a
cerimônias, tradições ou privilégio étnico. O Espírito age segundo a promessa
de Deus, capacitando, santificando e selando todos que creem em Cristo,
independentemente de sua origem cultural ou social. A evidência visível e
sonora – o falar em línguas e o louvor espontâneo – demonstra que a obra de
Deus é soberana, inclusiva e irresistível (Gr. paraklētos, Consolador e
capacitador de todos os crentes). Pedro, ao usar essa experiência como
argumento, revela algo profundo: a fé genuína se manifesta na obra do Espírito.
Não basta a conversão intelectual ou observância externa da Lei. O Espírito
Santo confirma, transforma e certifica a comunhão com Cristo. O Espírito
“visto” e “ouvido” não é apenas um espetáculo, mas uma marca divina que
autentica a inclusão dos gentios na nova aliança. Este é um lembrete poderoso
de que a presença de Deus pode ser reconhecida e experienciada, e que não há
barreiras humanas que possam limitar a ação do Espírito. Mais do que história,
esse evento nos desafia hoje. Assim como Cornélio e sua casa foram incluídos na
promessa, somos chamados a perceber o agir do Espírito em nossa comunidade de
fé. A pergunta pastoral que se impõe é direta: estamos atentos para reconhecer
e celebrar a manifestação de Deus em nosso meio? Estamos dispostos a acolher
aqueles que, como os gentios de Cesareia, chegam à fé com sinais que confirmam
sua inclusão no plano de Deus? O Pentecostes em Cesareia é um convite para a
Igreja contemporânea. Ele nos lembra que a promessa do Espírito não tem limites
étnicos, culturais ou sociais. Cada manifestação, cada ação do Espírito, é um
lembrete de que Deus age para edificar, consolidar e expandir seu Reino. Ver,
ouvir e reconhecer o Espírito em ação é abraçar a plenitude da fé cristã,
vivendo uma espiritualidade dinâmica, real e transformadora. A experiência do
Espírito Santo nos leva da contemplação à ação, da admiração à missão.
- ARRINGTON,
French L. The Acts of the Apostles: An Exegetical Commentary. Grand Rapids:
Baker Academic, 1996.
- BEACON,
Comentário Bíblico. Atos dos Apóstolos. São Paulo: Vida Nova, 2008.
- BÍBLIA. Bíblia
de Estudo MacArthur. Tradução de João Ferreira de Almeida. São José dos Campos:
Thomas Nelson Brasil, 2009.
- BÍBLIA. Bíblia
de Estudo Pentecostal. São Paulo: CPAD, 2015.
- CHAMPLIN, R. The
Acts of the Apostles: Commentary. Nashville: Broadman Press, 2004.
- GILBERTO,
Antônio. Livro de Apoio Adulto: A Igreja em Jerusalém – Doutrina, Comunhão e
Fé: A Base para o Crescimento da Igreja em Meio às Perseguições. Rio de
Janeiro: CPAD, 2010.
- KEENER, Craig S.
Acts: An Exegetical Commentary. Grand Rapids: Baker Academic, 2012.
- MACCHIA, Frank
D. Baptism in the Spirit: A Pentecostal Theology of Encounter. Cleveland: CPT
Press, 1992.
- MENZIES, Robert
P. Empowered for Witness: The Spirit in the Mission of the Church. London:
T&T Clark, 2005.
- OSS, Douglas.
The Acts of the Apostles: A Theological Commentary. Nashville: B&H
Academic, 2010.
- PALMA, Anthony
D. Pentecostal Theology in Context. New York: Peter Lang, 2003.
- YONG, Amos.
Spirit-Word-Community: Theological Hermeneutics in Trinitarian Perspective.
Eugene: Wipf & Stock, 2002.
SINOPSE III
O Espírito Santo foi derramado sobre os gentios
como confirmação divina de que eles também fazem parte da Igreja.
AUXÍLIO BÍBLICO—TEOLÓGICO
“DEUS NÃO
FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS
‘Deus
mostrou-me que a nenhum homem chame comum ou imundo. Reconheço por verdade que
Deus não faz acepção de pessoas’. Há pessoas de certas nações que consideram os
habitantes de todas as outras um amontoado de raças inferiores. Outras, até
crentes, pensam que seu pequeno grupo é a esfera limitada do favor de Deus. O
racismo, ou preconceito racial, não pode ser adotado por crentes. Ninguém foi
consultado, antes de nascer, quanto à raça à qual gostaria de pertencer.
Portanto, não é base para alguém se orgulhar ou desprezar seu próximo. Deus ‘de
um só fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra’
(At 17.26). Nenhum cientista verá diferença entre amostras de sangue de pessoas
de todas as raças. Cristo veio oferecer a salvação a todos aqueles que creem,
independentemente de raça (Gl 3.28). A Igreja é uma fraternidade espiritual em
que não se reconhecem distinções dessa natureza. Todos somos um em Cristo.”
(PEARLMAN, Myer. Atos: Estudo do Livro de Atos e o Crescimento da Igreja
Primitiva. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.126).
CONCLUSÃO
A graça de Deus se manifestou
trazendo salvação a todas as pessoas (Tt 2.11). A missão da igreja na casa do
gentio Cornélio mostra como o amor de Deus pode alcançar todas a pessoas,
independentemente de cor e raça, que abrem o seu coração à poderosa mensagem da
cruz. Aqui também vemos que a fé evangélica não é algo subjetivo, mas marcada
pela ação e presença real do Espírito Santo na vida daquele que crer.
• A graça de
Deus se revela de forma concreta e transformadora. Como afirma Paulo em Tito
2.11, ela traz salvação a todas as pessoas, sem distinção. A experiência na
casa de Cornélio nos mostra que o amor de Deus não se limita a uma etnia,
cultura ou status social. Ele alcança todos aqueles que abrem o coração à
mensagem da cruz, demonstrando que a fé cristã é profundamente inclusiva e
universal. Observamos que esta não é uma fé abstrata ou meramente teórica. A
presença do Espírito Santo é real e ativa, visível na vida daqueles que creem.
No episódio de Cesareia, os gentios receberam o Espírito Santo, falaram em
línguas e glorificaram a Deus (At 10.44-46). Este “sinal” não apenas confirma a
autenticidade de sua fé, mas nos lembra que a fé evangélica sempre se manifesta
em ação e fruto, sendo acompanhada pelo poder sobrenatural de Deus. Além disso,
a missão da igreja se torna um exemplo de coragem e ousadia. Assim como Pedro
se dispôs a entrar na casa de um gentio, a igreja hoje é chamada a romper
barreiras culturais, sociais e pessoais, levando a Palavra a lugares e pessoas
que talvez consideremos distantes. A salvação não espera nossas conveniências;
ela exige compromisso e coragem pastoral para agir em nome do Evangelho. Ao
refletirmos sobre esta narrativa, devemos nos perguntar: nossa fé tem se
manifestado com ousadia e amor prático? Estamos permitindo que o Espírito Santo
nos conduza em ações visíveis de serviço e evangelização, ou limitamos o
alcance de Deus por nossa própria timidez e preconceito? O desafio de Cornélio
nos chama a alinhar crença, ação e presença do Espírito em nossas vidas. Finalmente,
fica claro que a mensagem de Atos 10 não é apenas histórica. Ela é viva e
atual. A graça de Deus continua alcançando aqueles que se arrependem e creem em
Cristo, e a Igreja é o canal dessa graça no mundo. Cada crente é convidado a
participar desse mover divino, experimentando pessoalmente a plenitude do
Espírito Santo, permitindo que a fé se manifeste em transformação real, tanto
na vida individual quanto na comunidade cristã ao redor. Podemos extrair três
aplicações práticas para a vida diária do cristão e da igreja:
1. Coragem para cumprir a
missão da igreja
O exemplo de Pedro indo à casa de Cornélio nos lembra que a missão do
Evangelho exige ousadia. Não devemos limitar a ação de Deus por preconceitos
culturais, sociais ou tradicionais. Cada cristão e cada igreja é chamado a
identificar pessoas ou grupos que estão “fora do círculo” de fé e a levar-lhes
a Palavra de forma prática e amorosa. Isso significa envolver-se ativamente no
evangelismo local, comunitário e global, confiando que Deus age através de
nossa disposição.
2. Reconhecer e valorizar
a ação do Espírito Santo na fé diária
Assim como os gentios receberam o Espírito Santo com sinais visíveis (At
10.44-46), nossa fé deve ser marcada pela ação real do Espírito. Devemos buscar
sensibilidade à direção divina, permitindo que o Espírito nos guie em oração,
decisões, louvor e serviço. A presença de Deus não é abstrata; ela deve
produzir frutos palpáveis: transformação pessoal, comunhão saudável e
testemunho impactante no dia a dia.
3. Compreender a
universalidade da graça e agir inclusivamente
O amor e a salvação de Deus não são exclusivos de um grupo ou etnia (At
10.34-35; Tt 2.11). Esta compreensão nos desafia a viver de forma inclusiva,
valorizando cada pessoa como objeto da graça divina. Na prática, isso significa
quebrar barreiras de preconceito dentro das comunidades cristãs, acolher novos
irmãos sem distinção e investir em relacionamentos que demonstrem a bondade de
Deus de forma concreta e transformadora.
Meu ministério aqui é um chamado do coração —
compartilhar o ensino da Palavra de Deus de forma livre e acessível, para que
você, irmão ou irmã em Cristo, possa crescer na fé e no conhecimento das
Escrituras, sem barreiras, com subsídios preparados por um Especialista em
Exegese Bíblica do Novo Testamento.
Todo
o material que ofereço é fruto de oração, estudo e dedicação, e está disponível
gratuitamente para que a luz do Evangelho alcance ainda mais vidas sedentas
pela verdade. Porém, para que essa missão continue firme, preciso da sua ajuda.
Chave
PIX: assis.shalom@gmail.com
Juntos, podemos fazer a diferença. Conto com você!
REVISANDO O CONTEÚDO
1. De
acordo com a lição, qual era o propósito da revelação feita a Cornélio?
A inclusão dos gentios à Igreja
do Senhor.
2. Para quem Pedro
levaria o Evangelho?
Pedro levaria as Boas-Novas do
Evangelho a um povo a quem para ele estava excluído do plano salvífico de Deus.
3. De acordo com a
lição, quais são os principais eixos que podemos perceber na pregação de Pedro
na casa de Cornélio?
Deus ama a todos, quer salvar a
todos e Cristo é o Senhor de todos.
4. Segundo a lição,
qual foi um dos fatos mais marcantes da Igreja Primitiva?
O Batismo no Espírito
experimentado pelos gentios na casa de Cornélio.
5. O que marcou o
Pentecostes Gentílico?
Foi marcado pela experiência do
Espírito. Em ambos os casos, foi um Pentecostes “visto” e “ouvido”.
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
UMA IGREJA HEBREIA NA CASA DE UM
ESTRANGEIRO
Querido(a) professor(a), a paz de
nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A lição desta semana aborda um dos
dilemas enfrentados pela igreja primitiva: como a igreja formada por cristãos
judeus lidaria com os gentios recém-convertidos? A experiência de Pedro com a revelação
em Jope, bem como a sua visita à casa de Cornélio para esclarecê-lo a respeito
do Evangelho, corroboram que a salvação pela graça não era uma bênção exclusiva
da nação judaica, mas que havia se manifestado a todas as pessoas (Tt 2.11). A
compreensão dessa verdade não foi fácil, pois o entendimento que os apóstolos
tinham até então era de que a promessa abraâmica estava restrita aos seus
descendentes conforme a carne. No entanto, a manifestação do Espírito na casa
de Cornélio é um marco na história da igreja primitiva e mostra o interesse de
Deus em chamar todos os povos para a comunhão do Espírito.
A forma didática como Pedro recebeu a
revelação divina antes de ir à casa de Cornélio mostra que nosso Senhor
precisava quebrar o preconceito religioso que ainda predominava na mente de
Pedro. Deus não faz acepção de pessoas e a manifestação do Espírito,
evidenciada pelas línguas estranhas faladas por Cornélio e sua família,
mostravam que não havia barreiras étnicas ou geográficas para o Senhor operar
(At 10.46).
De acordo com Lawrence O. Richards,
na obra Comentário Devocional da Bíblia, editada pela CPAD, “Pedro tinha sido
acompanhado por seis cristãos judeus. Posteriormente, o testemunho que eles
deram, de que o Espírito Santo realmente tinha sido dado aos gentios, foi
crucial para convencer a igreja de Jerusalém de que Cristo se estende a todos.
Novamente, vemos circunstâncias especiais para um evento incomum. Os gentios
deram evidência da presença do Espírito, falando em línguas. Posteriormente,
Pedro relacionou isso com a experiência do Pentecostes. Como os gentios tinham
recebido o mesmo dom que foi dado aos crentes judeus, obviamente eles foram
aceitos por Deus. Assim, ‘quem era, então, eu, para que pudesse resistir a
Deus?’ (At 11.17). Quando houve a necessidade de convencer uma igreja judaica
cética de que Deus pretendia receber os convertidos gentios, foi dado um sinal
especial. Nós não precisamos ser convencidos — ou não deveríamos. Nós sabemos,
pelas Escrituras, que todos os que professam a Cristo como Salvador, quaisquer
que sejam seus antecedentes, pertencem a Ele conosco” (2012, p.734). Este
evento que impressionou a igreja primitiva revela a graça de Deus para salvar e
a operação do Espírito quando há barreiras em nosso entendimento. Atos nos mostra
a multiforme graça de Deus alcançando os mais distantes pecadores para salvação
(1Tm 2.3,4).