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15 de setembro de 2025

EBD ADULTOS | Lição 12: O Caráter Missionário da Igreja de Jerusalém| 3° Trim 2025

 

Pb Francisco Barbosa (@Pbassis)

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TEXTO ÁUREO

E havia entre eles alguns varões de Chipre e de Cirene, os quais, entrando em Antioquia, falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus.” (At 11.20).

UMA EXEGÉSE DO TEXTO PRINCIPAL:

• 👉 Alguns... de Chipre e de Cirene. Veja nota em 6.9; 13.4. gregos. Cf. 6.19.29. Judeus de fala grega. O capítulo 11 mostra a expansão do evangelho além dos limites judaicos. Até então, a maioria dos cristãos falava de Cristo apenas aos judeus (At 11.19). Mas aqui, em Antioquia, uma cidade cosmopolita, centro cultural e comercial do mundo greco-romano, acontece algo novo: o evangelho é proclamado diretamente aos gentios (“gregos”). O texto não fala de apóstolos nem grandes líderes conhecidos, mas de “alguns varões de Chipre e de Cirene”. Eram crentes comuns, não nomeados, mas cheios de fé e ousadia. Isso revela que a missão não depende apenas das figuras centrais, mas da ação de todo o povo de Deus. Eles “anunciavam o Senhor Jesus” (euangelizomenoi ton Kyrion Iēsoun). O foco não era uma tradição judaica ou cultural, mas a pessoa de Jesus como Senhor, título de autoridade e divindade, usado em contraste com César, que também era chamado de “Senhor” no mundo romano. A proclamação é cristocêntrica e confessional. A decisão de falar aos gregos marca uma ruptura histórica: o evangelho não é restrito a Israel, mas é para todas as nações. Aqui vemos o cumprimento de Atos 1.8: “até os confins da terra”. Esse texto nos ensina que:

- O evangelho rompe barreiras culturais e sociais, ninguém está excluído da mensagem de Cristo.

- Deus usa pessoas comuns, sem nome e sem fama, para realizar feitos eternos. O anonimato humano não impede a eficácia da obra divina.

- Nossa missão hoje, como aqueles irmãos de Chipre e de Cirene, é anunciar “o Senhor Jesus” com ousadia, no nosso trabalho, escola, família e redes sociais.

Assim como esses irmãos anônimos levaram Cristo a Antioquia, nós somos chamados a ser instrumentos para que a luz do evangelho alcance aqueles que ainda não ouviram. A pergunta é: quem ouvirá sobre Jesus através da minha vida esta semana?

 

VERDADE PRÁTICA

Faz parte da missão da Igreja a evangelização de povos não alcançados.

ENTENDA A VERDADE PRÁTICA:

• 👉 A missão da Igreja não é opcional: somos chamados a romper fronteiras, atravessar culturas e levar o nome de Jesus até os povos que ainda vivem sem jamais ter ouvido o evangelho.

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Atos 11.19-30.

19. E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra senão somente aos judeus.

• 👉 Os primeiros cristãos dispersos após a morte de Estêvão iam evangelizando judeus, mas em Antioquia, missionários de Chipre e Cirene começaram a pregar também aos gentios, resultando em expressiva conversão e crescimento da igreja

20. E havia entre eles alguns varões de Chipre e de Cirene, os quais, entrando em Antioquia, falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus.

• 👉 Alguns... de Chipre e de Cirene. Veja 6.9; 13.4. gregos. Cf. 6.19.29. Judeus de fala grega

21. E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor.

• 👉 mão do Senhor. Isso se refere ao poder de Deus expresso em juízo (cf. Êx 9.33; Dt 2.1 5: Js 4.24; 1Sm 5.6; 7.13) e bênção (Ed 7.9; 8.18; Me 2.8,18). Aqui se refere à bênção.

22. E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé até Antioquia,

• 👉 Enviado por Jerusalém para verificar o avivamento, Barnabé se alegrou ao ver a graça de Deus, animou os novos crentes a perseverarem e, cheio do Espírito e de fé, contribuiu para que mais pessoas se unissem ao Senhor

23. o qual, quando chegou e viu a graça de Deus, se alegrou e exortou a todos a que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor.

24. Porque era homem de bem e cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor.

25. E partiu Barnabé para Tarso, a buscar Saulo; e, achando-o, o conduziu para Antioquia.

• 👉 Barnabé foi a Tarso buscar Saulo, com quem permaneceu em Antioquia por um ano, ensinando muitos. Nessa cidade, os discípulos foram chamados de “cristãos” pela primeira vez

26. E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja e ensinaram muita gente. Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos.

• 👉 cristãos. Termo escarnecedor que significa "do partido de Cristo". Cf. 26.28; 1Pe4.16.

27. Naqueles dias, desceram profetas de Jerusalém para Antioquia.

• 👉 Profetas de Jerusalém, liderados por Ágabo, previram uma grande fome nos tempos do imperador Cláudio. A igreja em Antioquia reagiu generosamente, coletando e enviando ajuda aos irmãos em Jerusalém, por meio de Barnabé e Saulo

28. E, levantando-se um deles, por nome Ágabo, dava a entender, pelo Espírito, que haveria uma grande fome em todo o mundo, e isso aconteceu no tempo de Cláudio César.

• 👉 Agabo. Um dos profetas de Jerusalém que, anos mais tarde, desempenhou papel importante no ministério de Paulo (21.10-11). grande fome. Vários escritores antigos (Tácito [Anais XI.43]; Josefo [Antiguidades XX.ii.5! e Suetônio [Cláudio 181) afirmam a ocorrência de grandes fomes em Israel 45-46 d.C. todo o mundo. A fome se estendeu além da região da Palestina. Cláudio. Imperador de Roma (41-54 d.C).

29. E os discípulos determinaram mandar, cada um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na Judeia.

30. O que eles com efeito fizeram, enviando-o aos anciãos por mão de Barnabé e de Saulo.

• 👉 presbíteros. Essa é a primeira vez que são mencionados homens na função de pastores-supervisores das igrejas (15.4,6,22-23; 16.4; 21.18); ou seja, a pluralidade de homens responsáveis pela liderança da igreja (ITm 3.1-7; Tt 1.5-9). Desde cedo eles começaram a ocupar a função de liderança nas igrejas, fazendo a transição dos apóstolos e profetas, que foram fundamentais (cf. Ef 2.20; 4.11).

 

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INTRODUÇÃO

Como o evangelho alcançou Antioquia, uma importante cidade da Síria dentro do Império Romano? Conhecer esse fato é relevante porque, pela primeira vez, cristãos de Jerusalém levam a mensagem da cruz aos gentios fora das fronteiras de Israel. Com o ingresso do Evangelho na cidade de Antioquia, a igreja dava seu primeiro salto na missão transcultural. Nesta lição, estudaremos sobre como o “Ide” de Jesus é levado a sério por um grupo de cristãos refugiados, vítimas da perseguição que sobreviera a Estêvão em Jerusalém. Esses crentes, mesmo sendo leigos, possuíam uma forte consciência missionária. E, quando perseguidos, não escondiam sua fé, mas a compartilhavam apontando sempre para a cruz de Cristo. Esse é um belo exemplo de fé cristã que deve, não somente nos inspirar, mas, sobretudo, nos levar a agir como eles.

• 👉 Antioquia não foi escolhida por acaso. Localizada na Síria romana, era a terceira maior cidade do Império, centro cultural e comercial, onde correntes filosóficas e religiosas se cruzavam diariamente. Foi ali, nesse ambiente plural e pagão, que o evangelho rompeu fronteiras e alcançou os gentios pela primeira vez de forma consciente. O texto de Atos 11 nos mostra que a missão da Igreja não nasceu de um plano humano, mas do agir soberano de Deus em meio à perseguição. O que parecia tragédia após a morte de Estêvão tornou-se oportunidade para que a Palavra fosse espalhada além dos limites de Jerusalém. O detalhe surpreendente é que não foram apóstolos os primeiros a anunciar Cristo aos gentios, mas discípulos anônimos de Chipre e Cirene. O grego usado em Atos 11.20 diz que eles “falavam” (laleō) aos gregos, uma expressão que sugere conversa cotidiana, natural, simples. Não pregavam apenas em púlpitos, mas testemunhavam em praças, mercados e casas, sempre apresentando Jesus como Kyrios, o Senhor. Ao confessarem Cristo dessa forma, confrontavam diretamente o título imperial de César como “senhor”, anunciando que só Jesus possui autoridade final sobre céus e terra. Barnabé, enviado de Jerusalém para investigar esse movimento, ao ver a graça de Deus em Antioquia, “alegrou-se” (At 11.23). O verbo no original, echarē, mostra uma alegria espiritual, fruto da percepção do Espírito Santo em ação. Barnabé não apenas confirmou a autenticidade da obra, mas exortou os novos convertidos a permanecerem firmes no Senhor. É aqui que a narrativa destaca uma chave do crescimento: uma igreja missionária precisa de líderes cheios do Espírito e de fé, capazes de nutrir e discipular a nova geração de crentes. Um detalhe teológico profundo: foi em Antioquia que os discípulos foram chamados de “cristãos” pela primeira vez (At 11.26). A palavra vem do grego christianos, provavelmente usada de forma pejorativa pelos pagãos, significando “os do partido de Cristo”. Porém, esse apelido tornou-se título de honra. A identidade cristã não surgiu de uma autodenominação, mas do testemunho público que a igreja dava em meio à sociedade. Assim, a perseguição que tentou sufocar a fé, acabou gerando uma comunidade visível, distinta e fiel ao Senhor. Hoje, a lição é clara. A missão da igreja não é um departamento nem um projeto eventual, mas sua própria natureza. Somos chamados a viver como Antioquia: uma igreja que fala de Cristo em meio ao cotidiano, que rompe barreiras culturais, que discipula com alegria e que assume, sem medo, o nome de cristãos. A pergunta que fica para nossas igrejas locais é: será que estamos apenas preservando tradições dentro dos nossos templos ou temos sido Antioquias vivas, onde o mundo pode ver e ouvir que Jesus é o verdadeiro Senhor?

·          ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

·          CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2001.

·          FEE, Gordon D. Paulo, o Espírito e o Povo de Deus. São Paulo: Vida, 1996.

·          GILBERTO, Antônio. A Bíblia através dos Séculos. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.

·          KEENER, Craig S. The IVP Bible Background Commentary: New Testament. Downers Grove: InterVarsity Press, 1993.

·          MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.

·          MENZIES, Robert P. Empowered for Witness: The Spirit in Luke-Acts. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1994.

·          OSS, Douglas A. “Acts.” In: ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (eds.). Life in the Spirit New Testament Commentary. Grand Rapids: Zondervan, 2003.

·          PALMA, Anthony D. A Teologia Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2000.

·          YONG, Amos. Who is the Holy Spirit? A Walk with the Apostles. Brewster: Paraclete Press, 2011.

·          Livro de Apoio Adulto. A Igreja em Jerusalém – Doutrina, Comunhão e Fé: A Base para o Crescimento da Igreja em Meio às Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.

·          Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

·          Comentário Bíblico Beacon. Kansas City: Beacon Hill Press, 2001.

Palavra-Chave:

MISSÃO

• 👉 Missão é o envio da Igreja por Deus para proclamar o Evangelho e viver o Reino de Deus, sendo instrumento ativo de transformação espiritual e social em todo o mundo.

 

I. UMA IGREJA COM CONSCIÊNCIA MISSIONÁRIA

1. O Evangelho para além da fronteira de Israel. Lucas abre essa seção de seu livro fazendo referência aos cristãos, “os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia” (At 11.19). Observamos que essa passagem bíblica faz um paralelo com Atos 8.1-4 onde narra o início da perseguição em Jerusalém que gerou a dispersão cristã. Assim como Filipe, que em razão da perseguição levou o Evangelho à cidade de Samaria, da mesma forma esses crentes, que também faziam parte desse grupo de cristãos perseguidos, levaram o Evangelho para além da fronteira de Israel.

• 👉 Uma igreja com consciência missionária não nasce em tempos de comodidade, mas em cenários de prova. Foi exatamente isso que aconteceu após o martírio de Estêvão. Lucas nos lembra que “os que foram dispersos pela perseguição… chegaram até a Fenícia, Chipre e Antioquia” (At 11.19). Aquilo que parecia derrota se transformou em vitória para o Reino. A perseguição não calou a voz da igreja, apenas espalhou suas sementes. O texto faz paralelo com Atos 8.1-4, onde a mesma dispersão levou Filipe a Samaria. A palavra usada para “dispersão” é diaspora, termo também empregado para os judeus espalhados pelo mundo. Aqui, ela ganha um novo sentido: não apenas judeus vivendo fora da terra, mas cristãos enviados involuntariamente como missionários de Cristo. O que os líderes religiosos pensavam ser uma forma de sufocar o movimento, Deus usou para espalhar o evangelho. É o mesmo princípio da cruz: da morte vem vida. Note o verbo usado por Lucas em Atos 11.19: eles “caminharam” (dielthon), indicando movimento contínuo. Esses irmãos não ficaram parados em lamentos, mas, enquanto iam, pregavam. Esse detalhe ecoa Atos 8.4: “os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a palavra”. O termo “anunciar” ali é euangelizō, de onde vem evangelizar. Ou seja, a evangelização era o estilo de vida da igreja, não apenas uma atividade formal. Mesmo sendo leigos, perseguidos e sem grandes recursos, carregavam no coração a consciência de que a missão de Jesus não pode ser interrompida. Teologicamente, isso revela um ponto essencial: a missão da igreja é obra do Espírito Santo. Não depende de condições favoráveis, mas do cumprimento do propósito divino. Como escreve Keener, “a perseguição foi o catalisador que lançou os crentes a novos horizontes missionários, mostrando que a soberania de Deus supera as intenções humanas” (KEENER, 1993, p. 331). A Antioquia, grande cidade gentílica, torna-se palco da primeira igreja multicultural, prenúncio de que o evangelho é para todos os povos. Aqui está o chamado pastoral: será que nossas igrejas têm essa mesma consciência missionária? Ou estamos tão centrados em nossas estruturas que perdemos o senso de urgência? Aqueles irmãos anônimos entenderam que a fé não se esconde. A missão começa no caminho, na rotina, nas conversas simples. Somos desafiados a viver como eles: proclamando Jesus não apenas dentro dos templos, mas a cada passo da vida. A pergunta que fica é direta: se hoje fôssemos dispersos, nossa fé se espalharia ou se apagaria?

·          ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

·          CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2001.

·          FEE, Gordon D. Paulo, o Espírito e o Povo de Deus. São Paulo: Vida, 1996.

·          GILBERTO, Antônio. A Bíblia através dos Séculos. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.

·          KEENER, Craig S. The IVP Bible Background Commentary: New Testament. Downers Grove: InterVarsity Press, 1993.

·          MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.

·          MENZIES, Robert P. Empowered for Witness: The Spirit in Luke-Acts. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1994.

·          OSS, Douglas A. “Acts.” In: ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (eds.). Life in the Spirit New Testament Commentary. Grand Rapids: Zondervan, 2003.

·          PALMA, Anthony D. A Teologia Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2000.

·          YONG, Amos. Who is the Holy Spirit? A Walk with the Apostles. Brewster: Paraclete Press, 2011.

·          Livro de Apoio Adulto. A Igreja em Jerusalém – Doutrina, Comunhão e Fé: A Base para o Crescimento da Igreja em Meio às Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.

·          Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

·          Comentário Bíblico Beacon. Kansas City: Beacon Hill Press, 2001.

 

2. Cristãos dispersados, mas conscientes de sua missão. Esses cristãos dispersados, após fugirem de uma perseguição feroz, não esconderam a sua fé. Aonde chegavam, anunciavam a Palavra de Deus (At 11.19,20). Foi assim que eles deram testemunho do Evangelho na Fenícia, Chipre e Antioquia. O que vemos são cristãos conscientes da missão de testemunhar de sua fé onde quer que estivessem. Eles haviam sido comissionados para isso (Mt 28.19; At 1.8). Somente cristãos participantes de uma igreja consciente de sua tarefa missionária age dessa forma. Eles não perdem o foco: anunciam o Senhor Jesus em qualquer tempo, lugar e circunstância.

• 👉 Os cristãos que fugiram da perseguição em Jerusalém poderiam ter se calado. O medo e a dor os acompanhavam. Contudo, em vez de esconderem sua fé, espalharam ainda mais a chama do Evangelho. Onde chegavam, anunciavam o Senhor Jesus, fosse na Fenícia, em Chipre ou em Antioquia (At 11.19-20). Eles entenderam que não era a fuga que definia sua identidade, mas a missão recebida do Ressuscitado. O verbo grego euangelizomai significa “proclamar as boas novas”. Esses irmãos não apenas falavam de Cristo; eles proclamavam a vitória do Cordeiro com a ousadia que só o Espírito Santo concede. Perceba algo precioso: a perseguição não apagou a missão, apenas a espalhou. O Espírito usou a dispersão como ferramenta para expandir a Palavra. Como diz o texto grego de Atos 1.8, ser testemunha (martyres) envolve disposição até o martírio. Aqueles crentes sabiam disso. Não eram pregadores ocasionais, mas discípulos conscientes de que haviam sido enviados pelo próprio Senhor. Quando a igreja compreende que missões não é uma opção, mas parte de sua identidade, ela não se deixa calar por circunstâncias. Como lembra Gordon Fee, “a presença do Espírito é sempre missionária; onde Ele está, o Evangelho é anunciado”. Há aqui uma exortação clara para nós hoje. Muitas igrejas modernas têm perdido o senso de urgência missionária. Mas os discípulos dispersos nos lembram de que a verdadeira igreja nasce para proclamar. Eles não tinham templos luxuosos, estratégias de marketing ou segurança institucional. Tinham apenas uma convicção: “ai de mim se não pregar o evangelho” (1Co 9.16). A missão, portanto, não depende de condições ideais, mas de corações ardendo pelo Senhor da seara. Isso nos leva a uma reflexão séria: como temos vivido em nossas comunidades locais? Temos transformado cada oportunidade em testemunho, ou nos contentamos com a fé guardada entre quatro paredes? Antônio Gilberto afirma que “a igreja que não evangeliza, morre espiritualmente”. Missão não é um programa da igreja, é a essência de sua existência. A fé que se cala diante da oposição não é fé bíblica. O desafio é sermos, como os de Antioquia, instrumentos do Espírito para que novos povos e culturas conheçam a Cristo. Hoje, o Senhor nos chama a retomar esse foco. Que cada crente compreenda que foi comissionado para anunciar Jesus em qualquer tempo, lugar e circunstância. A perseguição pode mudar a rota, mas nunca deve mudar a missão. Assim como a luz se espalha com mais intensidade quando a escuridão aumenta, também o testemunho da Igreja deve resplandecer nos dias mais difíceis. Somos chamados a ser, em nosso tempo, uma Antioquia viva, onde a Palavra rompe barreiras e transforma vidas para a glória de Deus.

                        ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

                        BEACON, F. (Ed.). Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.

                        CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado. São Paulo: Hagnos, 2002.

                        FEE, Gordon D. Paulo, o Espírito e o Povo de Deus. São Paulo: Vida, 1997.

                        GILBERTO, Antônio. Manual da Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 1980.

                        KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do Novo Testamento. São Paulo: Vida, 2014.

                        MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2017.

                        MENZIES, Robert P. Empowered for Witness: The Spirit in Luke-Acts. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1994.

                        YONG, Amos. The Spirit Poured Out on All Flesh: Pentecostalism and the Possibility of Global Theology. Grand Rapids: Baker Academic, 2005.

                        CPAD. Livro de Apoio Adulto: A Igreja em Jerusalém – Doutrina, Comunhão e Fé: A Base para o Crescimento da Igreja em Meio às Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

 

3. Cristãos leigos, mas capacitados pelo Espírito. Lucas destaca que dentre esses cristãos havia “alguns” que levaram o Evangelho para Antioquia, capital da Síria, uma cidade cosmopolita e uma das três cidades mais importantes do Império Romano (At 11.20). O texto deixa claro que foram esses cristãos “comuns” os fundadores da igreja de Antioquia, uma das mais relevantes e importantes do Novo Testamento (At 13.1-4). Eram cristãos anônimos e leigos. Eles não são contados entre os apóstolos, diáconos ou presbíteros. Contudo, eles foram usados por Deus para fundar aquele trabalho e foram bem-sucedidos porque “a mão do Senhor era com eles” (At 11.21), conforme Lucas destaca. Esse era o segredo que fez toda a diferença. O que fica em destaque, portanto, não era o ofício ou o cargo, mas a capacitação do Senhor. Os apóstolos eram extraordinários e os profetas excepcionais somente porque sobre eles também estava a mão do Senhor.

• 👉 A história da Igreja em Antioquia nos ensina algo precioso: Deus usa pessoas comuns para realizar feitos extraordinários. Lucas registra que “alguns” discípulos anunciaram o Evangelho naquela cidade cosmopolita e influente do Império Romano (At 11.20). Não eram apóstolos nem líderes reconhecidos. Eram irmãos anônimos, homens e mulheres do povo, que decidiram falar de Cristo em meio a uma cultura plural, cheia de deuses e filosofias. Antioquia não era um lugar fácil para a fé cristã, mas foi ali que uma das igrejas mais fortes do Novo Testamento nasceu. O detalhe é fascinante: aqueles crentes não fundaram Antioquia por causa de títulos ou cargos, mas porque “a mão do Senhor estava com eles” (At 11.21). No texto grego, a palavra usada é cheir Kyriou, indicando não apenas ajuda, mas a presença ativa e poderosa de Deus. Essa expressão aparece também no Antigo Testamento grego (Septuaginta) para falar da intervenção divina que conduz e sustenta o seu povo. Lucas deixa claro que a obra não dependeu da força humana, mas da capacitação sobrenatural. O verdadeiro segredo não estava neles, mas n’Aquele que os revestia. Esse fato desmonta um mito ainda presente em muitas igrejas: de que a expansão do Reino depende apenas de pregadores famosos ou líderes oficiais. O texto mostra o contrário. Os apóstolos foram fundamentais, sim, mas Antioquia nasceu pela fé simples e ousada de cristãos comuns. Craig Keener observa que “Lucas destaca o protagonismo dos anônimos, lembrando que o Espírito não é monopólio dos líderes, mas derramado sobre toda a comunidade” (At 2.17). Isso significa que cada crente, independentemente de posição, é chamado a ser instrumento do Senhor. O exemplo de Antioquia é uma convocação para a igreja atual. Quantos de nós estamos esperando reconhecimento, cargos ou oportunidades especiais para agir? Mas o Reino não pode esperar. O Espírito Santo já nos deu poder para testemunhar em qualquer lugar. Gordon Fee lembra que “onde o Espírito habita, a missão se torna inevitável”. Isso nos desafia a olhar para nossas comunidades e perguntar: estamos permitindo que apenas alguns falem, ou temos incentivado todo o corpo de Cristo a viver sua missão? Por fim, não podemos ignorar a aplicação prática. Se a mão do Senhor esteve sobre os discípulos anônimos em Antioquia, também pode estar sobre nós hoje. O que importa não é a visibilidade, mas a fidelidade. O Espírito continua chamando cristãos comuns para obras incomuns. A verdadeira pergunta é: estamos disponíveis? Que nossas igrejas sejam espaços onde cada membro entenda que foi capacitado pelo mesmo Senhor que transformou Antioquia em uma base missionária do cristianismo. O Deus que agiu ali continua agindo agora, e deseja usar você.

                        ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

                        BEACON, F. (Ed.). Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.

                        CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado. São Paulo: Hagnos, 2002.

                        FEE, Gordon D. Paulo, o Espírito e o Povo de Deus. São Paulo: Vida, 1997.

                        GILBERTO, Antônio. Manual da Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 1980.

                        KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do Novo Testamento. São Paulo: Vida, 2014.

                        MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2017.

                        MENZIES, Robert P. Empowered for Witness: The Spirit in Luke-Acts. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1994.

                        YONG, Amos. The Spirit Poured Out on All Flesh: Pentecostalism and the Possibility of Global Theology. Grand Rapids: Baker Academic, 2005.

                        CPAD. Livro de Apoio Adulto: A Igreja em Jerusalém – Doutrina, Comunhão e Fé: A Base para o Crescimento da Igreja em Meio às Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

 

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SINOPSE I

A Igreja de Jerusalém, mesmo dispersada, manteve seu compromisso de anunciar o Evangelho com ousadia.

AUXÍLIO BÍBLICO—TEOLÓGICO

DE JERUSALÉM À ANTIOQUIA DA SÍRIA

“Alguns destes primeiros missionários cristãos foram a Antioquia, cidade cerca de quatrocentos e oitenta quilômetros ao norte de Jerusalém. Sua importância política era devido ao fato de que servia como capital da província romana da Síria. Antioquia da Síria, a terceira maior cidade do Império Romano (depois de Roma e Alexandria), tornou-se a sede da expansão do cristianismo fora da Palestina e figurava significativamente nas missões cristãs aos gentios (At 13.1-3; 14.26-28; 15.22-35; 18.22).

A marcha do evangelho não para em Samaria e Cesareia. Alguns dos missionários evangelizam tão ao norte quanto a Fenícia (o atual Líbano); outros vão à ilha de Chipre, a pátria de Barnabé (At 11.19,20; cf. At 4.36). Isto significa que havia cristãos na ilha antes de que Paulo e Barnabé pregassem o evangelho lá (At 13.4-12). Outros missionários se aventuram indo muito mais ao norte, à cidade famosa de Antioquia, com uma população calculada em aproximadamente quinhentos mil habitantes (Marshall, 1980, p.201) e a comunidade judaica girando em torno de sessenta e cinco mil durante a era do Novo Testamento (George, 1994, p.170).” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2024, pp.687,688).

II. UMA IGREJA COM VISÃO TRANSCULTURAL

1. A cultura grega (helênica). A Bíblia nos conta que alguns cristãos que tinham sido espalhados pelo mundo chegaram a “Antioquia, falaram aos gregos” (At 11.20). Essa expressão, “falaram aos gregos”, é muito importante. De acordo com estudiosos, ela explica que esse foi o primeiro momento em que cristãos judeus falaram de Jesus para pessoas que não eram judias, adoravam outros deuses e não seguiam o Judaísmo. Isso mostra que a igreja começou a levar a mensagem de Jesus para além das fronteiras da Palestina, chegando a um mundo totalmente diferente, onde as pessoas não conheciam a fé judaica. Ou seja, não eram judeus que falavam grego pregando para outros judeus da mesma cultura, mas cristãos judeus que falavam grego levando o Evangelho a pessoas que não tinham nenhuma ligação com o Judaísmo. Dessa forma, o que Jesus havia ordenado — pregar o Evangelho a “toda criatura” (Mc 16.15) — começou a se cumprir.

• 👉 A narrativa em Atos 11 nos conduz a um dos momentos mais decisivos da história da Igreja: o Evangelho cruzando fronteiras culturais. Lucas relata que alguns discípulos, ao chegarem a Antioquia, “falaram também aos gregos, anunciando o Senhor Jesus” (At 11.20). Essa pequena frase carrega um peso imenso. Pela primeira vez, crentes judeus anunciaram Cristo diretamente a pessoas que não tinham vínculos com o judaísmo. Eram homens e mulheres mergulhados no mundo helênico, acostumados a adorar deuses estranhos e a viver sob uma cosmovisão totalmente diferente. Ainda assim, foi ali que a mensagem de Jesus encontrou espaço e gerou frutos. O termo grego usado por Lucas para “gregos” é Hellēnas, indicando pessoas gentias de cultura helênica. Isso marca um divisor de águas. Até então, a evangelização tinha alcançado judeus ou prosélitos ligados à sinagoga. Agora, porém, vemos o cumprimento real das palavras de Jesus em Marcos 16.15: “Pregai o Evangelho a toda criatura”. A boa notícia não estava mais restrita ao território da Palestina ou às tradições judaicas. O Espírito Santo estava abrindo portas para um mundo diverso, plural e desafiador. Esse foi o início de uma visão transcultural que moldaria toda a expansão missionária da Igreja. Antioquia não era apenas mais uma cidade. Era a terceira maior do Império Romano, centro de comércio, política e cultura, conhecida por seu cosmopolitismo e pela mistura de povos e ideias. Ali, onde o paganismo florescia, a mensagem do Cristo ressuscitado foi proclamada sem medo. Isso nos mostra que o Evangelho não depende de um ambiente favorável para frutificar. Ele é, por natureza, contracultural e transformador. Como ressalta Gordon Fee, o Espírito não limita o alcance da missão; ao contrário, rompe barreiras e conduz a Igreja a lugares inesperados. Esse avanço revela algo profundo: a Igreja só cumpre sua vocação quando deixa de olhar para si mesma e passa a enxergar o “outro”. A ordem de Jesus em Atos 1.8, de serem testemunhas “até os confins da terra”, não era uma metáfora, mas uma convocação real. Os discípulos que chegaram a Antioquia entenderam isso. Eles não se calaram diante das diferenças culturais ou religiosas. O verbo usado por Lucas, laleō (“falar”), indica uma comunicação direta, simples, sem formalidades, mas carregada de poder. Era o testemunho espontâneo de corações inflamados pela graça. Hoje, precisamos perguntar: nossas igrejas estão dispostas a atravessar fronteiras culturais? Estamos prontos para falar de Cristo a quem não compartilha nossa língua espiritual, nossa moralidade ou nossa visão de mundo? Antioquia nos desafia a ser uma igreja de visão transcultural, que não se acomoda ao conforto de falar apenas aos semelhantes. O Senhor continua chamando sua Igreja para proclamar, com coragem e amor, o mesmo Evangelho que um dia rompeu as barreiras do mundo helênico. O Deus que agiu em Antioquia deseja agir em nossas cidades e nações. O desafio é aceitar o chamado e abrir a boca, confiando que sua mão poderosa ainda está conosco.

ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

BEACON, F. (Ed.). Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.

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MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2017.

MENZIES, Robert P. Empowered for Witness: The Spirit in Luke-Acts. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1994.

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CPAD. Livro de Apoio Adulto: A Igreja em Jerusalém – Doutrina, Comunhão e Fé: A Base para o Crescimento da Igreja em Meio às Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

 

2. Contextualizando a mensagem. Podemos ver aqui um exemplo de como os primeiros cristãos adaptavam a mensagem ao contexto em que estavam. Lucas nos conta que eles “anunciavam o evangelho do Senhor Jesus” (At 11.20). O texto é curto e direto, mas esses cristãos estavam pregando para pessoas que não eram judias. Isso significa dizer que eles não podiam simplesmente usar o Antigo Testamento para provar que Jesus era o Messias prometido, porque isso não faria sentido para aquele público. Diferente dos judeus e samaritanos, que já esperavam um Messias (At 2.36; 5.42; 8.5; 9.22), os gentios não tinham essa mesma expectativa. Além disso, esses cristãos também não mencionam costumes judaicos, como a circuncisão, que Estêvão citou em seu discurso (At 7.51), porque isso não fazia parte da cultura dos gentios. Em vez de enfatizar que Jesus era o Messias, eles destacavam que Ele é o Senhor. Ou seja, estavam dizendo que os pagãos precisavam deixar seus falsos deuses e se voltar para o único e verdadeiro Senhor (At 14.15; 26.18,20). Dessa forma, sem comprometer a verdade da mensagem, o Evangelho foi se espalhando e alcançando diferentes culturas.

• 👉 Quando Lucas registra que alguns discípulos anunciaram “o Senhor Jesus” aos gregos em Antioquia, ele está destacando um ponto crucial. Esses homens estavam pregando a um público que não partilhava das Escrituras judaicas, nem da expectativa messiânica. Eles não podiam simplesmente abrir a Lei e os Profetas para provar que Jesus era o Cristo. A mensagem precisava ser anunciada de forma inteligível, sem perder a essência. Aqui aprendemos que o Evangelho não é um discurso engessado, mas uma verdade eterna que se veste de linguagem compreensível para cada povo e cultura. O detalhe é precioso: Lucas não diz que eles pregavam “o Messias” (christós), mas que anunciavam “o Senhor” (kýrios). No mundo greco-romano, essa palavra carregava peso. O título kýrios era usado para designar soberanos, senhores de escravos e até o próprio imperador. Proclamar que Jesus é o único Senhor era confrontar o coração idólatra daquela sociedade e afirmar que todos os outros “senhores” eram falsos e impotentes. O termo grego evangelizomai, usado no texto, aponta não apenas para comunicar boas notícias, mas para proclamar com autoridade divina a chegada de um novo Reino. Isso era mais do que discurso: era convocação à rendição diante do verdadeiro Rei. Observe também o contraste: enquanto Estêvão, em Jerusalém, confrontava os judeus apelando para a circuncisão e para a resistência ao Espírito (At 7.51), em Antioquia a mensagem exclui elementos da tradição judaica e vai direto ao ponto, abandonar os ídolos e voltar-se para o Deus vivo (At 14.15). Esse é o mesmo movimento que Paulo fará mais tarde em Listra e em Atenas. Isso mostra que a fidelidade ao Evangelho não significa rigidez cultural, mas a sabedoria de anunciar Cristo de forma que Ele seja compreendido como Salvador e Senhor em qualquer contexto. Aqui está uma lição poderosa para a Igreja de hoje. Assim como aqueles discípulos discerniram seu público, nós também precisamos discernir o nosso. Em nossas cidades, lidamos com pessoas que não conhecem a Bíblia, não compartilham nossa linguagem religiosa e muitas vezes têm aversão ao cristianismo institucional. Como a Igreja pode ser relevante? Não é diluindo a verdade, mas comunicando-a de forma clara, direta e bíblica. O conteúdo é imutável, Jesus é o Senhor, mas a forma de comunicar precisa alcançar o coração das pessoas com ousadia e graça. E aqui vem o chamado pastoral: será que nossas igrejas têm pregado o Evangelho de modo que o mundo ao nosso redor entenda? Ou ainda falamos como se estivéssemos em Jerusalém, quando já vivemos em Antioquia? O texto nos desafia a avaliar nossa prática missionária. Evangelizar não é repetir fórmulas prontas, mas encarnar a verdade do Evangelho em cada contexto cultural, sem abrir mão da centralidade de Cristo. A Antioquia de hoje pode estar na sua rua, no seu trabalho ou até mesmo dentro da sua casa. A pergunta é: você tem proclamado que Jesus é o Senhor em sua vida e no mundo que o cerca?

·          ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

·          BÍBLIA de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

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·          CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado: Versículo por Versículo. Vol. 3. São Paulo: Hagnos, 2001.

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·          GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.

·          KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do Novo Testamento. São Paulo: Vida, 2014.

·          MACCHIA, Frank D. Baptized in the Spirit. Grand Rapids: Zondervan, 2006.

·          OSS, Douglas A.; PALMA, Anthony D. Perspectivas Pentecostais da Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

·          YONG, Amos. The Spirit Poured Out on All Flesh. Grand Rapids: Baker Academic, 2005.

·          Livro de Apoio Adulto: A Igreja em Jerusalém - Doutrina, Comunhão e Fé: A Base Para o Crescimento da Igreja em Meio às Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.

 

SINOPSE II

Cristãos judeus pregaram aos gentios em Antioquia, contextualizando a mensagem sem perder sua essência.

AUXÍLIO BÍBLICO—TEOLÓGICO

A PREGAÇÃO TRANSCULTURAL DO EVANGELHO

“A maioria destes crentes dispersos pregava somente ‘aos judeus’ (v.19), mas alguns crentes de Chipre e Cirene dão um passo ousado e também pregam as boas-novas de Jesus ‘aos gregos’, isto é, aos gentios pagãos em Antioquia (v.20). Parece que eles alcançaram Antioquia numa época posterior do que aqueles que pregavam somente aos judeus. Algo pode ter acontecido durante o intervalo para torná-los tão corajosos e revolucionários, como o derramamento do Espírito Santo em Cesareia. Eles puseram em prática o que o Espírito levou Pedro a fazer com Cornélio e seus amigos.

A pregação do evangelho em Antioquia tem sucesso numérico, o qual é atribuído à ‘mão do Senhor’ (v.21). Quer dizer, Deus abençoa esse ministério e seu poder capacita os discípulos a trazerem muitos judeus e gentios daquela cidade à fé em Jesus Cristo. O ministério de Pedro tinha aberto as portas da Igreja aos gentios em Cesareia, mas a pregação do evangelho em Antioquia é o começo de um vigoroso esforço para evangelizar o mundo gentio.” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2024, p.688).

III. UMA IGREJA QUE FORMA DISCÍPULOS

1. A base do discipulado. Ao serem informados de que o Evangelho havia chegado a Antioquia (At 11.22), a partir de Jerusalém, os apóstolos enviaram Barnabé para lá. Chegando ali, Barnabé viu uma igreja viva e cheia da graça de Deus (At 11.23). Como um homem de bem e cheio do Espírito Santo, Barnabé os encorajou na fé (At 11.24). Contudo, logo se percebeu que aquela igreja precisava de mais instrução, ou seja, precisava ser discipulada. Com esse propósito, Barnabé foi em busca de Saulo para que o auxiliasse nesta missão. E assim foi feito: “E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja e ensinaram muita gente” (At 11.26). Esse episódio nos mostra que não basta ganhar almas, é preciso ensiná-las. Sem o ensino, a igreja não cresce em graça e conhecimento. O crescimento saudável só é possível por meio da obra da evangelização e do discipulado.

• 👉 Quando o Evangelho chegou a Antioquia, a notícia trouxe alegria, mas também responsabilidade. Os apóstolos, percebendo a importância daquele novo campo missionário, enviaram Barnabé. Lucas descreve Barnabé como um homem “cheio do Espírito Santo e de fé” (At 11.24), alguém capaz de reconhecer o mover de Deus e, ao mesmo tempo, conduzir a igreja na direção certa. Aqui vemos que o discipulado começa com a liderança piedosa que identifica o potencial de uma comunidade e se compromete com seu crescimento. Barnabé encontrou uma igreja viva, mas ainda em desenvolvimento espiritual. Havia zelo, havia fé, mas o conhecimento e a maturidade ainda precisavam ser cultivados. É nesse ponto que percebemos a distinção entre ganhar almas e formar discípulos. O grego usado por Lucas, paideuō, traduzido como “ensinar, instruir”, indica mais do que mera informação; trata-se de moldar caráter, doutrina e prática de vida cristã. É um discipulado intencional, que transforma não apenas a mente, mas também o coração e a ação diária do crente. A necessidade de ajuda levou Barnabé a buscar Saulo. Aqui surge uma lição essencial: o discipulado é colaborativo. Nenhum líder deve tentar sozinho. Juntos, Barnabé e Saulo dedicaram-se por um ano inteiro a ensinar e edificar aquela igreja (At 11.26). Este período de ensino contínuo e sistemático revela a importância de consistência e comprometimento. O Evangelho não se limita a um momento de entusiasmo; ele se consolida na prática diária de comunhão, oração, estudo da Palavra e aplicação. A narrativa deixa claro que crescimento saudável na igreja não depende de títulos, cargos ou carisma individual, mas da capacitação do Senhor. Lucas enfatiza a “mão do Senhor” sobre a obra (At 11.21), lembrando que o poder transformador vem do Espírito Santo. Assim, cada discípulo, seja leigo ou líder, é chamado a cooperar com Deus no processo de edificação, reconhecendo que a eficácia do ensino e do crescimento espiritual depende da graça divina. O chamado pastoral é direto: igrejas que desejam ver vidas transformadas devem investir em discipulado consistente. Não basta pregar ou evangelizar; é preciso ensinar, orientar, corrigir e encorajar. Cada cristão deve se perguntar: estou contribuindo para formar discípulos ou apenas multiplicando ouvintes? Antioquia nos mostra que discipulado é ação intencional, guiada pelo Espírito e sustentada pela Palavra. Aplicar essa verdade hoje significa comprometer-se com o crescimento espiritual de cada membro, reconhecendo que a Igreja só floresce quando vidas são formadas em Cristo e para Cristo.

·          ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

·          BÍBLIA de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

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·          Livro de Apoio Adulto: A Igreja em Jerusalém - Doutrina, Comunhão e Fé: A Base Para o Crescimento da Igreja em Meio às Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.

 

2. Denominados de “cristãos”. Os cristãos de Jerusalém haviam sido chamados na igreja de “irmãos” (At 1.16); “crentes” (At 2.44); “discípulos” (At 6.1) e “santos” (At 9.13). Também passaram a ser identificados tanto pelos de dentro da igreja como pelos de fora dela como aqueles que eram do “Caminho” (At 9.2; 19.9,23; 22.4; 24.14,22). Agora em Antioquia são chamados de “cristãos” (At 11.26). O termo “cristãos” tem o sentido de “pessoas de Cristo”.

• 👉 No início, os seguidores de Jesus eram conhecidos por vários nomes que refletiam sua identidade e prática. Em Jerusalém, eram chamados de irmãos (At 1.16), crentes (At 2.44), discípulos (At 6.1) e santos (At 9.13). Cada termo destacava um aspecto de sua vida comunitária, fé e compromisso com o Senhor. Esses títulos vinham de dentro da igreja, refletindo a percepção do corpo de Cristo sobre seus membros, e também de fora, como o termo “do Caminho” (At 9.2; 19.9,23; 22.4; 24.14,22), que indicava a nova postura de vida e a adesão radical ao Evangelho. Quando os cristãos chegaram a Antioquia, algo novo aconteceu: passaram a ser chamados de “cristãos” (At 11.26). A palavra grega Χριστιανός (Christianos) significa literalmente “pertencente a Cristo” ou “pessoas de Cristo”. Essa designação não era apenas um rótulo; expressava publicamente que eles estavam marcados por Cristo, que sua vida e identidade estavam irrevogavelmente ligadas a Ele. Não mais apenas seguidores discretos ou membros de uma comunidade interna, mas representantes visíveis de Cristo diante de um mundo que precisava conhecer o Salvador. O surgimento do termo revela também um fenômeno sociológico e teológico. Os gentios, ao perceberem o impacto do Evangelho, identificaram aqueles seguidores não pelo culto judaico ou por tradições, mas pelo modo como Cristo transformava suas vidas. Aqui se evidencia a ideia de testemunho visível: a fé não se esconde, ela se manifesta. O Evangelho, portanto, não é apenas um ensinamento teórico, mas algo que molda caráter, ética e convívio social, tornando o cristão um sinal vivo da presença de Deus no mundo. Essa mudança de identidade também nos desafia hoje. Ser chamado de cristão não é apenas receber um título ou frequentar uma igreja. É viver com integridade, compromisso e evidência prática da graça de Cristo. Assim como os primeiros cristãos em Antioquia, somos chamados a ser reconhecidos pelo mundo como pertencentes a Cristo, não por aparência ou tradição, mas pelo poder transformador do Espírito Santo. Cada ação, palavra e decisão deve refletir que pertencemos a Ele. Portanto, a designação “cristão” é tanto um privilégio quanto uma responsabilidade. Ensina que a igreja deve formar discípulos que sejam visíveis em sua fé, coerentes em sua conduta e convictos em seu testemunho. Ao nos reconhecermos como Χριστιανοί, devemos nos perguntar: minha vida evidencia que pertenço a Cristo? O mundo ao meu redor consegue identificar minha fé pela prática, pela santidade e pelo amor que reflete Jesus? Antioquia nos mostra que identidade e missão caminham juntas, e que ser chamado de cristão é, acima de tudo, ser moldado por Cristo e para Cristo.

·          ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

·          BÍBLIA de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

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·          CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado: Versículo por Verso. Vol. 3. São Paulo: Hagnos, 2001.

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·          Livro de Apoio Adulto: A Igreja em Jerusalém - Doutrina, Comunhão e Fé: A Base Para o Crescimento da Igreja em Meio às Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.

 

3. A identidade cristã. O que realmente define um cristão não é apenas um nome ou um rótulo, mas sim sua vida, sua fé e suas atitudes. Embora alguns estudiosos acreditem que o termo “cristão” tenha sido usado em Antioquia como uma forma de zombaria, a verdade é que aqueles seguidores de Jesus demonstravam um grande entusiasmo e dedicação, assim como os primeiros crentes que vieram da igreja de Jerusalém para pregar naquela cidade. O nome “cristão” aparece novamente na Bíblia em Atos 26.28 e 1 Pedro 4.16. Segundo a Bíblia, ser cristão significa crer em Jesus, abandonar o pecado e receber a salvação como um presente de Deus, dado pela sua graça.

• 👉 Ser chamado de cristão vai muito além de um título ou rótulo. O que realmente define um seguidor de Jesus é a vida transformada, a fé viva e as atitudes que refletem a presença de Cristo. Em Antioquia, esse nome começou a ser usado pela primeira vez para designar os discípulos de Jesus (At 11.26). Alguns estudiosos sugerem que poderia ter sido uma forma de zombaria, mas a história mostra que aqueles primeiros crentes irradiavam dedicação, entusiasmo e compromisso. Eles não estavam apenas aderindo a uma religião; estavam vivendo uma nova realidade, moldados pelo poder do Espírito Santo e pelo ensino que vieram de Jerusalém. O termo grego Χριστιανός (Christianos) significa literalmente “pertencente a Cristo”. Isso nos lembra que ser cristão é ser identificado por Cristo, não pelos costumes humanos ou por conveniências sociais. Em Atos 26.28, quando Festo testemunha a fé de Paulo, e em 1 Pedro 4.16, quando os crentes são exortados a não se envergonhar de sofrer por Cristo, vemos que essa identidade envolve fidelidade, coragem e testemunho diante do mundo. A vida cristã, portanto, é visível, coerente e não apenas teórica. Ser cristão também é viver a conversão como realidade contínua. O apóstolo Paulo nos lembra que a fé em Cristo não se limita a uma confissão inicial, mas se manifesta em abandono do pecado e crescimento constante na graça (Rm 6.1-14). Receber a salvação como presente de Deus significa permitir que Ele transforme pensamentos, hábitos e relacionamentos. A identidade cristã não se improvisa; ela é construída pela presença ativa do Espírito Santo e pela obediência diária à Palavra de Deus. Essa compreensão nos leva a um chamado pastoral direto. Ser chamado de cristão implica responsabilidade. Nossa vida deve mostrar ao mundo que pertencemos a Cristo através de atitudes de amor, perdão, santidade e serviço. Cada decisão, palavra e ação deve refletir a verdade da cruz. Assim como em Antioquia, nossa sociedade ao redor observa e percebe nossa fé pelos frutos que produzimos. O nome cristão, portanto, é um selo público de nossa relação com Jesus, e não um mero reconhecimento social. Portanto, a identidade cristã é simultaneamente privilégio e missão. Somos chamados a viver e demonstrar Cristo em tudo o que fazemos. Pergunte a si mesmo: minha vida evidencia que pertenço a Cristo? As pessoas ao meu redor reconhecem que minha fé molda meu caráter e minhas escolhas? Ser cristão significa ser continuamente transformado, visível e fiel, mantendo a integridade do Evangelho enquanto impactamos o mundo para a glória de Deus.

·          ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

·          BÍBLIA de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

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·          Livro de Apoio Adulto: A Igreja em Jerusalém - Doutrina, Comunhão e Fé: A Base Para o Crescimento da Igreja em Meio às Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.

 

 

SINOPSE III

A Igreja investiu no ensino e discipulado, consolidando a fé e a identidade cristã dos novos convertidos.

CONCLUSÃO

Aprendemos como a providência de Deus faz com que o Evangelho chegue, por meio da Igreja, a povos ainda não alcançados. O que se destaca não é uma metodologia sofisticada de evangelismo, mas a graça de Deus, que capacita pessoas simples e anônimas a realizarem a sua obra. Quem deseja fazer, Deus capacita. Ninguém jamais terá tudo de que precisa para cumprir a obra de Deus; no entanto, se Deus tiver tudo de nós, Ele nos habilitará a realizá-la.

• 👉 O que aprendemos é extraordinário: Deus conduz o Evangelho, por meio da Igreja, a lugares e pessoas que ainda não O conhecem, não pelo esforço humano, mas pela Sua providência e graça. Em Antioquia, por exemplo, não foram estrategistas experientes nem líderes renomados que iniciaram o trabalho missionário, mas cristãos comuns, cheios do Espírito, que se dispuseram a obedecer. Lucas registra que “a mão do Senhor estava com eles” (At 11.21), mostrando que o verdadeiro sucesso espiritual depende da capacitação divina, não de técnicas humanas ou de títulos eclesiásticos. O que sobressai não é uma metodologia sofisticada de evangelismo, mas o poder transformador de Deus que age através de pessoas simples. A palavra grega usada para “capacitar” ou “fortalecer” aqui é ἐνισχύω (enisýcho), que indica vigor interno conferido por Deus. Não é que os crentes possuam recursos próprios, mas que Deus lhes concede autoridade, sabedoria e coragem para realizar Sua obra. Cada ação humana, quando revestida pelo Espírito, transcende limitações naturais e toca vidas de maneira duradoura. Essa realidade nos desafia a refletir: Deus não espera perfeição nem plenitude em nós antes de agir. Ninguém terá jamais tudo de que poderia necessitar para cumprir a obra divina. Mas, se entregarmos integralmente nossas mãos, corações e talentos, Deus nos habilitará plenamente. Como Paulo afirmou em 2 Coríntios 3.5, a nossa competência vem de Deus, e não de nós mesmos. Cada cristão é, portanto, um canal da graça, chamado a obedecer e a confiar que o Senhor fará o impossível através de sua vida. Viver essa verdade nos conduz a uma confiança radical. A obra de Deus na Igreja não depende de estratégias humanas perfeitas, mas da disposição de pessoas comuns a serem usadas por Ele. O Evangelho se espalha quando nossas limitações se encontram com a suficiência divina. Deus escolhe vasos simples para demonstrar Sua glória, revelando que o Seu poder se aperfeiçoa na fraqueza humana (2 Co 12.9). Assim, cada cristão é convocado a permitir que a mão do Senhor o guie, capacite e fortaleça na missão de expandir o Reino. Portanto, a lição é clara e transformadora: a graça de Deus nos capacita, e a missão depende da nossa entrega, não da nossa perfeição. Quando confiamos n’Ele e nos disponibilizamos, mesmo os passos mais simples tornam-se instrumentos de impacto eterno. O Evangelho alcança corações e culturas, ultrapassa barreiras e cumpre a promessa de Cristo de que toda a terra ouvirá Sua mensagem (Mc 16.15). Diante desta preciosa lição, nos resta deixar três aplicações práticas para a vida do cristão:

  1. Avalie sua disposição: Deus pode usar qualquer pessoa que esteja pronta a obedecer. Pergunte-se se você está disponível para ser instrumento nas mãos do Senhor, mesmo sem recursos ou autoridade formal.
  2. Confie na capacitação divina: Ao enfrentar limitações, lembre-se de que Deus fortalece e equipa aqueles que se entregam a Ele. A sua fraqueza é terreno para o poder de Deus se manifestar.
  3. Priorize obediência e fidelidade: Mais importante do que habilidade ou estratégia é a prontidão de obedecer ao chamado de Deus e perseverar na obra do Evangelho, seja em pequenos atos de serviço ou grandes missões.

 

Meu ministério aqui é um chamado do coração — compartilhar o ensino da Palavra de Deus de forma livre e acessível, para que você, irmão ou irmã em Cristo, possa crescer na fé e no conhecimento das Escrituras, sem barreiras, com subsídios preparados por um Especialista em Exegese Bíblica do Novo Testamento.

          Todo o material que ofereço é fruto de oração, estudo e dedicação, e está disponível gratuitamente para que a luz do Evangelho alcance ainda mais vidas sedentas pela verdade. Porém, para que essa missão continue firme, preciso da sua ajuda.

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Juntos, podemos fazer a diferença. Conto com você!

 

REVISANDO O CONTEÚDO

1. Qual era o foco dos cristãos que foram dispersados?

Anunciar o Senhor Jesus em qualquer tempo, lugar e circunstância.

2. Como era a cidade de Antioquia?

Antioquia era uma cidade cosmopolita, capital da Síria e uma das três mais importantes do Império Romano, com forte influência helênica.

3. Como os primeiros cristãos contextualizavam a mensagem do Evangelho para os gentios?

Eles não usavam o Antigo Testamento para provar que Jesus era o Messias prometido, nem mencionavam costumes judaicos, mas enfatizavam que Jesus era o Senhor.

4. O que o episódio de Atos 11.22,23,24,26 mostra?

Esse episódio nos mostra que não basta ganhar almas, é preciso ensiná-las; sem o ensino a igreja não cresce em graça e conhecimento.

5. Qual é o sentido do termo “cristão”?

O termo “cristão” tem o sentido de “pessoa de Cristo” e se refere à identidade daqueles que seguem, creem e vivem de acordo com os ensinamentos de Jesus.

 

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO

O CARÁTER MISSIONÁRIO DA IGREJA DE JERUSALÉM

Querido(a) professor(a), a gloriosa paz do Senhor! A lição desta semana destaca a consciência missionária que havia nos cristãos de Antioquia da Síria. A história nos conta que esta igreja funcionou durante muitos anos como a igreja base das missões realizadas em regiões fora da Palestina. Uma das características que se destacava nesta igreja era a intrepidez dos irmãos para testemunhar o Evangelho, apesar do pouco conhecimento que possuíam sobre as verdades fundamentais da graça. Mesmo assim, Deus usou o entusiasmo deles e o seu compromisso com as Escrituras Sagradas para fundar uma das igrejas mais importantes do mundo antigo (At 11.21).

A partir do relato de Atos dos Apóstolos, podemos observar o modo maravilhoso como Deus opera para alcançar vidas. Não foram os cargos do apostolado nem mesmo o profundo conhecimento de Paulo que fizeram da igreja de Antioquia um grande instrumento nas mãos de Deus, mas o amor pelas vidas. Os irmãos daquela igreja pregavam porque desejam cumprir o que foi ordenado por nosso Senhor: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15). Não havia a intenção, por parte desses irmãos, de distinguir judeus de gentios, mas apenas o desejo de cumprir a missão de anunciar a salvação por meio de Jesus Cristo.

O pastor Olinto de Oliveira, na obra Missões: a Hora Chegou, editada pela CPAD, ressalta que a igreja atual deve ter o mesmo compromisso com a pregação do Evangelho. “No exercício de uma vida cristã comprometida em ser como o Senhor Jesus, não existe dicotomia de propósitos, ou seja, não existe o que é meu e o que é do Senhor. Tudo é dEle e para Ele! ‘Porque dele, e por Ele, e para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!’ (Rm 11.36). Quando encarnamos essa realidade na sua totalidade, então viveremos uma vida completamente dedicada à obra de proclamação do Evangelho. Essa foi a lição de vida deixada pelo Senhor Jesus a ser seguida, como também os seus apóstolos e todos aqueles que serviram a Deus por fé antes do Novo Testamento à espera da chegada do Messias. Se queremos ser parecidos com o Senhor Jesus, temos que cultivar essa sensibilidade de sentir com o sentimento de Deus a necessidade que o mundo vive de conhecer a verdade que liberta. Quando esse sentimento for para nós o que foi em Jesus, estaremos totalmente absorvidos pela missão de anunciar a todos a mensagem salvadora da cruz” (2020, pp.52,53,55). Que nestes últimos dias, tenhamos a mesma consciência missionária que havia em nossos irmãos de Antioquia da Síria, pois nosso Senhor está prestes a voltar!