Pb Francisco Barbosa (@Pbassis)
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TEXTO ÁUREO
“E havia
entre eles alguns varões de Chipre e de Cirene, os quais, entrando em
Antioquia, falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus.” (At 11.20).
UMA EXEGÉSE DO TEXTO PRINCIPAL:
• 👉 Alguns... de Chipre e de Cirene. Veja nota em 6.9;
13.4. gregos. Cf. 6.19.29. Judeus de fala grega. O capítulo 11 mostra
a expansão do evangelho além dos limites judaicos. Até então, a maioria dos
cristãos falava de Cristo apenas aos judeus (At 11.19). Mas aqui, em Antioquia,
uma cidade cosmopolita, centro cultural e comercial do mundo greco-romano,
acontece algo novo: o evangelho é proclamado diretamente aos gentios
(“gregos”). O texto não fala de apóstolos nem grandes líderes conhecidos, mas
de “alguns varões de Chipre e de Cirene”.
Eram crentes comuns, não nomeados, mas cheios de fé e ousadia. Isso revela que
a missão não depende apenas das figuras centrais, mas da ação de todo o povo de
Deus. Eles “anunciavam o Senhor Jesus”
(euangelizomenoi ton Kyrion Iēsoun). O foco não era uma tradição judaica ou
cultural, mas a pessoa de Jesus como Senhor, título de autoridade e divindade,
usado em contraste com César, que também era chamado de “Senhor” no mundo
romano. A proclamação é cristocêntrica e confessional. A decisão de falar aos
gregos marca uma ruptura histórica: o evangelho não é restrito a Israel, mas é
para todas as nações. Aqui vemos o cumprimento de Atos 1.8: “até os confins da terra”. Esse texto nos
ensina que:
- O evangelho rompe barreiras culturais e sociais, ninguém
está excluído da mensagem de Cristo.
- Deus usa pessoas comuns, sem nome e sem fama, para
realizar feitos eternos. O anonimato humano não impede a eficácia da obra
divina.
- Nossa missão hoje, como aqueles irmãos de Chipre e de
Cirene, é anunciar “o Senhor Jesus” com ousadia, no nosso trabalho, escola,
família e redes sociais.
Assim como esses irmãos anônimos levaram Cristo a Antioquia,
nós somos chamados a ser instrumentos para que a luz do evangelho alcance
aqueles que ainda não ouviram. A pergunta é: quem ouvirá sobre Jesus através da
minha vida esta semana?
VERDADE PRÁTICA
Faz parte da missão da Igreja a evangelização de povos não alcançados.
ENTENDA A VERDADE PRÁTICA:
• 👉 A missão da Igreja não é opcional: somos chamados a romper
fronteiras, atravessar culturas e levar o nome de Jesus até os povos que ainda
vivem sem jamais ter ouvido o evangelho.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Atos 11.19-30.
19. E os que foram dispersos pela perseguição
que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia,
não anunciando a ninguém a palavra senão somente aos judeus.
• 👉 Os primeiros cristãos dispersos após a morte de Estêvão iam
evangelizando judeus, mas em Antioquia, missionários de Chipre e Cirene
começaram a pregar também aos gentios, resultando em expressiva conversão e
crescimento da igreja
20. E havia entre eles alguns varões de
Chipre e de Cirene, os quais, entrando em Antioquia, falaram aos gregos,
anunciando o Senhor Jesus.
• 👉 Alguns... de Chipre e de Cirene. Veja 6.9; 13.4.
gregos. Cf. 6.19.29. Judeus de fala grega
21. E a mão do Senhor era com eles; e grande
número creu e se converteu ao Senhor.
• 👉 mão do Senhor. Isso se refere ao poder de Deus
expresso em juízo (cf. Êx 9.33; Dt 2.1 5: Js 4.24; 1Sm 5.6; 7.13) e bênção (Ed
7.9; 8.18; Me 2.8,18). Aqui se refere à bênção.
22. E chegou a fama destas coisas aos ouvidos
da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé até Antioquia,
• 👉 Enviado por Jerusalém para verificar o avivamento, Barnabé
se alegrou ao ver a graça de Deus, animou os novos crentes a perseverarem e,
cheio do Espírito e de fé, contribuiu para que mais pessoas se unissem ao
Senhor
23. o qual, quando chegou e viu a graça de
Deus, se alegrou e exortou a todos a que, com firmeza de coração, permanecessem
no Senhor.
24. Porque era homem de bem e cheio do
Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor.
25. E partiu Barnabé para Tarso, a buscar
Saulo; e, achando-o, o conduziu para Antioquia.
• 👉 Barnabé foi a Tarso buscar Saulo, com quem permaneceu em
Antioquia por um ano, ensinando muitos. Nessa cidade, os discípulos foram
chamados de “cristãos” pela primeira vez
26. E sucedeu que todo um ano se reuniram
naquela igreja e ensinaram muita gente. Em Antioquia, foram os discípulos, pela
primeira vez, chamados cristãos.
• 👉 cristãos. Termo escarnecedor que significa
"do partido de Cristo". Cf. 26.28; 1Pe4.16.
27. Naqueles dias, desceram profetas de
Jerusalém para Antioquia.
• 👉 Profetas de Jerusalém, liderados por Ágabo, previram uma
grande fome nos tempos do imperador Cláudio. A igreja em Antioquia reagiu
generosamente, coletando e enviando ajuda aos irmãos em Jerusalém, por meio de
Barnabé e Saulo
28. E, levantando-se um deles, por nome
Ágabo, dava a entender, pelo Espírito, que haveria uma grande fome em todo o
mundo, e isso aconteceu no tempo de Cláudio César.
• 👉 Agabo. Um dos profetas de Jerusalém
que, anos mais tarde, desempenhou papel importante no ministério de Paulo
(21.10-11). grande fome. Vários escritores antigos (Tácito [Anais XI.43];
Josefo [Antiguidades XX.ii.5! e Suetônio [Cláudio 181) afirmam a ocorrência de
grandes fomes em Israel 45-46 d.C. todo o mundo. A fome se estendeu além da
região da Palestina. Cláudio. Imperador de Roma (41-54 d.C).
29. E os discípulos determinaram mandar, cada
um conforme o que pudesse, socorro aos irmãos que habitavam na Judeia.
30. O que eles com efeito fizeram, enviando-o
aos anciãos por mão de Barnabé e de Saulo.
• 👉 presbíteros. Essa é a primeira vez que são
mencionados homens na função de pastores-supervisores das igrejas
(15.4,6,22-23; 16.4; 21.18); ou seja, a pluralidade de homens responsáveis pela
liderança da igreja (ITm 3.1-7; Tt 1.5-9). Desde cedo eles começaram a ocupar a
função de liderança nas igrejas, fazendo a transição dos apóstolos e profetas,
que foram fundamentais (cf. Ef 2.20; 4.11).
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INTRODUÇÃO
Como o evangelho alcançou Antioquia, uma importante cidade da
Síria dentro do Império Romano? Conhecer esse fato é relevante porque, pela
primeira vez, cristãos de Jerusalém levam a mensagem da cruz aos gentios fora
das fronteiras de Israel. Com o ingresso do Evangelho na cidade de Antioquia, a
igreja dava seu primeiro salto na missão transcultural. Nesta lição,
estudaremos sobre como o “Ide” de Jesus é levado a sério por um grupo de
cristãos refugiados, vítimas da perseguição que sobreviera a Estêvão em
Jerusalém. Esses crentes, mesmo sendo leigos, possuíam uma forte consciência
missionária. E, quando perseguidos, não escondiam sua fé, mas a compartilhavam
apontando sempre para a cruz de Cristo. Esse é um belo exemplo de fé cristã que
deve, não somente nos inspirar, mas, sobretudo, nos levar a agir como eles.
• 👉 Antioquia não
foi escolhida por acaso. Localizada na Síria romana, era a terceira maior
cidade do Império, centro cultural e comercial, onde correntes filosóficas e
religiosas se cruzavam diariamente. Foi ali, nesse ambiente plural e pagão, que
o evangelho rompeu fronteiras e alcançou os gentios pela primeira vez de forma
consciente. O texto de Atos 11 nos mostra que a missão da Igreja não nasceu de
um plano humano, mas do agir soberano de Deus em meio à perseguição. O que
parecia tragédia após a morte de Estêvão tornou-se oportunidade para que a
Palavra fosse espalhada além dos limites de Jerusalém. O detalhe surpreendente
é que não foram apóstolos os primeiros a anunciar Cristo aos gentios, mas
discípulos anônimos de Chipre e Cirene. O grego usado em Atos 11.20 diz que
eles “falavam” (laleō) aos gregos, uma expressão que sugere conversa
cotidiana, natural, simples. Não pregavam apenas em púlpitos, mas testemunhavam
em praças, mercados e casas, sempre apresentando Jesus como Kyrios, o
Senhor. Ao confessarem Cristo dessa forma, confrontavam diretamente o título
imperial de César como “senhor”, anunciando que só Jesus possui autoridade
final sobre céus e terra. Barnabé, enviado de Jerusalém para investigar esse
movimento, ao ver a graça de Deus em Antioquia, “alegrou-se” (At 11.23). O
verbo no original, echarē, mostra uma alegria espiritual, fruto da
percepção do Espírito Santo em ação. Barnabé não apenas confirmou a
autenticidade da obra, mas exortou os novos convertidos a permanecerem firmes
no Senhor. É aqui que a narrativa destaca uma chave do crescimento: uma igreja
missionária precisa de líderes cheios do Espírito e de fé, capazes de nutrir e
discipular a nova geração de crentes. Um detalhe teológico profundo: foi em
Antioquia que os discípulos foram chamados de “cristãos” pela primeira vez (At
11.26). A palavra vem do grego christianos, provavelmente usada de
forma pejorativa pelos pagãos, significando “os do partido de Cristo”. Porém,
esse apelido tornou-se título de honra. A identidade cristã não surgiu de uma
autodenominação, mas do testemunho público que a igreja dava em meio à
sociedade. Assim, a perseguição que tentou sufocar a fé, acabou gerando uma
comunidade visível, distinta e fiel ao Senhor. Hoje, a lição é clara. A missão
da igreja não é um departamento nem um projeto eventual, mas sua própria
natureza. Somos chamados a viver como Antioquia: uma igreja que fala de Cristo
em meio ao cotidiano, que rompe barreiras culturais, que discipula com alegria
e que assume, sem medo, o nome de cristãos. A pergunta que fica para nossas
igrejas locais é: será que estamos apenas preservando tradições dentro dos
nossos templos ou temos sido Antioquias vivas, onde o mundo pode ver e ouvir
que Jesus é o verdadeiro Senhor?
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ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário
Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
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CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado
Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2001.
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FEE, Gordon D. Paulo, o Espírito e o Povo de
Deus. São Paulo: Vida, 1996.
·
GILBERTO, Antônio. A Bíblia através dos Séculos.
Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
·
KEENER, Craig S. The IVP Bible Background
Commentary: New Testament. Downers Grove: InterVarsity Press, 1993.
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MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur.
São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.
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MENZIES, Robert P. Empowered for Witness: The
Spirit in Luke-Acts. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1994.
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OSS, Douglas A. “Acts.” In: ARRINGTON, French L.;
STRONSTAD, Roger (eds.). Life in the Spirit New Testament Commentary.
Grand Rapids: Zondervan, 2003.
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PALMA, Anthony D. A Teologia Pentecostal.
Rio de Janeiro: CPAD, 2000.
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YONG, Amos. Who is the Holy Spirit? A Walk with
the Apostles. Brewster: Paraclete Press, 2011.
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Livro de Apoio Adulto. A Igreja em Jerusalém
– Doutrina, Comunhão e Fé: A Base para o Crescimento da Igreja em Meio às
Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
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Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD,
1995.
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Comentário Bíblico Beacon. Kansas City: Beacon Hill
Press, 2001.
Palavra-Chave:
MISSÃO
• 👉 Missão é o envio da Igreja por
Deus para proclamar o Evangelho e viver o Reino de Deus, sendo instrumento
ativo de transformação espiritual e social em todo o mundo.
I. UMA IGREJA COM
CONSCIÊNCIA MISSIONÁRIA
1. O Evangelho para além da fronteira
de Israel. Lucas abre essa seção de seu
livro fazendo referência aos cristãos, “os que foram dispersos pela perseguição
que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia”
(At 11.19). Observamos que essa passagem bíblica faz um paralelo com Atos 8.1-4
onde narra o início da perseguição em Jerusalém que gerou a dispersão cristã.
Assim como Filipe, que em razão da perseguição levou o Evangelho à cidade de
Samaria, da mesma forma esses crentes, que também faziam parte desse grupo de
cristãos perseguidos, levaram o Evangelho para além da fronteira de Israel.
• 👉 Uma igreja com
consciência missionária não nasce em tempos de comodidade, mas em cenários de
prova. Foi exatamente isso que aconteceu após o martírio de Estêvão. Lucas nos
lembra que “os que foram dispersos pela perseguição… chegaram até a Fenícia,
Chipre e Antioquia” (At 11.19). Aquilo que parecia derrota se transformou em
vitória para o Reino. A perseguição não calou a voz da igreja, apenas espalhou
suas sementes. O texto faz paralelo com Atos 8.1-4, onde a mesma dispersão
levou Filipe a Samaria. A palavra usada para “dispersão” é diaspora,
termo também empregado para os judeus espalhados pelo mundo. Aqui, ela ganha um
novo sentido: não apenas judeus vivendo fora da terra, mas cristãos enviados
involuntariamente como missionários de Cristo. O que os líderes religiosos
pensavam ser uma forma de sufocar o movimento, Deus usou para espalhar o
evangelho. É o mesmo princípio da cruz: da morte vem vida. Note o verbo usado
por Lucas em Atos 11.19: eles “caminharam” (dielthon), indicando
movimento contínuo. Esses irmãos não ficaram parados em lamentos, mas, enquanto
iam, pregavam. Esse detalhe ecoa Atos 8.4: “os que andavam dispersos iam por
toda parte anunciando a palavra”. O termo “anunciar” ali é euangelizō,
de onde vem evangelizar. Ou seja, a evangelização era o estilo de vida da
igreja, não apenas uma atividade formal. Mesmo sendo leigos, perseguidos e sem
grandes recursos, carregavam no coração a consciência de que a missão de Jesus
não pode ser interrompida. Teologicamente, isso revela um ponto essencial: a
missão da igreja é obra do Espírito Santo. Não depende de condições favoráveis,
mas do cumprimento do propósito divino. Como escreve Keener, “a perseguição foi
o catalisador que lançou os crentes a novos horizontes missionários, mostrando
que a soberania de Deus supera as intenções humanas” (KEENER, 1993, p. 331). A
Antioquia, grande cidade gentílica, torna-se palco da primeira igreja
multicultural, prenúncio de que o evangelho é para todos os povos. Aqui está o
chamado pastoral: será que nossas igrejas têm essa mesma consciência
missionária? Ou estamos tão centrados em nossas estruturas que perdemos o senso
de urgência? Aqueles irmãos anônimos entenderam que a fé não se esconde. A
missão começa no caminho, na rotina, nas conversas simples. Somos desafiados a
viver como eles: proclamando Jesus não apenas dentro dos templos, mas a cada
passo da vida. A pergunta que fica é direta: se hoje fôssemos dispersos, nossa
fé se espalharia ou se apagaria?
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ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário
Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
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CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado
Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2001.
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FEE, Gordon D. Paulo, o Espírito e o Povo de
Deus. São Paulo: Vida, 1996.
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GILBERTO, Antônio. A Bíblia através dos Séculos.
Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
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KEENER, Craig S. The IVP Bible Background
Commentary: New Testament. Downers Grove: InterVarsity Press, 1993.
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MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur.
São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.
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MENZIES, Robert P. Empowered for Witness: The
Spirit in Luke-Acts. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1994.
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OSS, Douglas A. “Acts.” In: ARRINGTON, French L.;
STRONSTAD, Roger (eds.). Life in the Spirit New Testament Commentary.
Grand Rapids: Zondervan, 2003.
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PALMA, Anthony D. A Teologia Pentecostal.
Rio de Janeiro: CPAD, 2000.
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YONG, Amos. Who is the Holy Spirit? A Walk with
the Apostles. Brewster: Paraclete Press, 2011.
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Livro de Apoio Adulto. A Igreja em Jerusalém
– Doutrina, Comunhão e Fé: A Base para o Crescimento da Igreja em Meio às
Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
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Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD,
1995.
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Comentário Bíblico Beacon. Kansas City: Beacon Hill
Press, 2001.
2. Cristãos dispersados, mas
conscientes de sua missão. Esses
cristãos dispersados, após fugirem de uma perseguição feroz, não esconderam a
sua fé. Aonde chegavam, anunciavam a Palavra de Deus (At 11.19,20). Foi assim
que eles deram testemunho do Evangelho na Fenícia, Chipre e Antioquia. O que
vemos são cristãos conscientes da missão de testemunhar de sua fé onde quer que
estivessem. Eles haviam sido comissionados para isso (Mt 28.19; At 1.8).
Somente cristãos participantes de uma igreja consciente de sua tarefa
missionária age dessa forma. Eles não perdem o foco: anunciam o Senhor Jesus em
qualquer tempo, lugar e circunstância.
• 👉 Os cristãos
que fugiram da perseguição em Jerusalém poderiam ter se calado. O medo e a dor
os acompanhavam. Contudo, em vez de esconderem sua fé, espalharam ainda mais a
chama do Evangelho. Onde chegavam, anunciavam o Senhor Jesus, fosse na Fenícia,
em Chipre ou em Antioquia (At 11.19-20). Eles entenderam que não era a fuga que
definia sua identidade, mas a missão recebida do Ressuscitado. O verbo grego euangelizomai
significa “proclamar as boas novas”. Esses irmãos não apenas falavam de Cristo;
eles proclamavam a vitória do Cordeiro com a ousadia que só o Espírito Santo
concede. Perceba algo precioso: a perseguição não apagou a missão, apenas a
espalhou. O Espírito usou a dispersão como ferramenta para expandir a Palavra.
Como diz o texto grego de Atos 1.8, ser testemunha (martyres) envolve
disposição até o martírio. Aqueles crentes sabiam disso. Não eram pregadores
ocasionais, mas discípulos conscientes de que haviam sido enviados pelo próprio
Senhor. Quando a igreja compreende que missões não é uma opção, mas parte de
sua identidade, ela não se deixa calar por circunstâncias. Como lembra Gordon
Fee, “a presença do Espírito é sempre missionária; onde Ele está, o Evangelho é
anunciado”. Há aqui uma exortação clara para nós hoje. Muitas igrejas modernas
têm perdido o senso de urgência missionária. Mas os discípulos dispersos nos
lembram de que a verdadeira igreja nasce para proclamar. Eles não tinham
templos luxuosos, estratégias de marketing ou segurança institucional. Tinham
apenas uma convicção: “ai de mim se não pregar o evangelho” (1Co 9.16). A
missão, portanto, não depende de condições ideais, mas de corações ardendo pelo
Senhor da seara. Isso nos leva a uma reflexão séria: como temos vivido em
nossas comunidades locais? Temos transformado cada oportunidade em testemunho,
ou nos contentamos com a fé guardada entre quatro paredes? Antônio Gilberto
afirma que “a igreja que não evangeliza, morre espiritualmente”. Missão não é
um programa da igreja, é a essência de sua existência. A fé que se cala diante
da oposição não é fé bíblica. O desafio é sermos, como os de Antioquia,
instrumentos do Espírito para que novos povos e culturas conheçam a Cristo. Hoje,
o Senhor nos chama a retomar esse foco. Que cada crente compreenda que foi
comissionado para anunciar Jesus em qualquer tempo, lugar e circunstância. A
perseguição pode mudar a rota, mas nunca deve mudar a missão. Assim como a luz
se espalha com mais intensidade quando a escuridão aumenta, também o testemunho
da Igreja deve resplandecer nos dias mais difíceis. Somos chamados a ser, em
nosso tempo, uma Antioquia viva, onde a Palavra rompe barreiras e transforma
vidas para a glória de Deus.
ARRINGTON,
French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal do Novo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
BEACON,
F. (Ed.). Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
CHAMPLIN,
R. N. O Novo Testamento Interpretado. São Paulo: Hagnos, 2002.
FEE,
Gordon D. Paulo, o Espírito e o Povo de Deus. São Paulo: Vida, 1997.
GILBERTO,
Antônio. Manual da Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 1980.
KEENER,
Craig S. Comentário Bíblico do Novo Testamento. São Paulo: Vida, 2014.
MACARTHUR,
John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2017.
MENZIES,
Robert P. Empowered for Witness: The Spirit in Luke-Acts. Sheffield:
Sheffield Academic Press, 1994.
YONG,
Amos. The Spirit Poured Out on All Flesh: Pentecostalism and the Possibility
of Global Theology. Grand Rapids: Baker Academic, 2005.
CPAD.
Livro de Apoio Adulto: A Igreja em Jerusalém – Doutrina, Comunhão e Fé: A
Base para o Crescimento da Igreja em Meio às Perseguições. Rio de Janeiro:
CPAD, 2023.
3. Cristãos leigos, mas capacitados
pelo Espírito. Lucas destaca que dentre esses
cristãos havia “alguns” que levaram o Evangelho para Antioquia, capital da
Síria, uma cidade cosmopolita e uma das três cidades mais importantes do
Império Romano (At 11.20). O texto deixa claro que foram esses cristãos
“comuns” os fundadores da igreja de Antioquia, uma das mais relevantes e
importantes do Novo Testamento (At 13.1-4). Eram cristãos anônimos e leigos.
Eles não são contados entre os apóstolos, diáconos ou presbíteros. Contudo,
eles foram usados por Deus para fundar aquele trabalho e foram bem-sucedidos
porque “a mão do Senhor era com eles” (At 11.21), conforme Lucas destaca. Esse
era o segredo que fez toda a diferença. O que fica em destaque, portanto, não
era o ofício ou o cargo, mas a capacitação do Senhor. Os apóstolos eram
extraordinários e os profetas excepcionais somente porque sobre eles também
estava a mão do Senhor.
• 👉 A história da
Igreja em Antioquia nos ensina algo precioso: Deus usa pessoas comuns para
realizar feitos extraordinários. Lucas registra que “alguns” discípulos
anunciaram o Evangelho naquela cidade cosmopolita e influente do Império Romano
(At 11.20). Não eram apóstolos nem líderes reconhecidos. Eram irmãos anônimos,
homens e mulheres do povo, que decidiram falar de Cristo em meio a uma cultura
plural, cheia de deuses e filosofias. Antioquia não era um lugar fácil para a
fé cristã, mas foi ali que uma das igrejas mais fortes do Novo Testamento
nasceu. O detalhe é fascinante: aqueles crentes não fundaram Antioquia por
causa de títulos ou cargos, mas porque “a mão do Senhor estava com eles” (At
11.21). No texto grego, a palavra usada é cheir Kyriou, indicando não
apenas ajuda, mas a presença ativa e poderosa de Deus. Essa expressão aparece
também no Antigo Testamento grego (Septuaginta) para falar da intervenção
divina que conduz e sustenta o seu povo. Lucas deixa claro que a obra não
dependeu da força humana, mas da capacitação sobrenatural. O verdadeiro segredo
não estava neles, mas n’Aquele que os revestia. Esse fato desmonta um mito
ainda presente em muitas igrejas: de que a expansão do Reino depende apenas de
pregadores famosos ou líderes oficiais. O texto mostra o contrário. Os
apóstolos foram fundamentais, sim, mas Antioquia nasceu pela fé simples e
ousada de cristãos comuns. Craig Keener observa que “Lucas destaca o
protagonismo dos anônimos, lembrando que o Espírito não é monopólio dos
líderes, mas derramado sobre toda a comunidade” (At 2.17). Isso significa que
cada crente, independentemente de posição, é chamado a ser instrumento do
Senhor. O exemplo de Antioquia é uma convocação para a igreja atual. Quantos de
nós estamos esperando reconhecimento, cargos ou oportunidades especiais para
agir? Mas o Reino não pode esperar. O Espírito Santo já nos deu poder para
testemunhar em qualquer lugar. Gordon Fee lembra que “onde o Espírito habita, a
missão se torna inevitável”. Isso nos desafia a olhar para nossas comunidades e
perguntar: estamos permitindo que apenas alguns falem, ou temos incentivado
todo o corpo de Cristo a viver sua missão? Por fim, não podemos ignorar a
aplicação prática. Se a mão do Senhor esteve sobre os discípulos anônimos em
Antioquia, também pode estar sobre nós hoje. O que importa não é a
visibilidade, mas a fidelidade. O Espírito continua chamando cristãos comuns
para obras incomuns. A verdadeira pergunta é: estamos disponíveis? Que nossas
igrejas sejam espaços onde cada membro entenda que foi capacitado pelo mesmo Senhor
que transformou Antioquia em uma base missionária do cristianismo. O Deus que
agiu ali continua agindo agora, e deseja usar você.
ARRINGTON,
French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal do Novo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
BEACON,
F. (Ed.). Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
CHAMPLIN,
R. N. O Novo Testamento Interpretado. São Paulo: Hagnos, 2002.
FEE,
Gordon D. Paulo, o Espírito e o Povo de Deus. São Paulo: Vida, 1997.
GILBERTO,
Antônio. Manual da Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 1980.
KEENER,
Craig S. Comentário Bíblico do Novo Testamento. São Paulo: Vida, 2014.
MACARTHUR,
John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2017.
MENZIES,
Robert P. Empowered for Witness: The Spirit in Luke-Acts. Sheffield:
Sheffield Academic Press, 1994.
YONG,
Amos. The Spirit Poured Out on All Flesh: Pentecostalism and the Possibility
of Global Theology. Grand Rapids: Baker Academic, 2005.
CPAD.
Livro de Apoio Adulto: A Igreja em Jerusalém – Doutrina, Comunhão e Fé: A
Base para o Crescimento da Igreja em Meio às Perseguições. Rio de Janeiro:
CPAD, 2023.
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SINOPSE I
A Igreja de Jerusalém, mesmo
dispersada, manteve seu compromisso de anunciar o Evangelho com ousadia.
AUXÍLIO BÍBLICO—TEOLÓGICO
DE JERUSALÉM À ANTIOQUIA DA SÍRIA
“Alguns destes primeiros missionários
cristãos foram a Antioquia, cidade cerca de quatrocentos e oitenta quilômetros
ao norte de Jerusalém. Sua importância política era devido ao fato de que
servia como capital da província romana da Síria. Antioquia da Síria, a
terceira maior cidade do Império Romano (depois de Roma e Alexandria),
tornou-se a sede da expansão do cristianismo fora da Palestina e figurava
significativamente nas missões cristãs aos gentios (At 13.1-3; 14.26-28;
15.22-35; 18.22).
A marcha do evangelho não para em
Samaria e Cesareia. Alguns dos missionários evangelizam tão ao norte quanto a
Fenícia (o atual Líbano); outros vão à ilha de Chipre, a pátria de Barnabé (At
11.19,20; cf. At 4.36). Isto significa que havia cristãos na ilha antes de que
Paulo e Barnabé pregassem o evangelho lá (At 13.4-12). Outros missionários se
aventuram indo muito mais ao norte, à cidade famosa de Antioquia, com uma
população calculada em aproximadamente quinhentos mil habitantes (Marshall,
1980, p.201) e a comunidade judaica girando em torno de sessenta e cinco mil
durante a era do Novo Testamento (George, 1994, p.170).” (Comentário Bíblico
Pentecostal Novo Testamento. Volume 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2024,
pp.687,688).
II. UMA IGREJA COM VISÃO TRANSCULTURAL
1. A cultura grega (helênica). A Bíblia nos conta que alguns cristãos que
tinham sido espalhados pelo mundo chegaram a “Antioquia, falaram aos gregos”
(At 11.20). Essa expressão, “falaram aos gregos”, é muito importante. De acordo
com estudiosos, ela explica que esse foi o primeiro momento em que cristãos
judeus falaram de Jesus para pessoas que não eram judias, adoravam outros deuses
e não seguiam o Judaísmo. Isso mostra que a igreja começou a levar a mensagem
de Jesus para além das fronteiras da Palestina, chegando a um mundo totalmente
diferente, onde as pessoas não conheciam a fé judaica. Ou seja, não eram judeus
que falavam grego pregando para outros judeus da mesma cultura, mas cristãos
judeus que falavam grego levando o Evangelho a pessoas que não tinham nenhuma
ligação com o Judaísmo. Dessa forma, o que Jesus havia ordenado — pregar o
Evangelho a “toda criatura” (Mc 16.15) — começou a se cumprir.
• 👉 A narrativa em Atos 11 nos conduz a um dos momentos
mais decisivos da história da Igreja: o Evangelho cruzando fronteiras
culturais. Lucas relata que alguns discípulos, ao chegarem a Antioquia,
“falaram também aos gregos, anunciando o Senhor Jesus” (At 11.20). Essa pequena
frase carrega um peso imenso. Pela primeira vez, crentes judeus anunciaram
Cristo diretamente a pessoas que não tinham vínculos com o judaísmo. Eram
homens e mulheres mergulhados no mundo helênico, acostumados a adorar deuses
estranhos e a viver sob uma cosmovisão totalmente diferente. Ainda assim, foi
ali que a mensagem de Jesus encontrou espaço e gerou frutos. O termo grego
usado por Lucas para “gregos” é Hellēnas, indicando pessoas gentias de
cultura helênica. Isso marca um divisor de águas. Até então, a evangelização
tinha alcançado judeus ou prosélitos ligados à sinagoga. Agora, porém, vemos o
cumprimento real das palavras de Jesus em Marcos 16.15: “Pregai o Evangelho a
toda criatura”. A boa notícia não estava mais restrita ao território da
Palestina ou às tradições judaicas. O Espírito Santo estava abrindo portas para
um mundo diverso, plural e desafiador. Esse foi o início de uma visão
transcultural que moldaria toda a expansão missionária da Igreja. Antioquia não
era apenas mais uma cidade. Era a terceira maior do Império Romano, centro de
comércio, política e cultura, conhecida por seu cosmopolitismo e pela mistura
de povos e ideias. Ali, onde o paganismo florescia, a mensagem do Cristo
ressuscitado foi proclamada sem medo. Isso nos mostra que o Evangelho não
depende de um ambiente favorável para frutificar. Ele é, por natureza,
contracultural e transformador. Como ressalta Gordon Fee, o Espírito não limita
o alcance da missão; ao contrário, rompe barreiras e conduz a Igreja a lugares
inesperados. Esse avanço revela algo profundo: a Igreja só cumpre sua vocação
quando deixa de olhar para si mesma e passa a enxergar o “outro”. A ordem de
Jesus em Atos 1.8, de serem testemunhas “até os confins da terra”, não era uma
metáfora, mas uma convocação real. Os discípulos que chegaram a Antioquia
entenderam isso. Eles não se calaram diante das diferenças culturais ou
religiosas. O verbo usado por Lucas, laleō (“falar”), indica uma
comunicação direta, simples, sem formalidades, mas carregada de poder. Era o
testemunho espontâneo de corações inflamados pela graça. Hoje, precisamos
perguntar: nossas igrejas estão dispostas a atravessar fronteiras culturais?
Estamos prontos para falar de Cristo a quem não compartilha nossa língua
espiritual, nossa moralidade ou nossa visão de mundo? Antioquia nos desafia a
ser uma igreja de visão transcultural, que não se acomoda ao conforto de falar
apenas aos semelhantes. O Senhor continua chamando sua Igreja para proclamar,
com coragem e amor, o mesmo Evangelho que um dia rompeu as barreiras do mundo
helênico. O Deus que agiu em Antioquia deseja agir em nossas cidades e nações.
O desafio é aceitar o chamado e abrir a boca, confiando que sua mão poderosa
ainda está conosco.
ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário
Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
BEACON, F. (Ed.). Comentário Bíblico Beacon.
Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
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CPAD. Livro de Apoio Adulto: A Igreja em
Jerusalém – Doutrina, Comunhão e Fé: A Base para o Crescimento da Igreja em
Meio às Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.
2. Contextualizando a mensagem. Podemos ver aqui um exemplo de como os
primeiros cristãos adaptavam a mensagem ao contexto em que estavam. Lucas nos
conta que eles “anunciavam o evangelho do Senhor Jesus” (At 11.20). O texto é
curto e direto, mas esses cristãos estavam pregando para pessoas que não eram
judias. Isso significa dizer que eles não podiam simplesmente usar o Antigo
Testamento para provar que Jesus era o Messias prometido, porque isso não faria
sentido para aquele público. Diferente dos judeus e samaritanos, que já esperavam
um Messias (At 2.36; 5.42; 8.5; 9.22), os gentios não tinham essa mesma
expectativa. Além disso, esses cristãos também não mencionam costumes judaicos,
como a circuncisão, que Estêvão citou em seu discurso (At 7.51), porque isso
não fazia parte da cultura dos gentios. Em vez de enfatizar que Jesus era o
Messias, eles destacavam que Ele é o Senhor. Ou seja, estavam dizendo que os
pagãos precisavam deixar seus falsos deuses e se voltar para o único e
verdadeiro Senhor (At 14.15; 26.18,20). Dessa forma, sem comprometer a verdade
da mensagem, o Evangelho foi se espalhando e alcançando diferentes culturas.
• 👉 Quando Lucas
registra que alguns discípulos anunciaram “o Senhor Jesus” aos gregos em
Antioquia, ele está destacando um ponto crucial. Esses homens estavam pregando
a um público que não partilhava das Escrituras judaicas, nem da expectativa
messiânica. Eles não podiam simplesmente abrir a Lei e os Profetas para provar
que Jesus era o Cristo. A mensagem precisava ser anunciada de forma
inteligível, sem perder a essência. Aqui aprendemos que o Evangelho não é um
discurso engessado, mas uma verdade eterna que se veste de linguagem
compreensível para cada povo e cultura. O detalhe é precioso: Lucas não diz que
eles pregavam “o Messias” (christós), mas que anunciavam “o Senhor” (kýrios).
No mundo greco-romano, essa palavra carregava peso. O título kýrios era usado
para designar soberanos, senhores de escravos e até o próprio imperador.
Proclamar que Jesus é o único Senhor era confrontar o coração idólatra daquela
sociedade e afirmar que todos os outros “senhores” eram falsos e impotentes. O
termo grego evangelizomai, usado no texto, aponta não apenas para comunicar
boas notícias, mas para proclamar com autoridade divina a chegada de um novo
Reino. Isso era mais do que discurso: era convocação à rendição diante do
verdadeiro Rei. Observe também o contraste: enquanto Estêvão, em Jerusalém,
confrontava os judeus apelando para a circuncisão e para a resistência ao
Espírito (At 7.51), em Antioquia a mensagem exclui elementos da tradição
judaica e vai direto ao ponto, abandonar os ídolos e voltar-se para o Deus vivo
(At 14.15). Esse é o mesmo movimento que Paulo fará mais tarde em Listra e em
Atenas. Isso mostra que a fidelidade ao Evangelho não significa rigidez cultural,
mas a sabedoria de anunciar Cristo de forma que Ele seja compreendido como
Salvador e Senhor em qualquer contexto. Aqui está uma lição poderosa para a
Igreja de hoje. Assim como aqueles discípulos discerniram seu público, nós
também precisamos discernir o nosso. Em nossas cidades, lidamos com pessoas que
não conhecem a Bíblia, não compartilham nossa linguagem religiosa e muitas
vezes têm aversão ao cristianismo institucional. Como a Igreja pode ser
relevante? Não é diluindo a verdade, mas comunicando-a de forma clara, direta e
bíblica. O conteúdo é imutável, Jesus é o Senhor, mas a forma de comunicar
precisa alcançar o coração das pessoas com ousadia e graça. E aqui vem o
chamado pastoral: será que nossas igrejas têm pregado o Evangelho de modo que o
mundo ao nosso redor entenda? Ou ainda falamos como se estivéssemos em
Jerusalém, quando já vivemos em Antioquia? O texto nos desafia a avaliar nossa
prática missionária. Evangelizar não é repetir fórmulas prontas, mas encarnar a
verdade do Evangelho em cada contexto cultural, sem abrir mão da centralidade
de Cristo. A Antioquia de hoje pode estar na sua rua, no seu trabalho ou até
mesmo dentro da sua casa. A pergunta é: você tem proclamado que Jesus é o
Senhor em sua vida e no mundo que o cerca?
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ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico
Pentecostal: Novo Testamento. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
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BÍBLIA de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD,
1995.
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Versículo por Versículo. Vol. 3. São Paulo: Hagnos, 2001.
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Deus. São Paulo: Vida, 2007.
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GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática
Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
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Testamento. São Paulo: Vida, 2014.
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Grand Rapids: Zondervan, 2006.
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Pentecostais da Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
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YONG, Amos. The Spirit Poured Out on All
Flesh. Grand Rapids: Baker Academic, 2005.
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Livro de Apoio Adulto: A Igreja em Jerusalém -
Doutrina, Comunhão e Fé: A Base Para o Crescimento da Igreja em Meio às
Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
SINOPSE II
Cristãos judeus pregaram aos gentios
em Antioquia, contextualizando a mensagem sem perder sua essência.
AUXÍLIO BÍBLICO—TEOLÓGICO
A PREGAÇÃO TRANSCULTURAL DO EVANGELHO
“A maioria destes crentes dispersos
pregava somente ‘aos judeus’ (v.19), mas alguns crentes de Chipre e Cirene dão
um passo ousado e também pregam as boas-novas de Jesus ‘aos gregos’, isto é,
aos gentios pagãos em Antioquia (v.20). Parece que eles alcançaram Antioquia
numa época posterior do que aqueles que pregavam somente aos judeus. Algo pode
ter acontecido durante o intervalo para torná-los tão corajosos e
revolucionários, como o derramamento do Espírito Santo em Cesareia. Eles
puseram em prática o que o Espírito levou Pedro a fazer com Cornélio e seus
amigos.
A pregação do evangelho em Antioquia
tem sucesso numérico, o qual é atribuído à ‘mão do Senhor’ (v.21). Quer dizer,
Deus abençoa esse ministério e seu poder capacita os discípulos a trazerem
muitos judeus e gentios daquela cidade à fé em Jesus Cristo. O ministério de
Pedro tinha aberto as portas da Igreja aos gentios em Cesareia, mas a pregação
do evangelho em Antioquia é o começo de um vigoroso esforço para evangelizar o
mundo gentio.” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Volume
1. Rio de Janeiro: CPAD, 2024, p.688).
III. UMA IGREJA QUE FORMA DISCÍPULOS
1. A base do discipulado. Ao serem informados de que o Evangelho havia
chegado a Antioquia (At 11.22), a partir de Jerusalém, os apóstolos enviaram
Barnabé para lá. Chegando ali, Barnabé viu uma igreja viva e cheia da graça de
Deus (At 11.23). Como um homem de bem e cheio do Espírito Santo, Barnabé os
encorajou na fé (At 11.24). Contudo, logo se percebeu que aquela igreja
precisava de mais instrução, ou seja, precisava ser discipulada. Com esse
propósito, Barnabé foi em busca de Saulo para que o auxiliasse nesta missão. E
assim foi feito: “E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja e
ensinaram muita gente” (At 11.26). Esse episódio nos mostra que não basta
ganhar almas, é preciso ensiná-las. Sem o ensino, a igreja não cresce em graça
e conhecimento. O crescimento saudável só é possível por meio da obra da
evangelização e do discipulado.
• 👉 Quando o
Evangelho chegou a Antioquia, a notícia trouxe alegria, mas também
responsabilidade. Os apóstolos, percebendo a importância daquele novo campo
missionário, enviaram Barnabé. Lucas descreve Barnabé como um homem “cheio do
Espírito Santo e de fé” (At 11.24), alguém capaz de reconhecer o mover de Deus
e, ao mesmo tempo, conduzir a igreja na direção certa. Aqui vemos que o
discipulado começa com a liderança piedosa que identifica o potencial de uma
comunidade e se compromete com seu crescimento. Barnabé encontrou uma igreja
viva, mas ainda em desenvolvimento espiritual. Havia zelo, havia fé, mas o
conhecimento e a maturidade ainda precisavam ser cultivados. É nesse ponto que
percebemos a distinção entre ganhar almas e formar discípulos. O grego usado
por Lucas, paideuō, traduzido como “ensinar, instruir”, indica
mais do que mera informação; trata-se de moldar caráter, doutrina e prática de
vida cristã. É um discipulado intencional, que transforma não apenas a mente,
mas também o coração e a ação diária do crente. A necessidade de ajuda levou
Barnabé a buscar Saulo. Aqui surge uma lição essencial: o discipulado é
colaborativo. Nenhum líder deve tentar sozinho. Juntos, Barnabé e Saulo
dedicaram-se por um ano inteiro a ensinar e edificar aquela igreja (At 11.26).
Este período de ensino contínuo e sistemático revela a importância de
consistência e comprometimento. O Evangelho não se limita a um momento de
entusiasmo; ele se consolida na prática diária de comunhão, oração, estudo da
Palavra e aplicação. A narrativa deixa claro que crescimento saudável na igreja
não depende de títulos, cargos ou carisma individual, mas da capacitação do
Senhor. Lucas enfatiza a “mão do Senhor” sobre a obra (At 11.21), lembrando que
o poder transformador vem do Espírito Santo. Assim, cada discípulo, seja leigo
ou líder, é chamado a cooperar com Deus no processo de edificação, reconhecendo
que a eficácia do ensino e do crescimento espiritual depende da graça divina. O
chamado pastoral é direto: igrejas que desejam ver vidas transformadas devem
investir em discipulado consistente. Não basta pregar ou evangelizar; é preciso
ensinar, orientar, corrigir e encorajar. Cada cristão deve se perguntar: estou
contribuindo para formar discípulos ou apenas multiplicando ouvintes? Antioquia
nos mostra que discipulado é ação intencional, guiada pelo Espírito e
sustentada pela Palavra. Aplicar essa verdade hoje significa comprometer-se com
o crescimento espiritual de cada membro, reconhecendo que a Igreja só floresce
quando vidas são formadas em Cristo e para Cristo.
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ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico
Pentecostal: Novo Testamento. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
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BÍBLIA de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD,
1995.
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BÍBLIA de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas Nelson
Brasil, 2017.
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CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento
Interpretado: Versículo por Verso. Vol. 3. São Paulo: Hagnos, 2001.
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FEE, Gordon D. Paulo, o Espírito e o Povo de
Deus. São Paulo: Vida, 2007.
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GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática
Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
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KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do Novo
Testamento. São Paulo: Vida, 2014.
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MACCHIA, Frank D. Baptized in the Spirit.
Grand Rapids: Zondervan, 2006.
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OSS, Douglas A.; PALMA, Anthony D. Perspectivas
Pentecostais da Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
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YONG, Amos. The Spirit Poured Out on All
Flesh. Grand Rapids: Baker Academic, 2005.
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Livro de Apoio Adulto: A Igreja em Jerusalém -
Doutrina, Comunhão e Fé: A Base Para o Crescimento da Igreja em Meio às
Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
2. Denominados de “cristãos”. Os cristãos de Jerusalém haviam sido chamados
na igreja de “irmãos” (At 1.16); “crentes” (At 2.44); “discípulos” (At 6.1) e
“santos” (At 9.13). Também passaram a ser identificados tanto pelos de dentro
da igreja como pelos de fora dela como aqueles que eram do “Caminho” (At 9.2;
19.9,23; 22.4; 24.14,22). Agora em Antioquia são chamados de “cristãos” (At
11.26). O termo “cristãos” tem o sentido de “pessoas de Cristo”.
• 👉 No início, os
seguidores de Jesus eram conhecidos por vários nomes que refletiam sua
identidade e prática. Em Jerusalém, eram chamados de irmãos (At 1.16), crentes
(At 2.44), discípulos (At 6.1) e santos (At 9.13). Cada termo destacava um
aspecto de sua vida comunitária, fé e compromisso com o Senhor. Esses títulos
vinham de dentro da igreja, refletindo a percepção do corpo de Cristo sobre
seus membros, e também de fora, como o termo “do Caminho” (At 9.2; 19.9,23;
22.4; 24.14,22), que indicava a nova postura de vida e a adesão radical ao
Evangelho. Quando os cristãos chegaram a Antioquia, algo novo aconteceu:
passaram a ser chamados de “cristãos” (At 11.26). A palavra grega Χριστιανός
(Christianos) significa literalmente “pertencente a Cristo” ou
“pessoas de Cristo”. Essa designação não era apenas um rótulo; expressava
publicamente que eles estavam marcados por Cristo, que sua vida e identidade
estavam irrevogavelmente ligadas a Ele. Não mais apenas seguidores discretos ou
membros de uma comunidade interna, mas representantes visíveis de Cristo diante
de um mundo que precisava conhecer o Salvador. O surgimento do termo revela
também um fenômeno sociológico e teológico. Os gentios, ao perceberem o impacto
do Evangelho, identificaram aqueles seguidores não pelo culto judaico ou por
tradições, mas pelo modo como Cristo transformava suas vidas. Aqui se evidencia
a ideia de testemunho visível: a fé não se esconde, ela se
manifesta. O Evangelho, portanto, não é apenas um ensinamento teórico, mas algo
que molda caráter, ética e convívio social, tornando o cristão um sinal vivo da
presença de Deus no mundo. Essa mudança de identidade também nos desafia hoje.
Ser chamado de cristão não é apenas receber um título ou frequentar uma igreja.
É viver com integridade, compromisso e evidência prática da graça de Cristo.
Assim como os primeiros cristãos em Antioquia, somos chamados a ser
reconhecidos pelo mundo como pertencentes a Cristo, não por aparência ou
tradição, mas pelo poder transformador do Espírito Santo. Cada ação, palavra e
decisão deve refletir que pertencemos a Ele. Portanto, a designação “cristão” é
tanto um privilégio quanto uma responsabilidade. Ensina que a igreja deve
formar discípulos que sejam visíveis em sua fé, coerentes em sua conduta e
convictos em seu testemunho. Ao nos reconhecermos como Χριστιανοί,
devemos nos perguntar: minha vida evidencia que pertenço a Cristo? O mundo ao
meu redor consegue identificar minha fé pela prática, pela santidade e pelo
amor que reflete Jesus? Antioquia nos mostra que identidade e missão caminham
juntas, e que ser chamado de cristão é, acima de tudo, ser moldado por Cristo e
para Cristo.
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ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico
Pentecostal: Novo Testamento. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
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BÍBLIA de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD,
1995.
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BÍBLIA de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas Nelson
Brasil, 2017.
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CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento
Interpretado: Versículo por Verso. Vol. 3. São Paulo: Hagnos, 2001.
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FEE, Gordon D. Paulo, o Espírito e o Povo de
Deus. São Paulo: Vida, 2007.
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GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática
Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
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KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do Novo
Testamento. São Paulo: Vida, 2014.
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MACCHIA, Frank D. Baptized in the Spirit.
Grand Rapids: Zondervan, 2006.
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OSS, Douglas A.; PALMA, Anthony D. Perspectivas
Pentecostais da Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
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YONG, Amos. The Spirit Poured Out on All
Flesh. Grand Rapids: Baker Academic, 2005.
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Livro de Apoio Adulto: A Igreja em Jerusalém -
Doutrina, Comunhão e Fé: A Base Para o Crescimento da Igreja em Meio às
Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
3. A identidade cristã. O que realmente define um cristão não é
apenas um nome ou um rótulo, mas sim sua vida, sua fé e suas atitudes. Embora
alguns estudiosos acreditem que o termo “cristão” tenha sido usado em Antioquia
como uma forma de zombaria, a verdade é que aqueles seguidores de Jesus
demonstravam um grande entusiasmo e dedicação, assim como os primeiros crentes
que vieram da igreja de Jerusalém para pregar naquela cidade. O nome “cristão”
aparece novamente na Bíblia em Atos 26.28 e 1 Pedro 4.16. Segundo a Bíblia, ser
cristão significa crer em Jesus, abandonar o pecado e receber a salvação como
um presente de Deus, dado pela sua graça.
• 👉 Ser chamado de
cristão vai muito além de um título ou rótulo. O que realmente define um
seguidor de Jesus é a vida transformada, a fé viva e as atitudes que refletem a
presença de Cristo. Em Antioquia, esse nome começou a ser usado pela primeira
vez para designar os discípulos de Jesus (At 11.26). Alguns estudiosos sugerem
que poderia ter sido uma forma de zombaria, mas a história mostra que aqueles
primeiros crentes irradiavam dedicação, entusiasmo e compromisso. Eles não
estavam apenas aderindo a uma religião; estavam vivendo uma nova realidade,
moldados pelo poder do Espírito Santo e pelo ensino que vieram de Jerusalém. O
termo grego Χριστιανός (Christianos) significa literalmente
“pertencente a Cristo”. Isso nos lembra que ser cristão é ser identificado por
Cristo, não pelos costumes humanos ou por conveniências sociais. Em Atos 26.28,
quando Festo testemunha a fé de Paulo, e em 1 Pedro 4.16, quando os crentes são
exortados a não se envergonhar de sofrer por Cristo, vemos que essa identidade
envolve fidelidade, coragem e testemunho diante do mundo. A vida cristã,
portanto, é visível, coerente e não apenas teórica. Ser cristão também é viver
a conversão como realidade contínua. O apóstolo Paulo nos lembra que a fé em
Cristo não se limita a uma confissão inicial, mas se manifesta em abandono do
pecado e crescimento constante na graça (Rm 6.1-14). Receber a salvação como
presente de Deus significa permitir que Ele transforme pensamentos, hábitos e
relacionamentos. A identidade cristã não se improvisa; ela é construída pela
presença ativa do Espírito Santo e pela obediência diária à Palavra de Deus. Essa
compreensão nos leva a um chamado pastoral direto. Ser chamado de cristão
implica responsabilidade. Nossa vida deve mostrar ao mundo que pertencemos a
Cristo através de atitudes de amor, perdão, santidade e serviço. Cada decisão,
palavra e ação deve refletir a verdade da cruz. Assim como em Antioquia, nossa
sociedade ao redor observa e percebe nossa fé pelos frutos que produzimos. O
nome cristão, portanto, é um selo público de nossa relação com Jesus, e não um
mero reconhecimento social. Portanto, a identidade cristã é simultaneamente
privilégio e missão. Somos chamados a viver e demonstrar Cristo em tudo o que
fazemos. Pergunte a si mesmo: minha vida evidencia que pertenço a Cristo? As
pessoas ao meu redor reconhecem que minha fé molda meu caráter e minhas
escolhas? Ser cristão significa ser continuamente transformado, visível e fiel,
mantendo a integridade do Evangelho enquanto impactamos o mundo para a glória
de Deus.
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ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico
Pentecostal: Novo Testamento. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
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BÍBLIA de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD,
1995.
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BÍBLIA de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas Nelson
Brasil, 2017.
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CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento
Interpretado: Versículo por Verso. Vol. 3. São Paulo: Hagnos, 2001.
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FEE, Gordon D. Paulo, o Espírito e o Povo de
Deus. São Paulo: Vida, 2007.
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GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática
Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
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KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do Novo
Testamento. São Paulo: Vida, 2014.
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MACCHIA, Frank D. Baptized in the Spirit.
Grand Rapids: Zondervan, 2006.
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Pentecostais da Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
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YONG, Amos. The Spirit Poured Out on All
Flesh. Grand Rapids: Baker Academic, 2005.
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Livro de Apoio Adulto: A Igreja em Jerusalém -
Doutrina, Comunhão e Fé: A Base Para o Crescimento da Igreja em Meio às
Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.
SINOPSE III
A Igreja investiu no ensino e
discipulado, consolidando a fé e a identidade cristã dos novos convertidos.
CONCLUSÃO
Aprendemos como a providência de Deus
faz com que o Evangelho chegue, por meio da Igreja, a povos ainda não
alcançados. O que se destaca não é uma metodologia sofisticada de evangelismo,
mas a graça de Deus, que capacita pessoas simples e anônimas a realizarem a sua
obra. Quem deseja fazer, Deus capacita. Ninguém jamais terá tudo de que precisa
para cumprir a obra de Deus; no entanto, se Deus tiver tudo de nós, Ele nos
habilitará a realizá-la.
• 👉 O que
aprendemos é extraordinário: Deus conduz o Evangelho, por meio da Igreja, a
lugares e pessoas que ainda não O conhecem, não pelo esforço humano, mas pela
Sua providência e graça. Em Antioquia, por exemplo, não foram estrategistas
experientes nem líderes renomados que iniciaram o trabalho missionário, mas
cristãos comuns, cheios do Espírito, que se dispuseram a obedecer. Lucas
registra que “a mão do Senhor estava com eles” (At 11.21), mostrando que o
verdadeiro sucesso espiritual depende da capacitação divina, não de técnicas
humanas ou de títulos eclesiásticos. O que sobressai não é uma metodologia
sofisticada de evangelismo, mas o poder transformador de Deus que age através
de pessoas simples. A palavra grega usada para “capacitar” ou “fortalecer” aqui
é ἐνισχύω (enisýcho), que indica vigor interno conferido por Deus. Não é
que os crentes possuam recursos próprios, mas que Deus lhes concede autoridade,
sabedoria e coragem para realizar Sua obra. Cada ação humana, quando revestida
pelo Espírito, transcende limitações naturais e toca vidas de maneira
duradoura. Essa realidade nos desafia a refletir: Deus não espera perfeição nem
plenitude em nós antes de agir. Ninguém terá jamais tudo de que poderia
necessitar para cumprir a obra divina. Mas, se entregarmos integralmente nossas
mãos, corações e talentos, Deus nos habilitará plenamente. Como Paulo afirmou
em 2 Coríntios 3.5, a nossa competência vem de Deus, e não de nós mesmos. Cada
cristão é, portanto, um canal da graça, chamado a obedecer e a confiar que o
Senhor fará o impossível através de sua vida. Viver essa verdade nos conduz a
uma confiança radical. A obra de Deus na Igreja não depende de estratégias
humanas perfeitas, mas da disposição de pessoas comuns a serem usadas por Ele.
O Evangelho se espalha quando nossas limitações se encontram com a suficiência
divina. Deus escolhe vasos simples para demonstrar Sua glória, revelando que o
Seu poder se aperfeiçoa na fraqueza humana (2 Co 12.9). Assim, cada cristão é
convocado a permitir que a mão do Senhor o guie, capacite e fortaleça na missão
de expandir o Reino. Portanto, a lição é clara e transformadora: a graça de
Deus nos capacita, e a missão depende da nossa entrega, não da nossa perfeição.
Quando confiamos n’Ele e nos disponibilizamos, mesmo os passos mais simples
tornam-se instrumentos de impacto eterno. O Evangelho alcança corações e
culturas, ultrapassa barreiras e cumpre a promessa de Cristo de que toda a
terra ouvirá Sua mensagem (Mc 16.15). Diante desta preciosa lição, nos resta
deixar três aplicações práticas para a vida do cristão:
- Avalie sua disposição: Deus pode usar qualquer
pessoa que esteja pronta a obedecer. Pergunte-se se você está disponível
para ser instrumento nas mãos do Senhor, mesmo sem recursos ou autoridade
formal.
- Confie na capacitação divina: Ao enfrentar limitações,
lembre-se de que Deus fortalece e equipa aqueles que se entregam a Ele. A
sua fraqueza é terreno para o poder de Deus se manifestar.
- Priorize obediência e fidelidade: Mais importante do que
habilidade ou estratégia é a prontidão de obedecer ao chamado de Deus e
perseverar na obra do Evangelho, seja em pequenos atos de serviço ou
grandes missões.
Meu ministério aqui é um chamado do coração —
compartilhar o ensino da Palavra de Deus de forma livre e acessível, para que
você, irmão ou irmã em Cristo, possa crescer na fé e no conhecimento das
Escrituras, sem barreiras, com subsídios preparados por um Especialista em
Exegese Bíblica do Novo Testamento.
Todo
o material que ofereço é fruto de oração, estudo e dedicação, e está disponível
gratuitamente para que a luz do Evangelho alcance ainda mais vidas sedentas
pela verdade. Porém, para que essa missão continue firme, preciso da sua ajuda.
Chave
PIX: assis.shalom@gmail.com
Juntos, podemos fazer a diferença. Conto com você!
REVISANDO O
CONTEÚDO
1. Qual
era o foco dos cristãos que foram dispersados?
Anunciar o Senhor Jesus em qualquer tempo, lugar e circunstância.
2. Como
era a cidade de Antioquia?
Antioquia era uma cidade cosmopolita, capital da Síria e uma das três
mais importantes do Império Romano, com forte influência helênica.
3. Como
os primeiros cristãos contextualizavam a mensagem do Evangelho para os gentios?
Eles não usavam o Antigo Testamento para provar que Jesus era o Messias
prometido, nem mencionavam costumes judaicos, mas enfatizavam que Jesus era o
Senhor.
4. O
que o episódio de Atos 11.22,23,24,26 mostra?
Esse episódio nos mostra que não basta ganhar almas, é preciso
ensiná-las; sem o ensino a igreja não cresce em graça e conhecimento.
5. Qual
é o sentido do termo “cristão”?
O termo “cristão” tem o sentido de “pessoa de Cristo” e se refere à
identidade daqueles que seguem, creem e vivem de acordo com os ensinamentos de
Jesus.
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
O CARÁTER MISSIONÁRIO DA IGREJA DE
JERUSALÉM
Querido(a) professor(a), a gloriosa
paz do Senhor! A lição desta semana destaca a consciência missionária que havia
nos cristãos de Antioquia da Síria. A história nos conta que esta igreja
funcionou durante muitos anos como a igreja base das missões realizadas em
regiões fora da Palestina. Uma das características que se destacava nesta
igreja era a intrepidez dos irmãos para testemunhar o Evangelho, apesar do
pouco conhecimento que possuíam sobre as verdades fundamentais da graça. Mesmo
assim, Deus usou o entusiasmo deles e o seu compromisso com as Escrituras
Sagradas para fundar uma das igrejas mais importantes do mundo antigo (At
11.21).
A partir do relato de Atos dos
Apóstolos, podemos observar o modo maravilhoso como Deus opera para alcançar
vidas. Não foram os cargos do apostolado nem mesmo o profundo conhecimento de
Paulo que fizeram da igreja de Antioquia um grande instrumento nas mãos de Deus,
mas o amor pelas vidas. Os irmãos daquela igreja pregavam porque desejam
cumprir o que foi ordenado por nosso Senhor: “E disse-lhes: Ide por todo o
mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15). Não havia a intenção,
por parte desses irmãos, de distinguir judeus de gentios, mas apenas o desejo
de cumprir a missão de anunciar a salvação por meio de Jesus Cristo.
O pastor Olinto de Oliveira, na
obra Missões: a Hora Chegou, editada pela CPAD, ressalta que a
igreja atual deve ter o mesmo compromisso com a pregação do Evangelho. “No
exercício de uma vida cristã comprometida em ser como o Senhor Jesus, não
existe dicotomia de propósitos, ou seja, não existe o que é meu e o que é do
Senhor. Tudo é dEle e para Ele! ‘Porque dele, e por Ele, e para ele são todas
as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!’ (Rm 11.36). Quando
encarnamos essa realidade na sua totalidade, então viveremos uma vida
completamente dedicada à obra de proclamação do Evangelho. Essa foi a lição de
vida deixada pelo Senhor Jesus a ser seguida, como também os seus apóstolos e
todos aqueles que serviram a Deus por fé antes do Novo Testamento à espera da
chegada do Messias. Se queremos ser parecidos com o Senhor Jesus, temos que
cultivar essa sensibilidade de sentir com o sentimento de Deus a necessidade
que o mundo vive de conhecer a verdade que liberta. Quando esse sentimento for
para nós o que foi em Jesus, estaremos totalmente absorvidos pela missão de
anunciar a todos a mensagem salvadora da cruz” (2020, pp.52,53,55). Que nestes
últimos dias, tenhamos a mesma consciência missionária que havia em nossos
irmãos de Antioquia da Síria, pois nosso Senhor está prestes a voltar!