TEXTO ÁUREO
“E o mesmo Deus de paz vos
santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente
conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” (1Ts
5.23).
ENTENDA O TEXTO ÁUREO:
👉 Paulo escreve aos cristãos de
Tessalônica, enfatizando a vida de santidade e perseverança até a volta de
Cristo. O capítulo 5 trata da vigilância, da esperança e da preparação
espiritual para o Dia do Senhor. A exortação final a santificação não é apenas
moral, mas integral: envolvendo espírito, alma e corpo, refletindo uma
compreensão tripartida do ser humano que Paulo já havia explorado em suas
cartas (cf. Rm 12.1; 1Co 6.19-20). O mesmo Deus de paz vos santifique em tudo,
A expressão “Deus de paz” (τοῦ θεοῦ τῆς εἰρήνης, tou theou tēs eirēnēs) destaca o caráter de Deus como aquele que não
apenas estabelece a paz entre Ele e o homem, mas também dentro do próprio
homem. A santificação é aqui apresentada como obra de Deus, não algo que o
cristão realiza sozinho, mas algo em que Ele atua continuamente. O verbo
“santificar” (hagiasai) implica separar para Deus, purificar e consagrar para
uso divino em todos os aspectos da vida: emocional, intelectual, relacional e
moral. Espírito, alma e corpo, Paulo divide o ser humano em três
dimensões:
Espírito
(pneuma): a parte que se relaciona diretamente com Deus, a sede da comunhão, adoração
e discernimento espiritual.
Alma
(psyche): o centro da personalidade, incluindo vontade, emoções e pensamentos.
Corpo
(sōma): o instrumento visível através do qual alma e espírito se expressam no
mundo. O apóstolo está enfatizando que a santificação deve ser total e
integral. Cada dimensão do ser humano depende da ação de Deus para ser
preservada irrepreensível. Como observa Silas Queiroz, “a santificação
tripartida reflete a plenitude da obra de Deus em nós, permitindo que todo o
ser seja útil e agradável a Ele” (Queiroz, 2004, p. 92).
Sejam plenamente
conservados irrepreensíveis,
A expressão grega ἀνεγκλήτους (anegklētos) sugere uma condição sem culpa, sem falha, digna de aprovação. Paulo não fala de perfeição moral alcançada pelo esforço humano, mas da preservação divina contínua, para que o cristão esteja pronto para a vinda de
Cristo. A palavra “plenamente” indica integridade completa: corpo, alma e
espírito funcionando em harmonia sob a ação do Espírito Santo. para
a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, A santificação não é apenas para
o bem-estar pessoal, mas para que o cristão esteja preparado para o encontro
com o Senhor. A expectativa da segunda vinda de Cristo serve como motivação
para a vida santa, integral e constante. A santidade é prática, concreta,
afetando corpo, alma e espírito, e é orientada para a glorificação final em
Cristo. 1 Tessalonicenses 5.23 nos lembra que a santificação é obra divina e
processo contínuo, envolvendo todas as dimensões do ser humano. Nenhum aspecto
da vida cristã é separado da ação de Deus. Espírito, alma e corpo devem ser
entregues, purificados e preservados para que possamos viver de forma
irrepreensível diante do Senhor, com integridade até o retorno de Cristo.
VERDADE PRÁTICA
Deus nos fez corpo, alma e espírito
para glorificá-lo eternamente com todo o nosso ser.
ENTENDA A VERDADE PRÁTICA:
👉 Deus nos criou como corpo, alma e
espírito, e cada parte do nosso ser é d’Ele. O corpo expressa nossa adoração em
ação; a alma abriga pensamentos, desejos e emoções; o espírito nos conecta
diretamente ao Criador. Cada dimensão foi feita para glorificá-Lo plenamente. Viver
para Deus não é apenas fazer coisas boas ou momentos de culto. É entregar cada
gesto, cada pensamento e cada suspiro à Sua glória. Quando corpo, alma e
espírito trabalham em harmonia, refletimos a imagem de Cristo e experimentamos
a verdadeira santificação. Como Paulo nos lembra, Deus deseja que sejamos
preservados irrepreensíveis até a vinda de Jesus. Glorificar a Deus é um
compromisso diário, uma vida inteira de adoração que envolve tudo que somos.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Gênesis
1.26-28; 2.7,18,21-23.
Gênesis
1
26. E disse Deus: Façamos o homem à nossa
imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre
as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que
se move sobre a terra.
👉 Façamos... nossa A primeira indicação
clara da triunidade de Deus (cf. 3.22; 11.17). O próprio nome de Deus, Elohim
(1.1), é a forma plural de El. homem. O ponto culminante da
criação, um ser humano vivente, foi feito à imagem de Deus para governar a
criação, nossa imagem. Isso definiu o relacionamento peculiar do homem com
Deus. O homem é ser vivente capaz de incorporar os atributos de comunicação de
Deus (cf. 9.6; Rm 8.29; Cl 3.10; Tg 3.9). Na sua vida racional, o homem era
semelhante a Deus no sentido de que era capaz de raciocinar e tinha intelecto,
vontade e sentimento. No senti do moral, ele era semelhante a Deus porque era
bom e sem pecado. tenha ele domínio... sujeitai-a. isso definiu o relacionamento
peculiar do homem com a criação. O mandamento de governar distinguiu o homem do
restante da criação viva e definiu o seu relacionamento como sendo superior ao
restante da criação (cf. SI 8.6-8).
27. E criou Deus o homem à sua imagem; à
imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.
👉 homem e mulher. Cf. Mt 19.4; Mc 10.6.
Conquanto essas duas pessoas compartilhassem de modo igual a imagem de Deus e
juntos exercessem domínio sobre a criação, por desígnio divino eles eram
fisicamente diferentes a fim de cumprirem o mandamento de Deus de
multiplicarem-se, ou seja, nenhum deles podia gerar filhos sem a participação
do outro.
28. E Deus os abençoou e Deus lhes disse:
Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre
os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move
sobre a terra.
👉 abençoou. Essa segunda bênção (cf. 1.22) envolvia
reprodução e domínio. Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a
terra e sujeitai-a... Logo depois de ter criado o universo, Deus criou
seu representante (domínio) e sua representação (cf. imagem e semelhança). O
homem encheria a terra e cuidaria do funcionamento da mesma.
"Sujeitai-a" não sugere condição destruidora e desregrada para com a
criação porque o próprio Deus a declarou "boa". Pelo contrário, o
verbo trata da administração produtiva da terra e seus habitantes para produzir
riquezas e cumprir os propósitos de Deus.
Gênesis
2
7. E formou o Senhor Deus o homem do pó da
terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma
vivente.
👉 formou. Muitas das palavras usadas
nesse relato da criação do homem retratam um artesão mestre em atividade
formando uma obra de arte à qual ele dá vida (1 Co 15.45). Isso acrescenta
detalhes às afirmações encontradas em 1.27 (cf. 1Tm 2.13). Cf. S1139.14. Feito
de barro, o valor do ser humano não está nos componentes físicos que formam o
seu corpo, mas na qualidade de vida que forma a sua alma (veja Jó 33.4).
18. E disse o Senhor Deus: Não é bom que o
homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele.
👉 Não é bom.
Quando Deus viu que a sua criação era muito boa (1.31), viu-a como sendo o
resultado perfeito de seu plano criador nesse momento. Entretanto, antes do
final do sexto dia, ao observar o estado do homem como não bom, ele comentou
sobre a deficiência dele, visto que a mulher, a contraparte de Adão, ainda não
havia sido criada. As palavras desse versículo enfatizam a necessidade de
companhia para o homem, uma auxiliadora, alguém à sua altura. Sem alguém para
complementá-lo, ele estava incompleto para poder cumprir a tarefa de
multiplicar-se, encher a terra e exercer domínio sobre a mesma. Isso aponta
para a inadequação de Adão, não para a insuficiência de Eva (cf. 1 Co 11.9). A
mulher foi feita para suprir a deficiência do homem (cf. ITm 2.14).
21. Então, o Senhor Deus fez cair um sono
pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas e cerrou a
carne em seu lugar.
👉 uma das suas costelas.
Isso também pode significar "lados", incluindo a carne circundante
("carne da minha carne", v. 23). A cirurgia divina realizada pelo
Criador não apresentou problemas. Isso também resultou no primeiro ato de cura
registrado na Escritura.
22. E da costela que o Senhor Deus tomou do
homem formou uma mulher; e trouxe-a a Adão.
23. E disse Adão: Esta é agora osso dos meus
ossos e carne da minha carne; esta será chamada varoa, porquanto do varão foi
tomada.
👉 osso dos meus ossos.
O poema de Adão enfatizou a expressão da alegria do seu coração ao deparar com
a nova companheira. O homem (ish) chama-a de "mulher" (isha) porque
ela teve sua origem nele (a raiz da palavra "mulher" é
"suave"). Ela de fato fora feita de osso dos seus ossos e carne da
sua carne. Cf. 1 Co 11.8.
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INTRODUÇÃO
Deus criou o homem
de forma especial, com um propósito especial (Gn 1.27,28), como um ato de
coroamento de sua criação. E fez isso de maneira sublime e distinta em relação
a todos os demais seres viventes. Muito além da expressão “produza a terra”, a
partir da qual foram criados os animais (Gn 1.24), o homem é resultado de uma
ação divina, pessoal e plural (Gn 1.26). Sua formação é constituída de uma
modelagem sobrenatural — “do pó da terra” — e pelo sopro de Deus em seus
narizes (Gn 2.7). Neste trimestre, estudaremos essa solene, maravilhosa e
exclusiva criação, bem como a importância de uma vida equilibrada e saudável no
espírito, na alma e no corpo, sob a perspectiva cristã. Abordaremos a Queda e a
Redenção, firmados na esperança de nosso completo, iminente e eterno retorno ao
Criador (1Ts 4.15-17).
👉 A criação do ser humano não foi um
acidente cósmico, nem resultado de uma força impessoal. O texto de Gênesis
mostra que o homem foi formado por um ato direto, intencional e distinto de
Deus. Diferente da ordem criadora dada aos animais [“Produza a terra” (Gn 1.24)]
o ser humano surge a partir de uma deliberação divina pessoal: “Façamos o homem
à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 1.26). O verbo hebraico usado
para “fazer” (עָשָׂה – asah) indica não apenas fabricar, mas moldar com propósito. E o
termo plural “façamos” já aponta para a comunhão intra-trinitária que antecede
toda a criação, revelando que nossa origem repousa na eternidade de Deus Pai,
Filho e Espírito Santo.
Quando lemos Gênesis 2.7, encontramos
um detalhe que nos distingue de todo o restante da criação: “formou o Senhor
Deus o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego da vida”. O verbo
hebraico “formar” (yatsar) descreve a ação de um oleiro moldando o barro, uma
imagem de cuidado, paciência e arte. Mais profundo ainda, o “sopro de vida”
(neshamah chayyim) comunica que a vida humana carrega em si algo que procede
diretamente do próprio Deus. No Novo Testamento, o apóstolo Paulo reforça essa
dimensão ao afirmar que “nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17.28).
O homem, portanto, é uma síntese
entre o pó da terra e o sopro divino. Essa união nos torna criaturas complexas,
compostas de corpo, alma e espírito. Silas Queiroz observa que “a saúde
espiritual e emocional depende do equilíbrio destas dimensões, e quando uma delas
é negligenciada, todo o ser humano adoece” (QUEIROZ, 2018, p. 37). A teologia
bíblica aponta que a imagem de Deus em nós não se limita à racionalidade ou à
moralidade, mas ao chamado de refletir o caráter do Criador em nossa vida
diária.
No entanto, a narrativa não se
encerra na criação. O mesmo homem formado por Deus caiu em pecado (Gn 3). A
palavra grega usada por Paulo em Romanos 3.23 para “pecaram” é hamartanō, que
significa “errar o alvo”. A imagem divina foi manchada, mas não destruída. Por
isso, Cristo é apresentado como o novo Adão (1Co 15.45), aquele que restaura,
em si mesmo, a imagem perfeita de Deus. O sopro que outrora nos deu vida é
agora renovado pelo Espírito Santo, que habita em nós e nos vivifica (Jo
20.22).
Essa realidade aponta para uma
esperança futura. Paulo, ao escrever aos tessalonicenses, afirma que “os que
estiverem vivos não precederão os que dormem, porque o Senhor mesmo descerá dos
céus” (1Ts 4.15-17). A palavra grega para “descerá” (katabēsetai) descreve um
movimento soberano de Cristo, que virá buscar a sua Igreja. Aqui está o clímax
da nossa esperança: o mesmo Deus que nos criou do pó e soprou em nós a vida,
virá nos glorificar em corpo, alma e espírito, para que sejamos plenos diante
dEle por toda a eternidade.
Como estamos vivendo essa tríplice
realidade: corpo, alma e espírito? Estamos refletindo a imagem do Criador em
nossas escolhas, em nossos relacionamentos, em nossa santidade? Se fomos
criados por Ele e para Ele, não podemos viver de modo distraído ou fragmentado.
Somos chamados a apresentar nosso corpo como sacrifício vivo (Rm 12.1), a
renovar nossa mente pela Palavra (Rm 12.2) e a andar no Espírito (Gl 5.25).
Que cada professor e aluno da Escola
Bíblica se coloque diante do Senhor em sincera autoavaliação. Somos obra-prima
de Deus, moldados por suas mãos, sustentados pelo seu fôlego e redimidos pelo
sangue de Cristo. Nossa vida só encontra sentido quando se volta totalmente ao
Criador. Que esta lição nos leve a viver de modo equilibrado, saudável e santo,
aguardando com alegria o dia em que estaremos para sempre com o Senhor.
ARRINGTON,
French L. Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2002.
BEACON
HILL. Comentário Bíblico Beacon. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
BÍBLIA
de Estudo MacArthur. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2011.
BÍBLIA
de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
CHAMPLIN,
R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo:
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GILBERTO,
Antônio. Manual da Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
KEENER,
Craig S. Comentário Bíblico do Novo Testamento. São Paulo: Vida, 2014.
MACCHIA,
Frank D. Baptized in the Spirit. Grand Rapids: Zondervan, 2006.
MENZIES,
Robert P. Empowered for Witness: The Spirit in Luke-Acts. London: T&T
Clark, 2004.
OSS,
Douglas A. New International Dictionary of Pentecostal and Charismatic
Movements. Grand Rapids: Zondervan, 2002.
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Anthony D. A Atividade do Espírito Santo no Crente. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
QUEIROZ,
Silas. Corpo, Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
YONG,
Amos. The Spirit Poured Out on All Flesh. Grand Rapids: Baker Academic, 2005.
Palavra-Chave:
TRICOTOMIA
👉 A tricotomia é a visão teológica e
antropológica segundo a qual o ser humano é constituído de três dimensões
distintas:
Corpo (σῶμα sōma):
a parte material, física,
formada do pó da terra (Gn 2.7).
Alma (ψυχή psychē): o centro da vida, da personalidade, onde estão a mente, as emoções e a vontade (Mt 10.28).
Espírito (πνεῦμα pneuma): a dimensão mais elevada, pela qual o ser humano se relaciona
diretamente com Deus (Rm 8.16; 1Co 2.11).
Essa visão é baseada especialmente em
textos como 1 Tessalonicenses 5.23:
“O
mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, alma e corpo
sejam conservados irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.” Aqui,
Paulo usa explicitamente três termos, o que levou muitos intérpretes a
considerar uma divisão tricotômica (Gn 2.7; Hb 4.12; 1Ts 5.23).
Na história da teologia, a tricotomia
foi defendida por alguns Pais da Igreja como Irineu e Orígenes, e voltou a
ganhar força entre teólogos reformados e pentecostais, que valorizam a
distinção entre alma e espírito no relacionamento com Deus.
O Comentário Bíblico Beacon observa
que a ênfase paulina em três dimensões não é casual, mas pedagógica, mostrando
que Deus deseja a santificação plena em todas as áreas da vida humana (BEACON,
2005).
Outra visão é a Dicotomia (visão
alternativa), afirma que o homem é composto apenas de duas partes: corpo e
alma/espírito (alma e espírito seriam intercambiáveis, duas faces da mesma
realidade). Muitos intérpretes como
Agostinho e Calvino, caminham por esse lado. Já a tricotomia entende que alma e
espírito são distintos, embora profundamente interligados. A alma se relaciona
com o mundo e com os outros; o espírito, diretamente com Deus.
Se somos tricotômicos, isso significa
que:
O
corpo deve ser consagrado a Deus como templo do Espírito Santo (1Co 6.19).
A
alma precisa ser renovada pela Palavra, para que sentimentos e pensamentos se
alinhem com Cristo (Rm 12.2).
O
espírito deve ser constantemente avivado, pois é nele que ouvimos a voz de Deus
e experimentamos a comunhão com o Espírito Santo (Rm 8.16).
A
tricotomia ensina que o ser humano é uma obra-prima criada para viver em
plenitude diante de Deus, equilibrando corpo, alma e espírito, e só encontra
verdadeira harmonia quando todas as dimensões estão sujeitas ao Criador.
I. A TRICOTOMIA
HUMANA
1.
Doutrina e teologia. A Doutrina do Homem está
fundamentada em toda a Escritura, numa revelação suficiente para demonstrar
quem é o homem, como foi criado e com que propósito (Gn 1.26-29; 2.15; Sl
8.3-9; Ef 1.3-6). No campo da Teologia Sistemática, ela é conhecida como Antropologia
Bíblica, que estuda o homem desde sua origem, constituição e existência,
considerando o período anterior à Queda, o pecado original e suas
consequências, o plano redentor e a eternidade. Relaciona-se com todas as
outras grandes doutrinas da Bíblia e responde às intrigantes e milenares
perguntas: Quem é o homem? De onde veio? Para onde vai?
Em um tempo de
tanta psicologização da fé e intensa busca de respostas para os problemas
humanos em concepções não cristãs, um piedoso e profundo estudo das Escrituras
é cada vez mais necessário e urgente, a fim de desfazer toda e qualquer dúvida
existencial e gerar uma fé bíblica genuína, sadia e equilibrada (1Co 2.1-16;
2Tm 3.16,17; Hb 4.12).
👉 Falar sobre o homem é falar de um
mistério que só pode ser desvelado pela revelação de Deus. O mundo tenta
responder às perguntas mais antigas da humanidade: Quem sou eu? De onde vim?
Para onde vou? Mas a Escritura já nos deu respostas claras. O relato bíblico
mostra que o ser humano não é fruto do acaso, nem apenas um amontoado de
impulsos biológicos. Ele foi criado de modo singular, à imagem e semelhança de
Deus (Gn 1.26-29). Essa verdade lança luz sobre nossa identidade e propósito. Na
Teologia Sistemática, esse estudo recebe o nome de Antropologia Bíblica. Ela
não apenas descreve a origem do homem, mas também sua constituição, queda,
redenção e destino eterno. Quando olhamos para essa doutrina, percebemos que
ela se conecta a todo o edifício da teologia cristã. Sem uma compreensão
correta do homem, não entendemos de modo pleno a salvação, a santificação nem a
consumação futura. O texto de 1 Tessalonicenses 5.23 nos apresenta uma chave
preciosa: “E o mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e todo o vosso
espírito, alma e corpo sejam plenamente conservados”. Paulo não escreve à toa
em três dimensões. O grego pneuma (espírito), psychē (alma) e sōma (corpo)
apontam para realidades distintas, mas profundamente integradas. O corpo nos
liga à criação material, a alma expressa nossa personalidade e emoções, e o
espírito é o ponto de contato direto com Deus. É aqui que a Palavra de Hebreus
4.12 penetra e separa, revelando aquilo que nenhum homem poderia discernir por
si mesmo. Essa visão tricotômica não é apenas teórica. Ela nos chama à vida
prática. Se somos corpo, alma e espírito, precisamos cuidar dessas dimensões de
maneira equilibrada. Silas Queiroz lembra que, quando uma dessas áreas é
negligenciada, toda a pessoa sofre (QUEIROZ, 2018, p. 37). O corpo deve ser
consagrado como templo do Espírito Santo (1Co 6.19), a alma deve ser
transformada pela renovação da mente (Rm 12.2), e o espírito precisa permanecer
vivo na comunhão com Deus (Rm 8.16). Vivemos em dias de intensa psicologização
da fé, em que muitos reduzem o homem a meros processos mentais ou emocionais.
Outros, por influência de filosofias seculares, tentam responder às angústias
humanas fora da Escritura. No entanto, só a Palavra de Deus traz discernimento
real. É ela que “julga os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12). Aqui
está o antídoto contra a confusão existencial e contra respostas que não passam
de cisternas rotas. Cabe-nos, como professores e alunos da Escola Bíblica,
assumir essa responsabilidade: mergulhar profundamente no ensino das Escrituras
para compreender quem somos, por que fomos criados e qual é o nosso destino.
Antônio Gilberto dizia que o estudo da Antropologia Bíblica não é mera
curiosidade teológica, mas fundamento para a vida cristã, porque sem entender o
que é o homem, não entendemos o que Deus está fazendo com ele na história
(GILBERTO, 2008).
Se fomos criados em corpo, alma e
espírito, precisamos perguntar: todas essas áreas têm refletido a santidade de
Cristo em nós? Estamos cuidando de nossa mente e emoções tanto quanto de nosso
corpo? Estamos cultivando um espírito sensível ao Espírito Santo? Esta lição é
um convite a nos entregarmos por inteiro ao Senhor, para que, santificados em
todas as dimensões, sejamos preservados irrepreensíveis até o dia da vinda de
Jesus.
ARRINGTON,
French L. Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2002.
BEACON
HILL. Comentário Bíblico Beacon. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
BÍBLIA
de Estudo MacArthur. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2011.
BÍBLIA
de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
CHAMPLIN,
R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo:
Hagnos, 2002.
GILBERTO,
Antônio. Manual da Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
KEENER,
Craig S. Comentário Bíblico do Novo Testamento. São Paulo: Vida, 2014.
MACCHIA,
Frank D. Baptized in the Spirit. Grand Rapids: Zondervan, 2006.
MENZIES,
Robert P. Empowered for Witness: The Spirit in Luke-Acts. London: T&T
Clark, 2004.
OSS,
Douglas A. New International Dictionary of Pentecostal and Charismatic
Movements. Grand Rapids: Zondervan, 2002.
PALMA,
Anthony D. A Atividade do Espírito Santo no Crente. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
QUEIROZ,
Silas. Corpo, Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
YONG,
Amos. The Spirit Poured Out on All Flesh. Grand Rapids: Baker Academic, 2005.
2.
A tríplice natureza. A teologia utiliza o termo
“tricotomia” para tratar da tríplice constituição do ser humano: o corpo, a
alma e o espírito. Essas três substâncias, ou componentes do homem, são
descritas tanto no Antigo quanto no Novo Testamento (Dt 4.9; Sl 42.11; 139.16;
Dn 7.15; Zc 12.1; Mt 10.28; Lc 1.46,47; 1Co 14.14,15).
O próprio Jesus
Cristo, o Filho de Deus encarnado — plenamente homem e plenamente Deus —
possuía essa constituição (Lc 24.39; Jo 12.27; Lc 23.46). A primeira divisão —
as partes material e imaterial — é explicitamente apresentada no ato de
formação do homem: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em
seus narizes o fôlego da vida, e o homem foi feito alma vivente” (Gn 2.7).
👉 Falar da constituição do ser humano
é olhar para a obra-prima da criação de Deus. A teologia chama isso de
tricotomia: corpo, alma e espírito. Não se trata de mera curiosidade acadêmica,
mas de uma chave para entendermos quem somos diante do Criador. A Bíblia
apresenta essa tríplice constituição tanto no Antigo quanto no Novo Testamento,
mostrando que o homem é mais do que matéria, mais do que razão e emoção, e mais
do que espiritualidade isolada. É uma unidade complexa, formada por Deus para
viver em plena relação com Ele. Quando olhamos para Gênesis 2.7, encontramos o primeiro
vislumbre dessa verdade. O texto hebraico mostra que Deus moldou o homem do pó
da terra (ʿāpār min-hāʾădāmâ), soprou em suas narinas o fôlego de vida (nishmat ḥayyîm) e o homem tornou-se alma vivente (nephesh ḥayyâ). Esse versículo já revela duas dimensões: o corpo, vindo do pó, e o espírito, vindo do sopro divino. Da união dessas duas realidades, nasce a
alma, que dá ao homem consciência de si, do próximo e de Deus. Não é à toa que
a Palavra afirma que o homem foi feito “um ser vivente”, distinto dos animais
(Sl 8.3-9). Essa estrutura tripartida aparece em vários textos. O profeta
Zacarias declara que o Senhor formou o espírito dentro do homem (Zc 12.1). O
salmista fala de sua alma abatida e do espírito angustiado (Sl 42.11; Dn 7.15).
O Novo Testamento reforça a mesma linha: Jesus distingue alma e corpo em Mateus
10.28 e, em Lucas 1.46-47, Maria exulta em sua alma e em seu espírito diante de
Deus. O apóstolo Paulo, em 1 Tessalonicenses 5.23, é ainda mais explícito ao
mencionar “espírito, alma e corpo” como esferas distintas que devem ser
guardadas irrepreensíveis até a vinda de Cristo.
O próprio Cristo, o Filho de Deus
encarnado, assumiu essa mesma constituição humana. Ele possuía corpo real,
tanto que pôde dizer após a ressurreição: “vede minhas mãos e meus pés, porque
sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos” (Lc
24.39). Sua alma se perturbou diante da cruz (Jo 12.27), e Ele entregou o
espírito ao Pai (Lc 23.46). Se o Verbo eterno, feito carne, experimentou nossa
natureza em todas as suas dimensões, isso nos mostra que a tricotomia não é
apenas uma teoria, mas uma realidade vivida pelo próprio Redentor. Os
estudiosos lembram que essa visão não diminui a unidade do ser humano. Silas
Queiroz explica que corpo, alma e espírito não são compartimentos isolados, mas
dimensões interdependentes, que se afetam mutuamente (QUEIROZ, 2018, p. 42). O
Comentário Bíblico Beacon reforça que Paulo, ao citar espírito, alma e corpo,
não faz uma dissecação filosófica, mas uma declaração de que Deus santifica o
homem por inteiro, em todas as áreas da existência (BEACON, 2005).
Na prática, essa verdade é um chamado
à vigilância. O corpo deve ser preservado como templo do Espírito Santo (1Co
6.19). A alma precisa ser constantemente renovada pela Palavra, para que
emoções e pensamentos sejam alinhados à vontade de Deus (Rm 12.2). O espírito,
por sua vez, deve permanecer desperto, pois é nele que o Espírito Santo
testifica que somos filhos de Deus (Rm 8.16). Como afirma Antônio Gilberto, uma
fé equilibrada só é possível quando reconhecemos e cuidamos de todas essas
dimensões da vida humana (GILBERTO, 2008). Temos cuidado do nosso corpo de
forma que glorifique a Deus? Nossa alma tem sido nutrida pela oração e pela
meditação nas Escrituras? Nosso espírito tem se mantido sensível à voz do
Espírito Santo? A Palavra nos chama a uma vida integral, santificada por
inteiro, para que nada em nós fique fora do alcance da graça transformadora de
Cristo.
ARRINGTON,
French L. Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2002.
BEACON
HILL. Comentário Bíblico Beacon. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
BÍBLIA
de Estudo MacArthur. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2011.
BÍBLIA
de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
CHAMPLIN,
R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo:
Hagnos, 2002.
GILBERTO,
Antônio. Manual de Doutrinas Bíblicas. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
KEENER,
Craig S. Comentário Bíblico do Novo Testamento. São Paulo: Vida, 2014.
MACCHIA,
Frank D. Baptized in the Spirit. Grand Rapids: Zondervan, 2006.
MENZIES,
Robert P. Empowered for Witness: The Spirit in Luke-Acts. London: T&T
Clark, 2004.
OSS,
Douglas A. New International Dictionary of Pentecostal and Charismatic
Movements. Grand Rapids: Zondervan, 2002.
PALMA,
Anthony D. A Atividade do Espírito Santo no Crente. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
QUEIROZ,
Silas. Corpo, Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
YONG,
Amos. The Spirit Poured Out on All Flesh. Grand Rapids: Baker Academic, 2005.
3.
Físico e espiritual. O processo formativo usado pelo
Criador, que é Espírito (Jo 4.24), foi constituído de uma combinação única: o
elemento físico (pó da terra) com o elemento espiritual (o sopro divino),
tornando o homem um ser vivente diferente de todos os demais.
Os anjos são seres
espirituais, porém sem corpo material (Sl 33.6; Hb 1.13,14). Os animais não
possuem a parte imaterial que há no homem (alma e espírito). A “alma” do animal
(sua vida) se restringe ao corpo e se esvai com ele (Lv 17.12-14).
Já o termo hebraico
para “vida”, em Gênesis 2.7, alusivo ao homem, é chayim (no plural), permitindo a
expressão literal “fôlego das vidas”. Isso pode significar que, em um único
substantivo, o texto sagrado esteja aludindo implicitamente à vida do espírito
humano, da alma humana e do corpo humano.
👉 O relato bíblico da criação revela
algo singular: o homem não surgiu ao acaso, mas pela união misteriosa entre pó
da terra e o sopro divino. O Criador, que é Espírito (Jo 4.24), formou-nos de
maneira diferente de qualquer outra criatura. Somos corpo, alma e espírito em
uma unidade inseparável, chamados a refletir a própria imagem de Deus. Os anjos
são espíritos ministradores, mas não possuem corpo material (Sl 33.6; Hb 1.13-14).
Já os animais têm vida física, mas não partilham da dimensão espiritual que
caracteriza o ser humano. A vida deles se extingue com a morte, pois sua “alma”
está ligada apenas ao corpo (Lv 17.12-14). Em contraste, o homem recebeu algo
que ultrapassa o biológico: uma vida que permanece para além da morte,
enraizada no espírito que veio do sopro de Deus. Quando o texto de Gênesis 2.7
declara que Deus soprou em Adão o “fôlego da vida”, a palavra usada é chayim,
no plural. Literalmente, poderíamos traduzir como “o fôlego das vidas”. Essa
expressão sugere mais do que simplesmente o ar entrando nas narinas. Aponta
para a complexidade do ser humano, que carrega em si dimensões múltiplas: a
vida do corpo, a vida da alma e a vida do espírito. Silas Queiroz lembra que
esse plural abre a compreensão de que o homem foi criado para viver em
diferentes esferas de relacionamento, consigo mesmo, com os outros e com Deus¹.
A tradução grega de Gênesis 2.7 usa o
termo psuchēn zōsan (alma vivente). Paulo retoma essa linguagem em 1Coríntios
15.45, contrastando Adão como psuchē zōsa (alma vivente) e Cristo como pneuma
zōopoioun (espírito vivificante). Isso mostra que, se Adão recebeu vida, Cristo
é quem concede vida em plenitude. Em outras palavras, aquilo que recebemos no Éden
é aperfeiçoado em Cristo, o último Adão. Antônio Gilberto enfatiza que o homem
foi criado como “um ser único, dotado de capacidade para se relacionar com Deus
e com o próximo, distinto de todas as demais criaturas”². Essa distinção não é
detalhe doutrinário, mas fundamento da nossa identidade. Quando esquecemos que
fomos moldados do pó, tornamo-nos orgulhosos. Quando ignoramos que recebemos o
sopro divino, perdemos de vista o propósito eterno que nos foi dado. O plural
de chayim também nos lembra que a vida humana não é fragmentada. Corpo, alma e
espírito não existem em isolamento, mas se interligam como fios de um mesmo
tecido. Isso significa que o pecado não atinge apenas uma parte de nós, mas
todo o nosso ser. Do mesmo modo, a redenção em Cristo alcança cada dimensão:
cura o corpo, renova a mente e vivifica o espírito (Rm 8.10-11).
Diante disso, precisamos reconhecer o
valor dessa vida recebida de Deus. Não vivamos como se fôssemos apenas pó,
esquecendo-nos do sopro divino que nos distingue. Lembremos de que fomos
criados não apenas para existir, mas para viver em comunhão com o Criador.
Somos chamados a cuidar do corpo, cultivar a alma e, acima de tudo, alimentar o
espírito na presença de Deus.
¹
QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
²
GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD,
1996.
Outras
referências consultadas:
BÍBLIA
DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
ARRINGTON,
French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2003.
CHAMPLIN,
R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo:
Candeia, 1981.
MACARTHUR,
John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.
BEACON,
Comentário Bíblico Beacon. Kansas City: Casa Nazarena, 2005.
FEE,
Gordon D.; MENZIES, Robert P.; KEENER, Craig S.; PALMA, Anthony D.; YONG, Amos;
MACCHIA, Frank D.; OSS, Douglas. Obras diversas sobre pneumatologia e
antropologia bíblica.
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SINOPSE
I
O
ser humano foi criado por Deus com uma natureza tricotômica — corpo, alma e
espírito — revelando seu propósito e dignidade única na criação.
AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO
“O
QUE SIGNIFICA SER HUMANO?
A Bíblia afirma
claramente que a raça humana, por decisão especial de Deus, foi criada à imagem
e semelhança de Deus (Gn 1.26,27). Isto significa que Adão e Eva não eram
produtos de evolução (Gn 1.27; Mt 19.4; Mc 10.6; veja o artigo A CRIAÇÃO, p.7).
O fato de terem sido criados à semelhança de Deus significa que eles eram
capazes de responder a Deus e ter um relacionamento pessoal com Ele.
[...] Observe pelo
menos três aspectos diferentes da imagem de Deus na humanidade (veja Gn 1.26,
nota): Adão e Eva possuíam uma semelhança moral com Deus, pelo fato de que
foram originalmente criados justos e santos. Ou seja, eles estavam em um
relacionamento correto com Deus, dedicados completamente a bons propósitos e
separados do mal (cf. Ef 4.24), com o coração capaz de amar e desejar fazer o
que é certo. Eles possuíam uma semelhança com Deus em sua inteligência, porque
foram criados com espírito, mente, emoções e o poder de escolha (Gn 2.19,20;
3.6,7). De certa forma, a constituição física das pessoas também estava na
imagem de Deus, de uma maneira que não acontecia com os animais. Deus deu aos
seres humanos a forma em que Ele apareceria visivelmente no Antigo Testamento
(Gn 18.1,2), e a forma que o seu Filho assumiria quando viesse à terra (Lc
1.35; Fp 2.7) para dar a vida em pagamento pelo nosso pecado.” (Bíblia de
Estudo Pentecostal — Edição Global. Rio de Janeiro: CPAD,
2022, p.1106).
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
“O
HOMEM É UM SER TRÍPLICE
Deus, que é trino,
criou o homem como um ser tríplice, isto é, composto de corpo, alma e espírito.
O Deus Trino, isto é, Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, imprimiu sua
semelhança na formação do homem. Também Jesus, quando se fez homem, recebeu um
corpo (cf. Hb 10.5), uma alma (cf. Mt 26.38) e um espírito (cf. Lc 23.46). A
Bíblia fala muito dessas três partes do homem (cf. 1Ts 5.23).” Amplie mais o
seu conhecimento, lendo a obra Teologia Sistemática, de Eurico
Bergstén, editada pela CPAD.
II. A DISTINÇÃO
ENTRE ALMA E ESPÍRITO
1.
A alma. Do hebraico nephesh e do grego psyché, “alma” é uma das muitas palavras
polissêmicas da Bíblia — possui vários significados. Aparece 755 vezes somente
no Antigo Testamento. Seu primeiro sentido é “ser vivo”, como em Gênesis 1.20:
“alma vivente”. Nesta acepção, a palavra “alma” é usada também para os animais
(Gn 1.24) e significa simplesmente “vida”.
A distinção entre a
alma do homem e a do animal é evidenciada no processo criativo: procedente do
sopro de Deus (Gn 2.7), a alma do homem constitui uma substância espiritual,
incorpórea, invisível e imortal (Dn 12.2; Mt 25.46; Lc 16.22-25; Ap 20.4). É
dotada de razão, sentimento e vontade — atributos dados por Deus ao homem para
o exercício de sua missão (Gn 1.28), especialmente sua vocação relacional com o
Criador e com os semelhantes (Gn 2.15-24; 3.8). Isso, aliás, decorre do fato de
o homem ser um ser pessoal, criado à imagem de Deus (Gn 1.26).
👉 Ao estudarmos a distinção entre alma
e espírito, entramos em um dos temas mais fascinantes da antropologia bíblica.
A Escritura nos mostra que o ser humano não é apenas pó, mas um ser complexo,
portador de dimensões que ultrapassam o visível. O termo hebraico nephesh e o
grego psychē, traduzidos como “alma”, aparecem centenas de vezes na Bíblia, e
seu sentido é amplo. Em Gênesis 1.20, por exemplo, “alma vivente” descreve as
criaturas do mar. Mas em relação ao homem, essa palavra alcança uma
profundidade muito maior. A diferença entre a alma humana e a dos animais está
na origem. Aos animais foi concedida vida biológica, que se extingue com a
morte. Já o homem recebeu de Deus o sopro vital (Gn 2.7). O que saiu da boca do
Criador fez do homem uma alma vivente de natureza espiritual, incorpórea e
imortal. É por isso que Daniel 12.2 fala da ressurreição, e Jesus advertiu que
a alma não pode ser destruída pela morte física, mas permanece na eternidade
(Mt 25.46; Lc 16.22-25). A alma, portanto, é o centro da personalidade humana.
É nela que se encontram a razão, a vontade e as emoções. Antônio Gilberto
observa que “é a partir da alma que o homem exerce sua vocação relacional,
tanto com Deus quanto com o próximo”¹. Isso confirma o ensino de Gênesis
1.26-28: fomos criados à imagem de Deus para dominar, cultivar e cuidar, mas
sobretudo para viver em comunhão com o Criador.
Do ponto de vista exegético, vale
notar que psychē no Novo Testamento nem sempre significa apenas “vida
biológica”. Jesus disse: “Quem quiser salvar a sua psychē a perderá, mas quem
perder a sua psychē por minha causa a encontrará” (Mt 16.25). Aqui o termo
aponta para a vida integral do homem diante de Deus. Craig Keener explica que
Jesus está chamando seus discípulos a compreender que a vida verdadeira não se
encontra em preservar a existência terrena, mas em render-se totalmente ao
Senhor². Enquanto a alma se relaciona ao mundo interior — pensamentos,
sentimentos e escolhas — o espírito (pneuma) é a dimensão mais profunda do
homem, pela qual temos consciência de Deus e comunhão com Ele. Silas Queiroz
destaca que a alma pode ser vista como o “elo intermediário” entre o corpo e o
espírito, pois sente o que o corpo experimenta e responde ao que o espírito
recebe³. Essa compreensão mostra que o homem é um ser integral, em que cada
parte afeta a outra. O uso de nephesh no Antigo Testamento reforça essa ideia
de integralidade. Em textos como Salmo 42.11, “Por que estás abatida, ó minha
alma?”, o salmista está expressando uma dor que não se limita ao corpo, mas
envolve toda a sua existência. Essa experiência, que todos nós conhecemos,
mostra como a alma é sensível ao pecado, às circunstâncias e também à ação
redentora de Deus.
Como temos cuidado da nossa alma?
Temos alimentado a mente com a Palavra de Deus, guardado os sentimentos em
Cristo e rendido a vontade ao Espírito Santo? Nossa alma é eterna e será
julgada diante do trono de Deus. Que vivamos cada dia conscientes dessa
verdade, cuidando do corpo, disciplinando a alma e fortalecendo o espírito em
oração e comunhão. Assim, experimentaremos a vida abundante que Jesus prometeu.
¹
GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD,
1996.
²
KEENER, Craig S. Comentário do Novo Testamento. São Paulo: Vida, 2010.
³
QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
Outras
referências:
BÍBLIA
DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
ARRINGTON,
French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2003.
CHAMPLIN,
R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo:
Candeia, 1981.
MACARTHUR,
John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.
BEACON,
Comentário Bíblico Beacon. Kansas City: Casa Nazarena, 2005.
PALMA,
Anthony D.; YONG, Amos; MACCHIA, Frank D.; FEE, Gordon D.; OSS, Douglas;
MENZIES, Robert P. Obras diversas sobre pneumatologia e antropologia bíblica.
2.
O espírito. Do hebraico ruah e do grego pneuma, o espírito do homem provém de Deus
e constitui sua principal dimensão. É por meio dele que mantemos nossa comunhão
com o Criador, o Pai dos espíritos, e o adoramos (Hb 12.9; Jo 4.23,24). Junto
com a alma, e inseparável dela, compõe a parte imaterial do ser humano. É o
“homem interior” que, na linguagem do apóstolo Paulo, aparece algumas vezes em
contraste direto com o corpo, o homem exterior (Rm 7.22-25; 2Co 4.16-18; Ef
3.16-19). Como ensina o pastor Antônio Gilberto, em sua Bíblia com
Comentários, “à luz das Escrituras, o espírito é a fonte da vida recebida
de Deus. O espírito usa e transmite essa vida à alma, que, por sua vez, a
expressa por meio do corpo, utilizando seus sentidos físicos para explorar o
mundo exterior e dele receber as necessárias impressões”. São três elementos
que formam um único ser ou pessoa.
👉 O espírito humano é o ponto mais
elevado da nossa existência. Ele não nasce de nós, mas procede de Deus, que é
chamado nas Escrituras de “Pai dos espíritos” (Hb 12.9). O termo hebraico rûaḥ
e o grego pneûma
carregam a ideia de sopro, vento, hálito vital. Não se trata de mera energia impessoal, mas da dimensão mais íntima do ser humano, pela qual nos conectamos com o
Criador. É no espírito que acontece a verdadeira adoração em “espírito e em
verdade” (Jo 4.23-24). Assim, quando olhamos para dentro de nós, percebemos que
nossa vida não é autônoma, mas sustentada por Aquele que sopra continuamente
sua graça sobre nós. O espírito, segundo Paulo, é também o “homem interior” (ho
esō ánthrōpos), em contraste com o “homem exterior”, o corpo físico sujeito à
corrupção (2Co 4.16). Esse homem interior é renovado dia após dia, enquanto o
corpo envelhece. O apóstolo descreve, em Romanos 7.22-25, a luta travada dentro
de nós: o espírito que se deleita na lei de Deus, mas que convive com a carne
enfraquecida. Essa tensão só encontra resposta na obra redentora de Cristo. O
espírito, portanto, não é uma abstração; é o espaço de batalha e de vitória
pela graça. Antônio Gilberto observa que o espírito é “a fonte da vida recebida
de Deus”¹. Ele transmite essa vida à alma, que a expressa por meio do corpo.
Assim, há uma dinâmica espiritual: Deus comunica sua vida ao espírito, o
espírito vivifica a alma, e a alma conduz o corpo a agir. Silas Queiroz amplia
essa visão, lembrando que o espírito é “a centelha divina que distingue o homem
do restante da criação”². Isso significa que somos mais do que matéria
organizada; somos seres chamados a refletir o próprio Deus em nosso viver. O
Novo Testamento confirma essa estrutura. Paulo ora para que os efésios sejam
“fortalecidos com poder no homem interior pelo Espírito” (Ef 3.16). A palavra
grega usada para “fortalecer” é krataioō, que sugere robustez, firmeza
interior, algo que só o Espírito Santo pode operar. Não se trata de mero
esforço humano, mas de uma ação sobrenatural que consolida o espírito do crente
para resistir ao pecado e permanecer firme diante das pressões externas. Craig
Keener ressalta que, na visão paulina, o espírito humano só encontra sua
plenitude quando é habitado pelo Espírito de Deus³. Em outras palavras, a
dimensão espiritual do homem não existe para ser autônoma, mas para ser morada.
A alma pode se agitar, os sentimentos podem se confundir, mas o espírito,
quando regenerado, torna-se habitação permanente do Espírito Santo (Rm 8.16).
Aqui, vemos a glória do novo nascimento: não apenas receber perdão, mas sermos
transformados em templo vivo.
Gordon Fee destaca que a vida cristã
é essencialmente pneumática, isto é, orientada pelo Espírito⁴. Sem essa
dimensão, o homem vive reduzido ao plano natural, escravo dos sentidos e
incapaz de compreender as coisas de Deus (1Co 2.14). Mas quando o Espírito
Santo vivifica o espírito humano, há discernimento, revelação e verdadeira
comunhão. Por isso, a vida cristã não pode ser explicada apenas em categorias
psicológicas ou sociais; ela é, sobretudo, espiritual.
Como está o nosso homem interior?
Muitos cuidam bem do corpo, outros investem no intelecto, mas negligenciam a
dimensão mais profunda, onde Deus deseja habitar e agir. Nossa Escola Bíblica
não é apenas espaço de aprendizado, mas de fortalecimento espiritual. É aqui
que, pelo ensino da Palavra e pela comunhão do Espírito, o nosso espírito é
alimentado, renovado e preparado para resistir ao dia mau. Que cada aluno e
professor se examine e busque diante de Deus não apenas informação, mas transformação.
Pois a vida no Espírito não é teoria, é prática diária, é andar em novidade de
vida.
1.
GILBERTO, Antônio. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
2.
QUEIROZ, Silas. Corpo, alma e espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
3.
KEENER, Craig S. Comentário do Novo Testamento. São Paulo: Vida, 2011.
4.
FEE, Gordon D. Paul, the Spirit, and the People of God. Peabody: Hendrickson,
1996.
ARRINGTON,
French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2014.
CHAMPLIN,
R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo:
Hagnos, 2002.
MACARTHUR,
John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas Nelson, 2017.
YONG,
Amos. Renewing the Theology of the Holy Spirit. Downers Grove: IVP, 2014.
PALMA,
Anthony D. The Holy Spirit: A Pentecostal Perspective. Springfield: Gospel
Publishing House, 2001.
OSS,
Douglas. “Spirit Baptism.” In: HORTON, Stanley (ed.). Systematic Theology: A
Pentecostal Perspective. Springfield: Gospel Publishing House, 1994.
MACCHIA,
Frank D. Baptized in the Spirit. Grand Rapids: Zondervan, 2006.
MENZIES,
Robert P. Empowered for Witness: The Spirit in Luke-Acts. Sheffield: Sheffield
Academic Press, 1994.
BEACON
HILL PRESS. Comentário Bíblico Beacon: Novo Testamento. Kansas City: Beacon
Hill Press, 2005.
SINOPSE
II
A
distinção entre alma e espírito, mostrando que ambos compõem a parte imaterial
do ser humano, mas com funções diferentes na relação com Deus e com o próximo.
AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO
A
ALMA E O ESPÍRITO
“A alma (heb. nephesh;
gr. psychē), frequentemente traduzida como ‘vida’, pode ser
brevemente definida como a parte não material do ser humano, que resulta da
união de corpo e espírito. Ela inclui a mente, as emoções e o livre-arbítrio.
Juntamente com o espírito humano, a alma continuará a viver quando a pessoa
morrer fisicamente. (Nesse sentido, há certa superposição na Bíblia no uso das
palavras ‘alma’ e ‘espírito’.) A alma está tão intimamente conectada à
personalidade interior que o termo é usado, às vezes, como sinônimo de ‘pessoa’
(p.ex., Lv 4.2; 7.20; Js 20.3). O corpo (heb. basar; gr. sōma)
pode ser brevemente definido como o elemento físico e material de um indivíduo
que retorna ao pó quando este morre (às vezes, chamado de ‘carne’). O espírito
(heb. ruach; gr. pneuma) pode ser brevemente definido
como o componente de vida não material do ser humano ” a essência verdadeira da
pessoa, dada por Deus — incluindo as nossas capacidades espirituais e a nossa
consciência. É o aspecto pelo qual temos contato mais direto com o Espírito de
Deus.” (Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global.
Rio de Janeiro: CPAD, 2022, pp.1106,1107).
III. A INTERAÇÃO
DAS TRÊS DIMENSÕES
1.
Corpo, afetos e somatização. O
corpo (gr. sōma)
é a parte material do ser humano, por meio da qual comumente manifestamos os
atributos da alma e do espírito. Empregando o vocábulo “coração” (heb. leb; gr. kardia) — uma das principais palavras que o
Antigo e o Novo Testamentos usam como sinônimo de alma —, Salomão bem
identificou essa interação ao afirmar: “O coração alegre aformoseia o rosto”
(Pv 15.13); “O coração com saúde é a vida da carne” (Pv 14.30); “O coração
alegre serve de bom remédio, mas o espírito abatido virá a secar os ossos” (Pv
17.22). Identificados como doenças psicossomáticas a partir do século XX,
muitos problemas físicos decorrem de crises da alma (e do espírito, inclusive
pecados, cf. Sl 31.9,10; 32.1-5). E como se multiplicam em nossos dias!
👉 A vida humana é uma unidade
complexa. Corpo, alma e espírito não vivem isolados, mas em interação
constante. Quando olhamos para as Escrituras, percebemos que Deus nos fez
integrais. O corpo, chamado no grego de sōma, é a dimensão visível, mas nele se
manifestam as realidades invisíveis da alma e do espírito. Ou seja, aquilo que
sentimos e pensamos reflete-se inevitavelmente no nosso físico. A Bíblia revela
esse mistério usando uma palavra-chave: o coração. No hebraico, lêb, e no
grego, kardía. Esse termo não indica apenas o órgão biológico, mas a sede da
vontade, dos pensamentos e das emoções. Salomão declarou: “O coração alegre
aformoseia o rosto” (Pv 15.13). Ou seja, o estado interior transborda na
aparência exterior. Ele também afirmou: “O coração com saúde é a vida da carne”
(Pv 14.30), e ainda: “O coração alegre serve de bom remédio, mas o espírito
abatido virá a secar os ossos” (Pv 17.22). O que acontece na alma e no espírito
não fica escondido. Mais cedo ou mais tarde, o corpo carrega as marcas. A medicina
moderna chama isso de doenças psicossomáticas, mas a Bíblia já mostrava essa
realidade séculos antes. Quando o salmista confessa que seus ossos se consumiam
enquanto escondia o pecado (Sl 32.3-5), vemos como a culpa espiritual pode se
materializar em fragilidade física. A palavra hebraica usada em Salmos 31.10
para “consumir-se” é kālāh, que significa desgastar-se, minguar, perder vigor.
O pecado não tratado e a alma doente corroem até o corpo. Antônio Gilberto
explica que “o espírito é a fonte da vida recebida de Deus; a alma expressa
essa vida e o corpo a manifesta”¹. Esse fluxo significa que qualquer ruptura em
uma das áreas afeta todas as outras. Silas Queiroz também destaca que “o corpo
é palco das manifestações interiores do homem”². Isso exige de nós
responsabilidade: o cuidado espiritual não pode ser separado do cuidado físico
e emocional. Craig Keener comenta que a antropologia bíblica é holística: não
há como reduzir o ser humano a apenas matéria ou apenas espírito³. Gordon Fee
vai além, afirmando que o Espírito Santo atua no coração humano para integrar
essas dimensões, de modo que o cristão viva em saúde espiritual e equilíbrio⁴.
Negligenciar essa realidade é abrir espaço para a fragmentação e a escravidão
de áreas não tratadas.
Hoje, vemos como a ansiedade, o
estresse e até enfermidades físicas estão ligados a crises espirituais e
emocionais. Pecados não confessados, mágoas guardadas e falta de comunhão com
Deus resultam em pesos que adoecem até o corpo. A Igreja precisa reconhecer que
evangelizar, ensinar e discipular inclui também ministrar cura interior,
conduzindo o homem a Cristo, o único que pode restaurar integralmente. A
pergunta que cada um de nós deve se fazer, é: como está o seu coração? Não
apenas no sentido emocional, mas no sentido bíblico de sede da vida interior. O
rosto pode até sorrir, mas Deus conhece se os ossos estão secos. Que a nossa
Escola Bíblica seja um lugar onde o Espírito Santo trate o homem por inteiro,
trazendo reconciliação, cura e vigor espiritual que transbordam em saúde para
todo o ser.
1.
GILBERTO, Antônio. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
2.
QUEIROZ, Silas. Corpo, alma e espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
3.
KEENER, Craig S. Comentário do Novo Testamento. São Paulo: Vida, 2011.
4.
FEE, Gordon D. Paul, the Spirit, and the People of God. Peabody: Hendrickson,
1996.
ARRINGTON,
French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2014.
CHAMPLIN,
R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo:
Hagnos, 2002.
MACARTHUR,
John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas Nelson, 2017.
YONG,
Amos. Renewing the Theology of the Holy Spirit. Downers Grove: IVP, 2014.
PALMA,
Anthony D. The Holy Spirit: A Pentecostal Perspective. Springfield: Gospel
Publishing House, 2001.
OSS,
Douglas. “Spirit Baptism.” In: HORTON, Stanley (ed.). Systematic Theology: A
Pentecostal Perspective. Springfield: Gospel Publishing House, 1994.
MACCHIA,
Frank D. Baptized in the Spirit. Grand Rapids: Zondervan, 2006.
MENZIES,
Robert P. Empowered for Witness: The Spirit in Luke-Acts. Sheffield: Sheffield
Academic Press, 1994.
BEACON
HILL PRESS. Comentário Bíblico Beacon: Novo Testamento. Kansas City: Beacon
Hill Press, 2005.
2.
Equilíbrio e saúde. Da mesma forma que o corpo
padece por causa de disfunções da alma e do espírito, estes também sofrem por
problemas do corpo — naturais ou não. A língua é um dos membros que mais
produzem angústias ao ser humano (Pv 18.7,21; 21.23). Tem o nefasto poder de
contaminar a pessoa por inteiro (Tg 3.6). Um viver santo e equilibrado requer
constante vigilância e oração, preservando corpo, alma e espírito de toda a
espécie de males, o que inclui cuidados físicos e relacionais saudáveis (Cl
3.5-9; Ef 4.25-32; 6.18).
Quanto à crescente
busca por medicamentos como solução para todo tipo de problema emocional, é
preciso discernimento e cautela. O acompanhamento médico e psicológico é
importante em situações clinicamente diagnosticadas, mas, quando o problema tem
origem espiritual — como crises produzidas por pecados não confessados —, os
medicamentos não resolvem; no máximo, aliviam os sintomas. Arrependimento e
abandono do pecado são essenciais para a verdadeira cura da alma (Cl 3.8; Ef
4.31; Tg 4.6-10; 2Cr 7.14; Is 53.4,5).
👉 A vida equilibrada não é apenas uma
questão de disciplina física, mas de harmonia entre corpo, alma e espírito.
Quando uma dessas dimensões adoece, as demais inevitavelmente sofrem. O
apóstolo Paulo compreendia isso quando orava para que os crentes fossem conservados
“inteiramente irrepreensíveis em espírito, alma e corpo” até a vinda de Cristo
(1Ts 5.23). O ser humano é integral. Negligenciar uma área é comprometer todas.
A Escritura nos alerta sobre um dos maiores riscos para esse equilíbrio: a
língua. Tiago declara que “a língua é fogo, mundo de iniquidade” e que
contamina “todo o corpo” (Tg 3.6). O verbo usado, phlogízō no grego, significa
incendiar completamente, devastar. Assim, uma palavra maldita, uma fofoca ou
uma acusação injusta não ferem apenas quem as recebe, mas também destroem quem
as pronuncia. Salomão já havia percebido esse poder destrutivo: “A morte e a
vida estão no poder da língua” (Pv 18.21). O equilíbrio, portanto, exige
vigilância constante. Não se trata apenas de cuidar do corpo com hábitos
saudáveis, mas de guardar a mente e o coração com oração e disciplina
espiritual. A santificação inclui até mesmo o que falamos. Paulo exorta: “Não
saia da vossa boca nenhuma palavra torpe” (Ef 4.29). Aqui o termo sapros,
traduzido como “torpe”, significa podre, corrompido, sem valor. Uma boca
contaminada revela uma alma doente. Outro ponto que precisa ser observado é o
crescente recurso à medicação como resposta imediata a todo sofrimento
emocional. A medicina e a psicologia são bênçãos de Deus quando aplicadas
corretamente. Há situações clínicas em que o acompanhamento profissional é
indispensável. No entanto, muitos problemas têm origem espiritual. Culpa,
ressentimento e pecados não confessados não se resolvem com comprimidos. O
salmista declarou: “Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos”
(Sl 32.3). Aqui, a palavra hebraica šāqên, traduzida por envelhecer, traz a
ideia de desgaste, decadência progressiva. Nesse contexto, o arrependimento é o
verdadeiro remédio. Isaías afirma que Cristo levou sobre si “as nossas dores”
(Is 53.4). O termo hebraico mak’ōb designa não apenas dores físicas, mas
sofrimentos emocionais e espirituais. Somente em Cristo a alma encontra
restauração plena. O arrependimento sincero e o abandono do pecado curam aquilo
que remédios apenas mascaram. Silas Queiroz lembra que o ser humano é chamado a
viver em plena integração. “O corpo é o espaço onde se expressam os conflitos e
vitórias da alma e do espírito. Se há paz interior, há saúde exterior; se há
desordem espiritual, o corpo padece”¹. Antônio Gilberto reforça: “O espírito
comunica a vida de Deus; a alma traduz essa vida em sentimentos; o corpo
manifesta na prática essa experiência”². Diante disso, cabe a cada cristão
avaliar: tenho cuidado do meu corpo, da minha mente e do meu espírito? Há
pecados que ainda precisam ser confessados? Palavras que ferem, culpas
escondidas ou rancores não tratados? O Senhor nos chama a viver em equilíbrio e
santidade, conservando-nos íntegros até a sua vinda. É tempo de buscar cura
verdadeira no arrependimento e restauração completa em Cristo.
1.
QUEIROZ, Silas. Corpo, alma e espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
2.
GILBERTO, Antônio. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
KEENER,
Craig S. Comentário do Novo Testamento. São Paulo: Vida, 2011.
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Gordon D. God’s Empowering Presence: The Holy Spirit in the Letters of Paul.
Peabody: Hendrickson, 1994.
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French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2014.
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R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo:
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John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas Nelson, 2017.
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Amos. Renewing the Theology of the Holy Spirit. Downers Grove: IVP, 2014.
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Publishing House, 2001.
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Douglas. “Spirit Baptism.” In: HORTON, Stanley (ed.). Systematic Theology: A
Pentecostal Perspective. Springfield: Gospel Publishing House, 1994.
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Frank D. Baptized in the Spirit. Grand Rapids: Zondervan, 2006.
MENZIES,
Robert P. Empowered for Witness: The Spirit in Luke-Acts. Sheffield: Sheffield
Academic Press, 1994.
BEACON
HILL PRESS. Comentário Bíblico Beacon: Novo Testamento. Kansas City: Beacon
Hill Press, 2005.
SINOPSE
III
O corpo, a alma e o espírito estão
interligados. O equilíbrio entre essas dimensões é essencial para uma vida
cristã saudável e plena diante de Deus.
CONCLUSÃO
Uma correta
compreensão espiritual acerca do homem, de sua constituição e propósito é
fundamental para uma vida cristã equilibrada (1Co 2.14,15). Mesmo as almas mais
piedosas não encontram verdadeira paz e alegria senão em Deus, o seu Criador
(Sl 42.1; Jo 14.27), pois “a alegria do Senhor é a [nossa] força” (Ne 8.10).
👉 Compreender corretamente a natureza
espiritual do homem, sua constituição tripartida e seu propósito divino é
essencial para viver uma vida cristã equilibrada e frutífera. O apóstolo Paulo
lembra que o homem natural não percebe as coisas do Espírito de Deus, mas o
espiritual consegue discernir todas as realidades espirituais (1Co 2.14-15).
Isso significa que o conhecimento intelectual ou a religiosidade externa são
insuficientes. A verdadeira paz e a alegria que sustentam a vida só podem ser
encontradas em Deus, nosso Criador, Fonte de toda existência. As Escrituras
ilustram essa busca em vários momentos. O salmista, em sua angústia, declara:
“Como a corça anseia por águas correntes, assim minha alma anseia por ti, ó
Deus” (Sl 42.1). Aqui vemos que a alma humana foi feita para desejar o
transcendente, o eterno. Jesus reforça esse princípio: Ele mesmo promete deixar
Sua paz conosco, uma paz que não depende das circunstâncias, mas da comunhão
com Ele (Jo 14.27). Esta é uma paz que o mundo não pode dar, e nem tirar. Além
disso, a alegria genuína do cristão tem sua raiz em Deus. Neemias afirma: “A
alegria do Senhor é a nossa força” (Ne 8.10). O termo hebraico ḥēṣôn
indica vigor, sustento e capacidade de enfrentar desafios. Ou seja, a alegria
que brota da presença de Deus não é superficial, mas vital, transformando a
alma, fortalecendo o espírito e influenciando positivamente o corpo. Quando o
homem caminha em harmonia com Deus, corpo, alma e espírito encontram seu
verdadeiro equilíbrio.
Portanto, reconhecer que cada
dimensão do ser humano: corpo, alma e espírito, depende da ação restauradora de
Deus é fundamental. A vida cristã equilibrada não é apenas evitar o pecado, mas
cultivar comunhão constante com o Senhor, permitindo que Ele molde nossos
pensamentos, emoções e atitudes. A consciência dessa realidade transforma a
adoração, o serviço e a prática diária da fé, tornando-nos canais de vida e paz
para nós mesmos e para aqueles ao nosso redor.
Ao concluir esta primeiríssima aula,
podemos extrair três aplicações práticas para a vida do aluno:
1. Cultivar a comunhão diária com Deus: Reserve momentos regulares de oração, leitura da
Bíblia e meditação para que o espírito seja nutrido e fortaleça a alma. A
verdadeira alegria e equilíbrio só vêm de uma intimidade contínua com o
Criador.
2. Exame pessoal constante: Avalie regularmente suas palavras, pensamentos e
atitudes. Pergunte a si mesmo se eles refletem a paz e a alegria de Deus ou se
revelam desequilíbrios da alma ou do corpo. Isso ajuda a prevenir conflitos
internos e desordens espirituais; e
3. Fortalecimento integral do ser: Pratique hábitos saudáveis que cuidem do corpo, da
mente e do espírito de forma integrada. Exercício físico, descanso adequado,
relacionamentos saudáveis e arrependimento de pecados não confessados promovem
equilíbrio e tornam a presença de Deus mais evidente em sua vida.
Viva para a máxima glória do Nome do
Senhor Jesus!
Meu
ministério aqui é um chamado do coração: compartilhar o ensino da
Palavra de Deus de forma livre e acessível, para que você, irmão ou irmã em
Cristo, possa crescer na fé e no conhecimento das Escrituras, sem barreiras,
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Todo o material que ofereço é fruto de
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REVISANDO O CONTEÚDO
1. Como
é conhecida a Doutrina do Homem no campo da Teologia Sistemática?
No campo da Teologia Sistemática, ela é
conhecida como Antropologia Bíblica.
2. A
que perguntas milenares a Doutrina do Homem responde?
Responde às intrigantes e milenares
perguntas: Quem é o homem? De onde veio? Para onde vai?
3. Qual
o significado de tricotomia?
A teologia utiliza o termo “tricotomia”
para tratar da tríplice constituição do ser humano: o corpo, a alma e o
espírito.
4. Qual
a distinção entre a alma dos animais e a alma do homem?
A distinção entre a alma do homem e a do
animal é evidenciada no processo criativo: procedente do sopro de Deus (Gn
2.7), a alma do homem constitui uma substância espiritual, incorpórea,
invisível e imortal (Dn 12.2; Mt 25.46; Lc 16.22-25; Ap 20.4).
5. Como
conceituar “espírito”?
Do hebraico ruah e do grego pneuma, o
espírito do homem provém de Deus e constitui sua principal dimensão. É por meio
dele que mantemos nossa comunhão com o Criador, o Pai dos espíritos, e o
adoramos.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
O
HOMEM — CORPO, ALMA E ESPÍRITO
Estimado(a)
professor(a), a gloriosa paz do Senhor. Estamos iniciando um novo trimestre de
estudos com a revista Lições Bíblicas Adultos, editada pela CPAD.
Rogamos que as ricas bênçãos do Senhor sejam derramadas sobre a sua vida,
ministério e família. Nesta rica oportunidade, estudaremos sobre a natureza
humana a partir da Antropologia na visão bíblica. Deus constituiu o homem de
corpo, alma e espírito. Estes aspectos fundamentam a Doutrina do Homem e
apontam como o homem foi criado, bem como revela o propósito do Criador em
trazê-lo à existência.
O estudo
sistemático sobre a Doutrina do Homem tem a pretensão de dirimir em que
consiste a natureza humana atrelada aos propósitos do Criador para a
humanidade. Deus, por sua infinita graça, criou os seres humanos com o fim de
glorificá-lo a partir de uma comunhão eterna. No estudo desta lição, sua classe
é convidada a conhecer com maiores detalhes dos três componentes básicos da
existência humana, a saber, corpo, alma e espírito. Para termos uma visão geral
do assunto, Stanley M. Horton, na obra Teologia Sistemática: Uma
Perspectiva Pentecostal (CPAD), Discorre: “[...] A composição física
dos seres humanos é a parte material da sua constituição que os une aos demais
seres viventes, inclusive as plantas e os animais. As plantas, os animais, os
seres humanos, todos podem ser descritos em termos de existência física. A ‘alma’
é considerada o princípio da vida física ou animal. Os animais possuem uma alma
básica e rudimentar: apresentam evidências de emoções e são descritos com o
termo psuchê em Apocalipse 16.3 (ver também Gn 1.20, onde são
descritos como nephesh chayyah, ‘de alma vivente’ no
sentido de ‘indivíduos vivos’ dotados de certa medida de personalidade). Os
seres humanos e os animais são distintos das plantas, em parte pela capacidade
de expressar sua personalidade individual. O ‘espírito’ é considerado um poder sublime
que estabelece os seres humanos na dimensão espiritual e os capacita à comunhão
com Deus. Pode-se distinguir o espírito da alma, sendo aquele ‘a sede das
qualidades espirituais do indivíduo, ao passo que nesta residem os traços da
personalidade’. Embora distintos entre si, não é possível separar a alma do
espírito”. (1996, p.248).
No estudo da
natureza humana, a compreensão desses três componentes é indispensável para que
o cristão experimente a vontade de Deus em sua totalidade e tenha uma vida equilibrada.