TEXTO
ÁUREO
“Depois disso, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então, disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim.” (Is 6.8)
Esmiuçando o Texto Áureo:
- O pronome “nós”, utilizado no plural não prova a doutrina da Trindade, mas a
sugere fortemente (Gn 1.26); “eis me
aqui, envia-me a mim”, essa resposta evidencia humilde prontidão e total confiança.
Embora plenamente consciente de seu pecado, ele estava disponível.
VERDADE
PRÁTICA
Nem todos são
chamados para ir ao campo missionário, mas todos têm a responsabilidade de orar
e contribuir com essa obra.
Esmiuçando a Verdade Prática:
- Atenção!
Lida simplesmente pode sugerir a falsa ideia de que somente orando e
contribuindo estaremos cumprindo a Grande Comissão. O “Ide”, como um mandamento de Cristo não é apenas àqueles que têm uma
vocação transcultural, mas a todos os cristãos. Todos vivemos integralmente por
essa missão, a de reconciliação do homem com Deus, testemunhando, falando do
amor e da bondade de Deus, ensinando o que ouvimos, discipulando, onde quer que
estejamos. E também orando e contribuindo!
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Efésios 6.18-20
Esmiuçando a Leitura Bíblica em
Classe:
- O
versículo 18 introduz o caráter geral da vida de oração de um cristão:
1)
"toda oração e súplica"
concentra-se na variedade:
2)
"em todo o tempo"
concentra-se na frequência (Rm 12.12; Fp 4.6; 1Ts 5.17);
3)
"no Espírito" concentra-se
na submissão, à medida que nos ajustamos à vontade de Deus (Rm 8.26-27);
4)
"vigiando" concentra-se no
modo (Mt 26.41; Mc 13.35);
5) "toda perseverança" concentra-se na
persistência (Lc 11.9; 18.7-8); e
6)
"todos os santos"
concentra-se nos alvos (1Sm 12.23).
Paulo
não pede para que orem pelo seu bem-estar pessoal ou pelo seu conforto físico
na prisão de onde ele escrevia, mas por ousadia e fidelidade para continuar a
proclamar o evangelho aos não salvos, não importando o quanto isso lhe
custaria, como despenseiro do mistério de
Cristo
Tíquico,
um convertido da Ásia Menor que esteve com o apóstolo durante a sua primeira
prisão em Roma onde essa epístola foi escrita. Ele acompanhou Paulo e ajudou a fazer
a coleta da oferta para a igreja de Jerusalém (At 20.4-6) e foi enviado por ele
em diversas missões (2Tm 4.12;Tt 3.12).
INTRODUÇÃO
“Ide por todo o
mundo, pregai o evangelho a toda a criatura” (Mc 16.15; cf. Mt 28.19; At 1.8).
Essa passagem bíblica e outras referências ao longo do Novo Testamento mostram
que a prioridade da Igreja do Senhor Jesus Cristo é com a evangelização do
mundo. Esse compromisso como chamado à evangelização mundial exige três ações
distintas: orar, contribuir e ir (exercer o chamado). Assim, estudaremos essas
três ações dentro do contexto da necessidade missionária.
- Ser
missionário é a função de todos os cristãos, cada um na sua área de atuação.
Não existem classes de cristãos, existem cristãos com vocações distintas. Mas
essas distinções não os distinguem em grau de importância. O missionário
plantador de igrejas em meio a povos não alcançados é tão relevante quanto o
missionário pedreiro, médico, vendedor, pastor ou engenheiro, em meio a
comunidades já ‘alcançadas’. Todos estamos amparados pelo comando de Atos 1.8 “e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em
toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra”. A Grande Comissão (Mt
28.18-20). É o nome que se dá à comissão que o Senhor Jesus designou para a
evangelização das nações. O verbo “ensinar” em “ensinai todas as nações” (Mt
28.19a), ou: “façam discípulos de todas as nações” (Nova Almeida Atualizada), é
mathēteuō , “fazer discípulo,
discipular”. O discipulado não é opção, é mandamento divino para a edificação e
crescimento espiritual de cada cristão. Além do discipulado, Ele também ordenou
que esses novos discípulos guardem o que aprenderam: “ensinando-as a guardar
todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mt 28.20). Ou seja, as doutrinas e
os pontos doutrinários que Jesus ensinou.
I-
ORANDO PELA CAUSA DE MISSÕES
1. A importância
da oração na obra missionária. Embora considerado um “gigante na
fé”, o apóstolo Paulo não dispensava as orações das igrejas, pois possuía um
profundo senso de necessidade dessa disciplina espiritual. Para o apóstolo Paulo, a oração é uma
disciplina interligada à obra missionária (Ef 6.18-20). A partir disso, não
podemos imaginar uma obra de missões sem pessoas comprometidas com a disciplina
da oração. Nesse sentido, passamos a destacar pelo menos duas finalidades da
oração na obra missionária.
- A
missão de promover o evangelho é a grande obra da igreja, e a oração é o motor
que a move. Um dos maiores recursos que a igreja tem para promover o evangelho
é a capacidade de se apresentar a Deus em oração e pedir o que já está em seu
coração – o crescimento de seu reino no mundo. O apóstolo Paulo pediu que
orassem por ele várias vezes para que nas suas viagens missionárias ele pudesse
falar com intrepidez a Palavra e não ser impedido de fazê-lo. Jesus também nos
deixou o exemplo de uma vida de jejum e oração para que ao realizar a obra que
o pai lhe confiou tivesse autoridade contra as forças espirituais, expelindo
demônios, libertando cativos do poder opressor do pecado e de satanás.
Inclusive alertou os discípulos sobre “o
dever de orar sempre e nunca desfalecer.” E falando sobre a tarefa de
evangelizar, viu a oração como solução para que o Senhor da seara enviasse mais
ceifeiros para sua seara. Nossos missionários, pastores e líderes precisam
incessantemente das nossas intercessões. A nossa luta não é contra carne e
sangue. Por isso, faça o propósito de orar diariamente pela obra missionária no
Brasil e no mundo. Adote missionários em oração. Seja a retaguarda que eles
precisam.
Jesus
ensinou seus discípulos como orar por missões e os moldou enquanto os treinava.
No início do treinamento dos discípulos, Jesus ensinou a eles como orar (Mt 6.9-13).
Mais tarde, depois de enfrentar os desafios do ministério, eles voltaram a
Jesus para pedir a ele para ensiná-los como orar. Ele os trouxe de volta a
mesma oração, onde quem ora suplica, “venha
o Teu Reino” (Lc 11.2) Depois, Jesus iria exemplificar que as batalhas
espirituais para alcançar a missão só seriam ganhas pela fé através da oração,
assim como ele clamou “seja feita a tua
vontade” no Jardim do Getsêmani (Lc 22.42). Antes de Jesus enviar os doze
ou os setenta e dois, ele apontou os seus rostos para o céu em oração e
transformou os corações dos discípulos em trabalhadores. Portanto, antes mesmo do
envio missionário acontecer, nós devemos banhar o alvo missionário em oração. A
igreja nunca deve perder de vista que, para fazer discípulos, orar é o primeiro
passo para levar o evangelho para o campo missionário.
2. Interceder. Devemos orar
para que as portas do Evangelho sejam abertas (Cl 4.2,3). Orar para que os
corações das pessoas se abram à mensagem de salvação, que os missionários
tenham ousadia para testemunhar e pregar o Evangelho (Ef 6.19) a fim de que a
Palavra de Deus seja propagada (2 Ts 3.1). Devemos interceder pela proteção e
segurança deles diante dos perigos que enfrentam (1 Ts 3.2). Há muitos outros
motivos de intercessão: para que o ministério dos missionários seja aceito
pelos povos (Rm 15.31); para que eles recebem a direção de Deus e haja
refrigério em suas vidas nas esferas física, emocional e espiritual (Rm 15.32).
- É
interessante notar o emprego que Paulo faz do termo “Perseverai” em Colossenses 4.2. A palavra grega quer dizer "ser corajosamente persistente" ou
"apegar-se e não desistir",
e aqui, diz respeito à oração persistente (At 1.14; Rm 12.12; Ef 6.18; ITs
5.17). Também nesse mesmo texto, ele exorta a “vigiando”, em seu sentido mais geral, nos convoca a estarmos alertas
enquanto oramos. Porém, Paulo tem em mente uma implicação ainda mais ampla,
estar alerta para as necessidades específicas sobre as quais orar, ao invés de
ser vago e não focalizado. O foco do pedido era para que se abrisse uma porta, uma oportunidade, para a propagação da mensagem do Evangelho. Oração
abre oportunidades para que o evangelho seja compartilhado onde antes parecia
fechado. Na oração, o impossível se torna prático. Assim como Pedro estava
preso em Atos 12, a igreja estava orando e Deus libertou Pedro, abrindo o
portão de ferro que levava à cidade. (Atos 12:10). Nessa experiência, Pedro
percebeu que, enquanto a igreja orasse, nada impediria o reino de Deus de
avançar. É a oração que nos ajuda a conectar com pessoas que estão abertas ao
evangelho. É a oração que nos leva ao lugar certo na hora certa para tomar os
passos que apenas Deus poderia orquestrar. A oração conecta a igreja com a ação
de Deus, que empodera o seu povo para propagar a mensagem do seu reino.
3. Despertar a
igreja local para a obra missionária. A disciplina da oração missionária
aumenta o desejo de o crente fazer algo no sentido de levar a salvação para os
perdidos e, até mesmo, de ser enviado ao campo missionário. Nesse aspecto, é
interessante destacar que os mesmos crentes que deveriam orar por ceifeiros em Mateus 9.35-38 são os que foram
enviados por Jesus para ceifa em Mateus 10. Por isso, um grande líder de missões certa
vez disse: “Se mais crentes se pusessem de joelhos em oração, mais crentes se
poriam em pé na evangelização”.
- Quando
Jesus enviou os discípulos para todos os lugares em que ele mesmo tinha
planejado visitar em Lucas 10, ele falou para eles orarem para que Deus
enviassem trabalhadores para a seara. Então ele disse “Ide! Eis que vos envio” (Lc 10.3) em resposta as suas próprias orações.
Enquanto a igreja em Antioquia jejuava e orava, Deus separou Paulo e Barnabé
para levarem o evangelho aos gentios (At 13.1-3). Para muitas igrejas locais,
oração e jejum semelhantes a esses são suplementares. Mas no Novo Testamento,
oração e jejum como esses eram fundamentais para o povo de Deus quando se
engajavam em missões. Hoje, através da oração corporativa, as igrejas locais
podem assumir um papel ativo no dever da Grande Comissão. A intercessão é o
meio pelo qual nos unimos na atividade diária de Deus na vida de outras
pessoas, e isso inclui pessoas em nosso bairro e povos ao redor do mundo que
talvez nunca encontremos. Por meio da oração, Deus concede que igrejas locais
se unam a ele na obra reconciliadora que está realizando agora entre muçulmanos,
hindus, budistas e pessoas de todas as religiões ao redor do mundo. A oração e
o jejum fervorosos são uma maneira vital das igrejas locais estarem envolvidas
na missão de Deus entre as nações.
II-
CONTRIBUINDO PARA MISSÕES
1. O sustento dos
missionários. Com base nas leis do Antigo Testamento, quando Deus ordenou
que os sacerdotes e levitas deveriam ser sustentados por meio das ofertas das
pessoas (Lv 7.28-36; Nm 18.8-21), o apóstolo Paulo instruiu os coríntios:
“assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho, que vivam do
evangelho” (1 Co 9.14). O nosso Senhor ensinou acerca desse mesmo princípio no Evangelho de Mateus (Mt 10.10). Em
Filipenses 4.10-20, encontramos ensinamentos importantes acerca do modo como os
primeiros missionários receberam apoio financeiro. Após ter deixado a cidade de
Filipos, o apóstolo Paulo foi à Tessalônica para pregar o Evangelho e os
filipenses enviaram o apoio financeiro e material para o apóstolo (Fp 4.16).
- Ao
utilizar os termos “vivam do evangelho”,
Paulo diz respeito a ganhar a vida pregando as boas-novas. Nesse quesito, é
importante notarmos o que Jesus nos ensina em Mateus 10.10, ao restringir
quanto ao que poderiam levar para essa missão, apenas túnicas, a questão aqui
era ensiná-los a confiar que o Senhor supriria suas necessidades por meio da
generosidade das pessoas a quem eles ministrariam, e ensinar àqueles que
receberam a bênção do ministério daqueles homens a apoiarem os servos de
Cristo. Veja que em Lucas 22.36, numa missão posterior, Cristo lhes deu
instruções completamente diferentes.
Também
é notório esse ensino quando lemos em Romanos, dentre outras intenções de
Paulo, a de angariar a ajuda com o ministério que ele planejava desenvolver na
Espanha (Rm 15.28). O apóstolo Paulo aceitou a oferta dos crentes da igreja de
Filipos, que foi entregue voluntariamente ao apóstolo, de modo que serviu para
o seu sustento. De fato, o apóstolo era um missionário que vivia por fé. No
trecho de Filipenses 4.10-20 vemos um obreiro que havia experimentado a
abundância e a escassez na vida. Quando estava a serviço do Sinédrio, ele tinha
uma vida mais abastada; quando, porém, passou a ser um seguidor de Jesus, sua
vida financeira não foi mais a mesma. À luz do exemplo da igreja de Filipos, os
membros e os obreiros da igreja local têm o privilégio de serem participantes
do sustento financeiro e do apoio aos missionários e suas famílias por meio da secretaria
ou do departamento de Missões da igreja. Ora, os filipenses faziam isso com
alegria e de maneira voluntária (Fp 4.15). Assim, conforme já estudamos, orar,
interceder, acompanhar e financiar o ministério dos missionários é um
privilégio específico dos membros da igreja local. Aqui, ocorre uma relação
espiritual de muita confiança em que o Corpo de Cristo sustenta e apoia os
obreiros transculturais.
2. Contribuir para
missões é juntar tesouros no céu. Em Mateus 6.20, lemos: “Mas ajuntai
tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões
não minam, nem roubam”. Esse versículo revela um contexto de quem domina o
coração do ser humano: o tesouro do céu (Deus) ou o tesouro da terra (Mamom). Nesse
sentido, podemos afirmar que quem financia a obra missionária está ajuntando
tesouro no céu, pois sua atitude faz com que resultados extraordinários sejam
reconhecidos na eternidade. Por isso, somos convidados a ser participantes na
cooperação financeira do anúncio do Evangelho, como os filipenses eram no
ministério do apóstolo Paulo (Fp 1.5).
- O
texto de Mateus 6.20 recomenda o uso de bens financeiros para propósitos que
sejam celestiais e eternos. O cristão não pode esquecer que é um administrador
e que tudo pertence ao Senhor. Assim, devemos cuidar para não sermos
encontrados como o administrador infiel de Lucas 16.1. O uso fiel da riqueza
terrena está repetidamente ligado à acumulação de tesouros no céu (Lc 12.33; 18.22;
Mt 6.19-21).
A
Igreja dos Filipenses, não obstante sua pobreza, foi parceira do apóstolo Paulo
na obra missionária. Cooperação pode ser traduzido por "participação"
ou "parceria" (2Co 8.4). Esses cristãos haviam com ânimo ajudado
Paulo na evangelização em Filipos desde o início da igreja nessa cidade (At
16.12-40).
3. Contribuir para
missões é um privilégio. Não há privilégio maior do que saber que por meio de
nossa cooperação financeira, Bíblias estão chegando a lugares que nunca ouviram
falar do Evangelho, vidas estão sendo alcançadas na África, na Europa, no outro
lado do mundo. Participar dessa cooperação é um privilégio espiritual. Se não
podemos participar de maneira presencial, podemos fazer de maneira financeira.
Assim, podemos cooperar na propagação do Evangelho até os confins do mundo (Fp
4.14-20).
- É
interessante ressaltar aqui a mordomia por parte de Paulo daquilo que recebia,
a prestação de contas registrada em Fp 4.14-20 é um exemplo para todos aqueles
que administram os recursos da Igreja. Paulo era um fiel mordomo dos recursos
de Deus e registrava cuidadosamente tudo o que recebia e gastava.
Somente
os filipenses enviaram provisões para Paulo afim de suprir suas necessidades. Até
para Tessalônica, Paulo pregou lá por poucos meses, durante a sua segunda
viagem missionária. Os filipenses estavam, de fato, armazenando para si mesmos
tesouros no céu (Mt 6.20). As ofertas que eles deram para Paulo estavam
acumulando dividendos para crédito espiritual deles (Pv 11.24-25; 19.17; Lc 6.38;
2Co 9.6). Assim Paulo descreve as ofertas daqueles crentes: aroma suave, como sacrifício aceitável e
aprazível a Deus. A oferta dos filipenses foi um sacrifício espiritual (Rm
12.1; 1Pe 2.5) que agradou a Deus.
III-
A CHAMADA PARA IR
1. Deus quer usar
cada crente. Todo cristão deve estar pronto para ir e fazer o trabalho
missionário, levando as Boas-Novas de Salvação aos moradores do campo e da
cidade; aos estudantes, às donas de casa, órfãos, profissionais liberais,
deficientes físicos, prostitutas, homossexuais, dependentes químicos, enfim,
tantos grupos que o Senhor nos proporcionar. Deus deseja usar a sua Igreja em
todos os lugares: hospitais, presídios, albergues, ilhas, aldeias indígenas,
vilas, cidades, campos, praças, eventos em massa, individual etc. Assim, para
pregar o Evangelho, o Senhor não enviará anjos, mas usará homens e mulheres (Hb
2.16; 1 Pe 1.12). Todavia, há um preço a pagar, ou seja, a obediência à chamada
missionária.
- “Todo cristão ou é um missionário ou é um
impostor” (C. H. Spurgeon). O apóstolo Pedro, em 1Pedro 2.5,9, reafirmando
o ensino do profeta Isaías escreveu: “vocês
também estão sendo utilizados como pedras vivas na edificação de uma casa
espiritual para serem sacerdócio santo, oferecendo sacrifícios espirituais
aceitáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo… Vocês, porém, são geração eleita,
sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as
grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.”
Assim, pode-se afirmar que desde o antigo testamento a Bíblia ensina que todos
os crentes são sacerdotes! Quando falamos do desafio de cuidar dos de fora,
estamos falando desta percepção de que cada crente é um sacerdote, ou seja, um
missionário enviado por Deus para alcançar os que estão fora da comunidade da
fé. Podemos dizer, então, que a ação missionária é, segundo a Bíblia, uma
prática natural e estendida a todos os crentes em Jesus.
2. A chamada
missionária. Nas Escrituras vemos que Deus chama pessoas para uma grande
obra: o profeta Isaías foi chamado por Deus no Templo enquanto o adorava (Is
6.8,9); o profeta Jeremias recebeu sua chamada antes de seu nascimento (Jr
1.5); o profeta Jonas recebeu um chamado específico para uma cidade especifica:
Nínive (Jn 1.2); o Senhor Jesus chamou seus discípulos quando a maioria deles
ainda exercia uma tarefa profissional (Mt 4.18-22); O apóstolo Paulo foi
chamado enquanto viajava para Damasco (At 9.19-31). Aqui, podemos perceber que
não existe um único padrão de chamada missionária, mas é de suma importância
reconhecer que a chamada para qualquer tipo de serviço relacionado ao Reino de
Cristo vem do próprio Deus.
- Tanto
no hebraico quanto no grego, chamar quer dizer nomear. Champlim (p. 3997) diz
que chamar é “convidar alguém a assumir
um dever, mediante a palavra, ou através do poder impulsionador do Espírito
Santo (Is 22.12; Pv 1.24; Mt 22.14)”. Em Atos 13.2, há uma expressão sobre
a qual devemos dedicar nossas atenções. O texto diz: “E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo:
Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra que os tenho chamado”. Em
seguida, o texto diz: “Enviados, pois,
pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre”. Observarmos
nestes textos que o Espírito Santo torna a Igreja missionária. O mesmo Espírito
que os havia separado, os envia à que foi conhecida como primeira grande viagem
missionária. É importante lembrar que o chamado de Deus à sua grande obra é
para todos! Não importa o nosso passado, o Espírito Santo nos chama para uma
grande missão. Barnabé e Saulo são separados pelo Espírito, essa foi, sem dúvidas,
uma grande quebra de paradigmas para a igreja de Jerusalém. Saulo, ex-membro do
partido dos fariseus, havia sido um grande perseguidor dos cristãos. Ele mesmo,
como narra em Atos 7.58, esteve presente no assassinato de Estevão, o primeiro
cristão morto por causa do testemunho do Evangelho. A despeito do medo e do
preconceito demonstrados pelos outros cristãos ao chamado de Paulo, o Espírito
o levanta como apóstolo e missionário para os gentios.
3. Caráter e
testemunho na obra missionária. Além de ser chamado por Deus, é
preciso fazer a diferença no cumprimento do “Ide” de Jesus (Mt 5.13-16). Note a
expressão: “Vós sois o sal da terra” (v.13). Essa sentença nos remete ao
caráter do cristão, pois carrega o sentido de trazer sabor, marcando a vida das
pessoas por meio das nossas. Note também a expressão: “Vós sois a luz do mundo”
(v.14). Essa sentença traz a ideia do nosso testemunho pessoal, ou seja, a luz
deve brilhar em meio às trevas, no contexto em que estamos inseridos.
- Ser
sal da terra e luz do mundo significa ter uma vida que glorifica a Deus e leva
outras pessoas a seguir Jesus. As boas obras podem ser muito pequenas, mas têm
um efeito muito grande. Todo crente é chamado para ser sal da terra e luz do
mundo. O sal representa a transparência da vida cristã, ou o nosso testemunho
público. Se a vida cristã perde a sua essência “como o sal a sua propriedade” (por estar contaminado), não tem mais
nenhum valor. Talvez Jesus usou essa alegoria tendo em mente a hipocrisia dos
religiosos de sua época “escribas, fariseus”. O testemunho dos religiosos dos
tempos de Jesus, por mais que fosse legítimo “conforme a lei de Moisés”, era
ineficaz, pois havia perdido sua essência. Na Antiguidade, o sal era retirado
de regiões alagadas pelo mar que, durante a época de seca, permitiam sua
extração. Também era tirado de rochas. Em qualquer dos casos, nem sempre o sal
era puro, vindo misturado com outras substâncias que podiam torná-lo insípido
ou inútil. Outras vezes, o sal se tornava sem sabor por causa do contato com o
solo ou por causa de sua exposição à chuva e ao Sol. Quando o sal se tornava
impróprio para o uso, perdendo o seu sabor, não havia remédio para ele. Isso
porque o sal pode salgar os alimentos, mas não há como salgar o próprio sal.
Assim, quando perdia o sabor, o sal era simplesmente jogado fora.
4. O perfil do
vocacionado. Podemos dizer que há um conjunto de competências necessárias
ao desempenho do chamado missionário. Dentre elas, destacamos as seguintes:
a) ser escolhido por Deus (At 9.15); instrumento
escolhido. Literalmente, "um vaso de eleição". Houve perfeita
continuidade entre a salvação e o serviço de Paulo; Deus o escolheu para
proclamar sua graça a todos os homens (Cl 1.1; 1Tm 2.7; 2Tm 1.11); Paulo usou
essa expressão quatro vezes {Rm 9.21,23; 2Co 4.7; 2Tm 2.21): perante os gentios
e reis, bem como perante os filhos de Israel; Paulo começou o seu ministério
pregando aos judeus (At 13.14; 14.1; 17.1,10; 18.4; 19.8), mas a sua missão
principal foi junto aos gentios (Rm 11.13; 15.16). Deus também o chamou para
ministrar a reis, tais como Agripa (At 25.23—26.32) e possivelmente César (At
25.10-12; 2Tm 4.16-17).
b) não ser neófitos (1 Tm 3.6); não seja neófito,
para não... se ensoberbeça. Colocar um novo
convertido numa função de liderança equivale a tentá-lo a cair no orgulho. Por
essa razão, os presbíteros devem ser escolhidos entre os homens com maturidade
espiritual na congregação, para que não incorra
na condenação do diabo - a condenação de Satanás aconteceu por causa do
orgulho que ele tinha de sua posição. Isso resultou em sua queda e na perda de
sua honra e autoridade (Is 14.12-14; Ez 28.11-19; cf. Pv 16.18). O mesmo tipo
de queda e juízo poderia facilmente acontecer a um cristão novo e fraco que fosse
colocado numa posição de liderança espiritual.
c) cheio do Espírito Santo (At 1.8); A missão dos apóstolos de difundir o evangelho foi a razão principal
para a qual o Espírito Santo os capacitou. Esse acontecimento alterou
dramaticamente a história mundial, e a mensagem do evangelho finalmente chegou
a todas as partes da terra (Mt 28.19-20). Os apóstolos já haviam experimentado o
poder do Espírito Santo de salvar, guiar, ensinar e realizar milagres, mas
ainda faltava receber a presença habitadora do Espírito e uma nova dimensão de
poder para testemunhar (At 2.4; 1Co 6 .19-20; Ef 3.16,20).
d) reconhecido pela Igreja (At 1.21); andou entre nós. O primeiro requisito para ser o substituto de Judas era que o
homem deveria ter participado do ministério terreno de Jesus. O primeiro
requisito para ser comissionado pela Igreja deve ter uma vocação Manifestada
(At 13.2; 2Co 2.15).
e) ser aprovado nas tarefas locais; Atualmente há muitos que buscam se identificar como obreiros e
missionários de Cristo. Entretanto lhes faltam os requisitos essenciais para a
consecução desta tão grande obra.
f) estar preparado
espiritual, intelectual, psicológica e transculturalmente. Além de testados,
cumpridores dos pré-requisitos acima, dependendo de Deus (2 Co 12.7) e
perseverando nEle (2 Tm 4.2).
- Deus
chama pessoas diferentes, em circunstâncias diferentes, em idades diferentes
para o serviço vocacional (I Coríntios 12.4-6,11). Chamou o profeta Jeremias no
ventre da mãe (Jeremias 1.5); chamou o profeta Isaías num momento de crise
nacional (Isaías 6); chamou o apóstolo Pedro depois de casado; chamou Paulo
quando este perseguia a Igreja (Atos 22.3- 16). Como se percebe, não há um
padrão exato para nosso chamado vocacional. Todavia, é importante que, desde
cedo, saibamos identificar elementos e detalhes que realçam uma vocação, um
chamado específico. Muitos têm uma compreensão errada do que seja vocação e chamado.
John Jowett, em seu livro “O pregador sua vida e sua obra”, diz que “vocação é
quando você tem todas as outras portas abertas [escancaradas], mas você só
anseia entrar pela porta de um ministério específico”. É como se houvesse
algemas invisíveis que o prendesse àquela realidade e missão específica. De
acordo com o pastor Hernandes Dias Lopes “o
vocacionado não é um voluntário, mas um chamado / convocado. O seu ministério
não é procurado, é recebido. Sua vocação não é terrena, é celestial. Sua
motivação não está em vantagens humanas, mas em cumprir o propósito divino”.
Outra compreensão importante é a de que podemos (e devemos) frutificar onde
Deus nos plantou. O local onde fomos plantados por Deus é o local onde Ele quer
que frutifiquemos. Caso Ele queira que frutifiquemos em outro local, Ele mesmo
providenciará essa mudança. Além disso, é importante destacar que o cristão
sabe que tem uma vocação quando existe uma necessidade do/no mundo a respeito
da qual se sente responsável. Pode ser um grupo social, um povo, uma
instituição, uma causa, enfim, algo pelo que se sente impelido ou impelida a
fazer alguma coisa.
CONCLUSÃO
Nosso propósito é
que, a partir desta lição, cada aluno tome uma atitude de fé e se comprometa
com a obra missionária. Que se coloque à disposição para se dedicar, ao menos,
em uma modalidade da obra missionária: orar, contribuir ou ir. A Igreja de
Cristo tem a incumbência divina de perseverar na proclamação da mensagem de
salvação a toda criatura. É tempo de salvação e Deus conta conosco para
expandir o seu Reino no mundo.
- É
preciso compreender que, em Cristo Jesus, todos somos vocacionados (1Pe
2.9-10). A Palavra deixa isso bem claro ao expor que somos vocacionados para a
salvação, para as boas obras, para a santidade e para a missão. Ou seja,
nascemos em Cristo Jesus com um propósito. Não estamos neste mundo de forma
aleatória e descomprometida. Fomos salvos em Cristo para fazer diferença –
sendo sal e luz – e cumprir o chamado de Deus. E, dentre todas, a nossa maior
vocação é glorificar o nome de Deus Pai (Rm 16.25-27).
Como
chamados, é essencial fazermos a obra do Rei, testemunhando aonde estamos,
investindo naqueles que receberam um chamado específico para ir, e orando em
todo o tempo para que lhes sejam abertas oportunidades para falar do amor e da
bondade de Deus. Embora todos nós sejamos chamados para testemunhar, Deus
também vocaciona alguns para ministérios específicos. Trata-se daqueles que são
separados por Deus para uma ação específica e funcional em Sua igreja. Escrevendo aos Romanos, Paulo se apresenta
como “servo de Jesus Cristo, chamado para
ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus” (Rm 1.1), expressando que
é servo de Cristo, porém, com um chamado ministerial específico: ser apóstolo.
Você tem um chamado específico? A nossa vocação é um privilégio. Na verdade,
talvez seja o nosso maior privilégio, bem como o nosso maior desafio.
Gostou do nosso Plano de Aula? Foi útil para você?
Ajude-me a manter e melhorar ainda mais!
Envie-nos uma Oferta pelo PIX: assis.shalom@gmail.com
– Seja um parceiro desta obra.
REVISANDO
O CONTEÚDO
1. O que a oração
era para o apóstolo Paulo?
Para o apóstolo Paulo, a oração era uma ação missionária
(Ef 6.18-20).
2. Pelo que
devemos orar no contexto de intercessão para Missões?
Devemos orar para que as portas do Evangelho sejam abertas
(Cl 4.2,3).
3. Que
ensinamentos no contexto de Missões encontramos em Filipenses 4-10-20? Após ter deixado a cidade Filipos, o apóstolo Paulo foi a
Tessalônica para pregar o Evangelho e os filipenses, porém, enviaram o apoio
financeiro e material para o apóstolo (Fp 4.16).
4. Para quem
devemos levar as Boas-Novas?
As Boas-Novas de Salvação aos moradores do campo e da
cidade; aos estudantes, às donas de casa, órfãos, profissionais liberais,
deficientes físicos, prostitutas, homossexuais, dependentes químicos, enfim,
tantos grupos que o Senhor nos proporcionar.
5. Quais as
principais competências para o desempenho do chamado missionário? a) Ser escolhidos por Deus (At 9.15);
b) não neófitos (1 Tm 3.6);
c) cheios do Espírito Santo (At 1.8) etc