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UM COMENTÁRIO APROFUNDADO DA LIÇÃO, PARA FAZER A DIFERENÇA!

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9 de outubro de 2023

Lição 03: Missões Transculturais no Antigo Testamento

 TEXTO ÁUREO

Disse mais: Pouco e que sejas o meu servo, para restaurares as tribos de Jacó e tornares a trazer os guardados de Israel; também te dei para luz dos gentios, para seres a minha salvação até a extremidade da terra.” (Is 49.6)

Esmiuçando o versículo-chave:

- 49.6 para restaurares as tribos de Jacó... minha salvação ate à extremidade da terra. A meta do Servo do Senhor é a salvação e a restauração de Israel para o cumprimento da promessa da aliança Porém, não limitado a Israel, ele servirá como urna luz para trazer salvação aos gentios. A missão de Israel sempre foi levar todas as nações para Deus (Is 19.24; 42.26). Isso Israel finalmente conseguirá fazer, de modo eficiente, no período da Tribulação, depois da conversão das 144.000 testemunhas (Ap 7.1-10; 14.1 -5) e quando Israel for reconduzido à Terra Prometida por ocasião da segunda vinda do Servo ao mundo. (Is 9.2; 11.10; 42.6; 45.22; Lc 2.32). Paulo fez uso desse versículo para ministrar aos gentios na sua primeira viagem missionária (At 13.47).

 

VERDADE PRÁTICA

O amor de Deus para com as nações deve ser o mesmo objetivo de todos os que militam pela salvação das almas perdidas.

Esmiuçando a Verdade Prática:

- Deus é um Deus missionário e qualquer envolvimento com o Deus da Bíblia, significa envolver-se num grande projeto missionário. O Deus missionário que aparece de Gênesis a Apocalipse em nossas Bíblias, é sempre aquele que vem até nós, nos transforma pelo seu poder restaurador e por fim nos envia. Envolver-se com o Deus da Bíblia significa estar sujeito e disposto ao envio missionário. “Vem, agora, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito” (Êx 3.10). Biblicamente e teologicamente, não dá pra envolver-se com aquele que é o Grande Missionário e não ser influenciado ou impactado pelo amor à missão.

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

1 Reis 17.8,9,17-22; Jonas 1.1,2

 

INTRODUÇÃO

Na lição anterior, vimos a natureza missionária de Deus por meio de sua relação com Abraão. Esta lição tem o propósito de considerar a nação de Israel como um povo escolhido, com um propósito missionário, e tomar como exemplo desse movimento missionário as narrativas bíblicas sobre Elias e a viúva de Sarepta, e a ida do profeta Jonas a Nínive e, finalmente, analisar as alianças de Deus com a humanidade a partir da nação de Israel, no Antigo Testamento. Contudo, o conceito de “missão”, da forma como o conhecemos hoje, não aparece com clareza no Antigo Testamento em relação a nação de Israel como povo escolhido de Deus.

- Falando da nação de Israel, Deuteronômio 7.7-9 nos diz: “Não vos teve o SENHOR afeição, nem vos escolheu porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de todos os povos, mas porque o SENHOR vos amava e, para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o SENHOR vos tirou com mão poderosa e vos resgatou da casa da servidão, do poder de Faraó, rei do Egito. Saberás, pois, que o SENHOR, teu Deus, é Deus, o Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e cumprem os seus mandamentos.” Deus escolheu a nação de Israel para ser o povo através do qual Jesus Cristo iria nascer – o Salvador do pecado e da morte (Jo 3.16). Deus prometeu o Messias pela primeira vez após a queda de Adão e Eva no pecado (Gn 3.15). Deus mais tarde confirmou que o Messias viria da linhagem de Abraão, Isaque e Jacó (Gn 12.1-3). Jesus Cristo é a razão final pela qual Deus escolheu Israel para ser o Seu povo escolhido. Deus não precisava ter um “povo escolhido”, mas decidiu fazer as coisas dessa forma. Jesus tinha que vir de alguma nação, e Deus escolheu Israel.

No entanto, a razão pela qual Deus escolheu a nação de Israel não foi unicamente para o propósito da vinda do Messias. O desejo de Deus para com Israel era o de que eles ensinassem aos outros sobre Ele. Israel deveria ser uma nação de sacerdotes, profetas e missionários para o mundo. O intento de Deus era que Israel fosse um povo distinto, uma nação de pessoas que guiassem os outros em direção a Deus e a Sua providência prometida do Redentor, Messias e Salvador. Em sua maior parte, Israel falhou nessa tarefa. No entanto, o propósito final de Deus para Israel, o de trazer o Messias e Salvador, foi cumprido perfeitamente na Pessoa de Jesus Cristo.

- A viúva de Sarepta foi uma senhora que acolheu o profeta Elias, apesar de ser muito pobre. Deus recompensou a viúva de Sarepta por sua hospitalidade e cuidou do filho único dela. Deus enviou Elias à viúva de Sarepta para suprir suas necessidades materiais no momento em que ela julgava que tudo estava perdido (1Rs 17.12), mas a maior bênção que aquele mulher recebeu foi, sem dúvida, o fortalecimento de sua fé no Deus de Elias.  Por meio do profeta Elias, aquela viúva recebeu de Deus não somente uma bênção material, como também uma bênção espiritual. Veja a sua própria declaração após receber de volta o seu filho vivo:” Então, a mulher disse a Elias: “Nisto conheço, agora, que tu és homem de Deus e que a palavra do Senhor na tua boca é verdade”(1Rs 17.24). A resposta da viúva conclui com uma declaração de fé. Ela agora sabia que o Deus de Israel podia sustentar a vida e também dar vida.

- O retrato que o livro de Jonas desenha de Deus é, sem dúvida, belo. Ele é apresentado como aquele cujas ações não podem ser preditas ou controladas. Ele detém o total controle sobre os elementos da natureza: envia a tempestade (1.4), e a acalma (1.15); envia o grande peixe, e o faz entregar Jonas em segurança (2.15), mostrando que Deus é aquele que é capaz de trazer a tempestade, mas também provê a libertação; ele faz uma planta crescer em uma velocidade incrível, e também usa um verme para fazer seu plano acontecer (4.6). Não há como esconder-se dele (como lemos também no Salmo 139. Exatamente por conta de quem Deus é, não é de se estranhar que a salvação não seja um direito exclusivo do povo eleito, e essa é a segunda importante lição que Deus está comunicando por meio de Jonas a Israel (ou lembrando-os do que já sabiam) e a todos que, hoje, querem ouvi-lo:

    Os marinheiros, no capítulo um, com seus diferentes deuses, ouviram, possivelmente pela primeira vez, a respeito do verdadeiro Deus, criador dos céus e da terra. Como resultado, oraram a Deus e ofereceram seus votos.

    O livro mostra como YHWH importa-se com seu relacionamento com outras nações e até mesmo com os animais, não apenas com os que são parte do povo de Israel. “Todos os seres humanos que aparecem no livro clamam por misericórdia e Deus os atende”.

    Com exceção de Jonas (o único na história que pertencia ao ‘reino sacerdotal’), “todos os demais personagens da história, incluindo os animais, obedecem a Deus sem hesitar”, mostrando que pessoas de outras nações estavam abertas a Deus, incluídas em seus propósitos e ao seu alcance.

    O Senhor não está restrito a um grupo ou a um povo para fazer seu nome conhecido entre as nações. Israel estava falhando em cumprir sua missão até mesmo para os vizinhos mais próximos, e Deus levanta Jonas para ir a uma nação inimiga distante. “Se aqueles que supõem serem os ‘eleitos’ de Deus falham em sua missão, o soberano Senhor da salvação encontrará seu próprio caminho para comunicar suas misericórdias salvadoras ao mundo perdido”.

 

I – ISRAEL, UM POVO ESCOLHIDO PARA UM PROPÓSITO MISSIONÁRIO

1- O plano de Deus. O Senhor nosso Deus planejou, desde os tempos antigos, que o testemunho de Jesus Cristo fosse proclamado a todos os habitantes da Terra (Gn 12.3; cf. Mt 24.14; 28.18- 20). Ou seja, a vontade divina era que todos os moradores da terra tivessem conhecimento a respeito da pessoa de Jesus. Nesse sentido, o meio planejado por Deus para o mundo conhecer o seu Filho passava por uma nação. O Pai chamou a nação de Israel para ser um povo missionário. Dessa forma, os israelitas deveriam ser testemunhas de Deus (Is 42.5-7; 43.10-13).

- ... luz para os gentios (Is 42.5), Simeão viu o início desse cumprimento na primeira vinda de Cristo (Lc 2.32). Ele veio como o Messias de Israel, como o Salvador do mundo, que se revelou e a uma mulher não judia imoral junto a um poço em Samaria (Jo 4.25-26), e ordenou a seus seguidores que pregassem o evangelho ria salvação a iodas as nações rio mundo (Ml 28.19-20).

- A vocação e chamada geral, de Israel, no Antigo Testamento

    “Agora, portanto, se ouvirdes atentamente a minha voz e guardardes a minha aliança, sereis minha propriedade exclusiva dentre todos os povos, porque toda a terra é minha; mas vós sereis para mim reino de sacerdotes e nação santa. Essas são as palavras que falarás aos israelitas.” (Êx 19.5,6)

    “Mas agora, assim diz o SENHOR que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te salvei. Chamei-te pelo teu nome; tu és meu… Porque eu sou o SENHOR, teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador… Visto que és precioso aos meus olhos e digno de honra, e porque eu te amo, darei pessoas por ti e os povos pela tua vida… Não temas, porque eu sou contigo… Vós sois as minhas testemunhas, diz o SENHOR, e o meu servo, a quem escolhi,” (Is 43.1-10)

    “Pois, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar. Todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar.” (1Co 10.1,2).

 

2- A falha de Israel. Os israelitas se contaminaram com as religiões pagãs dos povos vizinhos, além de se preocuparem muito com a identidade racial e nacional, deixando de lado a vocação de ser testemunhas para Deus. Nesse aspecto, são muitos os relatos bíblicos que dão conta dos desvios dos israelitas, da sua desobediência à idolatria e pecados morais que relativizaram a aliança com Deus (Ez 22.1-5). Entretanto, em meio a tudo isso, Israel não deixou de ser bênção para outras nações.

- O Senhor deu três títulos a Israel: "propriedade peculiar", “Reino de sacerdotes" e "nação santa", dependendo de serem um povo obediente e cumpridor da aliança. Esses títulos resumiam as bênçãos divinas que um povo como esse experimentaria: pertencer especialmente ao Senhor, representá-lo na terra e ser posto à parte para servir aos propósitos do Senhor. Os títulos igualmente desdobram o significado ético e moral de Israel ter sido levado ao Senhor. "Porque toda a terra é minha” - no meio dos títulos, dava ênfase à peculiaridade e soberania do Senhor e devia ser tomado no sentido de descartar todas as outras reinvindicações pelos assim chamados de deuses das nações.

 

3- A contribuição de Israel para o mundo. Apesar de suas falhas, Deus tornou Israel uma bênção para as nações. Por exemplo, os judeus receberam e preservaram o Antigo Testamento, o traduziram em grego, a língua mais usada naquele período; além de escribas judeus manterem viva a ideia de que um dia os povos e as nações ouviriam a Palavra de Deus e responderiam a ela. Nesse sentido, Jesus Cristo, a Palavra encarnada, veio de Israel como o Salvador do Mundo (Jo 4.42).

- A expressão “o Salvador do mundo” em João 4.42, ocorre também em 1 Jo 4.14. O versículo constitui o clímax da história da mulher samaritana. Os próprios samaritanos se tornaram testemunhas de uma série de várias no Evangelho de João, que demonstraram a identidade de Jesus como o Messias e o Filho de Deus. Esse episódio representa o primeiro exemplo de evangelismo transcultural (At 1.8).

- “A história do Antigo Testamento não é uma história onde tudo é uma mar de rosas. Podemos dizer que é o longo e doloroso relato de como Deus amou Israel como um marido a sua esposa, mas esta esposa escolheu repetidamente se prostituir, entregando-se a ídolos e rebelando-se contra o amor de seu Senhor. É a história de um Deus paciente diante do pecado de seu povo de coração duro.https://coalizaopeloevangelho.org/article/por-que-deus-escolheu-israel-como-seu-povo-no-antigo-testamento/

- Quando Moisés foi chamado por Deus para libertar o povo de Israel do Egito, Deus lhe disse: Diga que o Eu Sou te enviou. Deus estava dando continuidade ao seu projeto de fazer com que Israel fosse bênção a todas as nações. Por isso, Ele dizia: Eu sou o eterno, o único Deus Todo Poderoso. Foi seguindo essa orientação que Moisés fez a obra libertadora. Jesus veio ao mundo e utilizou várias vezes a expressão Eu Sou. Ele a utilizou para falar daquilo que Ele faz, daquilo também que Ele pretendia fazer com as pessoas. Em todas elas, está a ideia da libertação. Embora Israel tenha falhado em sua missão, a nação contribuiu na revelação do plano de Deus ao mundo.

 

II – O AMOR DE DEUS PARA COM OUTRAS NAÇÕES

1- Os olhos de Deus sobre todos os povos. Johannes Blauw, erudito em Missiologia, que escreveu sobre os fundamentos do Antigo Testamento para Missões, afirma que desde o início Deus mantinha seus olhos em todas as nações e povos. Podemos perceber isso nos capítulos 40 a 55 do livro do profeta Isaías, na ida do profeta Elias a Sarepta e no livro do profeta Jonas. Nos livros proféticos encontramos profecias de restauração, incluindo um dia futuro no qual as nações estarão entre os redimidos (Is 45.6,22; 49.6; 52.10). Portanto, a preocupação de Deus para com as nações é clara no Antigo Testamento.

- As Escrituras nos revelam que Deus amava Israel desde a eternidade de uma forma diferente da forma como ele ama as outras nações. Nelas entendemos que existe um verdadeiro Israel composto de crentes no Messias Jesus, a quem ele amou desde a eternidade de uma forma diferente da forma como ele ama as outras pessoas. Assim, entendo que Ele amos a viúva de Sarepta. Tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento, Deus se empenha em nos dizer isso (Ez 16.1-14). Deus disse a Israel no exílio: “Porquanto com amor eterno te amei, por isso com benignidade te atraí” (Jr 31.3). Por trás de todos os atos divinos de amor na história de Israel estava o amor eterno. Ela era amada antes de existir.

O Senhor não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos… Mas, porque o Senhor vos amava”(Dt 7.7-8). Ele a amava de forma diferente de todas as nações, porque ele a amava. Não foi causado por ela. Foi antes dela existir.

No Novo Testamento, Paulo deixa claro que o tempo todo existia um verdadeiro Israel, um remanescente dentro da nação de Israel — os que realmente confiam no Messias Jesus. “Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus” (Rm 2.29). “Isto é, não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa são contados como descendência” (Rm 9.8).

E esses “filhos de Deus”, ele continua a dizer, estão “não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios” (Rm 9.24). “Todo aquele que nele crer não será confundido. Porque não há distinção entre judeu e grego” (Rm 10.11-12). Então, ele deixa claro que estes verdadeiros judeus — estes filhos de Deus, esses crentes no Messias — tem sido amados por Deus desde a eternidade, diferentemente de todas as outras pessoas, e amados com um grande amor: “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo… em amor nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo” (Ef 1.4-5). Paulo chama isso de “grande amor”: “Pelo grande amor com que nos amou, Deus nos deu vida com Cristo” (Ef 2.4-5). Grande amor nos deu vida.

 

2- A viúva de Sarepta e o profeta Elias. Sarepta é uma antiga cidade fenícia, localizada próxima ao sul de Sidom. Quando Elias profetizou a grande seca que haveria na terra e castigaria Israel, Deus o enviou justamente a cidade de Sarepta, a casa de uma viúva que era muito pobre. Quando Elias chegou, ela estava preparando a última comida que tinha em casa, já convencida de que ela e seu filho morreriam logo depois. Mas, quando a viúva obedeceu a palavra de Elias, foi abençoada com o milagre da botija (a multiplicação da farinha e do azeite). Em seguida, o filho dela adoeceu e morreu. Nesse momento, Elias fez uma coisa maravilhosa que ela nunca esperaria. Pelo poder de Deus, o profeta ressuscitou o menino e o restaurou a vida. A mãe do menino falou: “Nisto conheço, agora, que tu és homem de Deus e que a palavra do Senhor na tua boca é verdade” (1 Rs 17.24). Dessa forma, Deus se tornou conhecido de uma estrangeira.

- Deus enviou Elias à viúva de Sarepta para suprir suas necessidades materiais no momento em que ela julgava que tudo estava perdido (1Rs 17:12), mas a maior bênção que aquela mulher recebeu foi, sem dúvida, o fortalecimento de sua fé no Deus de Elias. Por meio do profeta Elias, aquela viúva recebeu de Deus não somente uma bênção material, como também uma bênção espiritual: “Nisto conheço, agora, que tu és homem de Deus e que a palavra do Senhor na tua boca é verdade”(1Rs 17.24). A resposta da viúva conclui com uma declaração de fé. Ela agora sabia que o Deus de Israel podia sustentar a vida e também dar vida. A Bíblia não nos conta mais nada sobre o que aconteceu com a viúva de Sarepta. No entanto, podemos ver por esses dois episódios que a vida dela foi completamente transformada. A viúva de Sarepta conheceu o amor e o poder de Deus e recebeu uma nova esperança!

 

3- A Missão de Jonas em Nínive. Jonas foi um dos poucos missionários bíblicos para os estrangeiros. Não é por acaso que o tema do seu livro é “a misericórdia de Deus para com todos os homens” (Jn 1.2; 3.2; 4.4-11). Mesmo não tendo um conhecimento mais claro sobre de que maneira Israel deveria abençoar as nações, Jonas recebeu a ordem específica de ir a Nínive para advertir aquele povo sobre o juízo divino que estava prestes a se abater sobre os ninivitas, como consequência de seus muitos pecados. Nínive era a capital da Assíria, uma nação perversa, cruel e imoral (Na 1.11; 2.12,13; 3.1,4,16,19). A Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD), ao comentar o capítulo 3 do livro, destaca ter sido um dos despertamentos espirituais mais notáveis da história, quando o rei conclama a todos ao jejum e a oração e, por isso, o juízo não recaiu sobre eles. Como a cidade não foi condenada, em razão do arrependimento do povo, o profeta ficou profundamente indignado. Todavia, o Senhor o fez ver que Ele ama a humanidade toda (Jn 4.11).

- Jonas era galileu e contemporâneo dos profetas Amós e Oséias. Os fariseus se equivocaram quando disseram que "da Galileia não se levanta profeta" (Jo 7.52), pois Jonas era galileu. De acordo com uma tradição judaica não atestada, Jonas era o filho da viúva de Sarepta ressuscitado dentre os mortos por Elias (lRs 17.8-24) Jonas foi o mais estranho de todos os profetas:

- Ele foi o primeiro profeta transcultural da História

- foi o primeiro profeta a desobedecer a uma ordem de Deus.

- foi o primeiro profeta a ver um resultado 100% positivo à sua mensagem. A pregação de Jonas no capítulo 3 foi um sucesso estrondoso. Este é o maior fenômeno na história do evangelismo mundial. Porém, em vez de Jonas manifestar alegria pelo sucesso do seu trabalho, explode em ressentimento.

Sua mensagem produziu efeitos até naqueles que não o ouviram diretamente. No entanto, nenhum pregador foi tão bem-sucedido. No hebraico, o sermão de Jonas se compunha de apenas cinco palavras, nada mais – (3.4): Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida. Contudo, o sermão produzia muito impacto. E que impacto!

- Jonas fez todo o possível para que a sua missão fracassasse.

- Jonas tinha um espírito indignado, um preparo insatisfatório, um sermão medíocre.

- Resultado: um sucesso tremendo!

A maioria dos pregadores trabalha duramente para obter bons resultados; Jonas trabalhou duramente para não ter bons resultados, mas ele teve sucesso, apesar da sua atitude. Deus se responsabiliza pelo resultado! E aqui já temos uma preciosa lição!

Isaías 55.11: “assim também ocorre com a palavra que sai da minha boca: Ela não voltará para mim vazia, mas fará o que desejo e atingirá o propósito para o qual a enviei” - Jonas foi o único pregador da História que ficou frustrado com o seu sucesso. Um pregador que deseja ver a morte e a destruição dos seus ouvintes e não a salvação deles.

Alguns estudiosos, dando rédeas à imaginação, fazem do grande peixe que engoliu Jonas o centro deste livro. Todavia, o peixe não é a personagem principal do livro, nem mesmo Jonas. A personagem principal é Deus.

- Deus é o Senhor não apenas de Israel, mas da natureza, da História e de todas as nações.

- Sua vontade se cumpre, sempre, no final. Os homens não podem criar-Lhe obstáculos nem frustrá-Lo.

- Sua graça é para todo o mundo.

O peixe só é citado duas vezes no livro enquanto Deus é quem ordena a Jonas ir a Nínive.

- Deus é quem envia uma tempestade atrás de Jonas.

- Deus é quem envia o peixe para engolir Jonas e depois vomitá-lo.

- Deus é quem novamente comissiona Jonas a pregar em Nínive.

- Deus é quem perdoa os habitantes de Nínive e exorta o profeta emburrado.

Percebam que Jonas é o único profeta especificamente comissionado a pregar aos gentios. Este é o grande livro missionário do Antigo Testamento. Jonas, um nacionalista zeloso, é chamado por Deus e enviado a Nínive, uma grande cidade para proclamar contra ela.

Nínive, mencionada pela primeira vez em Gênesis 10.11, foi a antiga capital do império assírio. Situava-se na margem oriental do rio Tigre. Senaqueribe fê-la a capital da Assíria e os medos e persas a destruíram no ano 612 antes de Cristo. Nínive era a maior cidade do mundo daquele tempo (1.2; 3.2; 4.11).

Os pecados dos pagãos sobem até o céu e ofendem a Deus. Todavia, o amor de Deus pelos pagãos desce até a terra e Deus envia a eles um mensageiro para anunciar-lhes Sua Palavra.

O propósito do livro de Jonas é ensinar que a providência e o cuidado de Deus não se limitam a Israel, mas se estendem também aos gentios

O livro de Jonas descreve o maior protótipo da morte e ressurreição de Cristo no Antigo Testamento. O livro de Jonas nos oferece um protótipo das duas mais importantes doutrinas do cristianismo: a morte e a ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo.

 

III – ALIANÇAS ENTRE DEUS E A HUMANIDADE NO ANTIGO TESTAMENTO

1- Alianças de Deus. Com a queda do homem, toda a criação ficou sujeita ao pecado (Gn 3.1-6; Rm 8.20). Entretanto, Deus providenciou meios para redimir a humanidade e restaurar a comunhão perdida (1 Pe 1.19,20). Assim, Ele estabeleceu algumas alianças com o homem a fim de tornar conhecida a sua glória entre as nações e receber delas a legítima adoração. Por isso, há na Bíblia alianças denominadas condicionais e incondicionais entre Deus e a humanidade.

- Uma aliança com Deus é um acordo que une a pessoa com Deus. Na Bíblia, Deus fez várias alianças com os homens. A maior dessas alianças é a aliança de salvação em Jesus.

- “A Bíblia fala de sete alianças diferentes, das quais quatro (Abraâmica, Mosaica, Palestina ou Palestiniana, Davídica) Deus fez com a nação de Israel e são incondicionais em sua natureza. Ou seja, independentemente da obediência ou desobediência de Israel, Deus ainda vai cumprir essas alianças com Israel. Uma das alianças, a Aliança Mosaica, é de natureza condicional. Ou seja, esta aliança vai trazer uma bênção ou maldição, dependendo da obediência ou desobediência de Israel. Três das alianças (Adâmica, Noética, Nova) são feitas entre Deus e os homens em geral, e não se limitam à nação de Israel.

Pode-se dividir a Aliança Adâmica em duas partes: a Aliança Edênica (inocência) e a Aliança Adâmica (graça) (Gênesis 3:16-19). A Aliança Edênica é encontrada em Gênesis 1:26-30; 2:16-17. Ela delineia a responsabilidade do homem para com a criação e a direção de Deus a respeito da árvore do conhecimento do bem e do mal. A Aliança Adâmica incluía as maldições proferidas contra a humanidade por causa do pecado de Adão e Eva, assim como a provisão de Deus para esse pecado (Gênesis 3:15).

A Aliança Noética foi uma aliança incondicional entre Deus e Noé (especificamente) e Deus e a humanidade (em geral). Depois do dilúvio, Deus prometeu à humanidade que nunca mais destruiria toda a vida na Terra com um dilúvio (ver Gênesis capítulo 9). Deus deu o arco-íris como sinal da aliança, a promessa de que toda a terra nunca mais teria um dilúvio e um lembrete de que Deus pode e vai julgar o pecado (2 Pedro 2:5).

Aliança Abraâmica (Gênesis 12:1-3, 6-7; 13:14-17, 15, 17:1-14; 22:15-18). Neste pacto, Deus prometeu muitas coisas para Abraão. Ele pessoalmente prometeu que faria o nome de Abraão grande (Gênesis 12:2), que Abraão teria inúmeros descendentes físicos (Gênesis 13:16), e que ele seria o pai de uma multidão de nações (Gênesis 17:4-5 ). Deus também fez promessas a respeito de uma nação chamada Israel. Na verdade, os limites geográficos da aliança com Abraão são mencionados em mais de uma ocasião no livro de Gênesis (12:7; 13:14-15; 15:18-21). Uma outra provisão na Aliança Abraâmica é que as famílias do mundo seriam abençoadas através da linhagem física de Abraão (Gênesis 12:3; 22:18). Esta é uma referência ao Messias, que viria da linhagem de Abraão.

Aliança Palestiniana/Palestina (Deuteronômio 30:1-10). A Aliança Palestina amplia o aspecto de terra detalhado na Aliança Abraâmica. De acordo com os termos deste pacto, se o povo desobedecesse, Deus faria com que fossem espalhados pelo mundo (Deuteronômio 30:3-4), mas Ele acabaria restaurando-os em uma nação (v. 5). Quando a nação for restaurada, então eles vão obedecê-lo perfeitamente (versículo 8), e Deus fará com que prosperem (v. 9).

Aliança Mosaica (Deuteronômio 11; et al.). A Aliança Mosaica era uma aliança condicional que ou trazia bênção direta de Deus pela obediência ou maldição direta de Deus pela desobediência sobre a nação de Israel. Uma parte da Aliança Mosaica (Êxodo 20) eram os Dez Mandamentos e o resto da Lei, que continha mais de 600 comandos, cerca de 300 negativos e 300 positivos. Os livros de história do Antigo Testamento detalham (Josué-Ester) como Israel sucedeu ou fracassou miseravelmente em obediência à Lei. Deuteronômio 11:26-28 detalha o tema de bênção/maldição.

Aliança Davídica (2 Samuel 7:8-16). A Aliança Davídica amplifica o aspecto da "semente" na Aliança Abraâmica. As promessas feitas a Davi nesta passagem são significativas. Deus prometeu que a linhagem de Davi duraria para sempre e que o seu reino jamais deixaria de existir permanentemente (versículo 16). Obviamente, o trono de Davi não tem estado em vigor em todos os momentos. Haverá um tempo, no entanto, quando alguém da linhagem de Davi vai novamente sentar-se no trono e governar como rei. Este futuro rei é Jesus (Lucas 1:32-33).

Nova Aliança (Jeremias 31:31-34). A Nova Aliança é um pacto feito primeiro com a nação de Israel e, no fim das contas, com toda a humanidade. Na Nova Aliança, Deus promete perdoar os pecados, e haverá um conhecimento universal do Senhor. Jesus Cristo veio para cumprir a Lei de Moisés (Mateus 5:17) e criar uma nova aliança entre Deus e Seu povo. Agora que estamos sob a Nova Aliança, tanto os judeus quanto os gentios podem ser livres da penalidade da Lei. Temos agora a oportunidade de receber a salvação como um dom gratuito (Efésios 2:8-9).

Dentro da discussão sobre as alianças bíblicas, há algumas questões sobre as quais os cristãos discordam entre si. Primeiro, alguns cristãos pensam que todas as alianças são de natureza condicional. Se as alianças são condicionais, então Israel falhou miseravelmente em cumpri-las. Outros acreditam que as alianças incondicionais ainda tenham de ser totalmente cumpridas e, independentemente da desobediência de Israel, serão concretizadas em algum momento no futuro. Segundo, como a igreja de Jesus Cristo se relaciona com as alianças? Alguns acreditam que a igreja as cumpre e que Deus nunca irá lidar com Israel novamente. Isso é conhecido como a teologia da substituição e tem pouca evidência bíblica. Outros acreditam que a igreja inicialmente ou parcialmente cumprirá essas alianças. Embora muitas das promessas para com Israel ainda estejam no futuro, muitos acreditam que a igreja faça parte de alguma forma. Outros acreditam que as alianças sejam apenas para Israel e que a Igreja não tem nenhuma parte nelas.https://www.gotquestions.org/Portugues/Aliancas-Biblia.html

 

2- Aliança incondicional e condicional. A Aliança Incondicional é uma disposição soberana de Deus, mediante a qual Ele estabelece um contrato incondicional ou declarativo com o homem, obrigando-se em graça, por um juramento irrestrito, a conceder, de sua própria iniciativa, bênçãos para aqueles com quem compactua (Gn 12.1-4). A Aliança Condicional é uma proposta de Deus, em que, num contrato condicional e mútuo com o ser humano, segundo condições preestabelecidas, Ele promete conceder bênçãos especiais ao indivíduo, desde que este cumpra perfeitamente certas condições, bem como executar punições precisas em caso de não cumprimento (Dt 28). Assim, por meio de suas alianças, Deus firmou um compromisso com o rei Davi de alcance mundial, que resultou no advento do Senhor Jesus como Salvador, enviado por Deus ao mundo (Gl 4.4).

- No Antigo Testamento, a palavra hebraica para aliança é berith. Ela é usada 285 vezes. A palavra grega no Novo Testamento para aliança é diatheke. Ela aparece 30 vezes. O significado central de aliança é um laço ou relacionamento entre duas partes na forma de um contrato.

- Existem dois tipos de alianças que Deus fez com Israel: condicional e incondicional. Numa aliança condicional, o acontecimento é futuro e incerto, pois a eficácia da aliança depende exclusivamente do receptor. Algumas obrigações ou condições devem ser satisfeitas pelo receptor da aliança antes que o outorgador se obrigue a cumprir o acordado. Temos na aliança mosaica, pactuada entre Deus e a nação de Israel como exemplo de aliança condicional. É caracterizada pela conjunção “se”: “Se ouvires atento a voz do SENHOR, teu Deus, e fizeres o que é reto diante dos seus olhos, e deres ouvido aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma enfermidade virá sobre ti, das que enviei sobre os egípcios; pois eu sou o SENHOR, que te sara” (Êx 15.26). “Se ouvires a voz do SENHOR, teu Deus, virão sobre ti e te alcançarão todas estas bênçãos” (Dt 28.12) .

Já na aliança incondicional, o acontecimento é futuro e certo. O cumprimento do que foi acordado depende exclusivamente daquele que fez a aliança, portanto o que foi prometido é soberanamente concedido ao receptor da aliança com base na autoridade e integridade daquele que pactuou a aliança Deus.

 

CONCLUSÃO

Vimos que o plano de Deus abrange toda a humanidade. Seu alvo é revelar a sua glória a todos os povos. Por diversas vezes, Israel foi advertido pelos profetas para não guardar a mensagem de salvação somente para si, mas proclama-la “entre as nações a sua glória, entre todos os povos, as suas maravilhas” (Sl 96-3). Essa é uma raiz muito importante do Antigo Testamento para entender as missões no Novo, tema da próxima lição.

- A promessa da salvação foi a resposta amorosa de Deus para reconciliar consigo mesmo o ser humano. A partir do momento em que Adão e Eva pecaram, a raça humana passou a expressar e a vivenciar a maldade (Gn 3.6,7 cf. 4.8-26). Enquanto vivia o período da inocência, o primeiro casal relacionava-se plenamente entre si e com Deus (Gn 2.23-25). Mas a partir do advento do pecado, o casal passaria a enfrentar conflitos entre si e com o Criador, passando a encobrir a maldade do seu coração. A obra de Cristo, porém, realizada no Calvário não nos permite viver hipocritamente, mas em verdade e sinceridade. Em Jesus, a maldade do coração é substituída pela capacidade de amar, realizar boas obras, pela fé, manifestar a bondade de Deus e cuidar do próximo (Ef 2.10).

- Já em Gênesis, temos a primeira anunciação do Evangelho – “A semente da serpente, que Jesus relaciona aos ímpios (Mt 13.38,39; Jo 8.44), e a semente da mulher têm ambas sentido fortemente pessoal. Deus disse à serpente: A Semente da mulher te ferirá a cabeça. Compare a referência de Paulo a isto em Romanos 16.20. A serpente só poderia ferir o calcanhar da Semente da mulher. De fato, ferir não é forte o bastante para traduzir o termo hebraico, que pode significar moer, esmagar, destruir. Uma cabeça esmagada que leva à morte é contrastada com um calcanhar esmagado que pode ser curado. O versículo 15 é chamado de ‘proto-evangelho’, pois contém uma promessa de esperança para o casal pecador. O mal não tem o destino de ser vitorioso para sempre; Deus tinha em mente um Vencedor para a raça humana. Há um forte caráter messiânico neste versículo. Em Gênesis 3.14,15, vemos ‘o Calcanhar Ferido’. 1) O Salvador prometido era a Semente da mulher — o Deus-Homem; 2) Esta Semente Santa feriria a cabeça da serpente — conquistar o pecado; 3) A serpente feriria o calcanhar do Salvador — na cruz, Ele morreuComentário Bíblico Beacon. Volume 1. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2005, p.41.

 

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REVISANDO O CONTEÚDO

1- Para que Deus chamou o povo de Israel?

O Pai chamou a nação de Israel para ser um povo missionário. Dessa forma, os israelitas deveriam ser servos e testemunhas de Deus (Is 42.5-7; 43.10- 13).

2- Em que Deus tornou Israel diante de outras nações?

Deus tornou Israel uma bênção para as nações.

3- Quais os dois exemplos bíblicos, de acordo com a lição, que mostram Deus interessado em pessoas e nações estrangeiras?

O relato da viúva de Sarepta e ode Jonas em Nínive.

4- O que são as alianças incondicional e condicional?

A aliança incondicional é a disposição soberana de Deus em estabelecer um contrato incondicional ou declarativa e irrestrita pela sua própria iniciativa; a aliança condicional é um contrato condicional e mutuo com o ser humano.

5- O que Deus estabeleceu com o homem e qual foi o propósito disso?

Por meio de suas alianças, Deus firmou um compromisso com o rei Davi de alcance mundial, que resultou no advento do Senhor Jesus como Salvador.