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UM COMENTÁRIO APROFUNDADO DA LIÇÃO, PARA FAZER A DIFERENÇA!

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4 de outubro de 2021

LIÇÃO 2: Saulo de Tarso, o Perseguidor

 



 

 

TEXTO AUREO

E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote.” (At 9.1)  

 

VERDADE PRATICA

A Igreja é uma instituição divina que perdurará na Terra até o arrebatamento, pois do contrário, já teria acabado ao longo da história.

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Atos 8.1-3; 22.4-5; 26.9-11

 

INTRODUÇÃO

A história da expansão da Igreja no livro de Atos mostra um fariseu zeloso: Saulo de Tarso. Este tinha prestígio religioso e cultural entre os judeus. Por isso, ele ganhou “carta branca” das autoridades religiosas para perseguir os seguidores de Jesus e, assim, tornar-se um implacável perseguidor da Igreja de Cristo do primeiro século. É o que estudaremos nesta lição.  

Comentário

  A prisão, condenação e morte de Jesus resultaram das perseguições das autoridades religiosas de Jerusalém. Desde então, os discípulos tiveram que se esconder, e o ambiente continuava hostil contra os seguidores de Cristo. Depois do Pentecostes, aumentaram ainda mais a rejeição e o ódio contra os discípulos de Jesus. Com o poder do Espírito recebido no Pentecostes, os discípulos de Jesus tornaram-se mais ousados, e o número de discípulos foi crescendo de modo espantoso. A História da Igreja, iniciada no Pentecostes, narra as primeiras incursões dos apóstolos, com a missão de levar a mensagem do evangelho a todas as partes de Jerusalém, da Judeia e da Galileia. Jerusalém tornou-se o centro motivacional da propagação do Cristo ressurreto. A igreja, constituída pelos primeiros seguidores de Cristo, cheia do Espírito Santo, não se restringiu a Jerusalém, mas, conforme narra o livro de Atos, a igreja expandiu-se para além de Jerusalém, Judeia e, também, Samaria. O poder da mensagem do Cristo Ressurreto extrapolou as dimensões geográficas da Palestina e foi para as regiões gentílicas do Império Romano. Dos muitos discípulos que se tornaram pregadores do evangelho de Cristo, alguns se destacaram, entre os quais Barnabé e Estêvão. A igreja, formada em Jerusalém (At 2.42), tinha tudo em comum (At 2.44). Depois da instituição dos diáconos (At 6.1-7), havia entre eles dois que se destacaram falando de Cristo. Foram eles: Estêvão e Filipe (At 8.26-32); este, cheio do Espírito Santo, começou a realizar milagres e prodígios entre o povo. Alguns da sinagoga tiveram dificuldades para aceitar o ministério de milagres de Estêvão e, então, começaram a questioná-lo e discutir com ele, mas diz Lucas “que não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava” (At 6.10). Seu discurso foi uma demonstração de sabedoria e autoridade que encheram os fariseus helenistas de ódio. Começaram, então, a caluniar e mentir contra Estêvão, até prenderem-no e levarem-no perante o conselho dos anciãos e sacerdotes (At 6.8-15). O discurso de Estêvão foi tão vigoroso e contundente que aqueles homens enfurecidos apedrejaram-no e mataram-no (At 7.2-57). A certa distância, estava o jovem rabino Saulo de Tarso, que apoiou o ato de violência contra Estêvão. Os seus algozes tomaram os seus vestidos manchados de sangue e colocaram-nos aos pés de Saulo de Tarso (At 7.58). Foi a partir desse assassinato de Estêvão que Saulo de Tarso, dominado por um zelo destruidor, tomou coragem para perseguir os cristãos, pois era o modo de ele chamar a atenção do povo e das autoridades religiosas de Jerusalém. Foi, de fato, o discurso de Estêvão que emudeceu Saulo de Tarso, fazendo dele um perseguidor implacável contra a igreja. Saulo gozava de prestígio religioso e cultural entre os judeus e, por isso, ganhou “carta branca” das autoridades religiosas para perseguir os seguidores de Cristo. (Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021).  

 

  O zelo sem entendimento pode ser uma arma perigosíssima. Muitos crimes hediondos têm sido praticados em nome de Deus. Com Paulo, não foi diferente. Ele foi um perseguidor implacável (Gl 1.13). Ele usou sua influência e força para esmagar os discípulos de Cristo. Perseguiu Cristo (At 26.9), a religião de Cristo (At 22.4) e os seguidores de Cristo (At 26.11). Paulo foi o mais severo perseguidor da igreja em seus albores. Olhando pelo retrovisor, fazendo uma retrospectiva do seu passado, escreveu a Timóteo: “a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente…” (1Tm 1.13). Ele feria os cristãos com a língua e com os punhos. Fazia isso com arrogância e soberba. Usava os instrumentos legais e também a truculência física. (Lopes, Hernandes Dias. Paulo, o Maior Líder do Cristianismo. Editora Hagnos. 1 Ed. 2009).    

 

I – SAULO DE TARSO, O PERSEGUIDOR IMPLACÁVEL

 

   1, Saulo se descreve como “blasfemo”, “perseguidor” e “opressor” (1 Tm 1.13).

Como um fariseu fanático, Saulo tinha a convicção de que seu papel era destruir a fé cristã, matando e prendendo os seguidores de Jesus. Sua postura arrogante o fazia ser truculento, usando grande violência contra pessoas simples, homens e mulheres, sem qualquer compaixão. Ele acreditava piamente que, com esse comportamento, estava agradando a Deus. Apoiado pela casta sacerdotal que odiava o nome de Jesus, Saulo usava dos meios legais para atacar os cristãos. Por causa de sua truculência, os seguidores de Jesus tiveram que fugir para outras cidades. O perseguidor “respirava ameaças e morte” contra os discípulos de Jesus (At 9.1) e, por isso, não via problemas em prender e do de arrastar presos para Jerusalém os que professavam o contra nome do Nazareno (At 9.2).    

Comentário

  De acordo com as suas cartas e epístolas, antes de ser um cristão, ele foi um ativo perseguidor da igreja. Como um fariseu fanático, Paulo acreditava que seu papel no mundo seria o de destruir a fé cristã, matando e prendendo os seguidores de Cristo. No registro de Atos, está escrito que ele “assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão” (At 8.3). Sua postura arrogante fazia-o usar da truculência física praticando atos de violência contra pessoas simples, homens e mulheres, sem exercer qualquer tipo de compaixão. Ele acreditava piamente que estava agradando a Deus. Ele usava dos meios legais apoiado pela casta sacerdotal que odiava o nome de Jesus para praticar esses atos de violência contra as pessoas que eram seguidoras de Cristo. Por sua truculência, os seguidores de Jesus tiveram de fugir para outras cidades, porque o famoso e duro Saulo de Tarso, respaldado pelas autoridades políticas e religiosas, respirava ameaças e mortes contra os discípulos de Jesus. Seu ódio contra Jesus e seus discípulos era tanto que ele não via dificuldade para prender, manietar e arrastar presos para Jerusalém os que professavam o nome de Jesus (At 9.1,2). Lawrence O. Richards declara: O ódio continuado de Saulo pelos cristãos como hereges está refletido em seu pedido por cartas do sumo sacerdote, que o autorizassem a prender quaisquer cristãos que ele encontrassem em Damasco. Mas como o sumo sacerdote poderia ter jurisdição sobre os cidadãos de Damasco? No Império Romano, os grupos étnicos eram considerados como governados pelas leis de suas próprias nações, mesmo quando eles se mudavam para terras estrangeiras. Assim, os quase seis milhões de judeus espalhados pelo Império Romano ainda estavam sujeitos às leis do Sinédrio em Jerusalém. As cartas do sumo sacerdote a Paulo seriam consideradas, pelas autoridades de Damasco e pela comunidade judaica, como uma autorização adequada para aprisionar qualquer judeu cristão e levá-lo de volta a Jerusalém para julgamento. (RICHARDS, 2007, p. 264) Para um homem que tinha a cultura que Paulo possuía parece um contrassenso, porque se esperava dele uma atitude mais racional. Mas Saulo de Tarso estava embebedado pela soberba e arrogância. (Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021).     

 

Paulo é visto como perseguidor Ressaltamos, aqui, alguns pontos importantes: Paulo via a si mesmo como perseguidor. Ao escrever à igreja de Corinto, diz que se considerava o menor dos apóstolos e até não era digno de ser chamado apóstolo, uma vez que havia perseguido a igreja de Deus (1Co 15.9). Escrevendo aos gálatas, testemunha: “Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira perseguia eu a igreja de Deus e a devastava” (Gl 1.13). Diante do povo de Jerusalém, confessou: “Persegui este Caminho até à morte, prendendo e metendo em cárceres homens e mulheres” (At 22.4). Diante do rei Agripa, ele testemunhou: “Na verdade, a mim me parecia que muitas cousas devia eu praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno; e assim procedi em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e contra estes dava o meu voto, quando os matavam. Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo por cidades estranhas os perseguia” (At 26.9-11). Cristo o viu como perseguidor. Quando Paulo, enfurecidamente, ia para Damasco com o propósito de manietar e trazer amarrados os discípulos de Cristo para Jerusalém a fim de lançá-los na prisão, Cristo apareceu-lhe, de maneira gloriosa, na estrada de Damasco, perguntando-lhe: “… Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura cousa é recalcitrares contra os aguilhões” (At 26.14). Perseguir a igreja é perseguir Cristo. Perseguir os membros do Corpo é perseguir a Cabeça do Corpo. Perseguir a noiva é perseguir o Noivo. Paulo não estava apenas se levantando contra homens, mas contra o próprio Deus. Aqueles que ferem os santos de Deus tocam na menina dos olhos de Deus. O povo de Damasco o viu como perseguidor. O zelo sem entendimento pode levar um homem a fazer loucuras. Paulo atacou furiosamente os cristãos. Ananias, morador de Damasco, disse ao Senhor acerca dele: “… Senhor, de muitos tenho ouvido a respeito desse homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém; e para aqui trouxe autorização dos principais sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome” (At 9.13,14). O mesmo aconteceu logo que começou a pregar em Damasco. A reação do povo foi imediata: “Ora, todos os que o ouviam estavam atônitos e diziam: Não é este o que exterminava em Jerusalém os que invocavam o nome de Jesus e para aqui veio precisamente com o fim de os levar amarrados aos principais sacerdotes?” (At 9.21). Os discípulos de Jerusalém o viram como perseguidor. Quando Paulo fugiu de Damasco e foi para Jerusalém com a intenção de ser acolhido pelos discípulos, eles não acreditaram nele. Pensaram que se tratava de mais um estratagema para perseguir os cristãos. Lucas relata esse fato assim: “Tendo chegado a Jerusalém, procurou juntar-se com os discípulos; todos, porém, o temiam, não acreditando que ele fosse discípulo” (At 9.26). (Lopes, Hernandes Dias. Paulo, o Maior Líder do Cristianismo. Editora Hagnos. 1 Ed. 2009).  

 

Para exaltar ainda mais a graça de Cristo por tê-lo colocado no ministério, ele apresenta um relato da sua conversão. Quem ele era antes da sua conversão: um blasfemo, e perseguidor, e opressor. Saulo respirava ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor (At 9.1). Ele assolava a igreja (At 8.3). Ele era um blasfemador de Deus, um perseguidor dos santos, e opressor dos dois. Frequentemente, esses que são designados para serviços grandes e notáveis caem em grande maldade antes da sua conversão, para que a misericórdia de Deus possa ser ainda mais glorificada na sua remissão, e a graça de Deus seja manifestada na sua regeneração. A grandeza do pecado não é barreira para a nossa aceitação por Deus, nem em sermos empregados por Ele, se houver verdadeiro arrependimento. Observe aqui: (1) Blasfémia, perseguição e opressão, são pecados devastadores e abomináveis, e esses que são culpados desses pecados são grandes pecadores diante de Deus. Blasfemar contra Deus significa atacá-lo diretamente; perseguir seu povo significa tentar feri-lo por meio do seu povo; e ser opressor é ser como Ismael, cuja mão estava contra todos, e todos estavam contra ele; porque esses violam a prerrogativa de Deus, e usurpam a liberdade dos seus semelhantes. (2) Verdadeiros penitentes, ao servir a um bom propósito, não hesitarão em reconhecer sua condição passada antes de serem trazidos para casa por Deus. Esse bom apóstolo muitas vezes confessou a sua vida passada, como em Atos 22.4; 26.10,11. (HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 685-686).  

 

Como em 1 Coríntios 15-9,10 e Gálatas 1.13-17, Paulo contrasta sua vida pré-cristã com sua vida cristã presente. Descreve sua antiga identidade como sendo um blasfemo (que calunia e maldiz a Deus), um perseguidor (que procura as pessoas como um caçador) e um homem opressor, violento, sádico (do grego hybristes). A palavra [hybristes] indica alguém que por orgulho e insolência deliberadamente maltrata, desdenha, humilha, faz o mal e fere outras pessoas pelo simples prazer de ferir. Fala também de um tratamento premeditado que tem a finalidade de insultar e humilhar pública e abertamente as pessoas. A palavra é usada em Romanos 1.30 para descrever um homem insolente e arrogante, e retratar um dos pecados característicos do mundo pagão (Rienecker, 1980, 617). (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. pag. 1447-1448).  

   2, As ameaças de Saulo de Tarso. A expressão “respirando ameaças e morte” (At 9.1) descreve Saulo, de maneira figurada, como uma fera selvagem que ameaça sua presa. No texto de Atos 9.21, o perseguidor era visto como um exterminador, pois conduzia os cristãos às prisões, além de permitir que fossem açoitados. Ele não poupava ninguém que segue a doutrina de Cristo.    

Comentário

  Seu ódio contra os seguidores de Jesus fez com que ele fosse a Damasco, uma vez que havia uma grande população judaica naquela cidade. Os pesquisadores dizem que havia um número de 30 a 40 sinagogas em toda a Damasco. Quando Saulo resolveu ir a Damasco em busca de outros cristãos para prendê-los era porque esses cristãos certamente fugiram de Jerusalém para escapar à perseguição. A expressão “respirando ameaças e morte” (At 9.1) descrevia, figurativamente, a Saulo como uma fera selvagem que ameaça sua presa. No texto de Atos 9.21, Saulo era visto como um exterminador, porque tinha prazer em conduzir os cristãos às prisões, além de permitir que fossem açoitados. Ele não poupava ninguém que fosse seguidor da doutrina de Cristo. Os motivos que levaram a Saulo tornar-se um perseguidor inclemente contra os seguidores de Cristo era o zelo destrutivo que ele tinha pela Torá. Ele considerava um escândalo o anúncio dos cristãos de que um crucificado pudesse ser o Messias prometido pelos profetas do Antigo Testamento. A ideia era de que alguém que fosse suspenso no madeiro (numa cruz) estaria sob a maldição de Deus (Dt 21.23), e, por isso, para Saulo, Jesus foi um blasfemo e não podia ser o Messias, pondo em dúvida tudo o que ele cria. Na realidade, Saulo era “um touro bravo” que ninguém conseguia deter. Ele negava aos discípulos de Jesus o direito de existência dentro da comunidade judaica. Saulo rejeitava a ideia de que Jesus fosse o Messias prometido. Rejeitava a ideia de um Cristo que foi humilhado, rejeitado e crucificado, pois, na sua mente, o Messias não podia ser vencido pelos homens (Is 53.1-5). Posteriormente, ele tem um encontro poderoso com o Senhor Jesus e ficou completamente cego pela luz radiante. Então, ele converte-se e descobre que Cristo assumiu a maldição da Lei, da Torá, e, por isso, Cristo resgatou-nos da maldição da Lei (Gl 3.13). (Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021).    

 

A igreja em Jerusalém foi duramente perseguida, e muitos cristãos fugiram, pregando o evangelho (At 8.1-4). Alguns deles foram para Damasco. E agora, Paulo, ainda respirando ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, dispõe-se a ir a Damasco para manietar, prender e arrastar presos para Jerusalém aqueles que professavam o nome de Cristo (At 9.1,2). Ele queria destruir os crentes em Jerusalém, por isso os caçava por toda parte, para trazê-los de volta a Jerusalém e ali os exterminar. Essa expressão “respirando ameaças e morte” literalmente é a mesma para descrever uma fera selvagem que furiosamente extermina o corpo de uma presa. Na linguagem dos crentes de Damasco, Paulo era um exterminador (At 9.21). Paulo era um monstro celerado, um carrasco impiedoso, um perseguidor truculento, um tormento na vida dos cristãos primitivos. A expressão “respirando ainda ameaças e morte” era também uma alusão ao arfar e ao bufar dos animais selvagens. Paulo parecia mais um animal selvagem do que um homem. Em suas próprias palavras, ele estava “demasiadamente enfurecido” (At 26.11). Nada é mais perigoso do que o radicalismo religioso sem entendimento. Muitas “guerras santas” já foram declaradas por causa dessa atitude ensandecida. Milhares de pessoas já morreram em nome de Deus para sustentar essa causa inglória. Muito sangue já foi derramado para satisfazer os caprichos desses religiosos dominados pelo zelo sem entendimento. A expressão “respirando ameaças e morte” descreve também uma fera selvagem saltando sobre a presa para devorá-la. Paulo era uma fera selvagem, uma ameaça concreta para todos aqueles que confessavam o nome de Jesus. Não poupava homens nem mulheres. Perseguiu a religião do Caminho até a morte (At 22.4). Estava determinado a praticar muitas coisas contra o nome de Jesus, o Nazareno (At 26.9). Ele estava determinado a banir da terra o cristianismo. Não podia aceitar que um nazareno, crucificado como um criminoso, pudesse ser o Messias prometido de Deus. Não podia aceitar que os cristãos anunciassem a ressurreição daquele que havia sido dependurado numa cruz. Não podia crer que uma pessoa pregada na cruz e, consequentemente, considerada pecadora e maldita pudesse ser o Salvador do mundo. (Lopes, Hernandes Dias. Paulo, o Maior Líder do Cristianismo. Editora Hagnos. 1 Ed. 2009).  

 

Como Saulo agiu mal antes da sua conversão. Ele era inimigo inveterado do cristianismo e fez o que pôde para erradicá-lo, perseguindo todos que o aceitassem. Sob outros aspectos, Saulo era muito bom. Era, segundo a justiça que há na lei, irrepreensível (Fp 3.6), homem de bons costumes, mas blasfemo de Cristo, perseguidor dos cristãos e prejudicial a ambos (1 Tm 1.13). Sua consciência estava tão mal informada que ele pensava que deveria fazer o que fez contra o nome de Cristo (cap. 26.9) e que estava na verdade servindo a Deus com este procedimento, como fora predito (Jo 16.2). Aqui temos: A inimizade e fúria geral de Saulo contra a religião cristã: E Sazão, respirando ainda, ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor (v. 1). Os perseguidos eram os discípulos do Senhor. Só por terem essa característica, ele os odiava e os perseguia. O tema da perseguição era ameaças e mortes. Há perseguição nas ameaças (cap. 4.17,21). Elas aterrorizam e quebrantam o espírito. Embora se diga que as pessoas ameaçadas vivam muito, as pessoas que Saulo ameaçava, se ele não fosse bem-sucedido em fazê-las fugir com medo de Cristo, as matava e as perseguia até à morte (cap. 22.4). O fato de ele respirar ameaças e mortes dá a entender que isso lhe era natural e fazia parte de sua atividade constante. Ele até se sentia bem nesse meio, respirando seus elementos com naturalidade. Ele respirava com fúria e veemência. Sua própria respiração, como a de algumas criaturas venenosas, era pestilenta. Ele respirava morte contra os cristãos por onde quer que fosse. Em seu orgulho, ele assoprava para eles (SI 12.4,5). E m sua raiva, ele cuspia seu veneno neles. Essa respiração de Satdo também dá a entender: (1) Que Saulo persistia ainda mais nisso. Não satisfeito com o sangue de quem tinha matado, ele ainda clamava: Dá, Dá (Pv 30.15). (2) Que Saulo em breve pertenceria a outro meio. Por enquanto, ele respirava ameaças e mortes, mas não tinha de viver essa vida por muito tempo. Essa respiração logo cessará. (HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 91-92).    

 

   3. Por que Saulo perseguia os cristãos? Os motivos que levaram Saulo a se tornar um perseguidor inclemente contra os seguidores de Cristo, eram o zelo destrutivo pela Torah e o suposto fato religioso de que Jesus talvez fosse um “blasfemo”. Para Saulo, o anúncio de que um crucificado pudesse ser o Messias prometido pelos profetas do AT era um escândalo. Ora, quem fosse suspenso no madeiro (cruz), de acordo com a Lei, estava sob a maldição divina (Dt 21.23). Por isso, nosso Senhor não passava de um blasfemo para Saulo. Mais tarde, por ocasião de sua conversão, ele descobre que Cristo assumiu a maldição da Lei e, por isso, nos livrou dessa maldição (Gl 3.13).  

Comentário

  Alguns estudiosos da história do cristianismo declaram que Paulo empregava a tortura psicológica nas suas perseguições aos cristãos. Significa que ele submetia as suas vítimas não apenas com tortura física para obrigá-las a negarem a fé cristã, mas também as torturava psicologicamente. Em Atos 26.11, ele mesmo declara: “E, castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades estranhas os persegui”. Parece um exagero retórico afirmar que Saulo de Tarso torturava aqueles a quem prendia e mandava açoitar, mas é o que ele mesmo declara em seu testemunho depois da conversão. Por sua inteligência inflamada pelo ódio contra Jesus e os seus seguidores, Saulo não castigava apenas fisicamente, mas ele também empregava a tortura psicológica para induzir suas vítimas a confessar o que não queriam. Em Atos 26.10,11, ele mesmo diz: “o que também fiz em Jerusalém. E, havendo recebido poder dos principais dos sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e, quando os matavam, eu dava o meu voto contra eles. E, castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades estranhas os persegui”. Em 1 Timóteo 1.13, ele mesmo declara que havia sido “um blasfemo, e perseguidor, e opressor”. Apesar de toda a violência empregada com açoites, prisões, apedrejamentos e morte, muitos daqueles fiéis a Cristo não negaram o nome de Jesus (At 26.10). No início da igreja evangélica no Brasil, nossos pioneiros sofreram toda sorte de perseguição e violência. Para arrancar confissões e declarações, torturavam nossos pioneiros. Vi meu pai, o pastor Osmar Cabral, ser levado para a cadeia em Chapecó-SC em 1954, porque pregava uma doutrina que a igreja romana não aceitava. O que dizer de Daniel Berg e Gunnar Vingren e dos primeiros pastores dos primórdios dias da Assembleia de Deus no Brasil? (Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021).    

 

Paulo é um perseguidor violento A Bíblia faz descrições dos variados métodos usados por Paulo para perseguir os discípulos de Cristo. Vamos analisar esses métodos. Em primeiro lugar, Paulo perseguia os cristãos usando o recurso da lei. Paulo usava sua influência e seu trânsito no sinédrio para munir-se de cartas de autorização dos principais sacerdotes a fim de encerrar em prisões e matar os cristãos (At 26.10). Sua perseguição tinha um ar de legalidade e oficialidade. Ele representava o braço repressor da lei religiosa. Ele lançava mão de artifícios legais para impor aos discípulos de Cristo as mais duras sanções. É importante ressaltar que nem tudo o que é legal é moral. Nem tudo que é lícito é conveniente. Nem tudo o que a lei permite deve ser feito. Há muitos facínoras que se escondem atrás da lei para matar e oprimir os inocentes. Há muitos espertalhões que, despudoradamente, beneficiam-se das filigranas da lei para se abastecerem e oprimirem o pobre. Há aqueles que fazem as leis, torcem-nas e as manipulam para alcançar seus propósitos escusos e inconfessos. Em segundo lugar, Paulo perseguia os cristãos em seus redutos religiosos. Paulo perseguia e castigava os cristãos por todas as sinagogas em Jerusalém, bem como por cidades estranhas (At 26.11). Sua área de jurisdição transcendia os limites da Palestina. Suas cruzadas furiosas avançavam além dos limites de Israel e chegavam até Damasco, na Síria (At 9.1,2). As sinagogas eram os locais principais de reunião, onde os judeus se congregavam para estudar a lei e orar. Ali também os cristãos se reuniam para adorar Cristo e cultuá-lo. O lugar de comunhão transformou-se num palco de opressão. O abrigo da sinagoga tornou-se um corredor de perseguição. Paulo não respeitava os recintos sagrados. Ele pensava com isso estar prestando um serviço a Deus. (Lopes, Hernandes Dias. Paulo, o Maior Líder do Cristianismo. Editora Hagnos. 1 Ed. 2009).  

 

A PERSEGUIÇÃO DOS NAZARENOS Com tais pensamentos em mente, Saulo decidiu deixar Tarso e voltar a Jerusalém. Estava tão insatisfeito, que decidiu lutar pessoalmente contra a seita dos nazarenos. Desligando-se imediatamente de Gamaliel e de sua escola, ofereceu seus préstimos ao sumo sacerdote a fim de eliminar todos os que se opusessem ao Judaísmo. E já perseguia a Igreja com tamanha fúria que seu nome tornou-se o terror de todo e qualquer ajuntamento cristão. Saulo era genioso e cruel. Com a sua eloquência, atacou os cristãos que oravam e pregavam no Templo. Rápido em suas ações, dispersou a muitas congregações e igreja locais. Lançou homens e mulheres na prisão, condenando-os à morte. Tão cego em sua ira e tão pronto para esmagar os seguidores de Jesus, que se achava disposto a extirpar de dentre o seu povo todos quantos ousassem oferecer fogo estranho ao Senhor. Com essas ideias fervilhando lhe na mente e com o olhar brilhante de um fanático, decidiu acabar sumariamente com a seita dos nazarenos. (Ball. Charles Ferguson. A vida e os Tempos do Apostolo Paulo. Editora CPAD. pag. 32).  

SÍNTESE DO TÓPICO I

Saulo ameaçava a igreja, não por acaso, ele se descreve como blasfemo, perseguidor e opressor.

 

II – A PERSEGUIÇÃO CONTRA A IGREJA DE CRISTO

  

   1. Contra os seguidores de Jesus. A perseguição de Saulo contra Jesus era uma perseguição contra a Igreja, o Corpo de Cristo, uma instituição divina. Ao passo que ele “respirava ameaças e morte” (At 9.1) contra os seguidores de Cristo, sua intenção era acabar de vez com “a Igreja”. Ao atacá-la, atingiu as pessoas que representavam Cristo, dentre as quais havia um homem arguto, defensor do nome de Jesus e cheio do Espírito Santo, cujo nome era Estevão.    

Comentário

  No texto de 1 Coríntios 15.9, o apóstolo Paulo diz que perseguiu a igreja de Deus e, é claro, que tratava da igreja em Jerusalém. Essa perseguição de Saulo de Tarso à igreja abrangeu outros lugares, pois ele “assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão” (At 8.3). Essa perseguição em Jerusalém fez com que muitas famílias de cristãos fugissem para outras cidades, e uma delas era Damasco. A perseguição implacável de Saulo de Tarso contra o nome de Jesus atingia não só as pessoas que professavam a fé em Cristo, mas também à igreja como instituição divina. Quando ele “respirava ameaças e morte” (At 9.1) contra os seguidores de Cristo, sua intenção era a de acabar de uma vez com a “Igreja”. Ao atacar a igreja, ele focava seu ataque e perseguição às pessoas que representavam a Igreja de Cristo. Foi desse modo que Saulo de Tarso foi obrigado a entender que havia entre os discípulos e apóstolos de Jesus um homem arguto e defensor do nome de Jesus chamado Estêvão. (Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021).    

 

Em terceiro lugar, Paulo empregava a tortura psicológica. A perseguição impetrada por essa fera selvagem e por esse boi bravo não consistia apenas em sanções legais contra os novos convertidos. Ele os castigava não apenas fisicamente, mas também psicologicamente. Ele mesmo testemunha: “Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar…” (At 26.11). Ele era blasfemo (1Tm 1.13) e forçava os neófitos a blasfemarem. Alguns crentes, novos na fé, com medo da morte, recuavam e blasfemavam. Outros, porém, suportavam os açoites, as prisões e a morte, permanecendo fiéis (At 26.10). A tortura psicológica é pior do que o castigo físico. Os campos de concentração nazistas usaram esse artifício maldito e levaram muitas pessoas à loucura. Ainda hoje, a tortura é um dos instrumentos mais aviltantes e ignominiosos, usados para arrancar confissões e declarações que incriminam as vítimas ou aqueles que se quer condenar. Em quarto lugar, Paulo empregava a tortura física. Em sua carta aos Coríntios, Paulo diz que perseguiu a igreja de Deus (1Co 15.9). Aos crentes da Galácia, seu relato é ainda mais contundente: “Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira perseguia eu a igreja de Deus e a devastava” (Gl 1.13). Nessa perseguição, usou vários métodos: Ele caçava os crentes por todas as partes. Paulo era um caçador implacável (At 9.2; 22.5; 26.9). Ele não se contentou apenas em perseguir os cristãos em Jerusalém; caçava-os por todas as cidades estranhas. Agora, escoltado por uma soldadesca do sinédrio, marcha para Damasco, capital da Síria, para prender os cristãos e levá-los manietados para Jerusalém (At 9.2). Seu propósito em prender os cristãos em Damasco era trazê-los para Jerusalém e puni-los, exatamente no local onde eles afirmavam que Jesus havia ressuscitado (At 22.5). Sua intenção não era apenas castigar os cristãos, mas jogar uma pá de cal no cristianismo. Seu ódio, na verdade, não era propriamente contra os cristãos, mas contra Cristo. Ele testemunha ao rei Agripa: “Na verdade, a mim me parecia que muitas coisas devia eu praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno” (At 26.9). Escrevendo a seu filho Timóteo, Paulo testemunha: “a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e insolente…” (1Tm 1.13). Paulo, ao perseguir a igreja, estava perseguindo o próprio Cristo. Por isso, quando Jesus aparece-lhe no caminho de Damasco, pergunta: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (At 9.4). Ele então indaga: “Quem és tu, Senhor?”. E a resposta foi: “Eu sou Jesus, o Nazareno, a quem tu persegues” (At 9.5). Diante do sinédrio, Paulo disse: “Persegui este Caminho até à morte, prendendo e metendo em cárceres homens e mulheres” (At 22.4). O povo de Damasco, ao ouvir a pregação de Paulo, logo depois da sua conversão, reafirma como Paulo perseguiu de forma implacável os crentes: “… Não é este o que exterminava em Jerusalém os que invocavam o nome de Jesus e para aqui veio precisamente com o fim de os levar amarrados aos principais sacerdotes?” (At 9.21). Ele manietava os crentes. Ao entrar nas sinagogas, Paulo não apenas dava ordem de prisão aos crentes, mas os amarrava e os levava assim aos principais sacerdotes (At 9.21). Ele corrobora: “… e ia para Damasco, no propósito de trazer manietados para Jerusalém os que também lá estivessem, para serem punidos” (At 22.5). Ele encerrava os crentes em prisões. O propósito de Paulo em ir a Damasco era descobrir lá alguns crentes a 􀅺m de levá-los presos para Jerusalém (At 9.2). Ele diz ao povo de Jerusalém: “Persegui este Caminho até à morte, prendendo e metendo em cárceres homens e mulheres” (At 22.4). Depois de sua conversão, quando Deus o mandou sair de Jerusalém, Paulo tentou argumentar com Deus, dizendo: “… Senhor, eles bem sabem que eu encerrava em prisão […] os que criam em ti” (At 22.19). Ele açoitava os crentes. Paulo não somente acorrentava e prendia os cristãos, mas também os castigava fisicamente (At 22.5). Ele disse: “… Senhor, eles bem sabem que eu […] açoitava os que criam em ti” (At 22.19). Diante de Agripa, Paulo declara: “Muitas vezes, os castiguei por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar. E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo por cidades estranhas os perseguia” (At 26.11). Paulo era um carrasco, um homem truculento, selvagem, bárbaro, um monstro celerado em seu zelo ensandecido. (Lopes, Hernandes Dias. Paulo, o Maior Líder do Cristianismo. Editora Hagnos. 1 Ed. 2009).  

  

Advertência contra as ofensas feitas a irmãos. Novamente, neste versículo, nos é ensinada a importante doutrina do teísmo, bem como do fato de que existe uma comunhão mística entre Cristo e os seus seguidores, porquanto, aquilo que nos afeta, atinge a ele igualmente. Isso não nos serve de pequeno consolo, porquanto isso nos assegura o seu interesse, bem como o término final de nosso elevado destino, que temos nele. Como subcategoria dessa lição, pode-se observar que deveríamos ter cuidado quanto a maneira como tratamos dos outros crentes, porquanto aqueles a quem criticamos, julgamos ou de outra maneira qualquer ferimos, padecem juntamente com Cristo, o qual é semelhantemente ferido, por ser o nosso irmão mais velho. (CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 191).  

 

Saulo não apenas testemunhou a glória resplendorosa do Senhor, mas também ouviu a voz de Jesus Cristo. (Sobre as demais palavras de Jesus, veja 22.8,10,17,21; 26.15-18). Saulo pensava estar perseguindo hereges, mas, de acordo com a voz, as suas ações eram equivalentes a atacar o próprio Senhor Jesus – Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Qualquer pessoa que persiga os crentes hoje, também é culpado por perseguir a Jesus (veja Mt 25.40,45) porque os crentes sáo o corpo de Cristo na terra. Esta é uma declaração poderosa a respeito da união que existe entre Cristo e a sua igreja. Enquanto estava ali no solo, em meio à poeira, Saulo deve ter se recuperado do choque de compreender que Jesus, o fundador crucificado desta seita detestada, tinha sido ressuscitado por Deus e exaltado em uma glória divina. Saulo não estava servindo a Deus, como pensava, mas combatendo-o! (Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 663).      

 

 

2. Saulo de Tarso e Estevão. Se por um lado Saulo era um erudito que chamava atenção, devido à sua cultura judaica, greco-romana e autoridade na Torah, Estevão era um erudito do Judaísmo com uma grande capacidade do Espirito para confrontar ideias contrárias aos ensinos de Jesus (At 6.9.10; 7.2-53). O primeiro mártir da Igreja era um homem cheio do Espírito Santo, conhecedor profundo da história de seu povo e da teologia judaica. Por isso, quando apontava para Jesus Cristo como clímax da revelação redentora para o mundo, o fazia com autoridade. O discurso inflamado de Saulo, e respaldado pelos oponentes dos seguidores de Jesus, deparou-se com outro discurso, mas este proveniente da sabedoria do Espirito (At 6.10). Essa autoridade espiritual de Estevão atraiu a ira dos inimigos de Cristo (At 6.5.11; 7.55). Por isso, com o pleno consenti mento de Saulo (At 8.1), eles o apedrejaram até a morte (At 7.59,60). Mas se por um lado eles mataram Estevão; por outro, potencializaram a mensagem do primeiro mártir da Igreja.  

Comentário

  A perseguição foi tão forte e persistente que muitos cristãos tiveram que fugir de Jerusalém com receio das investidas violentas de Saulo de Tarso. Ele manietava aqueles que encontrava, especialmente os que iam à sinagoga e pregavam a Cristo, o Crucificado (At 9.21). Ele não tinha escrúpulos com mulheres e nem crianças. Ele prendia-os e mandava açoitá-los (At 22.5). Paulo entendia que, cometendo essas barbáries, atos de selvageria e crueldade, ele estaria defendendo a fé judaica e libertando-a dos hereges. A Igreja de Cristo, mais conhecida naqueles dias como “os do Caminho” ou “seguidores de Jesus”, era o alvo do ataque de Saulo de Tarso. Entretanto, esse homem, cego pelo radicalismo fariseu, não podia entender que a Igreja não era uma mera instituição humana. A existência da Igreja deve sua realidade ao Senhor Jesus, pois Ele é o seu construtor. Para revelar o futuro da Igreja, depois da sua obra expiatória, Jesus mesmo disse a Pedro em seu ministério terrestre: “Edificarei a minha igreja” (Mt 16.18). Saulo de Tarso só foi entender esse mistério de Cristo e sua Igreja depois da revelação pessoal de Cristo que o levou à mudança de atitude e de rumo, convertendo-se a Cristo. Depois de anos de ministério, Paulo chegou a essa consciência e ele mesmo disse: “[…] sobremaneira perseguia a igreja de Deus e a assolava” (Gl 1.13). Cabral. (Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021).    

 

Ele matava os crentes. Paulo não apenas caçava os crentes como uma fera selvagem caça a sua presa, como também os devorava. Ele não apenas os acorrentava, prendia e açoitava, mas também os matava. Ele devastava a igreja. Sempre que o sinédrio deliberava sobre a morte dos crentes encerrados em prisão, Paulo dava seu voto para que fossem mortos. Diz ele: “e assim procedi em Jerusalém. Havendo eu recebido autorização dos principais sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e contra estes dava o meu voto, quando os matavam” (At 26.10). Diante da multidão amotinada de Jerusalém, Paulo testemunhou: “Quando se derramava o sangue de Estêvão, tua testemunha, eu também estava presente, consentia nisso e até guardei as vestes dos que o matavam” (At 22.20). (Lopes, Hernandes Dias. Paulo, o Maior Líder do Cristianismo. Editora Hagnos. 1 Ed. 2009).  

  

ESTEVÃO CONFUNDE SAULO Um dos sete escolhidos pela igreja de Jerusalém para encarregar-se dos pobres era Estevão, o mais capaz e ativo dos diáconos. Ele não nascera em Jerusalém e até recebera um nome grego. Debatendo com os rabinos, provou ser melhor que eles. As suas palavras eram irresistíveis e cativantes como as de Jesus. Em suas prédicas, afirmava que a salvação era obtida por meio de Jesus, o Messias, e não pela obediência à Lei de Moisés. Como Jerusalém possuísse várias sinagogas onde os judeus de diferentes nações costumavam reunir-se, Estêvão ia de uma para outra, pregando o Evangelho e discutindo com os líderes. A sinagoga alexandrina tivera ocasião de ouvi-lo. As congregações de Cirene e da Cilicia conheciam-lhe os argumentos e lutavam ferozmente contra ele, pois Estêvão persuadira alguns dentre os seus membros a crerem em Jesus. É provável que tenha sido na sinagoga da Cilicia que Saulo tenha encontrado Estêvão pela primeira vez. Ele ouviu-o com amargo desprezo; mesmo assim, pôde sentir quão atraentes e poderosas eram as suas palavras. O cristão achava-se possuído de um zelo tão santo que ele jamais vira em qualquer rabino. Quando Estêvão falou da ressurreição, Saulo teve de admitir para si mesmo que essa esperança era a doutrina central dos fariseus. Notou também que eram os saduceus quem mais se opunham a esta crença. Saulo desprezava os saduceus, apiedava-se deles. Fora apenas a questão da ressurreição, Saulo sentia que poderia ouvir com agrado a esse homem. Mas ele falava contra o Templo e desejava mudar os velhos costumes estabelecidos pelos rabinos. Era portanto necessário silenciar-lhe a voz. O jovem fariseu confrontou-o em um debate aberto, e ficou zangado ao descobrir que, apesar de todo o seu conhecimento, não conseguia revidar os argumentos de Estêvão. Seu orgulho sentia-se ferido; sua única defesa agora era um ódio cada vez maior. Achava-se, pois, decidido a se lhe opor com todas as forças. Foi então de sinagoga em sinagoga e descobriu que os seguidores de Jesus encontravam-se em toda parte. Saulo convenceu as pessoas de que os nazarenos deviam ser silenciados mesmo que fosse pela espada. Pois os seus ensinos eram contrários à Lei. E quando diziam que Jesus era o Cristo, blasfemavam contra Deus. Mas percebeu que até os analfabetos da seita sabiam citar as Escrituras, e conheciam a história judia tanto quanto ele. Como Estêvão parecia-lhe o mais poderoso e culto dos nazarenos, decidiu persegui-lo e expulsá-lo de Jerusalém. Quem falasse contra a Lei de Moisés, ou dissesse que o Carpinteiro de Nazaré era o Messias, seria julgado como blasfemo! Onde quer que fosse, Saulo não tinha medo de repetir tal advertência. Estava cansado dos enganadores que desviavam o povo da Lei. E sendo Estêvão um dos piores agitadores, Saulo sentia estar prestando um grande serviço a Deus livrando-se dele. Quanto mais pensava nessa seita e nos progressos que ela fazia, tanto mais agitado ficava. Sua raiva transformou-se finalmente em claro preconceito – não podia mais discutir com aquelas pessoas baseado nas Escrituras. Seu único desejo era exterminá-las. Por acaso não foi exatamente isto que Deus ordenara a Saul? (1 Sm 15). (Ball. Charles Ferguson. A vida e os Tempos do Apostolo Paulo. Editora CPAD. pag. 32-33).    

  

   3. Uma intolerância religiosa e política contra a igreja atual. A igreja atual continua a despertar fúrias de certas autoridades políticas e religiosas que não aceitam a mensagem de liberdade e vida que o Evangelho proporciona. Nossos irmãos, que servem a Deus em países políticos e religiosamente fechados para o Evangelho, continuam a pagar, com a própria vida, a fidelidade à mensagem de Cristo. Oremos pela igreja perseguida!    

Comentário

  Durante e Após a Era Apostólica. Dez imperadores romanos estiveram envolvidos nas perseguições contra o cristianismo, um período de terror que se prolongou até os dias de Constantino, já no começo do século IV D.C. Nero (vide) foi o principal perseguidor imperial da Igreja, ainda no tempo dos apóstolos. Foi ele o responsável pelo martírio de Pedro e de Paulo. A princípio. As autoridades romanas hesitaram em situações locais. Os missionários cristãos chegaram mesmo a ser protegidos. Porém, as hostilidades logo rebentaram, e quando a Igreja cristã estabeleceu-se firmemente. Nos fins do século I D.C., Roma era uma resoluta perseguidora dos cristãos. O relato de Lucas-Atos foi escrito em parte com o intuito de convencer as autoridades romanas a aceitar o cristianismo (conforme tinham sido forçadas a aceitar o judaísmo) como uma fé religiosa legitima, e não como uma traição contra o Estado. Porém, esse propósito de Lucas não teve bom êxito, tendo-se seguido vários séculos de perseguições e matanças contra os cristãos. Nero foi quem deu o exemplo acusando falsamente aos cristãos de terem incendiado a cidade de Roma (em 64 D.C.). Em uma falsa retaliação, conforme o historiador romano Tácito informa-nos, muitos cristãos foram torturados ou mesmo mortos. A Igreja Sobe ao Poder e Persegue a Outros. Esse é um dos piores absurdos da história do cristianismo. Depois que a Igreja cristã obtivera poder político e prestigio social, passando a proclamar-se como o próprio portão para o céu, tomaram-se muito importantes padrões estritos de doutrina. Aqueles que não aderiam a esses padrões bitolados eram maltratados. A crença ortodoxa e ser membro da Igreja oficial era motivo de segurança física; mas estar fora dessa Igreja oficial era perigoso. A primeira extensa perseguição que a Igreja oficial promoveu foi aquela contra os donatistas (vide). Isso teve lugar no Norte da África, no começo· do século V D.C. Agostinho (infelizmente!) esteve envolvido pesadamente nisso, estabelecendo padrões de crença e métodos de coerção. Passou a ser anunciado o absurdo de que o amor cristão algumas vezes precisa ser duro, forçando as pessoas a crerem no que devem crer. Mas, ver o ensino de Jesus Cristo, em Luc. 9:55. ‘Ê o espírito satânico que persegue e prejudica. Jesus repreendeu aos Seus discípulos por quererem perseguir; mas a Igreja de séculos depois achou por bem reverter essa decisão do Senhor. Que então essa Igreja tenha podido chamar de «amor” a seus atos de violência é uma clara demonstração de arrogância e estupidez. As ideias e atitudes de Agostinho exerceram grande influência sobre a Igreja antiga; e ‘podemos ter a certeza de que a inquisição (vide) foi parcialmente inspirada por ele. A inquisição, que chegou a ter um efeito devastador, até mesmo no Brasil, transformou-se em um monstro sanguinário repelente acima de qualquer descrição. A Igreja Ocidental tem tido, dentro de sua estrutura, muitos movimentos heréticos, e cada um desses movimentos teve de pagar um elevado preço, sofrendo sob as perseguições. Assim, para exemplificar, os oâtaros (ou albigenses) sofreram uma oposição especialmente virulenta (séculos XI a XIII D.C.). A Reforma Protestante. A Igreja Católica Romana opôs-se à Reforma Protestante com fogo e destruição. Mas também é evidente que sempre que os lideres protestantes obtinham o poder, seguiam o mesmo vergonhoso exemplo, no caso daqueles que dissentiam em suas próprias fileiras. Lutero, Calvino e Zwinglio acreditavam na pena de morte para a heresia. Se o leitor estiver interessado em provas históricas dos atos de terror de João Calvino, poderá consultar o artigo separado acerca dele. Lemos acerca da execução de Serveto (vide) na fogueira; mas o fato é que Calvino matou mais de cinquenta pessoas, e baniu ou encarcerou a inúmeras outras, meramente por não concordarem com os padrões de doutrina em que ele acreditava. Todavia, a Reforma Protestante contribuiu para a liberdade, porquanto dispersou a concentração de poder que por tanto tempo, havia residido em um único corpo religioso. A Perseguição Nunca Morreu. Temos lido o que tem sucedido no Irã, nas décadas de 1970 a 1980. Os líderes religiosos muitas vezes tornam-se matadores de sua própria gente. A fé Babai tem sofrido especialmente por ter sido fundada por um profeta que surgiu após Maomé (de nome Baha Ullah, vide), que os documentos oficiais do islamismo diziam não poder acontecer. Portanto, podemo-nos congratular diante do fato de que não mais matamos, embora ouçamos, aqui e acolá, sobre algum ato de violência praticado por cristãos contra alguma pessoa ou grupo, igualmente cristãos. Porém, agora essas coisas são atos isolados, e não oficialmente sancionados pelas autoridades eclesiásticas. Não obstante, a perseguição prossegue, posto que sob formas mais sutis, como o isolamento e o assassinato de caráter. Os hereges, atualmente, simplesmente afastam-se, por não se sentirem bem acolhidos. E, ocasionalmente, ouve-se a respeito de algum caso de exclusão ou tentativa de exclusão, no intuito de libertar alguma igreja de um membro que está dando trabalho aos líderes. (CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 5. pag. 243-244).  

  

A Bíblia fala muito sobre a intolerância religiosa. Você já parou para pensar qual foi o meio que os judeus usaram para levar Jesus à cruz? Foi intolerância. Veja em João 19.15-16: “Eles, porém clamavam: Fora! Fora! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso rei? Responderam os principais sacerdotes: Não temos rei, senão César! Então, Pilatos o entregou para ser crucificado.” Como a intolerância religiosa cega as pessoas! Os próprios judeus começaram então a fazer uma declaração de fé absurda: “Não temos outro rei, senão César […]” Atos 7.51-58 fala de Estêvão, um homem santo, que falava sobre Jesus com ardor, com fervor. Veja o que a Bíblia diz: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis. Qual dos profetas vossos pais não perseguiram? Eles mataram os que anteriormente anunciavam a vinda do justo, do qual vós agora vos tornastes traidores e assassinos, vós que recebestes a lei por ministério de anjos e não a guardastes. Ouvindo eles isto, enfureciam-se no seu coração e rilhavam os dentes contra ele. Mas Estevão, cheio do Espírito Santo, fitou os olhos no céu e viu a glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à destra de Deus. Eles, porém, clamando em alta voz, taparam os ouvidos e, unânimes, arremeteram contra ele. E, lançando-o fora da cidade, o apedrejaram. As testemunhas deixaram suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo. Querido leitor, você sabe o que é a morte por apedrejamento? Aquele que se enforca morre rapidamente, mas a morte por apedrejamento é uma morte lenta, a pedra tem que ser lançada com força, não atirada simplesmente, e cada osso da pessoa é quebrado. Estêvão deveria estar ajoelhado, recebendo no corpo aquelas pedras lançadas com fúria, com firmeza, atiradas pelos seus cruéis adversários para acertar-lhe em todo o corpo. Nos versículos 59 e 60 lemos: “E apedrejaram Estêvão, que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito! Então, ajoelhando-se, clamou em voz alta: Senhor, não lhes imputes este pecado! Com estas palavras, adormeceu. E Saulo consentia na sua morte.” Quando do apedrejamento de Estêvão, quem ficou tomando conta de suas roupas foi Saulo, um homem intolerante. Para ele a fé verdadeira era o judaísmo. Qualquer um que confessasse outra fé, fora do judaísmo, teria de ser apedrejado. Em Atos 9.1-2, diz: “Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote e lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que, caso achasse alguns que eram do Caminho, assim homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém.” Temos aí um exemplo claro da intolerância, levantando uma bandeira de dona da verdade. Intolerância é ignorância, que faz com que a pessoa não ouça, não veja, seja manipulada. Sentimentos os mais horrorosos a dominam. E com Saulo foi assim. Mas o que aconteceu depois? Saulo se converteu e tudo foi mudado. […] Agora, porém, você vai ver Paulo experimentando a intolerância dos outros, em Atos 21.34-36, que diz: “Na multidão, uns gritavam de um modo, outros, de outro; não podendo ele, porém, saber a verdade por causa do tumulto, ordenou que Paulo fosse recolhido à fortaleza. Ao chegar às escadas, foi preciso que os soldados o carregassem, por causa da violência da multidão, pois a massa de povo o seguia gritando: Mata-o!” Em Atos 22.22-23, diz: “Ouviram-no até essa palavra e, então, gritaram, dizendo: Tira tal homem da terra, porque não convém que ele viva! Ora, estando eles gritando, arrojando de si as suas capas, atirando poeira para os ares […]” A multidão fica louca por qualquer coisa. Se encontrarem por aí uma imagem qualquer sendo queimada, pode juntar uma turba (multidão), haver um levante, pode haver manipulações de pessoas intolerantes, desejosas de divisão entre as denominações cristãs. (Valadão. Márcio,. Intolerância Religiosa. Editora Batista da Lagoinha. pag. 27-33).    

 

O artigo 5º da Constituição Federal de 1988 garante que o Estado brasileiro é laico, o que coaduna com o que está expresso na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Já a lei nº 9.459, de 13 de maio de 1997, prevê punição para crimes de discriminação, ofensa e injúria praticados em virtude de raça, cor, etnia, procedência nacional ou religião.   A referida lei prevê punição de um a três anos de reclusão e aplicação de multa para quem praticar ou incitar qualquer ato discriminatório por motivo de, entre outros fatores, prática religiosa. Não há uma lei específica que criminalize apenas a intolerância religiosa, e, apesar das garantias constitucionais e da lei 9459/97, esse tipo de intolerância continua sendo praticado em nosso país.     Análise dos Dados: Temas Após a pesquisa e coleta desses dados, foi realizada uma análise dos mesmos, resultando em uma seleção de nove principais temas abordados pela mídia escrita nacional sobre intolerância e violência religiosa no Brasil que englobam as matérias selecionadas, os quais são: 1) Agressões físicas; 2) Ataques a imóveis e/ou de objetos simbólico-sagrados; 3) Nas Mídias e Redes Sociais; 4) No Cotidiano; 5) Racismo; 6) Nas Escolas; 7) Conflitos no ambiente de trabalho; 8) Questões fundiárias, terra e propriedade; 9) Laicidade, ateísmo. O Gráfico 1 apresenta o percentual que cada grupo de tema identificado reúne das notícias e em seguida são discutidos alguns aspectos desse conjunto de notícias. Relatório sobre Intolerância e Violência Religiosa no Brasil (2011 – 2015): Resultados Preliminares    

 

III – QUANDO UM SISTEMA SE VOLTA CONTRA A IGREJA

 

     1. Como era a perseguição contra os primeiros discípulos? Saulo de Tarso liderou uma perseguição continua e violenta. Ele prendia os primeiros cristãos, mandava açoitá-los e não havia escrúpulos mesmo com mulheres e crianças (At 9.21; 22.5): “sobremaneira perseguia a igreja de Deus e a devastava” (GL 1.13). Saulo entendia que praticar essas barbáries era defender a fé judaica, livrando os judeus dos hereges, exata mente nos moldes de que Jesus havia alertado os discípulos: “Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus” (Jo 16.2).  

Comentário

  Paulo era um perseguidor implacável. “Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora no judaísmo, como sobremaneira perseguia eu a igreja de Deus e a devastava” (1.13). Paulo foi um dos maiores perseguidores da igreja. Ele se autodenominou insolente, blasfemo e perseguidor (lTm 1.13). Disse que era o menor dos apóstolos, que não era nem mesmo digno de ser chamado apóstolo, pois perseguiu a igreja de Deus (lCo 15.9). Ele devastou a igreja (G1 1.13), assolou a igreja (At 8.3) e exterminou em Jerusalém aqueles que invocavam o nome de Jesus (At 9.21). Paulo foi uma fera selvagem, que respirava ameaças e morte contra os discípulos de Cristo (At 9.1), e perseguiu a religião do Caminho até a morte (At 22.4). Ele não respeitava domicílio doméstico, pois entrava nas casas e arrastava homens e mulheres para lançá-los na prisão (At 8.3). Não poupava nem os lugares sagrados, pois entrava nas sinagogas para castigar os crentes, forçando-os a blasfemar. Depois de lançar muitos dos santos nas prisões, contra eles dava o seu voto, quando os matavam (At 26.9-11). Paulo perseguiu os cristãos (At 26.11), a religião dos cristãos (At 22.4) e o Deus dos cristãos (At 26.9). Paulo perseguiu a Igreja de Deus com violência e selvageria, de forma intensa, em excesso, sem medidas e continuamente. A expressão katha hyperbolen significa literalmente “além das medidas, excessivamente” e chama atenção para o tremendo entusiasmo que ele levou a efeito A defesa do apostolado de Paulo seu propósito de perseguir a Igreja de Deus. Paulo usou todas as suas forças e toda a sua influência nessa causa ensandecida. Como uma fera selvagem, que salta sobre a presa para devorá-la, esse fariseu fanático se lançou contra a igreja de Deus de forma veemente. Seu propósito era devastar a igreja de Deus, exterminando os discípulos de Jesus. William Hendriksen diz que a perseguição promovida por Paulo era não apenas violenta ao extremo, mas também dirigida ao mais precioso tesouro de Deus, sua Igreja e, com os propósitos mais sinistros, ou seja, devastá-la totalmente. O termo grego eporthoun, “devastar”, era usado para soldados que devastavam uma cidade. Essa palavra é extremamente forte e significa “destruir” ou “pilhar” com a nítida conotação de devastação bélica. Assim, Paulo está descrevendo que sua conduta antes da conversão era uma verdadeira guerra pessoal contra a igreja de Cristo. Calvino defende que, durante toda a sua vida, Paulo nutrira tão profunda rejeição pelo evangelho, que se tornara um inimigo mortal e um destruidor do cristianismo. Concluímos, portanto, que, como sistema religioso, o judaísmo era a antítese direta do cristianismo. (LOPES, Hernandes Dias. GALATAS A carta da liberdade cristã. Editora Hagnos. pag. 66-67).  

 

Ele descreve a sua instrução, e o que fazia (w. 13,14). De um modo especial, ele lhes diz que foi criado na religião judaica, e que “…na minha nação, excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições…” dos anciãos, doutrinas e costumes que tinham sido inventados pelos “…meus pais”, e transmitidos de uma geração a outra. Seu zelo era tão grande que “…sobremaneira perseguia a igreja de Deus e a assolava”. Ele não só tinha sido alguém que rejeitava a religião cristã, apesar das diversas provas quanto à sua origem divina, mas também tinha sido um perseguidor dela, e tinha buscado destruir os adeptos dela com violência e fúria. Paulo menciona esse aspecto com frequência, por causa da grandiosidade dessa graça livre e preciosa que o tornou um penitente sincero, transformando-o de um perseguidor furioso em um apóstolo. Era muito oportuno mencionar isso aqui, porque ficava claro que ele não tinha sido levado ao cristianismo, como foi o caso de muitos outros, puramente pelo ensino, uma vez que tinha sido criado em aversão e oposição a essa doutrina. Assim, eles podem sensatamente supor que tenha ocorrido algo realmente extraordinário para promover uma mudança tão radical nele, a ponto de vencer os preconceitos da sua educação e o levar não somente a professar, mas a pregar, essa doutrina, à qual tinha se oposto com tanta veemência. (HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. pag. 548).  

 

Paulo menciona agora os três fatos importantes; a. sua vida como perseguidor, b. seu conversão, e c. sua atividade imediatamente depois de sua conversão, para demonstrar por meio destes três acontecimentos que seu evangelho não lhe tinha sido entregue por nenhum meio humano, mas ele o tinha recebido como um presente do céu. Escreve, Porque já ouvistes sobre a minha antiga forma de vida quando praticava a religião judaica. Sim, os gálatas tinham ouvido, talvez do próprio Paulo e de outros, sobre como se conduziu quando sua vida ainda estava regulada pelos princípios que governavam a vida dos judeus que não se tinham convertido a Cristo. E continua, como eu perseguia desmedidamente a igreja de Deus e procurava destruí-la.31 Não era necessário para o presente propósito que Paulo mencionasse em detalhe todas as coisas horríveis de sua atividade destruidora: que tinha que ver tanto com homens como com mulheres, que as vítimas foram acorrentados, colocados no cárcere, incitados a blasfemar, e às vezes mortos (veja-se At 8:3; 9:1, 13, 14; 22:4, 5; 26:10, 11). O que menciona aqui em gálatas fala muito eloquentemente, pois mostra que a perseguição que praticava era a. violenta em extremo (“desmedidamente”), b. dirigida contra o tesouro apreciado de Deus, a igreja (como Paulo agora, depois de sua conversão, a considera), o corpo daqueles que foram chamados dentre todos os filhos dos homens para ser sua propriedade; e c. com propósitos sinistros, quer dizer, que desejava destruir totalmente a igreja. Note-se que a palavra “igreja” como se usa aqui é um conceito universal (diferente do de Gl 1:2, 22), e como tal inclui gentios e judeus, também ambas as dispensações, como é claro por esta mesma epístola (Gl 3:7–9, 13, 14, 29; 4:27; cf. Gn 22:18; Is 54:1–3; Am 9:11ss.; Mt 21:33ss.; Rm 11:15–24; Ef 2:14; 1Pe 2:9; e Ap 21:12, 14). (HENDRIKSENWilliam. Exposição de Gálatas. Editora Cultura Cristã. pag. 63-64).    

   2. Perseguição, tortura e método. Parece exagero afirmar que Saulo de Tarso torturava os primeiros cristãos, mas é o que ele mesmo declara em seu testemunho pós-conversão. Além de castiga-los fisicamente, ele empregava a tortura psicológica para induzi-los a blasfemarem (At 26.10.11). Entretanto, apesar da violência empregada com açoites, prisões, tortura psicológica, apedrejamento e mortes, muitos dos discípulos fiéis a Cristo não negaram o nome de Jesus    

Comentário

  (Quanto a notas expositivas sobre «Jerusalém», ver Luc. 2:41. Quanto a comentários sobre como Paulo recebera cartas de autorização para sua obra de perseguição, o que lhe permitia entrar nas sinagogas e deter a qualquer um que se tivesse tornado aderente da fé cristã, ver Atos 9:2 e 22:5. Quanto às atividades de Saulo de Tarso, que encarcerou a homens e mulheres por serem seguidores de Jesus Cristo, ver Atos 9:2 e 22:4,5. Quanto a notas expositivas sobre os principais sacerdotes, ver Mat. 21:23). As palavras «…principais sacerdotes…» indicam os líderes mais proeminentes do sinédrio, que era 0 corpo governante mais autorizado da nação de Israel. Nos tempos de Paulo, a maioria desses principais sacerdotes pertencia à seita dos saduceus, e à família governante dos Herodes, e muitas outras figuras importantes da Judéia, ou eram membros da seita dos saduceus ou se mostravam simpatizantes para com esse grupo político-religioso. «…santos…» (Quanto a notas expositivas sobre os crentes, chamados às vezes por esse título, ver Atos 9:13). Os discípulos de Cristo são assim chamados, acima de tudo, devido à sua relação com Cristo, 0 qual, acima de todos, é o Santo e o Justo. A ideia central, envolvida nesse vocábulo santos, é a de dedicação a Deus, a de consagração, a de reserva para Deus e seu serviço, o que é acompanhado por pureza pessoal, isto é, o estado de estar limpo e livre da mancha do pecado. É adjetivo usado para indicar tanto as coisas dedicadas a Deus como os anjos, Cristo, Deus, o Espírito de Deus e 0 povo de Deus. O alvo final de todos os remidos consiste na participação final, completa e perfeita na santidade de Deus, ao mesmo tempo que compartilhem da natureza moral e metafísica do Senhor Jesus, o que os tornará participantes da própria natureza divina, segundo lemos em II Ped. 1:4. (Ver também os trechos de Efé. 1:23 e Rom. 8:29). Porventura Saulo de Tarso teria sido membro do sinédrio! «…dava 0 meu voto…» Literalmente, essas palavras deveriam ser traduzidas do grego «koiné» mais ou menos como segue: «lançava a minha pedrinha» (que originalmente era uma pedrinha negra), um processo usado na cerimônia da votação quando ο veredicto era contra os réus. Mais tarde, entretanto, a palavra aqui empregada veio a significar meramente um voto dado de qualquer modo. Os antigos gregos lançavam pedrinhas, cada uma das quais representava um voto. As pedrinhas negras eram usadas pelos juízes que opinavam pela culpabilidade do réu, e as pedrinhas brancas eram usadas quando os juízes queriam inocentar a um réu (o que talvez seja aludido em Apo. 2:17). Ordinariamente, essas pedrinhas eram lançadas em uma urna, e, terminada a votação, eram contadas. Alguns estudiosos têm pensado que a declaração que Paulo aqui faz significa que ele fora então um dos membros do sinédrio, e que, devido à sua posição de juiz, condenou a muitos cristãos, ordenou o encarceramento de outros e determinou a execução ainda de outros. Se porventura Paulo foi realmente membro do sinédrio, isso significa que então ele era casado (porquanto todos os juízes do sinédrio tinham de ser obrigatoriamente casados); porém, com base em I Cor. 7:7 e s., tem-se a impressão de que ele enviuvou. Outros intérpretes, entretanto, acreditam que esta linguagem de Paulo é figurada, e que não devemos tomá-la como indicação de que ele realmente tivesse sido membro do sinédrio. Na realidade, entretanto, não dispomos de meios que nos capacitem a encontrar solução para esse problema. O que nos parece mais provável, porém, é que se ele realmente tivesse sido um dos juízes do sinédrio sem dúvida teria declarado tal fato mais francamente, nesta ou em qualquer outra ocasião. Assim, pois, a questão de ter ele dado o seu voto, significa tão-somente que ele aprovava as atitudes tomadas pelos judeus incrédulos contra os cristãos. (Ver também Atos 22:20, que declara isso). É possível, todavia, que Paulo tivesse sido membro de algum grupo, cuja autoridade fora delegada pelo sinédrio, o que lhe dava, literalmente, a autorização de dar o seu voto em tais casos. No entanto, não dispomos de informações suficientes para negar ou confirmar essa especulação. «…quando os matavam…» Particularmente, sabemos somente do martírio de Estêvão, mas o trecho de Atos 9:1 fala sobre «ameaças e morte» da parte de Saulo de Tarso, sendo bem possível que um bom número de cristãos tenha sido condenado e morto por ordem do sinédrio e através da atuação de Saulo. As cartas que Saulo de Tarso recebera, da parte do sumo sacerdote (por autoridade do sinédrio), permitiam-lhe entrar nas sinagogas e levar qualquer um que ali professasse fé em Jesus como o Cristo, os quais eram encarcerados. Ora, tais cartas abafavam qualquer tentativa de objeção da parte dos rabinos locais ou de outros oficiais das sinagogas. A autoridade de Saulo sobre as sinagogas, pois, era irresistível. Nenhum crente em Jesus Cristo estava seguro, porque Paulo saía até pelas vilas e aldeias, em áreas distantes de Jerusalém, a caçar suas presas com uma espécie de zelo desvairado. «É vivida a gravura que Paulo aqui pinta com suas palavras, mostrando o êxito que teve em sua caçada humana contra a ‘heresia’, ‘…mesmo por cidades estranhas…’ Sabemos de Damasco, mas é evidente que Paulo planejava visitar outras cidades, fora da Palestina, e assim tê-lo-ia feito, não fora aquela viagem providencial a Damasco». (Robertson, in loc.). *…obrigando-os até a blasfemar…» Em outras palavras, Saulo forçava os crentes a proferirem palavras injuriosas, críticas, insultuosas, profanas e blasfemadoras contra Jesus em particular, mas também contra o seu «Caminho». (Quanto a notas expositivas sobre a blasfêmia, ver Mat. 9:3 e João 10:33). Traduzido literalmente, o original grego deste versículo não indicaria necessariamente que os cristãos aprisionados por Saulo chegaram ao ponto da blasfêmia; contudo, 0 curso geral do contexto indica-nos que Saulo conseguiu, mediante tortura física, fazer com que ao menos um bom número de cristãos blasfemasse do nome de Cristo, pelo menos de lábios, se não mesmo em seus corações. Não se há de duvidar que Saulo sentia um prazer mórbido em tudo isso, o que era apenas uma outra faceta do desvario que se apossara de sua mente. E, no entanto, tudo isso ele praticava em nome de Deus e da religião dos patriarcas. Plínio ajunta aqui a interessante informação que apesar de certos cristãos renegados poderem ser forçados a maledicere Christo (a «amaldiçoarem a Cristo»), outros, porém, por serem verdadeiros, não cediam a qualquer pressão que os tentasse obrigar a isso. (Ver Plínio, Cartas, X.96). «…enfurecido…» «Essas palavras expressam, com extraordinária vivacidade, a análise retrospectiva feita pelo apóstolo Paulo quanto ao seu estado anterior. Não é que ele tão-somente tenha agido por ignorância (ver I Tim. 1:3); também poderia ter-se referido à insanidade temporária do fanatismo». (E.H. Plumptre, in Ipc.). «Somente um louco persegue a outro porque difere dele em suas opiniões religiosas; e o perseguidor mais feroz é justamente aquele que deve ser reputado como 0 louco mais furioso». (Adam Clarke, in loc.). Paulo condena, neste ponto, o zelo fanático que demonstrara anteriormente, zelo esse que fora tão louvado e apoiado por outros. Procurava mostrar, dessa maneira, quão perversas haviam sido as suas ações antigas, e isso, por sua vez, demonstrava a perversidade dos seus atuais perseguidores, que, à semelhança dele no passado, agora estavam destituídos de todo o bom senso. «A ira dele (de Saulo de Tarso) aumentara de tal modo que a própria Jerusalém já era um palco estreito por demais para suas ações. Enfurecia-o por ouvir o quanto os cristãos tinham a dizer em sua própria defesa; ficava enfurecido por ver que se multiplicavam quanto mais eram afligidos; ficava excessivamente enfurecido, por notar que outras pessoas, noutras cidades, não odiavam aos cristãos tanto quanto ele mesmo. Portanto, tornou-se ativo onde não lhe convinha tal coisa, e passou a perseguir aos cristãos até mesmo em cidades estrangeiras. Não existe princípio mais desassossegado do que a malícia, especialmente aquela que finge ser orientada pela consciência». (Matthew Henry, in loc.). (CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 515-516).  

 

Com a autorização dos principais dos sacerdotes, Paulo tinha capturado santos de Jerusalém e os tinha enviado às prisões. Ele chegou até mesmo a dar o seu voto contra os cristãos quando os matavam. Grande parte da obra de Paulo era feita nas sinagogas, onde Paulo encontrava a maioria dos cristãos nos primeiros dias do movimento. Isto lembraria a Agripa de que o movimento cristão tinha raízes judaicas. Paulo castigava os crentes para obrigá-los a blasfemar. Paulo era tão fanático, tão demasiadamente enfurecido com aqueles que conheciam a Cristo, que ele os perseguiu até nas cidades estranhas de terras distantes. Ele levou a sua campanha de terror à estrada, rumo a Damasco. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 741).  

 

Aqui está a confissão sem reservas de Paulo sobre sua vida antiga como perseguidor dos seguidores de Cristo. Depois da morte de Estêvão, Paulo perseguiu os residentes de Jerusalém que criam em Cristo. Ele ia de casa em casa e arrastava homens e mulheres, encerrando-os em cárcere (8.3). Note-se que Paulo identifica essas vítimas com os santos.19 Ao usar esse termo explícito, o antigo perseguidor não apenas admite abertamente que infligia ferimentos em pessoas inocentes, mas atribui a essas pessoas o atributo de santidade. Em resumo, ele as tem alta em consideração. Em outros lugares, Lucas relata que Paulo “arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere” (8.3 e veja 9.2; e o termo prisão provavelmente se refere às cadeias que em certa ocasião alojou os apóstolos [4.3; 5.18]). A obsessão de Paulo o cegara. Ele não respeitava nem homens nem mulheres. Sem fazer distinção, eles os encarcerava a todos. E nos julgamentos dessas pessoas, Paulo se fazia presente. Ele confessa ter votado contra elas quando recebiam pena de morte, embora os judeus não tivessem o direito de administrar punição capital (Jo 18.31). A partir da informação em Atos nós sabemos de apenas uma pessoa que os judeus apedrejaram até a morte, isto é, Estêvão, e talvez Paulo estivesse pensando no primeiro mártir. Mas nos tempos agitados do último ano de Poncio Pilatos no poder, e sua chamada de volta a Roma em 36 d.C., os judeus não apenas continuaram seus ataques aos cristãos como também executaram alguns deles (veja 22.4). Quantos cristãos foram mortos não se sabe. Nós praticamente nada sabemos sobre o processo de indicação dos membros ao Sinédrio, embora Emil Schürer afirme que, “o conhecimento rabínico (funcionava) como o único teste da elegibilidade dos candidatos”.22 Mas a idade também poderia ser um fator, pois Paulo é descrito como um rapaz jovem por ocasião da morte de Estêvão (7.58). Portanto, ele pode ter tido de esperar antes que pudesse fazer parte do escalão do Sinédrio. Exercendo o papel de perseguidor para o Sinédrio, Paulo votava pela execução e prisão dos cristãos. O que Paulo quer deixar claro no seu discurso para o rei Agripa é que ele era o mais zeloso dos judeus que serviam no órgão governamental, o Sinédrio, em Jerusalém. Nessa posição, ele auxiliava as forças que se opunham à expansão do Cristianismo perseguindo aqueles que aderiam a essa fé. Os cristãos faziam parte das sinagogas locais. Assim, era fácil para Paulo prendê-los e levá-los a julgamento e punição nos tribunais dessas sinagogas (comparar com Mt 10.17). Esses pequenos tribunais aplicavam açoites (veja Mt 23.34; 2Co 11.24). Quando os cristãos passaram a se ausentar dos cultos nas sinagogas, Paulo ia às suas casas e os arrastavam para os tribunais. Paulo abertamente confessa que ele tinha tanta raiva dos seguidores de Jesus que até tentava forçá-los a blasfemar. Ele não esclarece o que a palavra blasfêmia implicava, mas o contexto deixa subentendido que era amaldiçoar a pessoa de Jesus, seus ensinamentos e sua obra (1Co 12.3). O ato de aterrorizar as comunidades cristãs em Jerusalém e na Judéia não foi o suficiente para Paulo. Ele procurou obter permissão do sumo sacerdote para perseguir os cristãos nas cidades estrangeiras e levá-los cativos a Jerusalém. Ele sabia que o Sinédrio exercia autoridade sobre as sinagogas fora de Israel, e que com as credenciais certas ele poderia viajar para outras cidades onde numerosos judeus tinham se estabelecido. Damasco era um desses lugares. (Simom J. Kistemaker. Comentário do Novo Testamento Atos dos Apóstolos. Editora Cultura Cristã. pag. 526-527).  

 

Paulo faz breve revisão de sua carreira como perseguidor da Igreja (w. 9-11). Antes da conversão, ele tinha mantido o mesmo ponto de vista sobre Cristo e os cristãos que seus oponentes agora mantêm. A declaração acerca da perseguição dos que confessavam o Cristo ressurreto é descrita em mais detalhes aqui do que nos outros relatos feitos anteriormente em Atos (cf. At 9.1,2; 22.4,5). Quando ele ficou sabendo que os cristãos pregavam que Jesus tinha ressuscitado e é o Senhor e Messias, ele fez todo o possível para detê-los. Conforme declara, sua meta era opor-se “contra o nome de Jesus, o Nazareno”. Ele agiu como seus oponentes estão fazendo agora, procurando condená-lo como criminoso; e da mesma maneira que eles, ele rejeitou o que os cristãos diziam sobre Jesus. Naquela época, Paulo partilhava com eles a cegueira de coração. No zelo de buscar suprimir o movimento cristão em Jerusalém, e com a autoridade dos principais sacerdotes, ele pôs na prisão muitas pessoas do povo cie Deus. Como oponente agressivo do cristianismo, ele não era simplesmente um espectador constante, como na morte de Estêvão (At 8.1; 22.20), mas ele também dava seu voto na morte de muitos cristãos em Jerusalém. Estas palavras sugerem fortemente que Paulo não apenas dava seu voto a favor da morte de cristãos, mas ele também tinha sido membro do Sinédrio em Jerusalém. Esta interpretação suscita um problema. Os judeus normalmente não tinham a autoridade de sentenciar as pessoas à morte 0o 18.31). Uma morte isolada, como no caso de Estêvão, é concebível, mas não sabemos como o Sinédrio poderia executar muitos cristãos sem intervenção das autoridades romanas. Talvez Paulo esteja falando figuradamente e só signifique que ele era favorável à execução deles, como na morte de Estêvão. Contudo, a declaração: “Eu dava o meu voto contra eles”, dá a entender que ele não apenas aprovava, mas votava pela sentença de morte. Em todo caso, está claro que Paulo era inflexível em sua perseguição dos cristãos em Jerusalém. Muitas vezes ele ia a todas as sinagogas de Jerusalém para punir os crentes e forçá-los a “blasfemar”, quer dizer, negar a fé em Jesus Cristo. Quer ele tenha tido sucesso ou não, não sabemos; a única coisa que Paulo diz é que ele os forçava a “blasfemar”. Não há que duvidar que os que ficavam firmes eram sentenciados à morte (v. 10), mas aqueles que blasfemavam tinham a vida poupada. Paulo não limitou seus esforços a Jerusalém. Estando obcecado com o desejo de prejudicar os seguidores de Cristo, ele empreende campanha não só em Damasco, mas também “até nas cidades estranhas”. Sabemos que ele visitou Damasco, mas quais são as outras cidades não sabemos dizer. (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. pag. 782-783).        

 

3. Perseguição aos pentecostais. No início do Movimento Pentecostal no Brasil, nossos pioneiros sofreram toda sorte de perseguição e violência. Muitos deles sofreram agressões físicas e psicologias. Tudo isso porque pregavam uma doutrina que a religião oficial não aceitava. O que dizer de Daniel Berg e Gunnar Vingren, os primeiros pastores dos primórdios das Assembleias de Deus no Brasil? E tantos outros irmãos perseguidos nesses rincões brasileiros? Ao olhar para o passado, devemos enxergar o presente e conscientizar-se de que a obra pentecostal custou alto preço.    

Comentário

  Samuel Nyström também escreveu: Muitos crentes tiveram as suas casas e tudo o que lhes pertencia completamente destruídos em muitos lugares durante o trabalho de evangelização. Alguns foram feridos à faca e machucados com paus e outros instrumentos. Pernas foram quebradas e cabeças esmagadas, e muitos morreram devido à tortura por que passaram, para não falar de coisas piores que muitos irmãos sofreram antes de morrer. (Moraes, Isael Araujo de, Frida Vingren: uma biografia da mulher de Deus, esposa de Gunnar Vingren, pioneiro das Assembleias de Deus no Brasil. Editora CPAD. Ed. 1, 2014).    

 

 

Não faz muito tempo, uma multidão veio atacar a casa onde se faziam os cultos. O dono, nosso irmão, conseguiu no último instante, fugir quase nu para o mato e escapar dos inimigos. Eles destruíram a casa, rasgaram tudo o que encontraram e levaram consigo o que puderam. [Mesmo falando com a polícia os irmãos continuaram sendo ameaçados]. Também em Petrópolis, perto do Rio de Janeiro, existem perseguições. Uma multidão veio e acabou com um culto. Porém Deus guardou o evangelista, de forma que não lhe fizeram nada. Os líderes dessa perseguição foram depois levados para a prisão. (Vingren Ivar,. Diário de Pioneiro Gunnar Vingren. Editora CPAD. Ed. 5, 2000.   Encontre inúmeros exemplos das perseguições enfrentadas pelos pentecostais. Veja Artigos sobre perseguição pela CPADNEWS  )

 

CONCLUSÃO

Se a Igreja fosse uma mera organização humana, já teria acabado. Mas é uma instituição divina, edificada pelo próprio Cristo e, por isso, a Igreja subsiste ao longo dos séculos e continuará a subsistir até a vinda gloriosa de Jesus  

 

PARA REFLETIR

A respeito de “Saulo de Tarso, o Perseguidor”, responda:

 

  • Como Saulo se descreve?

Saulo se descreve como “blasfemo”, “perseguidor” e “opressor”  

  • O que a expressão “respirando ameaças e morte” descreve?

A expressão “respirando ameaças e morte” (At 9.1) descreve, de maneira figurada, Saulo como uma fera selvagem que ameaça sua presa.  

  • Segundo a lição, quem era um homem arguto, defensor do nome de Jesus e cheio do Espírito Santo?

Estevão.  

  • Como se dava a perseguição contra a Igreja?

Paulo prendia os primeiros cristãos, mandava acoitá-los e não havia escrúpulos mesmo com mulheres e crianças.  

  • Você acha que a igreja de hoje passa por algum tipo de perseguição?

Justifique a sua respostas. Resposta livre.

 

 Subsídio elaborado por: Pb Alessandro Silva. Disponível em: https://professordaebd.com.br/2-licao-4-tri-2021-saulo-de-tarso-o-perseguidor/. Acesso em: 03 OUT 21.