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11 de outubro de 2021

LIÇÃO 3: A CONVERSÃO DE SAULO DE TARSO

 

 3 LIÇÃO 4 TRI 2021 A Conversão de Saulo de Tarso

 Por Pb Francisco Barbosa

TEXTO AUREO

“E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?” (At 9.3,4)    

 

VERDADE PRATICA

A verdadeira conversão a Cristo leva em conta o arrependimento, a fé em Jesus e uma completa transformação no pensamento, vontade e ação do homem.

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Atos 9.1-9

 

INTRODUÇÃO

A conversão de Saulo de Tarso, indiscutivelmente, foi um dos mais importantes acontecimentos da história do Cristianismo. Saulo tornou-se um dos mais célebres defensores da doutrina de Cristo. Nesta lição, veremos como ele passou por uma mudança radical na forma de pensar acerca do nosso Senhor. No caminho para Damasco, de um modo poderoso, Jesus chamou à razão e entendimento de Saulo, e este mudou de atitude por meio de uma impactante experiência sobrenatural. Assim, se por um lado Cristo tomou a iniciativa; por outro, Saulo respondeu com arrependimento e fé.    

 

Comentário

O apóstolo Paulo chamava-se originalmente Saulo, em homenagem ao primeiro rei de Israel. Era judeu de nascimento, estudou em Jerusalém sob a tutoria de Gamaliel (At 22.3) e tornou-se fariseu (At 23.6). Também era cidadão romano, direito herdado de seu pai (At 22.28). O capítulo nove de Atos, dos versículos 1 a 19, registram os fatos externos de sua conversão; fato referido também em 22.1-22 e 26.9-20. A passagem de Filipenses 3.1-14 relata a sua conversão espiritual interior.

Damasco era uma antiga cidade, capital da Síria, localizada a cerca de 100 quilômetros do Mediterrâneo e cerca de 250 quilômetros a noroeste de Jerusalém. Aparentemente, ela contava com numerosa população de judeus, inclusive crentes helenistas, que fugiram de Jerusalém para evitar a perseguição imposta pelo próprio Saulo (At 8.2). Estes crentes eram chamados de “seguidores do Caminho”, essa era a descrição do Cristianismo, derivada da descrição que Jesus fazia de si mesmo como nos relata o apóstolo João (Jo 14.6), essa designação aparece várias vezes ern Atos (19.9,23; 22.4; 24.14,22). Trata-se de um título apropriado porque o Cristianismo é o "caminho de Deus" (At 18.26), o caminho que leva para o Santo Lugar (Hb 10.19-20) e o caminho da verdade (Jo 14.6; 2Pe 2.2). É interessante notar que a conversão de Saulo envolve uma primeira das seis visões em Atos que o apóstolo tardio teve do Senhor Jesus: confira At 16.9-10; 18.9-10: 22.17-18; 23.11; 27.23-24). Nesta ocasião, o apóstolo contemplou uma luz do céu, o aparecimento de Jesus Cristo em glória (At 22.6; 26.13), visível somente para ele (At 26.9).

Esse episódio da conversão nos mostra algo incrível e que muitas vezes esquecemos: em 9.4 Jesus pergunta a Saulo: “porque me persegues?” Existe uma união inseparável entro Cristo e os seus seguidores! A perseguição de Saulo representava um ataque direto a Cristo! Uma perseguição ao crente, por menor que ele seja, é uma perseguição direta a Cristo! (Mt 18.5-6).

Charles Ferguson Ball assim descreve esse momento, em “A vida e os Tempos do Apostolo Paulo” (CPAD): “Embora estivesse colecionando lembranças amargas, Saulo decidira continuar a luta. Irritado com a propagação da Igreja, prepara uma expedição a Damasco, onde, segundo ouvira falar, vários nazarenos haviam se refugiado por causa da perseguição desencadeada em Jerusalém. Além disso, pregavam ativamente a Cristo nas várias sinagogas. Saulo achava que poderia abater definitivamente os seguidores de Jesus se os expulsasse dessa fortaleza. Acompanhado por uma tropa de guardas do Templo, saiu de Jerusalém pela Porta de Damasco respirando ameaças e mortes. A distância até Damasco era de aproximadamente 240 quilômetros. Apesar de a estrada ser ladeada por uma das paisagens mais belas do mundo, o propósito de Saulo não era apreciar o cenário; era acabar com a Igreja de Cristo. A região achava-se repleta de lembranças históricas. Dois mil anos antes, Elieser, o damasceno, tornara-se servo de Abraão e viajara por aquela mesma estrada. Naamã passara por aquele caminho quando fora ter com Eliseu. Mas Saulo não queria pensar nessas coisas, pois estava dominado pelo ódio. Planejara caçar os cristãos e levá-los acorrentados a Jerusalém Para que fossem julgados e condenados pelo Sinédrio. Na túnica, trazia uma carta selada do sumo sacerdote aos rabinos de Damasco, ordenando que se lhe desse toda a assistência, pois era o representante legal das autoridades judaicas. O sol ardia quando eles chegaram às proximidades da velha cidade. À sua frente, estendia-se um vale bem irrigado e protegido por densas florestas com árvores de todo tipo. Lá estavam a palmeira com suas delicadas folhas e o álamo. Os vinhedos, nas encostas, eram os mais ricos de toda a Síria. Os viajantes geralmente abrigavam-se sob essas árvores quando o sol se encontrava no auge de sua força. Em sua impaciência, porém, Saulo não quis descansar. Na sinagoga, todos já tinham sido avisados de sua chegada. Quanto aos nazarenos, ainda se lembravam da confusão que ele criara em Jerusalém, por isso tremiam com a ideia de enfrentar novamente a perseguição. Isso significava que famílias seriam separadas e reduzidas à pobreza, ou até mortas. Haviam, porém, decidido manter-se fiéis a Cristo não importando as consequências. O meio-dia encontrou Saulo na periferia da cidade, apressando-se em direção a ela. As estradas estavam desertas àquela hora. Até mesmo o gado havia procurado a sombra dos arvoredos e aí se acomodara até que passasse o calor. Apesar de toda aquela calmaria, Saulo não parará a fim de descansar. Os guardas do Templo que o acompanhavam, embora surpresos, não ousavam fazer-lhe qualquer observação. O pequeno grupo aproximou-se do alto de um monte de onde se podia ver os prédios rebrilhando ao sol. Segundo o poeta, Damasco era “um punhado de pérolas numa taça de esmeralda””. (Ball. Charles Ferguson. A vida e os Tempos do Apostolo Paulo. Editora CPAD. pag. 36).  

 

 

I – A CONVERSÃO DE SAULO: UM ATO DA GRAÇA DE DEUS

1. A conversão de Saulo e sua experiência sobrenatural. Em Atos 9.3, Lucas narra a impactante experiência sobrenatural de Saulo no caminho para Damasco. Surpreendido pelo resplendor do céu, mais forte que a luz do sol do meio-dia, o perseguidor da igreja caiu por terra e ficou cego. Se pelos argumentos racionais Saulo não ouvia sobre Jesus, o Crucificado, “a luz que ofuscou seus olhos” trouxe a voz do próprio Senhor que o confrontou de forma impactante: “Saulo, Saulo, porque me persegues? (At 9.4). Com sua ida a Damasco, o perseguidor tinha a intenção de acabar de vez com os seguidores de Jesus, mas foi surpreendido por uma experiência sobrenatural pela qual nunca havia passado. Segundo seu próprio testemunho, o perseguidor viu literalmente a pessoa de Jesus, o Ressurreto, que o despojou de seu “ego” arrogante. Nessa visão, Saulo pôde compreender quem era Jesus e sua obra redentora no Calvário.  

 

Comentário

Note que, Ananias, um dos líderes da igreja de Damasco, era ele próprio um dos alvos de Saulo lá em Damasco! (At 22.12). No entanto, o próprio Senhor Jesus dá a ordem direta ao cego Saulo para ir até a rua que se chama Direita! Essa rua atravessava Damasco do portão leste para o Oeste, ainda existe e é chamada Darb-el-Mustaqim. Quase no fim de sua viagem de 240 km, ele viu e ouviu o Senhor Jesus ressurreto. Posteriormente, esse fato foi muito importante para conferir autoridade apostólica a Paulo. A pergunta feita ao perseguidor lhe mostrou quanto o Senhor prezava, amava e era unido com a Sua igreja. Ele não perguntou por que Paulo perseguia a igreja, mas sim porque O perseguia. Saulo não sabia quem estava falando com ele. Então, ouviu o Senhor responder: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues” (At 9.5). Após a resposta, o novo convertido foi instruído quanto ao que fazer. Todos à sua volta ouviam a voz, mas não viram ninguém. Além disso, ouviram o som, mas não compreenderam o que a voz havia dito. Levantando-se do chão, Paulo estava cego. Ele deveria seguir viagem, levado por outros para a cidade, onde aguardaria a pessoa que lhe diria o que lhe convinha fazer (At 9.6).

Cito outra vez Charles Ferguson Ball assim descreve esse momento, em “A vida e os Tempos do Apostolo Paulo” (CPAD): “Ao descerem o monte, um raio de luz, mais brilhante que o sol em todo o seu esplendor, veio subitamente sobre o pequeno grupo. Sua radiância era tanta que o sol pareceu enfraquecer. Eles ficaram ofuscados com o brilho e caíram por terra; alguns, de bruços para protegerem-se da luz, e outros com as mãos cobrindo os olhos, temendo aqueles raios. Admirados, entreolharam-se como que pedindo uma explicação do que houvera. Foi então que viram o seu chefe caído por terra, enquanto o animal, em que montara, mantinha-se perto dele amedrontado. Saulo falava com alguém, mas eles não viam o seu interlocutor. Embora parecesse uma voz, não lhe compreendiam as palavras. Agora os lábios de Saulo se moviam; tinha ele as mãos estendidas à sua frente como se estivesse cego. Saulo tremia da cabeça aos pés. Deitado no chão, sem nada ver, Saulo ouviu uma voz que lhe falava: “Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões” (At 26.14). Perturbado com todos os pensamentos que o tinham perseguido desde a morte de Estêvão, temeroso, ousou perguntar: “Quem és tu, Senhor?” (At 26.15). “Eu sou Jesus, a quem tu persegues” (At 26.15). Na linguagem do amor, superior a tudo que já conhecera, ele ouve mui claramente: “Eu sou Jesus”. Seria este o Jesus que morrera? De repente, brota-lhe na alma a terrível compreensão de que estava errado. De fato, toda a sua vida fora um erro. O torvelinho que sentira, as perguntas que iam surgindo, a crescente convicção de que estivera lutando contra Deus – todos esses pensamentos pairavam diante de si com súbita clareza e, de tal forma, que não podia mais suportá-los. Todo o orgulho de sua origem farisaica, toda a dignidade do cargo e toda a arrogância advinda de sua reputação como o principal perseguidor do Cristianismo desmoronaram enquanto se achava ali, indefeso na estrada. Sua visão física lhe fora tirada para que a sua alma pudesse enxergar. Ele estava pensando nas palavras: “Por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrares contra os aguilhões”. Tais palavras eram próprias da vida campestre. Saulo vira muitas vezes o boi escoiceando o aguilhão, oferecendo inútil resistência. Em vez de obedecer a quem o dirigia e submeter-se a ele, o boi teimava e dava patadas nas varas que o dono usava para estimulá-lo. Era uma descrição mui apropriada da vida de Saulo. Ele estivera fazendo isso há meses, e como lhe fora difícil! Saíra para caçar os seguidores de Jesus; mas, em vez disso, descobriu que estava sendo caçado por Jesus, a quem perseguia. Essa foi a grande crise da vida de Saulo. Ele encontrou-se face a face com o Messias, e viu-se forçado a reconhecer que estava errado, e os nazarenos, certos: Jesus era o Cristo. Naquele momento, toda a sua luta cessou. Uma grande revolução, maior do que qualquer outra que já conhecera, teve lugar em seu íntimo. Estava quebrantado e abatido nas mãos daquEle que julgara ser seu inimigo. A rendição foi completa. Sua alma estava finalmente em paz.” (Ball. Charles Ferguson. A vida e os Tempos do Apostolo Paulo. Editora CPAD. pag. 36-37).  

 

2. A iniciativa de Jesus para transformar a mente de Saulo. O impacto da visão resplandecente no caminho para Damasco tomou Saulo de surpresa. Sob o efeito do sucesso em Jerusalém contra os seguidores de Jesus, imbuído de uma coragem irracional, e bem relacionado com a casta sacerdotal, Saulo havia pedido “carta branca” das autoridades religiosas de Jerusalém para perseguir os seguidores de Jesus, com o mesmo rigor, em Damasco. Entretanto, dada a dureza do coração de Saulo, o Senhor tomou a iniciativa de sacudir a sua estrutura física, psicológica e espiritual agindo pessoalmente na sua direção.  

 

Comentário

A graça de Deus é vista não apenas em um lobo tão cruel sendo transformado em ovelha, mas também em ele assumir o caráter de um pastor(John Stott citando Calvino em “A Mensagem de Atos”. Trad. Markus André Hediger Lucy Yamakami. 1ed. São Paulo: ABU Ed., 1994. 464p.; pp. 188-198. Para saber mais: http://www.abub.org.br/editora/livros/bibliafalahoje.htm). O que sobressai na narrativa é a graça soberana de Deus através de Jesus Cristo. O próprio Paulo reconhece isso em seus escritos. Basta observar a linguagem que usa para descrever sua conversão. Em Gálatas 1.15-16, ele diz “aprouve [a Deus] revelar seu Filho a mim”, e em 1Coríntios 15.10 – “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo”. Você poderá encontrar um exemplar de versículo como este em quase todas as cartas de Paulo. Essa consciência impulsionava Paulo sempre na dependência Daquele que o salvara e o chamara ao ministério e que deve nos impulsionar na mesma direção.

O Comentarista da Lição citando RICHARDS, 2007, escreve: “O impacto da visão resplandecente no caminho de Damasco tomou a Saulo de surpresa. Esse impacto da visão gloriosa na sua vida moveu com o emocional de Saulo, e ele pôde crer que o seu perseguido era o Cristo. Ele ainda estava sob o efeito do sucesso que teve em Jerusalém contra os seguidores de Jesus. Imbuído de uma coragem irracional, Saulo de Tarso, bem relacionado com a casta sacerdotal, tinha “carta branca” das autoridades sacerdotais de Jerusalém para proceder com o mesmo rigor em Damasco contra os seguidores de Cristo. Ele estava acompanhado por alguns outros fanáticos judeus e fariseus que pensavam como ele para acabar com o grupo de crentes em Cristo que havia em Damasco e que se reuniam em várias sinagogas na cidade. Dada a dureza de coração de Saulo, o Senhor, que o havia escolhido para ser o apóstolo dos gentios, tomou a iniciativa para sacudir com a estrutura física, mental e espiritual de Saulo, agindo pessoalmente com ele. A experiência da conversão de Paulo é crítica para que compreendamos este homem, cujo comprometimento total com Jesus está refletido não somente no Livro de Atos, mas também em suas 13 cartas encontradas em nosso Novo Testamento. Lucas nos dá nada menos que três versões da história da conversão […], duas das quais representam a história contada por Paulo, primeiramente a uma audiência de judeus e depois a uma de gentios. Está claro que a aparição de Cristo ressuscitado ao apóstolo foi fundamental, não somente para a conversão, mas também para sua consciência de que ele havia sido separado por Deus como uma testemunha e um apóstolo para o mundo(Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021).    

 

3. A graça salvadora se manifestou a Saulo. Na Carta aos Efésios 2.8, ele diz: “Pela graça sois salvos por meio da fé, isto não vem de vós, é dom de Deus”. Na epistola a Tito, diz também: “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2.11). Logo, o ponto de partida da experiência de salvação de todos os homens é a graça de Deus. Essa graça é o favor imerecido de Deus em que sua justiça é satisfeita na morte expiatória de Jesus. Aqui, o mérito todo é de Cristo. Aos Romanos, ele escreve: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, sendo justifica dos gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3.23-24). Ou seja, a graça é favor outorgado por Deus aos pecadores que estão debaixo de sua ira. Evidentemente, a conversão de Saulo foi mais do que um convencimento intelectual sobre Jesus; ela foi fruto da obra regeneradora do Espirito Santo em sua vida, levando-o a confessar que Jesus era o Senhor e Salvador de sua vida.    

Comentário

De perseguidor passou a apóstolo, de odiento à causa de Cristo se tornou um dos mais apaixonados discípulos de Jesus. Somente Saulo entendeu completamente o que estava acontecendo. Ele viu e ouviu o que Jesus lhe pedira e Lhe obedeceu imediatamente, mesmo que ainda não estivesse compreendendo exatamente o que estava acontecendo. Note que a obediência de Saulo foi completa porque, primeiramente, foi sua resposta a alguém que até então ele não cria ser o “Messias”; em segundo lugar, porque aquela ordem mudou o curso de seus planos imediatamente; e em terceiro porque teria de confiar em um desconhecido. Tais atitudes seriam impensadas para um personagem com o currículo de Saulo, mas mostraram sua fé e obediência em ação.

John Stott, em “A Conversão de Paulo”, Comentário sobre Atos 9.1-25, escreve: “Mas, seguindo ele viagem e aproximando-se de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu; e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? Respondeu o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues; mas levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te cumpre fazer. Os homens que viajavam com ele quedaram-se emudecidos, ouvindo, na verdade, a voz, mas não vendo ninguém. Saulo levantou-se da terra e, abrindo os olhos, não via coisa alguma; e, guiando-o pela mão, conduziram-no a Damasco. E esteve três dias sem ver, e não comeu nem bebeu. (Atos 9:3-9)

A segunda evidência de que a conversão se devia apenas a graça de Deus é a narrativa de Lucas sobre o que aconteceu. Vamos coletar dados de todos os três relatos em Atos, num capítulo posterior vamos compará-los e contrastá-los. Saulo e sua escolta (não sabemos quem eram) tinham quase completado sua viagem de cerca de 240 quilômetros, que deve ter levado por volta de uma semana. Quando se aproximaram de Damasco, um lindo oásis cercado pelo deserto, perto do meio-dia, de repente, uma luz do céu brilhou ao seu redor (v. 3), mais clara do que o sol (26:13). Foi uma experiência tão gloriosa que ele ficou cegado (v. 8,9) e caiu por terra (v. 4), “prostrado aos pés de seu conquistador”. Então uma voz dirigiu-se a ele (em aramaico, 26:14), de forma pessoal e direta: Saulo, Saulo [Lucas mantêm o original aramaico, Saoul ], porque me persegues? E, respondendo a pergunta de Saulo sobre a identidade daquele que falava, a voz continuou: Eu sou Jesus, a quem tu persegues (v. 5). Imediatamente, Saulo deve ter entendido, pela forma extraordinário como Jesus se identificou com os seus seguidores, que persegui-los era perseguir a Ele, que Jesus estava vivo e que suas afirmações eram verdadeiras. Assim obedeceu prontamente a ordem de levantar-se e entrar na cidade (v. 6), onde lhe seriam dadas outras instruções. Enquanto isso, os seus companheiros de viagem, pararam emudecidos, ouvindo a voz, não vendo, contudo, ninguém (v. 7). Eles também não entenderam as palavras do orador invisível (22:9). Mesmo assim, guiando-o pela mão, levaram-no para Damasco (v. 8). Ele, que esperava entrar em Damasco na plenitude do seu orgulho e bravura, como um auto-confiante adversário de Cristo, estava sendo guiado por outros, humilhado e cego, capturado pelo Cristo a quem se opunha. Não podia haver dúvidas sobre o que acontecera. O Senhor ressurreto aparecera a Saulo. Não era um sonho ou uma visão subjetiva; era uma aparição objetiva de Jesus Cristo ressurreto exaltado. A luz que viu era a glória de Cristo, e a voz que ouviu era a voz de Cristo. Cristo interrompeu a sua impetuosa carreira de perseguidor e fez com que se voltasse em direção contrária.

A terceira evidência que atribui a conversão à graça de Deus são as próprias referências de Paulo. Ele nunca mencionou sua conversão sem deixar isso bem claro. “Aprouve” a Deus, escreveu, “revelar Seu Filho a mim”. Deus tomou a iniciativa de acordo com a Sua própria vontade. E Paulo ilustrou essa verdade com pelo menos três imagens dramáticas. Em primeiro lugar, Cristo o conquistou, o verbo katalambano talvez até seja uma sugestão de que Cristo o “capturou” antes que tivesse a oportunidade de capturar algum cristão em Damasco. Em segundo lugar, ele comparou sua iluminação interior com a ordem criadora “Haja luz” ou “De trevas resplandecerá a luz”. E em terceiro lugar, ele escreveu que a misericórdia de Deus “transbordou” sobre ele, como um rio em época de cheia, inundando seu coração com fé e amor. Assim, a graça de Deus o capturou, iluminou seu coração e o inundou como uma enchente. Essa variedade de imagens lembra-se outra série de metáforas usada por C.S. Lewis nos últimos capítulos de sua autobiografia. Sentindo que Deus o buscava implacavelmente, ele O compara com o “grande Pescador” fisgando seu peixe, a um gato caçando um rato, a um bando de cães de caça encurralando uma raposa e, finalmente, a um enxadrista divino colocando-o na posição mais desvantajosa até que, enfim, reconhece o “xeque-mate”.

Entretanto, creditar a conversão de Saulo a iniciativa de Deus pode, facilmente, causar mal entendidos, e precisa receber dois esclarecimentos: a graça soberana que conquistou Saulo não foi repentina (no sentido de que não teria havido preparação anterior) nem compulsiva (no sentido de que ele não tinha opção).

Em primeiro lugar, a conversão de Saulo não foi, de maneira alguma, uma “conversão repentina”, como se diz muitas vezes. É certo que a intervenção final de Deus foi repentina: “Subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor “ (v. 3), e uma voz se dirigiu a ele. Mas essa não foi a primeira vez que Jesus Cristo falou com ele. De acordo com a própria narrativa de Paulo, Jesus lhe disse: “Dura coisa é recalcitrares contra os aguilhões” (26:14). Com esse provérbio (que parece ter sido bastante popular na literatura grega e latina) Jesus comparou Saulo a um touro jovem, forte e obstinado, e ele mesmo a um fazendeiro que usa aguilhões para domá-lo. A implicação disso é que Jesus estava perseguindo Saulo, usando esporas e chicotes, e era “duro” (doloroso, até mesmo fútil) resistir. Quais eram esses aguilhões, contra os quais Saulo estava lutando? Não sabemos exatamente, mas o Novo Testamento dá uma série de indicações.

Com certeza, um aguilhão eram as suas dúvidas. Seu consciente rejeitou Jesus como impostor, aquele que fora rejeitado por seu próprio povo e que tinha morrido sob a maldição de Deus. Mas, no inconsciente, ele não conseguia deixar de pensar em Jesus. Será que já o tinha visto ou se havia encontrado com ele? “Existem aqueles que categoricamente....negam essa possibilidade”, escreve Donald Coggan, “mas eu não posso pertencer a este grupo”. Por que não? Porque é “mais provável que eles fossem contemporâneos, com idades muitos próximas um do outro”. Portanto, é provável que ambos tenham visitado Jerusalém e o templo ao mesmo tempo, nesse caso sendo “não só possível, como bem provável, que o jovem professor da Galiléia e o jovem fariseu de Tarso tenham olhado nos olhos um do outro, e que Saulo tenha ouvido os ensinos de Jesus.

Outro aguilhão deve ter sido Estevão. Não era de ouvir falar, pois Saulo estava presente no seu julgamento e execução. Ele havia visto com os seus próprios olhos o rosto resplandecente de Estevão, como o de um anjo (6:15), e sua corajosa não-resistência enquanto era apedrejado até a morte (7:58-60). Ele havia ouvido, com seus próprios ouvidos, a defesa eloqüente de Estevão diante do Sinédrio, talvez a sua sabedoria na sinagoga (6:9-10), sua oração pedindo o perdão para os seus executores, e sua afirmação extraordinária de Jesus como Filho do Homem, em pé a destra de Deus (7:56). É desse modo “Estrevão e não Gamaliel foi o verdadeiro mestre de S. Paulo”. Pois Saulo não podia esquecer o testemunho de Estevão. Havia algo inexplicável naqueles cristãos – algo sobrenatural, algo que falava do poder divino de Jesus. O próprio fanatismo da perseguição de Saulo traía a sua crescente perturbação interior, “pois o fanatismo só é encontrado”, escreve Jung, “em indivíduos que estão compensando dúvidas secretas”.

Mas os aguilhões de Jesus eram morais e intelectuais. A má consciência de Saulo provavelmente lhe causou mais confusão interna do que as suas dúvidas, pois apesar de poder afirmar ter sido “impecável” em retidão interior, ele sabia que seus pensamentos, suas motivações e seus desejos não eram puros aos olhos de Deus. O décimo mandamento, contra a cobiça, condenava-o especialmente. Aos outros mandamentos, ele podia obedecer em palavra ou ação, mas a cobiça não era não era palavra nem ação, mas uma atitude de coração que não podia controlar. Assim, ele não tinha poder nem paz. Mas ele não admitiria isso. Ele estava brigando violentamente contra os aguilhões de Jesus e isso o machucava. Sua conversão na estrada de Damasco era, portanto, o clímax repentino de um longo processo em que o “Caçador dos céus” tinha estado em seu encalço. Curvou-se a dura cerviz auto-suficiente. O touro estava domado.

Se a graça de Deus não era repentina, ela também não era compulsiva. Ou seja, o Cristo que lhe apareceu e falou com ele não o esmagou. Ele o humilhou, fazendo-o cair ao chão, mas Ele não violentou sua personalidade. Ele não o reduziu a um robô nem o forçou a realizar algumas coisas por meio de um tipo de transe hipnótico. Pelo contrário, Jesus lhe fez uma pergunta penetrante: “Por que me persegues?”, apelando, assim, à sua razão e consciência, a fim de conscientizá-lo da tolice do mal que estava fazendo. Jesus então lhe ordenou que levantasse e que fosse à cidade, onde receberia instruções. E Saulo não estava dominado pela visão e pela voz a ponto de perder a fala, ficando incapaz de responder. Não, ele respondeu a pergunta de Cristo com duas perguntas: primeira, “Quem és tu, Senhor?” (v. 5) e segunda, “Que devo fazer, Senhor?” (22:10). Sua resposta foi racional, consciente e livre. A palavra Kyrios (“Senhor”) pode ter significado não mais do que “senhor”. Mas, uma vez que estava consciente de que estava falando com Jesus, e que Ele tinha ressurgido dentre os mortos, a palavra já deveria ter começado a adquirir o sentido teológico que teria mais tarde nas cartas de Paulo.

Resumindo, a causa da conversão de Saulo foi graça, a graça soberana de Deus. Mas a graça soberana é uma graça gradual e suave. Gradualmente, e sem violência. Jesus picou a mente e a consciência de Saulo com os Seus aguilhões. Então Ele se revelou através da luz e da voz, não para esmagá-lo, mas de um modo que Saulo pudesse responder livremente. A graça divina não atropela a personalidade humana. Pelo contrário, faz com que os seres humanos sejam verdadeiramente humanos. É o pecado que encarcera; a graça liberta. Portanto, a graça de Deus nos liberta da escravidão do nosso orgulho, preconceito e egocentrismo, fazendo-nos capaz de nos arrepender e crer. Não podemos fazer outra coisa, senão engrandecer a graça de Deus que teve misericórdia de um fanático enfurecido como Saulo de Tarso, e de criaturas tão orgulhosas, rebeldes e obstinadas como nós.

C.S. Lewis, cuja consciência de ser perseguidor por Deus já foi mencionada, também expressou seu sentimento de liberdade em sua resposta a Deus. Conscientizei-me de que estava em apuros, segurando ou barrando alguma coisa. Ou, se você quiser, que eu estava vestindo alguma roupa rígida, como um espartilho, ou talvez uma armadura, como se fosse uma lagosta. Eu senti, naquele exato momento, que eu tinha ganhado uma liberdade de escolha. Eu poderia abrir a porta ou mantê-la fechada; poderia tirar aquela armadura ou permanecer com ela. Nenhuma escolha era obrigatória; nenhuma ameaça ou promessa estava ligada a ela; apesar disso, sabia que abrir a porta ou sair da armadura significaria o incalculável. A escolha parecia solene mas ela também parecia estranhamente não-emocional. Eu não era movido por desejos nem medos. Em certo sentido, não era movido por coisa alguma. Decidi abrir, tirar, soltar as rédeas. Disse “eu escolho”, mas ao mesmo tempo que não parecia ser, mesmo, possível fazer o contrário. Por outro lado, eu não via nenhum estímulo. Você poderia argumentar que não era um agente livre, mas estou mais inclinado a pensar que foi um dos atos mais livres que realizei. Necessidade não precisa ser o contrário de liberdade, e talvez o homem seja mais livre quando, em vez de procurar motivos, ele pode dizer, “eu sou o que faço” (Disponível em: http://www.monergismo.com/textos/comentarios/stott_paulo.htm.)

 

 

II – SAULO E A DOUTRINA BÍBLICA DA CONVERSÃO

1. A conversão começa no arrependimento. A palavra “arrepender-se” no grego bíblico é “metanoeo”, que significa “pensar de maneira diferente; sentir remorso”, uma disposição interior para mudar. No Novo Testamento, arrepender-se” traz a ideia de tristeza pelos próprios pecados, acompanhada de um desejo de corrigir o rumo. É a mudança na mente que induz à correção de caráter e de conduta moral (At 3.19); é a contrição do coração, o desejo de mudar de atitude quanto ao comportamento na vida cotidiana (Lc 15.10). Isso é obra do Espírito Santo (Jo 16.7,8). Portanto, a conversão é uma parte do processo de salvação do pecador. Ela assinala o início do despojamento do “velho homem” (Ef 4.22) e aponta para o revestimento do novo homem (Ef 4.24).      

 

Comentário

É maravilho ver a transformação que começou a aparecer imediatamente em suas atitudes, em seu caráter e, de modo especial, em seu relacionamento com Deus, com a igreja cristã e com o mundo incrédulo. Como escreve o Pastor Presbireriano Hernandes Dias Lopes: “Três coisas devem ser destacadas: Paulo reconhece que Jesus é o Senhor (At 22.8). Aquele a quem ele resistira e perseguira é de fato o Senhor. Verdadeiramente, ele ressuscitou dentre os mortos. Verdadeiramente, ele é o Messias, o Filho de Deus. Aquela luz brilhou na sua alma, iluminou seu coração, tirou as escamas dos seus olhos espirituais (2Co 3.16). Paulo reconhece que é pecador (At 22.8). Paulo toma conhecimento de que seu zelo religioso não agradava a Deus. Na verdade, estava perseguindo o próprio Filho de Deus. Ele reconhece que é o maior de todos os pecadores. Reconhece que está perdido e precisa da salvação. Paulo reconhece que precisa ser guiado pelo Senhor (At 22.10). A autossuficiência de Paulo acaba no caminho de Damasco. Ele agora pergunta: “… que farei, Senhor?…” (At 22.10). Agora quer ser guiado! Está pronto a obedecer. Ele que esperava entrar em Damasco na plenitude de seu orgulho e bravura, como um autoconfiante adversário de Cristo, estava sendo guiado por outros, humilhado e cego, capturado pelo Cristo a quem se opunha. O Senhor ressurreto aparecera a ele. A luz que viu era a glória de Cristo, e a voz que ouviu era a voz de Cristo. Cristo o capturou antes que ele pudesse capturar qualquer crente em Damasco”. (Lopes, Hernandes Dias. Paulo, o Maior Líder do Cristianismo. Editora Hagnos. 1 Ed. 2009).

É importante que se diga, não existe conversão genuína em que não haja mudanças de comportamento e de relacionamento para com Deus, com a igreja e com o mundo. Ensinemos essa verdade tão importante e tão ausente nas pregações evangélicas de hoje!

Simom J. Kistemaker escreve em: “Comentário do Novo Testamento Atos dos Apóstolos” (Cultura Cristã): “Arrependam-se, pois, e convertam-se a Deus.” Aqui está a resposta à pergunta: “O que faremos acerca do nosso pecado?” Com base em evidência escriturística de que Deus cumpriu as profecias messiânicas, Pedro ordena que seus ouvintes se arrependam (comparar com 2.38). Eles precisam renunciar à sua vida pregressa e dar uma meia volta no seu modo de pensar, a fim de que não mais sigam seus caminhos de outrora, mas ouçam obedientemente a Palavra de Deus cumprida em Jesus Cristo. O arrependimento afeta a existência humana em sua totalidade; atinge o âmago do ser e afeta todo o relacionamento externo com Deus e com o próximo. Arrepender-se é dar as costas ao pecado; fé é voltar-se para Deus.23 Pedro diz ao povo para voltar-se para Deus, que em linguagem simples quer dizer: arrepender-se e crer. Para que os seus pecados sejam apagados.” Pedro apresenta um quadro dos pecados do homem gravados numa lousa que pode ser apagada. Embora ele não diga quem limpa a lousa, nós sabemos que somente Deus perdoa pecados por meio de Jesus Cristo. Talvez essa seja uma indicação do jeito típico do hebreu expressar um pensamento sem usar o nome de Deus. A palavras de Pedro constituem uma alusão ao batismo, que é o símbolo da lavagem dos pecados do homem. Note-se que Pedro emprega a palavra pecados no plural a fim de englobar a totalidade dos pecados do crente. Quando Deus perdoa os pecados do homem, o relacionamento entre este e Deus é restaurado. Isso significa que o homem entra num novo período de sua vida. Pedro expressa esse pensamento em termos característicos(Simom J. Kistemaker. Comentário do Novo Testamento Atos dos Apóstolos. Editora Cultura Cristã. pag. 184-185).    

 

2. A conversão de Saulo promoveu uma transformação pessoal. Foi o que aconteceu com Saulo, pois a luz do resplendor do céu cegou-lhe os olhos carnais e o fez ver o Cristo ressuscitado. abrindo-lhe os olhos espirituais para conhecê-lo como Senhor e Salvador (9.3). Essa experiência sobrenatural e impactante o fez indagar ao Cristo ressuscitado sobre o que deveria fazer. De uma vontade egoísta e individualista, Saulo demonstra agora completa resignação à vontade soberana de Cristo (9.6).    

 

Comentário

Quando lemos o relato da viagem de Saulo de Tarso para Damasco, nós aprendemos sobre o momento em que a vida daquele homem começou a ser transformada – o momento de sua conversão. Note o que está envolvido no chamado de Cristo (ou do evangelho):

At 9.3-9 | CONTATO 3 Quando se aproximava de Damasco, de repente uma luz do céu brilhou ao seu redor. CONFRONTAÇÃO 4 Ele caiu no chão e ouviu uma voz lhe dizer: “Saulo, Saulo, por que você me persegue?”. CONVERSÃO 5 “Quem és tu, Senhor?”, perguntou Saulo. E a voz respondeu: “Sou Jesus, a quem você persegue! 6 Agora levante-se e entre na cidade, onde lhe dirão o que fazer”. 7 Os homens que estavam com Saulo ficaram calados de espanto, pois ouviam uma voz, mas não viam ninguém. 8 Saulo levantou-se do chão, mas, ao abrir os olhos, estava cego. Então o conduziram pela mão até Damasco. CONSAGRAÇÃO 9 Lá ele permaneceu, cego, por três dias, e não comeu nem bebeu coisa alguma.

A vida transformada é a que respondeu ao chamado de Cristo; isto é, ao se ter contato com o evangelho, recebe-se o confronto, arrepende-se do pecado e deposita-se fé em Jesus.

Como escreve o comentarista da lição, “Encontramos dois sentidos que se traduzem por “arrependimento” no Novo Testamento. O primeiro sentido de arrependimento é “tristeza”, e o outro sentido é a “contrição e o desejo de mudar de atitude”. Aos coríntios, Paulo definiu o arrependimento assim: “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte” (2 Co 7.10). A tristeza segundo Deus lembra ao pecador seus próprios pecados, e, consequentemente, essa lembrança produz tristeza pelos pecados cometidos. Arrepender-se implica no desejo de correção. Significa mudança de mente que induz à correção de caráter e de conduta moral. É obra do Espírito Santo. Outro sentido para entender a palavra “arrependimento” refere-se à “contrição e o desejo de mudar de atitude”, de comportamento na vida cotidiana. A luz do resplendor que cegou os olhos de Saulo fizeram-no ver o Cristo Ressuscitado e abriu-lhe os olhos do seu interior para conhecer, de fato, a Jesus e torná-lo seu senhor e Salvador. Essa visão fez com que ele indagasse o Cristo glorificado sobre o que deveria fazer a partir de então. Sua vontade, antes egoísta e individualista, é agora demonstrada por Saulo numa total resignação à vontade soberana de Cristo. O arrependimento e a fé são os dois elementos essenciais da conversão. Significa “dar meia volta” ou “virar-se para trás” (At 15.19; 2 Co 3.16). Na língua grega do Novo Testamento, o termo grego metanoia expressa a ideia de “arrependimento”. Por exemplo, em Atos 2.38, Pedro disse à multidão depois do Pentecostes: “[…] arrependei-vos (“deem meia volta”), e cada um de vós seja batizado em nome do Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo”(Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021).  

A conversão genuína de Paulo é atestada pela vida de oração (At 9.10,11), essa foi a prova que Deus deu a Ananias de que Paulo agora era um irmão, e não um perseguidor, é que ele estava orando. Paulo evidencia sua conversão pelo recebimento do Espírito Santo (At 9.17) ao receber a imposição de mãos de Ananias; Paulo evidencia sua conversão pelo recebimento do batismo (At 9.18).

 

 

3. A conversão faz parte da doutrina bíblica da Salvação. O choque da experiência sobrenatural do “resplendor de luz” sobre os seus olhos, transformou a mente de Saulo, levando-o a reconhecer o Cristo que, outrora tanto rejeitava, agora o fazia apóstolo (1 Co 15.8-10). Como vimos, a verdadeira conversão é a que nasce da tristeza para com o pecado e o reconhecimento de que o homem precisa “dar meia volta” para Deus. É uma mudança que tem raízes na obra regeneradora do Espirito Santo efetuada na vida do pecador. Como obra de Deus, a conversão é uma manifestação externa da regeneração operada pelo Espirito no interior do homem, que implica mudança de pensamento, vontade e ação; uma mudança que altera todo o curso da vida do pecador (Ef 4.25-30). É o ato divino pelo qual Deus faz com que o pecador volte para Ele em arrependimento e fé. Portanto, uma verdadeira conversão revela uma poderosa transformação na vida do convertido.      

 

Comentário

Para os cristãos, conversão significa a mudança de um tipo de vida que não leva Deus em consideração para uma na qual a pessoa se submete a Cristo. A conversão é resultado do arrependimento. No Antigo Testamento, conversão é basicamente deixar o curso de vida anterior ou retornar dele na direção do Senhor, o Deus de Israel. Israel frequentemente teve de retornar para o seu Deus (Dt 4.30) – seus indivíduos (SI 51) ou como nação (Jr 4.1); nações estrangeiras precisavam voltar-se para Deus pela primeira vez (SI 22.27). A característica típica é alguém voltar-se da iniquidade (Jr 26.3; 36.3; Ez 18.21,27; 33.9,11), de uma vida de deslealdade a Deus para uma vida de obediência a ele (Is 10.20,21; 14.2; Jr 34.15; Os 14.4).

A conversão significa uma mudança interior de orientação que se expressa em um modo transformado de viver. No Novo Testamento, João Batista começa o chamamento à conversão (Mt 3.2; Mc 1.4; Lc 3.3), fazendo um chamado profético para que as pessoas mudem a mente (que é o significado da raiz do termo grego) à luz da proximidade do Reino de Deus. Essa mudança de vida deve incluir uma mudança nas ações que comprove sua realidade (Mt 3.8; Lc 3.8). Jesus pregou a mesma mensagem (Mt 4.17; Mc 1.15), acrescentando que, uma vez que o reino chegara em sua pessoa, a obediência a ele era parte das boas-novas da conversão. No entanto, ela poderia também implicar más notícias, pois alguém seria amaldiçoado se não conseguisse fazer essa mudança radical (Mt 11.20; Lc 13.3-5). A conversão é radical, mas também simples, pois requer a simplicidade de uma criança que se entrega por inteiro, e não a autodefesa calculada do adulto (Mt 18.3).

Antes da conversão, Paulo – o Saulo de Tarso – era como um bicho, um animal selvagem que se alimentava de ira e de ódio, devorando a igreja. Aliás, era assim que os crentes o definiam. Tanto é que, um pouco mais tarde, os cristãos de Damasco disseram assim:

At 9.21 | Todos que o ouviam ficavam admirados. “Não é esse o homem que causou tanta destruição [grego: espancamento] entre os que invocavam o nome de Jesus em Jerusalém?”, perguntavam. “E não veio aqui para levá-los como prisioneiros aos principais sacerdotes?”

Falando dessa imagem de Paulo antes da conversão, John Stott cita um autor que sugere que a menção – “Saulo, motivado pela ânsia de matar os discípulos do Senhor” ou “respirando ameaças e morte” – em Atos 9.1 era uma alusão “ao arfar e ao bufar dos animais selvagens”.

Paulo tinha consciência dessa vida selvagem que ele levava antes de Cristo o salvá-lo no caminho para Damasco. Testemunhando a Agripa, ele disse assim:

At 26.11 | Muitas vezes providenciei que fossem castigados nas sinagogas, a fim de obrigá-los a blasfemar. Eu me opunha a eles com tanta violência que os perseguia até em cidades estrangeiras.

Mas, esse que falava ao rei não era mais a mesma pessoa. Ele tinha rompido com o “eu” do passado. Falando sobre essa transformação e rompimento com o passado por parte de Paulo, João Calvino escreveu algo que chega a ser poético:

    [Em Paulo, a graça de Deus é vista] não apenas em um lobo tão cruel sendo transformado numa ovelha, mas também em ele assumir o caráter de um pastor.

A vida transformada é a que rompeu com o “eu” do passado, tornando-se motivo de alegria e sendo fonte de bênção para outras pessoas. Escrevendo aos Gálatas, Paulo testemunha desse rompimento com o “eu” do passado:

Gl 1.13 e 22-24 | 13 Vocês sabem como eu era quando seguia a religião judaica, como perseguia com violência a igreja de Deus. Não media esforços para destruí-la. […] 22 As igrejas em Cristo que estão na Judeia ainda não me conheciam pessoalmente. 23 Sabiam apenas o que as pessoas diziam: “Aquele que nos perseguia agora anuncia a mesma fé que antes tentava destruir”. 24 E louvavam a Deus por minha causa.” A vida transformada é a que rompeu com o “eu” do passado.

 

 

III – AS TRÊS FACULDADES INTERIORES TRANSFORMADAS NA CONVERSÃO

1. Faculdade intelectual. Nesse campo da alma, o homem muda o seu modo de pensar e reconhece sua condição de pecador. A Bíblia chama isso de “conhecimento do pecado”, conforme Romanos 3.20: “Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele [de Deus] pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado”.

 

Comentário

O Pastor Elienai Cabral nos escreve: “Naturalmente, o processo da conversão de um pecador inicia-se no campo da mente. Uma das obras do Espírito Santo é o convencimento do pecado na mente do pecador. Jesus declarou que o Espírito Santo seria enviado para convencer o mundo, como está escrito: “E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo; do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado” (Jo 16,8-11). Portanto, o ato de convencer, nesse caso, pertence ao Espírito Santo. É o Espírito Santo que opera a mudança de conceito e de opinião. A Bíblia chama isso de “conhecimento do pecado”. O texto diz literalmente: “Por isso, nenhuma carne será justificada diante dele [de Deus] pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm 3.20). Por isso, a importância da pregação do evangelho”. (Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021).  

CHAMPLIN nos assegura: “Esse papel, uma vez cumprido (quando o indivíduo já implorou a misericórdia divina, mediante 0 arrependimento e a fé no sangue de Cristo), põe fim à finalidade da lei: «Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê» (Rom. 10:4). «…conhecimento do pecado…» não se refere à mera «percepção» da existência e da natureza do pecado, e, sim, como diz, Vincent (in loc.): «…uma familiaridade com o pecado que leva o indivíduo ao arrependimento, à fé e ao caráter santo». E assim esse autor expressa o pensamento que Paulo apontava para algo que não se reduz ao mero entendimento sobre a natureza do pecado, pois, paralelamente a tal reconhecimento, vem o impulso de procurar a cura para tal pecado. De fato, no original grego, é usada a forma nominal intensiva para a palavra aqui traduzida por «conhecimento», isto é, «epignosis», o que lhe dá o sentido de «conhecimento claro e exato». (Quanto a uma lista de versículos que ensinam a verdade da justificação à parte das obras, ver os seguintes trechos: Rom. 3:20,28: 4:5,13,14; 5:19,20; 6:14; 7:4,6; 10:4; II Cor. 3:14; Gál. 2:16; 5:18; I Tim. 1:9; Efé. 2:8,9 e Heb. 7:18,19). «…ninguém…» é palavra que se fosse literalmente traduzida diria «nenhuma carne», ou seja, nenhum ser humano. Fica, pois, salientada a fragilidade da natureza humana, resultante do pecado. Estão em foco todos os «mortais» vivos, que são aqueles que necessitam ainda da redenção, porque jamais se arrependeram e nem exerceram fé em Cristo. Não há força «carnal» capaz de alcançar a justificação. Para tanto, é mister a força «espiritual», que reside no Espírito de Deus, e não no homem”. (CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 618).    

 

2. Faculdade das emoções. Nesse campo da alma, o pecador experimenta uma mudança de sentimentos na vida interior, onde se manifesta a tristeza pelo pecado contra um Deus santo e justo. Em 2 Coríntios 7.10 está escrito: “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependi mento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte”. No Antigo Testamento, o salmista Davi demonstra tristeza pelo seu pecado e roga por misericórdia: “Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias” (Sl 51.1).    

 

Comentário

O Pastor Presbiteriano Hernandes Dias Lopes, já citado, comentando 2ֻº Coríntios - O triunfo de um homem de Deus diante das dificuldade (Hagnos), nos escreve: “A tristeza piedosa produz vida (7.9,10a). A tristeza segundo Deus é a ferida que cura, é a assepsia da alma, é a faxina da mente. E a tristeza que leva o homem a fugir do pecado para Deus, e não de Deus para o pecado. E a tristeza que leva o homem a abominar o pecado, e não apenas as consequências dele. A tristeza pelo pecado produz arrependimento verdadeiro, e o arrependimento atinge três áreas vitais da vida: razão, emoção e vontade. Arrependimento é em primeiro lugar mudança de mente. E transformação intelectual. E abandonar conceitos e valores errados e adotar os princípios e valores de Deus. Arrependimento é também mudança de emoções. E sentir tristeza pelo erro, e não apenas pelas consequências dele. E sentir nojo do pecado. Mas, finalmente, arrependimento implica em uma mudança da vontade. E dar meia-volta e seguir um novo caminho. Judas Iscariotes passou pelas duas primeiras fases do arrependimento: intelectual e emocional. Ele reconheceu seu erro, confessou-o, sentiu tristeza por ele, mas não se voltou para Deus. Essa é a diferença entre remorso e arrependimento. A tristeza piedosa não para no primeiro ou segundo estágio, mas avança para o terceiro, que é uma volta para Deus! Foi assim com Pedro. Ele não apenas reconheceu seu erro e chorou por ele, mas voltou-se para Cristo. Foi assim com o filho pródigo. Não apenas caiu em si, mas voltou para a casa do Pai, arrependido. A tristeza mundana produz morte (7.10b). A tristeza do mundo produz morte. Essa é a tristeza daqueles que se enroscam no cipoal da culpa e caem no atoleiro da autoflagelação. E a tristeza daqueles que açoitam a si mesmos não porque estão quebrantados, mas porque foram apanhados em seu pecado. É o sentimento daquela pessoa que está triste não porque roubou, mas porque foi flagrada e apanhada no ato do roubo. Essa tristeza produz morte, pois não vem acompanhada de arrependimento verdadeiro. Essa é a tristeza do remorso”. (LOPES, Hernandes Dias. II Coríntios O triunfo de um homem de Deus diante das dificuldade. Editora Hagnos. pag. 180-181).  

 

3. Faculdade da vontade. Se o homem está convencido em seu intelecto e sentimento a respeito do seu pecado, resta-lhe agora exercer a sua vontade. O pecador agora pode pensar, desejar e fazer o que deve ser feito para a glória de Deus (Fp 4.8,9). Como imagem de Deus, o homem foi dotado com a faculdade de escolher livremente. Entretanto, e infelizmente, o pecado fez a separação entre a vontade do homem e a de Deus. Por isso, o Espírito Santo atua para convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8) para, então, tornar unir sua vontade com a de Deus. Há uma teoria que afirma que o homem perdeu completamente o livre-arbítrio por ocasião do pecado. Refutamos essa ideia. Com o auxílio da graça divina, e ajudado pelo Espírito Santo, o homem pode escolher, decidir e mudar de vida.      

 

Comentário

Paulo escreve aos Filipenses (4.8,9): Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento. O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco. Tudo o que é verdadeiro se encontra em Deus (2Tm 2.25), em Cristo (Ef 20.21), no Espírito Santo (Jo 16.13) e na Palavra de Deus (Jo 17.17). O termo grego empregado para respeitável significa "digno de respeito". Os cristãos devem meditar em tudo aquilo que é digno de respeito e adoração, ou seja, o sagrado em oposição ao profano. Justo diz respeito ao que é certo. O cristão tem de pensar em harmonia com o padrão divino de Deus de santidade. Puro é aquilo que é moralmente limpo e imaculado. Amável vem de um  termo grego quer dizer "agradável" ou "afável". Por inferência, os cristãos devem concentrar-se no que é bom e agradável. Boa fama é o que é altamente respeitado ou de boa intenção. Refere-se ao que é, em geral, bem conceituado no mundo, como a bondade, a cortesia e ao respeito pelos outros.

Paulo precisava repensar todo o seu conteúdo do Antigo Testamento à luz de Jesus de Nazaré, o Messias de Deus. Assim é que, por dura providência divina, ele se retira para pensar tudo à luz da Palavra e sob a direção do Espírito; e “depois de certo tempo” (At 9.23) procura os apóstolos em Jerusalém para mais aprendizado e crescimento.

A seguir, observe a sequência dos fatos na vida de Paulo (não necessariamente em ordem cronológica), enquanto ele buscava reconfigurar a mente pela Palavra.

Enviado para o anonimato

At 9.22-25 |  22 A pregação de Saulo tornou-se cada vez mais poderosa, pois ele deixava os judeus de Damasco perplexos, provando que Jesus é o Cristo. 23 Depois de certo tempo, alguns judeus conspiraram para matá-lo. 24 Dia e noite, vigiavam a porta da cidade com a intenção de assassiná-lo, mas ele foi informado desse plano. 25 Então, durante a noite, alguns de seus discípulos o baixaram pela muralha da cidade num grande cesto.

As aulas do deserto

Gl 1.15-17 | 15 Contudo, ainda antes de eu nascer, Deus me escolheu e me chamou por sua graça. Foi do agrado dele 16 revelar seu Filho a mim, para que eu o anunciasse aos gentios. Quando isso aconteceu, não consultei ser humano algum. 17 Tampouco subi a Jerusalém para pedir o conselho daqueles que eram apóstolos antes de mim. Em vez disso, fui à Arábia e depois voltei à cidade de Damasco.

Aos pés dos apóstolos

Gl 1.18-20 | 18 Então, passados três anos, fui a Jerusalém para conhecer Pedro, com quem permaneci quinze dias. 19 O único outro apóstolo que vi naquela ocasião foi Tiago, irmão do Senhor. 20 Afirmo diante de Deus que o que lhes escrevo não é mentira.

Sob os cuidados de um discipulador

At 9.26-28 | 26 Quando Saulo chegou a Jerusalém, tentou se encontrar com os discípulos, mas todos estavam com medo dele, pois não acreditavam que ele tivesse de fato se tornado discípulo. 27 Então Barnabé o levou aos apóstolos e lhes contou como Saulo tinha visto o Senhor no caminho para Damasco e como ele lhe havia falado. Contou também que, em Damasco, Saulo havia pregado corajosamente em nome de Jesus. 28 Saulo permaneceu com os apóstolos e andava com eles por Jerusalém, pregando corajosamente em nome do Senhor.

Em tudo isso Paulo estava reconfigurando a mente pela Palavra: em silêncio e solitude; com os textos dos profetas e a palavra dos apóstolos – discipulado por homens piedosos.

 

 

CONCLUSÃO

A conversão de Saulo foi provocada pelo impacto do resplendor de luz que ofuscou a sua visão e obrigou-o a reconhecer que não podia mais lutar contra Cristo. A conversão é, portanto, uma obra divina em que o homem responde com arrependimento e fé. Na conversão, a soberania de Deus “caminha de mãos dadas” com a responsabilidade humana. Por isso, o arrependimento e a fé conduzem o pecador a ser redimido pelo sangue de Cristo.    

 

 

Comentário

Em seu comentário, Stott assinala algumas características do testemunho de Paulo que devemos desenvolver em nossa vida e também ensinar àqueles que chegam ao evangelho sob nossos cuidados.

1. Era cristocêntrico

Sua mensagem era centrada em mostrar o Cristo e Sua graça salvadora. A ênfase não era ele mesmo ou sua própria experiência.

2. Era no poder do Espírito Santo

Sem Ele é impossível cumprir a grande comissão, pois Ele é a grande condição para isso.

3. Era corajoso

Lucas menciona que sua pregação era ousada: não tinha medo nem das privações nem das perseguições que poderia sofrer.

4. Custou caro

Paulo pagou com sofrimento seu desvelo pela pregação do evangelho. Várias vezes fugiu, foi apedrejado e preso. No entanto, quanto mais oposição, mais testemunho fluía da vida desse nosso irmão.

A conversão de Saulo nos ensina muitas lições que podemos resumir aqui:

    devemos orar pelos irmãos que são perseguidos;

    testemunhar é um dever que mostra nossa temperatura espiritual;

    vivenciar a conversão genuína implica necessariamente mudança.

Devemos imitar Ananias e Barnabé, e nos empenhar para receber bem os novos convertidos que chegam à igreja!

Comentário elaborado pelo Presbítero Francisco Barbosa. Ao compartilhar, favor citar fonte.

 

PARA REFLETIR

A respeito de “A Conversão de Saulo de Tarso”, responda:

·         O que Lucas narra em Atos 9.3?

Em Atos 9.3, Lucas narra a impactante experiência sobrenatural de no caminho para Damasco.

·         Qual é o ponto de partida da salvação de todos os homens?

O ponto de partida da experiência de salvação de todos os homens é a graça de Deus.

·         O que significa “arrepender-se”?

A palavra “arrepender-se” no grego biblico é “metanoeo”, que significa “pensar de maneira diferente; sentir remorso”, uma disposição interior para mudar.

·         O que é a verdadeira conversão?

A verdadeira conversão é a que nasce da tristeza para com o pecado e o reconhecimento de que o homem precisa “dar meia volta” para Deus. É uma mudança que tem raízes na obra regeneradora do Espírito Santo efetuada na vida do pecador.

·         Quais as três faculdades interiores que são transformadas na conversão?

A faculdade intelectual, a das emoções e a da vontade.