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27 de setembro de 2021

LIÇÃO 1: O MUNDO DO APÓSTOLO PAULO


  

TEXTO AUREO

“Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel.” (At 9.15)  

VERDADE PRATICA

Segundo a sua soberana vontade, Deus usa as circunstâncias para fazer uma grande obra.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Atos 26.1-7

 

INTRODUÇÃO

O assunto deste trimestre é a vida do apóstolo Paulo. Para compreendê-lo melhor, veremos como era o mundo que o apóstolo atuava. Por isso, o texto áureo desta lição apresenta como Paulo foi vocacionado para levar o nome de Jesus diante dos gentios (At 9.15).  

Comentário

 Paulo, o apóstolo dos gentios, foi um personagem da história do cristianismo que mais atraiu pesquisadores, e cada escritor procurou desenvolver a história desse homem em vários campos do seu judaísmo e, posteriormente, do seu cristianismo. A partir dos relatos dos cristãos primitivos e, especialmente, dos discípulos de Jesus, os historiadores foram filtrando os fatos narrados acerca do ministério de Paulo. É interessante afirmar que Paulo admite nunca ter encontrado Jesus m sua vida terrestre, mas, indiscutivelmente, ninguém foi testemunha maior do que Paulo acerca do que Jesus revelou e manifestou a ele. Até o dia de hoje, Paulo consegue provocar irritação da parte dos judeus, especialmente dos seus contemporâneos, tanto judeus quanto cristãos. Mas, depois da visão do próprio Cristo “no caminho de Damasco”, Paulo tornou-se o apóstolo mais influente do mundo de então. A sua busca religiosa levou-o a confrontar todo o conhecimento que tinha do judaísmo com a doutrina de Cristo. A partir disso, temos um vislumbre do mundo gentio a que Paulo fora enviado e desafiado para representar a Cristo como um autêntico embaixador da Sua mensagem. A narrativa de Lucas em Atos 26 apresenta o modo como Saulo de Tarso foi chamado e vocacionado para levar o nome de Jesus diante dos gentios (At 9.15). No texto de Atos 11, Lucas relata nomes de cidades gentílicas como Antioquia, Chipre, Pafos, Perge, Icônio, Listra, Derbe, Corinto, Filipos, Colossos, Tessalônica, as quais foram alcançadas com a pregação de Paulo. Depois, no capítulo 15 de Atos, aparecem países e outras notáveis cidades como Atenas, Roma, e outras cidades como Samaria, Fenícia, Síria e Cilícia, por onde Paulo, Silas, Barnabé, Timóteo, Tito e outros mais anunciaram o nome de Jesus e plantaram igrejas. James Dunn, teólogo e professor emérito da universidade de Durham, escreveu que “cada geração do cristianismo necessita de uma nova abordagem do apóstolo Paulo, sua vida e suas cartas. A principal razão é simples: O apóstolo Paulo foi o pensador teológico mais criativo da primeira geração do cristianismo”. Concordo com James Dunn. Nos últimos séculos da Era Cristã, muitas abordagens da vida e missão de Paulo foram feitas, e todas, sem dúvida, contribuíram para reunir ideias e fatos da sua vida que ajudam a construção da teologia do Novo Testamento. É impossível adentrar com profundidade em tudo que diz respeito ao grande servo de Deus, Paulo, mas podemos oferecer vislumbres da sua missão recebida de Jesus. (Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021).  

Quem era esse homem que provocava verdadeiras revoluções por onde passava? Quais eram suas credenciais? Quem eram seus pais? Onde nasceu? Como foi educado? Que convicções religiosas nortearam-lhe os passos? Convido você a fazermos uma viagem rumo ao passado, entrando pelos corredores do tempo, a fim de descobrirmos essas respostas. Nossa fonte primária é a Sagrada Escritura. Dela, emanam as informações mais importantes sobre a vida, o ministério e a morte desse gigante do cristianismo. É tempo de começarmos essa viagem! (Lopes, Hernandes Dias. Paulo, o Maior Líder do Cristianismo. Editora Hagnos. 1 Ed. 2009).    

 

I – O MUNDO DE PAULO NO IMPÉRIO ROMANO

 

 1. Entendendo a origem de Paulo. Há poucas informações concretas acerca da vida cronológica de Paulo, como sua data de nascimento, formação cultural e religiosa. Geograficamente, Paulo (nome romano) era natural de Tarso, capital da Cilicia, que ficava às margens do rio Cydnus, na Ásia Menor. Sobre o seu nascimento, não temos data precisa. Talvez tenha ocorrido no ano 5 a.C. Dessa forma, quando o nosso Senhor foi crucificado, Paulo poderia ter entre 30 e 35 anos de idade.  

Comentário

  A cronologia da vida de Paulo tem poucas informações concretas acerca de sua vida pessoal, envolvendo a data de seu nascimento, sua formação cultural e religiosa. Na epístola a Filemom, no versículo 9, quase 40 anos depois de sua conversão, Paulo dirige-se ao seu amigo e hospedeiro Filemom, que era, além de servo de Cristo, um próspero negociante da cidade de Colossos. Nessa carta ao seu amigo Filemom, Paulo faz um pedido em favor de Onésimo, um escravo fugitivo que havia praticado algo digno de morte, mas que, em sua fuga, encontrou Paulo e converteu-se a Cristo. Nessa epístola, Paulo solicita a Filemom que receba de volta o seu escravo no amor de Cristo. Mas o que chama a atenção é que, nessa carta, Paulo identifica-se como “o velho”, indicando que sua idade era de, aproximadamente, 55 a 60 anos de idade, talvez um pouco mais. Era a cultura que prevalecia naquela época: uma pessoa com mais de 60 anos de idade naquele tempo já era tratada como idosa. Conta-se na história dos gregos que, um legislador de Atenas (635-560 a.C.) chamado Sólon resolveu fazer o cálculo da vida de um homem por dez períodos de sete anos cada. Posteriormente, outro grego, médico, que se chamava Hipócrates, identificado como o pai da medicina, também fez um cálculo da vida de um homem medida por sete períodos de sete anos cada. Hipócrates denominou esses períodos como: lactância, infância, adolescência, juventude, virilidade, meia-idade e velhice. O período da velhice passou a ser chamado de o período da “idade madura”. Na Bíblia, a estimativa da duração de vida de uma pessoa corresponde a 70 anos e, às vezes, a duração da vida é de 80 anos, se ela for vigorosa (Sl 90.10). Em relação ao apóstolo Paulo, quando se identificou como “o velho” ao seu amigo Filemom, ele teria naquele momento entre 60 e 64 anos aproximadamente (62 d.C.). Certamente, a velhice de Paulo tinha a ver com o desgaste físico, mental e emocional que obteve depois que se tornou um apóstolo do Senhor Jesus. Mesmo estando velho como ele se via, podemos observar que os últimos 30 anos do seu ministério foram muito produtivos. Ele plantou igrejas e construiu uma cristologia, fruto de sua paixão, e desenvolveu outras doutrinas no campo da escatologia, da eclesiologia e outras ciências mais, que são aplicadas nas igrejas até hoje. Portanto, seu mundo, passados mais de 30 anos depois do Pentecostes, foi alcançado de modo espetacular. Seu mundo não foi apenas o geográfico, mas teve uma abrangência cultural enorme no qual o apóstolo foi capaz de revolucionar com a pregação e o ensino do evangelho. Como cidadão romano, ele havia adotado o nome romano “Paulo” (At 13.9), uma vez que o nome “Saulo” era um nome judaico, e era nascido em Tarso, capital da Cilícia, que ficava às margens do rio Cydnus, na Asia Menor. Neste ponto, Lucas observou que Saulo era também conhecido como Paulo. A implicação é de que ele já tinha os dois nomes, mas começou a usar o último, preferindo usar o seu nome romano para o equilíbrio da sua missão orientada pelos gentios. A partir deste ponto, Paulo é sempre chamado pelo seu nome romano no registro de Lucas. (COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO, 2009, p. 681) Não há data precisa do seu nascimento, a qual poderia ser no ano 5 a.C., aproximadamente. Quando Jesus morreu no calvário, Paulo poderia estar entre 30 e 35 anos de idade. Deus, em sua infinita sabedoria e presciência, escolheu a Saulo de Tarso e chamou-o provocando uma experiência emocional assustadora. Diferentemente dos demais apóstolos, o Senhor Jesus viu em Paulo o homem que possuía as qualidades ideais de ousadia para levar o Seu nome ao mundo gentio (At 9.15). Os 12 apóstolos em Jerusalém, com poucas exceções de alguns, tiveram dificuldades para aceitar o apostolado de Paulo, porque entendiam que ele não estivera com eles nos quase quatro anos do ministério terrestre de Jesus. Os apóstolos de Jesus restringiam-se a anunciar Jesus apenas aos judeus porque entendiam que Jesus havia vindo antes para os judeus, e, por isso, deveriam levar o evangelho primeiramente aos judeus. Entretanto, Jesus via a Paulo por uma perspectiva mais abrangente, e convoca-o de forma dramática para ser “apóstolo entre os gentios” (Rm 1.1; 1 Co 1.1; Ef 1.1). (Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021).  

  Do nascimento de Paulo até o seu aparecimento em Jerusalém, como perseguidor dos crentes, temos apenas informações muito esparsas. Sabemos que ele nasceu em Tarso, «cidade não insignificante» (ver Atos 21:39), descrição essa que tem sido confirmada pelas escavações arqueológicas de Sir William Ramsay. Naquele tempo Tarso (na Cilicia) foi incorporada à província da Siria. Tarso, por essa época, já tinha história antiga, e fora cidade importante por muitos séculos antes da era cristã. Tarso chegou a ser a cidade mais importante da Cilicia. Essa cidade se tornou uma região de síntese entre o Oriente e o Ocidente, entre a cultura grega, a cultura oriental e, finalmente, a cultura romana. Também se sabe que era um centro cultural, e que ali era muito forte a variedade do estoicismo romano. (CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 5. pag. 120).  

LUGAR NEM UM POUCO INSIGNIFICANTE “Eu sou judeu, natural de Tarso, cidade não insignificante da Cilicia”, Paulo anunciou, certa vez, numa demonstração magistral de modéstia ao expor sua situação. Um estudo acurado da antiga cidade de Tarso revela que a cidade natal de Paulo não era um simples ponto no mapa, mas uma metrópole movimentada de cultura multiforme e comércio internacional. Sua localização estratégica explica a sua importância e sucesso. Para encontrar Tarso, use o mapa impresso na página 393 e localize, em primeiro lugar, a grande massa de água no centro; é o mar Mediterrâneo. A seguir, examine a divisa mais oriental do mar, seguindo para o norte pela costa e passando pela Síria. Vire levemente para o Oeste (isto é, à direita, para você que está sendo agora geograficamente desafiado!) até encontrar a Cilicia, uma província na extremidade sudeste do que era então chamado Ásia Menor. Hoje faz parte da moderna Turquia.   Ali você encontra Tarso, localizada no coração da província da Cilicia – lugar de nascimento de Saulo. A cerca de 19 km das praias resplandecentes do Mediterrâneo, Tarso é rodeada pela cadeia de Montanhas Taurus – montes escarpados e altaneiros que vão do litoral até o norte, constituindo um vasto escudo protetor ao redor da cidade. Em vista de estar próxima a um porto de mar, Tarso tornou-se uma via comercial muito usada pelas caravanas que levavam suas mercadorias do Oriente, no Leste, até Roma, no Oeste. A viagem exigia que passassem pelos Portais da Cilicia – uma impressionante sequência de passagens estreitas lavradas através das Montanhas Taurus acima de Tarso. Saulo foi nutrido com a nata de todo esse diversificado e rico caldo cultural e comercial, enquanto ele crescia na cidade fascinante em que nasceu. Embora órfão de mãe aos nove anos, como filho de um proeminente fabricante de tendas, Saulo tornou-se beneficiário de uma herança religiosa e intelectual igualmente rica. SWINDOLL. CHARLES R., Paulo Um homem de coragem e graça. Ed. 2003. Editora Mundo Cristão. pag.19-20. 393.  

 

 2.  A geografia do mundo de Paulo.   Geograficamente, o mundo gentílico estava sob o domínio do Império Romano. Naqueles dias, entre o ano 33 e 35 d.C., o imperador era Tibério. A dimensão geográfica do Império Romano permitia excelentes possibilidades de viagens missionárias. Segundo informes da história, a malha viária abrangia em torno de 300 mil quilômetros, sendo que 90 mil quilômetros apresentavam condições excelentes para viajar. As estradas do império, bem como as vias marítimas, foram de grande importância para a expansão da fé cristã. Pelo Espírito Santo, o apóstolo percebeu as oportunidades incríveis para a disseminação do Evangelho no império. Ele usou todos os meios possíveis de transporte da época, inclusive navios pelas vias marítimas, nas quais sofreu naufrágios e enfermidades. Assim, a geografia do mundo paulino tem papel essencial para a plantação das primeiras igrejas. Por isso, devemos pensar nas oportunidades que Deus nos dá para a eficiência da evangelização urbana e do campo.  

Comentário

  Apesar de ter formação na infância e parte da sua adolescência em Tarso e depois em Jerusalém, mais tarde voltou a Tarso, quando já era um fariseu formado pela escola de Jerusalém. Cheio de presunção e empáfia, tomou sua bagagem mística e radical do judaísmo farisaico e resolveu voltar a Jerusalém, indo apenas à sinagoga construída na Cidade Santa para os judeus da Diáspora que viviam fora da sua terra. Já com seus 33 a 35 anos de idade e convertido a Cristo, Paulo conscientizou-se de seu apostolado e que o mesmo não seria em Jerusalém. Lá estavam Pedro, Tiago (irmão de Jesus) e João e os demais apóstolos já se haviam espalhado pelo mundo afora. O ministério apostólico de todos eles estão registrados na História da Igreja. Alguns anos à frente, Lucas narra em Atos 26, quando Paulo dá o seu testemunho pessoal perante o rei Agripa e declara que foi chamado por Deus para ser ministro de Cristo perante todos os povos. Geograficamente, naquele tempo, não muito depois do Pentecostes, o mundo gentio ainda estava sob o domínio do Império Romano, e, naqueles dias, era Tibério, o imperador, entre 33 e 35 d.C. Com um pouco de experiência no campo da evangelização, Paulo percebeu pelo Espírito que havia excelentes possibilidades de avançar nas dimensões geográficas do Império Romano. Seu mundo, então, alcançava um território geográfico enorme para facilitar sua atividade missionária. Segundo informes da história, “a malha viária” abrangia em torno de 300 mil km²; desse número, 90 mil km² eram de estradas construídas pelo império em boas condições para viajar-se. Paulo utilizou todos os meios possíveis de transporte da época, inclusive navios pelas vias marítimas, em que sofreu naufrágios e enfermidades. Como viajante itinerante, ele e seus companheiros vestiam-se com roupas típicas convencionais da época, sem luxo, sempre tendo um manto típico, como vestidos de linho rústico abaixo dos joelhos. Geralmente, não se preocupavam com os cabelos que eram compridos; usavam um alforje, (saco de couro ou de linho com abertura em cima) e não levavam muita bagagem nessas viagens. Como não tinham residência fixa, enfrentavam, às vezes, a rejeição nas cidades por onde transitavam. Paulo tecia tendas e vendia-as para ajudar em suas despesas. Ele aprendeu a fazer tendas com seu pai e, por esse modo, comprava o tecido próprio para fabricá-las. Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021.     O império romano constituía-se numa grande área de comércio de mercadorias e pessoas, o que está bem testemunhado pela ampla circulação de objetos recuperados pela Arqueologia. As pessoas podiam viajar, de maneira rápida e segura, por estradas. A navegação permitia que as viagens fossem também frequentes e relativamente seguras, com o transporte a distância de produtos como azeite, trigo, condimentos alimentares, vinho, mármore e muitos outros produtos encontrados pela arqueologia em embarcações soçobradas. Diversas cidades romanas visitadas por Paulo foram escavadas de forma parcial, em particular Filipos da Macedônia, Atenas, Delfos, Éfeso e Roma. Atestam sua pujança e vida pacífica, pois não eram amuralhadas e foram encontrados produtos provenientes de todo o império. Vasconcelos. (Pedro L. Funari. Pedro Paulo A.,. Paulo de Tarso Um Apóstolo para as Nações. Editora Paulus).

 O MUNDO DE PAULO Naqueles dias, toda a vida do mundo concentrava-se no Mediterrâneo. Todas as grandes civilizações desenvolveram-se junto ao mar cujo nome aludia ao centro da terra. A palavra Mediterrâneo é formada por dois vocábulos que, juntos, significam “o meio da terra”. Todos os interesses da vida humana achavam-se concentrados numa estreita faixa que se estendia pela costa sul da Europa, pela costa norte da África e pelas costas ocidentais da Síria e Palestina. Além dessa fronteira, havia regiões inexploradas, onde viviam povos bárbaros, que só entrariam na corrente da civilização anos mais tarde. Três nações da época foram suficientemente grandes e fortes para deixar sua marca sobre as demais: Roma, Grécia e Israel. ROMA Os romanos governavam o mundo. Conquistaram esse direito pela força dos seus exércitos. Eles possuíam o dom da colonização e do governo. Devido ao poder de suas legiões estacionadas em todas as colônias, eram os donos do mundo. Embora poderosos, não se aproveitavam dos povos conquistados; pelo contrário, procuravam integrá-los ao seu império, dando-lhes um lugar de honra. Roma enviou grandes construtores e arquitetos, que edificaram magníficas estradas e levantaram prédios e templos por toda parte. As leis e instituições políticas romanas eram famosas por sua justiça, garantindo o direito de todos os cidadãos. Paulo apelou a esta lei, quando se tornou evidente o preconceito dos tribunais da Judéia contra si. O cenário, porém, não era inteiramente luminoso. Como aumento do poder e da riqueza, Roma tornou-se corrupta e frívola, presa à sensualidade, ao pecado e ao luxo. Em consequência, o povo fez-se doente e fraco. O império de que tanto se orgulhavam desmoronou-se diante dos bárbaros vindos do Norte, que o invadiram e saquearam. Mesmo nos dias de seu maior poderio, não tinham força espiritual; deleitavam-se em prazeres vulgares e brutais, como as lutas de gladiadores. Durante os feriados, os lutadores combatiam até a morte nas arenas. No reinado de Trajano, dez mil gladiadores lutaram num período de apenas seis meses. Lutavam entre si como tigres e leões, e milhares de espectadores aplaudiam-nos enquanto mutuamente se matavam. Multidões acorriam ao Coliseu de Roma para assistir à morte de cristãos devorados pelas feras. Tanto por sua grandiosidade quanto por sua fraqueza, os romanos deixaram na história a sua marca indelével. A seu favor deve ser dito que construíram o maior império que o mundo já viu. GRÉCIA Se os romanos foram os líderes mundiais no tocante à lei e ao governo, os gregos lideraram na cultura e no conhecimento. A arte, a ciência e a literatura desenvolveram-se mais na Grécia que em qualquer outra parte. Embora o império fosse romano, a língua grega foi reconhecida como o idioma empregado pelas pessoas cultas. Os eruditos de todas as nações orientais falavam e escreviam o grego. Essa é a razão de o Antigo Testamento ter sido traduzido para o grego muito antes do nascimento de Cristo, e das cópias mais antigas do Novo Testamento estarem em grego. Os gregos eram um povo genial. Guiados por Alexandre, o Grande, conquistaram o mundo e procuraram helenizá-lo. Desempenharam tão bem sua tarefa que, mesmo após a morte de Alexandre e a divisão de seu império, uma porção da arte e da literatura gregas permaneceu em cada nação. Os professores e filósofos gregos eram os intelectuais reconhecidos da época. Eles divulgaram, em todas as nações, a literatura, arquitetura e pensamento científico de seu país. Muitos judeus, nos dias de Paulo, liam as Sagradas Escrituras na tradução grega Septuaginta-pois o hebraico estava se tornando rapidamente uma língua morta. Quando o Cristianismo surgiu, toda praça de mercado tinha seu grupo de eruditos gregos que se deleitavam em discutir palavras e frases, e cujo talento degenerava em confusão. A balbúrdia era às vezes tão grande que milhares de pessoas, tanto conquistadores como conquistados, abandonavam a crença em seus deuses e sistemas filosóficos. As religiões pagas achavam-se à beira de um completo colapso, decadência e corrupção. Essa era a situação cultural do mundo, quando Jesus e Paulo nasceram. ISRAEL A nação, porém, que mais marcou a civilização mundial foi Israel. Sua marca jamais se a pagará. Embora os judeus não tivessem poderio militar, destacaram-se por sua religião. Dispersos por todas as terras, construíam sinagogas para adorara Deus. Estrabão, um dos grandes historiadores da época de Cristo, escreveu: “E difícil encontrar um único lugar na terra que não haja admitido essa tribo de homens e sido por ela influenciado”. Isso se dera devido ao fato de a Assíria, Babilônia e Roma terem invadido a Palestina, e levado daqui milhares de judeus para o cativeiro. Onde quer que fosse, o povo escolhido levava consigo as Sagradas Escrituras e as profecias de um Messias vindouro. Eram homens orgulhosos e exclusivistas, envolvendo-se em seus mantos de justiça enquanto voltavam as costa são grande propósito para o qual haviam sido chamados: representar a Deus entre os demais povos. (Ball. Charles Ferguson. A Vida e os Tempos do Apóstolo Paulo. Editora CPAD. pag. 8-9).    

  3. Paulo, chamado para os gentios.   Atos 9 mostra que, em sua infinita sabedoria e presciência, Deus separou Paulo e o chamou a partir de uma experiência espiritual impressionante, bem diferente dos demais apóstolos, para levar o nome de Jesus ao mundo gentílico (At 9.15). Ele soube que seu apostolado não se daria em Jerusalém, que já tinha Pedro, Tiago (o irmão do Senhor) e João, além dos outros apóstolos que ainda não haviam se espalhado pelo mundo. Por isso, Atos 26 menciona o testemunho pessoal do apóstolo perante o rei Agripa: “Mas levanta-te e põe-te sobre teus pés, porque te apareci por isto, para pôr por ministro e testemunha […] dos gentios, a quem agora te envio” (26.16,17). Enquanto os apóstolos de Cristo restringiam-se a anunciar Jesus aos judeus, nosso Senhor convocava Paulo, de maneira dramática, para ser “apóstolo entre os gentios” (Rm 1.1; 1 Co 1.1; Ef 1.1). Nosso Senhor continua a chamar pessoas para um ministério. Precisamos estar sensíveis à voz do Espírito Santo a nos chamar.    

Comentário

  «…para os quais eu te envio…» Essas palavras poderiam significar, sobretudo nesta passagem, como é natural, que Paulo estava sendo enviado somente aos gentios. Isso tornaria tal declaração paralela à de Atos 22:21, que diz respeito à comissão apostólica que foi proporcionada a Paulo, imediatamente depois de sua visão inicial, quando Paulo recebeu um transe, estando a orar no templo de Jerusalém. Alguns intérpretes, porém, preferem pensar que essas palavras se referem tanto aos judeus como aos gentios, porquanto, como é evidente, isso é o que sucedia por onde quer que Paulo pregasse —ele pregava primeiramente aos judeus, e muitos de seus convertidos mais notáveis foram conquistados na sinagoga. (CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 517).  

 A seguir, Paulo fala de sua comissão. Se tudo isto for verdadeiramente o que Jesus disse a Paulo na estrada, de longe é o mais minucioso relato de que dispomos dessa parte da história. Entretanto, é muito provável que se trate de uma amálgama que inclui o que posteriormente Ananias lhe comunicou, e o que foi revelado ao futuro apóstolo na visão do templo (9:15; 22:14). Estes pormenores são omitidos aqui por não terem importância àquele auditório em particular. Relata Paulo agora que recebera uma ordem: Agora levanta-te e põe-te em pé, pois o Senhor tinha trabalho para ele (cp. Ezequiel 2:1). Ele havia sido nomeado (quanto a esta expressão, veja a disc. sobre 22:14) “ministro e testemunha” (quanto a “testemunha”, cp. 1:8, 22; a palavra “ministro” no grego é a mesma que se empregou para João Marcos, em 13:5, que se traduziu por “auxiliar”) para que pregasse às pessoas tudo o que houvesse visto (o Filho ressurreto que ascendeu ao Pai em glória) e tudo que lhe fosse revelado em épocas vindouras, literalmente (é Jesus quem fala), as coisas “pelas quais te aparecerei ainda”. Esta referência diz respeito a visões (cp. esp. 22:17-21; mas também 18:9s.; 23:11). Estes versículos explicam o chamado de Paulo e ao mesmo tempo provêm um esboço de sua vida a partir de sua conversão até o estabelecimento de igrejas entre os gentios. Foi-lhe prometido segurança: Eu te livrarei deste povo, e dos gentios, a quem agora te envio (v. 17), apenas no sentido de que Paulo seria capaz de desincumbir-se de sua vocação, e não que ele seria poupado de sacrifícios no cumprimento de seu ministério (2 Timóteo 2:9). A comissão recebida era para abrir os olhos do povo (v. 18). Pode ter havido um trocadilho intencional, entre a ideia de sua cegueira espiritual antes de sua conversão, e sua cegueira física após sua conversão. O mais significativo, porém, é que essa é a linguagem utilizada por Isaías para profetizar a salvação futura (Isaías 35:5; 42:6s.; cp. Mateus 9:30). Tão grande salvação é agora uma realidade, e Paulo deveria levar essas boas novas tanto aos judeus como aos gentios. O pronome a quem do v. 17 inclui judeus e gentios (cp. 9:15). David j. Williams. Comentário Bíblico Contemporâneo. Atos. Editora Vida. pag. 455-456.   Paulo, o apóstolo comissionado (26.12-18). Paulo fala a Agripa sobre sua experiência no caminho de Damasco e como Jesus apareceu-lhe com grande fulgor e poder. Ali na estrada de Damasco, Paulo viu uma luz (26.12,13) e ouviu uma voz (26.14-18). Mesmo sendo um rabino judaico, douto na lei e zeloso da tradição de seus pais, ele vivia em densa escuridão e profundas trevas espirituais. Havia estudado a lei, mas não compreendia que seu propósito era levar o homem a Cristo (G1 3.24). A luz sobrenatural vista no caminho de Damasco deixou-o cego por três dias, mas lhe abriu os olhos da alma para contemplar o Cristo vivo. Paulo não apenas viu uma luz, mas também ouviu uma voz. O domador de touros bravos jogou essa fera selvagem ao chão e bradou: …Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrares contra os aguilhões (26.14). O touro está caído, vencido, dominado, subjugado. O maior perseguidor do cristianismo está convertido. Jesus reverte a situação. O homem que perseguiu a fé cristã vai proclamá-la. O homem que promoveu intenso sofrimento ao povo de Deus agora sofrerá pelo nome de Cristo. O homem que foi o maior inimigo do cristianismo será seu maior arauto. Paulo detalha para Agripa não apenas sua conversão súbita e dramática, mas também seu comissionamento para ser testemunha de Cristo entre os gentios, com o propósito de abrir-lhes os olhos e convertê-los das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam remissão de pecados e herança entre os santificados pela fé. (LOPES. Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. pag. 475-476).  

 

II – O MUNDO CULTURAL DE PAULO

 

   1. A língua mundial daqueles dias era o grego.

Para o povo judeu, o hebraico e o aramaico eram línguas nativas. Entretanto, apesar de a Palestina e todos os demais países do médio-oriente estarem sob a autoridade do Império Romano, prevaleceu a língua do grego koinê, possibilitada pela infraestrutura de comunicação do império. O koinê era uma língua popular muito difundida na época. O Novo Testamento foi escrito no grego koinê, e o apóstolo Paulo falava e escrevia fluentemente tanto o grego como o hebraico e o aramaico. Utilizando o grego, Paulo teve uma formação básica em Tarso e, posteriormente, foi levado por seu pai, que era judeu e pertencia ao grupo dos fariseus em Jerusalém, para aprender e conhecer em profundidade a Torah aos pés do rabino Gamaliel. Aqui, é possível refletir acerca do uso das principais línguas do mundo (inglês, francês, espanhol, mandarim) para a obra da evangelização.

 

Comentário

    Independentemente dos dialetos e línguas existentes naqueles dias, a língua mundial era o grego koinê. Portanto, a língua básica que Paulo falava era o grego, uma vez que ele foi criado na metrópole helenística da cidade Tarso. Os historiadores discutem se Paulo conhecia obras da literatura e poesia gregas clássicas. A verdade é que Paulo tinha bagagem da cultura grega a ponto de fazer citações dos grandes poetas e filósofos gregos e romanos. Ele falava fluentemente o grego da época. A socialização helenístico-urbana revela-se quando ele fala das lutas nas arenas e das maratonas. Na Palestina, o povo judeu tinha a sua língua materna (o hebraico e o aramaico), mas todos falavam o grego koinê. Naturalmente, para o povo judeu, as línguas nativas eram o hebraico e o aramaico, mas, pelo fato de a Palestina e todos os demais países do Médio-Oriente estarem sob a autoridade do Império Romano, prevaleceu a língua do grego koinê, que vinha do Antigo Império Grego e ainda exercia influência no mundo romano. A infraestrutura de comunicação do Império Romano possibilitou a manutenção do grego koinê. O aramaico era a língua dos tempos da Babilônia, mas o hebraico era a língua materna na Palestina. Entretanto, todos falavam o grego koinê como uma língua popular muito difundida na época. Contudo, o latim era a língua dos romanos. Os evangelhos, as cartas e epístolas do Novo Testamento foram escritos no grego koinê, e Paulo falava e escrevia fluentemente tanto o grego quanto o hebraico e o aramaico. Foi Jerônimo que traduziu e revisou a Bíblia para o latim do hebraico e do grego, ficando conhecida como “Vulgata Latina”. Entretanto, antes da existência da Vulgata Latina, Paulo já conhecia os escritos em rolos de papiro dos livros do Antigo Testamento aprovados pelo cânon. Uma vez que Paulo teve sua formação básica em Tarso, cidade grega onde se falava o grego, a sua educação primária foi nessa cidade. Tarso era uma cidade na costa sul da atual Turquia. Nos tempos de Paulo, ela se situava na província romana da Cilícia, a 16 quilômetros da costa do Mediterrâneo, e se orgulhava de sua reputação como porto. O rio Cidno, pelo qual Cleópatra subiu para encontrar Marco Antônio, era uma via principal de transporte que passava pelos montes Taurus. Ele ajudou a fazer de Tarso uma encruzilhada cultural, um cenário ideal para o papel futuro de Paulo. (BEERS, 2013, p. 355) Posteriormente, ele, ainda na infância, foi levado por seu pai a Jerusalém, que era judeu e pertencia ao grupo dos fariseus em Tarso. Levou-o para aprender e conhecer em profundidade a Torá na escola do rabino Gamaliel. Paulo tornou-se um fariseu zeloso (Gl 1.14; At 22.3). Por isso, Paulo conhecia bem tanto o hebraico quanto o aramaico e o grego e até mesmo o latim de Roma, mas a língua da Diáspora judaica na região do Mediterrâneo era o grego. Os judeus da Diáspora eram, na verdade, aqueles judeus que haviam sido dispersos da sua terra e, depois, espalharam-se por todos os lugares, especialmente nas terras do mundo romano. Portanto, havia muitos judeus em Roma e em todas as cidades do domínio romano, inclusive na cidade de Tarso. Daí, em seu mundo cultural, Paulo servia-se dessas línguas para comunicar-se não só com os judeus, mas também com os outros povos. (Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021).  

 KOIN Palavra grega que significa «comum». O termo indica a fala grega comum, que gradualmente se desenvolveu e foi substituindo dias locais, por todo o Mediterrâneo oriental, a partir dos dias de Alexandre o Grande. O koiné é a variedade de grego que se acha em obras literárias desse período em diante, até bem dentro da era cristã, bem como na Septuaginta, no Novo Testamento, em muitíssimos papiros, em inscrições e em ostraca ou inscrições em cacos de barro e mais simples e menos sutil do que o grego ático, porquanto estava rapidamente transformando- se em uma linguagem puramente analítica, e não mais sintética, como era o caso do grego c1áss.tco. O período em que foi falado o grego «koinê» estende-se mais ou menos de 300 A.C. a 330 D.C. Quanto a um artigo especial sobre o grego «koínê» do Novo Testamento, ver o verbete Língua do Novo Testamento. (CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 704).

  O GREGO KOINÊ O termo koinê, do grego Koivé, significa “comum”, “cotidiano” em sentido adjetivo e foi aplicado ao tipo não literário do dialeto helénico. O koinê é de modo singular a língua do NT, de alguns tipos efêmeros de papiro e possivelmente dos escritores da filosofia estoica, Epíteto (20-140 d.C.). Em essência, a língua do NT é a conversação da rua e dos mercados. E, com rara exceção, não influenciada pela tendência ática dentro da língua helénica daquele tempo. O padrão para a tradução do pensamento semita para um estilo indo-europeu foi colocado na LXX. (MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 3. pag. 940-941).  

3. O mundo cultural do apóstolo Paulo.   O Império Romano respeitava a diversidade religiosa, desde que se respeitassem os deuses do império. Em Roma, havia os cultos a entidades gregas como Eteusis, Dionísio, Atis, que se integravam com divindades egípcias como Osíris, ísis, Serapis, bem como as divindades orientais Mitras e Asclépio, uma divindade de cura. Havia divindades da Ásia Menor sob o domínio do império em Éfeso, Colossos e Corinto, tais como Diana, Artemis e outras mais. Essa diversidade religiosa acabou facilitando a propagação do nome de Jesus, pregado pelos apóstolos. A realidade atual das diversidades culturais e religiosas pode abrir caminhos para que, de maneira inteligente, evangelizemos o mundo, nos termos do apóstolo Paulo, no areópago de Atenas (At 17.15-34).  

Comentário

  Paulo era cidadão romano e criou-se numa importante cidade cultural do império. Ele era um judeu da Diáspora e formou-se fariseu para servir numa sinagoga, sendo qualificado para ser um defensor do pensamento judaico. Entretanto, o seu horizonte intelectual ia mais além. O Império Romano tinha uma abertura religiosa em que se respeitava a diversidade religiosa, desde que se respeitassem os deuses do império. Havia em Roma os cultos a entidades gregas como Júpiter (pai dos deuses), Marte (deus da guerra), Minerva (deusa da sabedoria e da justiça), além de outros deuses como Zeus, Ísis, Quirino, Elêusis, Dionísio, Átis. Eram deuses que se integravam com as divindades egípcias como Osíris, Ísis, Serápis, bem como as divindades orientais como Mitras, Asclépio (que era uma divindade de cura). Havia  divindades da Ásia Menor sob o domínio do império em cidades como Éfeso, Colossos e Corinto, tais como Diana, Artesis e outras mais. Essa diversidade religiosa acabou por facilitar o nome de Jesus, o Deus dos cristãos. (Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021).  

 Atenas (17.16-34) Atenas foi o maior centro de cultura e educação da antiguidade. Bruce diz: “A escultura, a literatura e a oratória de Atenas, nos séculos V e IV a.C., nunca foram ultrapassadas; também na filosofia ela ocupava um lugar de liderança, sendo a terra natal de Sócrates e de Platão, e o lar adotivo de Aristóteles, Epicuro e Zeno”. Assim como Roma, Atenas ainda é uma das grandes capitais do mundo. Acusado Publicamente perante o Areópago (17.16-21). Enquanto Paulo esperava que Silas e Timóteo se juntassem a ele em Atenas, o seu espírito se comovia em si mesmo (16) — “sentia-se provocado, zangado” — vendo a cidade tão entregue à idolatria — ou melhor, “cheia de ídolos” (ASV). Lake e Cadbury escrevem: “A abundância de estátuas em Atenas e, em geral, as evidências da religiosidade dos atenienses eram notáveis aos olhos dos outros visitantes”. Tudo isso mostra como era pequena a impressão causada na população até mesmo por seus melhores filósofos, como Sócrates. Paulo tinha um duplo ministério em Atenas: o primeiro com os judeus, principalmente na sinagoga, e o segundo com os gentios, no mercado. Ele disputava (17) — “argumentava”, a mesma palavra do versículo 2 (ver os comentários) — na sinagoga com os judeus e religiosos — gentios que aceitavam o Deus verdadeiro — todos os dias, na praça — a Agora — com os que se apresentavam — lit., “com aqueles que estivessem presentes”. Dessa forma, ele se adaptou às condições de cada cidade onde ministrava. Como o método preferido de ensinar em Atenas era a discussão “livre para todos” na Agora, Paulo também adotou esta técnica quando estava lá. Ele iria se fazer “tudo para todos” (1 Co 9.22) para levá-los a Cristo. Poucos homens da sua época poderiam ter praticado os dois ministérios que ele tinha agora em Atenas. Para o primeiro (no caso dos judeus), ele fora treinado aos pés de Gamaliel em Jerusalém. Para o segundo (no caso dos atenienses de espírito filosófico), provavelmente fora educado na grande universidade de Tarso, que só era ultrapassada por Atenas e Alexandria. De forma admirável, Deus havia preparado o seu homem para esse grande ministério. Cheio do Espírito Santo, Paulo foi capaz de receber a Palavra revelada de Deus e a sabedoria dos filósofos gregos e, dessa forma, estabelecer uma situação de harmonia e boa comunicação tanto com judeus como com gentios. Em suas discussões diárias na Agora, Paulo teve a oportunidade de conhecer alguns filósofos (esta palavra é encontrada somente aqui no NT) — epicureus e estóicos (18). Sobre o primeiro, Bruce diz: “Os epicureus tinham este nome por causa de Epicuro (341— 270 a.C.), cujo sistema ético, baseado na teoria atômica de Demócrito, apresentava o prazer (hedone) como a principal finalidade da vida, sendo que o maior prazer era ter uma vida de tranqüilidade (ataraxia), livre da dor, de paixões perturbadoras e de temores supersticiosos”.181 Sobre os estóicos, ele escreve: “Os estóicos consideravam Zeno (340—265 a.C.) como seu fundador e receberam este nome por causa da Stoa Poikile em Atenas, onde ele ensinava”. A crença dos estóicos era panteísta, racionalista e fatalista. Na prática, eles enfatizavam “a supremacia do racional sobre a faculdade emocional do homem, e também sobre a própria auto-suficiência”. Assim, eles negavam a essência da verdadeira religião, com a sua dependência de Deus. Estóicos importantes da época romana foram Sêneca, Epicteto e Marco Aurélio. Estes epicureus e estóicos contendiam com Paulo — “i.e., se reuniam com eles em discussões, e argumentavam com ele”. Alguém perguntou: “Que quer dizer este paroleiro? A expressão quer dizer poderia ser melhor traduzida como “o que diria? (ASY), i.e.: “O que poderia estar querendo dizer?” Paroleiro quer dizer literalmente “apanhador de sementes”. Sobre este termo, Lake e Cadbury escrevem: “Parece que esta palavra foi usada primeiramente para as aves que apanham os grãos, depois passou a designar os homens que recolhiam bugigangas no mercado, depois foi transferida para homens que eram pesquisadores zelosos e de segunda classe de artigos de segunda mão e, finalmente, para pessoas geralmente inúteis”. Phillips oferece uma boa tradução para esta questão: “O que este homem presumido está querendo dizer?” Esta era a pergunta que alguns faziam a Paulo. E ainda outros (18) observavam: Parece que é pregador de deuses estranhos, ou “divindades estrangeiras”. A palavra usada para deuses é daimonia, que aparece 52 vezes nos Evangelhos para designar os demônios, e também em outras passagens do Novo Testamento. Na Septuaginta, ela foi usada para divindades pagãs. Trata-se essencialmente de um adjetivo que significa “divino”. No grego clássico, ela queria dizer: “O poder divino”, e este é o seu significado aqui. A razão para essa conversa sobre divindades estrangeiras é que Paulo lhes anunciava Jesus e a ressurreição. Alguns comentaristas afirmaram que os atenienses entenderam Jesus e anastasis (ressurreição) como se fossem um deus e uma deusa. Mas Lake e Cadbury consideram isso “improvável”. Aqueles que tinham estado discutindo com Paulo na Agora levaram-no até o Areópago (19). Estas duas palavras gregas, Areios pagos significavam “Colina de Ares” ou Marte. Como o antigo tribunal de Atenas se reunia na Colina de Marte, o próprio tribunal passou a ter o nome desta colina, Areópago. A. medida que o governo de Atenas se tornava mais democrático, esse aristocrático tribunal perdeu algumas de suas prerrogativas, mas ainda mantinha o direito de julgar casos de homicídio e outros graves crimes morais. Bruce diz: “Ele tinha suprema autoridade sobre assuntos religiosos e parece que nesta época também tinha o poder de nomear oradores públicos e exercer algum controle sobre eles, visando ao interesse da ordem pública”. Provavelmente, Paulo foi levado “perante o Tribunal do Areópago” (NEB). Lake e Cadbury fazem uma observação pertinente sobre este ponto. Eles escrevem: “De acordo com Atos, portanto, assim como Paulo foi levado perante o strategoi de Filipos, o politarchai de Tessalônica e o anthupatos de Corinto, em Atenas ele também teve de enfrentar o Areópago”. Eles acrescentam: “O nome da suprema autoridade local é diferente e preciso em cada caso”. Lucas escreve de maneira cuidadosa e correta, como um verdadeiro e confiável historiador. O pedido apresentado a Paulo era: Poderemos nós saber que nova doutrina (“ensinamento”) é essa de que falas? A versão NASB diz: “Podemos saber o que é este novo ensinamento que você está anunciando?” Paulo estava trazendo coisas estranhas (20) a seus ouvidos e eles queriam uma explicação sobre aquilo que ele falava. A declaração parentética do versículo 21 era muito própria da vida dos atenienses na época de Paulo, e foi abundantemente corroborada pelos escritores contemporâneos. Discutindo perante o Areópago (17.22-31). E, estando Paulo no meio do Areópago (22). A Colina de Marte corresponde à mesma expressão que foi traduzida como “Areópago” no versículo 19 (ver os comentários sobre este texto). Praticamente todos os estudiosos concordam que “Areópago” é a tradução correta dos dois lugares. Lake e Cadbury observam que a expressão no meio “é obviamente mais apropriada a um conselho do que a uma colina”. Cadbury, em seu último trabalho, The Book ofActs in History, diz que, no primeiro século, o Tribunal do Areópago reunia-se em um pórtico a noroeste da Agora, que era chamado “alternadamente de Stoa Basileios e de Stoa de Zeus Eleutério”. E continuam dizendo: “Devemos deixar em aberto a possibilidade de o conselho reunir-se às vezes na colina do Areópago e não na Agora, mesmo mais tarde, ou de Paulo ter falado na colina, mas não para um grupo oficial”. Cortesmente, Paulo dirigiu-se à audiência como varões atenienses. Mas a declaração inicial que aparece na versão KJV parece ser menos delicada: em tudo vos vejo um tanto supersticiosos. Provavelmente, seria melhor traduzir a última expressão como “acentuadamente religiosos” (ASV) ou “extremamente religiosos” (Phillips, acompanhando Deissmann). A palavra grega usada aqui significa, basicamente, “tementes aos deuses”. Lake e Cadbury traduzem-na como “muito supersticiosos”, mas deixam o assunto um pouco em aberto. Bruce prefere “muito religiosos”. Knowling parece ter razão quando escreve: “E incrível que o apóstolo Paulo tivesse começado suas observações com uma frase calculada, com a finalidade de ofender os seus ouvintes”. Certamente o apóstolo não tinha muito respeito por Félix ou Agripa, no entanto começou seus discursos perante estes dois homens com a maior cortesia (24.10; 26.2-3). Paulo não era o tipo de homem que demonstraria desrespeito a uma audiência como aquela que enfrentou em Atenas. Ned Stonehouse encerra a discussão sobre este assunto, dizendo: “Parece ser definitivamente mais satisfatório na presente conexão concluir que Paulo estava ressaltando a religiosidade ao invés da superstição deles”.196 Paulo continua explicando por que disse isto: Passando eu (23) — lit., “enquanto eu estava passando” (pelas ruas) — e vendo os vossos santuários — ou “objetos de adoração” — achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Knowling expressa bem o significado desta frase ao dizer: “Nesta inscrição, Paulo sabiamente reconheceu que havia no coração de Atenas a prova de um profundo e insatisfeito desejo da humanidade por um conhecimento mais íntimo e claro sobre um poder invisível que os homens cultuavam de forma imperfeita e obscura”. Paulo prosseguiu: Esse, pois, que vós honrais não o conhecendo — ou melhor, “honram como desconhecido” (RSV), ligando-o ao desconhecido da inscrição, como faz o idioma grego — é o que eu vos anuncio. O apóstolo sentia-se feliz por identificar o Deus desconhecido para essas pessoas, o qual, sem conhecerem, elas procuravam honrar. Esta era uma abordagem inteligente, e estava definitivamente de acordo com a tradução “religiosos”, ao invés de “supersticiosos”, como consta na declaração inicial de Paulo. O apóstolo passa a descrever este “deus desconhecido”. Ele é o Deus que fez o mundo — cosmos, “o universo ordenado” — e tudo que nele há (24). Ele também é o Senhor do céu e da terra. Consequentemente, Ele não pode morar em templos feitos pelas mãos dos homens. Nem tampouco é servido (lit., em grego) por mãos de homens, pois Ele é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas (25). De um só — lit., “a partir de um”, i.e., Adão — Deus fez toda a geração dos homens (26). Dessa forma, Paulo declarou a unidade da raça humana e sugeriu o desagrado de Deus perante todo preconceito racial, seja entre gregos e judeus no século I, ou entre povos brancos e negros no século XXI. A finalidade de tudo isso era para que buscassem ao Senhor. Tateando (27) significa “talvez”. Paulo continua a afirmar que Deus não está longe de cada um de nós. A frase: “Nele vivemos, e nos movemos, e existimos” (28) é considerada uma citação na RSV. Na opinião de Kirsopp Lake, ela vem de Epimenides.200 A última frase do versículo, pois somos também sua geração, vem do poeta Arato. A palavra sua se refere a Zeus. Como somos geração de Deus (29) — através da criação — seria tolice pensar que a divindade — “o divino” ou “divinal” — seria semelhante às imagens de ouro ou prata feitas pelos homens. Os antigos tempos da ignorância, Deus não levou em conta — ou “desconsiderou” (ASV) — mas o Senhor anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam (30). Paulo está agora chegando a sua conclusão evangelística. Por que os homens precisam se arrepender? Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que destinou (31); i.e., Jesus Cristo. Sobre isso, Deus deu certeza — ou melhor, “deu provas” — a todos, ressuscitando-o dos mortos. Esta é a parte da mensagem de Páscoa que raramente é anunciada. A ressurreição é a prova dos homens, Deus garante que haverá um dia de julgamento, quando toda humanidade será julgada. Este é um pensamento solene. Aceito por um Areopagita (17.32-34). A menção da ressurreição produziu uma reação imediata: uns escarneciam (32), enquanto outros diziam que desejavam ouvir mais, em uma outra vez. Os gregos acreditavam na imortalidade, mas negavam a ressurreição dos corpos. Os judeus acreditavam mais na ressurreição do que na imortalidade; mas a glória do cristianismo é enfatizar as duas verdades. Percebendo que nada mais conseguiria destes céticos gregos, Paulo saiu do meio deles (33). Entretanto, houve alguns que creram (34). Entre eles estava Dionísio, o areopagita. Foi uma grande vitória conquistar um convertido neste seleto grupo de cerca de trinta pessoas. “Pode até haver uma nota de triunfo no epíteto “areopagita”, escrito depois dos nomes dos convertidos”. Nada mais sabemos a respeito de Dâmaris, porém ela deve ter sido um membro muito conhecido da igreja de Atenas. (Ralph Earle. Comentário Bíblico Beacon. Atos. Editora CPAD. Vol. 7. pag. 340-343).  

  3. A influência da filosofia grega.   Nesse mundo religioso havia a influência filosófica grega. Essencialmente, o Império Romano era politeísta e Paulo referiu-se a isso em 1 Coríntios 8.5. A influência filosófica grega, especialmente do gnosticismo, era muito forte e acabou influenciando o pensamento de muitos cristãos daqueles dias. Os líderes da Igreja da época tiveram de refutar com veemência as teorias do gnosticismo, cujos adeptos queriam misturá-las com a doutrina pura de Cristo. Naturalmente, pelo fato de ter vivido naquele mundo, Paulo teve de fortalecer a doutrina cristã sobre Deus, fé, Jesus, Espírito Santo, graça e salvação. O apóstolo, indiscutivelmente, se tornou o grande defensor do Evangelho de Cristo. Como proclamadores do Evangelho, devemos pensar em estratégias a fim de que nossos jovens e adolescentes, bem como a maturidade cristã, possam expressar as razões da fé com mansidão e temor diante dos não crentes (1 Pe 3.15).    

Comentário

  Jesus era o nome pregado pelos apóstolos. Nesse mundo religioso do Império Romano, havia a influência politeísta e filosófica grega e romana. Essencialmente, o Império Romano era politeísta, e Paulo referiu-se a isso em 1 Coríntios 8.5,6: “Porque, ainda que haja também alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores), todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele”. Por exemplo, a influência filosófica grega, especialmente do gnosticismo, era muito forte e acabou por influenciar o pensamento de muitos cristãos daqueles dias. Os líderes da igreja da época tiveram que refutar com veemência as teorias do gnosticismo, cujos adeptos queriam misturá-las com a doutrina pura de Cristo. Paulo enfrentou com firmeza as heresias que torciam os ensinamentos dados por ele e pelos demais apóstolos. Aos Gálatas, Paulo teve que ser duro com os teimosos judeus que se diziam cristãos, mas torciam toda a verdade que ele ensinava. Havia ainda naqueles dias um grupo de judeus pseudocristãos que defendiam o rito da circuncisão, que vinha desde Jerusalém e entravam nas igrejas gentílicas com suas ideias judaicas e com os conceitos do gnosticismo. Esses falsos cristãos judeus, de fato, defendiam ideias judaizantes. Eram os legalistas judeus que queriam que os gentios se submetessem aos ritos judaicos, anulando, por esse modo, tudo quanto Paulo e seus companheiros haviam ensinado da doutrina de Cristo. Hoje, em pleno século XXI, algumas igrejas, especialmente as neopentecostais, têm aderido ao espírito judaizante, a ponto de confundir o seu culto com ritos judaicos das sinagogas com a liturgia evangélica. Naturalmente, essa crise levou Paulo a discutir com os apóstolos em Jerusalém. O resultado foi positivo, pois todos entenderam que os gentios não tinham que se submeter a qualquer rito judaico próprio dos judeus. A concordância final liberou essa situação, e as igrejas foram alertadas sobre essas ameaças heréticas insufladas por falsos cristãos. Paulo teve que fortalecer a doutrina cristã sobre Deus, fé, Jesus, Espírito Santo, graça e salvação. Ele tornou-se, indiscutivelmente, o grande defensor do evangelho de Cristo. (Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021).

   GNOSTICISMO. um termo derivado do grego yvcõaiç, conhecimento, e aplicado de modo variado a movimentos dentro, ou relacionados ao Cristianismo primitivo. Conotações. Até muito recentemente o termo era geralmente aplicado de forma coletiva à maioria daqueles movimentos do 2- séc., que se denominavam cristãos, ou que em grande medida, tomavam emprestado das fontes cristãs, mas que foram rejeitados pela principal corrente da tradição cristã (representada em pais como Irineu, Hipólito e Epifânio). Nenhum dos pais ou dos próprios grupos, no entanto, aplicam o título neste sentido, os primeiros usaram-no somente para certos grupos e indicavam simplesmente todas “as heresias”, o último uso foi o nome distinto de um grupo em particular. Há, contudo, algumas características comuns, entre elas uma preocupação dominante para com o conhecimento. Uma vez que estas características comuns (indicadas abaixo) aparecem em algumas outras formas de religião helénica contemporânea, e visto que esta preocupação para com o conhecimento é evidente no NT, há atualmente uma tendência para usar este termo de forma mais ampla. Alguns empregam este termo para qualquer forma de ensino dualista com princípios nitidamente opostos de bem e mal, que oferece o conhecimento como uma chave para a luta, e outros o aplicam ao mito do redentor supra mundano encontrado em algumas formas de religião helénica, aparentemente derivadas de fontes orientais, provavelmente iranianas. A partir de diferentes pontos de vista, portanto, o termo tem sido aplicado à seita de Qumrã, a Paulo, ao quarto evangelho e aos pais alexandrinos. Parece ser melhor, no momento, utilizarmos o termo para movimentos cristãos e pós-cristãos do 2 séc., sem prejudicar a questão de seu significado para as origens cristãs. (MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 2. pag. 1043).

  GNOSTICISMO O nome que se dá a (1 ) um amplo movimento religioso, basicamente dualista e sincretista, que se espalhou por todo o antigo Oriente Próximo imediatamente antes e após a época de Cristo; e (2) os sistemas religiosos exemplificados pelo “Grande Gnóstieo”, que floresceram entre os séculos II e IV d.C. O gnosticismo é usado aqui neste segundo sentido. Origens. Embora muitos tenham tentado atribuir ao gnosticismo origens persas, gregas ou egípcias, atualmente aceita-se que o movimento surgiu em um ambiente judaicoeristão. Isto não nega a presença de prováveis elementos pré-cristãos no gnosticismo. No entanto, a síntese peculiar de idéias que deram origem ao “Grande Gnóstieo” parece ter ocorrido no final do século I ou no início do século II d.C. É evidente que o movimento teve início em um ambiente hebraico-cristão, provavelmente na Síria-Palestina, por causa do grande número de nomes, expressões e idéias semitas que aparecem nos primeiros trabalhos gnósticos, tais como o Apócrifo de João, o Evangelho de Tomé, o Evanelho de Filipe; e a presença de ideias cristãs istintas, tais como os sacramentos, Cristo o Redentor, e o apelo às Escrituras do Novo Testamento. Crenças e práticas. A mais proeminente das seitas do “Grande Gnóstieo” ensinava um sistema de doutrinas que incluía (de formas diversas) as seguintes ideias básicas: (1 ) uma divindade transcendente indescritível, que é puramente espírito; (2) um dualismo básico entre o espírito e a matéria, que necessitava do Pleroma (a cadeia de coisas emanadas que conectam o Grande Deus à matéria), que seria responsável pela origem do universo; (3) uma divisão no Pleroma que resultou na criação das coisas materiais e do homem por um Demiurgo, o Deus do Antigo Testamento; (4) uma faísca de Deus implantada no homem em sua criação; (5) a redenção e a libertação dessa faísca divina por meio do esclarecimento, resultando na autoconsciência (algumas vezes chamada de “despertar do sono” ou “sair da embriaguez”); (6) um Cristo que redime por ser o Revelador ou o Iluminador (Esclarecedor), e não o Salvador-sofredor; e (7) a salvação por meio do conhecimento, basicamente pelo autoconhecimento. Pouco se sabe sobre os rituais ou práticas sectárias dos gnósticos. O Evangelho de Filipe parece indicar que seus leitores praticavam cinco sacramentos: o batismo, a confirmação, a santa ceia, a crisma (unção com azeite de oliva) e a câmara nupcial. Todos esses, exceto o último, são encontrados no cristianismo ortodoxo. As práticas dos gnósticos iam desde o ascetismo extremo até a libertinagem extrema, ambos os extremos baseados na crença de que o corpo é essencialmente mau. Seitas. Os principais grupos gnósticos eram os valentianianos (fundados por Valentino em Roma, em aprox. 140 d.C.); os setianos (adoradores de Sete); os ofitas ou naasenos (que eram adoradores da serpente); os barbeio-gnósticos (que enfatizavam o papel de Barbeio – ou a menos expressiva Sofia no valentianismo) e os marcionistas (seguidores de Marcião, aprox. 145 d.C.). Os grupos menores incluem os simonianos (supostamente seguidores de Simão de Samaria, At 8), os carpocracianos, os paulicianos, os febionitas e os peratitas. Esfces últimos não estão bem representados na literatura gnóstica existente. Outros grupos fortemente relacionados com os gnósticos incluíam os cerintianos e os encratitas do século II d.C., os herméticos e os docetistas. Pode-se provavelmente atribuir uma descendência linear do movimento gnóstieo aos mande anos, um grupo que ainda sobrevive no Iraque. Seja por meio dos mandeanos, seja diretamente, os maniqueístas (que surgiram entre os séculos III e V d.C.) adotaram algumas doutrinas gnósticas. Os maniqueístas deixaram manifestações medievais nos cátaros (albigenses) e nos bogomilos. Literatura. Antes de 1955, os gnósticos eram conhecidos principalmente por meio (1 ) de descrições de suas crenças e práticas nos trabalhos dos patriarcas da Igreja, principalmente Irineu, Hipólito e Epifânio, e (2) da literatura gnóstica que existe no Códice Bruciano (dois Livros de Jeú e um trabalho sem título) e no Códice Askewiano (Pistis Sophia). Naquele ano, a publicação do Códice Berolinense 8502 tornou acessível o Evangelho de Maria, o Apócrifo de João e a Sabeoria de Jesus Cristo. Paralelamente, os textos gnósticos de Nag Hammadi haviam sido descobertos em 1945, e com sua publicação (iniciada em 1956) uma abundância de documentos gnósticos propiciou aos estudiosos acesso em primeira mão à doutrina gnóstica e à sua seita (Veja Chenoboskion). Hoje em dia, documentos como o Evangelho da Verdade, a Epístola de Regino, a Epístola de Tiago, o Apócrifo de João, o Evangelho de Tomé, o Evangelho de Filipe e a Hipóstase de Archom podem ser encontrados em inglês. Foram publicados resumos de diversos outros tratados, e existe um projeto de tradução, para o inglês, de todos os 51 textos. Veja Agrapha – palavras de Jesus não registradas nos textos dos Evangelhos canónicos. Relacionamento com a Bíblia. A literatura gnóstica demonstra a existência, no século II, de um cânone do Novo Testamento quase idêntico aos cânones formais adotados pelos Concílios de Laodicéia, Cartago e Hipo. Também destaca variações textuais e a história da transmissão textual. A maior importância dessa literatura provavelmente esteja no campo da interpretação do Novo Testamento. Alguns estudiosos tentaram mostrar que determinados livros do Novo Testamento se devem ao gnosticismo (O Evange3ho de João) ou são reações a este (Colossenses, Lucas e Atos, Corintios, Efésios, Epístolas Pastorais (q.v.), Epístolas de João). No entanto, alguns desses estudiosos parecem estar usando a palavra “gnosticismo” em seu sentido amplo, e não como uma referência às diferenças centrais e não-bíblicas das grandes seitas gnósticas. (PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 871-872).

 

III – O MUNDO RELIGIOSO DE PAULO

 

   1. Paulo se identifica como judeu.   Em Atos 22.3, Paulo declara a sua defesa em Jerusalém, diante dos judeus que se opunham à sua mensagem, tratando-o como traidor da fé judaica: “Eu sou judeu, nascido em Tarso da Cilicia”. Ele falava em hebraico para aquela plateia, quando todos esperavam que falasse apenas em grego. O apóstolo tinha o sangue de pais judeus. Seu pai era fariseu zeloso e influente na sinagoga em Tarso, e o criou para ser um fariseu, tanto quanto ele mesmo.    

Comentário

  No capítulo 21 de Atos dos Apóstolos, Paulo, depois de passar por alguns lugares como Éfeso, Cesareia e Mileto, dispôs-se a ir a Jerusalém para participar da Festa do Pentecostes. Ao chegar em Jerusalém, foi bem recebido por alguns cristãos da cidade (At 21.17). Ao visitar o Templo, deparou-se com judeus da Ásia que insuflaram a multidão contra ele e acusaram-no de ser inimigo do Templo e traidor da fé judaica. Quiseram matá-lo, mas foram impedidos por um tribuno militar de Roma. Levado ao Sinédrio, Paulo teve a oportunidade de defender-se daqueles fanáticos judeus. Ao identificar-se, inicialmente falou à multidão em aramaico. Ele fez uma autobiografia visando a sua defesa perante aquela multidão cheia de ódio, a qual queria a sua morte. Mas ele, com sabedoria, respondeu aos insultos, dizendo: “[…] sou varão judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas criado nesta cidade aos pés de Gamaliel, instruído conforme a verdade da lei de nossos pais, zeloso para com Deus, como todos vós sois hoje” (At 22.3). Paulo estava falando em aramaico para aquela plateia quando todos esperavam que ele falasse apenas em grego. Paulo tinha o sangue de pais judeus. Seu pai era fariseu zeloso e influente na sinagoga em Tarso e criou seu filho para ser um fariseu, tanto quanto ele mesmo. (Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021).  

 Paulo era judeu por nascimento. Em sua defesa em Jerusalém, após sua dramática prisão, teve a oportunidade de se dirigir à multidão alvoroçada, dizendo: “Eu sou judeu, nasci em Tarso da Cilicia…” (At 22.3). Seus pais eram judeus. O sangue que corria em suas veias era o mesmo que corria nas veias do patriarca Abraão. Ao combater a ideia errada dos falsos mestres judaizantes, que nutriam uma falsa confiança na sua linhagem judaica, Paulo responde: “Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais: circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus…” (Fp 3.4,5). Paulo era um judeu puro sangue. Um judeu da gema. Procedia da mais importante tribo israelita, a de Benjamim. (Lopes, Hernandes Dias. Paulo, o Maior Líder do Cristianismo. Editora Hagnos. 1 Ed. 2009).  

 O próprio testemunho de Paulo, certamente, aponta para esta direção. Um israelita circuncidado da tribo de Benjamin, que falava a língua aramaica em sua casa, herdeiro da tradição do farisaísmo, estrito observador das exigências da Torá, e mais avançado no judaísmo do que seus contemporâneos, era o primeiro e o mais proeminente entre os judeus (Fp 3.5,6; Gl 1.14). Estas qualidades estavam tão enraizadas na sua alma, que até mesmo quase no final de sua vida, ele falaria com um honesto apreço daquela herança. Mais de 20 anos depois de sua conversão cristã, ele dizia; “Eu sou fariseu, filho de fariseu! No tocante à esperança e ressurreição dos mortos sou julgado!” (At 23.6). Mesmo depois desta afirmação, ele declarou: “Sirvo ao Deus de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na Lei e nos Profetas” (At 24.14). Contudo, ele era um judeu da Dispersão, nascido em Tarso (ç/.y.) da Cilicia, um lugar que não era insignificante (At 21.39), Quando criança viveu no meio da cultura grega, um lugar de educação e comércio. “Era a cidade cujas instituições reuniam melhor e mais completamente, o caráter oriental e ocidental” (Ramsay, Cítíes, p. 88). (PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1473).    

  2. Paulo foi criado dentro da fé judaica.   A circuncisão foi uma lei obedecida pelos pais de Paulo, que o circuncidaram aos oito dias de nascido (Fp 3.5). Uma vez que os judeus valorizavam muito as genealogias, o apóstolo se declarou da tribo de Benjamim. Dentro da fé judaica, Paulo se tornou um defensor ardoroso da Torah, e obedecia a todas as regras e leis requeridas, especialmente, pelos fariseus. Ele era um religioso extremamente zeloso, no sentido de cumprir piamente a lei de Moisés (Gl 1.14). O apóstolo deu testemunho de que havia sido instruído no conhecimento da Torah desde sua meninice aos pés do rabino Gamaliel, pois conhecia tudo de ritos, Leis e regras que regiam o Santuário e Israel.    

Comentário

  O pai de Saulo investiu no futuro de seu filho para ser um fariseu, uma vez que ele mesmo era um fariseu atuante em Tarso. Depois de desmamado e já um menino, seu pai levou-o para Jerusalém para aprender com o grande rabino fariseu Gamaliel as primeiras lições para sua formação farisaica (At 22.3). Após isso, Saulo voltou à terra do seu nascimento (Tarso), tendo 12 ou 13 anos de idade, e lá aprendeu uma profissão, a saber, a de tecelão de tendas. O rito da circuncisão foi cumprido pelos pais de Paulo, que o circuncidaram aos oito dias de nascido (Fp 3.5). Uma vez que os judeus valorizavam muito as genealogias, Paulo declarou-se ter vindo da tribo de Benjamim. Dentro da fé judaica, Paulo tornou-se um ardoroso defensor da Torá, que obedecia a todas regras e leis requeridas, especialmente pelos fariseus. Ele tornou-se um religioso extremamente zeloso no sentido de cumprir piamente a Lei de Moisés (Gl 1.14). Paulo deu testemunho de que havia sido instruído no conhecimento da Torá desde a sua meninice aos pés do rabino Gamaliel. Era o maior sonho dos pais de Saulo vê-lo sendo educado em Jerusalém. Era em Jerusalém que se concentrava a história do seu povo, dos reis de Israel e dos grandes profetas. Em Jerusalém, ele gostava de estar entre os escribas e doutores da Lei. Ele sabia tudo acerca dos ritos, leis e regras que regiam o Santuário de Israel. A escola onde Saulo aprendeu e tornou-se um fariseu era chamada a “Escola de Hilel”, o grande nome entre os rabinos da época. O zelo fervoroso de Saulo pela doutrina dos fariseus era demonstrado no modo como ele tratou os cristãos no princípio (At 26.5). (Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021).  

 Paulo foi criado dentro da fé judaica. Paulo nasceu em Tarso da Cilicia. Seus pais o educaram na fé judaica, uma vez que foi circuncidado ao oitavo dia (Fp 3.5). Desde sua infância, bebeu o leite da piedade e aprendeu os preceitos da lei de Deus. Jamais foi um jovem devasso. O zelo sempre ardeu em seu peito. Seu propósito em servir a Deus foi o vetor que governou sua vida. Dominava com grande desenvoltura o conhecimento da lei e as opiniões mais importantes dos grandes mestres de sua época. Ele se destacava dentro do judaísmo. Chegou mesmo a declarar: “E, na minha nação, quanto ao judaísmo, avantajava-me a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais” (Gl 1.14). Paulo foi educado em Jerusalém aos pés de Gamaliel. Perante grande multidão em Jerusalém, Paulo dá seu testemunho: “… criei-me nesta cidade e aqui fui instruído aos pés de Gamaliel, segundo a exatidão da lei de nossos antepassados, sendo zeloso para com Deus, assim como todos vós o sois no dia de hoje” (At 22.3). Jerusalém era a cidade santa. Lá estavam os escribas e doutores da lei. Lá estavam o templo e os sacrifícios. Lá estavam a lei e as cerimônias. Lá estavam os sacerdotes e os rabinos. Lá estava o sinédrio. Essa cidade transpirava religião. Tudo girava em torno do sagrado. Na cidade de Davi, Paulo foi instruído aos pés de Gamaliel, o maior e o mais ilustre rabino daquela época, homem culto, sábio e piedoso. Ele foi instruído segundo a exatidão da lei dos seus antepassados. Conhecia bem de perto as tradições do seu povo. Sabia de cor as inúmeras regras e preceitos criados pelos anciãos. A tradição oral, fruto da interpretação meticulosa e extravagante dos escribas, era observada cuidadosamente por esse jovem brilhante. (Lopes, Hernandes Dias. Paulo, o Maior Líder do Cristianismo. Editora Hagnos. 1 Ed. 2009).  

 Os pais de Paulo eram fariseus, membros do partido mais fervoroso do nacionalismo judaico e severo na obediência à lei de Moisés. Eles buscavam proteger seus filhos da contaminação. Amizades com crianças gentias eram desencorajadas. As ideias gregas eram também desprezadas. Embora Paulo soubesse falar grego desde a infância, a língua franca, e tivesse algum conhecimento de latim, sua família falava em casa o aramaico, a linguagem da Judéia, um derivado do hebraico. Eles consideravam Jerusalém como os muçulmanos consideram Meca. Seus privilégios como homens livres de Tarso e cidadãos romanos não eram nada frente à elevada honra de serem israelitas, o povo da promessa, os únicos a quem o Deus vivo revelara a sua glória e os seus planos… No seu décimo terceiro aniversário, Paulo já dominava a história judaica, a poesia dos salmos, a literatura majestosa dos profetas. Seus ouvidos foram treinados à perfeição, e um cérebro ágil como o seu podia reter o que ouvia tão automática e fielmente quanto a “mente fotográfica” moderna retém uma página impressa. Ele estava pronto para uma educação superior. Isso aos treze anos. Pollock continua: Um fariseu rígido não iria confundir o filho com filosofia moral paga. Portanto, provavelmente no ano em que Augusto morreu, 14 d.C., o adolescente Paulo foi enviado por mar à Palestina e subiu os montes até Jerusalém. Durante os cinco ou seis anos seguintes, ele sentou aos pés de Gamaliel, neto de Hillel, mestre supremo, que alguns anos antes morrera com mais de cem anos. Sob o frágil e amável Gamaliel, um contraste com os líderes da rival Escola de Shammai, Paulo aprendeu a dissecar um texto até que vários significados possíveis fossem revelados segundo a opinião abalizada de gerações de rabinos […] Paulo aprendeu a debater no estilo perguntas-e-respostas, conhecido no mundo antigo como “diatribe”, e a expor, pois um rabino não era só parte pregador, como também parte advogado, que processava ou defendia os que quebravam a lei sagrada. Paulo superou seus contemporâneos. Tinha uma mente poderosa que poderia levá-lo a uma cadeira no Sinédrio, na Galeria das Pedras Polidas, e torná-lo um “principal dos judeus”. Saulo esperava ansiosamente o dia em que se tornaria membro do Tribunal Supremo dos Judeus, chamado então de Sinédrio. Juntos, aqueles setenta e um homens administravam a vida e a religião judia sentados em bancos curvos numa sala de tribunal — exatamente o lugar onde tinham ouvido Estêvão fazer sua corajosa, embora fatídica, confissão de fé. Saulo, agora um advogado bem-sucedido nos tribunais movimentados de Jerusalém, fizera provavelmente parte da audiência maior que ouvira a defesa de Estêvão. Ele mal tinha ideia, então, de como Deus usaria os eventos que levaram e que se seguiram à morte do jovem discípulo para mudar dramaticamente sua vida e causar impacto sobre a história religiosa. (SWINDOLL. CHARLES R., Paulo Um homem de coragem e graça. Ed. 2003. Editora Mundo Cristão. pag. 20-21).  

    3. O mundo: palco da mensagem de Paulo ao povo gentílico. O mundo missionário dos apóstolos de Jesus restringia-se, numa visão inicialmente limitada, apenas ao povo judeu (At 11.19). Quando o Senhor convocou Paulo, o chamou pelas características de que precisava para disseminar o Evangelho no mundo gentílico. As culturas romana e grega que Paulo adquiriu, davam-lhe condições de peregrinar pelo mundo gentílico. Ele plantou igrejas na Galácia, Acaia e Ásia Menor. O apóstolo não se importava com status social, pois tinha bagagem cultural para entrar nos palácios, nos sinédrios judeus, nas praças do Areópago em Atenas. Portanto, o mundo dos gentios foi o palco que o Espírito Santo montou para que Paulo pregasse o nome de Jesus e estabelecesse novas igrejas por onde passasse. O mundo de hoje é esse mesmo palco que o Espírito Santo preparou para que preguemos o Evangelho com a graça de Deus.    

Comentário

  Os apóstolos que estiveram com Jesus demoraram a entender que a mensagem do evangelho não se restringia numa visão limitada inicialmente e apenas ao povo judeu (At 11.19). Naturalmente, não levou muito tempo para que aqueles discípulos que estiveram com Jesus entendessem que o evangelho deveria romper culturas e alcançar outros povos. Não foi por acaso, nem tampouco um erro de cálculo do Senhor quando convocou a Paulo e chamou-o porque ele tinha as caraterísticas de quem seria capaz de romper fronteiras sociais, culturais e geográficas para dimensionar o evangelho. A cultura romana e grega que Paulo havia adquirido davam-lhe condições de perpetrar o mundo gentílico. Ele formou comunidades cristãs na Galácia, Acaia e Ásia Menor. Ele não se importava com status social, porque tinha bagagem cultural para entrar nos palácios, nos sinédrios judeus, nas praças e até no famoso Areópago em Atenas. O Areópago era a mais antiga instituição ateniense e, segundo a lenda, fora estabelecido pela máxima divindade ática — a deusa Atenas. No século V a.C., os areopagitas perderam considerável parcela de sua autoridade, em virtude da implantação da democracia ateniense. Não obstante, conservaram, por muito tempo, uma não desprezível força moral. Segundo alguns estudiosos, quando da visita de Paulo a Atenas, tinha o Areópago uma única função: examinar os preletores públicos […]. Preparava-se Paulo para derrubar postulados sacralizados pelos gregos durante vários séculos. Anunciar-lhes-ia o Evangelho de Cristo. O apóstolo foi acusado, de igual modo, de pregar deuses estranhos […]. Com base nessas acusações é que Paulo foi levado ao Areópago. Lá exporia o Evangelho de Cristo ante homens que, em tudo, procuravam detalhadas explicações. Chegando ao Areópago, perguntam-lhe: – “Poderemos saber que nova doutrina é essa que ensinas? Posto que nos trazes aos ouvidos cousas estranhas, queremos saber que vem a ser isso (At 17.19 e 20). Seus inquiridores estavam ávidos, queriam ouvi-lo. (ANDRADE, 1986, pp. 55-57) Portanto, o mundo dos gentios foi o palco que o Espírito Santo montou para que Paulo pregasse o nome de Jesus e estabelecesse novas igrejas por onde ele passava. Foi em Antioquia da Pisídia que Paulo encontrou o ponto de partida para as suas viagens missionárias (At 13.1,44-49). (Cabral. Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021).  

 O Vocábulo. Quanto ao vocábulo «gentio» precisamos examinar tanto o original hebraico quanto o original grego:

  1. No hebraico, goyim, e significa nações” ou estrangeiros», em contraste com Israel. E a palavra quase sempre aparece no plural no Antigo Testamento. Ver Gen. 10:5; Juí, 4:3; lsa. 11:10: 42:1,6; 49:6,22: 54:3; 61:6; Jer, 4:7: 4:22: Lam. 2:9; Eze. 4:13; Osé. 8:8; Miq. 5:8, etc.
  2. No grego, ethnos. termo genérico que indica «nação», mas incluindo a nação de Israel. Ver Mato 24:7; Atos 2:5 (e também lsa. 7:5 e 23:2). Paulo contrasta Judeus e gentios em Rom. 2:9.10. Mas ali usa o termo grego ellen, a fim de indicar C Walquer pessoa que não fosse judia, mas que falasse o grego. Ver também Joio 7:35 e Rom. 3:9 quanto a esse uso do termo. Tal uso explica-se porque, nos dias do Novo Testamento, o grego tomara-se a Ungua universal, e quem falasse o grego nem sempre era de sangue grego. (CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 2. pag. 887).    

 

 O apóstolo Paulo foi, certamente, o maior evangelista, o maior teólogo, o maior missionário e o maior plantador de igrejas de toda a história do cristianismo. Plantou igrejas nas províncias da Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia Menor. Nenhum homem exerceu tanta influência sobre a nossa civilização. Nenhum escritor foi tão conhecido e teve suas obras tão divulgadas e comentadas quanto ele. Embora tenha vivido sob fortes pressões internas e externas, não deixou jamais sua alma ficar amargurada. Paulo foi o maior bandeirante do cristianismo, seu expoente mais ilustre, seu arauto mais eloquente, seu embaixador mais conspícuo. Pregou com zelo aos gentios e aos judeus, nas escolas, cortes, palácios, sinagogas, praças e prisão. Com a mesma motivação, pregou quando tinha fartura e também quando passava por privações. Ele enriqueceu muitos, sem nada possuir. Embora tenha experimentado fome e frio, suportado cadeias e tribulações, passado os últimos dias numa masmorra e enfrentado o martírio por ordem de um imperador insano, sua vida ainda inspira milhões de pessoas em todo o mundo. (LOPES. Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos).    

 

CONCLUSÃO

A cultura geral que Paulo adquiriu ao Longo da vida tornou-o capaz de enfrentar os oponentes do Evangelho com ousadia e ciência. Diante de reis, governadores, tribunos e autoridades religiosas, o apóstolo era excelente orador e arguto no conhecimento de várias ciências. Paulo tinha uma personalidade forte e dinâmica, orientada por convicções profundas, e perseguia seus objetivos com desvelo e grande envolvimento emocional. O mundo do apóstolo foi o que Deus lhe abriu para que comunicasse o Evangelho de Cristo.  

 

PARA REFLETIR

 

A respeito de “O Mundo do Apóstolo Paulo”, responda:

 

·         Paulo era natural de qual cidade?

  Tarso, capital da Cilicia.  

·         O que Atos 9 mostra?

  Atos 9 mostra que, em sua infinita sabedoria e presciência. Deus separou Paulo e o chamou a partir de uma experiência espiritual sobrenatural, bem diferente dos demais apóstolos, para levar o nome de Jesus ao mundo gentílico (At 9.15).  

·         Qual era a língua mundial nos dias de Paulo?

  O grego koiné.  

·         Como Paulo declara a sua defesa em Atos 22.3?

  Em Atos 22.3, Paulo declara a sua defesa assim: “Eu sou judeu, nascido em Tarso da Cilicia”.  

·         A quem se restringia o mundo missionário dos primeiros apóstolos?

  O mundo missionário dos apóstolos de Jesus restringia-se, numa visão inicialmente Limitada, apenas ao povo judeu (At 11.19).  

Subsídio elaborado por: Pb Alessandro Silva. Dispnível em: https://professordaebd.com.br/1-licao-4-tri-2021-o-mundo-do-apostolo-paulo/. Acesso em: 26 SET 21.