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13 de setembro de 2021

LIÇÃO 12: O REINADO DE JOSIAS

 


 

 

TEXTO AUREO

“Então, disse o sumo sacerdote Hilquias ao escrivão Safã; Achei o livro da Lei na Casa do Senhor. E Hilquias deu o livro a Safã , e ele o leu ” (2 Rs 22.8)

 

VERDADE PRATICA

Nos dias de hoje, Deus ainda levanta homens e mulheres dispostos a combater a cultura da idolatria que se perpetua através das gerações.

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

2 Reis 22.3-5,8;23.2-5,21,22,25

 

COMENTÁRIO INTRODUÇÃO

 

Josias foi o último dos reis justos de Judá. Nunca houve um rei como ele que se voltasse para o Senhor de todo o coração. Este grande monarca e fiel homem de Deus expurgou o país de todas as falsas divindades ali colocadas por seus ancestrais. E ao saber que o livro da Lei havia sido encontrado dentro do Templo, iniciou em seu reino a maior e mais impactante renovação espiritual vista entre todas as tribos de Israel.

 

Comentário

Trinta e um anos . 640—609 a.C. Durante o reinado de Josias, o poder no antigo Oriente Médio passou da Assíria para a Babilônia. Nínive, a capital da Assíria, foi destruída pelos babilônios em 612 a.C., e o Império Assírio caiu em 609 a.C. Josias foi o último bom rei da linha davídica antes do exílio babilônico. Jeremias (Jeremias 1:2) e, possivelmente, Habacuque e Sofonias (Apocalipse 1:1) foram profetas em Judá durante o reinado de Josias. (MAC ARTHUR. Comentário Bíblico Genesis a Apocalipse, Versículo por versículo. Editora: Thomas Nelson).

 

A perspectiva do autor de Reis e Crônicas, Josias foi um dos melhores reis que Israel teve, pois limpou o Templo de muitas divindades, dos rituais e da simbologia pagã que haviam colocado nele, a saber: à estaca sagrada (poste-ídolo), o aposento das prostituições sagradas, lugar onde as mulheres teciam véus para Aserá, os cavalos e o carro do deus Sol ali colocados pelos reis de Judá e os altares que os reis de Judá tinham levantado no terraço (2 Rs 23.4-12). Ele também destruiu os altares, os ídolos e os rituais em vários locais fora de Jerusalém e nos lugares altos das cidades. Fez uma limpeza geral contra as formas de adoração idólatras que se haviam instalado em Israel e que foram instituídas pelos reis que o antecederam. Inclusive os altares a deuses que foram introduzidos por Salomão também foram destruídos por Josias. Ele aniquilou toda uma cultura idólatra e trabalhou para que os sacerdotes dessas divindades também perdessem os seus postos.

O seu nascimento foi profetizado aproximadamente 300 anos antes, quando um profeta anônimo foi enviado à Jeroboão enquanto este sacrificava aos seus falsos deuses, dizendo o que segue: E eis que, por ordem do Senhor, um homem de Deus veio de Judá a Betel; e Jeroboão estava junto ao altar, para queimar incenso. E clamou contra o altar com a palavra do Senhor e disse: Altar, altar! Assim diz o Senhor: Eis que um filho nascerá à casa de Davi, cujo nome será Josias, o qual sacrificará sobre ti os sacerdotes dos altos que queimam sobre ti incenso, e ossos de homens se queimarão sobre ti. (1 Rs 13.1,2)

Ele reinou de 639–609 a.C., foi filho de Amom e neto de Manassés, um dos piores reis de Israel em termos de idolatria. Foi esse rei que, acredita-se, mandou serrar o profeta Isaías ao meio por causa das suas denúncias proféticas contra a idolatria. Conforme o relato bíblico sobre Manassés:

De mais disso, também Manassés derramou muitíssimo sangue inocente, até que encheu a Jerusalém de um ao outro extremo, afora o seu pecado, com que fez pecar a Judá, fazendo o que era mal aos olhos do Senhor. (2 Rs 21.16)

Essa afirmação bíblica sobre Manassés demonstra que os descendentes não são necessariamente fadados a repetir os mesmos erros dos seus antecessores.

A ascensão de Josias ao trono aconteceu após o assassinato do seu pai, que foi alvo de uma conspiração, porém os conspiradores foram dominados pelo povo de Judá, favorável à dinastia davídica, que entronizou Josias aos oito anos de idade (2 Rs 21.24; 22.1; 2 Cr 33.25).

Certamente, ele reinou por intermédio de tutores até ter condições de exercer o seu reinado por iniciativa própria, mas o texto bíblico não indica quem poderia ter sido o seu tutor. Há indicativos de que, provavelmente, tenha sido um sacerdote do Templo, como foi no caso de Joás; daí se explica o seu fervor religioso. O seu nome significa “Yahweh sustenta”, um nome sugestivo diante dos desafios que enfrentou para reformar a religião verdadeira em Judá. Todavia, o seu reinado também poderia ter acontecido em corregência com a sua mãe, Jedida.

A reforma religiosa iniciou-se quando Josias tinha 16 anos de idade e atingiu o seu clímax quando ele estava reinando há 18 anos — portanto, com 26 anos de idade. Levou dez anos para pôr em prática todas as mudanças necessárias, desde que iniciou a reforma (2 Cr 34.3). Como Judá estava em estado de suserania à Assíria nessa época, foi preciso certa cautela por parte de Josias, além das pressões internas do reino, que, nessa época, estava completamente contaminado, e a máquina estatal aparelhada pela idolatria. Decerto, Josias aproveitou-se da morte de Assurbanipal, rei da Assíria, falecido em aproximadamente 632 a.C., para abandonar as divindades do rei soberano e iniciar as reformas.

A chamada do profeta Jeremias aconteceu durante o reinado de Josias, quando a reforma já havia iniciado aos 13 anos do seu reinado (Jr 1.2), provavelmente como uma consequência da volta à adoração verdadeira a Deus instituída por Josias. O profeta teceu elogios a Josias como tendo praticado a justiça e ter atendido ao aflito e ao necessitado (Jr 22.15,16). Jeremias dá uma indicação no seu livro de que, embora Josias não tenha poupado esforços para levar o povo a adorar a Deus de forma correta, a idolatria estava tão entranhada no coração do povo que o profeta continuou profetizando contra tal prática (Jr 2–6) Depois da morte de Josias, o povo voltou imediatamente à prática desenfreada da idolatria (2 Rs 23.32, 37), pois os seus dois filhos que o sucederam foram idólatras. Josias lutou praticamente sozinho para tirar a nação de Israel do caos político e da idolatria como jamais fora visto desde os tempos de Samuel.

Essa dificuldade em exterminar completamente a idolatria, especialmente no meio do povo, é confirmada pelo profeta Sofonias, quando este afirma que havia um resto de adoração a Baal que seria exterminado juntamente com os seus sacerdotes (Sf 1.4-6), referindo-se ao exílio babilônico. Sofonias foi profeta em Judá durante o reinado de Josias (1.1); logo, foi contemporâneo de Jeremias.

A chaga de Judá estava purulenta diante de Deus. Embora a reforma de Josias tenha sido uma das maiores que um rei levou a cabo, Jeremias sabia que o arrependimento do povo era superficial, pois bastaria Josias morrer para tudo voltar a ser como era antes.

Talvez precisasse de mais uma geração ser impactada por um bom rei para surtir resultados; foi por isso que Jeremias profetizou: Disse-me, porém, o Senhor: Ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, não seria a minha alma com este povo; lança-os de diante da minha face, e saiam. E será que, quando te disserem: Para onde iremos? Dir-lhes-ás: Assim diz o Senhor: Os que são para a morte, para a morte; e os que são para a espada, para a espada; e os que são para a fome, para a fome; e os que são para o cativeiro, para o cativeiro. Porque os visitarei com quatro gêneros de males, diz o Senhor: com espada para matar, e com cães, para os arrastarem, e com as aves dos céus e os animais da terra, para os devorarem e destruírem. Entregá-los-ei ao desterro em todos os reinos da terra; por causa de Manassés, filho de Ezequias, rei de Judá, por tudo quanto fez em Jerusalém. (Jr 15.1-4)

Josias, portanto, foi a promessa de Deus sobre Judá, bem como uma figura do Messias vindouro, de que a idolatria não teria prevalência sobre os seus reis, mas a raiz de Jessé brotaria ainda que a nação fosse um monte de troncos queimados (ver Is 6.12,13). Infelizmente, Josias foi morto em campo de batalha contra o Egito, batalha esta que ele não precisava ter-se envolvido. O profeta Jeremias compôs um lamento pela morte de Josias, que foi entoado durante um longo tempo pelos judeus (2 Cr 35.25). (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).

 

Josias foi a inspiração do autor sacro, bem como o peso real de seu tema, do começo ao fim, pois com Josias, o grande reformador, são comparados todos os reis, do norte e do sul. Foi ele o rei de Judá que pôs em prática os mandamentos e os estatutos do livro da Lei, que fora achado no templo, e até 610 A. C., o Senhor o recompensou com prosperidade e sucesso” (Norman H. Snaith, in loc.).

Apesar dessa maré de bom governo, ainda assim Judá iria para o cativeiro na Babilônia. Após a morte de Josias, esse evento ocorreu, quinze anos mais tarde. Quanto a completas informações sobre esse acontecimento, ver no Dicionário o artigo chamado Cativeiro Babilónico. Josias foi um dos melhores, se não o melhor, dos reis de Judá, depois de Davi, naturalmente. Paz, prosperidade, reformas e espiritualidade caracterizaram o seu reinado. Ele foi um rei modelar, mas o seu exemplo em nada contribuiria para salvar Jerusalém da calamidade que se aproximava rapidamente. A maior parte de Judá já havia sido deportada, e as cidades tinham sido destruídas (ver II Reis 18.13). A capital, Jerusalém, mediante uma proteção miraculosa (ver II Reis 19.35) tinha sido capaz de resistir à Assíria, mas outro tanto não aconteceu no caso da Babilônia. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1556-1557).

 

O reinado e a reforma de Josias (22.1 — 23.30)

Conforme Crônicas 34 — 35. O historiador dedica bastante espaço ao último rei devoto de Judá antes do exílio. Embora Jeremias, o profeta contemporâneo, não seja mencionado, este elogiou Josias (Jr 22.15-16), e o profeta Sofonias (1.1) estava em atividade durante esse reinado.

A estrutura da história segue o padrão habitual, com uma introdução (22.12) e notas sobre os principais pontos históricos, principalmente os reparos no templo (v. 3-7), e a descoberta do Livro da Lei (v. 8-10) e a reação do rei a esse respeito. Depois, temos a resposta da profetisa Hulda quando consultada (v. 1420) em duas profecias: uma a respeito do futuro de Jerusalém (v. 15-17), a outra sobre o favorecimento a Josias quando este evitou a queda final da cidade (v. 18-20). A leitura do livro em público resultou tanto na reafirmação do pacto divino (23.1-3), quanto em uma série de atos de reforma baseados nos ensinamentos contidos nesse pacto (v. 4-25). Por todo o livro e no final, o historiador ressalta a afirmação e o cumprimento da profecia (v. 26-27). A fórmula de encerramento do reino é fornecida (v. 28-30).

O Cronista (2Cr 34 — 35) parece apresentar uma sequência de eventos em dois estágios: (i) a purificação das práticas religiosas em Judá, Jerusalém e Naftali, no décimo segundo ano de Josias, e (ii) a continuidade da reforma, estimulada pela descoberta do Livro da Lei no décimo oitavo ano. Mas esta deve ser uma apresentação a fim de se encaixar com a ênfase particular do Cronista.312 Aqueles que seguem esta interpretação ligam a primeira ação com a morte de Assurbanipal da Assíria, 627 a.C., o que encorajou Judá a trabalhar pela independência durante as incertezas que permearam a sucessão tanto na Assíria quanto na Babilônia. Outros veem a crescente influência de grupos anti-assírios em Judá forçando uma ruptura, ou interpretam a narrativa em duas linhas: (i) o primeiro estágio da reforma após a descoberta do livro (22.3 — 23.3), e (ii) reformas feitas sem qualquer referência específica ao livro da lei (23.4-20). Este último pensamento é improvável em vista do quadro coerente das referências à linguagem e a teologia do Deuteronômio contidos em toda a parte, e do histórico de reformas anteriores em Judá. Muitos veem as reformas como tendo sido estimuladas pela descoberta do pergaminho.

Pode não ser possível determinar a natureza exata do Livro da Lei (cf. Introdução, p. 20). Aqueles que argumentam que este texto foi escrito ad hoc aqui no reino de Josias, não podem explicar as mudanças levíticas e outras descrições “fora de lugar”, assim, veem-no como uma “respeitosa fraude”. Da mesma forma, aqueles que veem o livro como o Pentateuco completo, devem entender que apenas partes foram lidas publicamente com a compreensão total duas vezes em apenas um dia. Isto também indica que, se o presente livro fosse Deuteronômio, apenas o corpo legal e as maldições (/’. e. sem a introdução, caps.

1 — 11, e o epílogo, 31 — 34) deveriam estar na cópia redescoberta. Todavia, uma vez que o segundo plano é essencial para a sua interpretação, a totalidade dos pergaminhos deve ter sido encontrada completa. A identificação com Deuteronômio apoia-se na dependência de algumas ações de Josias quanto a este livro (p. ex. 23.9, cf. Dt 18.6-8; e o impacto das profecias ao predizerem o exílio; o apoio que Dt 17.14 dá às aspirações nacionalistas e etc.).

Existe uma opinião crescente de que Deuteronômio foi um produto de sacerdotes que fugiram do reino do norte antes da queda de Samaria. Isto requer a hipótese de que originalmente, este texto referia-se ao santuário em Siquém e teve que ser revisado a fim de condizer com o culto centralizado exclusivamente em Jerusalém. Sugestões de que este livro tenha sido colocado no templo por um grupo pró-reformas e que a história da descoberta se deveu a uma interpretação posterior, ou que o texto foi composto no tempo de Ezequias a fim de apoiar as reformas, todas são hipóteses sem evidências.

Muitos sustentam que Deuteronômio tem elementos originais anteriores a Moisés (subdeuteronômio). A visão sustentada aqui é de que a história (e o pacto com a lei), foi escrita logo após sua compilação, e não além do período de Juízes ou do início da monarquia. A relação entre Deus e seu povo com base no pacto foi uma tradição contínua (v. Introdução, p. 18 em diante). Deuteronômio bem pode ter estado perdido por gerações e não ter sido lido durante os reinos de Manassés, Amom e nos primeiros dias de Josias. (Harvey E. Finley. Comentário Bíblico Beacon I e II Reis. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 255-257).

 

 

I – JOSIAS REPARA O TEMPLO

 

1.“Achei o livro da Lei no Templo do Senhor”. Com seu desejo de realizar reparos na Casa do Senhor, Josias ordenou a Safã, o escrivão, e a outros assessores, que fossem ao encontro do sumo sacerdote Hilquias e arrecadassem todos os possíveis recursos financeiros (2 Rs 22.4). Pode-se imaginar a enorme surpresa que teve o escrivão do rei ao receber do sumo sacerdote Hilquias a notícia de que o Livro do Senhor havia sido achado dentro da Casa do Senhor (2 Rs 22.8). Por este relato percebe-se como era o nível de desinteresse das coisas de Deus por quem deveria zelar, não apenas pelo sagrado Livro, mas pelo cumprimento das leis divinas expressas nele.

 

Comentário

Quando o escrivão do rei foi enviado a conversar com o sacerdote Hilquias, cujo nome significa “Javé é minha porção”, para iniciar e organizar a reforma do Templo, este lhe comunicou que havia achado o livro da Lei de Moisés. Hilquias achou o livro, mas não se mostrou surpreso pelo seu conteúdo, pois tudo indica que tivera contato com ele anteriormente. O achado do livro dentro do Templo obviamente significa que ele estava perdido naquele lugar, mas isso parece muito incoerente. Como o livro da Lei de Moisés poderia ter se perdido dentro do Templo? Talvez pelo motivo exposto adiante: de que um escriba zeloso propositadamente o tivesse guardado; só que o real motivo foi, provavelmente, o descaso para com o livro que a idolatria sistematizada ocasionou à liderança religiosa e civil.

Dessa forma, a lassidão espiritual e o relaxamento religioso daqueles que deveriam zelar não apenas pela guarda, mas também pelo cumprimento da Lei fez com que o mais precioso livro fosse perdido paradoxalmente dentro do lugar onde ele deveria ser guardado e anunciado com veemência.

A perda do livro dentro do Templo, portanto, é uma realidade factível ainda hoje. Seria impossível perder a Palavra de Deus materialmente, pois a temos em milhões de cópias e, mais recentemente, em meios digitais dos mais variados tipos e variações.

Nunca nos faltarão exemplares físicos ou eletrônicos da Bíblia, mas, assim mesmo, ela poderá ser perdida cada vez que a negligenciamos, como bem afirmou Tiago: E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não cumpridor, é semelhante ao varão que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e foi-se, e logo se esqueceu de como era. Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito. (Tg 1.22-25)

Portanto, é preciso pro atividade em relação à observância, ao cumprimento e à obediência àquilo que a Palavra de Deus diz; não uma observância exterior e hipócrita, mas uma observância que parte de um coração adorador. O cerne do entendimento da Palavra de Deus é estabelecer um relacionamento com o seu autor para compreendê-la espiritualmente, pois o seu conteúdo é relacional, porque contamos com a presença do seu autor, o Espírito Santo. As principais mudanças tomadas em nossa vida são feitas num relacionamento espiritual com a Palavra de Deus e o seu autor.

A Palavra de Deus serve-nos primordialmente de duas maneiras: (1) através do confronto, com a sua voz moral e ética, e (2) através do conforto, com a sua voz amorosa e consoladora. Muitas pessoas veem a Palavra de Deus apenas como conforto em tempos de angústia, mas ela não serve somente para isso. A sua função também é causar desconforto diante do pecado e dos desvios da própria Palavra. Assim, para que ela, de fato, produza conforto permanente, na maioria dos casos precisará produzir desconforto ao confrontar a miserabilidade do pecador. A Palavra de Deus cria algo novo em nossas entranhas e gera mudanças de comportamentos, hábitos, vícios e abandono de pecados. Dessa forma, é preciso deixar a Palavra ler a alma humana, invertendo-se a forma natural de leitura.

Por isso, o salmista escreveu: “Guardei no coração a tua palavra para não pecar contra ti” (Sl 119.11, NVI). A versão bíblica A Mensagem substitui “pecar contra ti” por “entrar em falência”, o que demonstra a impossibilidade de prosperidade humana sem ter a Palavra de Deus como bússola infalível.

A perseverança no estudo da Palavra de Deus e a meditação trarão mudanças significativas ao caráter e aos pensamentos. A vida é regida pelos pensamentos (estabelecidos pelo ambiente social, familiar e educacional). Assim, se a mente e o coração estão saturados dela, logo pensamentos equivocados adquiridos durante a vida podem ser modificados e transformados para uma substancial melhora na qualidade de vida, como a própria Palavra afirma: Portanto, esforcemo-nos por entrar nesse descanso, para que ninguém venha a cair, seguindo aquele exemplo de desobediência. Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções do coração. (Hb 4.11,12, NVI)

George Müller (1805–1898) disse que se dedicava a orar com a Bíblia e a meditar nela. Segundo ele mesmo disse, o resultado quase invariavelmente é que, depois de uns poucos minutos, minha alma é levada a confessar, ou agradecer, ou interceder, ou suplicar; de modo que, apesar de eu não me dedicar à oração diretamente, mas à meditação, ela se transformava quase imediatamente mais ou menos em oração.

[…] O resultado disso é que sempre há uma boa parte de confissão, ação de graças, súplica ou intercessão mesclada com minha meditação, e que meu homem interior é […] alimentado e fortalecido.

Esse mesmo impacto que a Palavra de Deus trazia para George Müller foi o mesmo da leitura do livro feita pelo rei Josias. Acredita-se que o pergaminho encontrado no Templo tenha sido Deuteronômio, pois é nesse livro que Moisés alerta Israel quanto às consequências drásticas de não seguirem a Lei de Deus (Dt 17.14-16).

Conforme o historiador Eugene H. Merrill, a teologia liberal afirma que o livro encontrado pode ter sido uma tentativa de alguns profetas ou sacerdotes incentivarem uma renovação religiosa, escrevendo um livro e colocando-o estrategicamente no Templo, E com propósito de conseguir apoio canônico para suas palavras, atribuíram-nas à Lei de Moisés. A obra poderia estar relacionada diretamente à tradição mosaica, mas certamente não fora escrita pelo próprio Moisés, e sim por escribas anônimos do sétimo século. Talvez ela tenha sido escrita por um movimento secreto nos dias de Manassés […].

Essa suposição não se sustenta pelo fato de que a tradição judaica estabelecia o Pentateuco como de autoria mosaica e também pelo fato de as autoridades da época, tanto escribas quanto sacerdotes, não dariam importância para um livro cuja autoridade mosaica era duvidosa e não possuísse tradição.

Escassez de cópias de manuscritos antigos talvez fosse o motivo de o livro ter sido perdido, mas, se foi esquecido, então a situação é pior, pois é mais uma prova de que até mesmo os sacerdotes e escribas estavam desviados do seu propósito principal de serem os defensores da Lei de Moisés. Conforme Merril, talvez existissem apenas, em boa parte da história de Israel, no máximo 12 cópias dos escritos do Antigo Testamento, cujos exemplares eram cuidadosamente preservados de guerras, catástrofes, furtos, destruição proposital ou até mesmo desintegração devido ao tempo e ao manuseio. Certamente, um escriba ou sacerdote zeloso cuidou de esconder, em termos de apostasia, uma cópia da Lei de Moisés para que fosse encontrada em momento oportuno, como o foi no reinado de Josias. (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).

 

Instruções Referentes ao Templo (22.3-7)

O relato do reinado de Josias, comparado a outras narrações, não tinha, primariamente, o objetivo de ser uma sequência cronológica de eventos, mas, ao contrário, uma apresentação dos aspectos de grande importância religiosa. A sequência desses eventos em 2 Crônicas está mais próxima de ser cronológica. O ano décimo oitavo do rei Josias (3) é uma referência ao décimo oitavo ano de seu reinado (622 a.C.). Entende-se que nem todos os eventos relatados nesta narração ocorreram, necessariamente, no décimo oitavo ano, mas, ao contrário, que este foi um ponto central de seu governo. Dos relatos em Crônicas, parece claro que algum reparo foi executado no Templo antes do décimo oitavo ano de Josias. Esta reforma (4-7) foi realizada de acordo com o padrão estabelecido por Joiada (cf. 12.9-15). (Harvey E. Finley. Comentário Bíblico Beacon I e II Reis. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 384).

 

Sobe a Hilquias, o sumo sacerdote. Ver sobre Hilquias, no Dicionário. Ele teria consciência de quanto tesouro o templo tinha para ser usado no custeio das obras de reparação. Uma oferta especial fora recolhida entre o povo, com esse propósito; por isso estamos supondo que os tesouros regulares do templo não seriam tocados com o propósito atual. Cf. o procedimento de Joiada, que recolheu dinheiro para fazer reparos no templo. No presente texto não somos informados sobre como as oferendas foram recolhidas. Caixas de coletas, sem dúvida, foram usadas. No primeiro século D. C., havia treze caixas coletoras para o recebimento de ofertas de caridade. Estavam espalhadas pelo átrio das mulheres, em lugares conspícuos. Essas caixas eram estreitas no alto e largas no fundo, e, popularmente, eram denominadas “trombetas”, por causa de seu formato peculiar.

Os guardas da porta. Essas caixas foram postas na entrada do átrio do templo, e havia guardas encarregados de vigiar as caixas, certificando-se de que o dinheiro seria apropriadamente recolhido. Eram levitas a quem esse dever fora atribuído (ver II Crônicas 34.9). O Targum chama essas coisas de tesouros do templo. Os guardas coletavam, guardavam, contavam e protegiam o dinheiro. Também parece que faziam o trabalho de vigilância na entrada do átrio do templo. Eles tinham a guarda dos tesouros gerais do templo como um de seus principais deveres.

Achei o Livro da Lei na casa do Senhor. Durante o processo de reparos do templo deu-se uma fantástica descoberta. Hilquias, o sumo sacerdote, encontrou por acaso uma cópia do Livro da Lei. Isso pode ser uma referência ao núcleo do livro de Deuteronômio. Alguns estudiosos, entretanto, pensam que esteja aqui em vista a totalidade do Pentateuco, ou consideráveis partes dele. Alguns limitam o achado aos capítulos 12 a 26 de nosso atual livro de Deuteronômio. Essa porção trata dos deveres essenciais do culto a Yahweh, juntamente com suas aplicações práticas. No extremo oposto, alguns supõem que a parte original do Pentateuco tenha sido achada, o que pode estar sendo destacado em II Crônicas 34.14. Mas por certo isso já é um exagero. Seja como for, um importante documento do Antigo Testamento foi encontrado, o qual orientaria as reformas religiosas de Josias.

Alguns intérpretes supõem que o sumo sacerdote tenha dramatizado o livro encontrado. Ele saberia muito bem onde o “livro” estava, e apresentou-o no tempo apropriado, a fim de ajudar nas reformas. “Nunca se saberá se Hilquias realmente achou o rolo, ou se ele sabia perfeitamente bem onde ele estava” (Norman H. Snaith, in loc.). Seja como for, o rolo tornou-se uma chave importante para a reforma.

Este versículo nos toma de surpresa. Subentende a natureza precária da preservação das Escrituras que existiam até aquele tempo. Poderia mesmo haver apenas uma cópia, e até essa ter ficado perdida por tantos séculos? John Gill (in loc.) supunha que essa tinha sido a cópia oficial do templo, mas outras cópias estivessem disponíveis, talvez em mãos de particulares. Mas o texto não dá a entender tal coisa. Jarchi supunha que a cópia tivesse sido encontrada em um buraco feito na parede, e os operários, ao fazerem os reparos, descobriram o rolo. Talvez Manassés tivesse destruído todas as cópias das Escrituras que pôde achar, e algum sacerdote escondeu uma única cópia em um buraco na parede do templo. (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1557-1558).

 

2. O rei rasgou suas vestes. Ao saber do conteúdo do livro, Safã, o escrivão, levou-o imediatamente ao rei Josias (2 Rs 22.10). O rei lê o livro tão avidamente, e ficou tão fascinado diante da realidade de haver descumprido seu conteúdo, que não tardou em rasgar suas próprias vestes em sinal de profunda tristeza e consternação (2 Rs 22.11). Ao ser impactado pela mensagem do livro, Josias não se justificou em razão dos próprios pecados, como fazem os que não querem confirmar suas vidas à vontade Soberana de Deus. O reino ocupou a ninguém; simplesmente se humilhou rasgando suas vestes, demonstrando a piedade do seu coração.

 

Comentário

Quando o escrivão Safã recebeu o livro das mãos de Hilquias, ele imediatamente tomou um tempo para lê-lo. Não se sabe se ele fez isso apenas por curiosidade ou se já queimava no seu coração o desejo por um avivamento, visto ser ele funcionário do rei, que, anos antes, começara a adorar a Deus no Templo. Certamente, toda a corte real já havia sido influenciada pela devoção do rei. Depois de tomar conhecimento do seu conteúdo, Safã levou o livro ao rei, que o leu tão avidamente e causou-lhe tanto impacto que, diante da percepção concreta de que haviam falhado grandemente em cumprir o seu conteúdo, ele rasgou as vestes, o que, na antiguidade, era um sinal de profunda consternação e tristeza. Isso mostra um profundo arrependimento e contrição por parte desse rei piedoso, mas também coragem de lutar contra aquilo que o seu pai e, principalmente, o avô haviam instituído. O rei sabia que não seria um trabalho fácil, pois toda a sociedade e todas as camadas dela estavam tomadas pela idolatria e, além disso, não estavam há tempos fazendo o culto a Deus corretamente.

A reação do rei não foi a de justificar-se diante dos seus pecados, como muitos fazem quando não querem deixar a vida que não se conforma com a vontade de Deus. Ele nem mesmo culpou a ninguém; simplesmente se humilhou e, em sinal exterior do que já havia acontecido no seu coração, rasgou as suas vestes. (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).

 

O sacerdote Hilquias me entregou um livro. E Safã o leu diante do rei.

Hilquias, sem dúvida, tinha sugerido que o livro fosse lido aos ouvidos do rei, e foi isso que Safã fez. Este versículo quase certamente indica que o “livro” foi uma parte do Pentateuco ou do Deuteronômio, e não o todo de algum livro. Ver os comentários sobre o oitavo versículo. Ou então, conforme poderíamos supor, o suficiente para mostrar que os reis de Judá (para nada dizermos sobre os reis de Israel) não tinham obedecido à palavra de Yahweh, e o julgamento seria, inevitavelmente, resultado dessa desobediência (vs. 13).

Este versículo brinda-nos ainda com outra surpresa. Temos de supor que o rei de Judá não era versado na lei mosaica. Ele deve ter sido essencialmente ignorante das Escrituras, que haviam sido escritas até o seu tempo. Essa ignorância nos deixa admirados. Nossa primeira surpresa é que as Escrituras tivessem sido tão precariamente preservadas, havendo tão poucas cópias delas (vs. 8). É evidente que os sacerdotes não tinham feito um bom trabalho de ensinar a lei ao povo, e até à família real. Se o tivessem feito, Josias não teria ficado chocado com coisa alguma que Safã lesse. Ele teria conhecido “tudo aquilo” há muito tempo. O ensino fora negligenciado, algo muito estranho para aquela casta cuja tarefa especifica era certificar-se de que o povo em geral conhecesse a lei. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia o artigo chamado Ensino. Ensine ou pereça. Note-se a importância dos livros no ensino.

O mestre efetua a eternidade.

Ele nunca pode saber onde sua influência parará.

(Henry Adams)

Todos os livros que eu li me transformaram — um pouco.

(John Updike)

Tendo o rei ouvido as palavras… rasgou as suas vestes. Josias ficou muito emocionado diante do que ouviu. Ele compreendeu imediatamente que os reis, grosso modo, não tinham obedecido aos mandamentos contidos nos livros sagrados. Ele antecipou o julgamento divino contra o povo negligente (vs. 13), e o cativeiro babilónico seria uma ofuscante ilustração do que acontecia a um povo desobediente. O rei era obrigado a conhecer e seguir a lei, e receber instruções especiais a respeito dela. O rei precisava ler diariamente a lei, e guardar todos os seus preceitos. O rei Josias, na ocasião, estava com vinte e seis anos, e é evidente que nunca seguira as instruções bíblicas dadas. Talvez houvesse apenas fragmentos da lei em disponibilidade, e mesmo esses fragmentos tinham sido negligenciados. Seja como for, o rei Josias ficou consternado e rasgou suas vestimentas. O rei também chorou, conforme somos informados no versículo 19 deste mesmo capitulo. (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1558).

 

3. Entendendo a vontade de Deus. Por ordem de Josias, o sumo sacerdote Hilquias e seus auxiliares foram consultar a profetisa Hulda para saberem se os pecados de Judá tinham atingido o nível do juízo divino (2 Rs 22.12-14; 2 Cr 34.22). Então a profetiza confirmou que Jerusalém realmente seria destruída, mas que por amor a Josias, isso aconteceria somente após a morte dele (2 Rs 22.18-20). Assim Deus demonstrou que ouviu a oração do rei; embora, a condenação de Judá estivesse sendo apenas adiada (Jr 11.9 17; 13.27).

 

Comentário

O rei Josias entendeu com exatidão o que a Lei de Moisés dizia, pois compreendeu que o Senhor estava irado com eles porque, da mesma forma como os seus antepassados, haviam negligenciado vários preceitos da Lei. Assim, ele enviou os seus mensageiros a consultarem a profetisa Hulda. Naquela época, era normal as pessoas servirem-se de alguém com dons especiais para saberem a vontade de Deus. Hoje, embora esses dons ainda operem livremente pelo Espírito Santo, é salutar que a comunhão íntima de cada um com o Senhor seja tão estimada que não se precise buscar ajuda de outros para ouvir a voz de Deus, pois o Espírito Santo testifica no coração de cada crente sobre qual é a vontade de Deus (Rm 8.16), da mesma forma como Paulo era guiado pelo Espírito Santo (At 13.2; 16.7).

A profetisa Hulda confirmou a certeza que o rei já tinha, e, de fato, o veredito celestial já estava feito: Jerusalém seria destruída, mas, por amor a Josias e pela sinceridade do seu arrependimento, isso aconteceria somente depois da sua morte, demonstrando, assim, que o Senhor ouviu a oração do rei e atentou para o seu arrependimento genuíno. Neste texto, a palavra hebraica para arrependimento (2 Rs 22.19) é rakak, que significa ser amolecido ou enternecido.

Arrependimento é um ataque sem tréguas contra toda impiedade e idolatria, a começar pela própria pessoa, como foi o caso de Josias. Só depois é que ele colocou em prática as maneiras de alcançar o maior número de pessoas para um novo pacto com o Senhor Deus. Nesse sentido, Richard Foster faz uma séria observação: Paixões desregradas são como crianças mimadas. Precisam ser disciplinadas, e não permitidas. […] Tendências à indolência não são controladas com ternura, mas com firmeza. […] Mediante a oração e a fé, fazemos do alimento um servo, e não o senhor. O quebrantamento de Josias é um exemplo muito importante que todo crente pode seguir na sua luta contra o pecado e, também, para reforçar o desejo de ser piedoso e temente a Deus. (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).

 

Ordenou o rei a Hilquias, o sacerdote. Uma Delegação. Vários homens importantes de Judá foram enviados para obterem um oráculo da parte de Yahweh, através de Sua profetisa Hulda (vs. 14). O fato de que o rei sentiu ser necessário enviar uma delegação oficial para inquirir sobre a questão mostra a grande importância que o Livro da Lei teve para ele. Estou calculando que, intuitivamente, ele reconheceu (ou foi iluminado para reconhecer) que a questão era crítica. O julgamento em breve cairia sobre o negligente e iníquo povo de Judá, tal como havia acontecido com Israel. Os babilônios, dentro de trinta anos, destruiriam Jerusalém e deportariam os sobreviventes para o norte.

Quanto ao que se sabe a respeito da delegação, ver os artigos sobre cada um desses nomes, no Dicionário. Os membros da delegação eram auxiliares próximos do rei, homens importantes. A questão era urgente.

Servo do rei. Esse termo é aplicado a Asaías. Ele foi um oficial de considerável posição, conforme o demonstra uma inscrição encontrada em Tell en-Nasbeh. Quanto à inscrição “a Yaázanyahu”, cf. II Reis 25.23; Jeremias 40.8. O homem pode ter sido Gedalias, um general do exército, mencionado naquelas referências. Ou pode ter sido o “capitão” citado em II Reis 7.2 e 9.25.

A Redescoberta da Bíblia. Quando a Bíblia é redescoberta por um indivíduo ou por uma nação, as coisas mudam. O divino entra no humano. Coisas inesperadas acontecem. Essa é uma das lições do texto que temos à frente. A grande reforma de Josias foi edificada sobre a redescoberta de uma porção da Bíblia. Tinha sido um livro perdido, e as coisas estavam ficando cada vez piores. As nuvens da tempestade estavam juntando-se. Periodicamente a Bíblia tem sido redescoberta, como se deu no caso de Wydciff (a Bíblia inglesa) e de Lutero (a Bíblia alemã), ou mesmo no decreto do papa Paulo VI, que encorajou os católicos romanos a ler a Bíblia, revertendo assim a norma da Igreja Católica Romana, que antes até queimou muitas Bíblias e dizia que a leitura das Escrituras deveria ser vedada aos leigos.

Grande é o furor do Senhor, que se acendeu contra nós. A leitura da Bíblia deixou claro para Josias que os reis de Judá não tinham obedecido ade quadamente à legislação mosaica, e, por causa disso, estavam sujeitos à ira do Senhor. Em vista disso, ele queria receber as instruções de um oráculo, para certificar-se de que estava compreendendo bem as coisas, e para obter conselhos sobre como proceder. O trecho de Deuteronômio 28.36 contém uma predição acerca do cativeiro babilónico; e, visto que essa era uma ameaça nos dias do reino de Judá, parecia natural que essa seria uma manifestação específica da ira de Yahweh. Poderia o rei Josias fazer alguma coisa para impedir isso?

Tanto Jeremias (Jeremias 1.2) quanto Sofonias (Sofonias 1.1) foram contemporâneos do rei Josias, e sem dúvida estavam disponíveis para consulta. Por outro lado, provavelmente Hulda foi lembrada pois tinha grande reputação de exatidão e discernimento espiritual. Talvez houvesse outras razões para sua escolha, que podemos apenas imaginar. O texto sagrado deixa a questão inexplicada. Hulda era esposa de Salum, que estava encarregado do guarda-roupa dos sacerdotes e do rei. Ela vivia em Jerusalém, no segundo distrito (a parte mais baixa da cidade). Sua disponibilidade pode ter sido a principal razão pela qual ela foi escolhida. Ela estava ali mesmo, fácil de ser encontrada.

Uma Questão Lendária. Suidas assevera que Hulda foi a primeira das sibilas. Ver na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia o verbete chamado Sibilinos, Oráculos. Parece haver uma referência específica a Hulda e suas habilidades proféticas, em Pausanius (Phocica, sive. 1.10, par. 631). E, nesse caso, sua reputação se espalhara por muitos lugares.

O teu coração se enterneceu. Os idólatras tinham endurecido o coração contra Yahweh e o culto a Ele. Josias, em contraste, teve seu coração amolecido e sensibilizados, diante das palavras do livro da lei, e ele acolhia naturalmente as realidades espirituais. O coração fala do homem essencial, em contraste com o cérebro e o corpo, e talvez envolvesse algo da alma, em harmonia com a crescente teologia dos hebreus, que tinha tomado dimensões próprias do outro mundo, pelos tempos de Josias.

Quanto a “enterneceu”, ver I Crônicas 29.1 e Deuteronômio 20.8. Quanto a “humilhou”, ver I Reis 21.27 ss. Em sua consternação, Josias rasgou suas roupas e chorou (o que é adicionado aqui ao que já fora dito no vs. 11, onde o leitor deverá examinar as notas expositivas). Temos aqui o importante ensino de que a consternação de um homem, no tocante ao pecado, e sua sensibilidade para com as questões espirituais tocam no coração de Yahweh e levan-No a agir de modo diferente do que faria diante de outro homem. O poder criador não abandonou Sua criação, mas está presente para punir ou recompensar, e para intervir, sempre que for aconselhável e necessário.

Também eu te ouvi. Palavras Bondosas para Josias. O homem do vs. 15 agora torna-se o rei, porquanto Hulda sabia, mesmo sem que isso lhe tivesse sido dito, quem era o homem que tinha mandado fazer a inquirição. Josias não era um rei comum. Ele não era iníquo como outros reis tinham sido, pelo que receberia um tratamento especial. Yahweh-Elohim, o Deus eterno e Todo-pode- roso, era o doador da mensagem, bem como o poder divino que imporia o julgamento contra Judá, mas também teria misericórdia de Josias, por causa de sua espiritualidade superior. Josias mostrara-se sensível para com a Palavra de Deus; ele fizera sua inquirição em meio à humildade; ele temia Deus, o que é o princípio da sabedoria.

O temor ao Senhor é o princípio da sabedoria.

(Salmo 111.10)

Tu serás recolhido em paz à tua sepultura. A Recompensa de Josias. As horrendas profecias de destruição, que se cumpririam através do cativeiro babilónico, não ocorreriam no tempo de Josias. Esse homem poderia continuar sua missão de reformas sem nenhuma interferência da parte do poder da Babilônia. Ele teria uma morte pacífica e natural. Essa seria a sua recompensa. Por outra parte, as profecias não estavam anuladas no tocante a Judá e Jerusalém. Cf. II Reis 20.19, onde vemos que Ezequias ficou feliz porque as profecias não se cumpririam em seus dias.

“… ele morreria em paz espiritual e entraria na paz eterna, que é o dom do homem perfeito e reto… Salmo 37.37” (John Gill, in loc.).

Sepultura. Muitos manuscritos hebraicos dizem aqui “sepulturas”, provavelmente uma referência aos sepultamentos que ocorreram no jardim de Uzá, onde os últimos reis de Judá foram sepultados, em vez de terem sido sepultados nos sepulcros dos reis.

A morte de Josias ocorreu em 609 A. C., somente quatro anos antes do primeiro ataque de Nabucodonosor contra Jerusalém. Em 597 A. C. o cativeiro de Judá estava completo.

Notemos que Josias foi morto em batalha (ver II Reis 23.29). Portanto, como pode ter sido dito que ele morreu em paz? A explicação dada por alguns estudiosos a essa contradição é que o ferido Josias foi trazido para Jerusalém, e morreu ali, em paz. Mas essa tola explicação dificilmente pode esclarecer o caso. A questão sem dúvida envolve uma contradição. Mas essas coisas nada têm a ver com a fé espiritual. É inútil buscar perfeição nas narrativas bíblicas, e nem essa perfeição é necessária, de acordo com qualquer sã teoria de inspiração. O oráculo de Hulda, pois, não precisava ser perfeito. As profecias às vezes se cumprem parcialmente, e de outras vezes fracassam completamente (ver I Coríntios 13.8,9). (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1558-1559).

 

A resposta do rei à palavra de Deus é de arrependimento e remorso (pesar pelo pecado da nação e seu próprio), pois rasgou suas vestes (oficiais) (cf. 18.37). Confronte esta reação com a de Jeoiaquim mais tarde (Jr 36.24). Ele pode ter ouvido a respeito das seções de Deuteronômio que detalham as maldições pela falha em guardar o pacto, resultando em exílio (28.15126; 29.25-28). O versículo 11 inicia a resposta do rei (v. 11-13). Isto contrasta com a teoria de que a estrutura aqui está moldada alternativamente em “ele enviou […] ele ordenou e que o versículo 11 finaliza a seção que abrange os versículos 3-11 (Lohfink).

12.Esta é uma delegação oficial em busca de interpretação, não de adivinhação, mas através de um porta-voz de Deus. A resposta era necessária tanto para o rei quanto para o povo de Judá. Ambos devem agir em consonância. Aicão, filho de Safã, era um sacerdote que ajudou Jeremias (26.24), e era pai de Gedalias, mais tarde, governador de Judá (2Rs 25.22; Jr 39.14). Acbor era “o oficial real” (‘ebedhammelek), um termo comum nos carimbos administrativos de Judá. Esta leitura mostra-se mais adequada do que auxiliar do rei, “empregado” (av, nrsv), ou “ministro” (Gray).

A palavra de Deus sempre deve ser vista como importante e aplicável (a respeito de nós niv, rsv, tem a implicação de “contra” (‘al), ou “sobre nós”, assim neb: “colocada sobre nós”).

A profecia de Hulda (22.14-20). A identidade de Hulda, como a pessoa indagada a respeito da explicação das palavras não pode ser conhecida e é irrelevante, uma vez que, certamente, ela possuía a autoridade para falar em nome de Deus e interpretar o pergaminho. Alguns sustentam que Jeremias estivesse ausente neste período, ou que ainda não fosse totalmente reconhecido (isto é improvável por conta de suas relações familiares); que Sofonias fosse pouco conhecido, ou que uma profetiza fosse mais complacente (cf. Débora, Jz 4.1 -5), ou que profetizasse de forma mais favorável, já que era esposa de um oficial do templo. Salum como responsável pelo guarda-roupa (do templo?) (cf. 2Rs 10.22), pode ter sido um tio de Jeremias (32.6). O Segundo Distrito ou “área de Mishneh” de Jerusalém foi uma “segunda” Nova Área (Sf 1.10, cf. Ne 3.9,12) construída a noroeste da Jerusalém original (e não “congregação”, como av, baseada em um significado secundário posterior do heb. mineh).

O homem (um) que os enviou a mim, ou seja, aquele que recomendou que viessem até mim, em vez de ressaltar a condição do rei como um mero homem. A verdadeira voz profética é sempre carregada de autoridade (Assim diz o Senhor). A resposta se dá em duas partes: uma para o rei, outra para o povo.

16-17. A mensagem a respeito de Jerusalém está baseada no pergaminho. A fraseologia é típica de Deuteronômio e Jeremias. Este lugar é Jerusalém. Tudo o que está escrito ou “todas as palavras do pergaminho” (rsv), ou seja, as maldições (2Cr 34.24), relembra Levítico 26.14-46; Deuteronômio 28. Muitos críticos veem evidências de uma reelaboração posterior desses versículos, mas à luz da lembrança de experiências anteriores (p. ex. a queda de Samaria), não se pode presumir que tenham sido escritos após a queda de Jerusalém em 587 a.C.

18-19. A resposta ao rei associa sua situação com o tempo do pedido (cf. v. 11). A sinceridade com Deus ao final é recompensada.

Sepultado em paz não entra em contradição com a morte de Josias durante uma batalha e consequente enterro, conforme 23.29-30. Às vezes, uma morte prematura pode indicar a bênção de Deus ao impedir que tenhamos que suportar um futuro desastre ao termos o coração dilacerado. Eu te reunirei a teus pais, conforme I Reis 1.21. Aqui é deliberadamente declarado tratar-se de um ato de Deus. (Wiseman. Donald J., 1 e 2Reis Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 258-259).

 

 

II – A RENOVAÇÃO DO PACTO COM O SENHOR

 

 1. A leitura do livro diante do povo. Josias, como um líder zeloso pelo cumprimento da Palavra de Deus, sabia que a reforma não teria êxito se todos não fossem envolvidos. Por isso convocou todas as autoridades de Judá e de Jerusalém, e todo o povo; do mais simples ao mais importante, para se reunirem no Templo do Senhor e ouvirem a leitura da Lei de Deus (2 Rs 23.1,2). Ouvindo a mensagem, o povo preparou o coração para uma nova aliança com o Senhor. O verdadeiro avivamento começa com a escuta da Palavra de Deus. Quando a Bíblia passa a ser ouvida com seriedade, o coração é quebrantado, a nossa vida é avivada e o Espírito Santo faz morada. O avivamento por meio da Palavra é duradouro.

 

Comentário

O achado do livro era um argumento muito convincente que Josias poderia usar diante do povo e para incrementar ainda mais as reformas que já haviam iniciado anos antes. O mesmo impacto que Josias teve ao ler o livro ele também queria o povo tivesse. O livro foi lido primeiramente por Safã, depois pelo rei e, por último, pelo povo. Como um líder zeloso pelo cumprimento da Palavra de Deus, a reforma não teria êxito se todos não fossem envolvidos. Ele chamou os principais líderes civis e religiosos, e todos foram juntos ao Templo, mostrando unidade de propósitos, desde a pessoa mais humilde a mais ilustre. Essa leitura do livro preparou o coração do povo para a proposta que Josias fez de fazer uma nova aliança com Deus, ao que todo povo concordou e comprometeu-se. (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).

 

Josias ficou muito emocionado pela mensagem do livro que fora encontrado no templo, quando este estava em processo de reparos (ver II Reis 22.8,11). O oráculo de Hulda confirmou a mensagem de Ira divina que dizia que Judá e Jerusalém sofreriam um terrível julgamento. Josias humilhou-se e rasgou suas vestes; chorou diante de Yahweh e foi recompensado. A sua recompensa seria não viver para ver o cativeiro babilónico (ver II Reis 22.19). Portanto, Josias teve permissão de continuar agindo em paz e efetuar suas reformas religiosas, e assim se tornou um dos maiores reis de Judá, do ponto de vista espiritual. Ele já havia reparado a maior parte do templo (ver II Reis 12.4 ss.). Agora ele tomava providências para estabelecer um novo pacto que confirmasse o pacto mosaico (ver sobre esse pacto na introdução ao capitulo 19 do livro de Êxodo). Era essencial que todas as leis, ritos e costumes do yahwismo fossem rigidamente observados. A essência moral desse pacto eram os Dez Mandamentos. Josias desejava voltar aos caminhos antigos, e seu novo pacto com o povo convidava todos os habitantes do reino a fazer esse retorno juntamente com ele.

E todos os anciãos de Judá e de Jerusalém se ajuntaram a ele. Para o estabelecimento do novo pacto, Josias precisava da aprovação e cooperação dos anciãos, representantes do povo, chefes de tribos, cabeças de famílias e principais oficiais. Primeiramente ele conseguiu a cooperação deles. Homens vieram do território inteiro de Judá e de Jerusalém, a fim de efetuarem uma assembleia solene. Profetas e sacerdotes estavam presentes, incluindo Jeremias e Sofonias e, muito provavelmente, a profetisa Hulda (vs. 2). O povo comum também se reuniu, pelo que uma grande assembleia ocorreu. Foi lido o livro que tinha sido encontrado no templo (ver II Reis 22.8). Assim, todo o povo de Judá tomou consciência das temíveis profecias que ameaçavam pôr fim ao próprio reino de Judá.

Quanto ao que se pode especular sobre a natureza do livro da lei, ver as notas em II Reis 22.8. A leitura do livro da lei convenceria qualquer homem espiritual e pensante que uma renovação do pacto mosaico, mediante o estabelecimento de uma nova aliança, era urgente. Que Hulda, a profetisa, tinha confirmado as ameaçadoras profecias, deveria ser fato amplamente conhecido (ver II Reis 22.14 ss., quanto à história). Cf. II Crônicas 34.30, onde a participação dos levitas na assembleia é mencionada. A carta sacerdotal teve uma função especial na cerimônia. O Targum sobre a passagem menciona especificamente os escribas e a participação deles. Foi, verdadeiramente, um ato nacional. (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1559-1560).

 

Ao reunir o povo com o objetivo de ler para todos o livro da lei, Josias já o obedecia. Deus havia ordenado que a lei fosse lida para o povo (Dt 31.9-13). O rei, ao assumir a liderança da divulgação da aliança, procura viver em obediência a esta, e lembra-nos o resoluto Josué, que declarou diante do povo reunido em Siquém que ele serviria ao Senhor (Js 24.15). Moffatt interpreta as palavras: se pôs em pé junto à coluna (3) como “permaneceu sobre a plataforma”. A expressão perfilar-se ao pacto, que consta em algumas versões em inglês, significa “concordar com o pacto” (Berk.). (Harvey E. Finley. Comentário Bíblico Beacon I e II Reis. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 385).

 

Josias renova a aliança (23.1-3). A resposta imediata diante da descoberta do Livro da Lei foi um ato de liderança de Josias. Como um princípio de unidade e ação, ele conclamou a nação a retomar ao antigo pacto e a aceitar publicamente suas obrigações, as quais iriam tomá-los povo exclusivo de Deus e reafirmar a aliança como a lei da terra. Este fato, juntamente com a celebração da Páscoa, iria se tomar fator influente no desenvolvimento tanto do Judaísmo quanto do Cristianismo.

O cerimonial é comparado com os fundamentos do pacto de Mizpá (1 Sm 8.11-17; 10.25), e com a renovação do pacto em Siquém (Js 24), ambos pontos decisivos na história judia.315 Os participantes (v. 2) incluíam aqueles pertencentes a todas as camadas (2Cr 34.30 substitui depois “Levitas” por profetas). Todos são imprescindíveis para um comprometimento completo, com Josias, ao seguir o Senhor tão logo assume a liderança na tradição de Moisés (Dt 1.3; Ex 24.3-8), Josué (Js 8.34; 24), e Samuel (ISm 7.6; 12.18-25), seguido mais tarde por Esdras (Ne 8.2). A renovação da aliança (cf. Dt 29) tem como cerne o Livro da Aliança (aqui, pela primeira vez assim chamado, cf. v. 8 nomeado por alguns tecnicamente como Ex 20-23), um termo largamente aplicado a Deuteronômio.

0 rei se pôs em pé junto à coluna da mesma forma que Joás anteriormente (2Rs 11.14); “sobre o estrado” neb (cf. Ne 8.4). A palavra (‘ammútf) pode simplesmente designar “um local para ficar em pé”, o posicionamento real no ritual. O povo “mostrou sua fidelidade” (bj) ao pacto e, portanto, comprometendo-se (lit. “sustentaram”, nrsv “tomaram parte”) com a ratificação da ordem deuteronômica para seguir o Senhor. Para tal, levantaram-se (literalmente) e, simbolicamente (Jr 34.18) e verbalmente (dizendo “amém”, Dt 27.11-26) deram sua aprovação. Este tipo de confissão pública periódica é essencial para a vida do povo de Deus. (Wiseman. Donald J., 1 e 2Reis Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 259-260).

 

 2. A destruição dos ídolos. No início de sua reforma, quando tinha completado oito anos de reinado, o rei Josias reparou o Templo, tirando todos os utensílios que tinham sido feitos para Baal (2 Rs 22.1; 23.2). Além disso, ele expurgou as s imundícies idolátricas de todas as cidades de Judá, e só voltou à Jerusalém quando e todo o trabalho de limpeza havia terminado (2 Rs 23.4-20). O coração de Josias fervia de amor pelo Deus de Abraão, tão ultrajado por seu povo.

 

Comentário

Imediatamente após a leitura do livro e a nova aliança com Deus, começou uma reforma ainda mais radical do que a que já havia sido iniciada quando Josias tinha 16 anos. Agora não sobraria nenhum ídolo em Judá. A reforma passou por todo o Israel, incluindo algumas tribos do Reino do Norte, que, a essa altura, já estavam no exílio por conta da idolatria.

Por todas as cidades ele promoveu total limpeza das imundícies idolátricas e só voltou para Jerusalém após terminado esse expurgo. O coração de Josias estava fervendo de amor ao Deus de Abraão, tão tristemente ultrajado pelo seu povo. Que maravilha! Que nos dê homens como Josias, tementes e zelosos pelas coisas de Deus.

No início da sua reforma, quando tinha completado oito anos de reinado, ele já havia feito uma limpeza dos ídolos de Baal e Aserá na terra de Judá e nalgumas tribos de Israel (Norte), mas agora ele pessoalmente passaria em todo o seu reino e destruiria não somente os ídolos citados anteriormente, como também acrescentaria à lista os demônios do deserto, Moloque, o sol, os altares pagãos, Astarote, Quemos, e tudo aquilo que não era adoração a Jeová. O relato bíblico afirma que ele destruiu “todos os lugares pagãos de adoração” (2 Rs 23.19, NTLH). (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).

 

A Reforma Geral do Culto (23.4-14)

As reformas de Ezequias, embora longamente registradas pelo autor sacro de I e II Reis, não perduraram. Seu filho ímpio, Manassés, quase anulou todo o bem feito por Ezequias. E o arrependimento posterior de Manassés não contribuiu quase nada para fazer estancar a maré da corrupção em Judá. Em seguida, subiu ao trono de Judá Amom, que não durou muito, mas fez uma série de coisas prejudiciais no pouco tempo em que governou. Josias, seu filho, foi um dos

melhores reis de Judá; ele instituiu um novo pacto (ver II Reis 23.1-3), o qual confirmou, uma vez mais, em Judá, as previsses do pacto mosaico (comentado na introdução ao capítulo 19 do livro de Êxodo).

O texto à nossa frente (vss. 4-14) fala da extensa reforma religiosa imposta por Josias. Entretanto, até mesmo essa reforma não impediu o cativeiro babilónico, por ser muito tardia e muito pequena, e agora o cativeiro babilónico estava apenas a vinte anos no futuro. Josias reinou entre 640 e 609 A. C., e o cativeiro babilónico ocorreu em 597 A. C. O verdadeiro trabalho de reparos no templo só começou quando Josias estava em seu décimo oitavo ano de governo (621 A. C.). A partir daí, houve reformas que varreram todo culto idólatra, primeiramente no templo, e depois nos lugares altos e nos santuários locais. Josias fez, realmente, uma “limpeza da casa”. Ele limpou as coisas, mas não tinha o poder de mudar o coração da população em geral de Judá, que tanto se apegava a seus caminhos desviados. As corrupções, embora suprimidas, continuavam abrigando-se no coração e na mente daqueles que tinham criado as expressões externas de idolatria.

Isso nos ensina uma lição: Nenhuma reforma pode ser bem-sucedida se não tratar da fonte da perversão — o coração humano. “Nenhuma reforma que dependa exclusivamente da supressão, ou de meios negativos, ou da mão pesada da lei, pode durar por muito tempo” (Raymond Calking, in loc.). (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1560).

 

Uma Limpeza Religiosa (23.4-14)

Parece que a atitude de livrar Judá de suas abominações pagãs foi iniciada no décimo oitavo ano de Josias (talvez antes), mas é provável que ela tenha exigfido mais de um ano para ser concluída. O propósito inicial desses atos de reforma era uma purificação religiosa e não o estabelecimento de uma adoração central no Templo. Esta prática data de muito antes de Josias.

A limpeza era outro esforço para remover práticas pagãs que haviam sido anteriormente abandonadas, bem como desalojar inovações mais recentes. Agora, como antes, não se pode ter a certeza de que uma vez que uma tendência pecaminosa tenha sido extirpada, ela não retorne. A natureza do pecado consiste em aguardar uma ocasião propícia. Dada a oportunidade, ele retoma em uma forma mais atrativa e sutil do que antes.

A adoração a Baal e Aserá (23.4-10,13,14). A adoração a Baal e ao bosque ou a Aserá (4) tornou-se uma praga no reino do Norte, particularmente sob o governo de Acabe e Jezabel (veja 1 Rs 16.32 e 18.19ss). Esta também tinha sido uma ameaça intermitente à vida religiosa de Judá (veja 1 Rs 14.23,24; 2 Rs 11.17-20; 18.4,5). Anteriormente, na época de Josias, ela tomara conta da vida religiosa de Judá, novamente, em todas as suas múltiplas formas. Os sacerdotes da segunda ordem seriam os que atuavam logo abaixo do sumo sacerdote. Os utensílios que se tinham feito para Baal, e para o bosque, eram utilizados no Templo. Josias, então, os queimou… e levou as cinzas deles a Betei, onde a idolatria de Israel havia começado e se espalhara. Sacerdotes estabelecidos queimavam incenso a Baal sobre os altos (5). Uma imagem de Aserá (o bosque, 6) havia sido erguida no Templo. As prostitutas haviam se tomado um grupo aceitável entre aqueles que ministravam a religião no Templo. As mulheres teciam casinhas para o ídolo do bosque (7). Estas seriam “cortinas… para os lugares onde os rituais da impura deusa eram realizados” (Clarke). Os sacerdotes de Baal e Aserá levaram a sua adoração nos lugares altos do extremo norte de Judá para o sul – desde Geba até Berseba (8).

Derribou os altos das portas, etc. (8). “Ele derrubou os santuários dos sátiros que ficavam na entrada para a casa de Josué, o governador da localidade, à esquerda de quem entra na cidade” (Moffatt). As sepulturas… do povo (6) indica que o vale de Cedrom (4) também era usado como um cemitério comum. Como uma praga nociva, esta adoração pagã sufocava a videira da verdadeira adoração a Deus. Judá precisava de um rei como Josias para fazer as reformas e trazer o avivamento tão necessário.

A adoração a Moloque (23.10). Acaz foi, aparentemente, o primeiro entre os reis de Judá a recorrer à prática de sacrifícios humanos (16.3). Antes desta época, esta prática era vista como impensável pelos hebreus (cf. 3.25-27). Por razões não expostas na Bíblia Sagrada, isto se tornou um rito religioso associado com o culto a Moloque, a quem alguns freqüentemente recorriam durante os reinados de Manassés e Amom (cf. Jr 19.1- 9). Ele profanou a Tofete, significa que ele destruiu a imagem de Moloque que estava na vale de Hinom, próximo a Jerusalém. Josias atuou de tal maneira no lugar onde o ídolo havia permanecido que, a partir de então, o local se tornou abominável para qualquer hebreu (A. Clarke).

A adoração astral (23.56,11,12). Ao retomarmos mais uma vez a Acaz, o endosso a vários aspectos da adoração astral fez com que está se tornasse parte da vida religiosa de Judá. A reinstituição de tais cultos por Manassés, e sua continuidade incentivada por Amom, foram impelidas pela preocupação que tinham de agradar a Assíria (cf. o comentário sobre 21.3,4). A expressão exército dos céus (4) é esclarecida pela menção do sol, da lua e dos planetas (5). Os assírios, bem como os habitantes da Mesopotâmia, endeusavam os vários corpos celestes e acreditavam que estes controlavam os acontecimentos humanos. Os cavalos que os reis de Judá tinham destinado (dedicado) ao sol (11) indicam que estes animais, junto com as charretes, eram usados em procissões ou em outros tipos de rituais ligados à adoração ao sol. O significado, em hebraico, para a expressão no recinto ou no Átrio é incerto. Moffatt a traduz como “no anexo”, isto é, junto ao Templo. A adoração ao exército dos céus e a Baal era realizada em cenáculos e no topo dos telhados (12), os lugares aparentemente mais adequados para se contemplar os corpos celestes.

Os altos são destruídos (23.13,14). Os lugares que Salomão havia providenciado para algumas de suas esposas adorarem os deuses de suas terras natais (cf. 1 Rs 11.1-8) permaneceram até à época de Josias. Eles foram, agora, destruídos. O monte de Masite (ou monte de corrupção/monte da destruição; 13) é considerado por alguns como o monte das Oliveiras. Defronte de Jerusalém, significa “a leste de Jerusalém”. Se estas interpretações estiverem corretas, os altos do versículo 13 estariam a sudeste de Jerusalém. O rei profanou: significa que ele espalhou, nos lugares consagrados aos deuses pagãos, as cinzas dos objetos religiosos pagãos que havia queimado. Encheu o seu lugar, isto é, “encheu seus locais com as cinzas dos ossos dos mortos” (Moffatt). Este era considerado o pior tipo de corrupção que um lugar poderia sofrer. Com tais atos, Josias deliberadamente violou a “santidade” das áreas dedicadas à adoração pagã. Além do mais, a queima e o espalhamento das cinzas transmitiam a idéia de que cada medida era tomada para destruir por completo as falsas práticas religiosas.

A Destruição do Altar em Betei (23.15-20)

A purificação religiosa de Josias foi realizada na região do antigo reino do Norte, então uma província assíria. Foi, então, sugerido que esta parte de sua reforma deve ser datada após 612 a.C., o ano em que Nínive caiu sob o ataque dos babilônios, medos e citas19. Entretanto, a preocupação assíria com a ameaça de invasão teria diminuído o rígido controle da província de Samaria mesmo antes de 612. O altar de Jeroboão, que estava em Betei (15), e que era chamado de alto, esteve aparentemente em uso contínuo desde a queda de Samaria até a época de Josias. Sua destruição pelo rei de Judá, ao lado da eliminação de outros lugares altos, era o cumprimento da profecia do homem que veio de Judá (1 Rs 13.1-3), cuja tumba Josias observou, a qual ele não profanou (17,18; cf.

1 Rs 13.26-31). Tomou os ossos… e os queimou sobre aquele altar (16). Esta atitude, mais uma vez, tinha a intenção de ser uma extrema profanação do altar que havia sido dedicado à falsa adoração. Que é este monumento? (17) é uma expressão que pode ser traduzida como: “Que monumento é este que vejo?” (Berk.) Todas as casas dos altos (19), isto é, “todos os santuários”. (Harvey E. Finley. Comentário Bíblico Beacon I e II Reis. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 385-387).

 

 

III – A CELEBRAÇÃO DA PÁSCOA

 

 1. A celebração da Páscoa e a restauração do culto e dos ofícios do Templo. Somente depois de dezoito anos de reinado foi que Josias conseguiu comemorar a primeira Páscoa. Esta foi a maior celebração desde os tempos do profeta Samuel (2 Rs 23.21-23). Josias também reestabeleceu a liturgia do culto, o sacerdócio, e diversos ofícios que eram praticados no Templo; tais como, sacerdotes, levitas, cantores, guardas do Templo etc.

 

Comentário

Foi somente 18 anos depois do início do seu reinado que Josias conseguiu comemorar a primeira Páscoa. Após ter lido e entendido o que estava escrito na Lei de Moisés, ele ordenou que celebrassem a Páscoa, que foi a maior desde o tempo do profeta Samuel. Ele restituiu o ofício dos sacerdotes, dos levitas, dos cantores e dos guardas do Templo e ofereceu sacrifícios e holocaustos conforme manda a Lei. Foram oferecidos muitos animais em sacrifício, que foram comidos pelo povo. Ao todo, foram oferecidos 37.600 carneiros e cabritos e 8.500 touros. Foi uma grande festa sem precedentes que durou sete dias.

Recolocação da Arca da Aliança no Templo

Interessante observar que a Arca da Aliança não estava no seu devido lugar no Santo dos Santos do Templo, mas havia sido negligenciada nos tempos de adoração dos falsos deuses. Algum rei anterior, em conivência com os sacerdotes e de forma relapsa, havia tirado a Arca do seu lugar, mas a reforma de Josias foi abrangente, pois todos os detalhes foram observados. Assim, a Arca da Aliança voltou para o seu lugar, e a reforma estava completa, e, durante o reinado de Josias, o povo de Israel adorou somente a Deus, o Senhor. (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).

 

Celebração da Páscoa (23.21-23)

Josias, tendo completado a destruição das formas, dos ritos, dos ídolos, dos santuários e dos sacerdotes, voltou a atenção do povo judeu à antiga fé dos hebreus, celebrando então a Páscoa. Ele seguiu os mandamentos de Deuteronômio 16.1-8. O versículo 22 deste capítulo informa-nos que uma celebração apropriada da Páscoa não ocorrera desde o tempo dos Juizes. Essa celebração, que teve lugar em Jerusalém, foi uma afirmação do intuito de centralizar a adoração em Jerusalém, a fim de evitar a futura idolatria “lá fora”, nos santuários locais que provavelmente seriam reabertos no futuro. Podemos ter certeza de que a celebração da Páscoa seguiu as normas mosaicas tradicionais. Nenhuma inovação seria inventada ou permitida. A festa era uma festividade da colheita da cevada e, tal como todas as festas de colheitas, exigia uma peregrinação a Jerusalém por todos os varões adultos. As outras duas festas que requeriam peregrinações a Jerusalém eram o Pentecostes (festa das Semanas) e os Tabernáculos. Israel tinha seu centro de adoração em Jerusalém, o lugar ideal para isso, e as festas anuais que requeriam peregrinações serviam de um vívido lembrete sobre isso.

Celebrai a páscoa ao Senhor vosso Deus. Ver a introdução a esta seção, anteriormente, quanto à importância daquela festa, conforme foi realizada por Josias como parte de suas reformas.

Como está escrito neste livro da aliança. A referência primária é ao livro que fora encontrado no templo, e que servia de guia para a conduta e a adoração. Esse livro fazia parte do Pentateuco, embora não possamos determinar a natureza exata dele. Ver as notas sobre o segundo versículo deste capítulo quanto a várias ideias a respeito. Quanto a maiores detalhes sobre esse livro, ver II Reis 22.8. Naturalmente, a referência principal é ao pacto mosaico, comentado na introdução ao capítulo 19 do Êxodo. A essência desse pacto era a lei, que faz exigências aos homens e determina toda a conduta deles. O pacto requeria a observância da Páscoa, que comemorava o livramento de Israel do Egito, um acontecimento histórico fundamental para todo o Israel e sua história.

Ver Êxodo 12.21 ss., quanto à narrativa histórica que criou a Páscoa. O livramento do Egito (a redenção nacional) possibilitou, finalmente, a fundação da nação de Israel, na Palestina. Uma festividade anual, como uma peregrinação forçada de todos os varões a Jerusalém, celebrava o acontecimento.

Mediante essa celebração, Josias fez a atenção de todo o povo de Judá voltar-se para a antiga fé dos hebreus. Esse foi o clímax das reformas de Josias, tanto em Judá quanto em Israel, que este capítulo descreve longamente.

Corria o ano décimo oitavo do rei Josias. Cronologia. O autor sagrado informa-nos quando essa celebração da páscoa ocorreu, no décimo oitavo ano do reinado de Josias, que foi também o ano principal (se não mesmo o único) no qual suas reformas religiosas se completaram. Cf. II Reis 22.3-23.20, especialmente o versículo terceiro. Josias reinou por trinta e um anos, de 640 a 609 A. C., pelo que a data dessa páscoa especial foi 622 A. C., ou seja, a apenas vinte e cinco anos do cativeiro babilónico, que poria fim ao reino do sul, Judá. Um remanescente de Judá voltaria setenta anos mais tarde, reiniciando as coisas, mas de maneira extremamente humilde. Portanto, as reformas de Josias vieram tarde demais e foram por demais pequenas. O grande juízo do cativeiro babilónico não foi evitado. (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1563).

 

Conforme 2Crônicas 35.1-9. A singularidade desta Páscoa residiu no ato dos levitas ao sacrificarem os cordeiros em vez de serem as famílias a fazerem isso como na Páscoa de Ezequias (2Cr 30.2-3, 17-20), talvez a primeira a ser comemorada desde Gilgal (Js 5.10-12). Temos também aqui uma ligação com a Festa dos Pães Ázimos (2Cr 37.17; Dt 16.1-8). A páscoa era um ato público (Ex 12.21 -27; 23.15-17). (Wiseman. Donald J., 1 e 2Reis Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 264).

 

A Ordem para a Observância da Páscoa (23.21-23; cf. 2 Cr 35.1-19)

A Páscoa era a festa anual mais importante de Judá. Era uma lembrança da piedade de Deus que, miraculosamente, tirara seus pais da escravatura para uma vida de liberdade. Esta festividade apontava para uma sequência de eventos que demonstraram a eles que eram o povo de Deus entre os habitantes da terra. Era uma lembrança constante de que, como povo eleito, tinham uma chamada particular a desempenhar – eles deveriam ser “luz para as nações”.

O historiador observou que ninguém, desde os dias dos juízes (22) até o tempo de Josias, havia observado a Páscoa da maneira como este rei de Judá o fez. Só podemos conjeturar em que sentido isto ocorreu – possivelmente com a participação sincera e prazerosa do rei e do povo em uma ocasião religiosa há muito negligenciada. (Harvey E. Finley. Comentário Bíblico Beacon I e II Reis. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 287).

 

 2. A maior páscoa da monarquia. A Páscoa era uma das maiores festas do povo de Israel. Relembrava a proteção divina e o livramento da escravidão no Egito. Deveria ser sempre festejada, pois permitia ao povo recordar as obras que o Senhor realizou no passado (E 12.14,24-27). No entanto, devido ao pecado, o povo se esqueceu dos feitos e promessas de Deus. Após achar o livro da Lei do Senhor, derrubar os altares a deuses pagãos e destituir os sacerdotes que realizavam tais abominações, Josias deu ordem para que o povo retornasse à celebração da Páscoa ao Senhor. Ele realizou o maior festejo do seu tempo. Nunca houvera Páscoa tão fervorosa (2 Rs 23.21-23).

 

Comentário

Como já afirmado, a Páscoa comemorada por Josias foi a maior da época da monarquia. Não há detalhes quanto à época que Josias comemorou a Páscoa, mas ela era celebrada todos os anos na primavera em 14 de Nisã (originariamente, Abib). Nela, os israelitas relembravam o modo milagroso pelo qual Deus operou a salvação do seu povo, livrando-os da opressão, do sofrimento, da angústia e da escravidão promovidos pelos egípcios. Era a lembrança da fidelidade de Deus à sua promessa, do seu amor libertador e do seu cuidado em favor do seu povo.

O nome hebraico para referir-se à páscoa é Pesah, que pode significar pular, passar por cima, saltar por cima ou, também, passar de largo, no sentido de poupar a vida, pois o anjo destruidor passou de largo na noite da fuga do Egito e poupou os primogênitos das casas onde havia sido aplicado o sangue nas ombreiras e na verga das portas (Êx 12.7). Essa determinação havia sido dada por Deus, diante da teimosia de Faraó, para que o povo de Israel não fosse atingido pela última praga lançada sobre o Egito, que era a morte dos primogênitos de homens e animais. Portanto, na casa dos israelitas onde houvesse sido sacrificado um cordeiro e o sangue deste aspergido nos locais indicados, não sucederia a mortandade. Assim, trata-se do misericordioso cuidado do Senhor em preservar os filhos de Israel quando um poder destruidor “passou por cima” deles sem causar-lhes dano.

A festa passou a ser celebrada, mais tarde, de modo alegre. Na primeira noite do Seder (ordem ou liturgia), a família israelita festejava a liberdade que o Senhor Deus dera ao povo. Trata-se de uma festa parecida com o Natal, com a diferença de que o Seder tem uma longa e antiga liturgia, acompanhada por vários rituais simbólicos importantes. No final, entoavam-se cânticos de alegria. O cântico final era alegre (Sl 136), uma alegria que expressava gratidão a Deus pelos seus feitos. Assim, somos desafiados a celebrar todos os dias nossa salvação em Cristo Jesus com muita alegria, com cânticos de louvor e gratidão, tal como os judeus celebravam-no durante a sua Páscoa. Jesus, na última Ceia com os discípulos, repartiu o pão e o vinho, o cálice da Nova Aliança (Mt 26.30).

A Páscoa judaica aponta e encontra o seu propósito principal e o seu fim (de finalidade e término) na vida, na morte e na ressurreição de Cristo. Assim, tanto a Páscoa quanto a Ceia do Senhor apontam para o mesmo simbolismo: o sacrifício de Cristo. Ambos apontam o antes e o depois do maior evento da história: a obra de Cristo. Jesus ressignificou a Páscoa demonstrando que, agora, o simbolismo recai sobre Ele e, em segundo lugar, sobre a libertação dos israelitas do Egito. (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).

 

Porque nunca se celebrou tal páscoa como está desde os dias dos juízes. Naturalmente, a Páscoa vinha sendo celebrada desde o tempo dos juízes, mas Josias fez dessa celebração uma ocasião especial, de uma maneira que não havia caracterizado as práticas do povo israelita fazia séculos. Este versículo indica que tanto os reis de Israel quanto os reis de Judá se tinham tornado lassos, e não haviam observado devidamente a Páscoa, não lhe emprestando a dignidade apropriada. O trecho de II Crônicas 35 nos fornece um relato mais completo sobre a questão. Sim, a Páscoa vinha sendo observada, mas “… não com tal pureza, com tal alegria e ânimo de coração, ou com tantos sacrifícios acompanhantes, ou tão exatamente em concordância com a lei, e com tal liberalidade de custos. O rei e os principais sacerdotes e levitas proveram o dinheiro de seu próprio bolso, visando ao benefício do povo e seus irmãos” (John Gill, in loc.).

É evidente que uma celebração nacional foi organizada, da qual um remanescente de povos da ex-nação do norte (Israel) também participou. (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1563).

 

Quando Josias descobriu a maneira correta de se celebrar a páscoa dos judeus no livro da Aliança, ordenou que todo o povo observasse as cerimônias exatamente como foram determinadas. Esta celebração da Páscoa deveria ser um feriado anual, celebrado em memória da grande libertação da nação israelita da escravidão do Egito (Èx 12), porém havia muitos anos não era feita. Como resultado, “nunca se celebrou tal Páscoa como está desde os dias dos juízes que julgaram Israel, nem durante os dias dos reis de Israel, nem nos dias dos reis de Judá. É comum encontrar pessoas que têm uma concepção errônea de que Deus é contra as festas, e exclui, deste modo, toda a diversão da nossa existência. Na verdade, o Senhor deseja nos dar vida com abundância (Jo 10.10); aqueles que o amam têm muitos motivos para comemorar. (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 546).

 

 

CONCLUSÃO

Josias fez uma limpeza geral em Israel, eliminando todas as formas de idolatria instituídas pelos reis que o antecederam, inclusive o rei Salomão. Este grande monarca e figura do Messias, foi a promessa de Deus sobre Judá, de que o paganismo não prevaleceria sobre seus reis, mas que a raiz de Jessé voltaria a brotar (Is 11.1-4; Rm 15.12).

 

 

PARA REFLETIR

 

A respeito de “O Reinado de Josias”, responda:

·                    Por que Josias foi considerado um dos melhores reis de todo o Israel?

Porque expurgou o país de todas as falsas divindades ali colocadas por seus ancestrais; e iniciou em seu reino a maior e mais impactante renovação espiritual vista entre todas as tribos de Israel.

·                    Quem foi o primeiro a ler o livro da Lei de Moisés após ser encontrado?

O escrivão Safã

·                    O que a leitura do livro da Lei causou no povo?

Ao ouvirem a leitura do Livro da Lei, o povo preparou o coração para uma nova aliança com o Senhor.

·                    Quanto tempo depois do início do reinado de Josias a Páscoa foi comemorada?

Somente depois de dezoito anos de reinado foi que Josias conseguiu comemorar a primeira Páscoa.

·                    Qual o sentido da Páscoa para todo o Israel?

Ela relembrava a proteção divina e o livramento da escravidão no Egito.

 

 

Subsídio Elaborado por: Pb Alessandro Silva. Disponível em: https://professordaebd.com.br/12-licao-3-tri-21-o-reinado-de-josias/. Acesso em: 13 SET 21.