ANO 12 | Nr 665| 2020
LIÇÕES BÍBLICAS CPAD EDIÇÃO ESPECIAL JOVENS e ADULTOS
- TERCEIRO TRIMESTRE DE 2020
OS PRINCÍPIOS DIVINOS EM TEMPOS DE CRISE: a reconstrução
de Jerusalém e o avivamento espiritual como exemplos para os nossos dias
COMENTARISTA: EURICO BÉRGSTEN
Edição Especial 3º TRI
Jovens e Adultos
Escola Bíblica
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05
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2 DE AGOSTO
DE 2020
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Fonte: Lições Bíblicas CPAD. Ed Especial Jovens e
Adultos - 3º Trimestre, 2020. Lição 5, 2 de agosto de 2020
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TEXTO
ÁUREO
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“Ao vigésimo quarto dia do mês nono, no
segundo ano de Dário, veio a palavra do SENHOR pelo ministério do profeta
Ageu, dizendo: [...] Ponde, pois, eu vos rogo, [...] desde o dia em que se
fundou o templo do SENHOR, ponde o vosso coração nestas coisas.” (Ag 2.10,18).
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VERDADE
PRÁTICA
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Sob o poder de Deus, a
Igreja torna-se imbatível no cumprimento das tarefas que Cristo lhe entregou.
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LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
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Esdras 5.1,2; Ageu
1.1,12; Zacarias 4.6-10
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INTRODUÇÃO
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Nesta lição,
estudaremos como Deus, depois de a construção do Templo ter ficado parada por
15 anos, enviou socorro através do ministério de dois profetas, Ageu e Zacarias.
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- Nesta lição veremos mais atentamente o trabalho
profético desenvolvido por Ageu e Zacarias. Muito pouco se sabe a respeito de
Ageu à parte da curta profecia registrada no livro que leva o seu nome. Ele é
mencionado de passagem em Ed 5.1; 6.14, em ambas as ocasiões em conjunto com o
profeta Zacarias. Como Jeremias e Ezequiel, Zacarias também era sacerdote (Ne
12.12-16). Ele nasceu na Babilônia e acompanhou o seu avô, Ido, quando os
exilados regressaram para Jerusalém sob a liderança de Zorobabel e do sumo
sacerdote Josué (Ne 12.4). Passaram-se 16 anos (Ed 5.1-2), Zacarias e Ageu
foram incumbidos pelo Senhor de incentivar o povo a reconstruir o templo.
Quatro anos depois, em 516 a.C., os trabalhos de reconstrução foram concluídos
(Ed 6.15). Para aprender mais sobre Profeta no AT leia aqui e no NT leia aqui. Vamos pensar maduramente a nossa fé?
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I –
DEUS SUSCITA OS PROFETAS AGEU E ZACARIAS.
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Deus levantou dois
profetas. Primeiro veio Ageu (Ag
1.1), e depois levantou-se Zacarias (Zc 4.1,6). Não vieram atendendo convite de
líderes de Jerusalém, mas o Deus dos céus os enviou. Chegaram de surpresa em
Jerusalém, e ali entraram em contato com os dois líderes, e também com o povo
judeu (Ed 5.1).
Vejamos:
a. ZOROBABEL, o líder
político, recebeu uma mensagem pessoal. Deus, conhecedor da insuficiência
espiritual de Zorobabel, e sabendo que este não tinha mais nenhum vigor para
tentar modificar a situação imposta pelos inimigos, deu-lhe uma maravilhosa
mensagem de encorajamento.
A mensagem de Deus
veio sob a forma de uma visão que Zacarias havia recebido. Deus lhe mostrara
um castiçal com sete lâmpadas, símbolo da obra de Deus. O óleo que as
lâmpadas precisavam tinha que fluir através de canos ligados a um vaso de
azeite que ficava acima. O vaso de azeite, por sua vez, estava em contato com
duas oliveiras (Zc 4.1-4,13).
E o recado de Deus
para Zorobabel foi: “Não por força, e nem por violência, mas pelo meu
Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4.6). As dificuldades, que pareciam
“montes grandes” diante de Zorobabel, seriam como uma campina, uma planície
(Zc 4.7). Deus ainda garantiu a Zorobabel que as mãos dele acabariam a
construção do templo (Zc 4.9).
b. JOSUÉ, o sumo
sacerdote e líder espiritual do povo, recebeu também uma mensagem pessoal.
Observamos, na lição passada, que ele estava com vestidos sujos. A mensagem
de Deus para ele foi de perdão e de restauração. Deus lhe disse que havia
feito passar dele toda a sua iniquidade, e que havia ordenado que fosse
vestido de vestes novas (Zc 3.4), e que se pusesse sobre a sua cabeça uma
mitra limpa (Zc 3.4,5).
c. O POVO recebeu
também uma mensagem de Deus. O profeta Ageu mostrou ao povo que os prejuízos
materiais, que haviam sofrido, eram consequência da omissão frente ao dever
que tinham com a Casa do Senhor (Ag 1.6,9). Ageu falou-lhes do prejuízo que
sofre o homem que busca somente a sua prosperidade material, e deixa a casa
de Deus deserta (Ag 1.4). O profeta deu ao povo uma ordem estimulante: “Subi o
monte, e trazei madeira, e edificai a casa; e dela me agradarei, e eu serei
glorificado” (Ag 1.8).
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- Desanimado com a oposição de seus vizinhos (Ed
4.1-5,24), o povo havia concluído equivocadamente que ainda não era o momento
de reconstruir o templo. Com uma pergunta mordaz, o Senhor lembra aos judeus
que não era certo viverem em casas apaineladas enquanto o templo se encontrava
em ruínas e exorta-os a considerar com atenção as consequências de sua
indiferença. Dario I (que não deve ser confundido com Dario, o Medo de Dn
5.31), subiu ao trono da Pérsia em 521 a.C. depois da morte de Cambises. Corno
oficial de Cambises e bisneto do irmão de Ciro, o Grande, Dario manteve a lealdade
do exército persa e, com isso, derrotou outros concorrentes ao trono. Reinou
até sua morte em 486 a.C. ‘No sexto mês, no primeiro dia’ - o primeiro
dia do mês de elul corresponde a 29 de agosto de 520 a.C. Zorobabel era neto de
Joaquim (o Jeconias de Mt 1.12) e, portanto, da linhagem davídica. Ainda que
sua identificação com Sesbazar (Ed 1.8,11; 5.14,16) seja extremamente questionável,
não há dúvidas quanto ao seu papel como líder civil (Ed 2.2) e superintendente
do projeto de reconstrução do templo (Zc 4.6-10). Apesar de ter sido
restabelecido nessa ocasião, o trono davídico só virá a ser ocupado no tempo do
Messias (SI 2;110). Josué, o sumo sacerdote, chamado de Jesua em Ed 3.2, era um
descendente de Zadoque (1Cr 6.15) e líder religioso da comunidade exilada que
regressou a Jerusalém. Restabeleceu a linhagem sumo sacerdotal de Arão por meio
da família de Eleazar. Jozadaque era um dos cativos de Nabucodonosor (1Cr
6.15).
- a. ZOROBABEL -
A quinta visão focaliza o líder civil Zorobabel, descendente de Davi, e tem o
propósito de encorajá-lo no trabalho de reconstrução do templo, garantir-lhe a
capacitação divina para essa empreitada e a provisão inesgotável de glória
futura do templo e do reino do Messias. O candelabro retrata Israel plenamente
abastecido por Deus para ser sua luz naquele momento e no futuro. Convém
observar que, no presente, esse papel foi assumido temporariamente pela igreja (Ef
5.8-9; Ap 1.12-13,20) até que Israel seja salvo, restaurado à bênção da aliança
e volte a ser útil ao Senhor (Rm 11.11-24). ‘Não por força nem por poder,
mas pelo meu Espírito’ - não há poder riqueza ou força física humana que
baste para completar a obra. Somente uma provisão abundante do Espírito Santo,
representado pelo ‘vaso’ Zc 4.2 pode capacitá-lo para realizar sua
tarefa e permitir que Israel volte a ser luz no mundo por meio da operação do
Espírito durante o reino do Messias (Ez 36.24). Uma vez que o resultado está
garantido (Zc 4.6,9), toda oposição, ainda que grande como um monte, será
removida por Deus e transformada em terreno plano. Nenhum obstáculo poderá
impedir a conclusão do templo nem nos dias de Zorobabel, nem no reinado final
do Messias.
- b. JOSUÉ –
Ao empregar a frase ‘vestes sujas’, é mostrada a repugnante condição
habitual de contaminação do sacerdócio e do povo naquele momento (Is 4.4; 64.6)
e serve de base para a acusação de Satanás, segundo o qual a nação é moralmente
impura e indigna da proteção e da bênção de Deus. É interessante notar no texto
(Zc 3.4) os anjos retirando as vestes sujas; isso retrata a futura justificação
prometida, a salvação de Israel como nação (Rm 11.25-27). O sumo sacerdote é
vestido simbolicamente com trajes suntuosos que representam a justiça imputada
(Is 61.10) e a restauração de Israel ao seu chamado inicial (Êx 19.6; Is 61.6;
Rm 11.1-2). Note, ainda, que ele recebeu ‘um turbante limpo’ - o
turbante fazia parte das vestes do sumo sacerdote e trazia a inscrição ‘Santidade
ao Senhor’ (Êx 28.36-37; 39.30-31). É notável a entrada em cena de Zacarias
pedindo que o turbante seja colocado na cabeça de Josué, pois simboliza com
clareza a restauração de Israel à sua posição sacerdotal junto do Deus.
- c. O POVO - Apesar de ter sido estimulada
pela oposição hostil dos vizinhos de Israel (Ed 4.1-5,24) e pela falta de
prosperidade econômica, em última análise, a origem da relutância do povo era a
sua indiferença egoísta ao Senhor. O desprazer de Deus pode ser observado no
fato de ele se referir aos judeus como ‘este povo’ e não ‘meu povo’.
Em vez de um templo, queriam acumular riquezas para si. A busca egoísta do povo
por satisfazer seus próprios prazeres, revelada na pergunta retórica do profeta
Ageu (Acaso, é tempo de habitardes vós em casas apaineladas, enquanto esta
casa permanece em ruínas? Ag 1.4), mostra sua hipocrisia e suas prioridades
equivocadas: em seu egoísmo, haviam deixado de lado a casa de Deus e, com isso,
atraíram sobre si apenas mais dificuldades (Mt 6.33).
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O resultado da
mensagem dos profetas. O poder de Deus se manifestou através da mensagem destes
homens de Deus. Assim, os dois líderes criaram coragem; e o povo, também, foi
renovado pelo impacto da mensagem. Então Zorobabel ordenou que todos
imediatamente voltassem à construção, “e começaram a edificar a casa” (Ed
5.2). Os profetas de Deus ficaram com eles, ajudando os líderes do povo na
direção do trabalho. Quando os inimigos vieram a eles perguntando quem havia
dado ordem para edificar a casa, responderam que a ordem havia sido dada pelo
próprio rei Ciro.
Os olhos do Senhor
estavam sobre o seu povo e sobre a reconstrução do Templo, e os inimigos não
puderam impedir a obra até que fosse dado conhecimento dos fatos ao rei
Dario, que agora reinava sobre todo o Império Persa (Ed 5.5). O rei Dario
mandou que os seus escrivães verificassem o referido édito de Ciro e se ele
havia dado ordem para a construção da Casa do Senhor em Jerusalém. Feita a
verificação nos registos dos éditos dos reis da Pérsia, foi encontrada a
ordem dada por Ciro, e, assim, o rei Dario confirmou a permissão para a
reconstrução do templo.
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- É interessante notar que parte da mensagem de Ageu
(Ag 1.13) é endereçada especificamente a Zorobabel, o líder político, e a
Jesua, o líder religioso, dizendo a eles que fossem fortes e trabalhassem no
templo porque Deus estava com eles (Ag 2.4)! Que mensagem fortalecedora! Mas
não somente isso, esses dois profetas repreenderam severamente o povo e fizeram
sérias ameaças caso eles não voltassem ao trabalho da edificação, como também
prometeram prosperidade nacional caso o povo voltasse a edificar. Não muito tempo
depois de os exilados terem ouvido essa mensagem, o trabalho no templo recomeçou
mais uma vez depois de um intervalo de 16 anos. A mão protetora de Deus, que
liderava esse empreendimento, permitiu que o trabalho continuasse enquanto o
comunicado oficial chegava a Dario, rei da Pérsia.
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O impulso espiritual
dado pelos profetas continuou dominando os construtores até à conclusão da
construção. Os profetas Ageu e
Zacarias continuavam dando a sua cooperação. “Prosperando pela profecia do
profeta Ageu e de Zacarias, filho de Ido; e edificaram a casa e a
aperfeiçoaram conforme o mandado do Deus de Israel, e conforme o mandado de
Ciro, e de Dario, e de Artaxerxes, rei da Pérsia” (Ed 6.14).
“E acabou-se esta
casa” (Ed 6.15). Que grande bênção! O despertamento dado por Deus ao rei Ciro
propagou-se e agora, com a ajuda dos profetas, foi renovado e levado a
resultado glorioso. Toda honra e glória sejam somente ao Senhor!
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- A mensagem aqui é poderosa. Era um decreto de
Deus, o soberano do universo, que concedia autoridade administrativa para a
reconstrução do templo. Os decretos de três dos grandes monarcas da história do
antigo Oriente Próximo eram apenas uma questão secundária. Deus governa o
universo; ele levanta reis, e depois que eles já serviram à sua administração,
ele os tira do trono. Note que, não há nada no texto que nos assegure que Ciro,
assim como Dário, tenham sido alcançados pela salvação, que tenham reconhecido o
Deus de Israel como o único Deus verdadeiro. Assim, não está correta a
afirmação do comentarista ‘Que grande bênção! O
despertamento dado por Deus ao rei Ciro propagou-se e agora, com a ajuda dos
profetas’, dado que, despertamento é o
mesmo que avivamento e este só pode vir sobre aqueles que já pertencem ao
Senhor. Deus, como soberano do universo, se utilizou desses reis para dar
continuidade ao seu projeto.
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II –
O MINISTÉRIO PROFÉTICO, UMA PROVA DA MANIFESTAÇÃO DE DEUS
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Uma inesperada operação
sobrenatural, por parte de Deus, solucionou o grave problema da reconstrução
do templo.
Manifestações
sobrenaturais no Antigo Testamento. Há muitos exemplos no Antigo Testamento. Vamos
mencionar apenas dois:
a. MOISÉS, o grande
líder que Deus levantou para libertar seu povo da escravidão do Egito,
recebeu de Deus um preparo sobrenatural, o que lhe deu muita autoridade
espiritual. Com a sua vara fazia grandes maravilhas (Êx 4.17).
b. ELIAS, o profeta de
Deus, foi revestido de autoridade sobrenatural, para ajudar Israel, que havia
sido levado à idolatria pelas suas lideranças políticas, em particular pelo
ímpio Acabe, rei de Israel nos dias de Elias. Pôde, assim, realizar grandes
milagres: fez com que não chovesse sobre a terra por três anos e meio, além
de outros. O ponto alto de seu ministério foi o confronto com os profetas de
Baal no monte Carmelo. Nesta ocasião, a manifestação sobrenatural do poder de
Deus fez o povo clamar: “Só o Senhor é Deus!” (1 Rs 18.39)
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- a. MOISÉS
- Moisés, criado na coorte egípcia,
educado em toda ciência do Egito, depois de quarenta anos no deserto como
pastor, não se vê capacitado para atender ao chamado, e tenta se eximir dando
algumas desculpas – ‘Quem sou eu...?’ A primeira resposta foi uma
objeção de Moisés ao chamado divino, uma expressão de inadequação para uma
missão tão séria. A resposta de Deus ‘Eu serei contigo’ foi uma promessa
feita também aos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, e deveria ter sido
suficiente para acalmar os temores e os sentimentos de inadequação de todos os agentes
escolhidos para a tarefa. Notemos ainda, que Deus ao chamar Moisés, apesar de
todas as descupas desse para fugir da tarefa, garantiu-lhe o sucesso da missão,
quando afirmou: ‘servireis a Deus neste monte’ (Êx 3.12). Essa promessa
divina apontava para o sucesso futuro na missão, sugerindo que Israel não seria
libertado simplesmente da escravidão e opressão, mas resgatado para cultuar a
Deus (At 7.7).
- b. ELIAS
- Elias significa “o Senhor é Deus”. O ministério
do profeta Elias correspondia ao seu nome. Ele foi enviado por Deus para
enfrentar Baal, o principal deus da religião dos cananeus. Ele era o deus da
tempestade que fornecia a chuva necessária para a fertilidade da terra. O culto
a Baal estava bem disseminado entre os cananeus, com muitas manifestações
localizadas sob vários outros títulos; os de Tiro o chamavam de Baal Melqart. O
culto a Baal havia se infiltrado em Israel muito antes dos dias de Acabe (Jz
2.11,13; 3.7; 10.6,10; 1Sm 12.10). Entretanto, Acabe lhe deu sanção oficial em
Samaria mediante a construção de um templo dedicado a essa divindade (2Rs 3.2).
Assim como Davi havia conquistado Jerusalém e seu filho Salomão construído um
templo para o Senhor naquele lugar, do mesmo modo Onri estabeleceu Samaria e
seu filho Acabe construiu um templo para Baal nesse lugar. Elias foi
divinamente capacitado para eliminar o baalinismo e para declarar a Israel que
o Senhor era Deus e que não havia-outro. O ponto alto do ministério de Elias
foi o embate com os profetas de Baal, no entanto, antes desse embate, teve um
momento chave quando o profeta foi enviado a Sarepta, cidade no litoral do
Mediterrâneo, para viver nesse lugar, num território hostil, controlado pelo
sogro de Acabe, Etbaal. Desse modo, ele mostrou o poder de Deus na própria
região onde o impotente Baal era adorado, assim como proveu milagrosamente para
a viúva durante a fome.
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Manifestações
sobrenaturais no Novo Testamento. Quando o Espírito foi derramado em sua plenitude, os
dons espirituais começaram a entrar em ação, e passaram a ser a própria
preparação divina para o ministério (1 Co 12.4-6). Os apóstolos eram
revestidos desses dons, meio divino para a conversão de muitas almas. O
apóstolo Paulo, enriquecido por Deus com muitos dons, escreveu para o
evangelista Timóteo, representante da segunda geração, uma mensagem de
exortação: “Não desprezes o dom que há em ti” (1 Tm 4.14). Pouco antes de ser
martirizado, Paulo voltou a escrever a Timóteo: “Despertes o dom de Deus, que
existe em ti […]” (2 Tm 1.6). Paulo recomenda: “Procurai com zelo os melhores
dons” (1 Co 12.31) e “Procurai com zelo os dons espirituais, mas
principalmente o de profetizar” (1 Co 14.1).
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- É interessante notar que as manifestações
sobrenaturais no Novo testamento não se iniciam apenas depois do Pentecostes,
mas é evidenciado desde as primeiras páginas. O comentarista optou pelo
episódio ocorrido em Atos 2 e que deu origem à Igreja. No Novo Testamento, a habilidade
de realizar milagres estava limitada aos apóstolos e seus companheiros próximos,
como por exemplo, Filipe em At 8.13. Isso produzia admiração e respeito pelo
poder divino. É importante lembrar que a plenitude do Espírito afeta todas as áreas
da vida, não apenas o testemunho ousado por meio de palavras (Ef 5.19-33). “Há
três sinais que mostram a ação sobrenatural do Espírito Santo por ocasião de
sua descida no dia de Pentecostes: o som como de um vento (At 2.2), a visão das
línguas repartidas como que de fogo (2.3) e o falar em línguas (2.4). Os dois
primeiros sinais jamais se repetirão, pois foram manifestações exclusivas que
tiveram como objetivo anunciar a chegada do Espírito Santo. Alguém tão
importante quanto o Filho, cuja encarnação e nascimento em Belém, ainda que
extraordinários, porque o Verbo se fez carne (Lc 2.9-11; Jo 1.4), não tiveram
sinais semelhantes. Além de marcar a chegada do Espírito Santo, no dia de
Pentecostes, as manifestações sobrenaturais também inauguraram a Igreja. Assim,
o som soava como vento, mas não era vento, e da mesma forma a visão não era
fogo, mas lembrava o fogo de Deus (Êx 3.2; 1Rs 18.38). Foi um acontecimento
singular, algo que ocorreu uma única vez.” (Lição 10, As Manifestações
do Espírito Santo 3º Trimestre de 2017 - Título: A Razão da Nossa Fé: Assim
Cremos, assim Vivemos Comentarista: Pr. Pres. Esequias Soares).
- Os dons espirituais são manifestações do poder de
Deus que nos capacitam a continuar a missão de Cristo no mundo e as
demonstrações desse poder na vida da Igreja (At 1.8). A Igreja não se sustenta
sozinha, por isso o Senhor Jesus enviou o Espírito Santo (Jo 14.16-18). Há pelo
menos três listas desses dons (Rm 12.6-8; 1Co 12.8-10,28-30), embora não seja
correto fixarmos os dons apenas a estas listas, pois não existe uma descrição
exaustiva deles no Novo Testamento. É importante lembrar, ainda, que em 1Co 12.4,
os dons ali referidos não são talentos, perícias ou habilidades naturais que
tanto os cristãos quanto os incrédulos possuem. Eles são, de maneira soberana e
sobrenatural, concedidos pelo Espírito Santo a todos os cristãos (1Co 12.7,11)
visando capacitá-los a edificar espiritualmente uns aos outros de modo efetivo
e, assim, honrar ao Senhor.
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III
– O MINISTÉRIO DE PROFETA À LUZ DA BÍBLIA
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O profeta exerce a
função ministerial, determinada por Deus. “Ninguém toma para si esta honra,
senão o que é chamado por Deus” (Hb 5.4).
O profeta na
dispensação do Antigo Testamento. O profeta, além de transmitir a mensagem de Deus
para o povo, era consultado pelo povo acerca de assuntos espirituais e até
mesmo acerca de assuntos materiais.
Exemplos:
a. Em Ezequiel 20.2,
os anciãos vieram a Ezequiel para que este consultasse o Senhor por eles;
Deus, por meio de Ezequiel, lhes respondeu que por causa das suas abominações
eles não receberiam respostas.
b. Em 1 Samuel 9.6,7,
o profeta Samuel foi consultado acerca das jumentas do pai de Saul que se
haviam perdido.
c. Em 1 Reis 14.2,3
está registrada uma consulta sobre um doente, se ele levantaria ou não, e o
profeta respondeu da parte de Deus (1 Rs 14.4-7).
d. Moisés transmitia
aos anciões o que Deus lhe falava (Êx 19.7,8). Vemos que no Antigo Testamento
o profeta era uma espécie de mediador entre Deus e o povo.
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- “A Bíblia retrata o profeta como alguém que
era aceito nas câmaras do conselho divino, onde Deus 'revela o seu segredo' (Am
3.7). O texto hebraico de 1 Samuel 9.15 retrata Deus 'revelando aos ouvidos' do
profeta. Pelo processo da inspiração divina, Deus revelava o que estava oculto
(2 Sm 7.27), de forma que o profeta percebia o que o Senhor dissera (Jr 23.18).
Esta comunhão com DEUS era essencial para que a verdade de Deus fosse revelada
pelo processo de inspiração profética. A Palavra do Senhor era comunicada ao
profeta e mediada ao povo pelo Espírito Santo - com uma convicção poderosa e
precisão exata” (LA.HAYE, Tim. Enciclopédia Popular de profecia
Bíblica. l.ed. Rio de janeiro: CPAD, 2008, p.383). “A pessoa se
tornava profeta ao perceber que Deus estava falando com ela e precisava então
transmitir a mensagem recebida. A consciência disso se manifestava de várias
maneiras e a mensagem era transmitida conforme a personalidade única do profeta
Jeremias diz simplesmente que a mão do Senhor o tocou e palavras foram postas
em sua boca (Jr 1.9). Outros profetas tiveram visões e sonhos (1 Sm 28.6,15; Zc
1.8). Algumas vezes a mensagem profética era dada recapitulando a visão (ls 6),
outras vezes contando parábolas ou histórias (ls 5.1-7), repetindo um oráculo
(2 Rs 13.14-19; Ez 4.1-3), ou escrevendo (ls 30.8). [ ... ] Grupos de profetas
trabalhavam nos centros de adoração (1 Sm 10.5) e se associavam então com os
sacerdotes e levitas (2 Rs 23.2). Em vista de conhecerem os abusos do sistema
de sacrifícios e compreenderem que a vida moral dos adoradores não correspondia
ao cerimonial, eles tendiam a atacar esse. Fizeram o que Jesus fez mais tarde
com a samaritana, quando afirmou que a verdadeira adoração aceitável a Deus é
'em espírito e em verdade')” (GOWER, Ralph. Uso e Costumes dos Tempos
Bíblicos. 1. ed. Rio de janeiro: CPAD, 2002, pp.367,368). “Aparentemente,
homens que desejavam ser profetas se reuniam para aprender os caminhos de Deus
e para ser treinados em questões teológicas. Sem dúvida, eles buscaram a deus e
foram ungidos com o Espírito Santo como em outros períodos. Ao longo das
épocas, certos homens tiveram fome de Deus e se inclinaram espiritualmente para
o Senhor. Houve assembleias como esta desde os dias de Samuel (vv 1 Sm 19.20,
24; 10.5-12; 1Rs 18.4, 13). Aqueles que se reuniram nos dias de Elias e de
Eliseu foram chamados de filhos dos profetas (1Rs 20.35, 41; 2Rs 2.2-7, 15)”.
(Estudos Temáticos, Bíblia Dake, CPAD, p. 529).
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O profeta na
dispensação do Novo Testamento. Entre os dons espirituais está o dom de profetizar (1 Co
12.10). Estaria entre as consequências do derramamento do Espírito Santo que
aconteceria nos últimos dias (At 2.17).
Ter alguém o dom de
profecia não significa que seja profeta. O termo profeta designa quem tem o
ministério de profeta. Este ministério de profeta é um ministério da Palavra,
para o qual o ministro recebeu de Deus uma preparação especial do Espírito
profético. Lemos em Atos 21.8,9 que Filipe tinha quatro filhas que
profetizavam, e que depois de alguns dias veio à sua casa UM PROFETA, Ágabo
(At 21.10). Existe, porém, uma diferença importante entre o ministério de
profeta no Antigo e no Novo Testamento. No Antigo os profetas eram
consultados pelo povo, e transmitiam-lhe a resposta de Deus. Mas a Bíblia
diz: “A Lei e os Profetas duraram até João, e desde então é anunciado o Reino
de Deus” (Lc 16.16).
No Pacto, na Nova
Aliança, temos Jesus como o ÚNICO MEDIADOR (1 Tm 2.5). É importante notar que
no Novo Testamento não há um único exemplo de alguém consultando um profeta.
No Novo Pacto todos temos acesso a Deus por Jesus Cristo (Ef 2.18). Jesus é o
único mediador (1 Tm 2.5). É, portanto, um erro doutrinário quando alguém,
que possui o dom de profecia, procura usá-lo para responder a consultas de
qualquer natureza, como casamento, viagens, compra de imóveis, etc. Fica
neste caso falando sozinho, porque Deus diz: “NÃO MANDEI OS PROFETAS;
TODAVIA, ELES FORAM CORRENDO, NÃO LHES FALEI A ELES; TODAVIA, ELES
PROFETIZARAM” (Jr 23.21). É fundamental que os obreiros ensinem à igreja
acerca do uso correto dos dons, inclusive o de profecia.
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- Inicialmente, uma breve explicação de Lc 16.16: ‘até
João’; O ministério de João Batista marcou o ponto de mudança da história
da redenção. Antes disso, as grandes verdades de Cristo e seu reino estavam
veladas nos tipos e sombras da lei, bem como prometidas nos escritos dos
profetas (1Pe 1.10-12). Mas João Batista apresentou o próprio Rei (Mt 11.11).
Os fariseus, que se consideravam especialistas na lei e nos profetas,
desprezaram a importância daquele para quem a lei e os profetas apontavam. João
era maior do que os profetas do Antigo Testamento porque ele de fato viu com
seus olhos e participou pessoalmente do cumprimento do que eles haviam apenas
profetizado (1Pe 1.10-11). Contudo, depois da cruz, todos os crentes são ainda
maiores, porque participam do pleno entendimento e experimentam algo que João
simplesmente anteviu de modo vago: a verdadeira obra expiatória de Cristo. “Trata-se
aqui de João Batista. Cristo declara que João não era uma cana agitada pelo
vento. Referia-se Jesus ao caráter justo de João e ao fato de ser ele um
pregador que não transigia com o erro. O pensamento dos fariseus era que uma
observância rígida da Lei fosse o caminho para a justiça e não perceberam que o
fim da Lei era o Messias. João surge com uma mensagem nova: arrependimento e fé
eram os meios para ingressar no Reino. ‘...emprega força...’ ‘Jesus declara o
avanço do Reino de Deus como o resultado de duas coisas: pregação e esforço.
Ele mostra que o Evangelho do Reino deve ser proclamado com paixão espiritual’
[...]”. (Bíblia de Estudo Plenitude, SBB, p.1052). Para saber
mais sobre João Batista, leia aqui.
- Para se conhecer as coisas de Deus são
necessários dois elementos: Uma revelação de Deus pelo Espírito Santo e uma
resposta espiritual adequada pelo homem. A fonte de inspiração profética na
Nova Aliança é a mesma do Antigo Pacto: O Espírito Santo. No dizer de Paulo, ‘Deus
no-las revelou pelo seu Espírito’. “E ele mesmo deu uns para apóstolos,
e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e
doutores.” (Ef 4.11). Este versículo alista os dons de ministério (isto é,
líderes espirituais dotados de dons) que Cristo deu à igreja. Paulo declara que
Ele deu esses dons para preparar o povo de Deus ao trabalho cristão (4.12) e
para o crescimento e desenvolvimento espirituais do corpo de Cristo, segundo o
plano de Deus (4.13-16). Pedro afirma a divina origem e autoridade das
profecias da Escritura: ‘Porque a profecia nunca foi produzida por vontade
de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito
Santo’. Tal qual o valente Pedro, todos os crentes devem, de modo
semelhante, manter um conceito firme e final da inspiração e autoridade das
Sagradas Escrituras.
- Dito isto, é necessário, ainda, esclarecer que o dom
de profecia é para todos: "Todos podereis profetizar"
(1Co 14.31), no entanto, o ministério profético não:
"São todos profetas?" (1Co 12.29).
- O saudoso Pr Antônio Gilberto esclarece:
“O ministério
profético é exercido através de um ministro dado por Deus à Igreja. O dom
de profecia é uma capacitação sobrenatural do Espírito Santo concedida a uma
pessoa do povo para transmitir a mensagem divina. No ministério profético, Deus
usa principalmente a mente do profeta; no dom de profecia, Deus usa
principalmente o aparelho fonador da pessoa.
O profeta é um pregador especial, com mensagem
especial. Sua mensagem apela à consciência da pessoa em relação a Deus, a si
própria, ao pecado e à santidade. Vemos isso nos profetas do Antigo Testamento.
É só conferirmos as mensagens dos livros proféticos. No Novo Testamento,
podemos ver isso em profetas como Silas (At 15.32) e Ágabo (At 21.10).
O profeta de Deus é também um intercessor diante de
Deus pelos homens, pela obra etc (Gn 20.7). O forte do profeta de Deus é expor
os padrões da justiça divina para o povo. Ele é um arauto da santidade de Deus.
Com autoridade e unção divinas, está sempre a condenar o pecado (Is 58.1). Seu
espírito ferve com isso e ele geme por isso, pois para isso foi chamado. A
Igreja precisa muito desse ministério para os dias atuais.
A Palavra de Deus sai da boca do profeta como
flechas de fogo divino! João 5.35 diz de João Batista, o profeta: "Ele era
a candeia que ardia". O profeta de Deus faz o homem carnal estremecer,
parar e considerar o seu mau caminho.
A profecia, como estamos tratando aqui, é uma
mensagem sobrenaturalmente inspirada ou revelada da parte de Deus. A mensagem
profética vem do Espírito Santo através da fé (Rm 12.6). Portanto, o ministério
profético é um ministério de fé.
Duas curiosidades sobre os profetas de Deus na
Bíblia: dois deles no Novo Testamento eram também apóstolos: Barnabé e Saulo
(At 13.1); e há um alerta de Deus para o povo a respeito deles: "Não
toqueis nos meus ungidos, e não maltrateis os meus profetas", Sl 105.15.
Nos tempos bíblicos havia falsos profetas: "E
veio a mim a Palavra do Senhor, dizendo: Filho do homem, profetiza contra os
profetas de Israel que são profetizadores, e dize aos que só profetizam o que
vê o seu coração: Ouvi a Palavra do Senhor: Assim diz o Senhor Jeová: Ai dos
profetas loucos, que seguem o seu próprio espírito e coisas que não
viram", Ez 13.1-3. Como naqueles tempos, ainda há falsos profetas” (Os dons ministeriais (3ª Parte),
Pr Antonio Gilberto – CPADNews)
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QUESTIONÁRIO
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A respeito de
“Zorobabel Recomeça a Construção do Templo”, responda:
• Por quanto tempo
esteve paralisada a construção do Templo?
R: Quinze anos.
• Que profetas o
Senhor levantou para animar os judeus na reconstrução do Templo? R: Ageu e Zacarias.
• Como atuava o
profeta do Antigo Testamento? R: No Antigo Testamento, o profeta além de transmitir a
mensagem de Deus para o povo, era consultado pelo povo acerca de assuntos
espirituais e até mesmo acerca de assuntos materiais.
• Como atuava o
profeta do Novo Testamento? R: Exercia o ministério da Palavra, para o qual o
ministro recebeu de Deus uma preparação especial do Espírito profético.
• Por que, hoje, não
necessitamos mais consultar os profetas? R: Porque possuímos a Palavra
de Deus, que é a nossa única regra de fé e conduta.
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Pb Francisco Barbosa