ANO 11 | Nr 1.387| 2020
LIÇÕES
BÍBLICAS CPAD ADULTOS - 2º Trimestre de 2020
Título:
A Igreja Eleita - Redimida Pelo Sangue de Cristo e Selada com o Espírito Santo
da Promessa.
Comentarista:Douglas
Baptista
LIÇÃO 11
14 DE JUNHO DE 2020
Atributos da Unidade da Fé:
Humildade, Mansidão
e Longanimidade
TEXTO ÁUREO
“Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis
como é digno da vocação com que fostes chamados.” (Ef 4.1).
VERDADE PRÁTICA
A unidade na Igreja depende de que os crentes
evidenciem no cotidiano a humildade, a mansidão e a longanimidade.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Efésios
4.1-4; Colossenses 1.9-12
INTRODUÇÃO
||Após concluir a oração intercessória em favor da
Igreja e, ao mesmo tempo, estimular os cristãos a viverem para a glória de Deus
(3.16-21), o apóstolo passa a enfatizar a necessidade da unidade dos crentes
(4.1-16). Assim, nesta lição, estudaremos as virtudes fundamentais – humildade,
mansidão e longanimidade – que levam a igreja a viver uma perfeita unidade
conforme a Palavra de Deus||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º
Trimestre 2020. Lição 11, 14 Junho, 2020]
- Hernandes Dias Lopes citando Warren
Wiersbe, em Comentário bíblico expositivo (p. 44), diz: “Todas as
cartas de Paulo contêm equilíbrio entre teologia e vida, doutrina e dever. Essa
carta não é diferente. Os três primeiros capítulos lidam com doutrina, nossas
riquezas em Cristo, enquanto os últimos três explanam o dever, nossas
responsabilidades em Cristo. A palavra- chave nesses últimos três capítulos é
andar: 1) andar em unidade (4.1-16); 2) andar em pureza (4.17—5.17); 3) andar
em harmonia (5.18—6.9); 4) andar em vitória (6.10-24).” (Lopes, Hernandes
Dias. Efésios: igreja, a noiva gloriosa de Cristo / Hernandes Dias Lopes. — São
Paulo: Hagnos, 2009. Pág. 99). William Barcklay escreve poeticamente sobre esta
passagem de Efésios: “Quando alguém ingressa em uma sociedade ou
fraternidade assume a obrigação de viver certo tipo de vida: e se não o faz,
obstaculiza os fins da sociedade e traz descrédito ao nome da mesma. Paulo
pinta aqui o quadro da vida que deve que viver o membro da Igreja cristã.”
(Efésios - William Barclay, Pág. 85). Existem cinco grandes conceitos da fé
cristã (humildade, mansidão, longanimidade, amor e unidade), nesta lição,
ateve-se a três destas virtudes fundamentais – humildade, mansidão e
longanimidade. Vamos pensar maduramente
a nossa fé cristã?
I – PARA HAVER UNIDADE É PRECISO HUMILDADE
||A humildade é uma virtude imprescindível para o
fortalecimento da comunhão cristã. Espera-se que os crentes sejam humildes não
somente diante de Deus, mas também entre eles.
1. O modo digno do viver cristão. A conduta
geral do crente é o destaque dessa seção da Carta. O apelo apostólico é para
que os crentes “andem de modo digno da vocação” (4.1), ou seja, a nossa conduta
diária deve corresponder à chamada recebida para ser um membro do Corpo de
Cristo, a Igreja. Isso pressupõe que o andar do cristão está diretamente
relacionado com o nível de unidade que ele tem com Deus e com os irmãos. Nesse
sentido, a fim de desenvolver essa unidade, o apóstolo Paulo apresenta três
virtudes essenciais: a humildade, a mansidão e a longanimidade (4.2)||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 11, 14 Junho, 2020]
- “Rogo-vos, pois, eu, o
preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados”
(Ef 4.1) - Paulo fala também sobre a necessidade de se preservar a unidade do
Espírito no vínculo da paz. A unidade é orgânica, mas precisa ser preservada. Frequentemente,
"andar" é usado no Novo Testamento para se referir à conduta
diária. Ele estabelece o tema para os três capítulos finais. "Digno"
tem a ideia de viver de modo compatível com a posição que a pessoa tem em
Cristo. Paulo estimula seus leitores a ser tudo aquilo que o Senhor quer e lhes
concede que sejam. Como sempre nas epístolas, chamados diz respeito ao
chamado soberano para a salvação (Rm 1.7). O chamado efetivo que salva é
mencionado em no capítulo 1.18 da Carta ( Rm 11.29; ICo 1.26; Fp 3.14; 2Ts
1.11; 2Tm 1.9; Hb 3.1).
||2. A humildade. Para os povos pagãos a humildade
não era uma virtude; pelo contrário, era considerada uma atitude negativa,
fraqueza de caráter e falta de amor próprio. Na vida de Cristo é que a
humildade aparece como virtude, pois Ele “não teve por usurpação ser igual a
Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo” (Fp 2.6,7). No
Evangelho de João, nosso Senhor lavou os pés dos apóstolos dando o exemplo de
humildade (Jo 13.13-15), mas não de uma humildade movida pela falsa aparência
(Is 32.6; Mt 23.28), e sim de uma ação que reconhece a importância e o valor do
outro (Fp 2.3)||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º
Trimestre 2020. Lição 11, 14 Junho, 2020]
- O termo para humildade é ταπεινοφροσυνη
- tapeinofrosyne, e é uma palavra que em realidade foi cunhada pela fé
cristã. No grego daqueles dias, a palavra remetia à baixeza. Foi Basílio, bispo
de Cesaréia, quem descreveu a humildade como "o cofre adornado de
pedras preciosas de todas as virtudes". “O mundo antigo considerava
a humildade como algo abjeto, abominável, baixo, rasteiro, que deve ser
desprezado, ao invés de ser buscado. Humildade, no conceito da antiguidade
greco-romana, foi sempre usada com adjetivos de depreciação, tais como: sem
reputação, escravo, servo, baixo e ignóbil” (Andar de Modo Digno da
Vocação. Publicado em 5 de novembro de 2014 por IPSW. Disponível em: http://www.ipsw.org.br/andar-de-modo-digno-da-vocacao/. Acesso em: 9, Junho 2020). No Cristianismo, a humildade, tão desprezada como
virtude pelos pagãos, colocou justamente em primeiro plano entre todas as
virtudes cristãs; da humildade dependem e provêm todas as demais virtudes, e,
importante, nossa humildade provém do nosso autoconhecimento. Ebehard Hahn, em
sua obra “Cartas aos Eíésios, Filipenscs e Colossenses” (Editora Esperança),
define humildade como “a renúncia à imposição de interesses pessoais”
(Hahn, Ebehard. Cartas aos Efésios, Filipenses e Colossenses. Curitiba;
Editora Esperança, 2006, p 77). É em Jesus Cristo que a humildade toma forma de
virtude estrutural (que fundamenta todas as demais): Sua vida e morte foram
serviço e sacrifício sem qualquer preocupação quanto à reputação (Fp 2.6).
||3. A verdadeira humildade. O que fica
claro em Jesus e no ensino do apóstolo Paulo é que a pessoa humilde expressa a
modéstia, em oposição ao orgulho e a arrogância (2 Co 12.20). Trata-se de uma
postura que favorece o bem da coletividade no lugar do egoísmo (Jo 17.21-23).
Assim, a verdadeira humildade coopera para a harmonia nos relacionamentos e
promove a unidade no Corpo de Cristo (1 Co 12.25). Entretanto, é importante
ressaltar que esta, e as demais virtudes, são produzidas pelo Espírito Santo
que habita no crente (3.16). Não há quem possa desenvolver tal conduta sem que
o Espírito Santo o transforme (Gl 5.16)||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 11, 14 Junho, 2020]
- É importante ressaltar que a
primeira bem-aventurança cristã é justamente ‘ser humilde de espírito’
(Mt 5.3). Não é apenas ‘modéstia’ e ‘interesse pelo bem do próximo’ como
expresso no comentário, mas remete ao espiritual, produzido pelo Espírito
Santo. Humildade é o oposto da autossuficiência. Fala da profunda humildade de
reconhecer a total falência espiritual daquele que se afasta de Deus e descreve
aqueles que estão profundamente conscientes de sua própria perdição e
desesperança à parte da graça divina (Mt 9.12; Lc 18.13). Jesus, introduzindo o
maravilhoso Sermão do Monte, afirma que é daqueles que apresentam essa virtude,
é deles é o reino dos céus! Jesus estava ensinando que o reino é
um presente gracioso àqueles que reconhecem sua própria pobreza de espírito –
esta é a verdadeira humildade! William Barclay diz que a humildade provém: “1)
do conhecimento que temos de nós mesmos. Quem sabe que veio do pó, é pó e
voltará ao pó não pode ser orgulhoso; 2) do confronto da própria vida com a
vida de Cristo à luz das exigências de Deus. Quando reconhecemos que Cristo é
santo e puro e somos desafiados a imitá-lo, então precisamos ser humildes; 3)
da consciência de que somos criaturas totalmente dependentes de Deus. Não
podemos viver um minuto sequer sem o cuidado de Cristo. Nosso dinheiro, saúde e
amigos não podem nos valer. Não podemos pensar a respeito de nós mesmos além do
que convém nem aquém (Rm 12.3). Cristo é o exemplo máximo de humildade: ele a
si mesmo se esvaziou” (Barclay, William. Galatas e Efésios, p. 142,143).
II – PARA
HAVER UNIDADE É PRECISO MANSIDÃO
||A virtude da mansidão produz crentes capacitados a
bem gerir os conflitos, promovendo paz e conciliação na igreja local.
- A mansidão é um aspecto do
fruto do Espírito que parece esquecido em nossa cultura agressiva e
egocêntrica. A mansidão é mal compreendida e subestimada na sociedade de
extremos de hoje - onde muitas vezes as pessoas tendem a reagir com raiva ou a
reagir passivamente. Talvez por ser associada equivocadamente à fraqueza, hoje
a maioria não admira os outros por serem "mansos". O Dicionário
Online de Português PRIBERAM define assim: 1. Qualidade de manso. 2. Brandura
de .gênio. 3. Quietação. 4. Lentidão, vagar (no .atuar). ("mansidão",
in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013,
https://www.priberam.pt/dlpo/mansid%C3%A3o. Consultado em 27-02-2017).
Nem uma só destas palavras se aplica a Jesus Cristo ou mesmo a Moisés, que a
Bíblia afirma que " E era o homem Moisés mui manso, mais do que todos os
homens que havia sobre a terra." (Nm 12.3). Esses termos descrevem o rei
guerreiro Davi, um homem muito amado por Deus? Ou Paulo, o apóstolo incansável,
que corajosamente enfrentou perseguições perigosas e dolorosas? Não, porém, uma
vez que compreendemos o que é a mansidão bíblica, podemos facilmente ver que
esses homens eram de fato mansos. A mansidão, sendo um aspecto do fruto do
Espírito, é um atributo do próprio Deus Todo-Poderoso e importante para o nosso
ser conformado à Sua imagem e um verdadeiro testemunho de nossa regeneração. De
fato, essa característica determinará em grande parte quanta paz e satisfação
estão em nossas vidas e quão bem nós fazemos durante as provações.
1. Mansidão: um fruto do Espírito. A palavra
“mansidão” transmite o conceito de “ternura”, “gentileza”, “cortesia” e
“paciência” (1 Co 4.21; 2 Co 10.1; 2 Tm 2.25). Essa qualidade é listada nas
Escrituras como um dos aspectos do fruto do Espírito (Gl 5.22). A mansidão é um
estado que deriva da humildade. O termo indica moderação nas ações, bom trato
para com o semelhante e ausência de precipitação. A expressão retrata o caráter
de Cristo conforme o Senhor mesmo disse: “Aprendei de mim, que sou manso e
humilde de coração” (Mt 11.29)||Lições
Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 11, 14 Junho, 2020]
- Seguindo-se a humildade, vem a
mansidão, segunda das grandes virtudes cristãs, do grego prautes, traz a
ideia de controle, manso é aquele cuja força está sob controle. É a qualidade
de uma personalidade forte que, mesmo assim, é senhora de si mesma e serva de
outras pessoas. É a mansidão e que nós traduzimos por "doçura". William
Barclay afirma: “Aqui temos, pois a segunda grande virtude cristã e a
segunda característica importante do verdadeiro membro da Igreja. É
o homem tão dominado por Deus que se ira sempre no momento oportuno e jamais
fora de tempo; é o homem em quem morreu o eu e para quem toda a vida está
dirigida e dominada por Deus; é o cavalheiro de Deus. (Efésios William
Barclay. Pág 89)
||2. Grandes exemplos de mansidão: Moisés e
Jesus Cristo. Moisés foi reconhecido como o homem mais manso que havia sobre a
terra (Nm 12.3). Essa reputação se deu em virtude de o legislador, entre outros
aspectos, não revidar nem guardar rancor quando foi atacado pessoalmente (Nm
12.1,2). Nessa mesma perspectiva, Jesus Cristo manteve o autocontrole enquanto
era injustamente caluniado (Mt 12.14-21). E, durante seu julgamento, não
pronunciou qualquer palavra contra seus acusadores (Mc 15.4,5). Assim, temos o
exemplo da mansidão diante das mais difíceis circunstâncias||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 11, 14 Junho, 2020]
- Como diz a Escritura, o fruto
do Espírito é gerado pelo próprio Espírito Santo em cada crente, moldando-lhe
para que seja semelhante a Cristo, o nosso exemplo perfeito. O Ver Hernandes
Dias Lopes escreve: “Abraão é um exemplo de mansidão. Ele deixou Ló fazer a
melhor escolha (Gn 13.7-18). A mansidão é poder sob controle. E a virtude
daqueles que não perdem o controle. Moisés era manso e, no entanto, veja quão
tremendo poder ele exerceu. Jesus era manso e virou a mesa dos cambistas” (Efésios
— Igreja, a noiva gloriosa de Cristo, pág 103).
||3. A verdadeira mansidão. Pessoas com
essa virtude são disciplinadas e capacitadas a perseverar na perseguição (Rm
12.12-14), não revidam os maus-tratos sofridos, não se apressam a emitir juízo
(Rm 12.17-19), não cedem às provocações nem dão espaço para ressentimentos (Hb
12.15). Essa virtude não significa fraqueza ou inferioridade; pelo contrário,
indica o mais seguro controle emocional. Assim, mansidão trata da submissão do
homem para com Deus e sua Palavra (Tg 1.21). É a presença do Espírito Santo
propiciando suavidade e domínio próprio (Rm 8.10)||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 11, 14 Junho, 2020]
- A palavra grega prautes era
usada no grego clássico com o bom sentido de suavidade de tratamento ou
docilidade de caráter. Uma pessoa mansa é aquela que não insiste em seus
direitos nem reivindica sua própria importância ou autoridade. Na verdade, uma
pessoa mansa renuncia a seus direitos. Uma pessoa mansa prefere, antes, sofrer
o agravo do que o infligir (1Co 6.7). O propósito de Deus é que sejamos
modelados à semelhança de Cristo, para que sejamos perfeitos. Ninguém jamais
foi amável, longânimo, bondoso, temperado, humilde e manso como o Senhor Jesus
Cristo. O verdadeiro manso mantém a sua postura, orquestrada pelo Espírito
Santo, em toda e qualquer situação. Não há nada que tire o manso de sua
postura, pois quanto maiores forem os insultos, maior será o testemunho de
mansidão e humildade refletido na vida do verdadeiro cristão
||4. Mansidão pressupõe conciliação. O
comportamento conciliador é a demonstração prática da conduta de quem possui
mansidão por meio de uma postura equilibrada diante de circunstâncias adversas
(1 Pe 2.23). Ele transmite a ideia de pacificação, um meio harmonioso de
administrar os conflitos (2 Co 2.10). Se todos os crentes de cada igreja
desenvolvessem a virtude da mansidão o espírito conflituoso desapareceria. Em
lugar de sentimento faccioso, eles apresentariam um espírito manso e
conciliador (1 Co 1.10)||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º
Trimestre 2020. Lição 11, 14 Junho, 2020]
- Mansidão, um produto inevitável da humildade,
diz respeito àquele que é manso de espírito e que tem domínio próprio (Mt 5.5;
11.29; Gl 5.23; Cl 3.12). Jesus era simples, humilde e dócil (Mt 11.29). As
pessoas tinham prazer em estar ao seu lado. É muito difícil estar ao lado de
pessoas altivas. Em geral, os altivos gostam de pelejas, pois acreditam que
estão sempre com a razão e que são os donos da verdade. Você conhece alguém
assim? Então, ore por ele(a) para que venha a se arrepender, ser cheio do
Espírito Santo e desenvolver o fruto do Espírito.
- É perfeitamente apropriado que
na Bíblia o Espírito Santo seja simbolizado pela pomba, Jesus pelo cordeiro e
os Seus seguidores sejam simbolizados pela ovelha. Todos esses são símbolos que
falam de mansidão – o fruto espiritual da mansidão. De todos os atributos que
estamos analisando, provavelmente esse é o mais difícil de definir, porque
estamos falando de uma atitude interior e não de algum ato externo. Mansidão ou
o Amor Humilde é a característica que se opõe ao orgulho e tem a ver com
humildade, mas não com passividade. Como já dito, consiste em moderação, paz e
submissão, sem qualquer ideia de fraqueza ou sentimento de inferioridade. Nada
há de covardia na mansidão. Na Bíblia vemos que ela está relacionada com
coragem, fortaleza moral e resolução. Moisés era homem muito manso; mas, ao
mesmo tempo estava sempre pronto a agir em momentos difíceis. É o Espírito
Santo que age permitindo que os crentes sejam muito mais mansos e gentis do que
jamais poderiam ser, como Paulo mostra em sua carta às igrejas da Galácia.
Paulo sabia que os crentes haviam retrocedido e demonstravam atitudes hostis e
conflitos pessoais. Ele escreveu: "Mas se vocês se mordem e se devoram uns
aos outros, cuidado para não se destruírem mutuamente" (Gl 5.15). Ele os
exortou a "por meio do amor, servirem uns aos outros" (Gl 5.13),
lembrando-lhes: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Gl 5.14).
Somos instruídos a vestir-nos com mansidão. Isto é algo que devemos buscar
ativamente (1Tm 6.11), e usar como uma vestimenta divina. Paulo disse à igreja
Colossense para “Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e amado,
revistam-se de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência”.
(Cl 3.12); A mansidão produzida pelo Espírito Santo não é uma característica
natural da personalidade, nem é ser omisso ou passivo diante dos problemas, tampouco
ser uma pessoa que não tem opinião própria ou vive em cima do muro. Esse amor
humilde, que só o Espírito pode gerar em nós por meio da Sua graça, é manifesto
na nossa vida quando somos completamente submissos à Palavra de Deus (Tg
1.21,22).
III – PARA
HAVER UNIDADE É PRECISO LONGANIMIDADE PARA O EXERCÍCIO DO PERDÃO
||A virtude da longanimidade capacita o crente a ser
tolerante com os erros alheios, e assim liberar o perdão aos ofensores.
1. Longanimidade: um fruto do Espírito.
Longanimidade tem o sentido de ”paciência”, “tolerância” e “constância” (1 Pe
3.20; 2 Pe 3.9; Cl 3.12,13). É mais um dos aspectos do fruto do Espírito
desenvolvido no crente (Gl 5.22). Em termos gerais essa virtude significa
tolerar pacientemente a má conduta dos outros (1 Co 6.1-6), tanto que a Bíblia
nos ensina a ser “pacientes na tribulação” (Rm 12.12). Assim, suportar os erros
dos outros e as adversidades da vida são o lado prático da paciência, pois o
próprio Deus é descrito como “longânimo” e “tardio em irar-se” (Sl 86.15; Na
1.3). Contudo, o exercício da paciência requer a virtude do amor, que é o
princípio basilar de todas as ações do crente salvo por Cristo (1 Co 13.1-7)||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 11, 14 Junho, 2020]
- A terceira grande qualidade do
cristão é a paciência. O termo grego é makrothymia. A palavra grega
significa, literalmente, resistência, e refere-se à uma paciência resoluta que
é uma consequência natural da humildade e da mansidão (1Ts 5.14; Tg 5.10). William
Barclay afirma que este substantivo grego juntamente com o verbo makro-
thymein são palavras tipicamente cristãs por descreverem uma virtude que, para
os gregos daqueles dias, não era considerada uma virtude. Paciência é a atitude
de nunca revidar, aguentar com paciência pessoas provocadoras. Crisóstomo dizia
que paciência é o espírito que tem o poder de vingar-se, mas nunca o faz. É a
pessoa que aguenta o insulto sem amargura nem lamento. O amor tudo suporta!
||2. Suportando uns aos outros. Durante a
nossa jornada cristã nos depararemos com múltiplas situações de hostilidade (At
14.22). São nesses momentos conflituosos na igreja que devemos “suportar uns
aos outros em amor” (4.2). A expressão indica que, infelizmente, teremos de
enfrentar excessos cometidos em nosso meio, como as provocações alheias e
atitudes carnais. Estas são comparadas a um “fardo” que devemos suportar por
meio da prática do amor||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º
Trimestre 2020. Lição 11, 14 Junho, 2020]
- Humildade, mansidão e longanimidade
refletem-se no amor paciente pelos outros, o qual é contínuo e incondicional (1Pe
4.8). “Paulo estava preso em Roma, mas seu coração estava livre de mágoa. Em
vez de extravasar ressentimento, exorta os crentes a viverem de modo digno de
sua vocação, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando uns
aos outros em amor. Dentre as várias exortações do apóstolo, uma merece
destaque: devemos suportar uns aos outros em amor. O que isso significa? Não
significa apenas que devemos tolerar pacientemente aqueles que se opõem a nós.
Não significa que devemos ser passivos e aguentar calados as injustiças
sofridas. Significa mais do que isso. Significa que devemos servir de suporte
para os nossos irmãos em suas fraquezas. Significa que devemos servir de coluna
de sustentação para aqueles que, além de fracos, nos hostilizam. Nossa atitude
não deve ser só passiva, deixar de pagar o mal com o mal. Nossa postura precisa
ser positiva e proativa. Devemos abençoar quem nos persegue, orar pelos nossos
inimigos e servir de amparo para os que estão sem vigor. Esse suporte, porém,
não deve ser dado com murmuração ou indiferença, mas em amor. Assim como Deus
nos assiste em nossas fraquezas, devemos, também, ser mourões de sustentação
para os fracos. Assim como Deus nos ampara com seus braços eternos, devemos,
também, servir de suporte para os que caminham trôpegos”. (Fonte:
Devocionário Cada Dia - Hernandes Dias Lopes).
||3. O perdão como premissa do amor. O amor é um
atributo divino (1 Jo 4.8), o principal aspecto do fruto do Espírito (Gl 5.22).
É uma virtude altruísta que nos conduz a tratar aos outros como gostaríamos de
ser tratados (Mt 7.12). Desse modo, a tolerância entre irmãos em Cristo deve
ser mútua, isto é, amando “ardentemente uns aos outros, com um coração puro” (1
Pe 1.22), perdoando e sendo perdoado. Quando esse estilo de vida é adotado
pelos crentes, acabam-se as disputas na igreja||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 11, 14 Junho, 2020]
- Uma das diversas palavras
gregas para amor, ágape, é o amor voluntário, referindo-se não à afeição
emocional, atração física, ou laço familiar, mas ao respeito, devoção e afeição
que conduz ao serviço voluntário e altruísta (Jo 15.13; Rm 5.8; 1Jo 3.16-17).
Esse tipo de amor exige que o cristão coloque o bem espiritual do outro acima
de seus próprios desejos, a despeito de ser tratado de maneira indelicada e
desagradável ou até com hostilidade (1C o 13.4-7; Fp 2.1-4).
CONCLUSÃO
||Vimos o convite de Paulo aos crentes para um viver
digno de uma perfeita unidade. Para garanti-la, mostramos que algumas virtudes
são essenciais: a humildade, que fortalece a unidade; a mansidão, que gere os
conflitos; a longanimidade, que suporta os erros alheios. Quando os crentes
vivem essas virtudes, as dissensões desaparecem e o nome de Jesus Cristo é
glorificado (Mt 5.16; 1 Co 1.10) ||[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º
Trimestre 2020. Lição 11, 14 Junho, 2020]
- Neste texto estudado é
importante concluir afirmando que, o apóstolo Paulo está falando de unidade,
não de uniformidade. Não custa lembrar que, esta unidade vem do interior, é uma
graça espiritual, enquanto uniformidade é resultado de pressão exterior. Como
uma corda que junta estas importantes virtudes cristãs, esta unidade, que não é
imposta por força exterior, senão que, pela virtude do poder do Espírito Santo
que habita o crente, procede de dentro do organismo da igreja.
Pb
Francisco Barbosa