ANO 11 | Nr 1.381 | 2020
LIÇÕES BÍBLICAS CPAD ADULTOS - 2º Trimestre de 2020
Título: A Igreja Eleita - Redimida Pelo Sangue de
Cristo e Selada com o Espírito Santo da Promessa.
Comentarista:Douglas Baptista
LIÇÃO 5
3 DE MAIO DE 2020
LIBERTOS DO
PECADO PARA UMA NOVA VIDA EM CRISTO
TEXTO ÁUREO
“Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu
muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou
juntamente com Cristo […] ” (Ef 2.4,5).
VERDADE PRÁTICA
Por meio da maravilhosa graça divina fomos libertos do
pecado, perdoados e salvos da condenação e, ainda, recebemos o direito à vida
eterna.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Efésios 2.1-10
INTRODUÇÃO
||A presente seção
da Epístola aos Efésios apresenta relevantes aspectos doutrinários da salvação
(2.1-10). Nela, o apóstolo descreve a libertação dos pecados como um favor
imerecido dado por Deus aos salvos, a fim de que eles desfrutassem de uma nova
vida em Cristo||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre
2020. Lição 5, 3 Maio, 2020]
- o primeiro
capítulo de Efésios acentua o amplo alcance do plano de Deus, o qual inclui o
Universo todo e se estende de eternidade a eternidade. O capítulo dois mostra a
historificação desse plano na vida de seu povo, por meio da ressurreição
espiritual dos crentes. Tendo descrito nossa possessão espiritual em Cristo,
Paulo volta-se, agora, para nossa posição em Cristo. Fomos tirados da sepultura
e conduzidos ao trono. São quatro grandes obras realizadas na vida do homem que
saiu da sepultura para o trono: a obra do pecado contra nós, a obra de Deus por
nós, a obra de Deus em nós e a obra de Deus por nosso intermédio. O texto de Efésios
em apreço é esclarecedor de quem nós éramos e de quem nós somos depois de
Cristo e sua obra redentora em nós! Vamos
pensar maduramente a nossa fé cristã?
I – A ANTIGA NATUREZA MORTA EM OFENSAS E PECADOS
||No início da
Epístola, o apóstolo Paulo lembra que antes da regeneração estávamos mortos em
ofensas, pecados e éramos por natureza “filhos da ira” (2.1-3).
- Aqui, Paulo
afirma que a Igreja é o povo de Deus chamado da sepultura para o trono!
1. Nossa condição
anterior. “E vos vivificou,
estando vós mortos em ofensas e pecados” diz o primeiro versículo. A palavra
“ofensa”, do grego paraptoma , tem o sentido de “passo em falso de forma
deliberada”. O termo para pecado é hamartia, o qual descreve como “aquele que
erra o alvo”. Em vista disso, o homem em sua natureza decaída é diagnosticado
como “morto” (2.1), ou seja, uma declaração da real condição das pessoas sem
Deus. O conceito é de morte moral e espiritual provocada pelo pecado, que
inevitavelmente separa o homem de Deus (Is 59.2; Tg 1.15). Tal qual um corpo inerte, a
natureza pecaminosa impede o homem de ouvir e obedecer à voz de Deus. Quem
assim vive está morto enquanto “vive” (1Tm 5.6)||.[Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 5, 3 Maio, 2020]
- A palavra
grega paraptoma, “transgressão”, quer dizer queda, dar um passo em falso que
envolve ultrapassar uma fronteira conhecida ou desviar do caminho certo.
- Hamartia,
“pecado”, quer dizer errar o alvo, ou seja, ficar aquém de um padrão.
- William
Barclay afirma que, no Novo Testamento, hamartia não descreve um ato definido
de pecado, mas um estado de pecado, do qual dimanam as ações pecaminosas.(
Barclay,
William. Palabras Griegas Del Nuevo Testamento, p. 91). Diante de Deus somos
tanto rebeldes como fracassados. Como resultado disso, estamos mortos.
- A afirmativa Tal qual um
corpo inerte, a natureza pecaminosa impede o homem de ouvir e obedecer à voz de
Deus. Quem assim vive está morto enquanto “vive” (1Tm 5.6) se aproxima da
definição calvinista da Depravação Total, a primeira doutrina dos cinco pontos
calvinistas e uma das principais doutrinas da graça. Ela afirma que o homem
caído é totalmente depravado, ou seja, que o pecado afetou o homem em sua
totalidade. Isso significa que cada parte do homem está contaminado pelo pecado
(mente, emoção e vontade). Depravação Total não significa que o homem é tão mal
quanto poderia ser, mas que o homem não
regenerado é incapaz de buscar a Deus ou de praticar qualquer bem espiritual,
isto é o que afirma Paulo em Efésios 2.1 com o termo ‘mortos nos vossos delitos e pecados’, um lembrete a respeito da total pecaminosidade e perdição das quais
os crentes tanto de Éfeso quanto os demais, foram redimidos. "Nos"
indica o domínio ou a esfera onde vivem os pecadores não regenerados. Eles não
estão mortos por causa dos atos pecaminosos que foram cometidos, mas por causa
da natureza pecaminosa deles (Mt 12.35; 15.18-19). A condição do homem é
desesperadora sem Deus.
- O diagnóstico
que Paulo faz se refere ao homem caído em uma sociedade caída em todos os
tempos e em todos os lugares. Esse é um retrato da condição humana universal.
- Essa morte
espiritual não quer dizer que o homem que está morto em seus pecados não possa
fazer coisas boas; o homem sem Deus pode levar uma vida moralmente aprovada,
civilmente decente e familiarmente responsável, pode ser um bom cidadão, um bom
pai, uma boa mãe, um bom filho. Os pecadores podem fazer o bem àqueles que lhes
fazem bem (Lc 6.33). Às vezes, os bárbaros revelam “muita bondade ” (At 28.2). Paulo
está falando de uma morte espiritual. Antes de Cristo, o homem está vivo para as atrações do pecado, mas morto
para Deus. O homem é incapaz de entender e apreciar as coisas espirituais.
Ele não possui vida espiritual nem pode fazer nada que possa agradar a Deus. Da
mesma maneira que a pessoa morta fisicamente não responde a estímulos físicos,
também a pessoa morta espiritualmente é incapaz de responder a estímulos
espirituais.
||2. Nossas ofensas
e pecados. A má conduta “em
que, noutro tempo, andastes” é descrita por Paulo por meio da metáfora do ato
de “andar” (2.2a). Refere-se às atitudes erradas adotadas na vida passada do
salvo antes da regeneração:
2.1. “Andastes, segundo o curso deste mundo” (2.2b). Os
costumes eram praticados conforme o sistema mundano da época, tais como: a
imoralidade, o furto e a mentira (4.22-32). Uma constatação de que o salvo não
deve tomar a forma do mundo, relativizar o pecado e muito menos ajustar-se à
maneira de viver de seu tempo (Rm 12.2).
2.2. “Andastes, […] segundo o príncipe da potestade do ar”
(2.2c). Uma alusão a Satanás que exerce autoridade sobre os poderes do mal (Jo
12.31). Indica que os agentes malignos têm a capacidade de influenciar os
homens desobedientes e incrédulos (2Co 4.4). Mais adiante na Carta, Paulo alerta
que a nossa luta é contra tais seres do mal (6.12). Contudo, não é necessário
temer, pois Deus exaltou Cristo acima de todos eles (1.21).
2.3. “Andávamos fazendo a vontade da carne e dos
pensamentos” (2.3). Refere-se à inclinação para fazer o mal, algo inerente à
natureza humana (Gn 6.5). Estão incluídos aqui os pensamentos pervertidos e a
prática de todos os desejos desordenados da carne. Como resultado, éramos
“filhos da ira”, isto é, condenados e desprovidos do favor divino. Paulo
sublinha que essa era a nossa condição (4.18). Entretanto, aprouve ao Pai nos
eleger e nos predestinar para “filhos de adoção” (1.5)||.[Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 5, 3 Maio, 2020]
- “Nos quais andastes no passado, no caminho
deste mundo, segundo o príncipe do poderio do ar, do espírito que agora age nos
filhos da desobediência, entre os quais todos nós também antes andávamos. Há três forças que cada pessoa para se
conformar aos seus valores (Rm 12.2). O apóstolo João é enfático ao dizer que
quem ama o mundo não pode amar a Deus (IJo 2.15-17). Tiago declara com a mesma
ênfase que quem é amigo do mundo é inimigo de Deus (Tg 4.4). Sempre que os
homens são de- sumanizados — pela opressão política, econômica, moral e social,
vemos a ação do mundo. Trata-se de uma escravidão cultural. As pessoas são
escravas desse sistema do mesmo modo que os súditos eram arrastados pelos
generais romanos por grossas correntes amarradas no pescoço depois de uma
conquista. John Stott esclarece esse ponto com as seguintes palavras:
Sempre que os seres humanos são desumanizados —
pela opressão política ou pela tirania burocrática, por um ponto de vista
secular (repudiando a Deus), ou amoral (repudiando absolutos), ou materiaJista
(glorificando o mercado consumidor), pela pobreza, pela fome ou pelo
desemprego, pela discriminação racial ou por qualquer forma de injustiça — aí
podemos detetar os valores subumanos do “presente século” e “deste mundo”.
Vejamos acerca do diabo. Trata-se do espírito que
atua nos filhos da desobediência. O diabo é o patrono dos desobedientes. Ele
rebelou-se contra Deus e deseja que os homens também desobedeçam a Deus. Ele
tentou Eva no Éden com a mentira e levou nossos pais à desobediência. O diabo é
um inimigo invisível, porém real. Ele não dorme nem tira férias. Ele é violento
como um dragão e venenoso como uma serpente. Ele ruge como leão e se apresenta travestido
até de anjo de luz. Não podemos subestimar seus desígnios; antes, devemos nos
acautelar, sabendo que esse arqui-inimigo veio para roubar, matar e destruir.
Vejamos a respeito da carne. A carne não é o nosso
corpo, mas a nossa natureza caída com a qual nascemos (SI 51.5; 58.3) e que
deseja controlar a nossa mente e o nosso corpo, levando-nos a desobedecer a
Deus. Há um impulso em nosso interior para fazer o mal. O mal não está apenas
nas estruturas exteriores a nós, mas, sobretudo, procede do interior do nosso
próprio coração. A inclinação da nossa natureza é a inimizade contra Deus.
Praticamos o mal porque a inclinação do nosso coração é toda para o mal. O
homem não pode mudar sua natureza. O profeta Jeremias pergunta: “Pode o etíope
mudar a sua pele ou o leopardo as suas pintas? Poderíeis vós fazer o bem,
estando treinados para fazer o mal?” (Jr 13.23).
Em terceiro lugar, o homem é depravado (2:3b).
“Seguindo os desejos carnais, fazendo a vontade da carne e da mente.” O homem
não convertido vive para agradar a vontade da carne e os desejos do pensamento.
Suas ações são pecaminosas porque seus desejos são pecaminosos. O homem é
escravo do pecado. Ele anda com o pescoço na coleira do diabo e no cabresto do
pecado. O homem está em estado de depravação total. Todas as áreas da sua vida
foram afetadas pelo pecado: razão, emoção e volição. Isso não quer dizer que o
incrédulo não posssa fazer o bem natural, social e moral. Ele sensibiliza-se
com as causas sociais. Ele compadece-se. Ele ajuda as pessoas. Mas ele não
pratica obras com o reconhecimento de que são para a glória de Deus nem com
gratidão pela salvação.
John Stott conclui esse ponto dizendo que, antes de
Jesus Cristo nos libertar, estávamos sujeitos a influências opressoras tanto
internas como externas. No exterior, estava o mundo (a cultura secular
prevalecente); no interior, estava a carne (nossa natureza caída); e, além desses
dois, operando ativamente por meio dessas influências, havia aquele espírito
maligno, o diabo, o príncipe do reino das trevas, que nos mantinha em
cativeiro.
Em quarto lugar, o homem está condenado (2.3c). “E
éramos por natureza filhos da ira, assim como os demais.” O homem não
convertido, por natureza, é filho da ira e, pelas obras, é filho da
desobediência. A pessoa incrédula, não salva, já está condenada (Jo 3.18). À
parte de Cristo, o homem está morto por causa do pecado, escravizado pelo mundo,
pela carne e pelo diabo, além de condenado sob a ira de Deus.112 A ira de Deus
é sua reação pessoal frente a qualquer pecado, qualquer rebelião contra ele.113
É sua santa repulsa a tudo aquilo que conspira contra sua santidade. A ira de
Deus não é apenas para esta vida, mas também para a era vindoura. Aqueles que
vivem debaixo da ira de Deus são entregues a si mesmos pela escolha deliberada
que fizeram de rejeitar o conhecimento de Deus e de se entregar a toda sorte de
idolatria e devassião; além disso, terão de suportar por toda a eternidade a
manifestação plena do furor do Deus Todo-Poderoso”. (LOPES.
Hernandes Dias. Efésios: igreja, a noiva gloriosa de Cristo / Hernandes Dias Lopes.
— São Paulo: Hagnos, 2009. P. 52)
II - VIVIFICADOS PELA GRAÇA
||Por ato de bondade
e misericórdia, estando nós ainda mortos em pecados, Deus imensamente nos amou
e, por isso, nos vivificou por meio de sua graça.
1. Alcançados pela
misericórdia e pelo amor divino.
Após constatar a situação da humanidade “sob a ira de Deus” (2.3), Paulo passa
a descrever os atos divinos de amor e de misericórdia que alteraram o quadro caótico da raça humana.
Começando com uma conjunção adversativa, o apóstolo declara exultante: “Mas
Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou”
(2.4). O ato de misericórdia implica compaixão e simpatia para com os indignos
(Rm 11.30-32). A Carta aos Efésios ensina que, ao prover à humanidade o meio de
escape da merecida ira (cf. 1.7), Deus não se mostra apenas misericordioso, mas
“abundante em misericórdia”. E essa riquíssima misericórdia procede do “seu
muito amor com que nos amou”. A Bíblia enfatiza que foi a magnitude desse amor
que motivou a nossa salvação (Jo 3.16; 1Jo 4.9)||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre
2020. Lição 5, 3 Maio, 2020]
- Na afirmativa
“Paulo passa a descrever os atos divinos
de amor e de misericórdia que
alteraram o quadro caótico da raça humana”, há
necessidade de se esclarecer o ponto de que Deus altera o quadro
caótico da raça humana. Isso porque o homem irregenerado permanece
debaixo da ira de Deus! Se permanece, seu quadro não mudou! A mudança de estado
ocorre somente na vida daquele que crê, os demais, permanecem sujeitos a
danação eterna se não depositarem fé em Cristo Jesus - “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus. Corrompem-se e praticam
abominação; já não há quem faça o bem. Do céu olha o Senhor para os filhos dos
homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus. Todos se
extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um
sequer.” Salmo 14.1-3.
- “Somos redimidos por quatro atividades que
Deus realizou em nosso favor, salvando-nos das consequências dos nossos
pecados. Deus oferece vida aos mortos, libertação aos cativos e perdão aos
condenados. Paulo, agora, contrasta o que somos por natureza com o que somos
pela graça, a condição humana com a compaixão divina, a ira de Deus com o amor
de Deus. Curtis Vaughan afirma com acerto que, nesse parágrafo, Paulo,
admiravelmente, mostra-nos o contraste entre a condição atual dos crentes e sua
condição anterior. Antes, eles eram objeto da ira de Deus; agora, são
beneficiários de sua misericórdia (2.4). Antes, eles estavam presos pelas
garras da morte espiritual; agora, ressuscitaram para uma vida nova (2.5,6).
Antes, eles eram escravos do pecado; agora, são salvos pela graça de Deus
(2.5). Antes, eles caminhavam pela estrada dos desobedientes; agora, usufruem
da companhia de Deus (2.5,6)” (LOPES. Hernandes Dias. Efésios: igreja, a noiva
gloriosa de Cristo / Hernandes Dias Lopes. — São Paulo: Hagnos, 2009. P. 53)
||2. Vivificados por
sua graça. Descrevendo as
dádivas divinamente concedidas aos salvos, o apóstolo enfatiza que o amor de
Deus nos alcançou “estando nós ainda mortos em nossas ofensas” (2.5a). Isso
significa que não éramos merecedores desse amor, mas que, mesmo assim, Deus
“nos vivificou juntamente com Cristo” (2.5b). Essa frase quer dizer que
nascemos de novo (Jo 3.3). Não estamos mais mortos, pois Cristo nos deu vida
outra vez. Fomos vivificados sem mérito algum, tudo foi efetivado por meio da
sua graça, o favor imerecido (2.8,9)||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre
2020. Lição 5, 3 Maio, 2020]
- Mais do
qualquer outra coisa, uma pessoa morta espiritualmente precisa ser vivificada
por Deus. A salvação traz vida espiritual ao morto, O poder que ressuscita os
cristãos da morte e os vivifica (Rm 6.1-7) é o mesmo poder que energiza todos
os aspectos da vida cristã (Rm 6.11-13). Deus tirou-nos da sepultura espiritual
em que o pecado nos havia posto. Deus realizou uma poderosa ressurreição
espiritual em nós por meio do poder do Espírito Santo. Quando cremos em Cristo,
passamos da morte para a vida (Jo 5.24). Recebemos vida nova: a vida de Deus em
nós.
||3. Exaltados por
sua graça. O apóstolo dos
gentios ainda destaca que o poder de Deus “nos ressuscitou juntamente com ele,
e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo” (2.6). Observe que a
palavra “juntamente” indica que Deus concede ao homem os mesmos benefícios
alcançados por Cristo: a ressurreição, a vida eterna e o galardão nos céus (1Co
15.3-8,20-25). Assim, ao conceder tais bênçãos aos homens, Deus mostrou as
“abundantes riquezas da sua graça” (2.7). Desse modo, ratificamos que a
salvação e seus privilégios são conferidos pela imensurável graça de Deus, o
favor divino imerecido||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre
2020. Lição 5, 3 Maio, 2020]
- O tempo
verbal de "ressuscitou" e
"fez" indica serem esses os
resultados imediatos e diretos da salvação. O cristão não só está morto para o
pecado e vivo para a justiça por meio da ressurreição de Cristo, mas ele também
desfruta da exaltação do Senhor e compartilha de sua glória preeminente. Não só
saímos da sepultura e fomos ressuscitados, mas também fomos exaltados. Porque
estamos unidos a Cristo, somos exaltados com ele. Agora, assentamo-nos com ele
nas regiões celestiais, acima de todo principado e potestade. As três fases da
exaltação de Cristo — ressurreição, ascensão e assentar-se no trono — agora são
repetidas na vida dos salvos — em Cristo, Deus deu-nos vida (2.5),
ressuscitou-nos (2.6a) e fez-nos assentar nas regiões celestiais (2.6b). Esses
três eventos históricos — “deu-nos vida”, “ressuscitou-nos” e “fez-nos
assentar” — são os degraus da exaltação!
- O último
propósito de Deus em nossa salvação é que por toda a eternidade a igreja possa
glorificar sua graça (Ef 1.6,12,14). A meta principal de Deus na nossa salvação
é sua própria glória. O Pr Americano John Stott em seu livro “A mensagem de
Efésios”, diz que “não podemos
empertigar-nos no céu como pavões. O céu está cheio das façanhas de Cristo e
dos louvores de Deus. Realmente, haverá uma demonstração no céu. Não uma
demonstração de nós mesmos, mas, sim, uma demonstração da incomparável riqueza
da graça, da misericórdia e da bondade de Deus por meio de Jesus Cristo”(Stott,
John. A mensagem de Efésios, p. 56).
III - A SALVAÇÃO NÃO VEM DAS OBRAS
||Em Efésios 2.8-10,
Paulo revela que a salvação não depende de obras humanas, “porque pela graça
sois salvos, por meio da fé” (2.8a). Porém, uma vez salvo, o crente deve
praticar as boas obras.
- As boas obras
não podem gerar a salvação, mas são subsequentes e resultam dos frutos
concedidos por Deus e evidências deles (Jo 15.8; Fp 2.12-13; 2Tm 3.17; Tt 2.14;
Tg 2.16-26).
1. Graça como meio
de salvação. A “salvação”
inclui a libertação da morte, da escravidão do pecado e da ira vindoura; ao
mesmo tempo permite ao salvo desfrutar de todas as bênçãos espirituais
descritas em Efésios 2.1-7. Portanto, a salvação é o livramento do poder da
maldição do pecado e da morte; e a restituição do homem à comunhão com Deus,
uma bênção concedida a todos que recebem Cristo como Salvador (Hb 2.15; 2Co
5.19). A palavra “graça” é a tradução do grego charis, que significa “favor
imerecido” (Rm 3.24). Ela mostra que a iniciativa para tornar possível a
salvação veio da parte Deus. É por meio da graça que Deus ativa o livre-arbítrio e capacita o
pecador para que responda com fé ao chamado do Evangelho (Rm 11.6). Todavia,
ainda assim o ser humano é livre para escolher entre dois caminhos (salvação e
perdição); sua liberdade não foi eliminada e a graça pode ser resistida (Jo
7.17). A “fé” deve ser considerada como a aceitação da obra realizada por
Cristo em nosso favor. Ela é a resposta à graça de Deus através da qual
recebemos a salvação||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre
2020. Lição 5, 3 Maio, 2020]
- O Artigo IV
da Remonstrância
repudia o conceito calvinista de graça irresistível, alegando que a humanidade
tem livre-arbítrio para resistir à graça de Deus.
- A salvação é
um presente, não uma recompensa. Ela é pela graça, mas também “por meio da fé”. É a graça que nos salva
pela instrumentalidade da fé. É muito importante ressaltar que Paulo não está falando
de qualquer tipo de fé. A questão não é a fé, mas o objeto da fé. Não é fé na
fé. Não é fé nos ídolos. Não é fé nos ancestrais. Não é fé na confissão
positiva. Não é fé nos méritos. E fé em Cristo, o Salvador!
||2. Obras como
evidência de salvação. Aqui Paulo usa
duas negações para endossar a origem da salvação: a primeira expressão “isso
não vem de vós” (2.8b) trata da salvação pela graça que provém de Deus; a
segunda ratifica que a salvação “não vem das obras”, o que indica não se tratar
de recompensa de algum ato humano. Essas afirmações excluem a possibilidade de
alguém ser salvo por esforço pessoal. Como a salvação é uma realização divina,
agora “somos feitura sua, criados em Cristo para as boas obras” (2.10). Uma
transformação ocorreu: Agora em Cristo somos uma nova criatura e as coisas
velhas passaram (2Co 5.17). Por isso, se antes o apóstolo usou a metáfora do
andar numa perspectiva negativa — “outrora andávamos fazendo obras más” (2.2-3)
— agora, por meio de uma perspectiva positiva, somos instados a “andar fazendo
boas obras”, não como meio para ser salvo, mas como a evidência da salvação
(2.10c)||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre
2020. Lição 5, 3 Maio, 2020]
- A salvação
não pode ser pelas obras, porque a obra da salvação já foi plenamente realizada
por Cristo na cruz (Jo 19.30). Não podemos acrescentar mais nada à obra
completa de Cristo. Agora não existe mais necessidade de sacrifícios e rituais.
Fomos reconciliados com Deus. O véu do templo foi rasgado. Pela graça, somos
salvos. Tanto a fé como a salvação são dádivas de Deus.
- “Segundo os ensinos de Paulo, inicialmente
quem justifica o homem é Deus, através de seus meios, a saber: a graça, o
sangue e a ressurreição de Cristo. Portanto, o pecador é justificado pela fé
na obra redentora de Cristo (Rm 3.23,24). Na abordagem de Tiago, as obras,
conseqüências da fé, servem para evidenciar o processo de justificação do
homem. Ou seja, destacar o aspecto visível. A fé coopera com as obras e estas
aperfeiçoam a fé (v.24):
Há quem veja, nas Escrituras, um provável conflito
entre os escritos de Paulo e os de Tiago, com relação à justificação - se
somente pela fé ou também pelas obras. Como veremos no estudo desta lição, a
Bíblia não tem discrepâncias. As possíveis divergências são aparentes, e se
desfazem sob o estudo cuidadoso dos textos.” (Extraído de: http://www.ebdareiabranca.com/EpistolaTiago/tlicao06Ajuda02.htm).
||3. Cristo exaltado
sobremaneira. Nesse ponto,
Paulo ensina que o poder de Deus exaltou Cristo “acima de todo o principado, e
poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia” (1.21).
Significa que Ele foi exaltado acima de toda eminência do bem e do mal e de
todo título que se possa conferir nessa era e também no porvir. O resultado
desse triunfo traz duplo benefício para a Igreja: primeiro, que Deus fez Cristo
o cabeça da Igreja (1.22); e, segundo, que Deus designou a Igreja para ser a
expressão plena de Cristo (1.23). Isso significa que nenhum poder pode
prevalecer contra a Igreja do Senhor (Mt 16.18)||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre
2020. Lição 5, 3 Maio, 2020]
- No texto que
se inicia em 1.15 e se estende até o verso 23, Paulo ora pelos crentes,
chegando no verso 21 ele expressa seu desejo de que os crentes entendessem a
grandeza de Deus comparada a outros seres celestiais. "Principado, potestade, poder e domínio"
eram os termos tradicionais judaicos para designar seres angelicais que tinham
uma alta posição no exército de Deus. Deus está acima deles todos (Ap
20.10-15). No verso 22, Paulo faz uma citação do SI 8.6, indicando que Deus
exaltou a Cristo sobre todas as coisas (Hb 2.8), incluindo a sua igreja (Cl
1.18). Cristo é, claramente, o cabeça dominante (não a "fonte")
porque todas as coisas foram colocadas sob seus pés.
- “O poder que atua nos crentes é o poder da
ressurreição. E o poder que ressuscitou a Cristo dentre os mortos, assentou-o à
direita de Deus e lhe deu a soberania sobre o Universo inteiro. Esse poder é
como um caudal impetuoso que arrasta com sua força os obstáculos que encontra
pelo caminho. A “direita” de Deus é uma figura de linguagem indicando o lugar
de supremo privilégio e autoridade. A mais alta honra e autoridade no Universo
foi tributada a Cristo (Mt 28.18). Ele foi entronizado acima de todo principado
e autoridade. (1.21). Cristo domina sobre todos os seres inteligentes, bons e
maus, angelicais e demoníacos. Em segundo lugar, o domínio universal de Cristo
(1.22). A exaltação de Cristo abrange o soberano domínio sobre toda a criação.
A cabeça que um dia foi coroada com espinhos leva agora o diadema da soberania
universal.90 Todas as coisas estão sujeitas a Cristo. Todo o joelho se dobra
diante dele no céu, na terra e debaixo da terra (Fp 2.9-11). Tanto a igreja
como o Universo têm em Cristo o mesmo Cabeça. Todas as coisas estão debaixo dos
seus pés. Isso significa que tudo está sujeito e subordinado a ele. As palavras
implicam absoluta sujeição. A mais alta honra e autoridade no Universo foi
tributada a Cristo (Mt 28.18).91” (LOPES. Hernandes Dias. Efésios: igreja,
a noiva gloriosa de Cristo / Hernandes Dias Lopes. — São Paulo: Hagnos, 2009. P.
43 e 44)
CONCLUSÃO
||Antes da
regeneração éramos “filhos da ira” e condenados à perdição eterna. Por ato do
amor divino, por meio de sua maravilhosa graça, nos tornamos “filhos por
adoção”. Essa gloriosa salvação nos foi concedida independente de nossas obras.
A partir da salvação passamos a praticar boas obras que glorificam a Deus nosso
Pai (Mt 5.16)||[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre
2020. Lição 5, 3 Maio, 2020]
- A Graça de
Deus que nos foi ofertada envolve amor, bondade, sabedoria, misericórdia,
perdão e justiça. Alcançamos Graça quando cremos, por meio da pregação do
Evangelho, que Jesus é o Senhor. Ou seja, a salvação chegou pela fé e não pelos
esforços humanos. Não foi por boas obras que por ventura tenhamos praticado. No
entanto, Paulo afirma que, a evidência de que realmente fomos alcançados pela
graça salvadora, é a produção de boas obras, colocar em prática o exercício das
verdades bíblicas.
- No sentido
comum, obras são realizações, execuções, ações, procedimentos, atuações,
humanas. No sentido bíblico, temos acepções como "as obras de Deus", que indicam aquilo que foi e continua sendo
feito por Deus (Jo 1.3; 5.17;C11.16; Hb 1.2); "obras da carne", (Gl 5.19-21); e "obras da lei" (Rm 3.20), as quais, no sentido da lição em
estudo, tratam-se de obras humanas como meio de salvação, como práticas
religiosas, orações, penitência, sacrifícios, flagelações, privações,
enclausuramento, filantropia, doações, etc. Tiago afirma categoricamente que
"a fé, se não tiver as obras, é
morta em si mesma" (Tg 2.17). Paulo, toma o exemplo de Abraão,
destacando o aspecto visível da fé do patriarca, quando ofereceu seu filho para
ser imolado (v.21), acentuando que a fé cooperou com as obras e estas
aperfeiçoaram a fé, concluindo que "o
homem é justificado pelas obras e não somente pela fé" (Tg 2.24).
Pb Francisco Barbosa