ANO 11 | Nr 1.383 | 2020
LIÇÕES BÍBLICAS CPAD ADULTOS - 2º Trimestre de 2020
Título: A Igreja Eleita - Redimida Pelo Sangue de
Cristo e Selada com o Espírito Santo da Promessa.
Comentarista:Douglas Baptista
LIÇÃO 7
17 DE MAIO DE 2020
CRISTO É A NOSSA
RECONCILIAÇÃO COM
DEUS
TEXTO ÁUREO
“Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos
fez um; e, derribando a parede de separação que estava no meio.” (Ef 2.14)
VERDADE PRÁTICA
Ao morrer na Cruz do Calvário, Cristo reconciliou os
eleitos desfazendo a inimizade entre Deus e os homens.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Efésios 2.14-19
INTRODUÇÃO
||Se na lição
anterior, analisamos o antigo quadro desolador acerca dos gentios, em que o apóstolo
Paulo descreveu (2.11,12), nesta veremos que houve uma significativa mudança na
sequência do capítulo dois. No versículo 13 Paulo usa a expressão adversativa
“mas agora” para indicar que algo aconteceu e alterou a situação dos gentios.
Ele explica que essa mudança repousa na Obra que Cristo realizou: “vós, que
antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto” (2.13). Na
presente lição estudaremos os desdobramentos dessa mudança||.[Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 7, 17 Maio, 2020]
- “O mundo antigo tinha suas barreiras e
cercas. O judeu odiava e considerava odiado e desprezado por Deus ao não judeu.
O grego agrupava os bárbaros entre as bestas e pensava que a guerra sem quartel
contra eles estava na mesma natureza das coisas. Hoje em dia existem ainda
cortinas de ferro, barreiras alfandegárias e divisões entre nações, classes,
raças e igrejas. Numa sociedade sem Cristo não pode haver senão barreiras e
muros divisórios.” (BARCLAY. William. The Letter to the Ephesians. p. 63).
Em Efésios 2.13-18, Paulo continua afirmando que em Cristo essas barreiras
foram derrubadas. De que maneira Cristo as destruiu?
- Em Efésios
2.13, a expressão “Mas agora” faz
paralelo com “Mas Deus” do capítulo
2.4. Ambos os textos falam da graciosa intervenção de Deus em favor dos
perdidos. Nesta sessão da Carta, a palavra-chave é ‘Inimizade’. Entre judeus e gentios e entre pecadores e Deus. O que
nós vamos estudar nesta passagem é simplesmente a maior missão de paz da
história: Jesus não apenas reconciliou judeus e gentios, mas também pôs ambos
em um corpo - a igreja! Vamos pensar
maduramente a nossa fé cristã?
I – CRISTO DESFEZ A INIMIZADE
ENTRE OS HOMENS
||O exclusivismo
religioso criou inimizade entre judeus e gentios. Nesse ponto veremos o que
Cristo fez para dar fim a esse litígio entre os homens (2.14,15).
1. A parede de
separação entre os homens. Trata-se de uma
analogia com as muralhas do templo em Jerusalém. A estrutura da construção
revela o exclusivismo religioso do Judaísmo. Entre o santuário e o átrio dos
gentios havia um muro de pedra com a proibição de acesso aos estrangeiros. O
extremismo judaico quanto a esse aspecto levou Paulo à prisão quando ele foi
acusado de permitir um grego ultrapassar essa barreira (At 21.28-30)||.[Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 7, 17 Maio, 2020]
- Quando Paulo diz
“tendo derribado a parede da separação
que estava no meio”, ele faz uma descrição do templo, que constava de uma
série de átrios; cada um destes era mais alto que o anterior e o próprio templo
no centro. Em primeiro termo estava o átrio dos gentios, logo o das mulheres, o
dos israelitas, o dos sacerdotes e, finalmente, o próprio santuário.
- William Barcklay
diz que “Os gentios só podiam entrar no
primeiro átrio. Entre este e o das mulheres havia um muro ou, antes, uma
espécie de gradeado de mármore belamente trabalhado, no qual a intervalos havia
lápides nas quais se advertia que se um gentio passava mais além se fazia
passível de uma morte imediata”. (Efésios - William Barclay. p. 61)
- Ainda Barcklay
citando Josefo, diz: "Ao passar por
este primeiro claustro ao segundo átrio do templo havia ali uma divisão feita
de pedra em todo o redor, cuja altura era de três côvados. Sua construção era
muito elegante; em cima se encontravam pilares eqüidistantes nos quais se
declarava a lei de purificação: alguns em caracteres gregos e outros em latinos
com a finalidade de que nenhum estranho ingressasse no santuário"
(Guerras dos judeus 5,5,2).
- O Rev
Hernandes Dias Lopes, escreve: “Durante
séculos, os judeus foram diferentes dos gentios na religião, na indumentária,
na dieta alimentar e nas leis. Pedro resistiu ao projeto de Deus de incluir os
gentios em sua agenda evangelística (Atos 10). Os judeus crentes repreenderam
Pedro por ter entrado na casa de um gentio para evangelizá-lo (Atos 11).
Precisou haver uma conferência dos líderes da igreja, em Jerusalém, para
discutir o lugar dos gentios na igreja (Atos 15)” (Lopes, Hernandes Dias Efésios:
igreja, a noiva gloriosa de Cristo. São Paulo: Hagnos, 2009. p. 64).
||2. A derrubada da
parede da separação. O apóstolo declara
que em Cristo foi derrubada “a parede de separação que estava no meio” (2.14b).
Essa barreira era tanto literal como espiritual, mas por mérito da cruz de
Cristo a divisória foi rompida. Assim, não somos mais forasteiros, mas somos da
família de Deus, temos acesso à presença do Pai (2.18) e, pelo sangue de
Cristo, temos livre entrada no santuário de Deus (Hb 10.19)||.[Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 7, 17 Maio, 2020]
- A parede da separação como já explicado, alude
à parede no templo que separava a área dos gentios das áreas acessíveis somente
aos judeus. Paulo referiu-se a essa parede como um símbolo da separação social,
religiosa e espiritual que mantinha os judeus e os gentios separados.
- Em Cristo,
Deus não só estava reconciliando o mundo consigo, mas também enviando seus
embaixadores ao mundo para rogar aos homens que se reconciliassem com ele! Antes,
no versículo 13, Paulo diz que sem Cristo, os gentios estavam distantes, mas,
agora, por estarem em Cristo, se aproximaram. É importante frisar que essa
aproximação não se deu pelos ensinos de Cristo, mas pelo seu sangue vertido no
Calvário (Ef 2.13). É por causa do sangue de Cristo vertido no sacrifício
consumado na cruz e do seu ministério como Sumo Sacerdote, os crentes podem se
colocar com intrepidez na presença de Deus! Esse direito foi concedido aos crentes
na morte sacrifical de Cristo (Rm 5.2).
||3. O conceito da
lei dos mandamentos. A compreensão
desse conceito repousa na visão tripartida da lei mosaica: a moral, a
cerimonial e a civil, que na verdade são três esferas da mesma lei. A lei civil
diz respeito ao israelita como cidadão. A lei moral permanece em vigor como
padrão de conduta, mas não como meio de salvação (2.8,9). A lei cerimonial é
citada como sendo a “circuncisão”, “sacrifícios”, “comida e bebida”, “dias de
festas, lua nova e sábados” (Cl 2.11,16). Esses ritos identificavam a posição
do povo judeu diante de Deus e demonstrava a hostilidade
deles para com os gentios.||.[Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 7, 17 Maio, 2020]
- Paulo esclarece
o que foi abolido por Jesus: a Lei dos mandamentos expressos em ordenanças. Os
judeus criam que só era bom o homem que observava a Lei judia; só dessa maneira
podia-se obter a amizade e a comunhão com Deus. Essa Lei consistia em milhares
e milhares de regras, prescrições, mandamentos e decretos. Em Deuteronômio
temos que, as mãos tinham que ser lavadas de uma maneira determinada;
igualmente os pratos; há páginas e páginas sobre o que se deve fazer e o que
não se deve fazer no dia de sábado; determinados tipos de sacrifícios deviam
ser oferecidos com relação a determinadas circunstâncias da vida. O que está em
vista aqui é uma religião baseada em todo tipo de regras, prescrições, rituais
sagrados, costumes, práticas, sacrifícios e dias. Jesus terminou com o
legalismo como princípio da religião.
||4. A revogação da
lei dos mandamentos. A eliminação das
barreiras que dividiam judeus e gentios se deu pela revogação da “lei dos
mandamentos, que consistia em ordenanças” (2.15b). Essa revelação não contradiz
o que Jesus disse: “não vim para revogar, mas cumprir a lei” (Mt 5.17 – NAA). Visto
que, ao entregar seu corpo para ser crucificado, Cristo cumpriu a Lei oferecendo-se
como sacrifício em favor de ambos os povos (Hb 7.27). Desse modo, a revogação
aqui aludida é a da lei cerimonial, que resultava em separação entre judeus e
gentios. O ato de Cristo, oferecido a Deus em cheiro suave, aboliu a
necessidade dessas ordenanças ritualísticas e assim a inimizade foi desfeita
(5.2)||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre
2020. Lição 7, 17 Maio, 2020]
- No tópico
anterior vimos que Jesus pôs fim à religião legalista. E o que colocou em lugar
dela? Em seu lugar pôs o amor a Deus e aos homens. Jesus veio para comunicar
aos homens que não podem merecer a aprovação de Deus observando uma Lei
cerimonial; que devem aceitar o amor, o perdão e a comunhão que Deus lhes
oferece por pura misericórdia.
- Por meio de sua
morte, Cristo aboliu as leis, as festas e os sacrifícios cerimoniais, que
separavam, especificamente, os judeus dos gentios. Como explicado no subtópico
3, a lei moral de Deus (conforme resumida nos Dez Mandamentos e escrita no
coração de todos os homens, Rm 2.15) não foi abolida mas incluída na nova
aliança, não obstante, porque ela reflete a sua própria natureza santa (Mt
5.17-19).
- Nesse ponto,
Barcklay escreve: “Jesus veio para
comunicar aos homens que não podem merecer a aprovação de Deus observando uma
Lei cerimonial; que devem aceitar o amor, o perdão e a comunhão que Deus lhes
oferece por pura misericórdia. Agora sim, uma religião baseada no amor pode ser
definitivamente uma religião universal.” (Efésios - William Barclay. p. 65).
- Usando essa
descrição de Barcklay, nos vem à mente as muitas ordenanças humanas colocadas
sobre o rebanho a fim de garantir uma ‘santidade’, esquecendo-se que, a
verdadeira santidade flui do governo do Espírito Santo sobre o nosso ser, ao
passo que, as regras impostas podem nos levar ao legalismo tal qual àquela
religião abolida por Cristo.
II – PELA PAZ*, CRISTO FEZ UM
“NOVO HOMEM”
||A partir da
expiação na cruz, a paz foi proclamada e de ambos os povos, judeus e gentios,
Cristo fez uma nova humanidade (2.14-17).
1. O conceito
bíblico de paz. De forma geral, a
paz é a descrição de boas relações (At 24.2,3), do fim de um conflito (Lc
14.32), do estado de tranquilidade (1 Rs 4.24) e de uma qualidade espiritual
(Gl 5.22). Na passagem em apreço, o apóstolo ressalta a paz conferida por meio
de Cristo. Sua morte na cruz desfez a nossa inimizade com Deus e como os
homens, tornando possível a reconciliação entre ambos e, promovendo assim, a
paz (Cl 1.20).||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre
2020. Lição 7, 17 Maio, 2020]
- A palavra "paz" reflete o hebraico "shalom", que se tornou a saudação
de Jesus aos discípulos depois da sua ressurreição (Jo 20.19-26). Em nível individual,
essa paz, desconhecida daqueles que estão longe de Deus, assegura serenidade em
face das grandes dificuldades, dissolve o temor (Fp 4.7) e reina nos corações
do povo de Deus para manter a harmonia (Cl 3.15). A maior realidade dessa paz
será vista no reino messiânico (Rm 1.7; 5.1; 14.17).
||2. Cristo é o
motivo da nossa paz. Paulo declara que
Cristo “é a nossa paz” (2.14b). Essa expressão aponta para uma conotação mais
profunda, pois Cristo não é apenas o “autor da paz”, mas literalmente “a nossa
paz”. Isso implica o conceito de “comunhão espiritual”, ou seja, Cristo habita em
nós sendo Ele mesmo a nossa paz (Jo 14.23- 27). Desse modo, essa paz repousa na
igreja, entre o crente e Deus e entre judeus e gentios, agora um único povo em
Cristo Jesus (2.14.b)||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre
2020. Lição 7, 17 Maio, 2020]
- Em Jesus
Cristo, judeus e gentios se tornaram um. Cristo estabeleceu a paz, pois ele é a
nossa paz (2.14); ele fez a paz (2.15) e ele proclamou a paz (2.17).
- A palavra
grega traduzida como "evangelizou" significa, literalmente,
"trazer ou anunciar boas-novas", e no NT é quase sempre usada para
proclamar as boas-novas de que os pecadores podem se reconciliar com Deus pela
salvação, a qual se dá por meio de Jesus Cristo. Nesse contexto, a palavra
usada no grego foi Eirene, que
significa paz, harmonia. Cristo, aquele "que é a nossa paz" (v. 14),
também anunciou as boas-novas da paz, tanto para os gentios como para os
judeus. Esta paz é fruto do amor de Deus, da graça de Cristo. Ela é um
presente, só podemos recebê-la pela fé em Jesus Cristo. A paz que o Espírito Santo coloca em nosso coração
nos livra do jugo da escravidão e nos faz viver a vida abundante em Cristo
Jesus
||3. A nova
humanidade formada pela paz. Cristo uniu os
povos que outrora se hostilizavam, para criar “em si mesmo dos dois um novo
homem, fazendo a paz” (2.15c). Essa unidade não foi o resultado de algum acordo
firmado entre os homens. Ela foi realizada “em si mesmo”, ou seja, o único modo
possível era “em Cristo” e “por meio de Cristo”. A partir desse ato surge uma
nova humanidade: a Igreja, “onde não há circuncisão e nem incircuncisão” (Cl
3.11). Foi Cristo quem criou esse novo povo “fazendo a paz” (2.15c). Nele, as
desigualdades foram eliminadas, a acepção de pessoas desfeita, a etnia e a
classe social desapareceram (Rm 2.11; Gl 3.28)||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre
2020. Lição 7, 17 Maio, 2020]
- Cristo não
exclui ninguém que vá até ele, e aqueles que são seus não diferem
espiritualmente uns dos outros. Espiritualmente, uma nova pessoa em Cristo não
é mais judia ou gentia, somente cristã (Rm 10.12-13; Cl 3.28), isso é o que
denota o emprego da palavra grega kainós,
traduzida por "Novo", que
quer dizer novo não apenas no tempo, mas novo no sentido de que traz ao mundo
um novo tipo de criação, uma nova qualidade de criação que não existia antes; Diz
respeito a ser diferente em tipo e qualidade.
- O resultado
da Cruz foi a reconciliação de ambos os povos com Deus. O termo usado por Paulo
é apokatallassein, usual para a
reconciliação de dois amigos que se tinham inimizade. A obra de Jesus consiste
em mostrar aos homens que Deus é seu amigo e porque ele é amigo deles devem por
sua vez ser amigos entre si. A reconciliação com Deus implica e exige a
reconciliação com o homem.
- Sobre isso,
Barcklay escreve: “Por meio de Jesus
tanto o judeu como o gentio têm o direito de acesso a Deus. A palavra que usa
Paulo para acesso é prosagoge, uma palavra com muitos matizes. Aplica-se ao
oferecimento de um sacrifício a Deus; ao acesso dos homens à presença de Deus
para ser consagrados a seu serviço; à apresentação de um orador ou um
embaixador na assembléia nacional; e, acima de tudo, aplica-se à introdução de
uma pessoa à presença do rei. Efetivamente na corte real persa havia um
funcionário chamado o prosagogeus cuja função era apresentar perante o rei aos
que haviam solicitado audiência. É uma sorte inestimável desfrutar do direito
de, a qualquer momento, ir a uma pessoa admirável, sábia e santa; de irromper,
até incomodando-a e levar-lhe nossas dificuldades, nossos problemas, nossa
solidão e nossas tristezas. Este é exatamente o direito que Jesus nos dá com
respeito a Deus. Por Jesus sempre estão abertas as portas à presença de Deus,
tanto para o judeu como para o gentio.” (Efésios - William Barclay. p. 67).
III – PELA CRUZ, RECONCILIADOS
COM DEUS NUM CORPO
||O ministério da
reconciliação desfez a inimizade entre o homem e Deus, bem como entre os
homens. Essas dádivas foram possíveis por causa da cruz de Cristo.
1. Cristo se fez
maldição por nós. Ser condenado à
morte de cruz era um sinal de maldição e de profunda humilhação (Hb 12.2). O
réu era açoitado por um chicote de várias tiras de couro, acompanhado de chumbo
ou ossos nas pontas (Mc 15.15). Em seguida, era obrigado a carregar
publicamente sua cruz até ao local da execução (Jo 19.7). Por essas razões a
cruz era escândalo para os judeus e loucura para os gentios (1Co 1.23). Apesar
disso, Cristo suportou a afronta, levou a nossa culpa, entregou seu corpo para
a crucificação e se fez maldição em nosso lugar (Gl 3.13)||.[Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 7, 17 Maio, 2020]
- Em Jesus
Cristo, judeus e gentios se tornaram um. Cristo estabeleceu a paz, pois ele é a
nossa paz (2.14); ele fez a paz (2.15) e ele proclamou a paz (2.17). Em Gálatas
3.13 Paulo diz que Jesus “fêz-se ele
próprio maldição em nosso lugar” ao suportar na cruz a ira de Deus pelos
pecados dos crentes (Hb 9.28; 1Pe 2.24), Cristo levou sobre si a maldição que
estava sobre aqueles que violaram a lei.No mesmo capítulo, no verso 10, Paulo
uma citação de Dt 27.26 a fim do mostrar que o fato de não conseguir cumprir
perfeitamente a lei traz o julgamento e a condenação divina. Uma violação da
lei merece a maldição de Deus. (Dt 27—28). Deus e aqueles a quem salvou não são
mais inimigos uns dos outros.
||2. Reconciliados
pela cruz de Cristo. Foi o sacrifício
vicário de Cristo na cruz e sua consequente vitória sobre a morte que
possibilitaram nossa reconciliação com Deus e com os homens (Cl 1.20). Nessa
perspectiva que Cristo “é a nossa paz” (2.14), que pela sua carne um novo homem
foi criado “fazendo a paz” (2.15) e que também “evangelizou a paz a vós”, proclamando
ao mundo as boas novas da cruz (2.17). A mensagem da cruz apregoa a paz entre
Deus e os homens, isto é, o ministério da reconciliação (2 Co 5.18-20)||.[Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 7, 17 Maio, 2020]
- O ministério
da reconciliação fala a respeito da realidade de que Deus deseja que os homens
pecadores se reconciliem com ele (Rm 5.10; Ef 4.17-24). Deus chama os crentes
para proclamar o evangelho da reconciliação ao s outros (1Co 1.17).
O Rev Hernandes
Dias Lopes escreve: “Não apenas os
gentios precisam ser reconciliados com os judeus; mas ambos, judeus e gentios,
precisam ser reconciliados com Deus (At 15.9,11). O mesmo ensina Paulo (Rm
3.22,23). A cruz de Cristo destruiu a inimizade do homem com Deus. A cruz de
Cristo matou a inimizade que existia entre o homem e Deus.131 A cruz foi onde
Deus puniu o nosso pecado. A cruz foi onde Deus satisfez sua justiça. A cruz é
onde nossos pecados foram condenados. Por intermédio da cruz somos
reconciliados com Deus. Pela cruz, Deus é justo e ainda o nosso justificador.
Não é Deus que se reconcilia com o homem, mas o homem que se reconcilia com
Deus, pois foi o pecado que criou a separação e a inimizade. A iniciativa da
reconciliação, entretanto, é de Deus (2.15,17; 2Co 5.18). Paulo, agora, diz que
por meio de Jesus, judeus e gentios têm acesso ao Pai em um Espírito (2.18).
Francis Foulkes diz corretamente que “acesso” é provavelmente a melhor tradução
da palavra grega prosagoge. Nas cortes orientais, havia um prosagoge que
introduzia as pessoas à presença do rei. O pensamento pode ser o de considerar
Cristo como o prosagoge, mas a forma da expressão na cláusula inteira sugere
antes que, por meio dele, há um caminho de aproximação (3.12). Ele é a Porta, o
Caminho para o Pai (Jo 10.7,9; 14.6); por intermédio dele, os homens, embora
pecadores, uma vez reconciliados, podem se aproximar “com confiança do trono da
graça” (Hb 4.16).132” (Lopes, Hernandes Dias Efésios: igreja, a noiva
gloriosa de Cristo. São Paulo: Hagnos, 2009. p. 67).
||3. Reconciliados
na cruz em um corpo. O apóstolo Paulo
reforça que o propósito de Cristo foi o de “reconciliar ambos [judeus e gentios]
com Deus em um corpo” (2.16b). A ênfase aqui recai sobre a inimizade existente
na vertical, isto é, entre os homens e Deus. No versículo 14, o destaque era a
inimizade horizontal, quer dizer, entre os judeus e os gentios. De forma que a
reconciliação deve ser duplamente compreendida. As duas inimizades foram
desfeitas quando Cristo levou nossos pecados no madeiro (1 Pe 2.24). A ira de
Deus, que por causa dos pecados estava sobre nós, foi cravada na cruz (Cl
2.13,14). Assim, a reconciliação foi concretizada pela cruz, gerando um novo
povo, num único corpo: a “família de Deus”; a “Igreja de Cristo” (2.19; 3.6;
4.4; 5.23,30)||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre
2020. Lição 7, 17 Maio, 2020]
- Como os
judeus e os gentios são unidos a Deus por meio de Cristo Jesus, eles são unidos
uns aos outros – essa é a inimizade horizontal citada pelo comentarista, e isso
foi realizado na cruz onde Jesus tornou-se maldito (Cl 3.10-13), tendo
suportado a ira de Deus de modo que a justiça divina fosse satisfeita e a
reconciliação com Deus se tornasse realidade (2Co 5.19-21) – essa era a
inimizade vertical citada e que agora foi desfeita para aqueles alcançados pelo
Evangelho da Paz!.
- O homem
reconcilia-se com Deus quando este o restaura a um relacionamento justo com ele
por meio de Jesus Cristo. A morte substitutiva de Cristo na cruz que pagou o
preço total pelo pecado de todos aqueles que creem tornou a reconciliação possível
e verdadeira (2Co 5.18-21; Rm 3.25).
- É somente por
meio da união com Jesus Cristo aqueles que estão irremediavelmente mortos em
seus pecados recebem vida eterna (Ef 2.5). Nos chama a atenção aqui é o fato de
que é Deus que toma a iniciativa e exerce o poder de dar a vida para despertar
os pecadores e uni-los ao seu Filho; Como define Paulo o estado daquele que
está longe de Deus, os que estão espiritualmente mortos não têm a capacidade de
vivificar a si mesmos (Rm 4.17; 2Co 1.9). Sobre o texto de Colossensses 2.13 e 14,
o escrito da dívida dizia respeito a um certificado de dívida, escrito
manualmente, por meio do qual o devedor reconhecia sua dívida – uma nota
promissória. Paulo nos revela em seus escritos que todas as pessoas (Rm 3.23)
possuem para com Deus uma dívida impagável por terem violado a sua lei (Cl
3.10; Tg 2.10; cf. Mt 18.23-27) e estão, portanto, debaixo da sentença de morte
(Rm 6.23). Por meio da morte sacrifical de Cristo na cruz, Deus apagou
totalmente o nosso certificado de dívida, perdoando-nos por completo. De forma
poética, Paulo afirma que essa nota promissória, o escrito de dívida, foi encravada
na cruz, de forma metafórica, ele diz que em Cristo alcançamos perdão para
essas dívidas impagáveis. É interessante notarmos o paralelismo que Paulo faz
com a realidade que acontecia nas punições de morte de cruz: a lista dos crimes
de um criminoso crucificado era encravada na cruz com ele a fim de declarar as violações
pelas quais ele estava sendo punido (Mt 27.37). Nossos pecados foram todos
postos na conta de Cristo, encravados em sua cruz quando ele pagou o castigo em
substituição a todos nós, satisfazendo, assim, a ira justa de Deus contra os
crimes que requeriam o castigo integral.
CONCLUSÃO
||Em obediência ao
plano divino, Cristo cumpriu as demandas da lei na cruz. Em seu sacrifício
derrubou as barreiras e aboliu as ordenanças cerimoniais que serviam de
divisão. Por meio da paz conquistada no madeiro desfez a inimizade, criou uma nova
humanidade e a reconciliou com Deus. A partir dela, formou um novo povo: a
Igreja, o Corpo de Cristo||[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre
2020. Lição 7, 17 Maio, 2020]
- A unidade em
Cristo produz cristãos cujo cristianismo transcende toda diferença local e
racial; produz homens que são amigos entre si porque são amigos de Deus; homens
que são um, porque se encontram na presença de Deus, a quem todos têm acesso.
Cristo é a Porta, o Caminho para o Pai (Jo 10.7,9; 14.6); por intermédio dele,
os homens, embora pecadores, uma vez reconciliados, podem se aproximar “com confiança do trono da graça” (Hb
4.16).
Pb Francisco
Barbosa