ANO 11 | Nr 1.382 | 2020
LIÇÕES BÍBLICAS CPAD ADULTOS - 2º Trimestre de 2020
Título: A Igreja Eleita - Redimida Pelo Sangue de
Cristo e Selada com o Espírito Santo da Promessa.
Comentarista:Douglas Baptista
LIÇÃO 6
10 DE MAIO DE 2020
A CONDIÇÃO DOS GENTIOS SEM DEUS
TEXTO ÁUREO
“Portanto, lembrai-vos de que vós, noutro tempo, éreis
gentios na carne e chamados incircuncisão pelos que, na carne, se chamam
circuncisão feita pela mão dos homens.” (Ef 2.11)
VERDADE PRÁTICA
Outrora sem Deus, por meio de Cristo, os gentios
tornaram-se descendência de Abraão e herdeiros das promessas
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Efésios 2.11,12;
Romanos 4.12-14
INTRODUÇÃO
||Na presente lição,
veremos que o autor de Efésios lembra aos gentios de que, antes da regeneração,
eles eram incircuncisos e haviam experimentado cinco formas de privação:
estavam sem Cristo, separados de Israel, alienados quanto à promessa, sem
esperança e sem Deus no mundo (2.11,12). Logo, estudaremos cada um desses aspectos||.[Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 6, 10 Maio, 2020]
- O mundo vive
em constante beligerância, muitos tem tentado firmar um pacto de paz, no
entanto, essa paz não é duradoura ou apenas é usada como meio de esconder reais
planos de conflito. O único pacto de paz verdadeiro e eficaz foi o que Deus fez
em Jesus. Essa é a maior missão de paz da história. Deus reconciliou judeus e
gentios num único corpo e reconciliou o mundo consigo mesmo por meio de Jesus
(2Co 5.18). Vamos pensar maduramente a
nossa fé cristã?
I – CHAMADOS INCIRCUNCISÃO
||Na era antes de
Cristo, além de mortos espiritualmente, os gentios eram desprezados pelos
judeus e identificados como incircuncisos (2.11).
1. O conceito de
circuncisão. Circuncisão é a
remoção cirúrgica do prepúcio do órgão sexual masculino. Era prescrito na lei
como o sinal externo de quem pertencia ao povo da aliança com Deus (Gn
17.10,11). O procedimento era realizado no oitavo dia de vida dos nascidos em
Israel ou estrangeiros comprados a dinheiro (Gn 17.12). Quem não era
circuncidado era tido como “incircunciso” e, portanto, excluído da aliança (Gn
17.14). A circuncisão tornou-se um sinal que distinguia os judeus dos demais
povos gentílicos||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre
2020. Lição 6, 10 Maio, 2020]
- Os gentios (a
"incircuncisão") experimentaram dois tipos de separação. A primeira
era social, resultando da animosidade que havia existido entre judeus e gentios
por milhares de anos. Os judeus consideravam os gentios como excluídos, objetos
de escárnio e repreensão. O segundo e mais significativo tipo de separação era
a espiritual porque os gentios, como um povo, estavam separados de Deus de cinco
maneiras diferentes:
1) eles estavam
"sem Cristo", o Messias não tendo um salvador e libertador, e sem
propósito ou destino divino;
2) Eles estavam
"separados da comunidade de Israel". O povo escolhido de Deus, os
judeus, era uma nação cujo supremo Rei e Senhor era o próprio Deus, e de cuja
bênção exclusiva e proteção eles se beneficiavam;
3) Os gentios
eram "estranhos às alianças da promessa"; não podiam partilhar das
alianças divinas de Deus nas quais ele prometeu dar ao seu povo uma terra, um
sacerdócio, um povo, uma nação e um rei — e para aqueles que cressem nele a
vida eterna e o céu;
4) Eles não
tinham "esperança" porque não haviam recebido nenhuma promessa divina,
e
5) Eles estavam
"sem Deus no mundo". Embora os gentios tivessem muitos deuses, não
reconheciam o verdadeiro Deus porque não o queriam (Rm 1.18-26).
- O desprezo
que os judeus sentiam pelos gentios era tão grande que não era lícito a um
judeu assistir a uma mulher gentia dar à luz. O casamento de um judeu com uma
gentia correspondia à morte dele, e, imediatamente, celebrava-se o ritual do
enterro do moço ou da moça. Entrar numa casa gentia tornava um judeu impuro e o
deixava inapto para participar do culto público. Para os judeus, os gentios
eram apenas combustível para o fogo do inferno. Quando Deus chamou a Abraão e
lhe deu um sinal na carne (a circuncisão), não era para que os judeus se
gloriassem disso, mas para que fossem uma bênção para os gentios. Mas Israel
falhou em testemunhar para os gentios. Israel corrompeu-se como e com as nações
gentílicas. P. 62.
||2. O significado
religioso da circuncisão. Seu significado
religioso apontava para a santificação (Êx 19.5,6). Como a corrupção e as
práticas idólatras estavam fortemente relacionadas com a sexualidade depravada,
a circuncisão simbolizava a aliança de purificação requerida ao povo escolhido
(Jr 5.7; Os 4.14; Gl 5.19). Era algo tão sério que os judeus recusavam-se até mesmo
a comer com os incircuncisos (At 11.3)||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre
2020. Lição 6, 10 Maio, 2020]
- A circuncisão
era uma pequena cirurgia feita em todos os meninos judeus, que representava sua
pertença ao povo judeu e à aliança de Deus.Quem não fosse circuncidado não era
considerado judeu. A circuncisão foi um sinal estabelecido por Deus para o povo
judeu. Não era algo totalmente novo naquele período da História, quando Deus o
instituiu como sinal da aliança com Abraão (Gn 17.11), mas o significado religioso
teocrático especial então aplicado a ela foi inteiramente novo, desse modo identificando
os circuncisos como pertencentes à linhagem física e étnica de Abraão (At 7.8;
Rm 4.11). Sem divina revelação, o rito não teria tido esse significado
distintivo. Porém, a partir de então ficou como distintivo teocrático de Israel
(leia Gn 17.13).
- Também havia
um benefício à saúde com essa prática porque doenças poderiam ficar depositadas
nas dobras do prepúcio. Retirando-o, isso era evitado. Historicamente, as
mulheres judias tiveram menor índice de câncer cervical. Mas o simbolismo tinha
a ver com a necessidade de eliminar o pecado e ser purificado. O órgão
masculino é que mais claramente demonstrava a profundidade da depravação porque
carregava a semente que produzia pecadores depravados. Assim, a circuncisão
simbolizava a necessidade de profunda purificação a fim de reverter os efeitos
da depravação. Leia mais sobre acessando este link: GOSPELPRIME)
||3. A circuncisão
do coração. O apóstolo
reconhece que os gentios não faziam parte da circuncisão, mas com uma ressalva:
o sinal dos judeus era apenas físico e realizado por mãos humanas (2.11b). A
boa nova que Paulo traz é a de que a verdadeira circuncisão não se tratava de
uma operação externa na carne realizada pelos homens, mas a que foi feita “no
interior, a que é do coração [...] cujo louvor não provém dos homens, mas de
Deus” (Rm 2.29). Assim, em Cristo, o sinal de quem pertence a Deus não é a
circuncisão nem a incircuncisão, mas sim “o ser uma nova criatura” (Gl 6.15)||.[Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 6, 10 Maio, 2020]
- No verso 11,
Paulo explica que um verdadeiro filho de Deus, e que a verdadeira semente
espiritual de Abraão é aquela que circuncidou o coração. O rito exterior só tem
valor quando reflete a realidade interior de um coração separado do pecado para
Deus (Dt 10.16; 30.6). Fica muito claro que, para Paulo, a salvação é o
resultado da atuação do Espírito de Deus no coração, e não, meramente, dos esforços
exteriores para se conformar a essa lei. justiça completa e perfeita que virá
na glorificação (Rm 8.18,21). Nada que se faz ou se deixa de fazer na carne,
nem mesmo a cerimônia religiosa, faz qualquer diferença no relacionamento de
uma pessoa com Deus. O que é externo é irrelevante e sem valor, a menos que
reflita uma justiça interior genuína (Rm 2.25-29). É exatamente isso que o
apóstolo escreve em Gálatas 5.6, afirmando que ‘nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum’, mas sim, a
‘fé que atua pelo amor’; A fé
salvadora prova o seu caráter genuíno pelas obras do amor. Aquele que vive pela
fé é motivado, no seu interior, pelo amor por Deus e por Cristo (Mt 22.37-40),
o qual se revela, de modo sobrenatural, na adoração reverente, na obediência genuína
e o amor altruísta pelos outros. Assim, circuncisos de coração são aqueles que
experimentaram o novo nascimento, à luz de Gálatas 6.15!
||4. A circuncisão
na Nova Aliança. O assunto da circuncisão
gerou discussões acaloradas entre judeus e gentios (Gl 5.2,3; Fp 3.2). Em
Antioquia a questão ganhou muita dimensão, provocou intensos debates e culminou
na convocação do Primeiro Concílio da Igreja em Jerusalém (At 15.1,2,5,6). A
deliberação dos apóstolos sobre o assunto, sob a orientação do Espírito Santo
(At 15.28,29), passou a enfatizar que na nova aliança “a circuncisão somos nós,
que servimos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não
confiamos na carne” (Fp 3.3)||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre
2020. Lição 6, 10 Maio, 2020]
- O maior álibi
dos opositores de Paulo era justamente o fato de Paulo não ensinar a
circuncisão. O tema central de Gálatas é a justificação pela fé, onde aparece
uma forte defesa dessa doutrina, tanto teológica (caps. 3—4) quanto prática
(caps. 5—6). Os falsos mestres – os judaizantes que Paulo chama de ‘maus obreiros’ - ensinavam que era
necessário ao convertido passar por alguns ritos e observar preceitos da Lei, e
como Paulo não pregava esse evangelho falso, foi duramente perseguido e
caluniado.
- Aqueles
judaizantes orgulhavam-se de ser obreiros da justiça. Não obstante, Paulo
descreveu suas obras como más, visto que o pior tipo de iniqüidade é qualquer
tentativa de agradar a Deus por meio de esforços próprios e desviar a atenção
da redenção consumada de Cristo. Eles, de fato, eram portadores de uma falsa
circuncisão. Ironicamente, a circuncisão dos judaizantes não era um símbolo
espiritual; tratava-se, meramente, de uma mutilação física (Cl 5.12). O
verdadeiro povo de Deus não possui, meramente, um símbolo da necessidade de um
coração limpo (Gn 17.11); eles, na verdade, foram purificados do pecado por
Deus (Rm 2.25-29).
- A primeira
característica usada por Paulo para definir um verdadeiro cristão é que nós ‘adoramos a Deus no Espírito’(Fp 3.3). O
verdadeiro cristão confere todo crédito pelo que ele é a Cristo (Rm 15.17; ICo
1.31; 2Co 10.17), e não confia na carne; Por "carne", Paulo está se
referindo à humanidade não redimida do ser humano, às suas próprias habilidades
e realizações à parte de Deus (Rm 7.5). Os judeus colocavam a sua confiança no
fato de serem circuncidados, em serem descendentes de Abraão e na realização de
cerimônias exteriores e obrigações da lei mosaica — coisas que não poderiam
salvá-los (Rm 3.20; Cl 5.1-12). O verdadeiro cristão vê sua carne (natureza) como
pecaminosa, sem qualquer capacidade de merecer a salvação ou de agradar a Deus.
II - ESTRANHOS AO CONCERTO DA
PROMESSA
||Nessa parte, o
apóstolo Paulo aponta a situação dos gentios: “Naquele tempo estáveis sem
Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos aos concertos da
promessa” (2.12).
1. Uma vida sem
Cristo. Ao descrever a história passada dos gentios,
o apóstolo traz à memória que “naquele tempo”, isto é, antes da regeneração, eles
viviam imersos no paganismo e, portanto, “sem Cristo”. Isso indica que a
religiosidade dos gentios era incapaz de inseri-los na promessa messiânica de
salvação (Jo 4.22). Também significa que eles desconheciam a Cristo, como também
eram indiferentes às promessas acerca dEle e de sua obra (Hb 8.8-10)||.[Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 6, 10 Maio, 2020]
- Ao comentar
esse subtópico, faz-se necessário esclarecer ‘a história passada dos gentios’ se refere aos
gentios convertidos, como está escrito, pode induzir ao entendimento de que se
refira aos gentios em geral. Essa ainda é a situação daqueles que não foram
alcançados pela salvação por meio da fé em Cristo Jesus.
- Dos dois
tipos de separação que os gentios experimentaram, a primeira era social, e a
outra, a mais significativa separação, era a espiritual porque os gentios, como
um povo, estavam separados de Deus.
- “Agora, Paulo resume essa falência espiritual
dos gentios em cinco frases descritivas e negativas.
Eles estavam sem Cristo. Eles estavam separados de
Cristo, sem nenhuma relação com o Messias. Enquanto os judeus aguardavam o
Messias, eles não o aguardavam nem sabiam nada sobre ele. Os efésios adoravam a
Diana em vez de adorar a Cristo. Eles viviam imersos numa imensa escuridão
espiritual.” (LOPES. Hernandes Dias. Efésios: igreja, a noiva gloriosa
de Cristo / Hernandes Dias Lopes. — São Paulo: Hagnos, 2009. P. 63)
||2. Separados da
comunidade de Israel. Ainda no versículo
12 o apóstolo salienta a desvantagem de os gentios não pertencerem à comunidade
de Israel (2.12). Eles estavam excluídos não só dos símbolos externos, mas
também não faziam parte do povo escolhido, e, consequentemente, não podiam usufruir
dos privilégios da aliança de Abraão (Rm 9.4). A constatação cruel era a de que
Deus não havia se revelado aos gentios, pois a chamada divina fora feita
somente a Abraão e a sua descendência (Gn 17.17). Nessa perspectiva, a lei e as
promessas pertenciam somente aos judeus e, desse modo, os gentios estavam fora
do alcance das bênçãos prometidas a Abraão, a Isaque e a Jacó (Mt 22.32).
Entretanto, o que os gentios precisavam saber era que por meio de Cristo, eles
também se tornariam descendência de Abraão (Gl 3.29)||.[Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 6, 10 Maio, 2020]
- Eles estavam
separados da comunidade de Israel. Os gentios permaneciam fora do círculo
daqueles que adoravam o Deus verdadeiro. Deus havia chamado a Israel e lhe dado
sua lei e suas bênçãos. O que deve ficar claro aqui é que as promessas de Deus
não eram exclusivas de Israel somente, mas todos poderiam se achegar ao Deus
único e verdadeiro que se auto-revelou a Israel. Então, havia uma maneira pela
qual os gentios poderiam experimentar as promessas da Aliança: se fazer um
prosélito. Os gentios eram estranhos às alianças da promessa por que essas
alianças foram os acordos relativos à promessa do Messias feitas a Abraão e aos
seus descendentes. Os gentios eram estranhos e estrangeiros. Não havia alianças
com eles.
||3. Alienados aos
pactos das promessas. Uma vez separados
da comunidade de Israel, os gentios desconheciam totalmente os vários pactos
que Deus estabelecera com os patriarcas israelitas. Esses pactos giravam em
torno da grande promessa do advento do Messias (At 13.32-37). Dentre eles: o
“pacto abraâmico” (Gn 12.1-3), o “pacto mosaico” (Dt 28.1-14) e o “pacto
davídico” (2 Sm 7.13-16). Esses pactos eram reiterações da promessa messiânica.
Os gentios não tinham noção deles e, por conseguinte, estavam alienados de
qualquer promessa ou esperança messiânica. Agora, uma vez regenerados em
Cristo, é revelada a grandeza do amor divino. De alienados da promessa, por
meio do sangue de Jesus, os gentios tornaram-se herdeiros da maravilhosa
promessa (Gl 3.29)||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre
2020. Lição 6, 10 Maio, 2020]
- Este gentios
estavam sem os privilégios e promessas que Deus tinha revelado a Israel (Is
55.11; Jr 32.42). No entanto, é bom frisar que, como Paulo explicou em Romanos
9.6, ‘nem todos os de Israel são...
israelitas’, isto é, nem todos os descendentes naturais de Abraão são
verdadeiros, herdeiros da promessa. Para ilustrar esta verdade, Paulo lembra a
seus leitores que até mesmo as promessas de raça e nação feitas a Abraão não foram
feitas a todos os descendentes naturais dele, mas apenas para aqueles vindos
por intermédio de Isaque (Gn 21.12). Somente os descendentes de Isaque podem,
verdadeiramente, ser chamados de filhos de Abraão, herdeiros das promessas de
raça e nação (Gn 17,19-21). O que Paulo está ensinando é que assim como nem todos
os descendentes de Abraão pertenciam ao povo natural de Deus — ou ao Israel
nacional — nem todos aqueles que são filhos verdadeiros de Abraão, por intermédio
de Isaque, são o povo espiritual de Deus e desfrutam das promessas feitas aos
filhos espirituais de Abraão (Rm 4.6,11; 11.3-4). A exemplo disso, os outros
filhos de Abraão com Agar e Quetura não foram escolhidos para receber as
promessas quanto à nação feitas a ele (Gn 17.19-21).
- “Os gentios não tinham esperança de uma
vitória sobre a morte (iTs 4.13-18). O futuro dos gentios era como uma noite
sem estrelas.126 O mundo gentio entregava-se ao prazer desbragado, ora por não
crer na eternidade (Epicureus), ora por viver esmagado pelo fatalismo
(estoicos). Os gentios viviam sem Deus no mundo. Quem não tem Deus não tem
esperança. Embora Paulo tenha usado a palavra grega atheoi, não devemos
concluir que os gentios eram ateus. Eles tinham muitos deuses (Atos 17.16-23;
ICo 8.5), mas não conheciam o Deus verdadeiro nem tinham relação alguma com ele
(ICo 8.4-6).127 Seus deuses eram vingativos e caprichosos. Eles viviam sob o
tacão das ameaças e debaixo da ditadura do medo. Eles não conheciam o Deus
criador, sustentador, redentor e consolador. Curtis Vaughan diz corretamente
que olhar para o futuro sem esperança já é algo terrível; mas não ter no
coração a fé em Deus é inexprimivelmente trágico.” (LOPES. Hernandes Dias.
Efésios: igreja, a noiva gloriosa de Cristo / Hernandes Dias Lopes. — São
Paulo: Hagnos, 2009. P. 64)
III - SEM ESPERANÇA E SEM DEUS
||Agora Paulo passa
a descrever a situação dos gentios que viviam “não tendo esperança e sem Deus
no mundo” (2.12).
1. Desprovidos de
esperança. A palavra
esperança traz a ideia de “confiança” e, nas Escrituras, o seu principal uso
está ligado à confiança nas promessas divinas (Sl 130.5; Jr 17.7). Podemos
afirmar que os gentios eram desprovidos dessa esperança por causa de parte da
filosofia grega, que descartava a possibilidade de uma vida além-túmulo (At
17.18,32), e que, consequentemente, pudesse ser ditosa. Além dessa questão,
embora Deus tivesse decretado incluir os gentios no plano da salvação, eles
mesmos ignoravam essa promessa, e, por isso, não tinham em que sustentar
qualquer esperança (1 Co 9.10). Como a esperança é a âncora para a alma, os
gentios desprovidos dela padeciam de medo e incertezas (Hb 6.18,19; 2 Co 7.10).
Por conseguinte, a falta de esperança e de paz revelava a ausência de Deus||.[Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 6, 10 Maio, 2020]
- Eles não
tinham "esperança" porque não haviam recebido nenhuma promessa
divina. Eles estavam "sem Deus no mundo". Embora os gentios tivessem
muitos deuses, não reconheciam o verdadeiro Deus porque não o queriam (Rm
1.18-26).
- “Os gentios estavam sem esperança e sem Deus
no mundo. A gente fala freqüentemente dos gregos como do povo mais esplendoroso
da história; mas no fundo de tudo havia uma melancolia grega e se vivia uma
espécie de desespero essencial. Isto era assim dos longínquos tempos do Homero.
Na Ilíada (6:146-143) quando Glauco e Diomedes se enfrentam em combate
singular, antes de trançar-se em luta Diomedes quer conhecer a linhagem de
Glauco, quem responde: "Por que me pergunta sobre minha geração? Tal como
as gerações das folhas são as gerações humanas; as folhas que foram arrastadas
sobre a terra pelos ventos e os bosques voltem a brotar ao aproximar-se a
primavera. Assim são as gerações humanas: uma nasce e outra termina". É
verdade que os gentios viviam sem esperança porque estavam sem Deus. Israel
pelo contrário manteve sempre uma esperança luminosa e radiante em Deus, que
brilhou com claridade e em forma inextinguível até nos dias mais terríveis e
escuros. O gentio enquanto isso experimentava em seu coração o desespero antes
que Cristo viesse para dar-lhe esperança em sua desesperança.” Efésios
(William Barclay), p. 59, 60.
||2. Sem Deus no
mundo. A expressão “sem
Deus” não significa que os gentios não serviam ou não acreditavam numa divindade
(1 Co 8.4; Gl 4.8). Ao contrário, eles eram politeístas e idólatras, pois
acreditavam e adoravam a muitos “deuses”. Assim, por meio de seu paganismo, estavam
alienados do Deus que havia se revelado a Israel (Êx 19.1-16). Isso significa
dizer que suas vidas eram regidas pela falsa ideia de divindades pagãs que as
mantinham escravizadas em densas trevas espirituais. Trata-se de uma descrição
de um quadro calamitoso. Entretanto, e felizmente, esse quadro foi alterado
pela intervenção dos desígnios eternos do verdadeiro Deus (Jo 17.3)||.[Lições Bíblicas CPAD,
Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 6, 10 Maio, 2020]
- “Os gentios viviam sem Deus no mundo. Quem
não tem Deus não tem esperança. Embora Paulo tenha usado a palavra grega
atheoi, não devemos concluir que os gentios eram ateus. Eles tinham muitos
deuses (Atos 17.16-23; ICo 8.5), mas não conheciam o Deus verdadeiro nem tinham
relação alguma com ele (ICo 8.4-6). Seus deuses eram vingativos e caprichosos.
Eles viviam sob o tacão das ameaças e debaixo da ditadura do medo. Eles não
conheciam o Deus criador, sustentador, redentor e consolador. Curtis Vaughan
diz corretamente que olhar para o futuro sem esperança já é algo terrível; mas
não ter no coração a fé em Deus é inexprimivelmente trágico” (LOPES.
Hernandes Dias. Efésios: igreja, a noiva gloriosa de Cristo / Hernandes Dias
Lopes. — São Paulo: Hagnos, 2009. P. 63 e 64)
CONCLUSÃO
||Noutro tempo
éramos incircuncisos e estávamos excluídos da aliança com Deus. Separados de
Cristo e de Israel vivíamos alienados ao concerto da promessa, desesperançados
e longe de Deus. Um dia, porém, a magnitude do amor divino circuncidou os
nossos corações, aproximou-nos de Cristo e de Israel, incluiu-nos na esperança
da promessa e revelou a nós o único e verdadeiro Deus. Bendito seja o seu santo
nome para sempre!||[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre
2020. Lição 6, 10 Maio, 2020]
- Em Efésios Paulo
ensina sobre a graciosa intervenção de Deus em favor de pecadores perdidos. Somos
redimidos por quatro atividades que Deus realizou em nosso favor, salvando-nos
das consequências dos nossos pecados. Deus oferece vida aos mortos, libertação
aos cativos e perdão aos condenados. Paulo, agora, contrasta o que somos por
natureza com o que somos pela graça, a condição humana com a compaixão divina,
a ira de Deus com o amor de Deus.
Pb Francisco Barbosa