ANO 11 | Nr 1.372 |
2020
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LIÇÕES BÍBLICAS CPAD ADULTOS - 1º Trimestre de 2020
Título: A Raça Humana: Origem, Doutrina e Redenção.
Comentário: Claudionor de Andrade
LIÇÃO 10
8 DE MARÇO DE 2020
SÓ O EVANGELHO MUDA
A CULTURA HUMANA
TEXTO ÁUREO
“Porque
eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e como
dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir ao Deus vivo e verdadeiro”
(1Ts 1.9).
VERDADE PRÁTICA
Em consequência do pecado, não há culturas inocentes
nem inofensivas, mas todas elas podem ser transformadas pelo Evangelho de
Cristo.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
1
Tessalonicenses 1.1-10
INTRODUÇÃO
||Na lição de hoje, estudaremos a cultura humana
através do prisma da Bíblia Sagrada. Nosso intento é mostrar que nenhuma
cultura pode ser tida como neutra, ou inofensiva, porque todas elas acham-se
contaminadas pelo pecado de Adão. Em seguida, veremos que a cultura humana
tornou-se o abrigo natural do homicídio, do sexo depravado, da usura e da
rebelião contra Deus. Mas a boa notícia é que o Evangelho de Cristo pode
transformar qualquer cultura. Quanto a nós, Igreja de Cristo, não nos
conformemos com este mundo que jaz no Maligno, como fez Israel e Judá. Por
aceitar todas as impurezas das culturas vizinhas e longínquas, ambos os reinos
foram destruídos. Mantenhamos nossas propriedades como povo de Deus. Os irmãos
de Tessalônica são um exemplo para todos nós por terem colocado em prática a
sua fé no Senhor, testemunhando de Cristo em diversos lugares||.
[[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2020. Lição 10, 8
Março, 2020]]
- “Os cristãos vivem grandes desafios todos os dias e,
um deles, sem dúvidas, é a sua relação com a cultura onde estão inseridos. A
cultura sempre foi, e sempre lhes será, um grande desafio. Ao enfrentá-lo,
algumas opções lhes são apresentadas: Amoldar-se a ela, rejeitá-la
completamente, ou tentar viver de maneira a lhe trazer redenção. O Brasil é um
país de rica e diversificada cultura. A miscigenação do povo brasileiro é algo
que não se repete em outros povos com tamanha intensidade e evidência. O
resultado disso é uma cultura eclética que traz consigo traços dos mais
diversos povos que construíram a população – europeus, africanos e os nativos
indígenas. Segundo o Dr. Augustus Nicodemus, toda cultura é “uma mistura de
coisas boas decorrentes da imagem de Deus no ser humano e da graça comum, e
coisas pecaminosas resultantes da depravação e corrupção do coração humano.
Toda cultura, portanto, por mais civilizada que seja, traz valores pecaminosos,
crenças equivocadas, práticas iníquas que se refletem na arte, música,
literatura, cinema, religiões, costumes e tudo mais que a compõe”. Por causa
dessas questões, os cristãos que levam a Bíblia a sério costumam ter uma
atitude, no mínimo, cautelosa em relação à cultura, exatamente por perceberem
nela traços da corrupção humana. Contudo, é bom ressaltar que, nem tudo que envolve
a cultura é pecaminoso e mal. O homem, como expressão da imagem de Deus, foi
dotado de criatividade para exercer o domínio sobre a criação e ser uma bênção
na edificação de uma sociedade segundo a vontade de Deus (Gn 1.26-30; 2.1-15).
Este “mandato cultural”, bem como suas prerrogativas, foi determinado a todos
os homens, independente de sua fé. Chama-se esta bênção de “graça comum”, uma
vez que ela age tanto em cristãos quanto em não cristãos. Os servos de Deus
precisam ter discernimento para julgar a cultura e, biblicamente, refletir
sobre tudo o que a envolve a fim de não praticar ou apoiar aquilo que, pode ser
bom e bonito aos olhos humanos, porém, reprovado diante do Senhor. As
advertências bíblicas atestam que, a liberdade que o cristão tem no Senhor, não
deve ser usada para justificar quaisquer práticas pecaminosas (Gl 5.13) e, a
despeito de tudo ser lícito, nem tudo lhe convêm fazer (1Co 6.12)”
(ultimato).
Vamos pensar maduramente a fé cristã?
I – O QUE É A CULTURA
||De acordo com a Bíblia Sagrada, o ser humano foi
criado para fazer e produzir cultura, a partir da criação divina. Neste tópico,
veremos, ainda, a cultura dos gentios e a cultura do povo de Deus.
1. Definição
de cultura. No princípio, a cultura tinha a ver apenas com o
cultivo da terra, visando a produção de alimentos (Gn 4.2). Depois, passou a
ser considerada como a soma de todas as realizações humanas: espirituais,
intelectuais, materiais etc. Semelhante tarefa foi considerada enfadonha por
Salomão (Ec 1.1-13). A cultura pode ser definida também pela maneira como uma
nação encara as demandas e reivindicações divinas (Lv 20.23)||.
[[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2020. Lição 10, 8
Março, 2020]]
- Segundo o Dicionário online Michaelis,
Cultura é o conjunto de conhecimentos adquiridos, como experiências e
instrução, que levam ao desenvolvimento intelectual e ao aprimoramento
espiritual; instrução, sabedoria. Somente no sentido agrícola o termo toma a
forma como o comentarista inicia o subtópico: “, a cultura tinha a ver apenas
com o cultivo da terra, visando a produção de alimentos (Gn 4.2)”,
o que não se aplica à Cultura como definida pela antropologia, que é a proposta
da lição: “Conjunto
de conhecimentos, costumes, crenças, padrões de comportamento, adquiridos e
transmitidos socialmente, que caracterizam um grupo social.”[i]
-
“Cultura
significa todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a
lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser
humano não somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade da
qual é membro. Cultura também é definida em ciências sociais como um conjunto
de ideias, comportamentos, símbolos e práticas sociais, aprendidos de
geração em geração através da vida em sociedade”[1]
-
“O
termo cultura, que provém do latim cultus, faz referência à ação de cultivar o espírito
humano e as faculdades intelectuais do homem. A sua definição foi evoluindo ao
longo dos anos: desde a época do Iluminismo, a cultura passou a ser associada à
civilização e ao progresso. Em geral, a cultura é uma espécie de tecido social
que abarca as diversas formas e expressões de uma determinada sociedade. Como
tal, os costumes, as práticas, as maneiras de ser, os rituais, a indumentária
(forma de se vestir) e as normas de comportamento são aspectos incluídos na
cultura”[2]
- Também, não se aplica ao proposto na lição o
texto de Provérbios 1.13, onde Salomão fala da sabedoria. O uso que Salomão faz
desse termo, de uma maneira tipicamente hebraica, e mais pratico do que
filosófico, e suas implicações vão muito alem do simples conhecimento. O termo
carrega noções de capacitação para o comportamento adequado, sucesso, bom senso
e perspicácia. A busca do homem pelo conhecimento as vezes é difícil e de enfadonho
trabalho mesmo quando dada por Deus. O texto não se refere à busca de cultura
ou fazer cultura como enfadonha, como se sugere no comentário.
||2. A cultura dos gentios. Por haverem
perdido o verdadeiro conhecimento de Deus, que lhes havia transmitido o
patriarca Noé, logo após o Dilúvio, os seres humanos passaram a adorar a
criatura em lugar do Criador (Rm 1.18-25). E, a partir daí, puseram-se a
imaginar coisas vãs e soberbas (Gn 11.6; Sl 2.1). Hoje, a antropologia cultural
vê, como meros fenômenos sociológicos e culturais, a prostituição, o homicídio,
a corrupção e até mesmo o infanticídio (2Rs 23.7; Lv 20.1-5; Ed 9.11)||.[[Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2020. Lição 10, 8 Março, 2020]]
- A Antropologia Cultural é um dos quatro grandes
ramos da Antropologia Geral e estuda a diversidade cultural humana, tanto de
grupos contemporâneos, como extintos. Ocupa-se do estudo da identificação das
formas como os diferentes grupos habitam, alimentam-se, vestem-se, como estes
organizam suas relações sociais, suas manifestações religiosas e como
compreendem o significado dos seus símbolos.
- Depois da queda e expulsão do Édem, tudo o que o
homem cria está manchado pelo pecado. Não foi após Noé, mas com o primeiro
casal, toda ação humana está manchada. Assim sendo, inclusive as ciências
sociais como esta analisa a dicotomia humana sob uma ótica deturpada pelo
estado de pecado. A afirmativa do comentarista “a antropologia cultural vê, como
meros fenômenos sociológicos e culturais, a prostituição, o homicídio, a
corrupção e até mesmo o infanticídio” carece de mais
pesquisa, até onde cheguei, não encontrei nenhum artigo que dissesse o mesmo.
-
“Imagine
que você está em uma sala de concerto, apreciando uma linda orquestra
interpretando a majestosa obra de J.S. Bach, Concerto de Brandemburgo No. 1, em
F maior. Duas trompas, três oboés, um fagote, três violinos, uma viola, um
violoncelo e um cravo. Todos esses instrumentos soam a boa música barroca que
transcende o ambiente. De repente, surgem, no palco, alguns indivíduos que
desafinam todas as cordas, e obstruem todos os instrumentos de sopro. Uma
grande catástrofe dissonante e desafinada atinge os ouvidos da plateia, que não
suporta o som desarmônico. No entanto,
você está ouvindo, mesmo de maneira desconfortável, os instrumentos com seus
timbres – violino com som de violino,
oboé com som de oboé. Assim é a boa criação que Deus fez – como uma bela
orquestra onde os instrumentos afinados desempenham a boa melodia,
harmonizando-se com o conjunto e revelando a mais bela obra musical jamais
vista. O pecado, no entanto, entrou no palco da criação e direcionou-a para um
fim que não se harmoniza e não se adequa com o bom propósito de Deus. Mas, em
sua natureza intrínseca, e de acordo com os desígnios de Deus para com a
criação, os relacionamentos, a criatividade, a natureza, o conhecimento, são
como os instrumentos da orquestra que desempenham sua função, mesmo eu
desafinado, ou melhor, mesmo que afetado pelo pecado. [...]As cidades, na
Bíblia, como Babel, Sodoma e Gomorra, Egito, Canaã, Babilônia e Roma – foram
cidades que apresentaram a máxima expressão de perversidade humana
(GOLDSWORTHY, 2018). Os descendentes de Caim e as pessoas de Babel, por
exemplo, desenvolveram o mandato cultural: domesticação de animais, música,
engenharia, tecnologia e arte. Mas, no meio desse desenvolvimento, os efeitos
parasitários do pecado como a violência, o orgulho e a autonomia de Deus,
acarretou juízo Todo o desenvolvimento cultural, para não entrar em colapso e
caos, é sustentado pela graça comum de Deus – essa graça é a “dádiva da
preservação da raça durante um tempo, mas não é a graça que age para redimir um
povo e lhe restaurar a amizade com Deus” (GOLDSWORTHY, 2018).”3
fvfv
||3. A cultura do povo de Deus. A visão do povo de Deus, quanto à cultura, tem como fundamento a Bíblia
Sagrada, a inspirada, inerrante e completa Palavra de Deus (2Tm 3.16,17). Por
essa razão, tudo quanto fazemos tem como base esta proposição: a Terra é do
Senhor (Sl 24.1). Haja vista os filhos de Israel. Eles consagravam ao Senhor
até mesmo suas colheitas (Lv 23.10). Portanto, tudo quanto fizermos tem de ser
aferido por este mandamento apostólico: “Portanto, quer comais, quer bebais ou
façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31)||.[[Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2020. Lição 10, 8 Março, 2020]]
-A cultura
do povo do Antigo Testamento, assim como o gentio, estava manchada pelo pecado,
corrompida porque era produzida por um coração que não estava inteiramente reto
diante de Deus. O mesmo é verdadeiro na Nova Aliança, não esqueçamos disso. No
entanto, o nascido de Deus procura colocar em prática 1Co 10.31, procurando em
sua liberdade crista, bem como o comportamento mais comum, e ser conduzido de
maneira a honrar a Deus (Ez 36.23).
- Por
muito tempo foi ensinado em nosso meio uma espécie de dicotomia de mundo, onde
dividia-se o mesmo em “sagrado” e “secular” ou “mundano”, como a política, a arte, o esporte, o entretenimento, o
conhecimento secular etc. Essa dicotomia é uma “tendência
gnóstica profundamente arraigada de depreciar um domínio da criação (sociedade
e cultura) com relação a outro” (WOLTERS, 2006, p. 74). Para o
cristão, só há o sagrado, tudo pertence ao Senhor – “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele,
pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm 11.36). Deus e a fonte, o
sustentador e o justo fim de tudo o que existe. Assim, é bom ressaltar que, nem
tudo que envolve a cultura é pecaminoso e mal, sendo possível ao cristão
apreciar o que é produzido culturalmente, desde que estas, logicamente, não
firam o princípio bíblico.
- “De
maneira geral, a cultura se define como “o conjunto de valores, crenças e
práticas de uma sociedade em particular, que inclui artes, religião, ética,
costumes, maneira de ser, divertir-se, organizar-se, etc”. Toda esta mescla de
ingredientes constitui a beleza da cultura, mas também a torna potencialmente
perigosa, especialmente no tocante ao relacionamento do cristão com a mesma.
Por quê? Porque não existe cultura neutra, pura ou inocente. Toda expressão
cultural traz consigo o reflexo da situação moral e espiritual de todos que a
compõem. Segundo o Dr. Augustus Nicodemus, toda cultura é “uma mistura de
coisas boas decorrentes da imagem de Deus no ser humano e da graça comum, e
coisas pecaminosas resultantes da depravação e corrupção do coração humano.
Toda cultura, portanto, por mais civilizada que seja, traz valores pecaminosos,
crenças equivocadas, práticas iníquas que se refletem na arte, música,
literatura, cinema, religiões, costumes e tudo mais que a compõe”. Por causa
dessas questões, os cristãos que levam a Bíblia a sério costumam ter uma
atitude, no mínimo, cautelosa em relação à cultura, exatamente por perceberem
nela traços da corrupção humana. Contudo, é bom ressaltar que, nem tudo que
envolve a cultura é pecaminoso e mal. O homem, como expressão da imagem de
Deus, foi dotado de criatividade para exercer o domínio sobre a criação e ser
uma bênção na edificação de uma sociedade segundo a vontade de Deus (Gn
1.26-30; 2.1-15). Este “mandato cultural”, bem como suas prerrogativas, foi determinado
a todos os homens, independente de sua fé. Chama-se esta bênção de “graça
comum”, uma vez que ela age tanto em cristãos quanto em não cristãos. Os servos
de Deus precisam ter discernimento para julgar a cultura e, biblicamente,
refletir sobre tudo o que a envolve a fim de não praticar ou apoiar aquilo que,
pode ser bom e bonito aos olhos humanos, porém, reprovado diante do Senhor. As
advertências bíblicas atestam que, a liberdade que o cristão tem no Senhor, não
deve ser usada para justificar quaisquer práticas pecaminosas (Gl 5.13) e, a
despeito de tudo ser lícito, nem tudo lhe convêm fazer (1Co 6.12).” 4
-
Como escreve Michael Horton, em “O Cristão e a Cultura”, publicado pela Cultura
Cristã: “Para
iniciar, quero definir alguns termos, Primeiro, estarei usando o termo
“cultura” no seu senso mais amplo, referindo-me tanto à cultura popular
(esportes, política, ensino público, música popular e diversões, etc. e a alta
cultura ( horticultura, academicismo, música clássica, ópera, literatura,
ciências, etc.). Uma definição útil e abrangente de “cultura” para nossa
discussão pode ser “a atividade humana que intenciona o uso, prazer e
enriquecimento da sociedade”. Segundo, por “igreja” estou dizendo a igreja
institucional, -- “onde a Palavra de Deus é pregada e os sacramentos são
administrados corretamente”, como diziam os reformadores. Quando, por exemplo,
se diz que a igreja não deve confundir sua missão com as esferas da política,
arte, ciência, etc., não se está sugerindo que os cristãos como indivíduos
devessem abandonar esses campos (muito pelo contrário), mas que a igreja como
instituição deve observar a sua missão divinamente ordenada. Essa igreja
institucional deve ser entendida como expressão visível do corpo universal de
Cristo através de todos os séculos e em todo lugar. A igreja institucional
recebeu a comissão única de pregar a Palavra e fazer discípulos, Meu emprego da
palavra “igreja”, portanto, não é apenas uma referência ao corpo coletivo de
cristãos individuais, mas ao organismo vivo fundado por Cristo, ao qual foi
confiado o seu próprio ministério pessoal.” 5
II - UMA CULTURA DOMINADA PELA INIQUIDADE
||O homem foi posto no Éden, para lavrar a terra e
fazer cultura, a partir da criação divina (Gn 1.26; 2.5). Mas, devido ao
pecado, toda a cultura humana pôs-se contra Deus.
1. A cultura
original. Se a Terra é do Senhor, todos deveriam saber que,
neste mundo, não passamos de servos de Deus (Sl 24.1). Logo, tudo quanto
produzimos deveria ser um reflexo da glória do Criador. Se não tivéssemos caído
em pecado, nossa cultura seria uma extensão da divina. Mas, por causa da Queda,
a humanidade passou a trabalhar contra Deus (Ec 7.29)||.[[Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2020. Lição 10, 8 Março, 2020]]
- A aquisição empírica da sabedoria, que é o homem buscando
a justiça pelos seus próprios meios, falha. O homem só consegue ser reto
mediante a ação de Deus. Todo intento do coração reflete as maquinações de
todos os seres humanos desde Adão e Eva.
- O Salmo 24 enaltece a soberania divina, seu
senhorio sobre as coisas criadas. A afirmação de que Deus é absolutamente
soberano na criação, na providência e na salvação é básica à crença bíblica e
ao louvor bíblico. A visão de Deus reinando de seu trono é repetida muitas
vezes (1Rs 22.19; Is 6.1; Ez 1.26; Dn 7.9; Ap 4.2; conforme Sl 11.4; 45.6;
47.8-9; Hb 12.2; Ap 3.21). O salmo inteiro expressa alegria, esperança e
confiança no Todo-Poderoso.
- “todos deveriam saber que, neste mundo, não passamos
de servos de Deus” – à luz desta afirmativa do comentarista resta a
pergunta: “E como crerão naquele de quem
nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como
pregarão, se não forem enviados?” (Rm 10.14,17).
|| 2. A cultura do homicídio. Como resultado
da apostasia de Adão, o homicídio é rapidamente incorporado à cultura humana. Haja
vista que Lameque, para celebrar a morte de dois homens, escreveu um poema
(Gn 4.23). Os heróis daquele tempo eram os vilões que se davam à opressão e à
matança (Gn 6.4,11). Hoje, vemos aqueles dias replicarem-se em todos os
segmentos sociais; a cultura da morte não mudou. O que dizer do aborto, da
eutanásia e da cruel indiferença ao próximo?||.[[Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 1º Trimestre 2020. Lição 10, 8 Março, 2020]]
- Lameque matou uma pessoa em legítima defesa. Ele
disse às suas esposas que não precisavam ter medo de serem alvos de algum mal
resultante da morte que ele havia provocado porque, se alguém tentasse
retaliar, Lameque retaliaria e mataria o agressor. Ele achava que, se Deus
havia prometido vingar-se sete vezes de alguém que matasse Caim, Deus se
vingaria setenta vezes sete de quem atacasse Lamaque. A descendência de
Satanás, os decaídos rejeitadores de Deus, enganadores e destrutivos, tinham
dominado o mundo, corrompendo-o e enchendo-o de violência (Gn 6.11).
||3. A cultura do erotismo. O erotismo
também impregnou rapidamente a cultura humana; o casamento foi logo banalizado
(Mt 24.37-39). A fraqueza moral, iniciada pelo homicida Lameque, fez-se cultura
(Gn 4.23). A promiscuidade precisou apenas de um exemplo, a fim de espalhar-se.
Que Deus tenha misericórdia de nossa geração||.[[Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 1º Trimestre 2020. Lição 10, 8 Março, 2020]]
- Em Gn 4.19 Lameque toma duas esposas. Não é dada
a razão por que Lameque tomou duas esposas, tornando-se o primeiro exemplo de
bigamia. Por causa da sua violação da lei do casamento, Lameque conduziu sua descendência
em rebelião aberta contra Deus. Lembremos que esta era a descendência de Caim, homens
decaídos e corruptos, n
||4. A cultura do consumo irrefreado. A
cultura do mundo pré-diluviano, quanto ao consumo desenfreado, em nada diferia
da nossa. Naquele tempo, as pessoas, já tomadas pela apostasia, não faziam outra coisa senão comer e
beber (Mt 24.37,38). Hoje, gasta-se exageradamente naquilo que não satisfaz;
é o consumo pelo consumo (Is 55.2). Eis o resultado de toda essa gastança:
famílias endividadas e muita gente à beira da miséria. Sejamos próvidos e não
pródigos||.[[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º
Trimestre 2020. Lição 10, 8 Março, 2020]]
- Apostasia se refere à pessoa que renuncia ou
renega uma crença ou religião da qual fazia parte, a descendência ímpia de Caim
não negaram uma fé, eles estavam já totalmente apartados de Deus. Em Mt 24.37 “assim como foi nos dias de Noé”, a
ênfase de Jesus não é tanto na extrema impiedade dos dias de Noé (Gn 6.5), mas
na preocupação das pessoas com os assuntos corriqueiros do dia a dia
("comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento"; v. 38), quando o
castigo sobreveio repentinamente. A passagem não fala de consumismo mas de uma
atitude relapsa para com as advertência do pregador Noé. Eles haviam recebido
advertências, na forma da pregação de Noé (2Pe 2.5) e mediante a arca em si,
que era um testemunho do castigo que estava próximo. Mas eles não se
preocupavam com tais assuntos e, portanto, foram destruídos inesperadamente no
meio de suas próprias atividades diárias.
- De
fato, a cultura consumista hoje está em voga. “As
pessoas sempre gostaram de adquirir bens e sempre houve uma tendência de se
viver para o mundo material em vez de se viver para Deus. Se temos “bens”
suficientes, nos sentimos seguros e até autossuficientes. Todavia nem mesmo o
rico insensato na parábola de Jesus em Lucas 12 teve a infinidade de opções com
a qual nos deparamos em nossa sociedade sobre onde podemos gastar o nosso
dinheiro.” 6
III - O EVANGELHO TRANSFORMA A CULTURA
||Agora, precisamos responder a esta pergunta: “É
possível transformar uma cultura dominada pela iniquidade?”.
1. Jesus
nasceu num contexto cultural. Nenhum homem é capaz de viver à parte de uma
cultura; somos seres culturais. Aliás, o próprio Filho de Deus, quando de sua
encarnação, foi acolhido numa sociedade dominada por três grandes culturas — a
judaica, a grega e a romana (Jo 19.20). Todavia, a sua mensagem transformou
milhões de pessoas oriundas de todas as culturas do mundo, conduzindo-as a
viver num só corpo (Rm 10.12)||.[[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º
Trimestre 2020. Lição 10, 8 Março, 2020]]
- Transcrevo a seguir, parte do artigo “Encontros
do Evangelho com a cultura nos ministérios de Jesus, da igreja primitiva e de
Paulo | Por Marcos Orison Nunes de Almeida”, disponível em Práxis
Missional: “Jesus não somente esvazia-se da condição divina,
mas assume a forma cultural de um judeu da época. Alguns poderiam até pensar
que dada a eleição de Israel por Deus e aliança histórica com esse povo, essa
seria a cultura do próprio Deus. Esse equívoco, inocente e exclusivista,
significa o mesmo que desprezar a posição de Deus como criador e senhor de
todos os povos e culturas. Sabemos que a esperança e promessa messiânica eram
provenientes da aliança com o povo de Israel e sua revelação escriturística,
mas a divindade não está restrita a qualquer cultura, e ao assumir a cultura
judaica ela o faz com a intenção de continuar o seu processo comunicativo de
proclamação do Evangelho.
- 2. Encontros no ministério de Jesus - Partindo,
então, do pressuposto de que Jesus assume a cultura judaica para se comunicar
primeiro com os judeus e imediatamente depois com aqueles com quem convivia
naquele contexto, analisaremos algumas passagens interessantes, que relatam
encontros de Jesus com pessoas, em que ocorre a interação entre o Evangelho e
aspectos daquela cultura.
- Nos relatos dos evangelhos podemos perceber que
Jesus é plenamente judeu no que concerne às situações mais comuns e gerais da
cultura. Nascido em uma família da tribo de Judá, na cidade de Belém,
desenvolveu a sua infância e adolescência em Nazaré da Galileia como filho de
um carpinteiro. Foi circuncidado, consagrado como primogênito no templo de
Jerusalém e novamente levado ao templo aos doze anos, na transição para a
adolescência. Induzimos que ele falava, se vestia, se comportava e agia
conforme qualquer judeu galileu
- Uma forma bastante significativa de percebermos
sua integração na cultura é no comparecimento às festas tradicionais do povo.
Vale ressaltar que as festas, ao mesmo tempo em que tinham origem e componente
religiosos, extrapolavam o ambiente da religião tornando-se uma expressão da
cultura popular ao incluir a peregrinação para Jerusalém, a ocupação dos
espaços públicos, o uso de músicas, danças, comidas, etc. Os evangelhos
comentam a participação de Jesus, ao longo dos seus anos de ministério, nessas
festas (João 2:23; 4:45; 5:1; 10:22; 11:55; 13:1). Provavelmente, ele não
participava apenas das festas de fundo religioso, mas também das festividades
menores, típicas de qualquer cultura, além de refeições especiais, como
convidado. Essa característica da vida de Jesus era tão marcante que ele diz
ter sido estereotipado como “comilão e beberrão” (Lucas 7:34). O bom exemplo
dessa integração plena na cultura talvez seja o relato do início de seu
ministério ocorrido no casamento de Caná, registrado no capítulo 2 do livro de
João. Essa rica passagem indica que a família de Jesus foi convidada para o
casamento e que eles não apenas foram, mas, principalmente, impediram que a
família do noivo fosse envergonhada diante dos convidados pela falta de vinho
na festa. Toda a significância desse milagre, quase sem importância, parece
voltar-se para uma questão cultural. Naquela cultura, havia grande expectativa
sobre o anfitrião para que servisse da melhor forma possível, e com abundância,
aos seus hóspedes.
- Explorando um pouco mais esse hábito de Jesus de
participar de refeições, temos o relato do encontro que ele teve com o chefe
dos cobradores de impostos chamado Zaqueu (Lucas 19:1-10). O protocolo da
cultura judaica pressupunha que um mestre, como Jesus, sendo uma pessoa temente
a Deus e modelo para seus discípulos, não se sentasse à mesa com um cobrador de
impostos. Sentar-se à mesa com alguém, naquela cultura, significava
compartilhar a comida e a casa, um sinal de aproximação, aceitação e comunhão
entre o anfitrião e o convidado. O cobrador de impostos, ou publicano, era
considerado um pecador e traidor por representar a opressão romana sobre o povo
judeu e por ser corrupto. Já um mestre judeu era uma pessoa destacada
socialmente por seu conhecimento e capacidade de atrair e ensinar pessoas.
Esperava-se dos mestres um comportamento exemplar e conforme a moral da cultura
judaica. O comportamento de Jesus, no entanto, é contrário ao estipulado pela
convenção cultural.
- Antes de tentarmos concluir qual o critério
adotado por Jesus para que em determinadas situações ele se adaptasse
plenamente à cultura e em outras ele a confrontasse, vejamos outros encontros
interessantes ocorridos em sua caminhada ministerial. João 4:1-30 narra o
encontro de Jesus com uma mulher samaritana com muitas nuances e temas
transversais. Particularmente, gostaria de atentar para pelo menos dois padrões
culturais confrontados por Jesus nesse episódio. O primeiro padrão consistia no
costume de não ser considerado de bom grado homens conversarem com mulheres
desconhecidas em ambientes públicos (João 4:27). Uma abordagem furtiva poderia
ser interpretada como assédio ou coisa pior.
- O segundo padrão cultural, para os judeus, era o
de não se relacionar com os samaritanos, considerados como impuros. A condição
cultural era tão séria que em uma viagem, como a que Jesus estava fazendo,
conforme narrado no texto, entre a região da Judéia e da Galileia, embora o
caminho mais curto fosse cruzando o território de Samaria, os judeus preferiam
contorná-lo (João 4:9). Jesus, no entanto, quebra esses dois protocolos
culturais tanto passando por Samaria quanto conversando com uma mulher daquela
região junto ao poço público ao meio-dia.
- Ainda outra situação de confronto cultural se deu
no encontro de Jesus com as crianças. Naquele contexto, as crianças eram
desprezadas e alijadas da maioria das situações e ambientes da sociedade,
principalmente dos espaços públicos ou dos que envolviam autoridades, pessoas
de destaque e atividades de adultos. Na passagem de Lucas 18:15-17, vemos
pessoas, talvez mães, tentando levar suas crianças para serem tocadas ou
abençoadas por Jesus. Não sabemos se a intenção era a expectativa de cura de
alguma enfermidade ou a simples bendição vinda do mestre, mas o fato é que como
a situação feria o padrão cultural, os discípulos tentavam rechaçar as
crianças. Jesus, então, não apenas repreende essa atitude dos discípulos como
acolhe as crianças e as usa como referência metafórica no seu ensino.
- Procurando encontrar algum princípio conclusivo
que governa a atitude de Jesus ora integrando-se à cultura, ora contrapondo-se
a ela, podemos afirmar que toda vez que uma prática cultural se interpõe ao
acesso de Jesus às pessoas, ele se permite romper com o padrão visando o bem
maior que é a comunicação do seu Evangelho. Nos casos em que as práticas
culturais não passam de atividades cotidianas, que não ferem qualquer valor do
Evangelho, Jesus se adapta plenamente a elas. O que percebemos é que, para
Jesus, tudo aquilo que culturalmente estabelece uma barreira para o seu
relacionamento com as pessoas passa a ser reorientado, para não dizer
confrontado, mesmo que como consequência ele esteja passivo de receber algum
tipo de censura.” 8
||2. O Evangelho transforma a cultura. Conquanto
não nos seja possível converter toda uma sociedade, podemos influenciá-la com a
mensagem do Evangelho. Haja vista o que aconteceu em Éfeso, durante a terceira
viagem missionária de Paulo, quando praticantes de artes mágicas queimaram seus
livros em público (At 19.19). Se quisermos, de fato, transformar o nosso país,
devemos evangelizá-lo de acordo com o modelo de Atos dos Apóstolos (At 1.8)||.[[Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2020. Lição 10, 8 Março, 2020]]
- Lemos em Romanos 12.2 a evocação de Paulo: “E não vos conformeis a este mundo, mas
transformai-vos pela renovação da vossa mente”. "Conformeis" diz respeito a assumir uma expressão exterior que
não reflete o que realmente há no interior, um tipo de embuste ou representação.
A forma da palavra sugere que os leitores de Paulo já estavam permitindo que
isso acontecesse e deveriam parar. Nesta passagem ‘este século’ é melhor traduzido por "geração", referindo-se ao sistema de crenças, valores, ou ao
espírito da época — cultura. Esse resumo do pensamento contemporâneo e de seus
valores forma a atmosfera moral do nosso mundo, e é sempre dominado por Satanás
(2Co 4.4). A ordem é ‘transformai-vos’. A palavra grega da qual deriva a
palavra "metamorfose", indica
uma mudança na aparência externa. Mateus usa a mesma palavra para descrever a
transfiguração (Mt 17.2). Assim como Cristo exibiu, de maneira breve e
limitada, a sua natureza interior divina e a sua glória na transfiguração, os
cristãos devem manifestar, exteriormente, a sua natureza interior redimida, não
uma vez, mas diariamente (2Co 3.18; Ef 5.18). A renovação da mente exigida
nessa metamorfose ocorre somente à medida que o Espírito Santo transforma os
nossos pensamentos por meio do estudo perseverante da Escritura e da meditação
nela (Sl 119.11; cf. Cl 1.28; 3.10,16; Fp 4.8). Influenciar uma cultura de modo
a transformá-la exige santidade em tudo, mesmo que isso nos traga prejuízo e
perseguição ferrenha!
“O cristão
como agente transformador da cultura - A cultura deve ser levada cativa ao
senhorio de Cristo. Sem desconsiderar a queda e o pecado, mas enfatizando que,
no princípio, a criação era boa, os que estão nesse grupo enfatizam que um dos
objetivos da redenção é transformar a cultura. Sendo assim, por mais iníquas
que sejam certas instituições, elas não estão fora do alcance da soberania de
Deus. Ou seja, mesmo sabendo da queda, o cristão não abandona a cultura (o
cristão contra a cultura), mas busca redimi-la, levá-la aos pés de Cristo. Agostinho
(354-430), João Calvino (1509-1564), John Wesley (1703-1791) e Abraham Kuyper
(1837-1920) são alguns dos que entenderam que os cristãos são agentes de
transformação da cultura, posição que é exposta nesta obra de Niebuhr. Em
Apocalipse, vemos que Deus redime tanto a pessoa, como a diversidade cultural. Nesta
posição, não há divisão entre o sagrado e o profano – essa é uma dicotomia
católica (a divisão sagrado/profano afirma que na igreja fazemos atividades
sagradas e, no mundo, atividades profanas; ou seja, rezar, ser padre é algo
sagrado, mas construir um prédio e ser um engenheiro são coisas profanas). A
divisão bíblica é entre o que é santo e está em pecado; e que está em pecado
deve ser santificado” 7
||3. Os crentes de Corinto, um exemplo da influência do Evangelho. Corinto era
uma das cidades mais promíscuas no período do Novo Testamento. Não obstante,
Paulo, ao levar-lhe o Evangelho, resgatou preciosas almas aprisionadas a um
contexto moralmente doentio (1Co 6.9-11). Apesar de seus graves problemas, a
igreja coríntia detinha todos os dons espirituais (1Co 1.7). O mais importante,
porém, é que os seus membros, dantes escravizados por Satanás, eram agora
chamados de santos em Jesus Cristo (1Co 1.1,2)||.[[Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 1º Trimestre 2020. Lição 10, 8 Março, 2020]]
- Até mesmo pelos padrões pagãos de sua própria
cultura, a cidade de Corinto tornou-se tão corrupta moralmente que o seu
próprio nome virou sinônimo de depravação; "corintianizar"
representava imoralidade flagrante e libertinagem acompanhada de embriaguez. Em
1Co 6.9-10, Paulo lista alguns dos pecados específicos pelos quais a cidade era
conhecida e que, anteriormente, tinham caracterizado muitos cristãos dessa
igreja. Tragicamente, alguns dos piores pecados ainda eram encontrados entre alguns
membros da igreja. Um desses pecados, o incesto, era condenado até mesmo pela
maioria dos gentios pagãos (1Co 5.1).
- Incapaz de romper totalmente com a cultura da
qual vinha, a Igreja de Corinto não cumpriu seu papel de agente transformador. Com
seu espírito faccioso e divisionista, a despeito de sua pretensa
espiritualidade, ficou na história como um alerta às igrejas cristãs de todo o
mundo, registrado na carta que Paulo lhes escreveu. Antes, o apóstolo mostrou
que a causa de existirem divisões na igreja de Corinto era o mundanismo – eles
continuavam a prezar a sabedoria humana. Agora, ele aponta a carnalidade como a
razão de criarem partidos.
- O problema mais sério da igreja de Corinto era o
mundanismo, uma relutância em se separar da cultura que os rodeava. A maioria
dos cristãos não conseguia deixar, de maneira consistente, sua conduta antiga,
egoísta, imoral e pagã. A carta que Paulo escreveu visava corrigir esses
desvios. Foi necessário que Paulo escrevesse a eles para corrigir isso, bem
como ordenar aos cristãos fiéis que não somente rompessem a comunhão com os
membros desobedientes e não arrependidos, como também os expulsassem da igreja
(5.9-13). Sinceramente, não creio que esta igreja sirva como exemplo da
influência do Evangelho.
CONCLUSÃO
||A cultura atual em nada difere da pré-diluviana. No
entanto, podemos influenciá-la através da pregação do Evangelho de Cristo. Se
levarmos a sério a promessa de Atos 1.8, viremos não apenas a influenciá-la,
mas igualmente transformá-la. Afinal, somos o sal da terra e a luz do mundo.
Somente a Igreja de Cristo reúne essas propriedades tão raras para abalar as
estruturas deste mundo que jaz no Maligno. Sejamos santos. Evangelizemos e
façamos missões! É a ordem de Cristo. Nós podemos transformar a cultura da
sociedade atual, como fez o apóstolo Paulo em Tessalônica|| [[Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 1º Trimestre 2020. Lição 10, 8 Março, 2020]]
- O evangelho é uma mensagem sobre reconciliação e
identificação. Deus se identificou com os seres humanos, se tornando ser humano
em Jesus Cristo, e em Jesus Cristo reconciliou-nos consigo mesmo. Obviamente,
portanto, o evangelho só pode ser comunicado de maneiras que comuniquem
reconciliação e identificação.
“Quando lemos
sobre os primórdios da história do cristianismo, vemos que a grande força dos
convertidos daqueles dias estava em viver de uma forma diferente – tratando o
“inferior” com respeito, amando o próximo, ajudando o necessitado, vivendo em
unidade apesar das diferenças – e que este “novo” estilo, bem diferente dos
valores comumente aceitos pela população do Império Romano, era um grande
aliado na pregação do evangelho da salvação em Jesus Cristo. A chamada Igreja
Primitiva era pacífica, mas de modo algum passiva diante dos desafios da
cultura romana, o que também aconteceu ao longo da história, de forma mais
intensa ou mais frouxa, dependendo da época, mas sempre tendo na comunidade
genuinamente cristã, uma contracultura transformadora (por genuína, digo
aqueles que realmente seguiam o ensino de Cristo, e não os que carregavam
apenas o título). Hoje, cabe a nós formular (e responder) algumas perguntas
para nossa geração de cristãos: – Quais são os aspectos da nossa cultura que
precisam ser confrontados? – Quais são os aspectos da nossa vida que já cederam
a esta cultura anticristã e que precisamos mudar urgentemente? Viver a
contracultura do evangelho de Jesus mergulhados numa cultura que se afasta cada
vez mais do padrão cristão é um grande desafio, mas nunca foi diferente. O
autor de Hebreus fala de “homens dos quais o mundo não era digno” (Hb 11:38),
porque optaram por viver o evangelho até as últimas consequências, com a
certeza de que algo muito superior tinham ao seu alcance.”
9
- “Irmãos, sede meus imitadores, e atentai para
aqueles que andam conforme o exemplo que tendes em nós; porque muitos há, dos
quais repetidas vezes vos disse, e agora vos digo até chorando, que são
inimigos da cruz de Cristo; cujo fim é a perdição; cujo deus é o ventre; e cuja
glória assenta no que é vergonhoso; os quais só cuidam das coisas terrenas. Mas
a nossa pátria está nos céus, donde também aguardamos um Salvador, o Senhor
Jesus Cristo, que transformará o corpo da nossa humilhação, para ser conforme
ao corpo da sua glória, segundo o seu eficaz poder de até sujeitar a si todas
as coisas.” (Fp 3.17-21)
Pb
Francisco Barbosa
5 Extraído da Introdução do livro “O Cristão
e a Cultura”, de Michael Horton, publicado pela Cultura Cristã.
6 https://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/igreja/consumismo-o-culto-ao-escolher-e-ter/.
7 Franklin Ferreira – O Cristão e a Cultura,
disponível em: https://voltemosaoevangelho.com/blog/2013/02/franklin-ferreira-o-cristao-e-a-cultura/.