Abordagem de Levítico em Lições Bíblicas
O conhecido pastor Claudionor Corrêa de Andrade é o
comentarista de Lições Bíblicas do 3º terceiro trimestre cujo assunto traz a
lume informações pertinentes a uma vida pautada na santidade neste presente
século, sob o tema Os Princípios de Deus para a sua Igreja em Levitico. O
pastor irá discorrer assuntos ligados a adoração, santidade e
serviço,características tão comuns aos evangélicos dos tempos presentes. O
pastor Claudionor de Andrade também atua como conferencista, escritor e
consultor teológico na Casa Publicadoradas Assembleias de Deus (CPAD). A sua
trajetória na área literária começou cedo. Em sua juventude, manifestou
interesse neste campo e, com isso, passou a dedicar seu tempo à leitura de
grandes obras seculares e evangélicas. A sua dedicação ao conhecimento
literário despertou o seu desejo de contribuir na Seara do Mestre não somente
como escritor, mas como mestre da Palavra de Deus.
Hoje, o pastor Claudionor de Andrade é reconhecido por seu
estilo apurado, erudito, e atua como defensor do genuíno Evangelho de Jesus
Cristo. Ele tornou-se um dos mais profícuos escritores das Assembleias de Deus,
sendo autor de diversos artigos para os periódicos como o jornal Mensageiro da Paz
e revistas evangélicas nacionais e internacionais, além de produzir obras
tratando de variados assuntos teológicos. O escritor concedeu esta entrevista
ao Mensageiro da Paz e discorre sobre assuntos relativos ao conteúdo de Lições
Bíblicas do 3º trimestre do ano de 2018.
O que os alunos de Escola Dominical podem esperar do
conteúdo das lições do 3º Trimestre de 2018, comparando com outras abordagens
já feitas em Lições Bíblicas sobre o livro de Levítico?
Em primeiro lugar nesta lição procuramos dar um enfoque
mais teológico do que formal propriamente dito. Em todos os capítulos deste
livro, que aliás é muito bonito, embora pareça um manual de cerimônias, em
todos os capítulos nós temos uma Teologia subjacente, ou seja, existe sempre
naquele capítulo uma doutrina, uma Teologia, e uma mensagem de Deus em
específico para a nossa vida. Nós procuramos extrair do livro de Levítico as
suas teologias essenciais, e neste livro nós temos três palavras-chave:
adoração, nós temos de adorar a Deus como ser supremo por excelência;
santidade, isto é, a adoração ao Senhor leva-nos à santidade e a santidade ao
serviço, e este último é a terceira palavra-chave.
Por que o livro de Levítico ainda é tão importante para os
cristãos atuais?
Como disse o apóstolo Paulo, “porque tudo o que dantes foi
escrito, para nosso ensino foi escrito” (Rm 15.4). Nas Sagradas Escrituras,
encontramos História e genealogia (Gênesis), proposições (Deutoronômio e
Números), cânticos (Cantares de Salomão), sapiencialidade (Provérbios e
Eclesiastes), profecia (Profetas Maiores e Menores), então tudo quanto foi
escrito no Antigo Testamento, serve-nos para os dias atuais. E no livro de
Levítico, nós temos aquela preocupação constante com a santidade. O Deus santo
requer de Seu povo a santidade, pureza, e distinção, menos que isso é
inaceitável. Hoje em dia, como sacerdotes reais, como profetas, e como
militantes da Igreja do Senhor Jesus, não podemos esquecer-nos de nossa
responsabilidade quanto a essa reivindicação de Levítico.“E ser-me-eis santos,
porque eu, o Senhor, sou santo, e vos separei dos povos, para serdes meus” (Lv
20.26). Santidade é o ponto crucial do livro de Levítico.
O tema santidade é primacial nesse importante livro, mas
qual a relação dos holocaustos com um viver santo naqueles dias?
O holocausto implicava na queima total da vítima, em seu
oferecimento incondicional, assim também a nossa vida hoje tem de ser dedicada
incondicionalmente a Deus. É o mesmo que deixou registrado o apóstolo Paulo aos
nossos irmãos em Tessalônica: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e
todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados
irrepreensíveis paraa vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.23). Isto
significa que o crente deve ser santo em toda a maneira de ser, pensar, existir,
agir e principalmente reagir. Dessa forma, quando nos entregamos ao Senhor
Jesus Cristo, nós oferecemo-nos como holocausto, porque hoje não precisamos
apresentar-lhe um animal como vítima para ser queimado, mas nós mesmos somos a
oferta queimada, ou seja, a oferta provada ao Senhor Jesus Cristo.
Vemos no capítulo 10 que Nadabe e Abiú, os dois filhos do
sumo sacerdote Arão, foram fulminados na presença do Senhor. Qual a lição que
aprendemos nesse episódio?
Em nossa vida diária, principalmente em nossos devocionais,
quando na igreja ou no serviço cristão, não podemos, de forma alguma,
apresentar “fogo estranho” ao Senhor. O que isto significa? A explicação é a
seguinte: uma doutrina que não é a sã doutrina; uma adoração, que em algumas
situações, o Senhor não requer e nós a inventamos; uma postura não santa; uma
pregação que não reflete o verdadeiro Evangelho. Este fogo estranho é aquilo
que Deus não requer, aquilo que o Criador abomina, seja em nossa adoração, ou
em nosso serviço cristão, seja em nosso labor teológico ou em nossa prática. Em
nosso agir e principalmente em nosso reagir. Porque muitas vezes, preparamo-nos
para agir, mas não sabemos como reagir, e às vezes em nossa reação
apresentamos“fogo estranho” ao Senhor, e isto é perigoso.
Qual a diferença entre o sacrifício de animais na Antiga
Aliança e os que são praticados nas
religiões de matriz africana?
No livro de Levítico como em todo o Antigo Testamento, nós
observamos que os animais eram oferecidos teologicamente ao Senhor. Mas o que
isto significa? O adorador estava em frente ao
altar de Deus, entregando-lhe em silêncio, mas com muita eloquência esta
oração: “Entrego-lhe Senhor algo que lhe pertence”. E o mesmo acontecia com as
apresentações do reino vegetal, por exemplo, as primícias, as novidades do
campo, o adorador estava presente a fim de entregar algo que já pertencia a
este mesmo Senhor. Hoje, no entanto, nós vemos que religiões não cristãs,
principalmente as africanas e algumas asiáticas, apresentam sacrifícios, mas
não a Deus, mas a entidades que são contrárias as reivindicações das Sagradas
Escrituras. Alguns apresentam as vítimas até mesmo à Satanás, a Magia Negra,
por exemplo, existe uma grande diferença. No AntigoTestamento, os animais eram
apresentados ao Senhor e Criador dos Céus e da Terra. Senhor de tudo. Quando
nessas religiões os animais são apresentados a entidades abstratas e fictícias,
e ao próprio diabo, um ser que realmente existe, e que se levanta como o
arqui-inimigo de Deus.
A adoração é outro fator observado em Levítico. Que lições
nós aprendemos nas informações concedidas por Deus ao Seu povo, relacionadas a
esse tema?
Nós temos, pelo menos, dois tipos de adoração: a litúrgica
e a cotidiana. Liturgicamente, precisamos sim, estar na igreja, apresentar ao
Senhor as nossas orações, o nosso cântico, o nosso serviço, as primícias do
nosso labor, dízimos, ofertas, haveres; mas em nossa vida cotidiana, a adoração
deve aparecer sempre, quando falamos, pensamos, trabalhamos, proclamamos o
Evangelho de Cristo a um amigo pessoal ou mesmo alguém que não conhecemos. Isto
é adoração. Quando dizemos não ao pecado, recusamos a iniquidade, ou quando
dizemos não à corrupção, aos corruptores, isto é adoração a Deus. A nossa vida
é um altar, um templo, um holocausto em si, por isso toda a nossa ação deve
reverter em ações de graças e ações de adoração ao Pai Celeste.
Com relação às orientações relacionadas neste livro do
Pentateuco, de forma geral, o que deve ser considerado peculiar e aplicável aos
fiéis nos tempos atuais?
Hoje, graças a Deus, não precisamos mais apresentar os
sacrifícios levíticos, nem holocausto, ou mesmo as primícias de nossas messes,
ou de nossas lavouras, é claro que nesse particular, devemos entregar ao Senhor
os dízimos, isto porque, como todos nós sabemos, não é algo atinente à Lei, é
algo que se refere a obrigação que o homem tem para com oTodo Poderoso. Vemos
um bom exemplo na atitude do patriarca Abraão, embora não vivesse sob a Lei de
Moisés, era dizimista, o mesmo aconteceu com seu neto Jacó, em seu voto (Gn
28.20-22). Hoje, portanto, nos extraímos do livro de Levítico, princípios,
teologias, doutrinas, a reivindicação fulcral que o Senhor apresentou a Israel.
Reitero a recomendação divina: “E ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor, sou
santo”. Por conseguinte, não podemos transformar a nossa igreja, em uma
sinagoga, em uma réplica do templo de Deus em Jerusalém, com candelabro, altar
de incenso, o que extraímos do livro de Levítico são os princípios, as
teologias,as doutrinas e o cumprimento daquela reivindicação: santidade e
santidade.
Fonte: Mensageiro da Paz, Ano 88, Nº 1596, Maio de 2018