2º Trimestre de 2018
Título: Valores cristãos — Enfrentando as questões morais de nosso tempo
Comentarista: Douglas Baptista
Lição 12
17 de Junho de 2018
Ética Cristã e Política
Texto Áureo
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Verdade Prática
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"Portanto, dai a cada um o que deveis: quem
tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; o quem honra,
honra." (Rm 13.7)
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A política faz parte da vida em sociedade. Como o
cristão não vive isolado, ele deve ter consciência política, sendo sal e luz neste
mundo.
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LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Almeida Corrigida e Revisada Fiel
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Romanos 13.1-7
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1 TODA a alma esteja sujeita às
potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as
potestades que há foram ordenadas por Deus.
2 Por isso quem resiste à
potestade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si
mesmos a condenação.
3 Porque os magistrados não são
terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a
potestade? Faze o bem, e terás louvor dela.
4 Porque ela é ministro de Deus
para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada;
porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz o mal.
5 Portanto é necessário que lhe
estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência.
6 Por esta razão também pagais
tributos, porque são ministros de Deus, atendendo sempre a isto mesmo.
7 Portanto, dai a cada um o que
deveis: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor,
temor; a quem honra, honra.
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Comentário
INTRODUÇÃO
As Escrituras registram a liderança política de
grandes personagens bíblicos, entre eles, José, o governador do Egito (At
7.9,10); e Ester, a rainha da Pérsia e da Média (Et 5.2). Contudo, apesar
desses exemplos, por muitas décadas a política foi satanizada no meio
evangélico. Como resultado, e com sua omissão, a igreja permitiu que o Poder
Público fosse exercido muitas vezes por ateus, ímpios e imorais. Esse
comportamento contribuiu com a eleição, por exemplo, de governos contrários à
cultura judaico-cristã. Para mudar esse quadro faz-se necessário que a igreja
amadureça e aprofunde sua 'consciência política. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição
11, 17 Jun 18)
“Política é a ciência da governança de um Estado ou Nação e também uma
arte de negociação para compatibilizar interesses. O termo tem origem no grego politiká, uma derivação de polis
que designa aquilo que é público. O significado de política é muito abrangente
e está, em geral, relacionado com aquilo que diz respeito ao espaço público”
(Significados). Política pode envolver ajudar pessoas em
necessidade, alertar as autoridades e ajudar a resolver problemas ou até
trabalhar no governo. A Bíblia nos chama a cuidar dos outros e a ser uma bênção
em tudo o que fazemos (Tg 1.27). O momento é oportuno à reflexão, como
seguidores de Cristo, quais devem ser a nossa atitude e envolvimento com a
política? A Tonica hoje tem sido o lema: "religião e política não se misturam", mas isso não é verdade;
o cristão tem nas Escrituras sua única regra de fé e prática, nossa opinião
política não pode estar fora das considerações da nossa fé cristã. A Bíblia nos
dá duas verdades sobre a nossa postura em relação à política e governo (Mt 6.33;
Dn 2.21; 4.17; 34-35; Rm 8.28). Considere, ainda, que as Escrituras exortam o
cristão quanto sua responsabilidade civil: obedecer às leis e ser bons cidadãos
(Rm 13.1-2). Deus estabeleceu toda a autoridade e Ele faz isso para o nosso
benefício, "para louvor dos que praticam o bem" (1Pd 2.13-15). Dito
isto, convido-o a pensarmos maduramente a fé cristã!
TÓPICO l - UMA PERSPECTIVA BÍBLICA DA
POLÍTICA
1. Deus governa todos os aspectos da vida humana, inclusive o político. As Escrituras mostram que Deus se relaciona
diretamente conosco em todos os aspectos da vida (Mt 6.33). Isso significa que
Ele intervém em nossa jornada diária, pois o Pai Celeste "trabalha para
aquele que nele espera" (Is 64.4). Nesse aspecto, a Bíblia mostra que o
Altíssimo "remove os reis e estabelece os reis" (Dn 2.21), "porque
não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram
ordenadas por Deus" (Rm 13.1). Sim, o Deus Altíssimo governa o aspecto
político da vida no mundo. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 11, 17 Jun 18)
Considerando o texto de Romanos
13.1, é possível acontecer de a obediência a Deus implicar em desobediência aos
poderes estabelecidos. Lucas escreve em Atos 5.29: “Importa antes obedecer a Deus que aos homens.” Ressaltamos,
entretanto, que a base da lei de Deus é o amor, e o amor altruísta não faz mal
a ninguém.
“Paulo diz
que não há autoridade que não proceda de Deus e as autoridades que existem
foram por ele instituídas. Logo, se opor deliberada e formalmente à autoridade
é resistir à própria ordenação de Deus. Aqueles que entram por esse caminho de
desordem e anarquia trarão sobre si mesmos condenação. É óbvio que o apóstolo
Paulo não está dizendo que Deus é o responsável moral pelos magistrados
ditadores e corruptos que ascendem ao poder. Deus instituiu o princípio do
governo e da ordem e não o despotismo. As autoridades não podem domesticar a
consciência dos cidadãos nem desrespeitar a sua fé. Nossa sujeição às
autoridades não é submissão servil nem subserviência, mas submissão crítica e
positiva. A relação entre a Igreja e o Estado deve ser de respeito e não de
subserviência. Deus não é Deus de confusão nem aprova a anarquia. Deus
instituiu a família, a igreja e o Estado para que haja ordem na terra e justiça
entre os homens.” (Pr Hernandes Dias Lopes. ‘Uma reflexão sobre o
cristão e a política’. Disponível em: http://hernandesdiaslopes.com.br/portal/uma-reflexao-sobre-o-cristao-e-a-politica/. Acesso em 11 Jun, 2018)
Um episódio interessante serve
neste ponto para embasar a idéia de que Deus governa: quando Pilatos pensou que
tinha poder sobre Jesus, a resposta foi: “Não
terias nenhuma autoridade sobre mim, se esta não te fosse dada de cima” (Jo
19.1). O Deus Altíssimo governa soberanamente de acordo com seus propósitos
insondáveis. O Salmo 2 descreve Deus rindo e zombando das manifestações das
nações, como se os povos pudessem, com sua fúria e rebelião, frustrar os planos
do Senhor (Sl 2.1-5). Isaias se refere ao bramido das nações e dos povos em
grande ira e de como o Senhor as dispersa como o vento leva a palha (Is
17.12-13). Muitas coisas acontecem sem que possamos compreender seu propósito,
no entanto, pela providência soberana de Deus, os resultados sempre concorreram
para o nosso bem e avanço do Evangelho. Tomemos como exemplo as manifestações
do povo comum, em Jerusalém, clamando a Pilatos pela crucificação de Jesus, no
que foram atendidos (Mt 27.202-26). Sem saber, estavam cumprindo, sem saber, a
mais importante etapa do plano da salvação elaborado por Deus, que era a morte
do Filho de Deus na cruz pelos pecados de seu povo!
2. Deus levanta homens que o glorifiquem na política. Os exemplos da Bíblia são abundantes. Mas
destacamos três deles: José, filho de Jacó (Gn 41.37-57); Ester, a rainha (Et
2.12-20); Daniel, o jovem (Dn 2.46-49). Essas três pessoas se colocaram à
disposição do Senhor, e por intermédio dEle, providenciaram o escape para o
povo de Deus (Gn 42.46-49; Et 7.1-10; Dn 2.1-45). A história da Igreja também
mostra um homem chamado William Wilberforce (1759 - 1833), que por influência
do Evangelho, e impactado pelo ministério de John Wesley, foi quem Liderou o
fim do tráfico de escravos no reino britânico. Sim, Deus usa pessoas para
glorificar o seu nome na política. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 11, 17 Jun 18)
“William Wilberforce (24 de agosto de 1759 — 29 de julho de 1833)
foi um político britânico, filantropo e líder do movimento abolicionista do
tráfico negreiro. Nativo de Kingston upon Hull, Yorkshire, começou sua carreira
política em 1780 como candidato independente, sendo deputado do condado de
Yorkshire entre 1784 e 1812. Em 1785 converteu-se ao cristianismo, mudando
completamente o seu estilo de vida e se preocupando ao longo de toda sua vida
com a reforma evangélica. Em 1787, William Wilberforce conheceu Thomas Clarkson
(abolicionista britânico) e um grupo abolicionista ao tráfico negreiro que
incluía Granville Sharp, Hannah More e Charles Middleton, importantes nomes da
época e que juntos persuadiram Wilberforce a entrar também na causa. Assim,
Wilberfoce logo se destacou tornando-se líder do grupo britânico abolicionista,
liderando uma campanha no parlamento inglês contra o tráfico de escravos que
resultou, em 1807, na aprovação do Ato contra o Comércio de Escravos” (WIKIPEDIA).
“Deus
instituiu as autoridades com dois propósitos claros: a promoção do bem e a
proibição do mal. O governo é ministro de Deus não só para fazer o bem, mas, também,
para exercer o juízo de Deus sobre os transgressores. Portanto, devemos
sujeitar-nos às autoridades não por medo de punição, mas por dever de
consciência. Cabe a nós, como cidadãos, orar pelas autoridades constituídas,
honrá-las, respeitá-las e pagar-lhes tributo, uma vez que seu chamado é para
atender constantemente à essa honrosa diaconia, de servir ao povo em nome de
Deus. Quando, porém, as autoridades invertem essa ordem e passam a promover o
mal e a proibir o bem, chamando luz de trevas e trevas de luz, cabe a nós,
alertar as autoridades a voltarem à sua vocação. Se essas autoridades, porém,
quiserem nos impor leis injustas, forçando-nos a negar a nossa fé, cabe-nos
agir como os apóstolos: “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (At
5.29).” (Pr Hernandes Dias Lopes. ‘Uma
reflexão sobre o cristão e a política’. Disponível em: http://hernandesdiaslopes.com.br/portal/uma-reflexao-sobre-o-cristao-e-a-politica/. Acesso em 11 Jun, 2018)
3. O Estado e a Política. O Estado tem como função garantir, por meio de políticas públicas, as
condições necessárias para a vida digna da sociedade. A Palavra de Deus diz que
as autoridades instituídas são para disciplinar as obras más e enaltecer quem
faz o bem (Rm 13.3,4). Assim, como vivemos num estado democrático de direito,
onde tanto cidadãos quanto autoridades instituídas têm direitos e deveres
mediante a carta constitucional do país, isto é, vivemos no império das leis, e
por isso, devemos exercer o mesmo princípio de submissão ao Estado esposado
pelo apóstolo Paulo em Romanos 13.1,2. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 11, 17 Jun
18)
“A palavra Estado, grafada com inicial maiúscula, é uma forma
organizacional cujo significado é de natureza política. É uma entidade com
poder soberano para governar um povo dentro de uma área territorial delimitada.
As funções tradicionais do Estado englobam três domínios: Poder Executivo,
Poder Legislativo e Poder Judiciário. Numa nação, o Estado desempenha funções
políticas, sociais e econômicas”. (Significados).
O estado tem a responsabilidade de
garantir o direito à vida, à liberdade e à propriedade (elementos básicos para
a vida e o desenvolvimento humano), educação pública, bem–estar social, a
garantia de pleno emprego dentre outros direitos que vão sendo imputados ao
longo dos anos.
“O Estado
desempenha um importante papel na aplicação e manutenção do direito na
sociedade. Para que isso ocorra, o Estado, precisa desenvolver alternativas que
possibilitem o acesso à justiça. Nesse sentido, este trabalho pretende
verificar os principais problemas que afetam a plena utilização do direito,
através de uma análise histórica e de alguns setores da vida social. Apesar das
diversas ferramentas disponibilizadas pelo Estado para garantir a eficácia das
leis ainda existem inúmeros desafios a serem desfeitos para que elas possam ser
plenamente aplicáveis.” (A função do Estado na aplicação do direito. Disponível em:
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,a-funcao-do-estado-na-aplicacao-do-direito,54256.html. Acesso em: 11 Jun, 2018)
4. O Estado e a Bíblia. O Novo Testamento retrata o Estado como instrumento ordenado por Deus
(Rm 13.1), assim, os que resistem ao Estado afrontam a Deus (Rm 13.2). Nesse
contexto, o Estado é servo do Altíssimo para aplicar a justiça (Rm 13.4), logo,
ele não é problema para os que fazem o bem, mas para os que praticam o mal (Rm
13.4; l Pé 2.14). Assim, é lícito pagar tributos e impostos ao Estado (Rm
13.6,7), bem como temos a recomendação de orar pelas autoridades públicas (1Tm
2.1,2). (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 11, 17 Jun 18)
“Quando Deus
não quer, ninguém, mesmo sendo eleito pelo povo toma posse, ou permanece no
poder. Temos tido exemplos sobejos no Brasil, tanto na área executiva, como na
legislativa, bem como na área judiciária. O Universo pertence a Deus e
certamente, Deus dá ao povo o governo que o povo merece. Quando o povo ora a
Deus, com um coração quebrantado e contrito, para abençoar o seu governo, suas
autoridades e a todos os que estão em eminência, Deus ouve a oração; ou
melhorando o que precisa ser melhorado, ou retirando os rebeldes que usurpam do
poder sem respeito ao Deus Criador! Ninguém ficará impune se agir contra o povo
e desrespeitando a vontade de Deus. Da mesma forma que não ficará impune
qualquer indivíduo que se levantar vaidosa, injusta e irreverentemente contra
aqueles que Deus os constituiu”. (Pastor Joel Pereira de Magalhães.
‘DEVEMOS ORAR PELAS AUTORIDADES E ABENÇOÁ-LAS COM NOSSAS PALAVRAS’. Disponível
em: http://blogministeriopastorjoel.blogspot.com/2011/05/devemos-orar-pelas-autoridades-e.html. Acesso em: 11 Jun, 2018)
Temos o péssimo hábito de falar
mal, amaldiçoar, xingar aqueles que estão investidos de poder, mesmo estando lá
por nosso voto. Certamente devemos cobrar, questionar, reivindicar; mas para
isto temos os instrumento legais. O fato é que colocamos no poder pessoas mal
intencionadas, não examinamos o candidato, não conhecemos seu projeto político,
não acompanhamos sua carreira, enfim, não sabemos votar. Já aprendemos com
Jeremias 17.5 a não confiar nos homens, mas no Deus Poderoso que pode nortear
para o bem os homens! A recomendação das Escrituras é colocarmos as autoridades
no altar do Senhor.
TÓPICO II - A SEPARAÇÃO DO ESTADO DA IGREJA: UMA HERANÇA PROTESTANTE
O conceito de Estado Laico é compreendido como a
separação entre o Estado e a Igreja. Significa que um não pode interferir nas
atividades do outro e vice-versa.
1. A união entre a Igreja e o Estado. No ano 313, Constantino e Licínio, Imperadores romanos do Ocidente e do
Oriente respectivamente, promulgaram o Édito de Milão. O decreto outorgou
liberdade e tolerância religiosa aos cristãos no império Romano. O imperador
Teodósio decretou em 380 d.C. o Édito de Tessalônica, estabelecendo o
Cristianismo como religião oficial do Império. O Édito prometia vingança divina
e castigo do estado aos que não aderissem à lei. A partir de então a união
entre a Igreja e o Estado passou a ser indiscutível. A exemplo da deformação da
nação de Israel, o início dessa união trouxe até benefícios, mas em seguida,
essa mistura foi trágica (l1Sm 10.1; cf. 8.10-19). (LB CPAD, 2º Trim 2018,
Lição 11, 17 Jun 18)
O laicismo é a doutrina que
defende que a religião não deve ter influência nos assuntos do Estado. O
laicismo foi responsável pela separação entre a Igreja e o Estado e ganhou
força com a Revolução Francesa. O artigo 5º da Constituição Brasileira (1988) prevê
a inviolabilidade e a liberdade de consciência e de crença, assegura o livre
exercício de culto e garante a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.
“Estado laico
significa um país ou nação com uma posição neutra no campo religioso. Também
conhecido como Estado secular, o Estado laico tem como princípio a
imparcialidade em assuntos religiosos, não apoiando ou discriminando nenhuma
religião.” (O que é Estado Laico.
Disponível em: https://www.significados.com.br/estado-laico/. Acesso em: 11 Jun, 2018)
“A
Constituição do Império (1824) foi promulgada por d. Pedro I “em nome da
Santíssima Trindade”. O catolicismo era religião oficial e dominante. As outras
religiões, quando toleradas, eram proibidas de promover cultos públicos. As
práticas religiosas de origem africana eram proibidas, consideradas caso de
polícia, como até há pouco tempo. O clero católico recebia salários do governo,
como se fosse formado de funcionários públicos”. (Entenda por que o estado brasileiro ainda não é
laico. Disponível em: https://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/05/estado-brasileiro-nao-e-laico.html. Acesso em: 11 Jun, 2018)
Para saber sobre A União da Igreja com o Estado, clique aqui
Para saber sobre o Édito de Tessalônica, clique aqui
2. A separação entre a Igreja e o Estado. Ao fim da Idade Média, os ideais humanistas
valorizavam os direitos individuais do cidadão e isso despertou nos cristãos a
necessidade de reformar a Igreja, especialmente, o Clero (sacerdotes). Os
abusos de Roma e a venda das indulgências deflagraram a Reforma em 1517, na
Alemanha. O Monge Martinho Lutero rompeu com o catolicismo romano. Foi a partir
da Reforma que, paulatinamente, os conceitos de liberdade, de tolerância
religiosa, de democracia e de separação entre Igreja e Estado foram alçados ao
status de direitos fundamentais. A Palavra de Deus mostra que a ideia de Estado
e Igreja não dará bons resultados (At 4.1-7). Por isso, o Estado não deve
interferir na Igreja nem a Igreja no Estado. Todavia, o povo de Deus jamais
deve faltar com a sua voz profética diante das injustiças e pecados sociais. (LB
CPAD, 2º Trim 2018, Lição 11, 17 Jun 18)
Na história, a separação entre Estado e
Igreja começa a evidenciar-se na Revolução Francesa em sua tentativa de acabar com as
estruturas feudais ainda vigentes.
No Brasil, sob a influência de ideais
liberais e positivistas, com o surgimento do regime republicano em 1889, foi
assinado o decreto 119.A, de 07
de janeiro de 1890, versando sobre a
separação Estado e Igreja Católica, o que foi depois ratificado pela primeira
constituição republicana de 1891. No entanto, esta laicidade não garantiu
liberdade a outros cultos.
O Novo Testamento abre-nos a visão para
este assunto quando lemos que o Senhor Jesus ensinou o princípio da separação
entre os dois reinos com a célebre declaração de Mt 22.21: “Daí a César o que é de César, e a Deus o que
é de Deus”. Precisamos lembrar que o maior conflito enfrentado por Jesus
foi com o sistema religioso, não com o sistema político. Outras referências aos
governantes nos evangelhos são encontradas em: Mt 20.25-26; Lc 2.1-2; 3.1-2,19;
13.32; Jo 18.36; 19.11.
3. O Modelo de Estado Laico Brasileiro. A Constituição do Brasil outorga ao cidadão plena
liberdade de crença e garante o livre exercício dos cultos e liturgias, além da
proteção aos locais de adoração (Art. 5°). No artigo 19 está definida a
separação entre o Estado e a igreja, mas ressalva na forma da lei, a
colaboração de interesse público. Assim, embora o Estado brasileiro seja laico,
ele não é ateu. Desde os primórdios, o ser humano tem a necessidade de cultuar
a Deus (5142.1), portanto, o Estado não pode negar a natureza religiosa do
indivíduo. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 11, 17 Jun 18)
Não podemos confundir os conceitos de
estado laico e estado ateu. Um Estado é laico quando não permite a
interferência de correntes religiosas em assuntos estatais, não privilegiaria
uma ou algumas religiões sobre as demais. Garante e protege a liberdade
religiosa. Não significa dizer que o Estado é ateu, ou agnóstico. A descrença
religiosa é tratada da mesma forma que os diversos tipos de crença.
Um Estado ateu fundamenta-se na
rejeição de todas as formas de religião por um Estado em favor do ateísmo. Esse
tipo de Estado suprime ou limita a liberdade religiosa, agindo de forma
semelhante a Estados religiosos (Koreia do Norte; China). No caso do Estado
ateu, ao invés da imposição de uma crença específica, há a institucionalização
da “não crença”.
Há, ainda, o Estado Religioso ou
Confessional. O Estado é regido pela religião oficial. Na atualidade, está presente
especialmente no mundo islâmico, no entanto, pode ser identificado também na
África e na Ásia.
O Brasil é laico, pelo menos no papel, desde
1891, quando a primeira Constituição da República estabeleceu a independência
da administração pública com relação a qualquer instituição religiosa ou credo.
Leia este artigo sobre isso. Na atualidade, a Constituição de 1988
veda explicitamente (artigo 19) que a União, estados e municípios estabeleçam
cultos religiosos ou igrejas, criem incentivos ou privilégios e mantenham
relações de dependência com líderes ou instituições religiosas. Além da
previsão na Carta Magna, há outros dispositivos legais que confirmam que o
Brasil é um Estado laico. No entanto, há previsão legal para a garantia da
liberdade religiosa, que é considerada de caráter inviolável. O Estado deve
assegurar o livre exercício dos cultos religiosos e garantir a proteção aos
locais de culto e às suas liturgias.
TÓPICO III - COMO O CRISTÃO DEVE LIDAR COM A POLÍTICA
O cristão precisa tomar cuidado com a
"politicagem" e definir com temor a Deus a sua atuação política.
1. O perigo da politicagem. Os dicionários em geral conceituam politicagem como "política reles
e mesquinha de interesses pessoais". O perigo dos atos politiqueiros
envolvendo os cristãos é colocar em descrédito o Evangelho e a Igreja. Assim,
os políticos contrários às convicções cristãs não podem receber o apoio nem o
voto da igreja. No cristianismo primitivo, a igreja em Corinto foi advertida a
observar o seguinte princípio: "Não vos prendais a um jugo desigual com os
infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem
a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem
o fiel com o infiel?" (2 Co 6.14,15). (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 11, 17
Jun 18)
Como vimos até agora, o
Brasil é um país laico, nossa população ainda é de maioria católica, seguida de
um grande grupo de evangélicos, um número grande de espíritas e religiões
minoritárias, além de e um crescente seguimento sem religião/agnóstico/ateu. Leia aqui sobre o
quadro religioso no Brasil.
Nesse cenário, é comum vê-se políticos achegarem-se às igrejas com uma política
de interesses pessoais, de troca de favores, ou de realizações insignificantes para
angariar votos, até mesmo políticos defensores de causas contrárias ao
Evangelho.
O termo politicagem
possui significado pejorativo – depreciativo, desagradável. Refere-se à
política de interesses pessoais, de troca de favores, ou de realizações
insignificantes.
“Os
cargos e posições dentro de algumas igrejas também são disputados pelo simples
desejo do poder. É preciso compreender que a politicagem sempre está ligado à
forma de liderança dentro de uma organização. As igrejas também possuem a sua
hierarquia e esquemas de favorecimento dentro dela – seja para obter cargos ou
para influenciar outras pessoas a adentrarem no universo do favorecimento
ilícito, conivente com líderes corruptos e ávidos pelo poder. Os políticos
também se valem destes locais para angariarem votos: frequentam igrejas em
épocas de eleição para se mostrarem mais “santificados” e injetam dinheiro na
mão dos grandes líderes para que estes influenciem os seus subordinados e fiéis
a votarem em quem eles querem. Há também aqueles que se valem de seus grandes
cargos e de sua influência dentro das Igrejas para se candidatarem aos cargos
políticos – e quase sempre acabam ganhando”. (O que é Politicagem.
Disponível em: http://www.significando.com.br/politicagem/.
Acesso em: 11 Jun, 2018)
O artigo 37 da Lei das
Eleições (Lei
nº 9.504/97) diz que templos são considerados bens de uso comum para
efeitos eleitorais, sendo, portanto, vedada a veiculação de propaganda de
qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta e exposição de placas,
estandartes, faixas, cavaletes, bonecos e assemelhados. É preciso entender que
não se pode permitir a politicagem dentro dos templos, mas isso não implica em
demonizar a política. Sabedoria e discernimento nesse momento é vital.
2. Como delimitar a atuação da igreja. Os princípios éticos devem ser estritamente
observados. O púlpito da igreja não pode dar lugar ao "palanque
eleitoreiro". É verdade que a igreja precisa de conscientização política,
mas isso não significa ocupar o espaço de adoração e pregação da Palavra com
campanhas políticas. Conscientização política é uma coisa, campanha política é
outra. Esta não cabe no espaço de culto do Corpo de Cristo. Nesse sentido, a
conscientização política da igreja deve ser fundamentada em princípios
cristãos. Isso significa que o cristão deve analisar as propostas e as
ideologias dos partidos políticos sob a ética cristã (Is 5.20). (LB CPAD, 2º
Trim 2018, Lição 11, 17 Jun 18)
O cristão é um cidadão do
Reino de Deus, e esse Reino é vindouro, no entanto, já é vivenciado aqui,
manifestado pela boas-novas que trazemos às pessoas, tendo como valores
principais a verdade, a justiça, a paz, a fraternidade, o perdão, a liberdade,
a alegria e a dignidade da pessoa humana. Com esse entendimento, é preciso
esclarecer à Igreja e conscientizá-la, mas isso não pode ser feito durante um
culto de adoração ao Senhor. Não pode haver espaço em púlpitos para esse
assunto e isso exige maturidade da liderança.
Deve-se haver uma
conscientização, momentos para esclarecimento e reflexão sobre candidatos,
partidos e seus projetos e ideologias. É importante que isso aconteça. E é bom
esclarecer que aquela máxima ‘irmão vota em irmão’ é falaciosa. O cristão vota
em políticos comprometidos com valores semelhantes aos nossos.
É exatamente sobre essa
perspectiva que busco escrever esse artigo, não esquecendo que poderíamos
também falar sobre a outra realidade de Reino de Deus, que se estabelecerá em
definitivo no fim dos tempos, no dia do Juízo Final e na existência eterna,
porém, esta última ótica foge do que se pretende discutir aqui.
Leia ‘O cristão e a
política’, Entrevista concedida por Franklin Ferreira a Thiago Oliveira e
Thomas Magnum de Almeida, do Blog Electus, clicando
aqui.
3. Ajustando o foco da igreja. O povo de Deus não pode limitar-se a fazer oposição e oferecer
resistência à iniquidade no poder temporal. Não pode depositar sua confiança e
esperança nas decisões políticas.
As lideranças devem incentivar o avivamento
espiritual. O avivamento liderado por John Wesley (1703-1791) trouxe mudanças
sociais significativas na Inglaterra, pois o mal realmente a ser combatido pela
igreja é o pecado.
Não podemos jamais perder a nossa consciência e
natureza espiritual. Quando a mensagem
de arrependimento for pregada ao mundo, então, vidas serão transformadas. O
Espírito Santo terá liberdade para convencer os ouvintes do pecado, da justiça
e do juízo (Jo 16.8). A medida que verdadeiras conversões a Cristo ocorrem, na
mesma proporção, a nossa nação sofre transformações espirituais e sociais. (LB
CPAD, 2º Trim 2018, Lição 11, 17 Jun 18)
Lucas dá um norte em Atos 2.42 para
delimitar a finalidade e propósito da Igreja: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do
pão, e nas orações.” Enquanto Igreja, seu propósito deve ser: (1) o ensino
da doutrina bíblica, (2) providenciar um espaço de adoração para os crentes,
(3) observar a Ceia do Senhor, e (4) oração. Não se vê em Atos a Igreja
tentando lançar seus membros no poder político de Roma; vemos ela agindo, sob
perseguição, reunida para ter comunhão e proclamar o evangelho, liderados pelos
apóstolos, que transmitiam os ensinamentos de Jesus. Começando em Jerusalém, a
igreja primitiva rapidamente se espalhou para vários outros lugares. A igreja
primitiva era mais como uma família do que uma instituição. Sua liderança tinha
a função e propósito ensinar os outros discípulos o caminho de Jesus, para que
todos crescessem. O objetivo seria preparar discípulos que podiam formar e
ensinar outros discípulos. Isso não mudou! O foco ainda é o mesmo, ainda que
muitas lideranças não evidenciem isso. Entendemos que a mudança radical vai
ocorrer apenas pela pregação do Evangelho, que é o poder de Deus e justiça que
do princípio ao fim é pela fé (Rm 1.16,17). A mudança não virá por elegermos
irmãos aos cargos políticos. Na medida que o Evangelho avança, a ética do Reino
domina e muda situações.
CONCLUSÃO
Diante do cerceamento de algumas liberdades, a
igreja começou a despertar para a realidade política. As mudanças e as
transformações sociais passam pelo processo político. Por que então não eleger
candidatos verdadeiramente vocacionados para a vida pública e que reproduzam a
moral cristã? Por que não apoiar políticos que rejeitam as leis contrárias aos
princípios cristãos? Para tanto, a Igreja precisa ocupar o seu espaço e
influenciar positivamente a sociedade (Mt 5.13-16). (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 11, 17 Jun 18)
Não devemos esperar bons tempos
nesta terra, afinal, o prórpio Jesus nos alertou de que no mundo teríamos
aflições. Além do mais, o diabo desde o princípio tentou exterminar a Igreja,
pois ela era e é a continuidade do ministério do Senhor Jesus (At 1.1). Não
pense você que os dias de refrigério para a Igreja chegaram, muito pelo
contrário, continuamos em guerra, principalmente em guerra pela Verdade. Não
vai ser de forma política que barraremos esta perseguição!
“Achando-se as tuas palavras, logo as
comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo
teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16),
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Junho de 2018
PARA REFLETIR
A respeito do tema "Ética Crista e Política", responda:
• Sobre o governo de todos os aspectos da vida
humana, o que as Escrituras mostram?
Mostram que Deus intervém em
nossa jornada diária, pois Ele "trabalha para aquele que nele espera"
(Is 64.4). Nesse aspecto, a Bíblia mostra que o Altíssimo "remove os reis
e estabelece os reis" (Dn 2.21), "porque não há autoridade que não
venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus" (Rm
13.1).
• Que tipo de Estado vivemos hoje?
Vivemos num estado democrático
de direito, onde tanto cidadãos quanto autoridades instituídas têm direitos e
deveres mediante a carta constitucional do país, isto é, vivemos no império
das leis, e por isso, devemos exercer o mesmo princípio de submissão ao Estado
esposado pelo apóstolo Paulo em Romanos (Rm 13.1,2).
• A partir do exemplo da nação de Israel, qual foi
o resultado da união entre igreja e Estado?
À exemplo da deformação da nação
de Israel, o início dessa união trouxe até benefícios, mas em seguida, essa
mistura foi trágica.
• O que implica o conceito de Estado Laico?
O conceito de Estado Laico é
compreendido como a separação entre o Estado e a Igreja. Significa que um não
pode interferir nas atividades do outro e vice-versa.
Qual o mal a ser combatido pela igreja?
O mal realmente a ser combatido
pela igreja é o pecado. (LB CPAD,
2º Trim 2018, Lição 11, 17 Jun 18)