LIÇÕES BÍBLICAS CPAD - ADULTOS
2º Trimestre de 2018
Título: Valores cristãos — Enfrentando as questões morais de nosso tempo
Comentarista: Douglas Baptista
Lição 7
13 de Maio de 2018
Ética Cristã e Doação de Órgãos
Texto Áureo
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Verdade Prática
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Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida
por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos. (1Jo 3.16)
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A doação de órgãos, bem como a de tecidos humanos,
expressa o verdadeiro amor cristão.
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LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Almeida Corrigida e Revisada Fiel
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1 Coríntios 15. 35-45
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35 Mas alguém dirá: Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão?
36 Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer.
37 E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o
simples grão, como de trigo, ou de outra qualquer semente.
38 Mas Deus dá-lhe o corpo como quer, e a cada semente o seu próprio
corpo.
39 Nem toda a carne é uma mesma carne, mas uma é a carne dos homens, e
outra a carne dos animais, e outra a dos peixes e outra a das aves.
40 E há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos
celestes e outra a dos terrestres.
41 Uma é a glória do sol, e outra a glória da lua, e outra a glória das
estrelas; porque uma estrela difere em glória de outra estrela.
42 Assim também a ressurreição dentre os mortos. Semeia-se o corpo em
corrupção; ressuscitará em incorrupção.
43 Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em
fraqueza, ressuscitará com vigor.
44 Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo
natural, há também corpo espiritual.
45 Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma
vivente; o último Adão em espírito vivificante.
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Comentário
INTRODUÇÃO
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem 64 mil
pacientes na fila de espera por um transplante de órgãos. Dados da Associação
Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) mostram que 2.333 pessoas morreram à
espera de um transplante no ano de 2015. Muitas famílias ainda rejeitam a
doação por dilemas éticos e por falta de informação. Nesta lição, veremos os
pontos mais relevantes desta importante questão e concluiremos que doar é uma expressão
do amor cristão (1Jo 3.16). (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 7, 13 Maio 18)
A doação de órgãos é a concordância expressa, ou
presumida, por parte de uma pessoa, consentindo que seus órgãos sejam retirados
após sua morte para serem aproveitados por pessoas portadoras de doenças
crônicas, visando aumentar-lhes sua sobrevida. A conclusão desta lição é clara:
a doação de órgãos humanos é um ato de amor e de solidariedade. O verdadeiro
cristão precisa atentar aqui para a sua consciência, que deve estar sempre
alinhada aos parâmetros bíblicos para que possa atuar segundo a reta justiça. Considerando,
ainda, o texto de João 15.13, dar a vida pelos amigos é considerado o maior
amor que há na terra, mas será que estamos cumprindo os ensinamentos da palavra
de Deus: “Já que tendes purificado as
vossas almas na obediência à verdade, que leva ao amor fraternal não fingido,
de coração amai-vos ardentemente uns aos outros” (1Pe 1.22). Dito isto, convido-o
a pensarmos maduramente a fé cristã!
TÓPICO l - DOAÇÃO DE ÓRGÃOS: CONCEITO GERAL
A doação de órgãos engloba basicamente a técnica de
transplante e as pesquisas com células-tronco adultas e embrionárias.
1. Definição de transplante. O transplante é um procedimento cirúrgico que consiste na remoção de um
órgão enfermo do corpo humano para ser substituído por outro saudável. Em
muitos casos, o transplante é a única alternativa da medicina para a cura de
pacientes com determinadas doenças terminais. Podem ser transplantados órgãos
como o coração, o fígado, o pâncreas, os rins, os pulmões, os tecidos e outros.
O tipo mais comum de transplante é o da transfusão de sangue. Existe também o
transplante de células-tronco que são encontradas, principalmente, na medula
óssea, placenta e cordão umbilical. O transplante de células-tronco adultas
pode ser realizado entre pessoas vivas e, portanto, não apresenta problemas
éticos. Como a Bíblia ensina que a vida tem início na fecundação (Jr 1.5), a
ética cristã desaprova o uso das células-tronco embrionárias, pois este
procedimento interrompe vida do embrião. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 7, 13
Maio 18)
Transposição de órgãos, tecidos
ou células de um ser (doador) para outro (receptor). Podem ser transplantados
pele, osso, cartilagem, veias, córneas, pulmão, coração, fígado, pâncreas, rim,
intestino, medula óssea, células do fígado e células do pâncreas produtoras de
insulina. O transplante é indicado nos casos de falência desses órgãos, tecidos
e células, quando não há a possibilidade de recuperação de suas funções com
outros recursos. Legalmente, a Constituição Federal Brasileira afirma o direito
à vida, e a Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, institui a legalidade
sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de
transplante e tratamento, caso seja de livre vontade e autorizada pelo doador
ou seu familiar responsável. O principal problema hoje é a desproporção entre o
número de transplantes necessários e o de doadores disponíveis. Em virtude de
melhores resultados alcançados, ampliaram-se as indicações dos transplantes e,
com elas, ampliou-se, também, o número de pacientes em lista de espera. Por outro
lado, o desenvolvimento tecnológico e o das medidas de segurança contra
acidentes levaram à redução do número de doadores mortos. No Brasil, a Lei dos
Transplantes, que entrou em vigor em 1998, estabelece que todo indivíduo com
morte cerebral é doador de órgãos, a menos que em vida tenha incluído o aviso
de "não doador" em sua carteira de identidade. A idéia é reduzir a
espera por órgãos.
“Órgãos,
tecidos e partes do corpo humano podem ser doados para beneficiar a saúde de
outra pessoa, desde que não cause prejuízo ao organismo do doador. O
transplante é o procedimento cirúrgico de retirada do órgão ou tecido de um
indivíduo, pode ser realizado em uma pessoa em vida ou morta, para colocar em
outro ser humano que necessite dessa doação para viver. Dados divulgados pelo
Ministério da Saúde indicou que em 2016 o Brasil registrou o maior número de
doação de órgãos dos últimos anos, no total foram 2.983 doadores, um
crescimento de 5% em relação a 2015. Há muitos mitos que permeiam no senso
comum das pessoas que precisam ser desmistificados. Para isso, aumenta a
necessidade de conhecimento da lei de doação de órgãos e tecidos pelos
profissionais da saúde e equipe hospitalar. [...] Onde é permitido realizar o
transplante de órgãos? O artigo 2º da Lei nº 9.434 autoriza a realização do
transplante de órgãos somente em estabelecimentos de saúde e médico-cirúrgicas
de remoção e transplante permitidos pelo órgão de gestão nacional do Sistema
Único de Saúde (SUS). Qualquer pessoa tem o direito de atendimento pelo SUS.
Além disso, a doação só poderá ser autorizada após a realização de exames e
testes para diagnóstico de infecção e infestação no doador.” (Conheça a lei sobre transplantes e doações de
órgãos. Disponível em: https://blog.ipog.edu.br/gestao-e-negocios/transplantes-e-doacoes-de-orgaos/ Acesso: em: 06 Maio, 2018)
A problemática quanto a
utilização de células-tronco para transplante reside no fato de que os melhores
resultados destas pesquisas são obtidos a partir de célula-tronco embrionárias
e não de células-tronco adultas. célula-tronco embrionárias só podem ser
obtidas mediante manipulação de embriões, obtidos mediante a fecundação “in vitro”, e destinados a implantação em vista
da gestação. Como nem todos são implantados, prevê-se o seu congelamento, mas
não sua destruição. Agora se pretende utilizá-los, após três anos, para
pesquisa, para isso, é necessário desprezar o embrião, mas isto constitui-se em
eliminar uma vida, já que para os cristãos, a vida se inicia na fecundação (Jr
1.5). Com base nisto, cientistas movidos pela visão naturalista tem encontrado
barreiras na tradição judaico-cristã conservadora, a qual tem lutado contra a
pesquisa com células-tronco embrionárias.
“Células-tronco
são células primitivas do organismo que tem poder de se replicar em sua forma
primitiva ou de se diferenciar em tipos específicos de células, gerando tecidos
dos mais variados. Quando ocorre a fecundação, aquela única célula constituinte
do novo indivíduo, denominada célula-ovo, passa a sofrer múltiplas divisões,
até que o embrião passe a apresentar uma forma de blastocisto, apresentando uma
massa de células primitivas; é a partir destas células que todos os demais
tecidos se desenvolverão. Estas células recebem a nomenclatura de
células-tronco por tal motivo. [...]
A partir deste pool de células-tronco é que o organismo desenvolverá seus
folhetos embrionários: ectoderme, mesoderme e endoderme. Nestes folhetos
ocorrerá a divisão e a especificação de cada órgão, a partir da diferenciação
celular das células-tronco. De uma maneira simplificada, células-tronco” (O Cristão e a questão das
células-tronco. Disponível em: https://farescamurcafurtado.wordpress.com/2017/06/07/o-cristao-e-a-questao-das-celulas-tronco/. Acesso em: 06 Maio, 2018)
2. O conceito de doação na Bíblia. O ensino registrado nas Escrituras assevera que "mais
bem-aventurada coisa é dar do que receber" (At 20.35). Isso que denota um
ato voluntário de prover o bem-estar do próximo. Trata-se de uma ação
desprovida de interesse de ordem pessoal. A pobre viúva doou na casa do Senhor
todo o sustento que tinha (Mc 12.43,44).
Barnabé - o filho da consolação- sem pretensão
alguma, vendeu uma propriedade e fez doação da venda à igreja (At 4.36,37).
A excelência da doação repousa na disposição de
renunciar, e até de se sacrificar e sofrer, com base no amor pelos outros (Rm
5.8). Doar ao necessitado é uma forma de colocar a fé em prática (Tg 2.14-17).
E ainda, a reciprocidade está presente no gesto de doar, pois foi o Senhor
Jesus que assegurou: "dai, e ser-vos-á dado" (Lc 6.38a). (LB CPAD, 2º
Trim 2018, Lição 7, 13 Maio 18)
De modo geral, podemos dizer que
não há nenhum texto bíblico que proíba ou que permita doação de órgãos humanos,
uma vez que a prática era totalmente desconhecida nos tempos bíblicos. Se um
pai tem um filho que sofre de problema cardíaco-crônico, irreversível, a quem
os médicos dão poucas chances de sobrevida, certamente deseja ansiosamente que
os médicos encontrem um coração de alguém, que dê esperanças de sobrevida ao
doente. Isso se enquadra no que a Bíblia diz em Mateus 7.12: “Portanto, tudo o que vós quereis que os
homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas”.
Salvar a vida de alguém é sem dúvida, uma demonstração de elevado sentido
espiritual e moral. Nosso Senhor Jesus Cristo não apenas doou alguns órgãos por
nós, mas derramou toda a sua vida em nosso lugar, na cruz ensangüentada. Ele
doou de corpo e alma, para que não morrêssemos. João nos exorta: “Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua
vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos. Quem, pois, tiver bens do
mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como
estará nele o amor de Deus?” (1Jo 3.16,17). Nesse texto, vemos o apóstolo
do amor ensinar que devemos “dar a vida pelos irmãos” e que os proprietários de
“bens” no mundo que fecham o coração para os irmãos necessitados não têm a
caridade de Deus. Podemos entender que um órgão a ser doado é um “bem” do mais
alto valor para a salvação da vida orgânica de um doente.
“Deus
é soberano e pode fazer de nós e conosco o que Ele quer. Assim, se Ele nos
permite adoecer, é plano dEle. Ele nos fez, Ele é dono de nossas vidas. Como
disse Jó, a respeito da perda de seus filhos e de seus bens: "O Senhor o
deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor" (Jó 1.21b).
Todavia, a soberania de Deus não se aplica ao campo do livre arbítrio do ser
humano, Assim, mesmo a despeito da soberania de Deus, entendemos que o ser
humano pode dispor do seu corpo, de partes dele, e até da sua própria alma
quando, por não querer aceitar a Cristo como salvador, determina o destino dela
para a perdição (João 3.16-19).” (A doação de órgãos como expressão de amor. Disponível em: http://www.estudosgospel.com.br/estudo-biblico-polemico-dificil/a-doacao-de-orgaos-e-a-teologia.html. Acesso em: 6 Maio, 2018)
3. A doação de si mesmo: pertencemos a Deus. Diante de tantas bênçãos recebidas e com o
sentimento de gratidão, o salmista pergunta para si mesmo: "Que darei eu
ao SENHOR por todos os benefícios que me tem feito?" (SI 116.12). Ciente
de que a essência de adorar a Deus é entregar-se a Ele, o salmista responde
para si mesmo: "tomarei o cálice da Salvação" (116.13). Esta
expressão implica renúncia total ao mundo, à concupiscência e aos desejos da
carne (1Jo 2.15-17). O Senhor Jesus ensinou que os verdadeiros discípulos devem
negar a si mesmo (Lc 9.23). Esse é o compromisso de não seguirmos a forma
mundana de viver (Rm 12.1,2), mas como servo obediente em priorizar o Reino de
Deus (Mt 6.33), viver afastado do pecado e ser santo em toda a maneira de viver
(1Pe 1.14-16). (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 7, 13 Maio 18)
A compaixão é uma expressão forte,
pessoal, evangélica. Requer envolvimento, participação, solidariedade. Jesus
compadeceu-se da multidão faminta e providenciou-lhes alimento. Compaixão é a
virtude que nos permite entrar e participar da dor e da necessidade dos outros.
É também a capacidade de preservar nossa humanidade – na medida em que entramos
e participamos da vida do outro, com suas limitações, lutas, ambigüidades e
sofrimentos, percebemos que não somos diferentes. Por outro lado, a sociedade
em que vivemos estimula mais a competição do que a compaixão, intensificando o
abismo entre os seres humanos. Na medida em que precisamos nos mostrar
melhores, mais competentes, eficientes e fortes do que os outros, nos afastamos
deles e, ao invés de olhar para o próximo como alguém semelhante a nós, vemo-lo
com desconfiança, cinismo e medo. (Monergismo)
“Muitas
coisas estão postas para nós na Palavra de Deus, expressamente. Ademais, no
Novo Testamento, há muitas declarações sobre o que o cristão pode e não pode
fazer. No entanto, não encontramos na palavra de Deus nada que proíba ou que
permita ao cristão dispor do seu corpo. É bem verdade que o apóstolo Paulo, em
Gal. 4.15, fala que os gálatas, se possível fora, arrancariam os seus próprios
olhos e lhos dariam. Isso, talvez por algum tipo de problema oftalmológico que
incomodava o apóstolo e que era do conhecimento dos gálatas (Gal.6.11). Mas, o
texto representa uma hipótese impossível para aquele tempo, o que deve ser
entendido como uma metáfora. Portanto, como se diz em Direito: "Se não há
lei, não há crime"” (A doação de órgãos como expressão de amor. Disponível em: http://www.estudosgospel.com.br/estudo-biblico-polemico-dificil/a-doacao-de-orgaos-e-a-teologia.html. Acesso em: 6 Maio, 2018)
“A
Moral Cristã. Isto quer dizer: aquele conjunto de regras válidas para a conduta
de um cristão, levando-se em conta a natureza da fé e os alvos mais elevados da
vida espiritual. Ora, aqui, o espírito altruísta do cristianismo, a começar com
o Senhor Jesus Cristo, que deu Sua própria vida por nós, é aceitável a atitude
de alguém doar do que tem e que não lhe servirá mais, para favorecer a outrem
que ainda precisa daquele bem para prosseguir, um pouco mais, na jornada da sua
existência. Portanto, a moral cristã, salvo melhor juízo, favorece a doação de
órgãos do corpo humano para transplante.” (LIÇÃO 10 - O CRISTÃO E A DOAÇÃO DE
ÓRGÃOS DO CORPO - 08/09/2002. Disponível em: https://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao10eticaedoacaoorgaos.htm. Acesso em: 6 Maio, 2018)
TÓPICO II - EXEMPLOS DE DOAÇÃO
1. O exemplo dos gálatas. A igreja na Galácia foi fundada por Paulo, quando este empreendeu sua
primeira viagem missionária (47-48 d.C). Na ocasião o apóstolo sofria de uma
enfermidade não especificada na Bíblia (2 Co 12.7). Ele escreve que orou a Deus
três vezes para ser curado, mas o Senhor lhe respondeu: "a minha graça te
basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza" (2 Co 12.9a). Ao
evangelizar na região da Galácia, Paulo deixou indícios de ter sentido os
efeitos da doença em sua carne (Gl 4.13) e salienta que os gálatas não o desprezaram
nem o rejeitaram (Gl 4.14).
Conjectura-se por meio desta passagem que a
enfermidade de Paulo era nos olhos, ou que a doença lhe afetava a visão (Gl
6.11). Indiscutível é que para expressar o amor dos irmãos, ainda que de modo
metafórico, o apóstolo fala do sentimento altruísta dos gálatas, que se
possível fora, arrancariam os próprios olhos e os doariam no intuito de
amenizar o sofrimento de Paulo (Gl 4.15). (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 7, 13
Maio 18)
A enfermidade contraída por Paulo
é uma questão já muito debatida pelos estudiosos da Bíblia Sagrada, sem
encontrar explicações. Como aqui o comentarista argumentou que fosse uma doença
nos olhos, outros já disseram se tratar de malária, e outros, ainda, afirmam se
tratar da perseguição que o apóstolo sofria por parte dos seus adversários, e
esta última eu percebo como mais plausível, considerando o fato de que Paulo
escreveu espinho na carne em contexto de perseguições vindas dos adversários. Em
toda esta busca pela natureza do espinho, vale a afirmativa de Lutero: “o que as escrituras não afirmam com clareza,
não devemos afirmar com certeza”. Esta conjectura feita pelo comentarista
não faz muito sentido, pelo que o texto faz uso de uma figura de linguagem para
descrever o desprendimento dos gálatas em socorrer o apóstolo – não havia a
idéia de transplante de órgãos.
No tocante à doação de órgãos, o
texto não faz referência, mas metaforicamente nos fala de sentimento altruísta,
amor e de solidariedade. O verdadeiro cristão precisa atentar aqui para a sua
consciência, que deve estar sempre alinhada aos parâmetros bíblicos para que
possa atuar segundo a reta justiça. Note que o crente fiel que está na vontade
do Senhor, ativo no serviço cristão, etc., não é imune a doenças, dores físicas
ou fraquezas; mas Paulo encontrou irmãos que o amavam tanto que se naquele
tempo existisse transplante de córneas certamente aqueles irmãos doariam em vida
os seus olhos por amor ao irmão Paulo.
2. O desprendimento de Paulo. O apóstolo dos gentios é um excepcional exemplo de doação em prol do
Reino de Deus. Transbordando de amor, ele escreveu aos Coríntios: "eu, de
muito boa vontade, gastarei e me deixarei gastar pelas vossas almas (2 Co
12.15). Ao retornar da terceira viagem missionária em direção a Jerusalém, o
apóstolo discursou aos anciãos de Éfeso: "Mas em nada tenho a minha vida
por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira e o ministério
que recebi do Senhor Jesus" (At 20.24). Dias depois, ao chegar em Cesareia
(At 21.8), Paulo recebeu uma revelação acerca do perigo que corria em Jerusalém
(At 21.10,11). Tendo sido persuadido pelos irmãos a recuar (At 21.12), o
apóstolo constrangido declarou estar disposto não apenas a sofrer, "mas
ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus" (At 21.13). O
desprendimento paulino é uma ação digna de ser imitada pelos seguidores de
Cristo (1Co 11.1). (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 7, 13 Maio 18)
O apóstolo dos gentios é
um excepcional exemplo de doação em prol do reino de Deus, e ele mesmo
recomenda: “sede meus imitadores, como eu
também de Cristo” (1Co 11.1). Aliás, a recomendação aqui é que sejamos
imitadores de Cristo, que é o significado do termo “cristão” (At 11.26), e isso
implica em imitar a Cristo a ponto de ser confundido com Ele (1Jo 2.6), ainda
mais se considerarmos que Cristo nos determinou seguir a regra áurea “...tudo o que vós quereis que os homens vos
façam, fazei-lho também vós” (Mt 7.12). Nossa entrega pelo Reino de Deus
envolve amor à Deus e ao próximo; nesse sentido, o desprendimento de Paulo é
exemplo válido, pois são ações altruístas carregadas de amor, zelo e dedicação
para com o próximo.
3. A doação suprema de Cristo. Seguramente a morte vicária de Cristo é o maior e incontestável gesto de
amor e de doação imensurável em favor do ser humano. Quando entregou sua vida
por nós, pecadores. Ele afirmou que o fez voluntariamente: "ninguém ma
tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou" (Jo 10.18). As Escrituras afirmam
que essa doação estava fundamentada exclusivamente no amor, uma vez que
"Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo
nós ainda pecadores" (Rm 5.8). Foi por intermédio do sacrifício de Cristo,
e de sua vitória sobre a morte, que fomos resgatados de nossa vã maneira de
viver (1Pe 1.18-21). (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 7, 13 Maio 18)
Estamos acostumados a ver
a morte de Jesus como resultado de dois julgamentos fraudulentos, um religioso
por parte dos judeus e um político por parte de Roma, ambos culminando com a
condenação à morte, e como esta foi executada por Roma, morte de cruz. Mas vale
salientar que Jesus foi para a cruz não como conseqüência da inveja dos judeus,
não pela traição de Judas ou pela covardia de Pilatos. A cruz foi resultado do
amor do Pai; só houve o evento da cruz porque Cristo, voluntariamente, se
entregou por amor, não levando em conta a ignomínia da cruz pela alegria que
lhe estava proposta, a alegria de conquistar-nos com seu amor e salvar-nos por
sua graça.
“O amor de
Deus é eterno, imutável e incondicional. Deus não escreveu em letras de fogo,
nas nuvens, seu amor por você, mas esculpiu esse amor na cruz de seu Filho.
Deus amou você a ponto de dar seu Filho unigênito para morrer em seu lugar.
Deus prova o seu próprio amor por você pelo fato de ter Cristo morrido em seu
lugar, sendo você ímpio, fraco, pecador e inimigo. O amor não consiste no fato
de você amar a Deus, mas de Deus ter amado você e enviado seu Filho como
propiciação pelos seus pecados. Deus não poupou seu próprio Filho, antes, por
você o entregou. Entregou-o para esvaziar-se. Entregou-o para ser humilhado.
Entregou-o para ser cuspido pelos homens e pregado numa rude cruz. Não foi a
cruz que gerou o amor de Deus por você, mas foi o amor de Deus que providenciou
a cruz. Jesus morreu na cruz não para despertar o amor de Deus por você; Jesus
morreu na cruz para revelar o amor de Deus por você. A cruz não é a causa do
amor de Deus por você; é o resultado desse amor. A cruz de Cristo é a prova
mais vívida de que Deus se importa com você e está determinado a salvar sua
vida. Você não precisa buscar mais evidências do amor de Deus por você; ele já
provou esse amor, em grau superlativo. O amor de Deus por você é abundante,
maiúsculo e eterno”. (Fonte: Devocionário Cada Dia - Hernandes Dias Lopes)
TÓPICO III - DOAR ÓRGÃOS É UM ATO DE AMOR
O genuíno e excelso sentimento de amor constrange o
cristão para ser doador de órgãos e de tecidos humanos.
1. O princípio da empatia e da solidariedade. A empatia pode ser definida como a capacidade de
sentir o que a outra pessoa está sentido, ou seja, a disposição de colocar-se
no lugar do outro. Ser solidário implica apoiar e ajudar alguém num momento
difícil. Cristo nos ensinou no Sermão do Monte: "tudo o que vós quereis
que os homens vos façam, fazei-lho também vós" (Mt 7.12). Quando o ser
humano entende o altruísmo do auxílio mútuo, os argumentos contrários à doação
de órgãos perdem o sentido e a razão. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 7, 13 Maio
18)
O que poderíamos fazer a
fim de minorar a dor e sofrimento alheio hoje? Minha resposta, sem dúvida, é:
sentir empatia! E estes textos não deixam minha resposta vazia:
“Alegrem-se com os que se alegram; chorem com os que choram” (Rm 12.15);]
“Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se
mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo” (Ef 4.32);
“Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes
façam; pois esta é a Lei e os Profetas” (Mt 7.12);
“O meu mandamento é este: Amem-se uns aos outros como eu os amei” (Jo
15.12);
“Quanto ao mais, tenham todos o mesmo modo de pensar, sejam compassivos,
amem-se fraternalmente, sejam misericordiosos e humildes” (1Pd 3.8);
“Lembrem-se dos que estão na prisão, como se aprisionados com eles; dos
que estão sendo maltratados, como se fossem vocês mesmos que o estivessem
sofrendo no corpo” (Hb 13.3), e
“Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de
profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportem-se uns
aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como
o Senhor lhes perdoou. Acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo
perfeito” (Cl 3.12–14).
Com isso em mente,
precisamos estar no lugar daqueles que estão numa fila de espera por
transplante, que, além da barreira da especificidade da morte, precisam contar
também com a solidariedade dos familiares, que são responsáveis pela decisão
final pela doação.
Leia aqui sobre as
principais dúvidas sobre o assunto: LIBBS
2. O princípio do verdadeiro amor. Amar a Deus e ao próximo como a si mesmo é o resumo da lei de Deus (Mt
22.37-40). Cristo ensinou que não existe maior amor do que doar a sua vida ao
próximo (Jo 15.13). O Salvador não doou apenas um ou outro órgão para salvar
nossas vidas. Ele entregou a sua vida por inteiro para que não fôssemos
condenados à morte eterna. João nos recorda esse ato e nos exorta a fazer o
mesmo: "Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós
devemos dar a vida pêlos irmãos" (1Jo 3.16). Portanto, doar órgãos para
salvar outras vidas é um sublime ato de amor. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 7,
13 Maio 18)
“A marca mais
evidente de nossa época é o individualismo. Na verdade, o individualismo está
presente em nossa sociedade desde a proposta feita a Adão e Eva pela serpente
astuta: “É assim que Deus disse: Não comereis der toda árvore do jardim? (…) É
certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se
vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal” (Gn
3.1-5).” (ULTIMATO
Online)
Por outro lado, o
orgulho, a vaidade, a autossuficiência, todos derivados de um coração soberbo,
são desastrosos, porque impedem, dentre outras coisas, que busquemos ajuda
tanto em Deus quanto nas pessoas ao nosso redor, como também, abre um abismo
para a empatia. Nós nos consideramos tão autossuficientes, que não vemos no
outro um ponto de apoio e refúgio nos momentos de necessidade. Quem comanda é o
“eu”, o ego detém as razões e soluções.
“A
Palavra do Senhor nos ensina que a vida cristã não pode ser vivida isoladamente
(Hb 10.25), pois somos uma família (Ef 2.19), escolhida antes da fundação do
mundo (Ef 1.4) para viver em comunhão uns com os outros (At 2.42-47), com
alegria e devoção e, especialmente, cuidando uns dos outros, pastoreando,
aconselhando, admoestando e orando (Cl 3.16-17; Tg 5.16). A vida cristã precisa
ser fundamentada no “eu preciso de você”. Devemos declarar uns aos outros a
nossa incapacidade de lidar com os problemas, e reconhecer que somos devedores
uns aos outros do amor com que somos amados pelo Senhor.” (ULTIMATO
Online)
Somente o Espírito Santo é capaz
de nos tornar empáticos e próximos, a ponto de se alegrar com os que se alegram
e chorar com os que choram (Rm 12.9-21). Peter Beyerhaus afirmou:
“A obra do
Espírito Santo é tão corporativa como individual. Ele constrói a vida da igreja
estabelecendo o elo místico entre Cristo, a cabeça, e a igreja, seu corpo.
Mediante essa obra, a presença real do Senhor é sentida na adoração da
congregação. Ele equipa a igreja para sua missão por meio de ministérios e
serviços vocacionais. Como aquele que convence, ele abre o caminho para o mundo
descrente. Os charismata, ou seja, dons espirituais complementares, unem todos
os cristãos como membros de um só corpo para o serviço mútuo (1Co 12)” (Peter Beyerhaus, Dicionário de ética cristã, Carl
Henry (org.), Editora Cultura Cristã).”
CONCLUSÃO
A doação de órgãos em vida, ou depois de morto, é
um elevado gesto de amor. Esta ação em nada contraria os preceitos éticos ou
bíblicos, exceto no caso de células-tronco embrionárias. Porém, ninguém deve
ser forçado à prática de tão nobre gesto. O ser humano não pode ser
"coisificado" e nem sua vontade pode ser desrespeitada. Doador e
receptor expressam a imagem e a semelhança de Deus (Gn 1.26). (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 7, 13 Maio 18)
Do que foi exposto nesta lição,
entendemos que seja perfeitamente aceitável ao cristão a doação de órgãos,
tecidos, aqueles que são possíveis em vida e todos aqueles que possam ser
aproveitados após constatada a morte. Não precisamos temer qualquer implicação
disso na ressurreição. Não há na Bíblia nada contrário à doação de órgãos,
aliás, no Novo Testamento, temos justamente o ensino de Jesus quanto ao desprendimento
para com a própria vida (e corpo), ao ponto de Ele próprio ter dado sua vida
para nos salvar. Ou seja, sabemos que nossa vida não se limita a este corpo, e
se for preciso até mesmo que um cristão morra para salvar seu semelhante, isso
é visto como um ato de amor, não de desprezo para consigo mesmo.
“Achando-se as tuas palavras, logo as
comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo
teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16),
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Maio de 2018
PARA REFLETIR
A respeito do tema "Ética Cristã e Doação de Órgãos",
responda:
• O que é transplante de órgãos e de tecidos
humanos?
O transplante é um procedimento cirúrgico
que consiste na remoção de um órgão enfermo do corpo humano para ser
substituído por outro saudável.
• Por que a Ética Cristã não admite o uso de
células-troncos embrionárias?
Como a Bíblia ensina que a vida
tem inicio na fecundação (Jr 1.5), a ética crista desaprova o uso das
células-tronco embrionárias, pois este procedimento interrompe vida do embrião.
• Como você refutaria a ideia de comercialização de
órgãos e de tecidos humanos como empecilho para não doar órgãos?
Resposta pessoal. Você não encontrará a resposta nesta lição. Mas por
se tratar de uma dúvida muito comum, a ideia é fazer uma reflexão com os
alunos. Após eles exporem a resposta, informe que a legislação de doação de
órgãos no Brasil proíbe a comercialização de órgãos com pena de até oito anos
de reclusão para quem cometer esse crime (Lei 9.434/97).
• Como você refutaria sobre a esperança do milagre
e a ressurreição do corpo como obstáculos para não fazer doação de órgãos?
Resposta pessoal. Uniformize a resposta fundamentado no subsídio do
tópico II.
• Segundo a lição, o que significa doar órgãos?
Um ato de amor. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 7, 13 Maio 18)