LIÇÕES BÍBLICAS CPAD - ADULTOS
2º Trimestre de 2018
Título: Valores cristãos — Enfrentando as questões morais de nosso tempo
Comentarista: Douglas Baptista
Lição 9
27 de Maio de 2018
Ética Cristã e Planejamento
Familiar
Texto Áureo
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Verdade Prática
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“Eis que os filhos são herança do SENHOR, e o
fruto do ventre, o seu galardão” (Sl 127.3).
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Gerar filhos, ou não, não é só uma questão de
planejamento familiar, mas um encargo que abrange a obediência aos desígnios
divinos para a família.
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LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Almeida Corrigida e Revisada Fiel
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Gênesis 1.24-31.
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24 E disse Deus: Produza a terra alma vivente conforme a sua espécie;
gado, e répteis, e bestas-feras da terra conforme a sua espécie. E assim foi.
25 E fez Deus as bestas-feras da terra conforme a sua espécie, e o gado
conforme a sua espécie, e todo o réptil da terra conforme a sua espécie. E
viu Deus que era bom.
26 E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e
sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se move sobre a
terra.
27 E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e
fêmea os criou.
28 E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos,
e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as
aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.
29 E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda erva que dá semente e que
está sobre a face de toda a terra e toda árvore em que há fruto de árvore que
dá semente; ser-vos-ão para mantimento.
30 E a todo animal da terra, e a toda ave dos céus, e a todo réptil da
terra, em que há alma vivente, toda a erva verde lhes será para mantimento. E
assim foi.
31 E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a
tarde e a manhã: o dia sexto.
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Comentário
INTRODUÇÃO
O casamento, no plano divino, pressupõe o
nascimento de filhos. Nele, estão inseridos a criação dos filhos, o sustento
deles e todo o cuidado indispensável para o desenvolvimento humano. Por
conseguinte, dentre outros deveres do casal, o planejamento familiar é
importantíssimo. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 9, 27 Maio 18)
“Há numerosas
áreas de complexidade moral que confrontam o cristão. Embora a ética cristã
básica seja bastante simples (o amor), muitas vezes é bem difícil de ser
aplicada. Os assuntos de controle da natalidade e do aborto são exemplos-chaves
das dificuldades”. (Norman Geisler, Ética Cristã, p. 180). Para o cristão,
ter ou não ter filhos, não é apenas uma questão biológica, mas uma decisão que
envolve fé, amor e obediência aos princípios de Deus para a família. A Palavra de Deus é o nosso supremo guia quanto à
verdade e norma de vida; é o único e suficiente guia para julgar aquilo que
cremos e fazemos. Considerando isto, um casal cristão tem o dever de planejar
sua vida sexual de tal modo que possam gerar filhos e estes sejam desejados
como dádiva divina. O mandamento de gerar descendentes é muito abrangente e
inclui a responsabilidade de providenciar as necessidades físicas, emocionais,
intelectuais e espirituais dos filhos. Embora entendamos que o poder de
planejar, reconhecemos que o controle final não pertence ao homem, assim como
todos os outros setores da vida, está subordinado à vontade divina. “Tanto a concepção irresponsável de filhos
até o limite da capacidade biológica da mulher, como a limitação egoísta do
número de filhos, são ambos igualmente condenáveis.” (Prof. Arnaldo J.
Schmidt). Dito isto, convido-o a pensarmos
maduramente a fé cristã!
TÓPICO l - O CONCEITO GERAL DE PLANEJAMENTO
FAMILIAR
1. Controle de natalidade. Não é planejamento familiar, mas procedimentos de políticas
demográficas com o objetivo de diminuir ou até mesmo impedir o nascimento de
crianças. Tais medidas são adotadas pelos governos totalitários para refrear o
aumento da população de um país. Nesse caso, regular o número dos filhos é
visto como solução para erradicar os níveis de pobreza, bem como alternativa
para a preservação do meio ambiente e o melhor uso dos recursos naturais. Por
ordem do Estado o número de filhos é limitado à revelia da vontade dos pais.
Para esse fim são utilizados métodos contraceptivos e até a esterilização
permanente. Em países totalitários ocorrem denúncias do uso do aborto, e até do
infanticídio, como soluções para o controle de natalidade. (LB CPAD, 2º Trim
2018, Lição 9, 27 Maio 18)
Há de se diferenciar ‘controle
de natalidade’ e ‘planejamento familiar’. O primeiro podemos definir como de
aspecto político com fins de redução do tamanho da família e controle
populacional. Para isto, são
desenvolvidas políticas direcionadas aos países em desenvolvimento, com vistas
a frear seu crescimento demográfico, que compreende políticas que terão como
contrapartida toda e qualquer técnica contraceptiva e abortiva para frear o
crescimento populacional.
“Essa ideia de utilizar o controle de natalidade como método de diminuir
os nascimentos, vem das teorias malthusiana e neomalthusiana, teorias demográficas que analisam o alto índice
populacional de um país como o fator principal de seu baixo desenvolvimento
econômico, colocando em vista que os países com maiores índices de
desenvolvimento econômico tem baixo crescimento populacional, e conseguem esse
fato a partir da utilização dos controles de natalidade” (Wellington
Souza Silva. ‘Controle de natalidade’. Disponível em: https://www.infoescola.com/geografia/controle-de-natalidade/. Acesso em: 21 maio,
2018).Leia
mais aqui.
Como exemplo de pais
que adotou esta política durante décadas com fins de controle populacional, a República
Popular da China (país que
tem a maior população do mundo, com mais de 1 300 000 000 de habitantes) adotou a ‘Política do Filho Único’, regulamentando por lei que os
casais não podem ter mais do que um filho, penalizando caso tenham um segundo
filho, ou mais, tendo como objetivo facilitar o acesso da população do país a
um sistema de saúde e educação de qualidade. Essa política vigorou de 1970 até
2015, em outubro de 2015, no entanto, o governo chinês aboliu a lei por conta
do envelhecimento da população, ao passar a permitir até dois filhos por
família. Leia mais aqui.
2. Planejamento familiar. Diferente do “controle de natalidade”, que consiste em evitar o
nascimento dos filhos por meio do controle estatal, a proposta do “planejamento
familiar” é a de instituir a paternidade-maternidade responsável. Trata-se de
uma decisão voluntária e sensata por parte dos pais quanto ao número de filhos
que possam ter com dignidade. No planejamento familiar fatores diversos são
analisados, tais como: a saúde dos pais, as condições da família (renda,
moradia, alimentação), o espaçamento de tempo entre uma e outra gestação. No
contexto cristão, quanto ao número de filhos, o casal deve buscar orientação
divina por meio da oração, submeter-se à direção do Espírito Santo e levar em
conta o bom senso (Rm 14.21-23). (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 9, 27 Maio 18)
“Por planejamento familiar ou planeamento familiar, entende-se o
conjunto de ações que têm, como finalidade, contribuir para a saúde da mulher e
da criança, permitindo, às mulheres e aos homens, escolher quando querem ter um
filho, o número de filhos que querem ter, o espaçamento entre o nascimento dos
filhos e o tipo de educação, conforto, qualidade de vida e condições sociais e
culturais que seus filhos terão” (WIKIPÉDIA). Com o Planejamento
familiar intenciona-se controlar o número de filhos e o intervalo entre
gestações com o objetivo de garantir o bem estar tanto da criança como do
casal. Nesse aspecto, não há nada de errado para o casal cristão, aliás, é uma
atitude louvável, sensata e digna; cabe apenas ressaltar que o planejamento é
humano mas cabe à Deus, em sua sublime soberania, a consecução do planejado.
“Não se deve concluir que, porque alguns usos
do controle da natalidade são egoístas todos são egoístas. Na realidade, há
várias situações em que o controle da natalidade pode ser a coisa altruísta ou
certa para se fazer. (1) Por exemplo, adiar a família até que se possa cuidar
dela melhor pode ser uma ação muito sábia e altruísta. Se razões psicológicas,
econômicas, ou educacionais indicassem um tempo futuro melhor para a família,
então não será moralmente errado esperar. Para a maioria dos casais que se
casam na idade usual, algum programa de limitação artificial da família é uma
necessidade emocional e económica. (2) Além disto, se o controle da natalidade
pode ser usado para limitar o tamanho da família conforme a capacidade dos pais
de prover para ela, então a pessoa não peca. As Escrituras conclamam o homem a
prover pelos seus (1 Tm 5:8) e planejar para o futuro. “Pois, qual de vós,”
disse Jesus, “pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para
calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir?” (Lc 14:28). E
quem argumentaria que uma família não é mais importante do que uma torre? (3)
Além disto, refrear-se de ter filhos por razões da saúde (física ou mental) não
é errado como tal. Na realidade, será errado trazer filhos para o mundo se
fosse destrutivo para os pais e/ou as condições fossem destrutivas para os
filhos. (4) Finalmente, não é errado evitar ter filhos por algum propósito
moral superior tal como Jesus se referiu em Mateus 19:12. Os homens podem
dedicar-se voluntariamente ao celibato, ou passar sem filhos em prol do reino
de Deus. Enquanto a espécie não estiver sendo ameaçada pela sua abstenção e
enquanto a sua dedicação for para o bem dos outros, não é errado usar o
controle da natalidade para evitar terem seus próprios filhos. Há, na
realidade, algumas vocações e chamadas legítimas e necessárias na vida, para as
quais uma família seria uma desvantagem, mas uma esposa seria uma ajuda.” (‘O
cristão, o controle da natalidade e o aborto’. Disponível em: http://www.cacp.org.br/o-cristao-o-controle-da-natalidade-e-o-aborto/. Acesso em: 21 maio,
2018)
TÓPICO II - O QUE AS ESCRITURAS DIZEM SOBRE O PLANEJAMENTO FAMILIAR
O planejamento familiar, desde que não seja feito
por meio de aborto e meios abortivos, não contraria a Palavra de Deus.
1. A família e a procriação da espécie. Após criar o primeiro casal. Deus o abençoou e
disse: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra” (Gn 1.28). Nesse
primeiro mandamento, o Senhor requereu a reprodução do gênero humano. Após o
dilúvio, Noé e seus filhos também receberam o mesmo mandamento acerca da
procriação: “Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra” (Gn 9.1). Note
que essa é uma ordem universal direcionada às gerações pré e pós-diluviana.
Repare que Deus não especificou qual seria o fator multiplicador nem quantos
filhos deveriam ser gerados por cada família. Além disso, o propósito do
mandamento é único: homens e mulheres devem se reproduzir para “encher a
terra”. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 9, 27 Maio 18)
Nos textos citados há
a ordenança de procriar e encher a terra, recebidos tanto por Adão quanto por
Noé, neste último caso, Noé e seus filhos. Mas obviamente, o propósito do sexo
na vida conjugal não é apenas o de procriar; como entendemos de textos como
Gênesis 2.24 e Efésios 5.31, mas também tem propósitos de unificação e de
recreação, pois o casamento é mais do que procriar – se não, não seria
utilizado para representar a união mística de Cristo com a Igreja (Ef 5.25). É
uma união sem correspondentes, em que duas pessoas compartilham mutuamente as
experiências da vida num romance permanente (Gn 29.18 e 20; 35.19,20; Ef 5.25),
numa aliança irrevogável( Mt 5.32), e nutrido nos princípios práticos do amor,
não em sentimentos (1Co 13).
“O sexo é um dos meios de encorajar e
enriquecer aquela união. Além disto, o sexo é um prazer que valoriza a união
num tipo de reencenação recreacional da grande felicidade do primeiro amor
conjugal. Logo, o sexo cumpre pelo menos dois propósitos além de gerar filhos.
E se Deus pretende que o sexo unifique e satisfaça, além de multiplicar, logo,
não há razão porque alguma forma de controle de nascimento não possa ser
exercida a fim de promover estes outros propósitos do casamento, sem produzir
filhos.” (‘O cristão, o controle da natalidade e o aborto’. Disponível
em: http://www.cacp.org.br/o-cristao-o-controle-da-natalidade-e-o-aborto/. Acesso em: 21 maio,
2018)
No entanto, a
procriação está restrita ao casamento, é o limitador. Não há permissão para o
homem ou a mulher procriarem fora do relacionamento conjugal. Isso, pela
misericórdia divina, para poupar o homem/mulher do sofrimento e de toda a carga
de responsabilidade que um filho traz. Por isso, a melhor situação para a
geração de filhos, é dentro do casamento. E é no ápice desta comunhão conjugal que
o filho é concebido, o filho não é somente a carne e o sangue do casal, mas,
principalmente, o fruto do seu amor. Nesse sentido, Paulo escreve que “A mulher não tem poder sobre o seu próprio
corpo, mas tem-no o marido; e também da mesma maneira o marido não tem poder
sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher.” (1Co 7.4). Note que não
está escrito que o corpo da namorada pertence ao namorado, nem que o corpo da
noiva pertence ao noivo, aliás, a Bíblia nos diz que o sexo fora do casamento é
imoral (Mt 15.19, 1Co 6.9, 6.13, 7.2, 2Co 12.21, Gl 5.19, Ef 5.3).
2. O planejamento familiar no Antigo Testamento. Na Antiga Aliança a fertilidade era vista como uma
dádiva: “Eis que os filhos são herança do SENHOR, e o fruto do ventre, o seu
galardão” (Sl 127.3). Neste contexto, ter muitos filhos era sinal de
benevolência do Altíssimo e sinônimo de felicidade (Sl 127.5). A esterilidade
era motivo de discriminação (1Sm 1.6,7), provocava desavenças (Gn 30.1,2) e era
vista como vergonha (Gn 30.23). Em contraste a essa cultura, as esposas dos
patriarcas foram estéreis e sofreram muito até que Deus lhes abriu a madre:
Sara concebeu na velhice e gerou apenas um filho: Isaque (Gn 21.2); ao
casar-se, durante vinte anos, Isaque orou pelo ventre de Rebeca e ela gerou
dois filhos: Jacó e Esaú (Gn 25.21); Raquel, a esposa amada de Jacó, após anos
de espera, também concebeu apenas dois filhos: José e Benjamim (Gn 35.24).
Aqui, principalmente no caso dos patriarcas, podemos perceber a intervenção
divina, bem como o fator de multiplicação, de família para família. (LB CPAD,
2º Trim 2018, Lição 9, 27 Maio 18)
É interessante ver que
na época do Antigo Testamento ter muitos filho era sinal da benevolência do
Criador e que a falta de filhos era sinal da reprovação divina; logo, era
desejo de toda mulher ser mãe de muitos filhos, e de preferência varões. No
Antigo Testamento, não ter filhos era constrangedor (1Sm 1.15) e a mulher
judia, que não gerava, logo dividiria seu marido com uma concubina (Gn 16.1-3.).
Além do mais, devido às profecias, as mulheres judias esperavam por um messias.
Elas ansiavam ser a mãe do Salvador. Elas tinham filhos na esperança de um
messias (Is 7.14)
“Sara, esposa do patriarca Abraão, sendo
estéril, sentiu-se frustrada, recorreu a um ato desesperado oferecendo sua
serva ao marido para que este tivesse um filho com ela, como sendo esse filho
do casal. Isso resultou em sérias e perpétuas complicações, quando se considera
que em Abraão e Sara estava implícita a linhagem do futuro Messias (Mt 1.1).
Abraão, sentindo-se infrutífero quanto à sua descendência, disse ao Senhor:
“Senhor Jeová, o que me hás de dar, pois ando sem filhos...” (Gn 15.2). Em
resposta, o Senhor mandou que ele olhasse para as estrelas e lhe disse: “Assim
será a tua semente...” (Gn 15.5; Ler Gn 17.15,16). b) Não ter filhos era sinal
de infelicidade. Sendo Raquel estéril, disse a seu marido: “Dá-me filhos, senão
morro” (Gn 30.1). Quando Deus abriu sua madre, ela exclamou: “Tirou-me Deus a
minha vergonha” (Gn 30.23). Ana, mulher de Elcana, também é exemplo do
sofrimento e amargura de uma mulher estéril (Ler 1 Sm 1.7,10,11,20). c) Ter
família numerosa era sinal de bênção. Ana teve Samuel e mais cinco filhos (1 Sm
2.21). Os filhos eram considerados presentes ou prêmios da parte do Senhor, como
diz o salmista: “Eis que os filhos são herança do Senhor e o fruto do ventre o
seu galardão” (Sl 127.3). (Lições Bíblicas CPAD, Jovens e Adultos; 3º
Trimestre de 2002. Título: Ética Cristã — Confrontando as questões morais.
Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima; Lição 5: O cristão e o planejamento
familiar, Data: 5 de Agosto de 2002)
3. O planejamento familiar no Novo Testamento. Na Nova Aliança a fertilidade também é exaltada.
Ao visitar Maria e anunciar a sua gravidez, o anjo lhe disse: “Salve, agraciada;
o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres” (Lc 1.28). Na mesma
ocasião, ao contar para Maria acerca da gravidez de Isabel, o anjo enfatizou:
“tua prima, concebeu um filho em sua velhice; e é este o sexto mês para aquela
que era chamada estéril” (Lc 1.36). Isabel gerou um único filho, João — o
batista (Lc 1.59-60), e Maria, após o nascimento de Jesus, gerou ao menos
quatro filhos e duas filhas (Mt 13.55,56). Repare, em ambos os casos, a
intervenção divina, bem como a diferença no fator de multiplicação de uma casa
para outra. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 9, 27 Maio 18)
Não há diferença nesta
questão entre o Antigo e o Novo concerto, em ambos permanece a idéia da
concepção de filhos como graça divina, ter filhos sempre foi tido como uma
bênção de Deus. Zacarias, esposo de Isabel, não tinha filhos, pois sua mulher
era estéril. Deus enviou o anjo Gabriel para informar a este sacerdote de
avançada idade que ele seria pai: “Terás prazer e alegria, e muitos se
alegrarão no seu nascimento” (Lc 1.14). As crianças foram abençoadas por Jesus.
Ele colocou um menino no meio das atenções (Mt 18.2,4); recebeu crianças
trazidas pelos pais, toucou-lhes brandamente, abençoando-as (Lc 18.15-17). Cabe
uma ressalva aqui, analisando o texto de Mateus 24.19, quando Jesus adverte: “ai das grávidas e das que amamentarem
naqueles dias!” referindo-se às mulheres judias e seus filhos, que sofrerão
o dano das escolhas erradas daquele povo, ou da rejeição de seu Messias (Leia
mais aqui).
TÓPICO III - ÉTICA CRISTÃ E O LIMITE DO NÚMERO DE FILHOS
1. A questão do fator de multiplicação. Quem se opõe ao planejamento familiar considera a
limitação do número dos filhos uma desobediência ao mandamento de procriação
(Gn 1.28). Por isso ensinam que a mulher deve gerar filhos indefinidamente.
Contrariando essa ideia, a mulher não é fértil todos os dias. O Criador
agraciou a mulher com apenas três dias férteis a cada mês, indicando que ela
não tem o dever de gerar filhos a vida toda. Deus não estipulou qual deveria
ser o número de filhos. Portanto, o mandamento de multiplicação é cumprido
quando o casal gera um filho, pois eram duas pessoas e agora passaram a ser
três. Deve-se também entender que a ordem de procriação é “geral” e não
“específica”; ou seja, Deus ordenou a reprodução da raça humana, não a
reprodução de cada pessoa. Do contrário, os solteiros e os viúvos (1Co 7.8), os
eunucos (Mt 19.12) e os casados estéreis (Lc 23.29) estariam em pecado. E se
fosse pecado não procriar, até a privação sexual voluntária, autorizada nas
Escrituras, estaria em contradição (1Co 7.5). Desse modo, o fator de
multiplicação depende da vontade do Senhor para cada família. (LB CPAD, 2º Trim
2018, Lição 9, 27 Maio 18)
“No Novo Testamento, não há referência expressa a ter ou
não muitos filhos. Mas os filhos são galardão do Senhor. “Eis que os filhos são
herança do Senhor, e o fruto do ventre, o seu galardão. Como flechas nas mãos
do valente, assim são os filhos da mocidade” (Salmo 127.3). Para ter filhos,
cremos que o casal deve orar muito, para que nasçam debaixo da bênção de Deus.
E, para não tê-los, deve orar muito mais, para não contrariar a vontade de
Deus. Devem ser considerados os fatores de saúde, alimentação e educação
(espiritual e secular), pois não é justo que se tragam filhos ao mundo para
vê-los subnutridos, mal-educados e malcuidados. Isso não é amor.
Orientação quanto à natalidade. Aspectos a serem
considerados:
a) A vontade de Deus. De uma maneira geral, o casal, pela
união sexual, poderá gerar filhos. É a vontade permissiva do Senhor. Como
filhos de Deus, no entanto, devemos estar, acima de tudo, sujeitos à vontade
diretiva do Senhor. Ele nos guia pelo seu Espírito (cf. Rm 8.14). “Para ter
filhos, o cristão deve buscar, por fé, a direção de Deus e não apenas depender
do instinto sexual”.
b) Alimentação, saúde e educação digna. Da concepção ao
parto, o novo ser precisa ser bem alimentado, de modo a não desenvolver-se com
deficiências orgânicas que ocasionam danos por toda a vida. Se um casal gera um
filho doente, por subnutrição, ou doença da mãe, vai fazê-lo sofrer. Filhos mal
educados tendem a se converter em pessoas prejudiciais à sociedade e, em
escândalo para a igreja do Senhor. Isso não glorifica a Deus. Em 1 Timóteo 5.8,
lemos: “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua
família, negou a fé e é pior do que o infiel” (1 Tm 5.8). Esse cuidado tem seu
começo na gestação.
c) A abstenção permitida. A Bíblia admite a abstenção
sexual do casal, “por mútuo consentimento”, para que ambos se dediquem melhor à
oração, num período de tempo (1 Co 7.4,5)”. (Lições Bíblicas CPAD, Jovens
e Adultos; 3º Trimestre de 2002. Título: Ética Cristã — Confrontando as
questões morais. Comentarista: Elinaldo Renovato de Lima; Lição 5: O cristão e
o planejamento familiar, Data: 5 de Agosto de 2002)
2. A questão ética no planejamento familiar. Planejar não é pecado. Cristo falou positivamente
do planejamento do construtor e do rei guerreiro (Lc 14.28-32). O pecado está
na presunção em não pedir a aprovação divina para o projeto (Tg 4.13-15). O
cristão deve aconselhar-se com Deus para tomar qualquer decisão (Tg 1.5; 1Jo
5.14). Nossas motivações devem ser apresentadas ao Senhor em oração e devem ser
desprovidas de vaidade e de egoísmo (Tg 4.2,3). É vaidade a mulher não querer
procriar para não alterar a beleza do corpo, bem como é egoísmo do homem não
gerar filhos para fugir da responsabilidade. No entanto, postergar o nascimento
dos filhos até que se possa cuidar melhor da família; limitar o número dos
filhos para que se possa criá-los com dignidade e, espaçar o tempo de
nascimento entre um e outro filho para melhor acolher mais uma criança, não são
pecados, pois as Escrituras ensinam que o homem deve cuidar bem de sua família
(1Tm 5.8). Para tanto, sempre se faz necessário consultar à vontade soberana do
Senhor em tudo (Mt 6.10). (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 9, 27 Maio 18)
É perfeitamente viável e desejável que o casal
cristão planeje e busque a orientação divina quanto à questão de gerar filhos. Também
é claro que é condenável a decisão de não gerar filhos pela simples causa da
vaidade. Quem pensa em casar, deve antes preparar-se para todo o resto que
acompanha este processo: as alegrias mas também as dores, o sofrimento, as
responsabilidades, etc.
“Isto
pressupõe uma paternidade responsável diante da lei de Deus, cujos preceitos,
ética e moral devem ser conhecidos e observados. Tudo isso, pela fé, pois o que
não é de fé é pecado (ver Rm 14.23). Ter filho, um após o outro, seguidamente,
sem levar em conta suas implicações, pode não ser amor; e, sim, carnalidade
desenfreada aliada à ignorância. O Livro Sagrado afirma que “tudo tem seu tempo
determinado” (Ec 3.1). Além disso, nos é oportuna a seguinte ordem: “Examinai
tudo. Retende o bem” (1 Ts 5.21). Para ter, ou não, filhos, o casal deve, acima
de tudo, orar ao Senhor” (Elinaldo
Renovato).
“Uma família
grande demais, em um mundo superpovoado, seria irresponsabilidade, assim como
seria irresponsável evitar espontaneamente constituir uma família sem ter em
mente o propósito de Deus para o casamento. E em alguns casos, a finalidade
primordial pode ser suplantada por outras responsabilidades morais” (Ética:
As Decisões Morais à Luz da Bíblia. CPAD, p.132).
CONCLUSÃO
O homem não peca pela simples limitação ou
espaçamento do nascimento de seus filhos. Ele comete pecado quando suas
motivações são presunçosas e utilitaristas. O cristão que consulta ao Senhor, e
aceita a vontade divina na limitação do número de seus filhos, é abençoado em
toda a esfera de sua família (Sl 128.1-6). Todavia, ele rejeita por completo o
aborto e os meios abortivos no planejamento familiar. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 9, 27 Maio 18)
“Não encontramos nas Escrituras uma passagem sequer que nos sirva de
base para a aprovação do planejamento familiar. Da mesma maneira não
encontramos nenhum texto que determine um número específico de filhos para cada
casal. O mandamento tanto para Adão e Eva, quanto para Noé e seus filhos de
crescer, multiplicar e encher a terra, não é específico e pessoal, ou seja, não
tem em perspectiva apenas o indivíduo, mas sim a humanidade como um todo (Gn
1.28; 9.1). Podemos usar como exemplo desse princípio o fato do juízo de Deus
ter sido derramado sobre os construtores da torre de Babel devido ao propósito
deles de não povoar a terra (Gn 11.1-8), ainda que nada seja dito a respeito
deles não desejarem ter filhos. Mesmo o texto do Salmo 127 que nos mostra
claramente como é importante ao homem o possuir muitos filhos, usa um símile
(figura de linguagem) e não uma definição clara de quantos eles devem ser.
Diante do exposto, devemos procurar deixar que a Palavra de Deus nos oriente a
respeito deste tema tão importante e controverso e, uma vez orientados por Ela,
busquemos a graça de Deus para que nos conformemos à Sua orientação” (Rosivaldo
Oliveira Sales. ‘A QUESTÃO DO PLANEJAMENTO FAMILIAR E O CONTROLE DA
NATALIDADE’. Disponível em: http://pbteologil.blogspot.com.br/2012/09/a-questao-do-planejamento-familiar-e-o.html. Acesso em: 21 maio, 2018)
“Achando-se as tuas palavras, logo
as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque
pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16),
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Maio de 2018
PARA REFLETIR
A respeito do tema “Ética Cristã e Planejamento Familiar”, responda:
O que é controle de natalidade?
Procedimentos de políticas
demográficas com o objetivo de diminuir ou até mesmo impedir o nascimento de
crianças. Tais medidas são adotadas pelos governos totalitários para refrear o
aumento da população de um país.
Em que consiste o planejamento familiar?
Consiste em instituir a
paternidade-maternidade responsável. Trata-se de uma decisão voluntária e
sensata por parte dos pais quanto ao número de filhos que possam ter com
dignidade.
O que Deus disse após criar o primeiro casal?
Após criar o primeiro casal,
Deus o abençoou e disse: “Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra” (Gn
1.28).
Em relação à fertilidade, o que vemos tanto no
Antigo quanto no Novo Testamento?
Vemos que a fertilidade era
vista como uma dádiva divina: “Eis que os filhos são herança do SENHOR e o
fruto do ventre, o seu galardão” (Sl 127.3).
Segundo a lição, a ordem de Deus para “procriar” é
geral ou específica? Explique.
A ordem de procriação é “geral”
e não “específica”; ou seja, Deus ordenou a reprodução da raça humana, não a
reprodução de cada pessoa. (LB CPAD, 2º
Trim 2018, Lição 9, 27 Maio 18)