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17 de maio de 2018

Lição 8: Ética Cristã e Sexualidade



LIÇÕES BÍBLICAS CPAD - ADULTOS
2º Trimestre de 2018
Título: Valores cristãos — Enfrentando as questões morais de nosso tempo
Comentarista: Douglas Baptista

Lição 8
20 de Maio de 2018
Ética Cristã e Sexualidade

Texto Áureo

Verdade Prática
"Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém aos que se dão à prostituição e aos adúlteros Deus os julgará." (Hb 13.4)

A sexualidade é uma dádiva divina que deve ser usufruída dentro dos parâmetros instituídos pelo Criador.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Almeida Corrigida e Revisada Fiel
1 Coríntios 7.1-16
1 ORA, quanto às coisas que me escrevestes, bom seria que o homem não tocasse em mulher;
2 Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido.
3 O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher ao marido.
4 A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher.
5 Não vos priveis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes ao jejum e à oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência.
6 Digo, porém, isto como que por permissão e não por mandamento.
7 Porque quereria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira e outro de outra.
8 Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu.
9 Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se.
10 Todavia, aos casados mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido.
11 Se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher.
12 Mas aos outros digo eu, não o Senhor: Se algum irmão tem mulher descrente, e ela consente em habitar com ele, não a deixe.
13 E se alguma mulher tem marido descrente, e ele consente em habitar com ela, não o deixe.
14 Porque o marido descrente é santificado pela mulher; e a mulher descrente é santificada pelo marido; de outra sorte os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos.
15 Mas, se o descrente se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão, ou irmã, não esta sujeito à servidão; mas Deus chamou-nos para a paz.
16 Porque, de onde sabes, ó mulher, se salvarás teu marido? ou, de onde sabes, ó marido, se salvarás tua mulher?


Comentário
   INTRODUÇÃO

Se por um lado a sexualidade tem sido desvirtuada na sociedade pós-moderna, por outro Lado alguns cristãos insistem em tratar o assunto como tabu. Embora o tema possa trazer desconforto para alguns, a sexualidade humana não pode ser subestimada. Por isso, estudaremos o conceito da sexualidade, o propósito do sexo segundo as Escrituras e o casamento como o parâmetro para o sexo. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 8, 20 Maio 18)

O tabu deste assunto no meio cristão tem causado problemas, por isso é necessário, mesmo que muitos se sintam desconfortáveis, tratarmos sobre a fé e sexo segundo a visão bíblica. Uma lição apenas é pouco para dirimir todas as dúvidas, mas o momento deve ser útil para incentivar a busca por conteúdo que discuta como o cristão deve lidar com sua própria sexualidade, o significado do sexo, como deve encará-lo e as muitas dificuldades da castidade em uma sociedade onde os relacionamentos são banalizados e consumíveis e a sexualidade tem sido tratada como mero elemento hormonal e como promotor de satisfação pessoal. Infelizmente, o sexo, no aspecto negativo e pecaminoso, tem dominado nossa cultura de forma destrutiva para o homem. As sociedades (moderna e antiga) transformaram a beleza da sexualidade em uma deusa, que é adorada, e a quem pessoas servem cotidianamente. O crente precisa entender, em primeiro lugar, que foi Deus quem criou a sexualidade (partes “sexuais” no homem e na mulher), criando-os com um sistema nervoso para que possam desfrutar de prazeres delicados e saudáveis. Em segundo lugar, a sexualidade faz parte do indivíduo, mas ela não é o maior alvo de vida para o homem, e sim a Salvação em Cristo. Em terceiro lugar, o prazer sexual foi projetado por Deus para ser desfrutado somente no casamento. O relaxamento dos valores familiares e, principalmente, da espiritualidade, nos desperta para estudar esse tema à luz das Escrituras. Dito isto, convido-o a pensarmos maduramente a fé cristã!

   TÓPICO l - SEXUALIDADE; CONCEITOS E PERSPECTIVAS BÍBLICAS

Sexo e sexualidade possuem conceitos próprios, pois ambos constituem-se atos da criação divina.

1. Conceito de Sexo e Sexualidade. A biologia define "sexo" como um conjunto de características orgânicas que diferenciam o macho da fêmea. O sexo de um organismo é definido pelos gametas que produzem. Gametas são células sexuais que permitem a reprodução dos seres vivos. O sexo masculino produz gametas conhecidos como "espermatozoides" e o sexo feminino produz gametas chamados "óvulos". A expressão "sexo" ainda pode ser usada como referência aos órgãos sexuais ou a prática de atividades sexuais. Já o termo "sexualidade" representa o conjunto de comportamentos, ações e práticas dos seres humanos que estão relacionados com a busca da satisfação do apetite sexual, seja pela necessidade do prazer ou da procriação da espécie. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 8, 20 Maio 18)

Segundo o dicionário Priberam da Língua Portuguesa, sexo (latim sexus, -us), tem os seguintes significados:
1. Diferença física ou conformação especial que distingue o macho da fêmea (ex.: sexo feminino, sexo masculino).
2. Conjunto dos indivíduos que têm o mesmo sexo (ex.: vestiário para o sexo feminino).
3. Relação sexual. = COITO, CÓPULA
4. Conjunto dos órgãos sexuais externos. ("sexo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/sexo [consultado em 13-05-2018]
Já o termos sexualidade, encerra o sentido de:
1. Qualidade do que é sexual.
2. Modo de ser próprio do que tem sexo.("sexualidade", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/sexualidade [consultado em 13-05-2018].).
O sexo do indivíduo é definido através da interação de genes que estão situados em pares homólogos, ou seja, cromossomos sexuais (heterossomos ou alossomos). Existem quatro tipos de determinação sexual: XY, XO, ZW e ZO. Tipo XY: Nos seres humanos, o sexo é determinado pelo sistema XY. O homem tem 44 autossomos + XY, sendo heterogamética: 22 A + 22 A + Y. E as mulheres têm 44 autossomos + XX, sendo homogamética: 22 A + X. Mesmo sendo diferentes os cromossomos masculinos dos femininos, esses cromossomos sexuais são homólogos e pareia-se na meiose, porém no cromossomo masculino não há cromátides, e por esse motivo o pareamento deles é parcial. Nas regiões homólogas, há pareamento entre os cromossomos X e Y, e nas regiões não homólogas, não há pareamento entre os cromossomos X e Y. O homem produz dois tipos de espermatozóides, sendo que são compostos de quantidades iguais de cromossomo X e cromossomo Y, por isso é chamado de heterogamético. Já a mulher é considerada homogamética, pois no óvulo que ela produz há apenas um cromossomo X. Se o óvulo for fertilizado por um espermatozóide que possui cromossomo X, consequentemente o zigoto terá um cromossomo X e um Y, isso quer dizer que o sexo do filho será masculino. Caso contrário, se o óvulo for fertilizado por um espermatozóide X, o zigoto terá dois cromossomos X, e o sexo dele será feminino. Todo este processo de definição do sexo ocorre na fecundação. (Determinação do sexo por cromossomos sexuais). Disponível em: https://www.colegioweb.com.br/determinacao-e-heranca-relacionada-ao-sexo/determinacao-do-sexo-por-cromossomos-sexuais.html. Acesso em: 14 Maio, 2018). http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/sexualidade-e-espiritualidade/



2. O sexo foi criado por Deus. No ato da criação Deus fez o homem e a mulher sexualmente diferentes: "macho e fêmea os criou" (Gn 1.27). Portanto, o sexo faz parte da constituição anatómica e fisiológica dos seres humanos. Homens e mulheres, por exemplo, possuem órgãos sexuais distintos que os diferenciam sexualmente. Sendo criação divina, o sexo não pode ser tratado como algo imoral ou indecente. As Escrituras ensinam que ao término da criação "viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom" (Gn 1.31). Desse modo, o sexo não deve ser visto como algo pecaminoso, sujo ou proibido. Tudo o que Deus fez é bom. O pecado não está no sexo, mas na perversão de seu propósito. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 8, 20 Maio 18)

Em Genesis encontramos a descrição do ato divino de criação e distinção entre os gêneros - o relacionamento mais íntimo de todos havia sido estabelecido por Deus, relacionamento este que é a união permanente do “homem e sua mulher” no casamento (Gn 2.21-25). Deus declarou Adão e Eva como marido e mulher e eles se tornaram uma só carne (Gn 2.24). Tal envolvimento sexual é sempre para marido e mulher, casados, que pertencem um ao outro. O sexo fora do casamento é, portanto, condenado na Bíblia.
Como visto, Deus faz tudo com propósito. Isso inclui a nossa sexualidade. O fato do ser humano nascer do sexo masculino ou feminino não é por acaso. Toda vez que isso acontece, os propósitos eternos de Deus para as suas criaturas racionais são manifestos, a saber: a glória de Deus na formação da família. “Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.” (Gn 2:18). Observe que tanto aqui, quanto em Gn 1: 27-28 citado acima, Deus basicamente conduziu Eva pela mão ao altar até Adão, oficializando o primeiro casamento entre o primeiro homem e a primeira mulher. Deste modo, se estabeleceu o precedente de que, embora diferentes, homens e mulheres, como repositórios da imagem de Deus, são iguais e de que o casamento é um dom a ser desfrutado por um homem e uma mulher. Portanto, Deus criou o corpo masculino e feminino para que o prazer sexual fosse desfrutado dentro do casamento sem que eles tivessem que se envergonhar, o que se apreende dos famosos versos, “[…] Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne. O homem e sua mulher viviam nus, e não sentiam vergonha.”” (Gn 2: 24-25). (O PROPÓSITO DE DEUS PARA NOSSA SEXUALIDADE. Disponível em: http://www.iparacaju.org/2014/05/30/o-proposito-de-deus-para-nossa-sexualidade/. Acesso em: 14 Maio, 2018)

3. A sexualidade é criação divina. Ao criar o homem e a mulher, Deus também criou a sexualidade: "E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra..." (Gn 1.28). O relacionamento sexual foi uma dádiva divina concedida ao primeiro casal, bem como às gerações futuras: "deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne" (Gn 2.24). Sempre fez parte da criação original de Deus a união sexual entre o homem e a sua mulher, formando assim, ambos uma só carne. O livro poético de Cantares exalta a sexualidade e o amor entre o marido e a sua esposa (Ct 4.10-12). Portanto, não é correto "demonizar" o desejo e a satisfação sexual. Assim como o sexo, a sexualidade também não é má e nem pecaminosa. O pecado está na depravação sexual que contraria os princípios estabelecidos nas Escrituras Sagradas. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 8, 20 Maio 18)

A banalização do sexo nesta geração tem por meta final coisificar, degradar e aviltar o que Deus criou. Temos o dever de anunciar que o sexo não é pecado, é dádiva, aliás, homem e mulher foram criados com a capacidade de dar e sentir prazer. O homem pós queda e tudo nele tende a contrariar o divino, e o que foi criado belo, como a suma intimidade, foi desvirtuado (1Ts 4.3-9; Pv 6.32; Rm 1.24-28). É por esta razão que aqueles que vivem de acordo com os preceitos de Deus são mais felizes nesta área do que aqueles que se entregam à devassidão (1Co 7.5; Hb 13.4).
O sexo foi criado por Deus para dar prazer dentro do casamento. Quando “Abraão e Sara já eram velhos, de idade bem avançada, e Sara já tinha passado da idade de ter filhos” (Gn 18.11), Deus disse-lhes que eles teriam um filho. “Por isso [Sara] riu consigo mesma, quando pensou: ‘Depois de já estar velha e meu senhor já idoso, ainda terei esse prazer?’” (v. 12). Existe um “prazer” genuíno entre marido e mulher na intimidade do casamento. Abimeleque, rei dos filisteus, pensou que Rebeca fosse irmã de Isaque: “Certo dia, Abimeleque... estava olhando do alto de uma janela quando viu Isaque acariciando Rebeca, sua mulher” (26.8). Isaque provavelmente estava beijando Rebeca e talvez iniciando as preliminares do relacionamento sexual com sua mulher. Deus deu ao homem uma atração natural pela mulher, e deu à mulher uma atração pelo homem. Alguém pode não entender o relato bíblico que declara que o ato de fazer a corte possui uma rica história (cf. Ct 2.8-17). A tragédia é que homens e mulheres pecaminosos desobedecem ao projeto de Deus e entram na intimidade sagrada da satisfação sexual sem os laços do casamento. Por este motivo, Deus ordenou: “Não adulterarás” (Êx 20.14). Deus também ordenou: “Entre vocês não deve haver nem sequer menção de imoralidade sexual como também de nenhuma espécie de impureza... pois essas coisas não são próprias para os santos” (Ef 5.3).”. (Ron J. Bigalke. ‘A Bíblia, o Casamento e a Sexualidade’. Disponível em: https://www.chamada.com.br/mensagens/biblia_casamento_sexualidade.html. Acesso em: 14 Maio, 2018)

   TÓPICO II - O PROPÓSITO DO SEXO SEGUNDO AS ESCRITURAS

1. Multiplicação da espécie humana. A finalidade primordial do ato sexual refere-se à procriação. Deus abençoou o primeiro casale disse-lhes: "Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra" (Gn 1.28). Tal como o Criador ordenara a procriação dos animais (Gn 1.22), também ordenou a reprodução do género humano. Neste ato. Deus concedeu ao ser humano os meios para se multiplicar, assegurando-Lhe a dádiva da fertilidade. Depois da queda no Éden (Gn 3.11,23), e a consequente corrupção geral (Gn 6.12,13), o Altíssimo enviou o dilúvio como juízo para eliminar o género humano (Gn 6.17), exceto Noé e sua família (Gn 7.1). Passado o dilúvio, Noé recebeu a mesma ordem recebida por Adão: "E abençoou Deus a Noé e a seus filhos e disse-lhes: frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra" (Gn 9.1). A terra, que outrora fora despovoada, agora deveria ser repovoada por Noé a fim de dar continuidade aos desígnios divinos (Gn 3.15, cf. Rm 16.20). (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 8, 20 Maio 18)

Noé, como pai da humanidade resgatada do dilúvio, recebe uma bênção semelhante a do Gn 1.28, embora não inclui os mandatos "subjuguem" e "senhoreiem". A função do sexo dentro do casamento é tríplice: unir, recrear e procriar. Todos estes papéis demonstram a necessidade da fidelidade conjugal. Sempre que o relacionamento sem igual do casamento é quebrado pelas relações sexuais extraconjugais, a pessoa não somente destruiu a união sem igual do casamento como também diminuiu a possibilidade do prazer verdadeiro, sem falar do enfraquecimento da base da estabilidade para quaisquer filhos desta união.

2. Satisfação e prazer conjugal. Por muito tempo ensinou-se que a procriação era o único propósito da relação sexual. O Concílio de Trento (1545-1563) disciplinou a pratica sexual com fins exclusivos de reprodução e proibiu o sexo aos domingos, nos dias santos e no jejum quaresmal. Não obstante, a Bíblia também se refere ao sexo como algo prazeroso e satisfatório entre o marido e a sua esposa: "Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade..." (Pv 5.18,19); e ainda: "Goza a vida com a mulher que amas" (Ec 9.9}. Assim, na união conjugal, como também ensina o Novo Testamento, o homem e a sua mulher devem buscar a satisfação sexual (1Co 7.5). (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 8, 20 Maio 18)
É interessante notar que muitos costumes adquiridos na época medieval só foram sofrer liberação com a Reforma Protestante, como o divórcio, por exemplo, proibido pelo catolicismo, passou a ser aceito na Igreja Anglicana. Mas as igrejas protestantes que surgiram na Alemanha, Inglaterra e Holanda continuaram bem rigorosas no que se refere às práticas sexuais.
O 19º Concílio Ecumênico da Igreja, mais conhecido como o Concílio de Trento, por ter se reunido em sua grande parte na cidade de Trento, ao norte da Itália, realizou 25 sessões plenárias em três períodos distintos, de 1545 a 1563. O primeiro período foi de 1545 a 1547. O segundo começou 4 anos depois, em 1551, e terminou no ano seguinte. O último período começou 10 anos mais tarde, em 1562, e terminou no ano seguinte. A essa altura, a Reforma Protestante já tinha se espalhado por todos os países da Europa Ocidental e da Europa Setentrional. A abertura do Concílio de Trento deu-se 28 anos depois do rompimento de Martin Lutero com Roma (outubro de 1517) e 9 anos depois da primeira edição das Institutas da religião cristã, de João Calvino, em 1536 (um livro de formato pequeno, com 516 páginas). Outras edições em latim e francês já tinham sido publicadas. Por ocasião da abertura do Concílio (13 de dezembro de 1545), todos os reformadores, exceto Úlrico Zuínglio, ainda estavam vivos: Martin Lutero com 62 anos, Guilherme Farel com 56, Filipe Melanchton com 48, João Calvino com 36 e João Knox com 31. Lutero morreria no ano seguinte (1546). O propósito do Concílio de Trento era fazer frente à Reforma Protestante, reafirmando as doutrinas tradicionais e arrumando a própria casa. Houve portanto duas reações distintas, uma na área teológica e outra na área vivencial. Um dos papas teria confessado que Deus permitiu a revolta protestante por causa dos pecados dos homens, “especialmente dos sacerdotes e prelados”.” (O Concílio de Trento. Disponível em: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/255/o-concilio-de-trento. Acesso 14 Maio, 2018)

3. O correto uso do corpo. No ato sexual ocorre a fusão de corpos: "Assim não são mais dois, mas uma só carne"(Mt 19.6). O sexo estabelece um vínculo tão forte entre os corpos que os torna uma só pessoa. Como os nossos corpos são membros de Cristo (1Co 6.15), e templo do Espírito Santo (1Co 3.16), as Escrituras proíbem o uso do corpo para práticas sexuais ilícitas (1Co 6.16). São condenadas, dentre outras, as relações incestuosas (Lv 18.6-18), o coito com animal (Lv 18.23), o adultério (Êx 20.14) e a homossexualidade (Rm 1.26-27). O corpo não pode servir a promiscuidade (1Co 6.13), mas deve glorificar a Deus, o nosso Pai (1Co 6.20). (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 8, 20 Maio 18)

Já no início da Igreja encontramos a questão sexual sendo abordada com firmeza sendo os crentes exortados a se absterem, entre outras coisas, das tais relações sexuais ilícitas (At 15.20, 29; 21.25). A Bíblia de Estudo Genebra comentando este texto afirma que o termo ‘relações sexuais ilícitas’ “é bastante ampla e inclui, além do adultério, vários pecados de natureza sexual”. Há aqueles que entendem esta passagem como inclusiva àquelas uniões irregulares enumeradas em Lv 18.6-18.
Os cristãos não estão livres para exercer sua sexualidade de qualquer jeito. Eles estão debaixo de normas, que vêm desde o “princípio da criação” (Mc 10.6), portanto, bem antes da lei de Moisés. Embora tenha mostrado misericórdia com os infratores, Jesus não aboliu nem abandonou essas normas. Ao contrário, enquanto a lei enfatizava a concretização do adultério, Jesus pôs-se contra o adultério na sua fase embrionária, quando é praticado apenas na mente (Mt 5.27). Jesus foi a primeira pessoa da história bíblica a usar a expressão “relações sexuais ilícitas” (Mt 5.32; 19.9). Os apóstolos foram fiéis à teologia sexual do “princípio da criação”, de Moisés, dos profetas e de Jesus”. (Relações sexuais fora da lei. Disponível em: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/284/relacoes-sexuais-fora-da-lei. Acesso em: 14 Maio, 2018)

   TÓPICO III - O CASAMENTO COMO LIMITE ÉTICO PARA O SEXO

O casamento é o legítimo limite ético dos impulsos sexuais que podem ser satisfeitos sem que se incorra em atos pecaminosos.

1. Prevenção contra a fornicação. A fornicação está relacionada ao contato sexual entre pessoas solteiras, ou seja, não casadas. Para prevenir este pecado, o apóstolo Paulo orienta os cristãos a se casarem: "por causa da prostituição [ou fornicação], cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido." (1Co 7.2). Os ensinos de Paulo ratificam o propósito divino do casamento, ou seja, "um homem para cada mulher" (Gn 2.24). Este princípio também foi defendido por Jesus: "deixará o homem pai e mãe, e se unirá à sua mulher" (Mt 19.5). Deste modo, a legitimidade cristã para a satisfação dos apetites sexuais entre um homem e uma mulher restringe-se ao casamento monogâmico heterossexual (1Co 7.9). Toda prática sexual realizada fora destes moldes constitui-se em sexo ilícito. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 8, 20 Maio 18)

A reforma Protestante inseriu novamente a sexualidade como dom concedido por Deus ao ser humano, e resgatou o casamento, não apenas como metáfora teórica da relação entre Cristo e a Igreja, mas como experiência abençoada por Deus e destinada a todos os que a desejassem. A sexualidade vivida dentro do casamento é complementar à Espiritualidade – isso porque, para o cristão, não existe o sagrado e o profano, mas tudo deve ser feito para a máxima glória de Deus. “Donald Goergen afirma que sexualidade e espiritualidade não são inimigas, mas amigas” (DSP, p.99). De fato não podemos separar os dois temas, a beleza da sexualidade só poderá ser percebida de verdade se houver também espiritualidade.
Em 1º Coríntios 7 Paulo responde às perguntas feitas pelos crentes daquela Igreja a respeito da vida conjugal. O compromisso do casamento importa em cada cônjuge abrir mão do direito exclusivo ao seu próprio corpo e conceder esse direito ao outro cônjuge. Isso significa que nenhum dos cônjuges deve deixar de atender os desejos sexuais normais do outro. Tais desejos, dentro do casamento são naturais e providos por Deus, e evadir-se da responsabilidade de satisfazer as necessidades maritais do outro cônjuge é expor o casamento às tentações de Satanás no campo do adultério (v. 5). O casamento é uma barreira para a onda de fornicação (relações sexuais fora do casamento).
Menos de 5 anos depois, por volta do ano 55, Paulo afirma categoricamente “à igreja de Deus que está em Corinto” que “nem imorais [ou libertinos, ou impudicos, ou devassos] nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos [ou efeminados, como está na EP, CNBB e TEB, ou depravados, como está na BJ] ou “ativos” [ou sodomitas, como está na ERA, CNBB e EP, ou pederastas, como está na TEB ou “pessoas de costumes infames”, como está na BJ], nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus” (1 Co 6.9,10, NVI). Pouco mais adiante, no mesmo capítulo, aconselha-os: “Fujam da imoralidade sexual” (6.18, NVI). A ordem é fugir do “pecado sexual”, ou da “devassidão”, ou da “prostituição”, ou da “fornicação”, como querem outras versões, e não se aproximar dela ou deixar que ela se aproxime deles, porque “o nosso corpo não existe para praticar a imoralidade, mas para servir ao Senhor” (6.13, NTLH). Além do mais, Paulo quer que os coríntios saibam que o corpo deles “é o santuário do Espírito Santo” (6.19). Porque a cultura de Corinto era acentuadamente libidinosa, é nesta epístola que Paulo mais fala sobre as distorções sexuais. Noutra exortação, por exemplo, ele tenta criar neles o temor do Senhor nessa área: “Não pratiquemos imoralidade, como alguns deles fizeram — e num só dia morreram vinte e três mil” (10.8). O apóstolo se reporta à imoralidade sexual cometida ostensivamente pelos israelitas na travessia do deserto, quando as moabitas se ofereceram a eles (Nm 25)”. (Relações sexuais fora da lei. Disponível em: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/284/relacoes-sexuais-fora-da-lei. Acesso em: 14 Maio, 2018)

2. O casamento e o leito sem mácula. As Escrituras ensinam que o casamento é digno de honra (Hb 13.4) e que a união conjugal deve ser respeitada por todos (Mt 19.6). O leito conjugal não pode ser maculado por ninguém. Quem o desonrar não escapará do juízo divino (Hb 13.4b). Aqui a desonra refere-se ao uso do corpo para práticas sexuais ilícitas com ênfase nos casos de relações extraconjugais (1Co 6.10). Inclui também as relações conjugais resultante de divórcios e de segundo casamentos antibíblicos (Mt 19.9). Embora, muitas vezes, os imorais escapem da reprovação humana, não poderão fugir da ira divina (Na 1.3). A práxis da sociedade e a condescendência de muitas igrejas não invalidam a Palavra de Deus. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 8, 20 Maio 18)

Paulo honrou com excelência o matrimônio quando o comparou ao relacionamento entre Cristo e a igreja (Ef 5.22-33). Ele não só cita o texto de Gênesis 2.24, mas adiciona: “Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja” (Ef 5.32). Fica claro que há uma ligação muito íntima e espiritual entre o relacionamento do homem e da mulher com o relacionamento da igreja com Cristo. Não poderia deixar de citar o fato de Paulo ter indicado o celibato (1Co 7.1,8), porém, no mesmo capítulo 7 de Coríntios, ele se preocupou em reafirmar o valor do casamento nos padrões bíblicos. (ULTIMATO).
Leito sem mácula é leito sem mancha, sem contaminação, sem infâmia. As relações sexuais fora do casamento nunca foram aceitas, quer em Israel, quer na Igreja Primitiva, a julgar pela quantidade de leis contra a fornicação e a impureza sexual e pelas leis e exemplos que fortalecem o casamento como instituição para o povo de Deus em todas as épocas. Em Hb 13.14, o autor fala basicamente, sobre sexo. Temos uma clara ordem para honrarmos dois ambientes sexuais intercambiáveis: o matrimônio e o leito sem mácula. Deus julgará os que vivem uma sexualidade oposta ao que deveria ser honrado, ou seja, os que vivem em prostituição e os que vivem em adultério. Podemos perceber, sem muito esforço, que matrimônio é contrastado com prostituição e leito sem mácula, com adultério.
Deus criou o homem (macho) e, posteriormente, a mulher com a finalidade de uni-los, tor­nando-os “uma só carne”. Gênesis 2.24 “enfatiza a completa identificação das duas personalidades no casamento. A passagem nos diz que Deus instituiu o casamento e que este deve ser monogâ­mico e heterossexual, a união completa entre duas pessoas (homem e mulher)” (Charles C. Ryrie, A Bíblia Anotada e Expandida, Editora Mundo Cristão, p.10). Deus reafirma esse padrão em Marcos 10.7-9 e Efésios 5.31. Notem também em 1Coríntios 7.2 a ênfase que Paulo apresenta: “Cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido”. Deus efetivamente excluía a poligamia de qualquer tipo que fosse. A afirmação de Paulo também implica que, uma vez con­sumado o casamento, a união é permanente até que a morte os separe (1Co 7.39-40; Mc 10.7-9).(Sexualidade e Espiritualidade. Disponível em: http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/sexualidade-e-espiritualidade/. Acesso em: 14 Maio, 2018).


   CONCLUSÃO

O sexo e a sexualidade são atos da criação divina e não podem ser tratados como algo pecaminoso e nem como mero elemento de procriação ou fonte de prazer. Cabe ao cristão cumprir o propósito estabelecido por Deus para a sexualidade (Gn 2.24). O desvirtuamento desse padrão implicará punição aos que praticam a imoralidade (Hb 13.4). Portanto, vivamos para a glória de Deus! (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 8, 20 Maio 18)

Sexualidade faz parte do projeto de Deus, e o sexo é bênção de Deus no casamento, expres­são de amor e forma de comunicação – ambos se tornaram uma só carne (Mc 10.8). O que Deus projetou para o homem (Gn 2.24) cumpre-lhe obedecer. O padrão de Deus determina caráter santo e piedoso. O rompimento desse padrão implica punição (Rm 1.26-27). Seja com relação ao ato sexual, ou outra área da vida, melhor é obedecer a Deus que seguir as práticas do mundo (1Jo 2.15-17). Toda atitude sexual que ocorre fora do casamento é considerado como um ato de prostituição. As Escrituras ordenam: “Fugi da prostituição”, e completa: “Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo” (1 Co 6:18). Fuja de toda atitude prostituta, fuja de todo ato sexual que acontece fora do matrimônio.


“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16),
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Maio de 2018


   PARA REFLETIR

A respeito do tema "Ética Cristã e Sexualidade", responda:

• Qual a diferença entre "sexo" e "sexualidade"?
A biologia define "sexo" como um conjunto de características orgânicas que diferenciam o macho da fêmea. Já o termo "sexualidade" representa o conjunto de comportamentos, ações e práticas dos seres humanos que estão relacionados com a busca da satisfação do apetite sexual, seja pela necessidade do prazer ou da procriação da espécie.
• Por que o sexo não pode ser tratado como algo imoral ou indecente?
Sendo criação divina, o sexo não pode ser tratado como algo imoral ou indecente.
• Qual a finalidade primordial do sexo?
A finalidade primordial do ato sexual refere-se à procriação.
• A finalidade do sexo, segundo a Bíblia, é só para procriar?
Não, a satisfação e o prazer conjugal também são finalidades do sexo.
•O que é fornicação?
A fornicação é o contato sexual entre pessoas solteiras, ou seja, não casadas. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 8, 20 Maio 18)