LIÇÕES BÍBLICAS CPAD - ADULTOS
2º Trimestre de 2018
Título: Valores cristãos — Enfrentando as questões morais de nosso tempo
Comentarista: Douglas Baptista
Lição 6
6 de Maio de 2018
Ética Cristã e Suicídio
Texto Áureo
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Verdade Prática
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"O ladrão não vem senão a roubar, a matar e a
destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância." (Jo
10.10)
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O início e o término de nossa vida são
prerrogativas exclusivas de Deus.
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LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Almeida Corrigida e Revisada Fiel
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1 Samuel 31.1-6
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1 OS filisteus, pois, pelejaram contra Israel; e os homens de Israel
fugiram de diante dos filisteus, e caíram mortos na montanha de Gilboa.
2 E os filisteus perseguiram a Saul e a seus filhos; e mataram a
Jônatas, e a Abinadabe, e a Malquisua, filhos de Saul.
3 E a peleja se agravou contra Saul, e os flecheiros o alcançaram; e
muito temeu por causa dos flecheiros.
4 Então disse Saul ao seu pajem de armas: Arranca a tua espada, e
atravessa-me com ela, para que porventura não venham estes incircuncisos, e
me atravessem e escarneçam de mim. Porém o seu pajem de armas não quis,
porque temia muito; então Saul tomou a espada, e se lançou sobre ela.
5 Vendo, pois, o seu pajem de armas que Saul já era morto, também ele
se lançou sobre a sua espada, e morreu com ele.
6 Assim faleceu Saul, e seus três filhos, e o seu pajem de armas, e
também todos os seus homens morreram juntamente naquele dia.
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Comentário
INTRODUÇÃO
A expressão "suicídio" vem do Latim sui
(a si mesmo) e caedere (matar, cortar) que significa "matar a si
mesmo", também conhecida como "morte autoinfligida". Essa
prática tem sido um mal silencioso e o índice de pessoas que se suicidam vem
crescendo assustadoramente. Nesta lição, estudaremos o suicídio nas Escrituras
e no mundo, seus tipos e o posicionamento cristão quanto ao tema. (LB CPAD, 2º
Trim 2018, Lição 6, 6 Maio 18)
“O termo suicídio foi utilizado pela primeira vez em 1737 por
Desfontaines, cujo significado tem origem no latim, na junção das palavras sui
(si mesmo) e caederes (acção de matar), ou seja, é um ato que consiste em pôr
fim intencionalmente à própria vida”. (Dicionário inFormal)
“Em alguns idiomas, como o inglês, o verbo suicidar(-se) não existe: uma
pessoa commits suicide, ou seja, comete suicídio. Moralmente errado, mas
etimologicamente correto.” (Dicionário Etimológico)
Este é um tema atualíssimo e cheio de controvérsia
no meio cristão evangélico, dado algumas posições distintas quanto à salvação
do suicida. Uma lição apenas não será suficiente para elucidar a questão, primeiro
por que esta é uma questão muito difícil para se responder com certeza; Na
realidade, ela possa ser respondida com absoluta certeza. Assim, embora
possamos fazer alguns esforços para determinar a condição espiritual da pessoa,
no final das contas é o juízo final de Deus sobre a alma de uma pessoa.
Segundo, algumas linhas teológicas acreditam que o suicídio seja um pecado
imperdoável e nos Evangelhos lemos que o pecado imperdoável é blasfemar contra
o Espírito Santo (Lc 12.10). Em essência temos, então, quatro posições: (1) Todo aquele que comete suicídio, sob qualquer
circunstância, vai para o inferno (posição Católica Tradicional); (2) Um
cristão nunca chega a cometer suicídio, porque Deus impediria; (3) Um
cristão pode cometer suicídio, mas perderá sua salvação, e (4) Um
cristão pode cometer suicídio, sem que necessariamente perca sua salvação. Vale, ainda, afirmar que o sacrifício de Cristo
na cruz perdoou todos os nossos pecados: passados, presentes e futuros (Cl 2.13-14,
Hb 10.11-18). Assim, concluímos que dependendo da corrente teológica defendida,
quanto à segurança da salvação, um cristão defenderá a condenação ao inferno do
suicida (Arminianos) ou que, mesmo tirando a própria vida, sua salvação estará
garantida, porque esta não se perde jamais (Reformados). O que é certo
afirmarmos convictamente é que Deus é o autor da vida e não está dentro dos
nossos direitos acabar com qualquer vida, até mesmo a nossa. E como a lição
trata de ética cristã, devemos tratar esse assunto com muito temor e amor,
muitos irmãos na fé foram atingidos por essa tragédia em suas famílias, e
muitas vezes temos sido cruéis com estes ao tratarmos do tema, afirmando
convictamente sobre um fato não estabelecido de forma definitiva. Agostinho
tinha razão ao dizer: “Naquilo que é
essencial, unidade; naquilo que é duvidoso, liberdade; e em todas as coisas,
caridade”. Dito isto, convido-o a pensarmos maduramente a fé cristã!
TÓPICO l - O SUICÍDIO NAS ESCRITURAS E NO
MUNDO
As Escrituras registram seis casos de suicídio:
cinco no Antigo Testamento e um no Novo. Em situação de conflito, homens se
desesperam e tiram a própria vida no mundo todo.
1. No Antigo Testamento. A história de Sansão mostra que a tarefa dele era a de derrotar os
filisteus (Jz 13.5). Mas ele revelou o segredo de sua força e foi preso.
Decidido a cumprir sua missão, na festa a Dagon, derrubou o templo sobre si e
seus inimigos (Jz 16.30). Entretanto,
esta ação é vista como sacrifício de guerra e não suicídio. Por isso, Sansão
aparece na lista dos heróis da fé (Hb 11.32-34). Outro registro é o caso de
Saul e de seu escudeiro. O primeiro rei em Israel rejeitou o Senhor e buscou o
ocultismo (l Sm 28.7). Acuado na peleja contra os filisteus, Saul lançou-se
sobre a própria espada e seu auxiliar fez o mesmo (1Sm 31.4,5). O quarto caso
foi o de Aitofel, conselheiro de Absalão, que não suportou ter o seu conselho
rejeitado e se enforcou (2 Sm 17.23). O quinto registro é o do rei Zinri, que
derrotado e apavorado, tirou a própria vida (l Rs 16.18,19). Exceto Sansão,
tais homens, motivados pelo orgulho, escolheram a morte em lugar de confiarem em Deus. Aliás, podemos dizer que Sansão
morreu em combate. (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 6, 6 Maio 18)
Sansão é um tipo de Cristo e não
um suicida. Alguns apontam a morte de Sansão (Jz 16. 29-31) como sendo um
exemplo de um servo de Deus que se suicidou. Mas observo que a posição de
Sansão não pode ser vista como normativa ou até exemplificativa da questão.
Sansão era mais um prisioneiro de guerra, do que qualquer outra coisa. Ele e o
país se achavam em uma situação emergencial de conflito, como descrevem os
capítulos 13 a 16 do livro de Juízes. Vemos, em sua ação, não um suicídio por
desespero, pelo fato de estar cego, mas um ato de um guerreiro que não hesita
em sacrificar sua vida em função de uma grande vitória - o seu brado final
comprova isso (“morra eu com os filisteus!”).
“O exemplo de
Sansão (Jz 16.30) não favorece o suicídio (autocheiria), porque nas ruínas da
casa que ele derrubou ele se sepultou não menos que os demais. Este foi um
feito singular, perpetrado pela influência extraordinária do Espírito Santo,
como transparece tanto do apóstolo (Hb 11.34), que declara que ele fez isso
pela fé, baseado nas orações que ofereceu a Deus para a obtenção de força
extraordinária para este ato, e no fato de que elas foram ouvidas (Jz 16.28).
Deus aumentou sua força e lhe outorgou o desejado sucesso para que assim ele
fosse um eminente tipo de Cristo, que causa grande destruição de seus inimigos
por meio de sua morte e que quebra o jugo tirânico posto no pescoço de seu
povo. Finalmente, o desígnio não visava simplesmente a uma vingança privada,
mas à vindicação da glória de Deus, da religião e do povo, visto que ele era
uma pessoa pública e levantada por Deus dentro o povo como vingador.” (O Suicídio e o sexto mandamento: “Não Matarás”.
Disponível em: https://bereianos.blogspot.com.br/2012/11/o-suicidio-e-o-sexto-mandamento-nao.html Acesso: em: 29 Abr, 2018)
Sobre Saul temos um
problema: o texto de 1 Samuel 31 diz que o rei Saul suicidou-se, caindo sobre a
sua espada, mas 2 Samuel 1 registra que ele foi morto por um amalequita. Mas
seguindo a maioria dos estudiosos que apontam para o suicídio como relato
verídico, Saul não é exemplo de homem temente à Deus, está mais para a semente
de Satanás. Agostinho declara corretamente que Saul “certamente era réprobo”
(Cidade de Deus, 17.6). Como primeiro rei de Israel, a iniqüidade de Saul é
especialmente evidente em seus pecados contra o reino de Deus.
O sanguinário Rei Zinri
morre violentamente como viveu, sete dias depois de assumir o trono de Israel. Conforme
a narrativa de 1 Rs 16,15, Zinri começou a reinar no ano 27 de Asa, e reinou
apenas uma semana.