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A
CPAD publicou uma ERRATA relativa a lição 3 de adultos referente à diagramação
da Revista feita pela Editora. O problema está nos dois últimos pontos do
terceiro tópico, são os mesmos da lição 3 da revista do trimestre passado.
Este comentário está com o conteúdo correto.
Lição 3
21 de Janeiro de 2018
A Superioridade de Jesus em
relação a Moisés
Comentário
INTRODUÇÃO
O autor dá
início ao capítulo três fazendo um contraste entre Moisés e Cristo. Ele estava
consciente da grande estima que seus compatriotas tinham pela figura do grande
legislador hebreu, Moisés. Em nenhum momento desse contraste o autor deprecia a
pessoa de Moisés, mas sempre o coloca como um homem fiel a Deus na execução de
sua obra. Entretanto, mesmo tendo assumido a grande missão de conduzir o povo
rumo à Terra Prometida, Moisés não poderia se equiparar a Jesus, o Autor da
nossa fé. O contraste entre Moisés e Cristo é bem definido: Moisés é visto como
um administrador da casa, Jesus como Edificador; Moisés é retratado como servo,
Jesus como Filho; Moisés foi enviado em uma missão terrena, Jesus numa missão
celestial, eterna. (LB CPAD, 1º Trim 2018, Lição 3, 21 jan 18)
Como já exposto nas lições
anteriores, os crentes hebreus estavam enfrentando um esfriamento na fé e pensando
em abandonar a fé voltando ao judaísmo. Numa época de intensa perseguição e dificuldade para os
cristãos “… Naquele dia, levantou-se
grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos,
foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria” (At 8.1).
“[...]No
capítulo 1 de Hebreus, o autor afirmou que Jesus é superior tanto aos outros
profetas de Deus como aos anjos. Ele continua sua afirmação no capítulo três,
observando que Jesus é superior até mesmo a Moisés! Os judeus tinham muito
respeito por Moisés, porque ele recebeu a velha lei de Deus e o escritor de
Hebreus reconhece sua fidelidade. Mas Jesus é superior até mesmo a Moisés, do
mesmo modo que o construtor de uma casa tem mais honra do que a casa que ele
constrói (3:3), assim como o filho do dono da casa é superior a um servo daquela
casa (3:1-6). De fato, é sua casa! O escritor fala da igreja (3:6- “qual casa
somos nós”; veja também 1 Timóteo 3:15). Mais tarde, no livro, o escritor
estenderá este argumento da superioridade de Jesus, observando que sua aliança
é também superior àquela dada através de Moisés (capítulos 9 e 10).” (DVORAK. Allen, O Livro de Hebreus.
©1996. Estudo Textual: Hebreus 3:1-4:16 Um Descanso Permanece. Disponível em:
https://www.estudosdabiblia.net/hebreus.htm#Hebreus 2:1-18. Acesso em 10 jan,
2018)
“Pelo que, santos irmãos, participantes da vocação celestial, considerai
o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus” (3.1). O autor
utiliza um ‘Imperativo Afirmativo’ – ‘Considerai’, (“julgar; caracterizar determinada coisa”; “fazer julgamentos”; “Não
desprezar; ter em conta”; “Respeitar; demonstrar respeito por”), para
exortar aqueles crentes para que
fixem-se em Jesus; olhem para Jesus. Jesus Cristo é o alvo a ser alcançado, não
deveriam olhar para trás. Jesus é superior à Moisés, é o Apóstolo, o enviado e
pontífice da fé que professamos; Ele é o Sumo Sacerdote, Aquele que faz
expiação por nós, que intercede diante de Deus em nosso favor. Julguem, não
desprezem, demonstrem respeito por Aquele que cumprirá o nosso chamado
“celestial”. Ele nos conduzirá para a glória (Hb 2.10). Vamos pensar maduramente a fé
cristã?
TÓPICO l - UMA TAREFA SUPERIOR
1. Uma vocação superior. O autor introduz a seção vv.1-6 tomando como ponto
de partida o que havia dito anteriormente — Jesus era o autor e mediador da
nossa salvação (Hb 2.14-18). Tomando por base esse conhecimento, seus leitores,
a quem ele chama afetuosamente de irmãos santos, deveriam ficar atentos ao que
seria dito agora (Hb 3.1). Eles não eram apenas um povo nômade pelo deserto
escaldante à procura da Terra Prometida, mas herdeiros de uma vocação
celestial. Eles deveriam se lembrar de quem os fez aptos e idôneos dessa
vocação. Nesse aspecto, os leitores de Hebreus não deveriam ter dúvida alguma
de que Jesus, como Aquele que os conduzia ao destino eterno, era em tudo
superior a Moisés, a quem coube a missão de conduzir o povo à Canaã terrena. (LB
CPAD, 1º Trim 2018, Lição 3, 21 jan 18)
Moisés foi o líder durante toda a
peregrinação de Israel no deserto por 40 anos. Nos relatos de Êxodo e
Deuteronômio podemos ver a dureza de coração e a incredulidade do povo de
Israel, que mesmo experimentado portentosas demonstrações de poder de Yahweh,
quando graciosamente foram libertos sob Moisés, com sinais e prodígios (pragas
e abertura do Mar Vermelho), não hesitavam em olhar para traz e pecar contra
Deus. Moisés liderou esse povo de ‘dura cerviz’ ao Monte Sinai onde Deus lhes
deu a Lei com grandes demonstrações de poder (fogo, trovões, sonido), e do
Sinai, levou-os à entrada da terra prometida. O autor da carta aos Hebreus destaca
a fidelidade de Moisés na condução do povo bem como para com Deus, mas como
servo. Agora, ele nos faz ver que Cristo é superior a Moisés, porque ele é
Filho, o Filho de Deus, o Criador de todas as coisas. O Novo Testamento está
recheado de referências falando sobre que Cristo é efetivamente Filho de Deus.
Aliás, ele é o Filho Unigênito de Deus em essência, porque não foi gerado por
um homem, mas pelo Espírito Santo de Deus.
“DA ESPERANÇA
ATÉ O FIM. O evangelho nos ensina que somos salvo em esperança, e isso nos faz
olhar para o futuro e com plena fé ter a certeza que Cristo nos levará para si
mesmo (João 14:2-3). O segredo não está em simplesmente levantar a mão
aceitando a Cristo como Salvador, mas sim, em tê-lo aceito como Senhor, porque
quem aceita a Cristo como Senhor, não faz mais a sua própria vontade, mas a
vontade soberana de Deus.” (COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO Versículo Por Versículo, Hebreus
3.6. Disponível em: http://comentarionovotestamento.blogspot.com.br/2017/03/hebreus-36.html.
Acesso em 6 jan, 2018)
2. Uma missão superior. O autor pela primeira vez usa a palavra apóstolo em
relação a Jesus (Hb 3.1). A palavra apóstolo se refere a alguém que é
comissionado como um representante autorizado. Não havia dúvida de que Moisés
havia sido um enviado de Deus em uma missão, todavia, ele não foi o
"apóstolo da grande salvação". A missão de Moisés foi tirar o povo de
dentro do Egito e conduzi-lo à Terra Prometida, mas a missão de Jesus é a de
conduzir a Igreja à Canaã celestial. A missão mosaica era daqui, a Canaã
terrena; a missão de Jesus possuía uma vocação celestial. Cristo não foi apenas
um enviado em uma missão, mas acima de tudo, o apóstolo da nossa confissão,
alguém com autoridade na missão de nos conduzir ao destino eterno. (LB CPAD, 1º
Trim 2018, Lição 3, 21 jan 18)
O capítulo três começa chamando
nossa atenção para os papéis de Jesus como Apóstolo e Sumo Sacerdote. Apóstolo
é uma palavra grega que significa aquele
que é enviado, mensageiro ou embaixador. Aquele que representa a quem o enviou.
Este título é aplicado a Cristo somente neste lugar no Novo Testamento, e
enfatiza o fiel cumprimento da missão que o Pai lhe deu (veja o versículo 2;
10.5-16; Jo 6.38). O capítulo 4 termina encorajando o cristão a conservar-se
firme na sua confissão e apelar para seu Sumo Sacerdote, por auxílio no tempo
da necessidade (4:14-16).
“Com
referência a Nm 12.7Moisés e Cristo são comparados quanto à finalidade e
contrastados quanto à honra. Embora privilegiado para falar face a face com
Deus e ver a sua forma (Nm 12.8), Moisés era apenas um ‘servo’ na casa de Deus (v. 5). Cristo, porém, como agente da
Criação (1.2,10), merece a honra como o Construtor divino de todas as coisas e
‘como Filho, em sua casa’ (v. 6).” (Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri, Cultura
Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. Nota textual Hebreus 3.2-6. Pág.
1466.)
Assim, é garantida nossa
chegada à Canaã Celestial, pois Cristo não foi apenas o enviado com uma missão,
mas o enviado para a religião cristã! ‘Confissão’ em 3.1 é uma metonímia, a
coisa professada, isto é, Jesus a quem professamos. Hebreus 4.14 tem um uso
semelhante da palavra, porque os leitores são ordenados a conservarem firme a
sua confissão, mais uma vez com referência a Jesus como Sumo Sacerdote.
3. Uma mediação superior. Depois de afirmar que Jesus era "o
apóstolo", o autor também diz que Ele é o "sumo sacerdote da nossa
confissão". Jesus era superior a Moisés, não apenas em relação à missão,
mas também em relação à função que exercia. O autor fará um contraste mais
detalhado entre o sacerdócio de Cristo e o araônico mais adiante, mas aqui os
crentes deveriam ter em mente que a mediação de Jesus era em tudo superior ao
sistema mosaico e levítico. Cristo era o mediador da nossa confissão. A palavra
"confissão" traduz o termo original homoiogia, que tem o sentido
primeiro de "concordância". Quando confessamos Jesus como Salvador,
concordamos que Ele em tudo tem a primazia. Ele é o Senhor. Ele é maior do que
tudo e do que todos; Ele, e somente Ele, é a razão do nosso viver. (LB CPAD, 1º
Trim 2018, Lição 3, 21 jan 18)
O autor chama a Cristo de Sumo
Sacerdote e o compara ao sumo sacerdote judeu, por ter se oferecido a si mesmo
como o sacrifício pelos pecados (Hb 9.7, 11, 12). Cristo é Sumo Sacerdote de
acordo com a ordem de Melquisedeque, (Cap. 5 e 6), e no capítulo 7, o autor explica
por que Jesus não pertence à ordem Aarônica e sim à ordem segundo Melquisedeque.
O Antigo Testamento esclarece o ofício de um sumo sacerdote como representante
dos homens, entrando na presença do Senhor para oferecer sangue em benefício
dos pecadores.
“De
conformidade com o propósito do escritor de Hebreus, Jesus é apresentado como
um sumo sacerdote superior aos sacerdotes levitas. Os sumos sacerdotes do Velho
Testamento, oferecendo sangue pelos pecados do povo, eram, eles mesmos,
realmente pecadores (Hb 5.1-3; 7.26-27). Antes que o sumo sacerdote pudesse
fazer intercessão pelo povo no Dia da Expiação, ele tinha que oferecer um
novilho pelos seus próprios pecados. Jesus, contudo, ainda que tentado, era sem
pecado (Hb 2.18;4.15;7.26). Ainda mais, Jesus não fica impedido pela morte em
seu serviço como sumo sacerdote. Os sacerdotes do Velho Testamento, sendo
homens, morriam e o serviço de sumo sacerdote era passado ao próximo homem
apontado pelo mandamento da Lei de Moisés. Jesus vive para sempre e é assim
capaz de continuar com seu serviço sacerdotal tanto tempo quanto for necessário
(Hb 7.23-25). Até mesmo o local do seu serviço é superior, sendo um tabernáculo
celestial em vez de um físico. Jesus pode entrar na presença de Deus sem uma
nuvem de incenso para protegê-lo porque ele não tem pecado. Obviamente, o
serviço sacerdotal de Jesus é superior em outro ponto importantíssimo. Jesus
não ofereceu diante de Deus o sangue de um animal, um sacrifício inadequado
para o perdão (Hb 10.4). Em vez disso, ele ofereceu seu próprio sangue, assim
tornando-se tanto o sacerdote como o sacrifício (Hb 9.11-12, 28)! Pelo fato de seu
sacrifício ter sido adequado para o perdão dos pecados, precisou ser feito
somente uma vez, em contraste com os sacrifícios dos sacerdotes do Velho
Testamento, que eram oferecidos ano após ano (Hb 9.12,24-28;10.10-14). No
tabernáculo e no templo do Velho Testamento, somente o sumo sacerdote podia
entrar no Santo dos Santos, uma vez por ano, sempre com sangue como oferenda
pelo pecado. Agora, contudo, o caminho para o Santo dos Santos celestial está
aberto por causa da obra sacrifical de Jesus. Deus mostrou o significado da
morte de Jesus rasgando o véu que separava o Santo dos Santos do Santo Lugar
quando Jesus morreu (Mt 27.51). O privilégio de entrar e habitar na presença de
Deus no céu está disponível a todos através do sangue de Jesus Cristo (Hb 10.19-22).
Assim como Jesus em sua pureza entrou na presença de Deus, também podemos
entrar na presença de Deus purificados pelo sangue de Jesus Cristo. Deus seja
louvado por esta maravilhosa esperança!”
((DVORAK. Allen,
Jesus: Perfeito Sumo Sacerdote. Disponível em: https://www.estudosdabiblia.net/d48.htm. Acesso em 6 jan, 2018)
TÓPICO II - UMA AUTORIDADE SUPERIOR
1. Construtor, não apenas administrador. O autor destaca que tanto Moisés como Jesus foram
fiéis na "casa de Deus" (Hb 3.2). Eles foram fiéis na missão que lhes
foram confiada. Isso mostra o apreço que o autor possuía pelo legislador
hebreu. Todavia, ao se referir a Jesus, o autor usa a palavra grega aksioô,
traduzida como "digno", "valor", "mérito". Duas
coisas precisam ser destacadas no uso desse vocábulo pelo autor. Primeiramente
ele quer mostrar que o mérito de Jesus era maior do que o de Moisés. Nosso
Senhor era o construtor do edifício, da casa de Deus, e não apenas o mordomo,
como fora Moisés. Os crentes precisavam enxergar isso e, assim, valorizarem
mais a sua salvação. Por outro lado, ao usar o pretérito perfeito (tempo verbal
grego), ele demonstra que a glória de Moisés era desvanecente, enquanto a de
Jesus era permanente. (LB CPAD, 1º Trim 2018, Lição 3, 21 jan 18)
A comparação é ressaltada pela
declaração de que aquele que estabeleceu a casa é maior do que a própria casa.
Há duas interpretações para quem seja o ‘construtor’. A primeira afirma que é
Jesus, já que Ele está sendo comparado à Moisés, neste caso, a comparação é entre
Jesus, o edificador da casa, e Moisés, a casa que Ele edificou. Uma segunda
interpretação identifica Deus como o edificador, o que é apoiado pelo v. 4.
“A implicação necessária é que Jesus é o
construtor da casa e, portanto, que ele é divino (v. 4). Este texto indica
tanto a identidade de Crsito como Deus (‘que a estabeleceu’) quanto a sua
distinção pessoal do Pai (v. 6)”. (Bíblia de Estudo de Genebra. São
Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. Nota
textual Hebreus 3.2-6. Pág. 1466.)
Talvez haja aqui a idéia de Jesus
Cristo como Fundador da Sua casa, a igreja. Ainda que, não é o caso fazermos nenhuma
distinção entre o Pai e o Filho aqui, porque é Deus quem funda Sua própria
casa, mas o faz através do Seu Filho.
“Deve ser
notado que a combinação de glória e honra neste versículo corresponde não somente à citação do Salmo 8
em 2.7, como também ao louvor ao Cordeiro pelos seres viventes em Apocalipse
5.12-13 (cf. também Ap 4.9, 11; 7.12). Mesmo assim, no presente versículo
“glória” é aplicada às pessoas e “honra” à casa e ao edificador,
presumivelmente porque “glória” seria uma idéia menos apropriada a aplicar a uma
construção ou ao seu construto.” (GUTHRIE, Donald.Hebreus introdução e comentário – Ed Vida Nova e Mundo
Cristão. Disponível em: https://teologiaediscernimento.files.wordpress.com/2014/08/hebreus-introduc3a7c3a3o-e-comentc3a1rio-donald-guthrie.pdf.
Acesso em 6 jan, 2018)
2. Filho, não apenas servo. O autor sabe da grande estima que Moisés possuía
dentro da comunidade judaico-cristã e por isso é extremamente cuidadoso no uso
das palavras. “E, na verdade, Moisés foi fiel em toda a sua casa, como servo,
para testemunho das coisas que se haviam de anunciar; mas Cristo, como Filho,
sobre a sua própria casa; a qual casa somos nós, se tão somente conservarmos
firme a confiança e a glória da esperança até ao fim” (Hb 3.5,6). Em vez de
usar o termo doulos (servo), vocábulo usado para se referir a um escravo ou
serviçal, ele usa outro vocábulo, therápôn. Essa palavra só aparece aqui no
Novo Testamento e é traduzida como servo ou ministro. A ideia expressa é de um
serviço que é prestado de forma voluntária entre duas pessoas que se relacionam
bem. Assim era Moisés com o seu Deus. Mas o autor deixa claro que esse
relacionamento de Moisés com Deus não podia se equiparar ao de Deus com o seu
Filho, Jesus. (LB CPAD, 1º Trim 2018, Lição 3, 21 jan 18)
Outra linha de argumento agora é introduzida para
reforçar a posição superior de Cristo sobre Moisés — a diferença entre um Filho
e um servo.33 Mais uma vez, a fidelidade de Moisés é enfatizada de uma maneira
que sugere nada mais de que um servo. A palavra traduzida “servo” aqui não é o
teimo usual doulos que é usado
noutras partes do Novo Testamento, mas, sim, therapôn que ocorre somente aqui. Refere-se a um “serviço pessoal
prestado gratuitamente. É uma palavra de mais ternura do que doulos e não subentende as implicações
de servilidade desta última palavra. Mesmo assim, o assistente pessoal não pode
compartilhar da mesma categoria do Filho. No caso de Moisés, o servo tinha uma
tarefa importante a realizar, para dar testemunho do que havia de se seguir.
Noutras palavras, aquilo que Moisés representa na história judaica não é
completo em si mesmo. Apontava para o futuro, para uma revelação mais plena de Deus
num tempo posterior, i.é, diz respeito a coisas que haviam de ser anunciadas,
expressão esta que deve indicar o tempo de Cristo. A missão do servo, por mais
grandiosa que fosse, prepara o caminho para a missão muito maior do Filho.
A fidelidade de Cristo é repetida para ressaltar
sua superioridade à de Moisés, em virtude da Sua Filiação. Como Filho ecoa o
tema principal da parte inicial da Epístola. O escritor está impressionado pelo
pensamento de que nosso Sumo Sacerdote não é outro senão o Filho de Deus. Isto
ficará evidente em vários momentos no desenvolvimento da sua discussão. Para
ele, a Filiação de Jesus acrescenta dignidade incomparável ao ofício
sumo-sacerdotal. (GUTHRIE, Donald. A Carta aos
Hebreus - Introdução e Comentário por - Sociedade Religiosa Edições Vida Nova e
Associação Religiosa Editora Mundo Cristão. Disponível em: https://teologiaediscernimento.files.wordpress.com/2014/08/hebreus-introduc3a7c3a3o-e-comentc3a1rio-donald-guthrie.pdf.
Acesso em 6 jan, 2018).
3. Uma igreja, não apenas tabernáculo. Alguns autores entendem que a expressão “casa de
Deus” usada em relação a Moisés pode se referir ao tabernáculo como centro do
culto mosaico no deserto, enquanto outros veem como uma referência à antiga
congregação do povo de Deus do êxodo. Em todo caso, a ideia gira em torno do
povo de Deus que adora na Antiga Aliança. Moisés foi um ministro de Deus no
culto da congregação do deserto. Mas Jesus, como Filho é o ministro da Igreja,
o povo de Deus na Nova Aliança, “a qual casa somos nós” (Hb 3.6). (LB CPAD, 1º
Trim 2018, Lição 3, 21 jan 18)
Enquanto ainda pensa na casa de Deus, fica sendo
mais específico e identifica seus leitores com a casa, mas estabelece uma
condição ao assim fazer: se guardamos firme até ao fim a ousadia e a exultação
da esperança. As declarações condicionais nesta Epístola são significantes. O
escritor deseja tomar claro que somente aqueles que são coerentes com aquilo
que professam têm qualquer direito de fazer parte da “casa”. A palavra
traduzida “ousadia” ou “confiança” (parrèsia)
é outra idéia característica nesta Epístola. Aqui a implicação é que temos uma
certeza sólida à qual podemos apegar-nos. A palavra neotestamentária para “esperança” é muito mais enfática do que
o uso normal em português, onde quase não significa mais do que um piedoso
desejo que talvez não tenha base real nos fatos. Tal tipo de esperança
dificilmente forneceria uma base satisfatória para a exultação. Ninguém vai
exultar numa coisa que não tem certeza de que irá acontecer. O escritor está
suficientemente convicto da certeza da esperança cristã para usar uma expressão
enfática (tokauchéma, jactância
exultante) para descrever a atitude do cristão para com ela. Vale notar que a
ousadia da qual aqui se fala é referida outra vez no fim da discussão teológica
e no começo da aplicação (cf. 10.19). A mesma idéia de “guardar firme” que é
usada aqui ocorre lá na forma de uma exortação. (GUTHRIE, Donald. A Carta aos Hebreus - Introdução
e Comentário por - Sociedade Religiosa Edições Vida Nova e Associação Religiosa
Editora Mundo Cristão. Disponível em: https://teologiaediscernimento.files.wordpress.com/2014/08/hebreus-introduc3a7c3a3o-e-comentc3a1rio-donald-guthrie.pdf.
Acesso em 6 jan, 2018).
TÓPICO III - UM DISCURSO SUPERIOR
1. O perigo de ouvir, mas não atender. Seguindo a redação da Septuaginta (tradução grega
da Bíblia Hebraica), o autor cita o Salmo 95.7-11 para trazer uma série de advertências.
Se o povo de Deus no Antigo Pacto precisou ser exortado, maior exortação
precisava os que tinham maiores promessas. Primeiramente havia o perigo de
ouvir e não atender (Hb 3.7,8). No passado, o povo de Deus tinha ouvido a
mensagem divina; entendido, mas não atendido! O mesmo erro estava se repetindo.
O Espírito Santo, falando profeticamente pela boca do salmista, advertia os o
leitores para que seus corações não se endurecessem. É um apelo atual, porque o
povo de Deus muitas vezes demonstra ser tardio para ouvir. (LB CPAD, 1º Trim
2018, Lição 3, 21 jan 18)
O autor agora cita o Salmo
95.7-11 e passa a usar numerosas citações e alusões breves a fim de permanecer
dentro do alvo de sua exposição e advertir para ‘não endurecer o coração’. o
Salmo 95.7 diz: “pois ele é o nosso Deus,
e nós somos o povo do seu pastoreio, o rebanho que ele conduz” que se
enquadra bem no conceito cristão da igreja como o rebanho de Deus. Mas a
exortação subseqüente contra a imitação do exemplo dos israelitas introduz uma
nota severa de advertência.
2. O perigo de ver, mas não crer. "[...] E viram, por quarenta anos, as minhas
obras" (Hb 3.9). Erra quem pensa que só acredita quem vê. Parece que quem
muito vê, menos acredita. Acaba ficando acostumado com o sobrenatural. Para
algumas pessoas o sobrenatural se "naturaliza". É exatamente isso que
aconteceu no deserto e era especificamente isso que acontecera com a comunidade
dos primeiros leitores de Hebreus. Tanto Moisés como Jesus foram poderosos em
obras, mas isso não era suficiente para segurar os crentes. É preocupante
quando o cristão se acostuma com o sobrenatural e nada mais parece impactá-lo
ou sensibilizá-lo. (LB CPAD, 1º Trim 2018, Lição 3, 21 jan 18)
No texto de 3.9 temos uma
descrição da desobediência de Israel para lembra-nos contra a doção de uma
atitude fixa de desobediência a Deus.
“Estas foram
duas ocasiões clássicas que se destacam na história de Israel como ocorrências
de rebelião contra Deus. A palavra usada para rebelião (parapikrasmos) ocorre
no Novo Testamento somente aqui e no v. 15, e vem da raiz pikros (“amargo”);
pode ter sido sugerida pelo incidente em Meribá, onde a água foi achada amarga.
Parece ter sua origem na própria Septuaginta, para expressar de modo deliberado
a provocação contra Deus. Deve ser distinguida da palavra paralela em SI 95.10
(ARA desgostado), que significa “ter nojo de, aborrecer,” MM).” (GUTHRIE, Donald.Hebreus introdução e comentário –
Ed Vida Nova e Mundo Cristão. Disponível em:
https://teologiaediscernimento.files.wordpress.com/2014/08/hebreus-introduc3a7c3a3o-e-comentc3a1rio-donald-guthrie.pdf.
Acesso em 6 jan, 2018)
“E o Senhor disse a Moisés: ‘Até quando este povo me tratará com pouco
caso? Até quando se recusará a crer em mim, apesar de todos os sinais que
realizei entre eles? Eu os ferirei com praga e os destruirei…” (Nm 14.11-12).
Deus estava realizando no meio dos israelitas diversos sinais miraculosos,
desde que os tirou do Egito, e, mesmo assim, eles duvidaram do poder de Deus de
conduzi-los à Canaã. Em consequência da incredulidade, infidelidade e
desobediência do povo, Deus fez com que eles levassem 40 anos para atravessar o
deserto, até que aquela geração que saiu do Egito perecesse. Por causa da sua
incredulidade, apenas dois entraram na Terra Prometida: Calebe e Josué. Isso
nos serve de lição: Não devemos duvidar da fidelidade e do poder de Deus.
3. O perigo de começar, mas não terminar. "Estes sempre erram em seu coração e não
conheceram os meus caminhos" (Hb 3.10b). Com essas palavras o autor mostra
o perigo de começar, mas não chegar; de andar, mas se desviar. Alguns do antigo
povo de Deus haviam começado bem, mas terminado mal. Muitos caíram pelo
caminho, desistiram da estrada. O mesmo risco estava ocorrendo com os cristãos
neotestamentários — haviam começado bem, mas corriam o risco de caírem e
perderem a fé. Esse alerta é para nós hoje! Como está a tua fé? (LB CPAD, 1º
Trim 2018, Lição 3, 21 jan 18)
A ignorância dos caminhos de Deus
naturalmente leva as pessoas a desviar-se deles. O inverso também é verdade,
quando em um estado endurecido de mente torna-se impenetrável à voz de Deus e
leva à ignorância cada vez maior dos Seus caminhos, não porque Deus não os faça
conhecidos, mas, sim, porque a mente endurecida não tem disposição alguma para
escutar. O que era verdadeiro para os israelitas é um comentário sobre todos
aqueles que resistem às reivindicações de Deus. O verdadeiro cristianismo é
demonstrado pela perseverança, pela confiança contínua em Cristo e pela
lealdade para com aquele que é a nossa esperança (cf. Cl 1.27). Não é aquele
que diz que pertence à casa de Deus que é verdadeiramente salvo, mas sim aquele
que permanece crendo até o fim.
CONCLUSÃO
Ao mostrar a
superioridade de Jesus sobre Moisés, o autor da Carta aos Hebreus não
tencionava exaltar o primeiro e desprezar o segundo, mas pôr em relevo a obra
do Calvário, bem como esclarecer como os crentes devem valorizá-la. Ora, se
Moisés que não era divino, que não se deu sacrificalmente em lugar de ninguém,
merecia ser ouvido, então por que Jesus, o Filho do Deus bendito, Senhor da
Igreja e superior aos anjos, não merecia reconhecimento ainda maior? (LB CPAD,
1º Trim 2018, Lição 3, 21 jan 18)
Para concluir, quero ir um pouco
mais longe do que o fechamento do comentarista. Gostaria de refletir em Números
20, a partir do versículo 8, e aplicar as lições do deserto de Zim, para
entendermos ainda melhor a superioridade de Cristo em relação à Moisés. Depois
de muitas lutas e sofrimentos, Moisés não pôde entrar na terra prometida, e o
motivo foi a sua desobediência e, pasmem, sua falta de fé (Nm 20.12; Dt 32.51).
A ordem era falar à rocha e não feri-la. Aquela rocha era um símbolo de Jesus;
no sermão da montanha, Jesus é a rocha sobre a qual o homem prudente edifica
sua casa (Mt 7.24-25). Moisés acabou extrapolando sua autoridade e tomou para
ele a glória da água da rocha, porque ele disse ao povo: “Porventura tiraremos
água desta rocha para vós?” Com esta
expressão egoísta (“tiraremos”), e uma dúvida (“porventura”), temos uma
ausência total da glória devida a Deus! Por tudo isto, o Filho é superior ao
servo – apesar de ferido, injuriado, injustiçado, deu-se sacrificialmente em
lugar do povo...
“... corramos, com perseverança, a
carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da
fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2),
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Janeiro de 2018