LIÇÕES
BÍBLICAS CPAD
JOVENS
3º Trimestre de 2017
Título: Tempo para todas as coisas — Aproveitando as
oportunidades que Deus nos dá
Comentarista: Reynaldo Odilo
Material de apoio gratuito aos professores e alunos de escola dominical
que utilizam as revistas da CPAD
Lição 9: Hedonismo, um perigo do nosso tempo
Data: 27 de Agosto de 2017
TEXTO DO DIA
“Disse eu no meu coração: Ora,
vem, eu te provarei com a alegria; portanto, goza o prazer; mas eis que também
isso era vaidade” (Ec 2.1).
SÍNTESE
A cultura da busca incessante
pelo prazer (hedonismo) retrata, precisamente, a situação da sociedade
contemporânea.
AGENDA DE LEITURA
Segunda — Lc 17.26-28 - O prazer como o bem supremo
Terça — 2Pe 2.13 - O prazer como finalidade da vida
Quarta — Pv 21.17 - Os prazeres
Quinta — Ec 2.1 - Cedendo ao prazer
Sexta — Hb 11.25 - Desprezando o prazer
Sábado — Sl 1.2 - O prazer do justo
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá
estar apto a:
- EXPLICAR o conceito, as origens e as consequências da cosmovisão chamada hedonismo;
- IDENTIFICAR as obras da carne no hedonismo;
- COMPREENDER a resposta cristã ao hedonismo, tanto do ponto de vista intelectual, como comportamental.
TEXTO BÍBLICO
2 Timóteo
3.1-5.
1 Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos
trabalhosos;
2 porque haverá homens amantes de si mesmos,
avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães,
ingratos, profanos,
3 sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores,
incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons,
4 traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos
deleites do que amigos de Deus,
5 tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia
dela. Destes afasta-te.
COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
Uma das sete maravilhas do mundo
antigo era o templo da deusa Diana, em Éfeso, lugar para onde afluíam muitas
pessoas para participar das famosas orgias da festa da “deusa da volúpia”. A
adoração acontecia através de relações sexuais com as prostitutas cultuais. Foi
para essa cidade que Paulo foi enviado como missionário (At 19). A certa
altura, os comerciantes (que vendiam souvenirs da deusa) revoltaram-se,
motivados pela diminuição dos seus lucros, decorrentes da redução das práticas
religiosas mundanas, posto que Paulo estava revolucionando a cidade, ao levar
muitas pessoas a Cristo (At 19.26). Esse tipo de conflito sempre existirá
quando a cosmovisão judaico-cristã for anunciada, posto que traz em seu bojo um
forte confronto aos valores sociais, impondo um novo padrão comportamental. Em
qualquer ambiente, cristianismo e hedonismo nunca conviverão pacificamente,
como também não há paz entre o espírito e a carne (Gl 5.17).
[O hedonismo é
caracterizado como uma doutrina moral que defende que o único propósito da vida
é a busca pelo prazer. É uma doutrina filosófica-moral que teve origem na
Grécia, e seu fundador foi Aristipo de Cirene, contemporâneo de Sócrates. Em
suas origens, o significado de hedonismo está voltado para a busca egoísta do
prazer passageiro e momentâneo, fato que a tornou símbolo de decadência. Porém,
o significado original do hedonismo como doutrina é a busca da felicidade. Ela
possui dois pontos importantes como base: o prazer e a dor, que segundo
Aristipo eram os dois estados da alma. Ele defendia ainda, que independente da
origem do prazer a sensação é a mesma, por isso, para se alcançar a felicidade,
é preciso aumentar o prazer e diminuir a dor [1]. Paulo em sua terceira viagem missionária, na cidade de
Éfeso, encontra uma grande oportunidade para pregação do Evangelho. Éfeso era
uma cidade que abraçava a idolatria e o ocultismo (At 19.19), sua economia
dependia do forte comércio,porque era rota obrigatório entre o Oriente e o
Ocidente, e disto muito se favorecia seus comerciantes. Nela estava erigida uma
das sete maravilhas do mundo antigo, o templo da deusa Ártemis (no texto
original do Novo Testamento os deuses citados pertencem ao panteão grego, nas
nossas traduções utilizamos deuses do panteão latino ou romano equivalente ao
grego. Por esta razão, as traduções para o português utilizam o termo Diana (latino)
ao invés de Ártemis (grego). O mesmo critério observa-se em relação aos deuses:
onde Júpiter (romano) é Zeus (grego); e Mercúrio (romano) é Hermes (grego) (At 14.12).
Este magnífico templo à idolatria, era o orgulho da cidade, através do qual,
muitos se enriqueciam, vendendo suas imagens, fazendo dessa atividade uma fonte
de renda e trabalho (At 19.25). É interessante notar como a idolatria tem
sempre origem irreal e obscura. No caso dos efésios, acreditavam que a imagem da deusa Diana havia
caído do céu (At 19.35). Isto era o suficiente para convencer a multidão que,
naquela pedra havia um poder sobrenatural. Infelizmente, em nossa pátria
brasileira, a situação não é diferente hoje [2]. O tempo passa, mas o engano permanece o mesmo. Onde quer
que se pregue o Evangelho, incomodaremos o império da idolatria.] Dito isto, vamos pensar maduramente a fé
cristã?
I. A CULTURA DO PRAZER
1. O que é o Hedonismo. O hedonismo traduz-se como o jeito de ver a vida
em que se prioriza, acima de tudo, sem limites, a satisfação pessoal, buscando,
ao mesmo tempo, evitar a dor e o sofrimento. Ele defende o prazer como um fim
em si mesmo... o bem supremo. A Bíblia, porém, desmonta essa armadilha ao
afirmar que “necessidade padecerá quem ama os prazeres [...]” (Pv 21.17).
Assim, quem ama o prazer terá falta de prazer, isto é, necessidade. O grande
problema do hedonismo circunscreve-se em divinizar o prazer, transformando-o em
um deus ou, quem sabe, em um demônio, que fará de tudo para conseguir seu
objetivo. A vida, porém, sabe-se, é cheia de sofrimentos, muitos deles
necessários. Somos criaturas caídas, precisamos muitas vezes sofrer para nos
separar de nossos hábitos errados, das nossas noções erradas e dos ídolos para
os quais vivemos, para que nossos corações sejam livres para amar a Deus. [O grande problema do hedonismo não circunscreve-se em divinizar o
prazer, mas sim, está na insaciabilidade da natureza humana, que sempre buscará
mais e mais satisfazer suas vontades, acostumada à ideia de que a felicidade
decorre do desprezo à ideia de disciplina e auto-controle. O homem precisa viver
com equilíbrio, em tudo sendo moderado a fim de que o nome do Senhor seja
exaltado mediante suas ações. Aliás, Epicuro não equiparou o termo hedonismo
com indulgência desenfreada, como fazemos hoje. Ele instava a moderação e até o
asceticismo, com base em que a maioria dos prazeres traz por conseqüência a dor
(como beber demais). A principal característica de sua moralidade era que não
estava baseada em padrão transcendente do bem; mas em nossa preferência natural
por certas sensações. Atualmente, o significado popular de hedonismo é a busca
pelo prazer e indiferença moral. Em 1 Timóteo 3.4 Paulo advertiu que nos
últimos dias os homens seriam “mais amigos dos prazeres que amigo de Deus”,
Certamente estamos nestes dias. Maria Lúcia de Arruda Aranha, em seu livro “Temas de Filosofia”, pensando o termo para
as saciedades modernas, escreve: “Em um sentido bem genérico, podemos dizer que
a civilização contemporânea é hedonista quando identifica a felicidade com a
aquisição de bens de consumo: ter uma bela casa, carro, boas roupas, boa comida,
múltiplas experiências sexuais. E, também, na incapacidade de tolerar qualquer
desconforto, seja uma simples dor de cabeça, seja o enfrentamento sereno das
doenças e da morte.” Discorrendo sobre a doutrina de Hume, afirma David Walter
Hamlyn, em sua obra “Uma História da Filosofia Ocidental”: “Dessa maneira, como
outros filósofos de seu tempo, Hume tinha uma teoria de sentimentos morais, que
se radica na natureza do homem. Hume foi simultaneamente hedonista e
utilitarista, no sentido em que considerava prazer e dor como condicionadores
de ação e sustentava que nossa estimativa do certo ou errado de uma ação é
função da extensão em que acreditamos que tal ação ocasiona felicidade ou
prazer.” [3]]
[3] O texto entre aspas foi retirado de: http://www.etimologista.com/2012/02/o-que-e-ser-hedonista.html
2. As origens do Hedonismo. A busca incontrolável pelo prazer, como o objetivo
maior da própria vida, que demonstra o caráter vão do homem sem Deus, existe
desde os primórdios da humanidade, como se observa nos casos da bigamia de
Lameque e Esaú (Gn 4.23; 26.34), da orgia dos idólatras (Êx 32.6), da
fornicação coletiva dos judeus (Nm 25.1-3), da insaciabilidade de Salomão (Ec
2.10), etc. Como consequência, o fim de cada um deles não foi bom, pois está
escrito que “o homem vão cava o mal” (Pv 16.27). Como pensamento filosófico,
entretanto, o hedonismo foi organizado na Grécia, e seu maior arauto foi
Aristipo de Cirene (435-335 a.C.). Com o passar do tempo, a teoria hedonista
foi absorvida, total ou parcialmente, por outros pensamentos filosóficos, com destaque
especial ao epicurismo e ao utilitarismo. Importante dizer, porém, que Deus
nunca chancelou a tese que coloca o prazer ou a felicidade como prioridade,
motivo pelo qual é possível afirmar que todo hedonista é idólatra, pois elege o
prazer como o bem supremo da vida — a mesma coisa que faz o avarento, em
relação ao dinheiro —, lugar esse que deve pertencer ao Senhor.
[O ser humano, em todas
as épocas, aplicou conceitos distintos à felicidade e ao prazer. “O importante
é ser feliz”; “Não importa o preço a pagar, o importante é que o prazer seja
satisfeito”, dizem. Deste modo, ao longo da História, inúmeras variações foram
usadas pelo ser humano para a busca do prazer: o erotismo, a ética, as lutas
políticas, as guerras religiosas, etc. Hedonismo é a “filosofia do prazer”. Seu
principal representante na Grécia antiga foi Epicuro. Por isso os hedonistas
são também chamados epicureus (Durante o período em que permaneceu pregando o
evangelho em Atenas, o apóstolo Paulo foi afrontado por alguns filósofos
epicureus e estóicos – At 17.18). Essa filosofia é referida rapidamente nas
Escrituras, em Rm 16.17 e 18 e em Fp 3.19. Mesmo sem conhecerem o conceito, a
humanidade sempre buscou o prazer por vias erradas.]
3. As consequências do Hedonismo. A vida do hedonista é vazia de significado.
Salomão, depois de prometer a si mesmo “gozar o prazer” (Ec 2.1), satisfazer a
concupiscência dos olhos e realizar seus desejos mais secretos (Ec 2.10); olhou
para as obras de suas mãos e “eis que tudo era vaidade e aflição de espírito e
que proveito nenhum havia debaixo do sol” (Ec 2.11). Se for verdade que tudo
que ocupa o lugar de Deus é um ídolo, então é certo que Salomão idolatrou o
prazer, por algum tempo. Que grande desilusão! Ademais, não fosse suficiente o
sofrimento decorrente dessa crise existencial, o sábio Salomão arrematou
tristemente que “por tudo o dinheiro responde” (Ec 10.19) e, por fim,
abandonando a sabedoria,tornou-se idólatra de deuses estranhos pela influência
de mulheres que supostamente lhe davam prazer (1Rs 11.1-8). O suprassumo da
vida é começar bem e, com Deus, terminar melhor, sem nunca se voltar aos
paradigmas que regem o sistema corrompido deste mundo.
[As consequências
maiores são trágicas: violências sexuais, estupros, prostituição infantil,
concubinato substituindo o casamento sério, honesto, e responsável; incesto,
prostituição e adultério. Tudo isso destrói não só os corpos e a saúde física,
mas também o caráter das pessoas, a começar pela baixa auto-estima. No íntimo
as pessoas viciadas em sexo sabem que são desprezíveis, pois a consciência
moral – característica do ser humano – as acusa (Rm 2.14-15: “Quando os
gentios, que não têm Lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não
tendo eles lei, para si mesmos são lei; os quais mostram a obra da Lei escrita em
seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus
pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os.”). As consequências sociais
são terríveis: as crianças abandonadas pelos pais e mães que não as desejavam,
são presas fáceis dos corruptores de toda espécie. Homens e mulheres que se
entregam aos vícios e a toda espécie de corrupção. Então nos surpreendemos
quando ficamos sabendo do tráfico de toneladas de tóxicos, do tráfico
internacional de mulheres, da pedofilia praticada até por “religiosos”, de
quadrilhas formadas por políticos de todos os níveis, da sociedade consumista
que esbanja imensas quantias em frivolidades, desde as modas até o luxo com
cachorros, consomem fortunas enquanto crianças e jovens vivem e morrem em
extrema miséria. A inversão de valores é o pecado generalizado. Poucos são os
que pensam nos valores morais e espirituais. E sem esses valores reconhecidos e
colocados no topo de todos os valores, a sociedade humana se amesquinha, se
animaliza e se destrói. O progresso das ciências, como a surpreendente
tecnologia de hoje, não está voltada para o bem comum – de todos – mas só para
o conforto e diversão de uma elite.[4]]
Pense!
Será que a pergunta “de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e
perder a sua alma” apresenta coerência com a realidade dos dias atuais?
Ponto Importante
O hedonismo, bem presente em nossos dias, diviniza o prazer,
transformando-o em um deus ou, quem sabe, em um demônio, que fará de tudo para
conseguir seu objetivo.
II. HEDONISMO E AS OBRAS DA CARNE
1. A ideologia de gênero. O hedonismo está na base da ideologia de gênero, a
qual traduz reivindicações políticas que chancelam obras da carne como a
“prostituição, impureza e lascívia” (Gl 5.19). O fundamento dessa nova
ideologia, portanto, são as paixões sensuais que atentam contra o denominado
“instinto de preservação da espécie”, e agridem a santidade de Deus. Os seres
humanos têm a identificação do gênero a partir da definição do código DNA que
Deus determina para cada pessoa. Assim, eventuais alterações anatômicas, no
curso da vida, proporcionadas por cirurgias de mudança de sexo e uso de
hormônios, jamais transformarão homens em mulheres, ou mulheres em homens. A
Bíblia diz que os que viverem segundo a carne morrerão, mas os que, pelo
Espírito, mortificarem as obras do corpo, viverão (Rm 8.13). O bem supremo da
vida não é o prazer, seja ele qual forma tiver, mas desfrutar de íntima
comunhão com Deus, o que produz uma satisfação total, tanto nesta vida quanto
na vindoura. [Em toda história da Igreja Cristã podemos pontuar vários
ensinos contrários ao que a igreja professa. Isso é um fato inegável. O
Cristianismo sempre sofreu oposição ideológica. A Ideologia de Gênero que tem
sido pauta para os últimos debates sócio-educacionais é um assunto que precisa
ser refletido com seriedade pela igreja e não pode ser ignorado, pelo simples
fato de ser uma proposta alteradora do modelo bíblico para a sexualidade
humana, a saber, homem e mulher (Gn 1.26-28). Ao me referir ao discurso
hipermoderno sobre gênero, estabeleço uma ligação própria com a heresia, o
termo usado por heresia é o que a Igreja tem professado no decorrer dos
séculos, uma distorção da verdade declarada nas Escrituras de forma axiomática.
A heresia é um desfoque da fala divina, é uma corrupção do ensino bíblico; e
questão do gênero defendida por correntes psicológicas, antropológicas e
sociológicas é uma distorção clara e confrontadora do que diz a Bíblia a
respeito do homem e da mulher e de seu comportamento sexual[i].[i]
Recomendo ao leitor para aprofundamento do assunto, principalmente para um
alerta sobre a prática de ensino nas escolas sobre a questão gender (gênero), o
site do Observatório Interamericano de Biopolítica que tem discutido de
forma competente sobre o assunto de gênero (http://biopolitica.com.br/)[5]]
2. O aborto. O aborto, aos olhos de Deus, é uma obra da carne
chamada homicídio (Gl 5.21). Há abundantes e irrefutáveis estudos médicos e
bioéticos que demonstram que a vida começa com a fecundação. A partir daí,
qualquer agressão à vida que se desenvolve no ventre materno atentará contra o
mandamento de Deus (Êx 20.13), violará a cláusula pétrea (que não pode ser
mudada) da Constituição Federal do Brasil de 1988, que diz ser inviolável o
direito à vida (art. 5º, caput), e transgredirá o art. 2º do Código Civil
Brasileiro, o qual anui que a lei “...põe a salvo, desde a concepção, os
direitos do nascituro”. Foi o Senhor quem trouxe à existência o ser humano, por
isso Ele é chamado de o “Autor da vida” (At 3.15 — ARA). Deus zela pela
vida do homem desde o início da formação do feto. Está escrito: “Os teus olhos
viram meu corpo ainda informe.[...]” (Sl 139.16). Somente Deus é capaz de
dimensionar o amor que Ele sente por cada pessoa que nasce, obra-prima de Suas
mãos, imagem e semelhança dEle. Por isso, nenhum ser humano pode tirar a vida
de ninguém. [A Bíblia nunca trata especificamente sobre a questão do
aborto. No entanto, há inúmeros ensinamentos nas Escrituras que deixam
muitíssimo clara qual é a visão de Deus sobre o aborto. Jeremias 1:5 nos diz
que Deus nos conhece antes de nos formar no útero. Êxodo 21:22-25 dá a mesma
pena a alguém que comete um homicídio e para quem causa a morte de um bebê no
útero. Isto indica claramente que Deus considera um bebê no útero como um ser
humano tanto quanto um adulto. Para o cristão, o aborto não é uma questão sobre
a qual a mulher tem o direito de escolher. É uma questão de vida ou morte de um
ser humano feito à imagem de Deus (Gênesis 1:26-27; 9:6).[6]]
3. A descriminalização das
drogas. A obra da carne denominada
“bebedices” (Gl 5.21) também tem sua motivação no hedonismo. É a busca pelo
prazer que faz uma pessoa “gastar o seu dinheiro naquilo que não é pão” (Is
55.2). Está escrito: “Não estejas entre os beberrões de vinho... porque o
beberrão...” cairá “em pobreza” (Pv 23.20,21). A ingestão de bebida embriagante
tira da pessoa o bom senso, incutindo-lhe a impressão de que possui um novo
“status” de poder, por provocar-lhe estranhas experiências sensoriais. Esse é o
mesmo processo das drogas ilícitas modernas: maconha, crack, cocaína, LSD,
êxtase, etc. Consumi-las, portanto, é uma obra da carne e, por isso, devem
severamente ser combatidas. Ocorre, porém, que em diversos países do mundo, há
uma onda de liberação da maconha, inclusive no Brasil, mas isso se apresenta
muito perigoso. Os jovens, desprovidos de esperança e sem Deus no mundo, em
busca de novas sensações, experimentarão cada vez mais substâncias
psicotrópicas proibidas que poderão aprisioná-los para sempre e depois
humilhá-los até à morte. [Apesar do sentido pejorativo, o termo “drogas” vem do grego
pharmakeia, e significa farmácia, ou drogaria. Na Bíblia, a palavra está sempre
associada à feitiçaria ou às atividades demoníacas. Há nas Escrituras várias
referências que condenam os vícios e seus funestos resultados (Pv 20.1; 21.7;
31.4; Is 5.22; 28.7; Ef 5.18). Deus condena terminantemente todo tipo de vício,
inclusive as drogas.]
Pense!
Se a sociedade vive “na carne”, não seria justo, do ponto de vista
social, a aprovação de leis liberais que corroborem com “as obras da carne”?
Ponto Importante
“Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo espírito
mortificardes as obras do corpo, vivereis” (Rm 8.13).
III. A COSMOVISÃO JUDAICO-CRISTÃ
1. O corpo como sacrifício vivo
(Rm 12.1). Enquanto o hedonismo segue
transtornando o mundo, ao levar mais jovens à sensualidade, prostituição,
drogas, à libertinagem e a todo o tipo de vícios, Deus oferece um jeito
diferente de enxergar os valores da vida. A isso os apologistas chamam de
cosmovisão (um jeito de ver o mundo) judaico-cristã, que é a síntese de tudo
aquilo que foi ensinado por Deus ao longo de milênios e, benevolentemente,
deixado escrito na Bíblia. O discípulo não leva a cruz sem propósito, pois sabe
o que está fazendo. Ele usa a razão! É bem verdade que alegrias e delícias
desta vida alcançarão os fiéis (Dt 28.1-13), mas elas não se constituem nas
coisas mais importantes, apenas representam timidamente parte das alegrias e
delícias que serão desfrutadas na eternidade. [Uma igreja bem doutrinada, ou seja,
bem ensinada nos princípios bíblicos, gerará necessariamente bons costumes, que
nunca serão impostos ou encarados de maneira legalista. Preceitos bons nascem
de boa pregação, mas pregação doente gera somente crentes doentes e sem a
compressão da Graça de Deus! Ainda o grande teólogo puritano J.I. Packer escreveu:
“Esse ascetismo reacionário ainda
sobrevive em alguns círculos na forma de tabus comunais sobre álcool, tabaco,
teatro, dança, jogos, roupas elegantes, cosméticos e itens similares. Talvez
tenha havido, e haja, boas razões para tais abstinências, em se tratando de
decisão pessoal, mas tabus comunais tendem a entorpecer a consciência, em vez
de avivá-la… O mundanismo foi definido em termos de quebras de tabus, e
identificações de conseqüências mais amplas com os pecados da sociedade
passaram despercebidas… O pietismo separa o mundo em vez de estudá-lo e
procurar mudá-lo; é hostil ao prazer, em vez de agradecido por ele, temeroso de
que o mundo adentre nossos corações montado nas costas do prazer”. [6]]
2. A mente transformada (Rm
12.2). Outro aspecto da cosmovisão
judaico-cristã (que são as lentes através das quais se vê o mundo) é a
necessidade de ter uma “mudança de mente”, do grego metanoia (Rm 12.2). Novos pensamentos que visem
a glória de Deus, para que se compreenda toda a sua vontade.
[Romanos 8.5-11 nos diz
que existe uma luta interior em cada ser humano entre a carne e o espírito.
Vencer o hedonismo é dizer não para as vontades da carne. A vida cristã não
nega o sofrimento, nem a dor, nem as aflições, nem as frustrações e decepções.
Jesus deixou claro que no mundo teríamos aflições, que não estaríamos imunes à
dor, às perdas, às dificuldades dessa vida em quaisquer níveis. Contudo, a vida
cristã também é otimista. Jesus disse que assim como Ele venceu o mundo,
poderíamos ter bom ânimo para enfrentarmos o sofrimento até o fim. A reação
cristã é, portanto, tanto realista quanto otimista. Temos a garantia da sua
presença conosco (Mt 28.20), sabemos que todas as coisas cooperam para o bem
daqueles que amam a Deus (Rm 8.28), que somos guardados pelo seu poder (1Pe 1.5),
que nos aguarda uma herança imarcescível, que não murcha, (1Pe1.4) e que no fim
todas as lágrimas serão definitivamente enxugadas. Portanto, meus irmãos,
devemos reagir ao sofrimento realisticamente, pois ele existe e está presente
na nossa história temporal, mas de maneira otimista podemos enfrentá-lo com
santidade de vida e confiança no Deus Eterno que dirige a nossa história. Deus
nos abençoe. [7]]
3. A contracultura do Reino. Aderindo aos ensinamentos da cosmovisão do
evangelho de Cristo, produzir-se-á uma contracultura aos valores infundidos
pelas heresias perniciosas no seio social. A cultura do prazer (hedonismo),
nisto incluída toda sorte de mazelas egoístas da sociedade contemporânea, dará
lugar ao serviço sacrificial em prol dos menos favorecidos, a quem a Bíblia
chama de “próximo”, à união familiar duradoura, ao desapego (e não cobiça) das
coisas materiais, dentre inúmeros outros benefícios. [“Crente
não bebe, não dança, não fuma, não vai ao cinema, não vai a praia, não assiste
TV, não ouve músicas seculares etc. Assim foi criado um estereótipo do cristão
protestante, especialmente os pentecostais, que ainda permanece na sociedade. O
ascetismo, marca registrada da “espiritualidade” medieval, atingiu em cheios os
cristãos pietistas. Enquanto isso a sociedade hedonista busca, a cada dia,
satisfação nos prazeres fúteis e passageiros desse mundo. O que é hedonismo? O
que é ascetismo? E por que a igreja deve evitar essas “filosofias”? Segundo C.
Stephen Evans, o hedonismo é uma “teoria ética que identifica o bem com a
felicidade e entende a felicidade como a presença do prazer e a ausência da
dor”. Stanley J. Grenz e Jay T. Smith definem hedonismo como “uma teoria de
valor amplamente defendida que declara que o prazer é o valor intrínseco mais
alto”. O ascético acredita que a prática de “exercícios espirituais” irá
recompensá-lo com a salvação, pois a ascese leva o homem para realização plena
da virtude e mortificação da carne. O hedonista adora o prazer, o ascético o
despreza com veemência. O hedonista cultua o corpo, enquanto o ascético o vê
com desconfiança. Um é anti-bíblico e o outro também. A cristandade sempre se
aproximou do ascetismo, mas hoje é possível ver “cristãos” hedonistas,
principalmente os contaminados pela pregação de prosperidade e saúde plena. Os
“cristãos” ascetas ainda continuam, principalmente em igrejas pentecostais,
contaminados pelos seus equívocos.”[8].]
Pense!
A dinâmica da vida, cheia de tantos sofrimentos, não deveria ser
atenuada pela busca do prazer a qualquer custo, todavia sem os excessos do
pecado?
Ponto Importante
Não é possível separar a busca hedonista pelos deleites e o pecado. As verdadeiras
alegrias e delícias somente são achadas à mão direita de Deus.
CONCLUSÃO
As
pessoas que são ávidas pelo prazer não pensam, muitas vezes, nas consequências
das suas escolhas. No princípio, a experiência parece agradável, mas, no fim,
exalará o cheiro da morte. Diante disso, por amor, a igreja do Senhor não deve
ficar calada, mas cumprir com ousadia o mandato cultural recebido de Deus de
transformar o mundo em que se vive, porquanto “feliz é a nação cujo Deus é o
Senhor”. [As consequências de uma vida
entregue ao hedonismo são trágicas: violências sexuais, estupros, prostituição
infantil, concubinato substituindo o casamento sério, honesto, e responsável;
incesto, prostituição e adultério. O desequilibrado hedonista destrói sua vida
com seu modus vivendi louco e irresponsável, enquanto o asceta não aproveita a
beleza que Deus deixou nessa terra. Ambos estão errados, ambos se autodestroem,
pois é comum ver hedonistas viciados em bebidas e drogas, enquanto muitos
ascetas estão obesos pela vida sedentária. O cristão gosta do equilíbrio!] “... corramos, com
perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor
e Consumador da fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2),
Francisco
Barbosa
Campina
Grande-PB
Agosto de
2017
HORA DA REVISÃO
1. Segundo o que foi estudado, o que é hedonismo?
É
um jeito de ver a vida em que se prioriza, acima de tudo e sem limites, a
satisfação pessoal, buscando, ao mesmo tempo, evitar a dor e o sofrimento. Ele
defende o prazer como um fim em si mesmo, o bem supremo.
2. Como resultado de uma filosofia hedonista, temos
visto constantemente pessoas debatendo e defendendo os mais diversos (e
imorais) temas. Cite alguns.
Ideologia
de gênero, aborto e descriminalização das drogas.
3. O que é metanoia e qual seu significado
para o cristão?
Vem
do grego e significa “mudança de mente”. Para o cristão, são novos pensamentos
que visem a glória de Deus, para que se compreenda toda a Sua vontade (Rm
12.2).
4. O que é a contracultura do Reino?
É
a prática efetiva da cosmovisão do evangelho de Cristo. É a resposta permanente
do cristão às heresias contemporâneas.
5. Como a Igreja deve reagir diante dos ideais
hedonistas?
A
igreja do Senhor não deve ficar calada, mas cumprir com ousadia o mandato
cultural recebido de Deus de transformar o mundo em que se vive, porquanto
“feliz é a nação cujo Deus é o Senhor”.