Lição
2 - A Necessidade Universal a Salvação em Cristo
10
de Abril de 2016
TEXTO ÁUREO
"Como
está escrito: Não há um justo, nem um sequer." (Rm 3.10) [Comentário: Como está escrito:
esse é o fraseado comum do Novo Testamento quando ali se apela à autoridade das
Escrituras. Os textos bíblicos, considerados juntamente, salientam o reinado
universal do pecado e a conseqüente depravação e condenação da humanidade]
VERDADE PRÁTICA
O
pecado manchou toda a raça humana e somente o sangue de Cristo é suficiente
para purificá-la.
LEITURA
DIÁRIA
Terça – 3.10 - Não há um nenhum justo
sob a face da Terra, judeu ou gentio
Quarta – Rm 3.23 - Todos pecaram e
foram afastados da presença de Deus
Quinta – Rm 3.20 - Nenhum homem pode
ser justificado diante de Deus pelas obras da lei
Sexta- Rm 6.23 - O castigo ou o salário
para o pecado é a morte
Sábado – Rm 3.24 - Somos justificados
somente pela graça e redenção de Jesus Cristo
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
ROMANOS
1.18 – 20:
18
Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos
homens, que detêm a verdade em injustiça.
19
Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho
manifestou.
20
Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno
poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que
estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis.
ROMANOS
1.25 – 27:
25
Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a
criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.
26
Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres
mudaram o uso natural, no contrário à natureza.
27
E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se
inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens,
cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu
erro.
ROMANOS
2.1,17-21:
1
PORTANTO, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te
condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o
mesmo.
17
Eis que tu que tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias em
Deus;
18
E sabes a sua vontade e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído por lei;
19
E confias que és guia dos cegos, luz dos que estão em trevas,
20
Instrutor dos néscios, mestre de crianças, que tens a forma da ciência e da
verdade na lei;
21
Tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que
não se deve furtar, furtas?
HINOS SURGERIDOS
235,
291, 294 DA HARPA CRISTÃ
OBJETIVO GERAL
Mostrar
que o pecado manchou toda a raça humana, por isso, todos necessitam de
salvação.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Apontar a necessidade de salvação dos
gentios;
- Mostrar a necessidade de salvação dos
judeus;
- Explicar a necessidade de salvação da
humanidade.
• INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Adão
e Eva pecaram ao desobedecer a Deus. O pecado deles afetou toda a humanidade,
por isso, as Escrituras afirmam que "todos pecaram e destituídos estão da
glória de Deus" (Rm 3.23). O castigo para o pecado é a morte, porém Deus
por sua infinita graça, amor e misericórdia, enviou seu filho Jesus Cristo ao
mundo para morrer por nossos pecados. O Filho de Deus morreu pelos judeus e
gentios, pois ambos necessitam de salvação. Somente Jesus Cristo pode salvar o
homem libertando-o do pecado. A salvação não pode ser alcançada pelo
cumprimento da Lei ou por qualquer tipo de esforço ou sacrifícios humanos.
Somos libertos do poder do pecado unicamente pela graça de Jesus Cristo.
INTRODUÇÃO
Na
lição de hoje teremos a oportunidade de compreender que o pecado, em sua
universalidade, atingiu os gentios, os judeus e toda a raça humana. Todos
ficaram debaixo do impiedoso jugo do pecado. A necessidade de uma salvação
universal, na pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo é um tema bastante claro na
argumentação do apóstolo Paulo em Romanos 1.18 a 3.20. Paulo nos mostra em Romanos
que tanto os pagãos, que estavam nas trevas do pecado, quanto os judeus, que se
orgulhavam de possuir a Lei divina entregue a Moisés no Sinai, estão sob o
domínio do pecado. Veremos nesta lição que somente a revelação da justiça de
Deus em Cristo Jesus é suficiente para salvar tanto os judeus quanto os
gentios.
[Comentário: A doutrina do
pecado é uma das mais importantes doutrinas da teologia cristã, pois ocupa-se a
ressaltar a condição que o homem está em função do pecado, demonstrar sua
impossibilidade em agradar a Deus, com o objetivo de demonstrar que o homem
está perdido e abismado em relação a Deus, e que, sozinho não pode fazer nada
para alterar essa realidade. A queda é o marco da origem do pecado no mundo e
de todas as deficiências que existem nele. É o momento histórico que explica
tanto a origem de todo o mal existente no mundo, como a concepção correta do pecado.
Assim, não compreender o pecado do ponto de vista do Velho Testamento
impossibilita vislumbrar a maravilhosa graça no Novo Testamento. Da mesma
forma, é necessário compreender a queda do ponto de vista teológico, pois
apenas assim pode-se notar suas conseqüências danosas na humanidade, bem como
em todos seus relacionamentos. Acredito que se faz necessário estudar a origem
do pecado e suas conseqüências, porque para que a salvação possa ter qualquer
validade é necessário que exista uma deficiência que careça ser sanada. Ou
seja, sem a queda não se pode reconhecer o pecado, e sem ele não há necessidade
de salvação. Pecado é um estado antes de ser um ato - nossos atos não são senão
expressões dos nossos seres interiores caídos. Para se aprofundar nesse
assunto, e é importante isso, concito que leia este artigo: http://hamartiologia.blogspot.com.br/. Consequentemente, todos, sejam judeus ou gentios,
precisam ser alcançados com a pregação do Evangelho, crer nele e ser salvo. Esta
é a tese enunciada por Paulo em Romanos 1.16 e defendida nos capítulos
seguintes.] Dito isto, vamos pensar
maduramente a fé cristã?
Paulo argumenta
que todos estão caídos e necessitam ouvir e crer no Evangelho para obter
salvação. O Auxílio ao Mestre propõe
a você o convite, seguindo este entendimento paulino, para apoiar o 1º Avanço Missionário patrocinado pelo AuxílioaoMestre.com. Seja nosso
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afetou toda a raça humana, por isso, todos precisam de salvação! Clique
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PONTO CENTRAL
O
pecado afetou toda a raça humana, por isso, todos precisam de salvação.
I. A NECESSIDADE DA SALVAÇÃO DOS GENTIOS (Rm
1.18-32)
1. A rejeição. Ao dar início a sua
argumentação em Romanos 1.18-32, o apóstolo tem em mente a triste situação na
qual se encontra o mundo gentílico. Esse estado de insensibilidade frente à
realidade das coisas espirituais foi proporcionado pela ignorância na qual eles
viviam.
O
pecado os havia lançado para longe de Deus. Quanto mais distante do Criador,
mais o pecado manifesta os seus tentáculos e ganha força. Essa atitude de
rebelião contra Deus culmina na idolatria, ou seja, coloca a criatura em lugar
do Criador. O homem, com suas paixões e concupiscências, e não Deus, se torna o
centro da existência: "E mudaram a glória do Deus incorruptível em
semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de
répteis" (Rm 1.23). A ignorância espiritual conduz à idolatria religiosa. [Comentário: O homem é um ser moral, isto é, alguém responsável
diante de Deus por seus pensamentos, fala e conduta. Como ser moral, o homem se
encontra em um estado de corrupção moral, em um estado de pecaminosidade
natural, irregenerado. O resumo da lei divina é amar a Deus e ao próximo (Mt 22.37-39).
Paulo diz que amar é cumprir a lei (Rm 13.8-10). O homem irregenerado não
possui o amor exigido por Deus e, pior, este homem caído estabelece outro
objeto ou objetos para suas afeições, e tudo aquilo que se coloca em competição
com Deus pode ser reduzido a um só – o eu. Auto-amor particular, à exclusão do
amor supremo de Deus e amor igual aos homens é a própria raiz da depravação. A
vontade própria, a auto-admiração e a justiça própria são apenas manifestações
diferentes da natureza humana caída. Todas as pessoas são naturalmente
propensas a alguma forma de religião; contudo, deixam de cultuar seu Criador,
cuja revelação geral o torna universalmente conhecido. O pecado do egoísmo e a
aversão às reivindicações do nosso Criador têm levado a humanidade à idolatria,
ao erro de prestar culto a qualquer outro poder ou objeto, ao invés de cultuar
a Deus (Is 44.9-20; Rm 1.21-23; Cl 3.5). Em sua idolatria, os homens caídos
‘detêm a verdade pela injustiça’ e ‘mudaram a glória de Deus incorruptível em
semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e
répteis’ (Rm 1.18-23).]
2. A revelação. Se o mundo está em trevas, Deus
não pode ser responsabilizado por isso. Esta é a argumentação de Paulo aos
romanos. Deus sempre se revelou aos homens ao longo da história. Aqui fica
evidente que o Senhor se deu a conhecer através das coisas criadas (Rm 1.20).
Essa revelação natural, também denominada na teologia bíblica de "revelação
geral", é uma testemunha contra a falta de sensibilidade da criatura
diante do seu Criador. Embora o homem não possa conhecer a Deus perfeitamente
através da revelação natural ou geral, conhecimento que só se torna possível
através da revelação especial de Deus, Jesus Cristo, todavia ele deveria se
sentir despertado para a realidade espiritual através das coisas criadas (Rm
1.21).
[Comentário: A revelação de
Deus através das coisas criadas chamamos ‘revelação geral’. Este é o termo
freqüentemente usado para se referir ao fato de Deus se fazer conhecido na
criação, consciência e história. O termo é usado em distinção de “revelação
especial”, a revelação salvífica de Deus através de Jesus Cristo nas
Escrituras. A revelação geral é mencionada em várias passagens, mas com maior
clareza em Romanos 1.18-32. Paulo escreve aqui sobre Deus se fazendo conhecido
nas coisas da criação (vv. 20, 25) e na consciência do homem (v. 19;2 observe
as palavras neles). Essa revelação
geral, contudo, não tem poder salvífico. Ela não é nem mesmo um tipo de graça,
embora muitos falem dela como um exemplo da assim chamada “graça comum”. Pelo
contrário, Paulo expressa claramente que
a revelação geral é uma revelação da ira
de Deus, e serve
somente para deixar o ímpio sem desculpa!
(vv. 18, 20). A idéia de que os ímpios podem ser salvos por uma resposta moral
a essa revelação geral é totalmente sem fundamento nas Escrituras, é apenas
outra forma de salvação pelas obras e de humanismo religioso. Essa idéia que a
revelação geral tem valor salvífico é faltamente refutada por Romanos 1. O
ímpio vê as “coisas invisíveis de Deus”, particularmente seu eterno poder e
divindade (v. 20). Há até mesmo um aspecto interno dessa manifestação de Deus.
O versículo 19 diz que as coisas que podem ser conhecidas de Deus são
manifestas “neles”. A manifestação de Deus nas coisas que foram criadas é a
razão pela qual ninguém será capaz de se queixar no dia do juízo que não
conhecia a Deus. Se considerarmos Romanos 1, não existe nenhum ateu. Portanto,
o ímpio que nunca ouviu o evangelho pode e será condenado no dia do juízo, como
resultado dessa manifestação. Não um justo sequer! A conditio sine qua non
(Condição sem a qual não) para a salvação é: "Porque todo aquele que
invocar o nome do Senhor, será salvo" (Rm 10.13). Jesus nos dá esta
resposta em João 3.16; Ele salva qualquer um que acreditar nEle: "Porque
Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo
o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." Ele é a Porta; o
acesso ao Pai é só por Ele! Não há salvação sem fé em Jesus e em sua obra
redentora no Calvário! Não há salvação sem a cruz ensangüentada! "Eu sou o
caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai a não ser por mim" (Jo
14.6). Nenhum ser humano pode ser justificado com base na sua justiça própria,
com base no que conheceu pela revelação natural ou pela lei moral escrita no
seu coração. A revelação geral, portanto, serve somente para aumentar a culpa
daqueles que não ouvem ou não crêem no evangelho. Ensinar outra coisa é negar o
sangue de Jesus Cristo e sua obediência perfeita como o único caminho de
salvação, zombando dele e de sua cruz.]
3. A punição. Os versículos 22 até o 32 do
capítulo primeiro de Romanos revelam as consequências do pecado na vida dos
homens. Eles tiveram a oportunidade de glorificar a Deus, mas não o fizeram (Rm
1.21), e agora colhem os maus frutos dessa obstinação. A expressão "Deus
os entregou" não tem o sentido de causalidade, o que demonstra que Deus
não é o responsável por essa obstinação humana. Ele apenas permitiu que os
homens, como consequência de suas próprias ações e escolhas, andem nos seus
próprios caminhos. Todavia, precisam saber que serão responsabilizados por
isso. E de fato o foram. Paulo destaca que essa atitude reprovada cegou os
homens, lançando-os na insensatez da idolatria, pois trocaram o Criador pela
criatura (Rm 1.23). Depois os levou ao desvio da sexualidade (Rm 1.26,27) e,
por último, fez com que eles adotassem uma diversidade de vícios morais e
sociais (Rm 1.28-32). [Comentário: Como forma de castigo por nossas impiedades, Deus pode
fazer cair fogo do céu, como já fez em outros tempos; mas a pior forma de
sermos julgados, é Deus abandonar o homem à sua própria concupiscência. É
totalmente desnecessário, aqui, entrar em infindável discussão sobre como Deus
entrega os homens à vida de iniqüidade. É deveras certo que ele não só permite
que os homens caiam em pecado, aprovando que vivam assim, fingindo não ver sua
queda, mas também o ordena por seu justo juízo, de modo que são forçosamente
conduzidos a tal loucura, não só por seus desejos maus, mas também motivados
pelo Diabo. Paulo, pois, adota o termo entregar em concordância com o constante
uso da Escritura. Aqueles que acreditam que somos levados a pecar tão-somente
pela permissão divina provocam forte violência contra esta palavra, pois, como
Satanás é o ministro da ira divina, bem como seu ‘executor’, ele também se acha
fortemente armado contra nós, não simplesmente na aparência, mas segundo as
ordens de seu Juiz. Deus, contudo, não deve ser tido na conta de cruel, nem
somos nós inocentes, visto que o apóstolo claramente mostra que somos entregues
a seu poder somente quando merecemos tal punição. Uma única exceção deve-se
fazer, ou, seja: que a causa do pecado, suas raízes, sempre reside no próprio
pecador; não têm sua origem em Deus, pois resulta sempre verdadeiro que “Tua
ruína, ó Israel, vem de ti, e só de mim teu socorro” [Os 13.9]. http://voltemosaoevangelho.com/blog/2015/07/leia-romanos-com-calvino-deus-os-entregou-rm-1-24-28/]
SÍNTESE DO TÓPICO l
Os
gentios necessitam de salvação, pois também foram afetados pela Queda.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
Paulo
retratou claramente a inevitável decadência em direção ao pecado, Primeiro, as
pessoas rejeitaram a Deus; em seguida, elaboraram seu conceito de como Ele
deveria ser; depois cedem a toda espécie de iniquidades: ganância, ódio,
inveja, crimes, lutas, engano, malícia; finalmente, chegam a odiar a Deus e a
encorajar os outros a fazerem o mesmo. Mas Ele não é o agente dessa progressão
em direção ao mal. Quando as pessoas o rejeitam, Deus permite que elas vivam
como desejam. Permite que experimentem as consequências naturais dos pecados
que praticam. Uma vez preso nesse movimento descendente rumo ao pecado, ninguém
poderá libertar-se por suas próprias forças. Os pecadores devem confiar somente
em Cristo para libertá-los da destruição (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal,
Rio de Janeiro: CPAD, p. 1553).
VOCÊ SABIA?
"Todo
menino judeu era circuncidado ao 8° dia de nascimento. Assim, estava unido à
comunidade da aliança do Antigo Testamento, a quem Deus concedera a sua Lei.
Possuir a Lei, entretanto, era inexpressivo, salvo se a pessoa a guardasse. Em
breve Paulo irá demonstrar que não há quem possa cumprir às exigências de sua
própria consciência, quanto mais as mais elevadas obrigações determinadas pela
Lei de Deus".
II. A
NECESSIDADE DE SALVAÇÃO DOS JUDEUS (Rm 2.1-3.8)
1 Os judeus em relação aos
gentios. Paulo
valeu-se do método de diatribe na carta aos Romanos, pois tal recurso permitia
que ele dialogasse com os leitores. É de imaginar que um judeu, quando lesse o
que Paulo dissera anteriormente sobre o mundo gentílico, ficasse eufórico pelo
tom duro adotado no discurso de Paulo. Os gentios, de fato, encontravam-se numa
situação deplorável diante de Deus. Entretanto, os judeus moralistas não
estavam em melhor situação (2.1-16). Eles também eram igualmente condenáveis
diante de Deus (Rm 2.1-3). Eles condenavam os gentios, mas praticavam pecados
semelhantes. Por isso, eram carentes da graça de Deus da mesma forma. [Comentário: O fato de que o julgamento de Deus será justo (de acordo
com o que fizemos, Rm 2.6-8) e imparcial (entre judeus e gentios, sem
favoritismo, Rm 2.9-11) é desenvolvido por Paulo agora em relação à lei
mosaica, mencionada aqui pela primeira vez e que terá um papel proeminente no
resto da carta. Naquilo que se segue, Paulo volta-se para um representante
imaginário (diatribe) de um grupo real e identificável de pessoas. Embora ele
tenha especificado os judeus apenas, provavelmente ele já os tivesse em mente
antes. Eles concordam com a declaração paulina sobre a ira de Deus, mas
supõem-se a salvo dessa ira. Judeus e gentios parecem diferir fundamentalmente
um do outro no fato de que os judeus ouvem a lei (Rm 2.13), possuindo-a e
ouvindo a sua leitura na sinagoga todo sábado, enquanto os gentios não têm a
lei (Rm 2.14). Esta não lhes foi revelada nem foi dada a eles. No entanto,
insiste Paulo, pode ser que haja exagero nessa diferenciação. Afinal, não
existe entre eles qualquer distinção fundamental no que diz respeito ao
conhecimento moral que possuem (já que as exigências da lei estão gravadas em
todos os corações humanos, 15), ou ao pecado que eles cometeram (desobedecendo
a lei que conheciam), ou à culpa em que incorreram, ou ao julgamento que
receberão.]
2. Os judeus em relação à Lei. Outro aspecto da argumentação
do apóstolo em relação aos judeus encontra-se nos versículos 17-29 do capítulo
2 de Romanos. Paulo sabia que todo judeu se orgulhava da Lei que lhes fora
outorgada no Sinai (Rm 2.17,18). Ao
contrário dos gentios que possuíam apenas a revelação natural, a eles fora dado
também a Lei. Contudo, havia uma incongruência entre o conhecer a Lei e o
praticá-la. Apenas o conhecimento da letra da Lei, sem a devida interiorização
das suas normas e preceitos, conduziu o judaísmo a um moralismo estéril e
farisaico. Nesse aspecto, de nada adiantava conhecer a Lei e não vivê-la (Rm
2.28,29). O judeu se tornara tão culpável quanto o gentio. Infelizmente, é
ainda exatamente assim que muitos cristãos agem. [Comentário: John Stott comenta: “O versículo 21 coloca os judeus e
gentios na mesma categoria de pecado de mote. Paulo faz duas colocações
paralelas, ambas começando com as palavras todo aquele que pecar. O verbo, no
entanto, está no tempo aoristo e sua tradução deveria ser "todos os que
pecaram" (hemarton), como se lê na tradução de Almeida. Paulo está
resumindo a vida de peado deles sob a perspectiva do dia final. O argumento que
ele apresenta é que todos os que pecaram perecerão ou serão julgados, indiferentemente
de serem judeus ou gentios, isto é, quer tenham a lei mosaica, quer não. Todos
os que pecaram sem lei (gentios), sem lei também perecerão (12a). Eles não
serão julgados por um padrão que não conheceram. Perecerão em virtude do seu
pecado, não por ignorarem a lei. De semelhante modo, todo aquele que pecar sob
a lei (os judeus), pela lei será julgado (12b). Eles também serão julgados por
um padrão que conhecem. Não haverá dois pesos e duas medidas: Deus será
absolutamente justo em seu julgamento. Se pecou conhecendo a lei, ou se pecou
ignorando a lei, o julgamento será de acordo com o pecado de cada um. "A
base do julgamento são as suas obras; a regra do julgamento é o seu
conhecimento" e se eles viveram de acordo com tal conhecimento. Porque não
são os que ouvem a lei que são justos ao olhos de Deus; mas os que obedecem à lei,
estes são declarados justos. Esta é naturalmente uma afirmação teórica ou
hipotética, já que nenhum ser humano chegou a cumprir totalmente a lei (cf.
Romanos 3:20). Portanto não existe nenhuma possibilidade de salvação por esse
caminho. Mas Paulo está escrevendo sobre o julgamento e não sobre a salvação.
Ele está enfatizando que a própria lei não dava aos judeus garantida de
imunidade no julgamento, como eles pensavam, pois importante não era ter a lei,
mas obedecê-la.” http://www.monergismo.com/textos/comentarios/romanos2_12-16_stott.htm]
3. Os judeus em relação à aliança. A pergunta que todo judeu faria
Paulo fez para logo depois dar a resposta: "Qual é, logo, a vantagem do
judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, em toda a maneira, porque,
primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas" (Rm 3.1,2). Mesmo
tendo afirmado anteriormente que o que vale mesmo é a circuncisão do coração, o
apóstolo não nega os privilégios de pertencer ao povo de Deus (Israel). Isso é
mostrado no privilégio que eles tiveram de serem os despenseiros dos mistérios
de Deus. A palavra grega logion traduzida aqui como "palavras de
Deus", significa oráculo. A expressão refere-se é a revelação da Lei que
Deus deu a Israel no Sinai. Era uma alta honra ter sido escolhido dentre todas
as nações para ser despenseiro dos mistérios de Deus. Todavia, como bem
observou F. F. Bruce, essa alta honra levava consigo uma grande
responsabilidade. Se se mostrassem infiéis à confiança depositada neles, seu
caso seria pior do que o das nações as quais Deus não se tinha revelado. [Comentário: Ao revelar a sua vontade numa aliança especial, Deus deu
aos judeus uma grande vantagem. O problema dos judeus não veio da parte de Deus.
A incredulidade deles trouxe a condenação (3-5). Independente da falta de fé
por parte dos homens, Deus continua sendo fiel. Ele é verdadeiro, mesmo se todo
homem for mentiroso. Quando reconhecemos o nosso pecado, exaltamos a justiça de
Deus. Se há alguma falha na relação de Deus com os homens, a culpa certamente é
dos homens. O final do versículo 4 vem da versão grega de Salmo 51:4, uma
passagem que mostra que a confissão do pecado do homem glorifica a Deus e
realça a santidade e a justiça dele (compare Josué 7:19-20). Deus é justo em
castigar os judeus (5-8). Foi fácil para os israelitas enxergar a injustiça dos
gentios e concluir que aqueles pecadores merecessem o castigo. Reconhecer o seu
próprio pecado foi muito mais difícil. Se Deus não aplicar a sua lei com
justiça aos judeus, ele não teria direito de castigar os gentios (5-6).
Entendendo que a santidade de Deus fica mais evidente quando comparada à
injustiça do homem, alguém poderia tentar justificar o pecado para dar mais
glória a Deus. Paulo rejeita tal raciocínio, dizendo que pessoas que pensam
assim merecem o castigo (7-8).]
SÍNTESE DO TÓPICO II
Os
judeus, embora fosse o povo escolhido de Deus, também necessitam de salvação.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
"Bem
sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade" (Rm 2.2). Que podemos
entender nessa declaração? O julgamento de Deus é instituído aqui em razão dos
pecados do paganismo e do falho moralismo dos judeus em condenar os gentios. A
questão da condenação do pecado é só todos. Uma vez que tenha pecado, qualquer um incorre na condenação de Deus.
Paulo Declara que os gentios pecaram (1.18-32) e os judeus também pecaram
(2.17—3.8). Portanto, uma vez que, tanto judeus como gentios pecaram, todos da
justiça de Deus (3.9-20).
III. A NECESSIDADE DA SALVAÇÃO DA HUMANIDADE (Rm
3.9-20)
1. A universalidade e o jugo do
pecado. A
argumentação de Paulo em Romanos 3.9-20 é que tanto os gentios como os judeus
sem Cristo estão debaixo da condenação do pecado (Rm 3.9). A raça humana sem
Cristo está sob o domínio do pecado. A expressão grega hüpo hamartían,
traduzida como "debaixo do pecado" tem o seguinte sentido: no poder
de, debaixo da autoridade de. Essa mesma construção gramatical ocorre em Mateus
8.9. Nessa passagem encontramos o centurião dizendo: tenho soldados hüpo
emautón (por debaixo de mim), que em português tem o sentido de às minhas
ordens. A ideia de Paulo é mostrar que a humanidade em seu estado natural,
separada de Cristo, portanto, sob o domínio do pecado, é incapaz de libertar-se
por si mesma. [Comentário: A conseqüência do pecado de Adão é que herdamos uma
natureza pecaminosa, decaída. Isto não significa que todos os que não são
cristãos vivem uma vida imoral, mas que cada um é pecador e deve se
conscientizar acerca disso, pois o apóstolo Paulo falando dos gentios afirmou
que estes ainda “... que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da
lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; os quais mostram a obra da lei
escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus
pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os” (Rm 2.14,15). Jeremias, diz:
"De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus
pecados" (Lm 3.39); Salomão tinha consciência da universalidade do pecado
e em sua oração, na dedicação do templo, afirmou: "Quando pecarem contra
ti, pois não há homem que não peque..." (1Rs 8.46); Também Davi entendeu
esta verdade, quando afirmou: "Desviaram-se todos e juntamente se fizeram
imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um" (Sl 53.3). Paulo
confirmou a doutrina da universalidade do pecado – "Pois quê? Somos nós
mais excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos que, tanto
judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado, como está escrito: Não há um
justo, nem um sequer" (Rm 3.9-10). Também João foi enfático, afirmando: "Se
confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados
e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo
mentiroso, e a sua palavra não está em nós" (1Jo 1.9-10). No seu caráter
universal o pecado e a morte nivelam todos os homens – "Pelo que, como por
um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte
passou a todos os homens, por isso que todos pecaram" (Rm 5.12). "Porque,
como, pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim,
pela obediência de um, muitos serão feitos justos" (Ro 5.19).]
2. Valores e comportamentos. Outras duas verdades que podemos
perceber na argumentação de Paulo em Romanos 3.10 a 18, estão relacionadas com
o caráter e a conduta. O pecado distorceu valores e comportamentos na
sociedade. Valores invertidos são marcas de uma humanidade caída. Somente em
Cristo eles podem ser reorientados. [Comentário: Nenhum ser humano peca sozinho. O pecado sempre fará
parte de uma rebelião cósmica contra Deus e contra a retidão. 1Jo 5.18
enfaticamente assevera que aquele que “pratica o pecado” é do diabo. Esse ser
maligno é intitulado “deus deste mundo”, 2Co 4.4, e muitos são seus súditos e
escravos. Será necessária uma providência cósmica para remover o pecado, e o
julgamento tomará conta disso. Alguns textos em Salmos demonstram que o homem
não é pecador porque peca mas que ele peca porque é pecador: “Eu nasci na
iniqüidade, e em pecado me concebeu a minha mãe” (Sl 51.5). “Desviam-se os
ímpios desde a sua concepção; nascem e já se desencaminham, proferindo
mentiras” (Sl 58.3). “Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há
quem faça o bem, não há um sequer” (Sl 14.3). Tais textos demonstram uma das
formas da universalidade do pecado se manifestar: o pecado original ou
congênito, que é a natureza pecaminosa que todo ser humano herda ao nascer. A
natureza pecaminosa é a capacidade e inclinação humana para fazer tudo aquilo
que nos torna reprováveis aos olhos de Deus. Embora as forças satânicas
forneçam a agitação (ou tentação para o pecado, cf. Ef 6.11ss.), o indivíduo é
responsável pelas suas ações, e, portanto, ele é convocado a arrepender-se. O
homem não pode alterar o quadro cósmico, mas pode ser pessoalmente redimido. Se
fomos gerados em pecado, somos pecadores. Se o homem não reconhecer que é
pecador, jamais poderá ser salvo, porque Jesus veio para salvar os pecadores (Lc
19.10). Esta é a segunda natureza do pecado: o pecado ativo ou direto, que são
os pecados cometidos inconsciente ou conscientemente pelo homem. A natureza
pecaminosa conduz o homem a uma depravação total (cf. Rm 1), e a uma absoluta
falta de mérito perante o seu Criador. A consequência do pecado é a morte.
Concluindo, a aceitação teológica reúne a interpretação do “pecado original”,
onde todos os homens participam do pecado “em Adão” (e contra esse pecado é que
o juízo foi proferido) com a interpretação de que cada indivíduo tem o seu
próprio pecado. Ambas as modalidades o condenam.]
SÍNTESE DO TÓPICO III
Todos,
judeus e gentios, pecaram e necessitam da salvação que só pode ser encontrada
em Jesus Cristo.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
Não
há um justo, nem um se sequer (Rm 3.9-18). Paulo hvia argumentado que tanto os
judeus quanto os gentios haviam pecado, e não alcançaram a glória de Deus.
Agora ele prova essa observação citando vários Salmos. Seus leitores judeus
poderiam rejeitar seu argumento, mas dificilmente rejeitariam o veredicto das palavras
que eles sabem que são palavras de Deus. Tudo o que a lei diz aos que estão
debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e todo o mundo seja
condenável diante de Deus' (3.19,20). A palavra bupodikosfol usada no sentido
legai de "passível de punição', A lei moral, na qual esperam o judeu e o
gentio de boa moral, provou não ser uma fonte de esperança, e sim o padrão pelo
qual foi estabelecido o insucesso deles. Assim, a lei não é marco de estrada
nos direcionando à recompensa divina, mas espelho que, quando usado
corretamente nos revela nossos pecados" (RICHARDS, Lawrence» Comentário
Histórico-Cultural do Novo Testamento. 7.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.
292).
CONCLUSÃO
A
universalidade do pecado, isto é, que todos os homens estão debaixo da
condenação eterna, é uma doutrina claramente demonstrada na Epístola aos
Romanos. Por outro lado, o universalismo, doutrina herética que afirma que
todos os homens, independentemente se acreditam em Cristo ou não, no fim de
tudo, serão salvos, é claramente rejeitada nessa mesma carta. Cabe a nós,
portanto, conhecedores desses fatos, viver essa bendita salvação e
compartilhá-la com quem ainda não a possui. [Comentário: A explicação bíblica sobre a universalidade do pecado
está em que Adão e Eva, pessoas humanas literais, foram criados em estado de
inocência, por um ato divino. Em seguida, foram tentados, e caíram no pecado.
Isso impôs a mortalidade, a degradação e a desintegração. Esse ato de pecado, e
seu estado resultante, foram então transferidos para a raça humana inteira,
devido à conexão da raça com Adão. Isso está em consonância com os princípios
ensinados em Romanos 2.6: o de que cada um será finalmente julgado de acordo
com suas próprias obras. Como diz Champlin: “O pecado de Adão é a raiz; os
pecados da humanidade são os ramos; os pecados individuais são os frutos. A
sentença de julgamento recai sobre a árvore inteira, e não apenas sobre uma
parte da mesma”.] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé,
e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco Barbosa
Hoje, em Campina Grande-PB
Abril de 2016
PARA REFLETIR
A
respeito da Carta aos Romanos, responda:
•
Segundo a lição em que culmina a atitude de rebelião contra Deus?
Essa atitude de
rebelião contra Deus culmina com a adoração idólatra que põe a criatura em
lugar do Criador.
•
A ignorância espiritual conduz a quê?
A ignorância
espiritual conduz à idolatria religiosa.
•
Os judeus moralistas estavam em melhor situação espiritual que os gentios?
Não. A argumentação
de Paulo é que tanto os gentios como os judeus sem Cristo estão debaixo da
condenação do pecado (Rm 3.9).
•
O que produziu o conhecimento da Lei, sem a devida interiorização das normas e
preceitos?
Apenas o conhecimento
da letra da Lei, sem a devida interiorização das suas normas e preceitos,
conduziu o judaísmo a um moralismo estéril e farisaico.
•
Segundo Paulo, qual a vantagem de ser judeu?
Muita, em toda a
maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas (Rm
3.1,2).