1º Trimestre de 2015
Lição 1
4 de janeiro de 2015
LIÇÃO1: DEUS
DÁ SUA LEI AO POVO DE ISRAEL
TEXTO ÁUREO
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“Que são israelitas,
dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o
culto, e as promessas.” (Rm 9.4)
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VERDADE
PRÁTICA
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Uma nova nação despontava no horizonte e
precisava de uma legislação que definisse as bases em que o povo devia viver,
isto é, fundamentada nas promessas feitas aos patriarcas
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LEITURA
DIÁRIA
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LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
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Êxodo 20.18-22, 24; 24.4, 6-8.
20.18 - E todo o povo viu os trovões, e os relâmpagos, e o
sonido da buzina, e o monte fumegando; e o povo, vendo isso, retirou-se e
pôs-se de longe.
19 - E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos; e não
fale Deus conosco, para que não morramos.
20 - E disse Moisés ao povo: Não temais, que Deus veio para
provar-vos e para que o seu temor esteja diante de vós, para que não pequeis.
21 - E o povo estava em pé de longe: Moisés, porém, se chegou à
escuridade onde Deus estava.
22 - Então, disse o SENHOR a Moisés: Assim dirás aos filhos de
Israel: Vós tendes visto que eu falei convosco desde os céus.
24 - Um altar de terra me farás e sobre ele sacrificarás os teus
holocaustos, e as tuas ofertas pacíficas, e as tuas ovelhas, e as tuas vacas:
em todo lugar onde eu fizer celebrar a memória do meu nome, virei ali e te
abençoarei.
24.4 - E Moisés escreveu todas as palavras do SENHOR, e
levantou-se pela manhã de madrugada, e edificou um altar ao pé do monte e doze
monumentos, segundo as doze tribos de Israel;
6 - E Moisés tomou a metade do sangue e a pôs em bacias; e a
outra metade do sangue espargiu sobre o altar.
7 - E tomou o livro do concerto e o leu aos ouvidos do povo, e
eles disseram: Tudo o que o SENHOR tem falado faremos e obedeceremos.
8 - Então, tomou Moisés aquele sangue, e o espargiu sobre o
povo, e disse: Eis aqui o sangue do concerto que o SENHOR tem feito convosco
sobre todas estas palavras.
OBJETIVO GERAL
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Explicar o processo de desenvolvimento da Lei de Deus
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
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Após esta aula, o
aluno deverá estar apto a: Abaixo, os objetivos específicos referem-se aos que
o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao
tópico I com os seus respectivos subtópicos.
I. Conhecer como a Lei foi
promulgada;
II. Afirmar a autoria de
Moisés, e
III. Conceituar
"Concerto" ou "Aliança".
IV. Classificar os
sacrifícios que foram estabelecidos com a Lei
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COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O tema do presente trimestre são os Dez Mandamentos, a base de
toda a legislação mosaica. Aqui vamos iniciar com a solenidade da promulgação
da lei, no Sinai*, a cerimônia do concerto que Deus fez com Israel. O evento
envolveu holocaustos e a leitura do livro da lei num ritual com profundas
implicações messiânicas. [Comentário: Iniciamos
2015 com um currículo novo. A primeira lição trata dos “Dez Mandamentos”. O que
os Dez Mandamentos têm a nos dizer hoje? O objetivo deste trimestre é ajudar o
povo de Deus a distinguir entre lei e evangelho, lembrando que os Dez
Mandamentos não são a lei, mas parte dela, que introduz o sistema legal de
Moisés. Quando lemos os Dez Mandamentos, quase sempre, não paramos para
refletir no contexto de libertação em que o povo judeu estava situado. Geralmente
olhamos para os mandamentos como “leis fixas ou regras duras” e não damo-nos
conta de que a existência deste código divino tinha o objetivo de garantir a
liberdade recém-conquistada pelos israelitas. Há pouco, o povo judeu fora
liberto da opressão dos egípcios. Os mandamentos foram dados pelo Eterno para
conduzir Israel a uma vida de santidade prática. Neles, o povo poderia ver a
natureza de Deus e seu plano, segundo o qual deveriam viver. Os israelitas
sofreram as influências da cultura, da religião, da filosofia de vida egípcia,
etc. Não há como ficar incólume sob 430 anos de influência em uma cultura
majoritária como a do Egito Antigo. Por isso, a providência divina foi a de
estabelecer princípios divinos e de vida para os judeus a fim de que o processo
de libertação do povo não fosse em vão. Voltar ao “espírito” do Egito, em pleno
deserto, seria a sombra que os hebreus conviveriam por 40 longos anos. Mas,
Deus estava disposto a libertá-los para sempre dessa sombra.] Convido você para mergulharmos mais fundo nas Escrituras!
I.
A PROMULGAÇÃO DA LEI
1. A
solenidade. O ritual do concerto e da
promulgação da lei no pé do monte Sinai aconteceu cerca de três meses após a
saída de Israel do Egito (Êx 19.1-3). Os israelitas permaneceram ali durante um
ano (Nm 10.11,12). A revelação da lei começa aqui e vai até o livro de Levítico
(Lv 27.34). O livro de Números registra as jornadas de Israel no deserto, e
Deuteronômio é o discurso em que Moisés recapitula a lei e traz ao povo uma
reflexão sobre os acontecimentos no deserto desde a saída do Egito, exortando
Israel à fidelidade a Deus (Dt 1.3; 4.1). [Comentário: O local onde nos encontramos é o Monte Sinai, de significado
desconhecido, sendo uma possível derivação da palavra seneh, um arbusto
espinhoso daquela região, ou pode ser uma referência ao deus lua Sin,
cujo culto havia-se espalhado por toda a Arábia. Às vezes esse monte é chamado
apenas de "a montanha de Deus"
como em Ex 3.1 e 4.27; Sinai e Horebe. Essas variações podem referir-se ao
mesmo monte, ou podem estar em vista montanhas diferentes localizadas na
península. O escritor protestante americano Norman Russel Champlin afirma que
foram necessários três meses para que Israel chegasse ao Sinai, depois de haver
escapado da servidão no Egito. Na ocasião, um grande acontecimento esperava por
eles, o pacto sinaítico. No terceiro mês. Ou seja, no terceiro mês do
calendário religioso, que tinha início na páscoa, no mês de abibe (nisã). Entre
os israelitas também havia um calendário civil. O terceiro mês do calendário
religioso chamava-se sivã, correspondente ao nosso mês de maio. O Targum de
Jonathan diz que a chegada de Israel ao Sinai ocorreu quarenta e cinco dias
depois da partida do Egito, presumivelmente cinco dias antes da lei ter sido
dada, ou seja, no sexto dia do mês de sivã. No primeiro dia desse mês, eles
chegaram ao Sinai, e ali acamparam-se. No dia seguinte, Moisés subiu ao monte
em sua entrevista com YAHWEH (hebraico: יהוה)
ou com Sua teofania. No terceiro dia, ele reuniu os anciãos do povo (vs. 7), e
lhes declarou as palavras de Deus. Três dias mais tarde, que foi o sexto dia do
mês de sivã, foi dada a lei aos anciãos do povo, e, deles, para todos os
israelitas. A exatidão desses cálculos, porém, dificilmente pode ser averiguada
(Êx 19.2). O autor sacro oferece aqui uma pequena digressão a fim de
lembrar-nos os movimentos de Israel após a partida de Refidim (Êx 17.1) para o
Sinai. O Sinai foi um dos pontos de parada, onde Israel deveria permanecer por
onze meses e seis dias. Fica entendido que YAHWEH (יהוה) se manifestava ali de maneira especial, tal como os gregos
pensavam que o Olimpo era a residência de deuses. Assim, Moisés subiu ao monte
cheio de expectativa, em busca de uma entrevista com o Senhor. O autor liga a
cena da sarça ardente (cap. 3) com a cena deste capítulo. Chegara o momento de
outra grande revelação. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 383.]
2. A
credibilidade de Moisés. Diante de tudo
o que aconteceu, quem poderia questionar a legitimidade de Moisés como mediador
entre Deus e o povo? Quem podia duvidar da autenticidade e da autoridade da lei
(Êx 20.22)? Não seria exagero afirmar que Deus quis fortalecer a autoridade de
Moisés com aquelas manifestações sobrenaturais (Êx 19.9). A manifestação
visível do poder de Deus ao povo era uma prova irrefutável de sua origem divina
(Êx 20.18-22; 19.16-19). As coisas de Deus são sempre às claras. Uma das
grandezas do cristianismo é que ele foi erigido sobre fatos. Os evangelhos estão
repletos dos milagres que Jesus operou diante do povo (Jo 18.19-21). [Comentário: Os israelitas tinham pedido que Moisés atuasse como mediador entre Deus e
eles mesmos (vs. 19), quando Moisés já estava atuando nessa capacidade. YAHWEH
(יהוה) instruiu Moisés para que
transmitisse ao povo a Sua palavra, e assim teve início a multiplicação dos dez
mandamentos básicos; e essa multiplicação, mediante a Interpretação, nunca
terminou para o judaísmo. YAHWEH (יהוה)
enviava a Sua mensagem do Seu céu, o que significa que estamos falando em
termos de revelação. As coisas ditas pelo Senhor seriam posteriormente
formuladas nas Escrituras. O fato de que a voz de YAHWEH (יהוה) era ouvida por Moisés servia de motivo para o povo de Israel
obedecer, pois as palavras subiam acima da compreensão imediata deles. Segundo
o comentarista bíblico e pastor presbiteriano inglês Matthew Henry, isto
pareceu, também, ter particularmente a finalidade de honrar Moisés: “Para que o povo ouça, falando eu contigo, e
para que também te creiam eternamente”, v. 9. Desta maneira, a
correspondência devia ser primeiro estabelecida por uma manifestação
perceptível da glória divina, e depois deveria ter continuidade, de modo mais
silencioso, pelo ministério de Moisés. De igual maneira, o Espírito Santo
desceu visivelmente sobre Cristo, no seu batismo, e todos os que estavam
presentes ouviram Deus falando com Ele (Mt 3.17), para que posteriormente, sem
a repetição de tais sinais visíveis, pudessem crer nele. E da mesma maneira, o
Espírito desceu em línguas partidas sobre os apóstolos (At 2.3) para que as
pessoas cressem neles. Observe que quando as pessoas se declararam dispostas a
obedecer à voz de Deus, então Deus prometeu que eles ouviriam a sua voz. Pois,
se alguém quiser fazer a vontade dele, irá conhecê-la, João 7.17. HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio.
Editora CPAD. pag. 290.]
3. A lei. A lei de Moisés é o alicerce de toda a Bíblia, e os
judeus a consideram "a expressão máxima da vontade de Deus". O termo
hebraico torah aparece no Antigo Testamento como "instrução, ensino, lei,
decreto, código legal, norma", e vem da raiz de um verbo que significa
"instruir, ensinar". A Septuaginta emprega a palavra grega nomos,
"lei, norma", usada também no
Novo Testamento. Além de designar toda a legislação mosaica (Dt 1.5; 30.10) - o
Pentateuco (Lc 24.44; Jo 1.45) - indica também o Antigo Testamento (Jo 10.34,
35; Rm 3.19; 1 Co 14.21). Segundo os antigos rabinos, a lei contém 613
preceitos contendo 248 mandamentos e 365 proibições. [Comentário: Torah
(hebraico תּוֹרָה, instrução, apontamento, lei) é o nome dado aos cinco
primeiros livros do Tanakh (também chamados de Hamisha Humshei Torah, חמשה
חומשי תורה - as cinco partes da Torá) e que constituem o texto central do
judaísmo. É o equivalente ao Pentateuco ma Bíblia Cristã. Chamada também de Lei
de Moisés (Torat Moshê, תּוֹרַת־מֹשֶׁה), por vezes o termo "Torá" é
usado dentro do judaísmo rabínico para designar todo o conjunto da tradição
judaica, incluindo a Torá escrita, a Torá oral (Talmud) e os ensinamentos
rabínicos. A Bíblia de Estudo Genebra (Cultura Cristã e SBB) traz a seguinte
nota: “Os seres humanos não foram criados autônomos (isto é, seres livres para
seguirem sua própria lei), mas foram criados seres teônomos, ou seja, para
estarem sujeitos à lei de Deus. Isso não constituía uma privação para o homem,
porque Deus o criou de tal maneira que uma obediência agradecida poderia
proporcionar-lhe a mais alta felicidade. Dever e prazer seriam coincidentes,
como ocorreu com Jesus (Jo 4.34; cf. SI 112.1; 119.14, 16,47-48,97-113,
127-128, 163-167). O coração humano decaído odeia a lei de Deus, tanto pelo
fato de ser uma lei quanto por ela vir de Deus. Os que conhecem a Cristo,
contudo, descobrem não só que amam a lei e querem guardá-la tanto para agradarem
a Deus e como gratidão pela graça (Rm 7.18-22; 12.1-2) mas também que o
Espírito Santo os conduz a um grau de obediência que nunca tiveram antes (Rm 7
.6; 8.4-6; Hb 10.16). A lei moral de Deus está abundantemente exposta nas
Escrituras, no Decálogo (Os Dez Mandamentos), em outros estatutos de Moisés, em
sermões de profetas, no ensino de Jesus e nas cartas do Novo Testamento. A lei
reflete o caráter santo de Deus e seu propósito para os seres humanos que
criou. Deus ordena o comportamento que lhe agrada e proíbe aquilo que o ofende.
Jesus resume a lei moral nos dois grandes mandamentos: o amor a Deus e o amor
ao próximo (Mt 22.37-40). Ele diz que desses dois dependem todas as instruções
morais do Antigo Testamento. O ensino moral de Cristo e de seus apóstolos é a
velha lei aprofundada e reaplicada a novas circunstâncias, as da vida no Reino
de Deus, onde o Salvador reina, e na era pós-pentecostes do Espírito, quando o
povo de Deus é chamado a viver uma vida santificada no meio de um mundo hostil
(Jo 17.6-19). A lei bíblica é de várias espécies. As leis morais ordenam o
comportamento pessoal e comunitário, que sempre são de nosso dever observar. As
leis políticas do Antigo Testamento aplicavam princípios da lei moral à
situação nacional de Israel, quando Israel era uma teocracia, como povo de Deus
na terra. As leis do Antigo Testamento a respeito de purificação cerimonial,
regime alimentar e sacrifícios eram estatutos temporários, com o objetivo de
instruir o povo. Essas leis foram canceladas pelo Novo Testamento, porque o seu
significado simbólico foi cumprido (Mt 15.20; Me 7.15-19; At 10.9-16; Hb
10.1-14: 13.9-10). A combinação de leis morais, judiciais e rituais nos livros
de Moisés comunicam a mensagem de que a vida sob a orientação de Deus não deve
ser vista nem vivida em compartimentos, mas como uma unidade multifacetada.
Comunicam também que a autoridade de Deus como legislador deu força igual a
todo o código. Contudo, as leis eram de diferentes espécies e tinham diferentes
propósitos. As leis políticas e cerimoniais tinham aplicação limitada, enquanto
parece claro, tanto do contexto imediato quanto do ensino de Jesus, que a
afirmação de Jesus a respeito da imutável força universal da lei se refere à
lei moral como tal (Mt 5.17-19; cf. Lc 16.16-17). Deus exige a total obediência
de cada pessoa a todas as implicações de sua lei. Como diz o Catecismo Maior de
Westminster; p. 99: "A lei ... obriga todos à plena conformidade do homem
integral à retidão dela e à inteira obediência para sempre"; "a lei é
espiritual e, assim, se estende tanto ao entendimento, à vontade, às afeições e
a todas as outras potências da alma, quanto às palavras, às obras e ao
procedimento." Em outras palavras, tanto os desejos quanto as ações devem
ser retos. Jesus condena a hipocrisia que oculta a corrupção íntima com
fingimentos exteriores (Mt 15. 7-8; 23.25-28). Além disso, as decorrências da
lei são parte de seu conteúdo: "onde um dever é ordenado, o pecado
contrário é proibido; e, onde um pecado é proibido, o dever contrário é ordenado".”
Bíblia de Estudo de Genebra. Editoras Cultura Cristã e Sociedade Bíblica
do Brasil. pag. 103.]
PONTO
CENTRAL
Deus revelou a sua Lei aos homens através de
Moisés, o seu servo. Mas a revelação
plena consiste em Cristo,o Filho de Deus.
SÍNTESE
DO TÓPICO I
A Lei foi entregue a Moisés no Monte Sinai. O
legislador de Israel cumpriu o papel de mediador entre a vontade de Deus e o
povo de Israel
II.
OS CÓDIGOS
1.
Classificação. Os
críticos costumam fragmentar os escritos de Moisés. Consideram a legislação
mosaica uma coleção de diversos códigos produzidos num longo lapso de tempo. A
classificação apresentada é a seguinte: os Dez Mandamentos encabeçam a lista
desses expositores (Êx 20.1-17; Dt 5.6-21). Em seguida, há o que eles denominam
Código da Aliança (Êx 20.22-23.33). O que vem depois é o Código de Santidade
(Lv 17-26). O Código Sacerdotal é o restante do livro de Levítico e o Código
Deuteronômico (Dt 12-26). ). [Comentário: O Pentateuco é uma coletânea de escritos diversos. Nele encontramos
história, poema, genealogia, narrativa, prescrição e exortação, tudo com um
objetivo único: que Israel seja instruído quanto ao significado e propósito. O
comentarista deste trimestre, o Pastor Esequias Soares, escreve em sua obra que
serve de apoio a estas lições, Os dez
Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança (CPAD):
“Os códigos do Pentateuco são seções distintas no sistema mosaico que a crítica
considera porções legais produzidas durante um longo lapso de tempo. Os
críticos afirmam ter encontrado sete grupos: os Dez Mandamentos (Êx 20.1-17;
Dt5.6-21); o que eles costumam chamar de Código da Aliança (Êx 20.22-23.33);
Ritual do Decálogo (Êx 34.10-26); Código de Santidade (Lv 17- 26); Código
Sacerdotal (Lv 1-16); o Código Deuteronômico (Dt 12-26); além do discurso sobre
as bênçãos e as maldições (Dt 27-28). Outros expositores mais ousados chegam a
afirmar que o texto se constituía dos Dez Mandamentos sem as explicações de
Êxodo 20.4-6, 9-11 e Deuteronômio 5.9, 10, 13-15, as quais teriam sido
acrescentadas posteriormente. Há, na verdade, entre os críticos judeus e
cristãos mais conservadores, a ideia de que Moisés recebeu as tábuas sem as
respectivas explicações, mas que Deus mandou o próprio Moisés incluí-las no
livro da Lei.” Esequias Soares. Os dez Mandamentos. Valores Divinos para
uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 21-22.]
2.
O que há de concreto?
Estas seções ou códigos são realmente identificáveis no Pentateuco; no entanto,
é inaceitável a ideia de sua existência independente de cada um deles na
história. O argumento dos críticos contraria todo o pensamento bíblico. Não
existem provas bíblicas nem extrabíblicas de qualquer código isolado no Antigo
Israel. A Bíblia inteira atribui a autoria a Moisés, e o próprio Senhor Jesus
Cristo chamava o Pentateuco de "lei de Moisés" (Lc 24.44). ). [Comentário: A visão das
Escrituras de que Moisés era o autor humano do Pentateuco é sustentada pelas
evidências. Há seis passagens no Pentateuco que declaram especificamente a
autoria de Moisés (Êx 17.14; 24.4-8; 34.27; Nm 33.1,2; Dt 31.9,24-26;
31.22,30-32.43). Três dessas referências estão ligadas às partes legislativas,
e três às partes históricas. Estas 6 partes são partes integrais do seu
contexto, de forma que as referências citadas provavelmente atribuem a Moisés a
autoria de uma boa parte do contexto em que elas ocorrem. Com relação a
Gênesis, nenhuma declaração específica de autoria é encontrada no livro. Mas
Gênesis é uma parte integrante do Pentateuco. Sua narrativa conduz a acontecimentos
relatados em Êxodo, e sem ela o Êxodo não seria compreensível. O Êxodo
pressupõe claramente Gênesis; de fato, sua primeira palavra hebraica voe,
normalmente traduzida como "e", mostra que deve ser conectada com o
que precede em Gênesis. Se Moisés foi o autor dos últimos 4 livros do
Pentateuco, também foi o autor de Gênesis. Ao longo dos últimos 4 livros do
Pentateuco, Moisés foi o personagem principal. Ele era o mediador pelo qual
Deus falava à nação ao transmitir sua lei. Deus deu a este patriarca as
instruções para a construção do Tabernáculo, e lhe revelou as leis com relação
à adoração. Cada vez mais, lemos sentenças como "Então, disse o Senhor a
Moisés", "Como o Senhor ordenara a Moisés" etc. Quando chegamos
a Deuteronômio, estamos na mesma atmosfera. O livro começa com "Estas são
as palavras que Moisés falou..." Em todo o livro de Deuteronômio, Moisés
aparece como a figura central. Nos demais livros e passagens do AT, o
Pentateuco é uniformemente considerado como obra de Moisés. É correto dizer que
a única lei autorizada que é reconhecida no AT é a lei de Moisés; o mesmo é
verdade em relação ao NT. Citações feitas do Pentateuco atribuem sua autoria a
Moisés (cf. Mt 19.8; Mc 10.3-5; Lc 24.27,44; Jo 5.46,47; 7.19; At 3.22; Ap 15.3
etc). Tanto o AT como o NT consideram Moisés como o autor humano da lei. No
século XVIII, surgiu a visão de que o Pentateuco não era inteiramente uma obra
de Moisés. Pensou-se que a presença de diferentes nomes divinos em Gênesis
fosse uma marca de diferentes autores. Finalmente, assumiu-se que Gênesis
consistia de três documentos principais, que foram finalmente reunidos por um
redator. Pensou-se que estes 3 documentos, ou partes deles tivessem sido
encontrados também em Êxodo, Levítico e Números, sendo que Deuteronômio foi
atribuído a uma fonte diferente. No entanto, a hipótese documentária, como é
chamada, embora sustentada por muitos estudiosos, destrói a verdadeira unidade
e harmonia do Pentateuco. E uma teoria que não tem o suporte dos fatos e,
portanto, deve ser abandonada. PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico
Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1499-1500.]
SÍNTESE
DO TÓPICO II
Embora os críticos bíblicos afirmem que os escritos
atribuídos a Moisés são fragmentados, a Bíblia inteira, bem como o testemunho
de Jesus Cristo, atribui a Moisés a autoria do Pentateuco (Lc 24.44).
III.
O CONCERTO
1.
O que é um concerto?
O termo usado no Antigo Testamento para "concerto" é berit,
"pacto, aliança", que literalmente indica obrigação entre pessoas
como amigos, marido e mulher; entre grupos de pessoas; ou entre divindade e
indivíduo ou um povo. Sua etimologia é incerta. A Septuaginta emprega o termo
grego diatheke, "pacto, aliança, testamento", ou seja, a mesma
palavra usada por Jesus ao instituir a Ceia do Senhor. O Antigo Testamento fala
de três concertos: com Noé, com Abraão e com Israel no monte Sinai (Gn 9.8-17;
15.18; Êx24.8). O Novo Testamento fala do novo concerto que o Senhor Jesus fez
com toda a humanidade (Mt 26.28; Hb 8.13). [Comentário: Em hebraico, uma "aliança" é determinada pelo termo berit, e
berit karat significa "fazer (lit., 'cortar' ou 'lapidar') uma
aliança". Em grego o termo é diatheke (que pode significar tanto
"pacto"como "último desejo e testamento"), e o verbo é
diatithemi (At 3.25; Hb 8.10; 9.16; 10.16). Uma aliança é um acordo entre duas
ou mais pessoas em que quatro elementos estão presentes: partes, condições,
resultados, garantias. As alianças bíblicas são importantes como uma chave para
duas grandes facetas da verdade: Soteriologia - O plano de Deus através de
Jesus Cristo para redimir os seus eleitos, está revelado de uma maneira ampla e
profunda nas sucessivas alianças. Mais uma vez cito Russell Norman Champlin,
que chama berit de pacto e enumera-os assim: 1. O pacto edênico (Gn 1.26-28). Esse pacto condicionava a vida do homem
em seu estado de inocência; 2. O pacto adâmico (Gn 3.14-19). Esse pacto
condicionava a vida do homem após a queda, dando-lhe a promessa da redenção; 3. O pacto noaico (Gn 9.1 e ss). Esse pacto estabeleceu o principio do
governo humano; 4. O pacto abraâmico (Gn 15.8). Esse pacto
diz respeito à fundação física e espiritual de Israel, impondo condições aos
que quisessem pertencer ao Israel espiritual; 5. O pacto mosaico (Êx
19.25; 20.1-24.11 e 24.12-31.18). A lei foi dada, supostamente como meio de
vida, mas terminou por ser o motivo da morte e da condenação; 6. O pacto palestiniano (Dt 28-30). Esse prometeu a restauração de
Israel no tempo devido; 7. O pacto davidico (2 Sm 7.8-17). Esse
pacto estabeleceu a perpetuidade da família e do reino davídico, cumprido em
Cristo como Rei (Mt 1.1; Lc 1.31-33; Rm 1.3). Isso inclui o reino milenar (2 Sm
7.8-17; Zc 12.8; Lc 1.31,33; At 15.14-17; I Co 15.24), que tipifica o reino
eterno de Cristo. 8. O novo pacto. Esse repousa sobre a obra
sacrificial e sacerdotal de Cristo, tendo por fito garantir a bênção eterna e a
salvação para os homens. Apesar dos homens não poderem produzir nada que esse
pacto exigia, por si mesmos, a verdade é que ele está condicionado à fé e à
outorga da alma nas mãos de Cristo. O trecho de Hb 10.19 – 12.3 é,
essencialmente, uma descrição de como esse novo pacto é melhor. Ê o pacto
mosaico que está em foco no trecho de Hb 8.6, contrastado com o novo. Fazia
exigências impossíveis aos homens, transformando-os em escravos. Mas não era
capaz de dar-lhes a força para viverem à altura dessas exigências. Portanto. o
pacto baseado na lei estava condenado ao fracasso. No novo pacto foi dada a lei
do Espírito de Deus que opera no coração e em que as operações intimas do
Espírito garantem o cumprimento das condições. Dai vem o sucesso desse novo
pacto. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e
Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 6.]
2.
Preparativos. Até
este ponto na história dos israelitas, Deus vinha agindo em cumprimento às
promessas feitas aos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó (Gn 15.18; 17.19; Êx
2.24). Essa promessa precisava ser levada avante. Agora os filhos de Israel
formavam um grande aglomerado de pessoas, e essa multidão precisava ser
organizada como nação e estabelecida uma forma de governo com estatutos que
constituíssem sua lei. [Comentário: Preparação
para o Pacto (19.1-25): Agora os israelitas tinham chegado ao monte Sinai. Ali
eles permaneceram, pelo resto dos eventos registrados no trecho compreendido
entre Êxodo 19.1 e Números 10.10. Estiveram ali pelo período de onze meses e
seis dias, desde o décimo quinto dia do terceiro mês de seu primeiro ano de
jornadas (ver Êx 12.2,6 e 19.1) até ao vigésimo dia do segundo mês de seu
segundo ano de jornadas (Nm 10.11). Ao receber a lei de Moisés, o povo de
Israel tornou-se uma virtual teocracia, ganhando assim a característica
distintiva que fez deles o povo de Israel. Desse modo, o Pacto Abraâmico estava
adquirindo novas dimensões. Israel era agora a nação consagrada à lei,
porquanto aquilo que o evangelho é para a Igreja, a lei o é para Israel.
Somente em Cristo o Pacto Abraâmico receberia ainda maiores dimensões e
espiritualidade do que recebeu com Moisés (Gl. 3.14 ss). A redenção da servidão
ao Egito tinha sido completa; muitos milagres tinham levado Israel até àquela
parada prolongada, no Sinai. Naquele lugar, um novo pacto seria estabelecido
que tornaria Israel a nação distintiva em que ela se tornou. A lei de Moisés
era a constituição de Israel, a base do estado teocrático, sob YAHWEH (יהוה), o Deus único e verdadeiro. Ficou
assim estabelecido, de modo absoluto, o monoteísmo, se porventura isso já não
tinha acontecido antes. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento
Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 382.]
3.
O concerto do Sinai.
O concerto do Sinai não era apenas a ratificação da promessa feita a Abraão,
mas sua aprovação oficial (Gn 15.18; Gl 3.17). As duas partes envolvidas eram,
de um lado, o grande Deus Jeová: "se diligentemente ouvirdes a minha
voz" (Êx 19.5); e, de outro, Israel: "Tudo o que o SENHOR tem falado
faremos" (Êx 19.8). O povo reafirma esse compromisso mais adiante (Êx
24.7). Era um concerto temporal, local e nacional com mediador falível, ao passo
que o de Cristo tinha aplicação universal, foi em favor de toda a raça humana e
o Mediador era perfeito. [Comentário: O Pacto
Mosaico. As alianças bíblicas (brit) fazem declarações sobre o que Deus
pretende ou está comprometido a fazer. Ao mesmo tempo em que Moisés ou o Pacto
da Lei compartilham essa característica essencial com outros pactos bíblicos,
eles são também diferentes entre si. A aliança original que Deus fez com Abraão
continha um número de declarações “E far-te-ei” feitas pelo Senhor (Gn 12).
Foram dadas a essas promessas força legal e formal em um pacto de sangue (Gn 1
5). Nessa época, Deus fez Abraão adormecer, e o Senhor passou sozinho entre as
partes dos animais sacrificados. O Senhor, então, demonstrou que manteria as
promessas feitas a Abraão não importando o que ele fizesse. Outras alianças,
tais como a de Davi e a Nova Aliança, são também compromissos unilaterais. Deus
fará o que prometeu independente da forma como o homem se comporte. O que
distingue a Aliança (Lei) Mosaica é o que Deus declara que fará dependendo de
como o seu povo se comportará. O povo de Deus será abençoado e protegido se
amar e obedecer ao Senhor. Se, por outro lado, o povo de Deus desviar-se para
cultuar divindades pagãs e abandonar os caminhos corretos, então o
Todo-Poderoso o disciplinará e o punirá. Somente aqui o que Deus fizer será em
resposta às escolhas de Israel. Há outras diferenças entre o Pacto Mosaico e os
outros. Os outros tratam do que Deus fará no final da história. Este pacto
refere-se ao que Deus fará a cada geração enquanto a história se desenrola. Os
outros são pactos permanentes. O Mosaico é um pacto temporário, valendo somente
até Jesus, o Redentor prometido. Hoje o Deus da Lei do AT continua a revelar a
natureza santa do Senhor e seus padrões morais. Entretanto, hoje o Santo
Espírito de Deus nos capacita a ter uma vida de amor que cada vez mais
demonstre perfeitamente o caráter do nosso Senhor. RICHARDS. Lawrence O.
Guia do Leitor da Bíblia. Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por
capítulo. Editora CPAD. pag. 62.]
4.
O livro do concerto.
Moisés "tomou o livro do concerto e o leu aos ouvidos do povo"
(24.7). O concerto foi feito sob as palavras desse livro que continha os
mandamentos e os direitos e deveres para a vida de Israel (24.8). Deus já havia
mandado Moisés escrever os acontecimentos ocorridos até a guerra dos
amalequitas (Êx 17.14). Mas aqui o texto se refere a uma coleção de ordenanças
escritas pelo próprio Moisés (24.4). Segundo Umberto Cassuto, professor das
universidades de Milão, Roma e Jerusalém, esse livro continha Êxodo 19-20.19 e
20.22-23.33. Nessa época, a revelação do Sinai ainda estava em andamento. [Comentário: O livro da aliança (hebraico aepher habberit) foi lido por Moisés
como a base do pacto de YAHWEH (יהוה)
com Israel (Êx 24.7). Não há certeza sobre que livro era esse, mas,
provavelmente, era ou incluía o decálogo, isto é, Êxodo 20.2-17. Entretanto, a
expressão também foi aplicada a Êxodo 20.22 22: 33. Em 2º Reis, a expressão
refere-se à lei deuteronômica como um todo. Seja como for, estamos tratando da
mais antiga codificação da lei de Israel, que consiste em juízos (mispatim) e
estatutos (debarim). Os juízos eram mandamentos positivos: ...faze isto... e os
estatutos eram mandamentos negativos: Não. Também havia provisões chamadas leis
participiais, porquanto, no hebraico, são expressos por algum verbo no tempo
particípio: Fazendo isto ou aquilo, morrerá. A grosso modo, podemos dizer que o
..livro da aliança.. é o decálogo, com seus comentários e implicações. Um
código, similar quanto. a certos pontos, é o de Hamurabi, embora ali os homens
estivessem divididos em três classes: a aristocracia, a classe comum dos
cidadãos e os escravos. E as leis eram bastante desiguais, quando aplicadas a
essas três classes. Algumas das provisões, porém, eram idênticas, como, para
exemplificar, a sentença de morte contra o sequestro. (Êx 21.16; Dt 24.7;
Código de Hamurabi, nº 14). Quanto ao furto, as leis hebraicas não requeriam a
morte, e o código de Hamurabi requeria a punição capital, embora com o tempo,
isso fosse relaxado para o roubo de objetos religiosos ou de propriedades do
estado, posteriormente, foi requerida uma sêxtupla devolução. Ambos esses
códigos permitiam que as dividas fossem saldadas mediante a servidão, havendo
provisões para a redenção, a fim de que os cidadãos não se tomassem escravos
permanente Êx 21.2-11; Dt 15.12-18; Código de Hamurabi nº 117-119. A lei de
Talião, em face da qual o castigo aplicado correspondia exatamente ao dano
praticado, era aplicada de forma um tanto mais dura no código de Hamurabi (nº
198), do que na lei mosaica. Diz Êxodo 21.23-25: «Mas se houver dano grave,
então darás vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por
pé, queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, golpe por golpe... O
povo comum e 'os escravos eram menos protegidos nas leis babilônicas do que na
lei mosaica. Um pastor que perdesse uma ou várias ovelhas, tinha de fazer
reparação em valores, de acordo com o Código de Hamurabi nº 267. A lei. mosaica
(Êx 22.10-13) era mais suave, porquanto admitia perdas que não se deviam à
culpa do pastor, como o ataque de algum animal feroz. Nesses casos, bastava-lhe
fazer um juramento de sua inocência, e nada precisava pagar. Essas e outras
comparações demonstram que o Código de Hamurabi, bem como outras legislações
existentes na região, juntamente com as leis do Antigo Testamento, estavam
alicerçadas sobre algum fundo comum de leis. Mas, em diversas provisões, as
leis do Antigo Testamento elevaram os padrões, injetando um maior espírito de
misericórdia do que outros códigos. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia
de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 869.]
SÍNTESE
DO TÓPICO III
Enquanto o Antigo Testamento fala de três
concertos - os de Noé, Abraão e Israel -
o Novo revela uma nova e suficiente aliança: Jesus Cristo se fez homem.
IV.
O SACRIFÍCIO
1.
Os holocaustos.
A solenidade foi celebrada com sacrifícios de animais (20.4). O holocausto,
olah, em hebraico, significa "o que sobe", pois a queima subia em
forma de fumaça, como cheiro suave diante de Deus. Neste sacrifício, a vítima
era completamente queimada como sinal de consagração do ofertante a Deus. A
Septuaginta emprega holokautoma, derivado de duas palavras gregas: holos,
"inteiro, completo, total", e kaustos, "queima". Ou seja,
uma oferta totalmente queimada, ou completamente queimada no altar, era
considerada o mais perfeito dos sacrifícios. [Comentário: Essa palavra vem do grego hol «inteiro». E kautoI.
«queimar». A Septuaginta usa essa palavra para. traduzir o termo hebraico olah,
que significa «trazido a Deus». Um sinônimo, kalil, significa «queima
completa», referindo-se ao consumo dos sacrifícios em sua totalidade, incluindo
os órgãos internos, a gordura e tudo o mais, até tudo tornar-se em cinzas. A olah
era oferecida como expiação pelo pecado. Outros sacrifícios expiavam pelos
pecados particulares, mas a olah visava a uma expiação geral. Os
holocaustos, no decorrer da sua história eram efetuados privada e publicamente.
Posterior: mente transformaram-se na tamid diária, o grande sacrifício
nacional, em favor de toda a nação de Israel. Essa cerimônia é que deu origem à
oração judaica diária, que prevalece no judaísmo moderno. Em um sentido
secundário, o termo é usado para indicar qualquer grande e terrível destruição,
como a destruição de seis milhões de judeus, por determinação de Adolf Hitler,
durante a Segunda Guerra Mundial. Qualquer grande destruição, sem importar a
sua causa, pode ser assim denominada. CHAMPLIN, Russell Norman,
Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 150.]
2.
O sangue.
Deus mandou Moisés oferecer o sacrifício do concerto e aspergir o sangue sobre
o altar e o povo (24.6, 8). Todo o sistema sacrifical fundamenta-se na ideia de
substituição, e isso implica expiação, redenção, perdão e sacrifício vicário à
base de sangue (Lv 17.11). O sangue aqui era o ponto de união entre Deus e seu
povo; com ele, Israel começava uma nova etapa em sua história (Sl 50.5). O
escritor aos Hebreus lembra que o concerto do Sinai foi celebrado com sangue e
faz uma analogia com a Nova Aliança, porque o Senhor Jesus a selou com seu
próprio sangue (Hb 9.18-22). [Comentário: Metade do
sangue dos sacrifícios, que havia sido posto em receptáculos, a ser usado para
aspergir o povo (vs. 8). A outra meta- de foi aspergida sobre o altar. Temos aí
o rito da ratificação, selado a sangue. Por muitas vezes, o sangue fala de
expiação; e, talvez, essa idéia esteja incluída no rito, embora a noção
principal tenha sido a ratificação feita pelas duas partes interessadas: YAHWEH
(יהוה) representado pelo altar, e o
povo de Israel, que foi aspergido. Entre vários povos antigos havia pactos de
sangue. Algumas vezes, o sangue dos sacrifícios era sorvido pelas partes
envolvidas no acordo. “Deus e o povo uniram-se em sagrado companheirismo. Houve
uma refeição sagrada (vss. 9-11), que também servia de meio comum de
estabelecimento dessa comunhão. Provavelmente devemos pensar aqui em uma forma
mais antiga, e que a aspersão do sangue simbolizava aquilo que se fazia mais
antigamente, ou seja, o sangue era bebido”. A aversão de Israel ao uso de
sangue como alimento não permitiria que eles bebessem do sangue. CHAMPLIN,
Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora
Hagnos. pag. 411. Aqui é fornecida uma razão para esta lei (v. 11):
“Porquanto é o sangue que fará expiação pela alma”. E, por isto, é através do
sangue que se faz a expiação, porque a vida da carne é o sangue. O pecador
merece a morte. Por isto, o sacrifício deve morrer. Mas, sendo o sangue, de tal
forma, a vida, a ponto de que os animais normalmente eram mortos para o uso do
homem, com a extração de todo o seu sangue, Deus recomendou o espargir ou o
derramar do sangue do sacrifício sobre o altar, para significar que a vida
daquele sacrifício era dada a Deus, em lugar da vida do pecador, e como um
resgate ou contra-oferta por ela. Por isto, sem derramamento de sangue não há
remissão, Hebreus 9.22. Por esta razão, eles não deveriam comer o sangue. Além
disto: (1) Esta era, então, uma razão muito boa. Pois Deus, desta maneira,
desejava preservar a honra daquela forma de expiação que Ele tinha instituído,
e conservar, na mente do povo, uma consideração reverente por ela. Como o
sangue do concerto era algo perceptível, nenhum sangue devia ser comido ou pisoteado
como algo comum, da mesma maneira como eles não deviam ter ungüento nem perfume
iguais àqueles que Deus havia ordenado que eles fizessem para Ele. HENRY.
Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Gênesis a Deuteronômio.
Editora CPAD. pag. 404-405.]
3.
A aspersão.
Moisés colocou metade do sangue em bacias e aspergiu outra metade sobre o altar
(24.6). O sangue das bacias foi aspergido sobre o povo, como recipiente das
bênçãos de Deus e parte do concerto. O sangue do altar representa o próprio Deus,
a outra parte da aliança, visto que sem derramamento de sangue não há remissão
(Hb 9.22). Tudo isso era também um prenúncio da redenção em Cristo. [Comentário: ASPERSÃO No AT, essa palavra envolve o uso de sangue, água ou azeite. O
Comentário Bíblico Beacon (CPAD) traz o seguinte: “A necessidade de
derramamento de sangue, tipificando a doação de vida, é resumida no versículo
22. No que tange à purificação cerimonial, as coisas, i.e., o Tabernáculo e
seus acessórios de adoração, lemos o seguinte: E quase todas as coisas, segundo
a lei, se purificam com sangue. Mas ainda mais indispensável é o sangue remidor
oferecido em favor dos pecadores. Coisas requerem o aspergir de sangue quando
são consagradas. Mas pessoas requerem perdão; e embora possa haver exceções em
relação às coisas, não há exceção no perdão; porque sem derramamento de sangue
não há remissão de forma alguma. Esta é a grande diferença entre o caminho de Deus
e o caminho do homem, entre a verdadeira religião e a falsa. O homem tem uma
visão inadequada do pecado e despreza o sangue como inerentemente necessário
para o perdão. Mas ao exigir sangue, Deus ressalta a excessiva pecaminosidade
do pecado; e ao prover o Sangue, Ele revela o seu infinito amor. O sangue do
pecador pode ser poupado — mesmo o de animais — porque Deus sacrificou seu
próprio “Cordeiro [...] que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).” Richard S.
Taylor. Comentário Bíblico Beacon. Hebreus. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 83.]
SÍNTESE
DO TÓPICO IV
Deus informou a Moisés, na Lei, a constituição de
sacrifícios santos: os holocaustos; derramamento de sangue; aspersão do sangue
CONCLUSÃO
A grandeza do acontecimento no Sinai
mostra a natureza sem igual da cerimônia, algo nunca visto. Era a manifestação
do próprio Deus de maneira explícita diante de todo o povo. O que devemos
aprender é que a observância meramente exterior, destituída de significado
interior, não passa de simples cerimônia. A riqueza espiritual e seu
significado residem na figura do Filho de Deus e no cumprimento do concerto em
Cristo. [Comentário: A Lei, termo
traduzido pela Septuaginta por dekalogos, “decálogo" (deka,
"dez", e logos,"palavra"). O Decálogo é a única parte do
Pentateuco escrita "pelo dedo de Deus" (Êx 31.18), Agostinho de
Hipona diz ser linguagem figurada que significa "pelo Espírito de
Deus" e, de acordo com Clemente de Alexandria, "pelo poder de
Deus". É também a única porção da lei que Israel ouviu partir da voz do
próprio Deus no monte quando ele transmitia essas dez palavras (Êx 19.24, 25;
20.18-20). O Decálogo se reveste de um valor especial no Pentateuco, mas para o
cristianismo tem o mesmo valor que qualquer outra parte do Antigo Testamento
como Escritura inspirada por Deus (2 Tm 3.16). As dez palavras foram escritas
pelo próprio Deus em ambos os lados de duas tábuas de pedra, e entregues a
Moisés (Êx 31.18; 32.15, 16; Dt 4.13; 5.22; 10.2-4). Os judeus, desde Fílon de
Alexandria até a atualidade, dividem os Dez Mandamentos em dois grupos de
cinco, um grupo para cada tábua. Agostinho de Hipona supunha haver três
mandamentos na primeira tábua e sete na segunda. Calvino e muitos da atualidade
acreditam que na primeira tábua estavam gravados os quatro mandamentos
relativos aos deveres do homem com Deus e, na segunda, os seis mandamentos
relativos ao homem e seu próximo. Alguns interpretam que o Senhor Jesus Cristo
sintetizou as duas tábuas nos dois grandes mandamentos (Mt 22.34-40), com a
ressalva do sábado, pois não há ensino no Novo Testamento para a observância do
quarto mandamento]. “NaquEle
que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de
vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco Barbosa
CampinaGrande-PB
Dezembro de 2014
PARA
REFLETIR
Sobre a lei de Moisés e a lei de Cristo, responda:
Qual é a maior e a mais completa lei: a de Moisés
ou a de Cristo?
O Senhor
Jesus cumpriu toda a Lei, de modo que toda a moral contida no sistema mosaico
foi incorporada e restaurada sob a graça derramada por Jesus através do
sacrifício do Calvário. O mandamento de Cristo é a lei do amor, o mais importante
mandamento (Rm 13.10).
É correto anular a lei de Moisés em nome da Graça?
Embora a lei
tenha a sua importância, servindo durante um longo tempo como um
"pedagogo" para o pecador, ela não tem mais domínio sobre nós. Isso
não quer dizer que a lei foi anulada, mas efetivamente cumprida por Jesus e,
por essa razão, vivemos debaixo da Graça (Gl 3.23-25).
O sistema de sacrifício judaico tem algum
significado para os cristãos?
Sim, mas se
trata de um significado simbólico. Todo o sistema de sacrifício do judaísmo
fundamentava-se na ideia de substituição, expiação, redenção, perdão e
sacrifício à base de sangue. Todo esse sistema era como sombra, porque Jesus
Cristo selou uma nova aliança com a humanidade por meio do seu sangue (Hb
9.18-22). Ele expiou todos os nossos pecados.
A quem devemos obedecer: a Moisés ou a Jesus?
Jesus é
maior que Moisés. Logo, todo o ensino de Moisés, no Antigo Testamento, deve ser
compreendido à luz do Evangelho de Cristo (Hb 3.1-6).
Qual é o nosso maior modelo de vida?
Jesus Cristo
(Fp 2.5-11).
NOTAS
BIBLIOGRÁFICAS
Revista Lições Bíblicas Mestre - 1º
Trim./2015 - CPAD
Tema:
"Os Dez Mandamentos" - Os Valores Divinos para uma Sociedade e
Constante Mudança
Comentário: Pr. Esequias Soares
Consultores Doutrinários e Teológicos: Pr. Antonio Gilberto e Pr. Claudionor de
Andrade
Autorizo a todos que
quiserem fazer uso dos subsídios colocados neste Blog. Solicito, tão somente,
que indiquem a fonte e não modifiquem o seu conteúdo. Agradeceria, igualmente,
a gentileza de um e-mail indicando qual o texto.