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11 de novembro de 2022

LIÇÃO 7: A RESPONSABILIDADE É INDIVIDUAL

 


TEXTO ÁUREO

A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a maldade do pai, nem o pai levará a maldade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a impiedade do ímpio cairá sobre ele.” (Ez 18.20)

 

VERDADE PRÁTICA

Para além da responsabilidade individual, a Palavra de Deus se posiciona contra o fatalismo, isto é, contra a ideia de que tudo está determinado por um rígido destino

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Ezequiel 18.20-28

 

INTRODUÇÃO

O ponto de partida desta lição é uma máxima muito usada em Jerusalém e, também, entre os exilados de Babilônia que diziam: ”Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram” (Jr 31.29; Ez 18.2). Com base nesse ditado, eles diziam que estavam sendo punidos por causa dos pecados de seus antepassados.

COMENTÁRIO

Vivemos num período caracterizado por uma tremenda confusão doutrinária. Na verdade, de um lado existem aqueles que desprezam os estudos teológicos por acharem que teologia “esfria” a Igreja. Por outro lado existem aqueles que são herdeiros de uma tradição rica em conceitos sadios e que concordam com a sã doutrina da Palavra de Deus, mas que mesmo assim, se apoiam em doutrinas completamente contrárias aos ensinamentos da Palavra de Deus.

Isso acontece porque tais pessoas desconhecem um princípio hermenêutico (princípio de interpretação) bíblico sadio e correto. A maior verdade de interpretação existente é de que A BÍBLIA INTERPRETA A PRÓPRIA BÍBLIA. Em outras palavras, isso quer dizer que as passagens que são complicadas devem ser interpretadas por outras passagens mais claras. Outro princípio diz que as passagens bíblicas devem ser interpretadas dentro do seu contexto. É bem conhecido aquele ditado que diz que “texto sem contexto é pretexto pra heresia”. Um exemplo de pessoas que viviam dessa forma eram os cristãos da cidade de Beréia que conferiam nas Escrituras se Paulo estava pregando corretamente.

Tais noções nos ajudam contra doutrinas erradas que muitas vezes são passadas dos púlpitos das nossas igrejas. Uma destas doutrinas é a conhecida doutrina das maldições hereditárias. Esta doutrina tão perniciosa é definida por um de seus principais defensores no Brasil da seguinte forma: A maldição é a autorização dada ao diabo por alguém que exerce autoridade sobre outrem, para causar dano à vida do amaldiçoado... A maldição é a prova mais contundente do poder que têm as palavras. Prognósticos negativos são responsáveis por desvios sensíveis no curso da vida de muitas pessoas, levando-as a viver completamente fora dos propósitos de Deus... As pragas se cumprem.

Algumas perguntas surgem nas nossas mentes: será que Deus castiga os filhos por causa dos pecados dos pais? Será Deus um agente arbitrário que castiga os filhos que não cometeram pecado no lugar dos pais, que são os verdadeiros culpados? Ou há algo que deve ser entendido devidamente nas passagens onde Deus fala sobre maldição hereditária? São exatamente estas perguntas que nos propomos a responder dentro da única regra de fé e prática da Igreja: A BÍBLIA SAGRADA.

O que temos nestes textos citados, é uma expressão proverbial para: “Os filhos sofrem pelas ofensas de seus pais”. Isso é explicado no próximo versículo: “Todo mundo morrerá por sua própria iniquidade”. Nenhuma criança deve sofrer punição divina pelo pecado de seu pai; somente na medida em que ele age da mesma maneira, pode-se dizer que ele carrega os pecados de seus pais.

De fato, a responsabilidade individual (18.1-32). Concordo co CHAMPLIN quando eleclarece esse texto dizendo que “os vss. 1-4 declaram o princípio da responsabilidade pessoal, e o restante do capitulo ilustra este princípio. Algumas passagens afirmam que os filhos (descendentes) de um homem podem sofrer e morrer por causa dos pecados paternos.

Outras passagens enfatizam a responsabilidade pessoal. O conceito de união da comunidade era muito forte na mentalidade hebraica; assim, o que os antepassados fizeram, os descendentes compartilham, como se a raça fosse um único ser manifestando-se em tempos diferentes. Este conceito era forte entre os hebreus, mas a responsabilidade individual não se perdeu. Os exilados culparam seus antepassados pelas calamidades que sofreram (ver Jer. 31.27-30). Mas qualquer pessoa veria que aqueles ímpios mereciam o que receberam, por causa de suas próprias obras iníquas. A raça compartilhou um pacto, mas cada indivíduo era responsável por agir de acordo com as suas pretensões. A Lei Moral da Colheita segundo a Semeadura se aplica às coletividades (às nações), mas também aos indivíduos.

O presente capítulo é paralelo a Eze. 12.21-28, sendo que os dois respondem a um provérbio do povo, que negava a iminência do julgamento de Yahweh. Quando a comunidade é julgada, obviamente os indivíduos também o são. O indivíduo culpado de rebeldia pode sofrer, enquanto a comunidade escapa da mão pesada de Deus. Quem toma as decisões é a mente divina, não a mente manipuladora dos homens.

A vida mencionada neste capítulo provavelmente é a vida terrena, física. O homem que observa a lei de Deus vive por mais tempo, com prosperidade, mas os pecadores morrem jovens, em meio à miséria. Alguns intérpretes veem aqui uma referência a vida além do sepulcro e falam de julgamentos eternos. Não é provável que este trecho de Ezequiel contenha um ensino desta natureza. De qualquer modo, o texto pode ser aplicado desta maneira. É precário usar textos do Antigo Testamento para ensinar tais doutrinas.

A Lei Dá Vida. Quer dizer, a lei, quando observada, dá vida física longa e próspera, segundo o conceito hebraico. Ver Deu. 4.1; 5.33; 6.2 e Eze. 20.11CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3245.

Também nos explica, seguindo esse mesmo raciocínio, Warren Wiersbe: “Antes de recapitular a história de Israel e as lições que podemos aprender com ela, devemos tratar de uma questão importante de interpretação. No capítulo 18, Ezequiel ensinou que os filhos não eram castigados pelos pecados dos pais, mas neste capítulo ele parece dizer que os pecados passados de israelitas como nação (cuidadosamente registrados) foram a causa do fracasso dos judeus e da invasão babilônia. “Julgá4os-ias tu, ó filho do homem, julgá-los4as? Faze-lhes saber as abominações de seus pais” (Ez 20:4). Essa declaração do Senhor sugere que Deus estava julgando os judeus por aquilo que seus pais haviam feito.

No entanto, não era isso o que o Senhor estava dizendo a Ezequiel. Ao recapitular a história de seu povo, Deus estava julgando aquela geração, pois era culpada dos mesmos pecados de seus antepassados: incredulidade e rebelião. Jeremias disse que sua geração de judeus era ainda pior que seus pais (Jr 16:12)! Nesse resumo histórico, Deus provou que havia sido coerente ao tratar com os judeus. Os exilados haviam se queixado de que Deus não havia tratado seu povo com justiça (Ez 18:2, 19, 25, 29), mas sua história nacional provava que Deus não apenas era justo com eles, mas também misericordioso e longânimo. O Senhor não estava castigando os judeus do tempo de Ezequiel pelos pecados que seus pais haviam cometido séculos antes, mas sim porque os contemporâneos de Ezequiel haviam cometido exatamente os mesmos pecados! Foi por isso que Deus fez essa recapitulação da história de IsraelWIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. IV. Editora Central Gospel. pag. 246-247.

Vamos ao conteúdo da lição:

 

I. SOBRE A MÁXIMA USADA EM ISRAEL

1. Uma máxima equivocada. O ditado popular ”Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram” se baseava numa interpretação equivocada sobre o terceiro mandamento do Decálogo (Êx 20.5; Dt 5.9). A maldição não é hereditária, ela só permanece quando os filhos continuam nos pecados dos pais; veja a expressão ”daqueles que me aborrecem”. É um princípio divino estabelecido desde a lei de Moisés (Dt 24.16). Isso é lembrado na história de Israel (2 Rs 14.5,6).

COMENTÁRIO

Deus havia declarado muitas vezes que visitaria os pecados dos pais sobre os filhos e ameaçara particularmente executar julgamento sobre a geração atual pelas idolatrias e outros pecados de seus antepassados (Êx 20.5; Jr 15.4). Isso deu ocasião ao provérbio mencionado neste versículo, que os que estavam em cativeiro aplicaram ao seu próprio caso, como se as misérias que eles suportaram fossem principalmente devidas aos pecados de seus pais (Lm 5.7; Ez 18.2); mas quando esse julgamento deveria ser removido, não haveria outra ocasião para usar esse provérbio, como Ezequiel fala: ”Mas cada um morrerá por sua própria iniqüidade...”.

É interessante que CHAMPLIN nos apresenta outra aplicação, dizendo ele que “era que o testemunho de um pai contra seu filho, ou de um filho contra seu pai, não era aceitável, em casos que envolvessem punição capital. Outras testemunhas idôneas tinham de ser encontradas (conforme diz o Targum de Jonathan). Nesse caso, o trecho de Deu. 21.18 ss. não apresenta nenhuma exceçãoCHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 845.

2. Jeremias e Ezequiel trataram do assunto. A palavra profética em Jeremias é escatológica. A seção de Jeremias 30-33 é o Livro da Consolação, que não foi editado separadamente como Lamentações, essa parte da profecia anuncia a restauração de Israel e de Judá e contempla o futuro glorioso da nação unificada. Esse oráculo está nesse contexto, como nos revela também a profecia no livro de Jeremias (Jr 31.29,30). É nesse contexto escatológico que nunca mais será pronunciado em Israel tal provérbio popular. Mas a proibição anunciada por Ezequiel é imediata (Ez 18.2,3).

COMENTÁRIO

O comentarista da lição nos esclarece esse ponto dizendo que “Os pecados do povo foram acumulados geração após geração, mas o castigo do cativeiro era responsabilidade daquela geração. Tanto os exilados na Babilônia como os que estavam em Judá e em Jerusalém acreditavam ou se justificavam numa ideia falsa de que estavam pagando pelos pecados dos pais, mesmo depois da destruição de Jerusalém (Lm 5.7). Javé, entanto, proibiu enfaticamente o povo de pronunciar essa máxima: Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, vocês nunca mais repetirão esse provérbio em Israel (18.3). Na profecia de Jeremias, essa proibição é escatológica, depois a restauração de Israel (Jr 31.29)Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 87.

O pensamento nesse sentido era fruto do sofrimento experimentado, e logo concluiu o remanescente no exílio da Babilônia, que sofria nas mãos de seus capturadores, e que antes, haviam sofrido os ataques violentos do inimigo. Sofreram porque “os pais pecaram”. Estavam ceifando o que semearam. Judá era o próprio modelo da idolatria-adultério-apostasia, e o SENHOR perdeu a paciência com suas vagueações morais e espirituais. O apóstolo Paulo fala algo semelhante em Romanos 5.12.

3. O problema em nosso tempo. A doutrina das “uvas verdes e dentes embotados” que predominou o imaginário popular de Israel (Jr 31.29; Ez 18.2) veio a ser parte do cardápio doutrinário de um movimento infiltrado em algumas igrejas conhecido como “Batalha Espiritual”. Essa parte do ensino é a conhecida extravagante doutrina da maldição hereditária. Quando alguém se converte a Cristo, deixa de aborrecer a Deus, logo, essa passagem do terceiro mandamento do Decálogo não pode se aplicar aos crentes (Rm 5.8-10), pois eles se tornam em uma nova criatura, pois “as coisas velhas já passaram, e eis que tudo se fez novo” (2Co 5.17). Devemos orar e agir para que esses ensinos equivocados não prosperem em nossas igrejas (Jd v.3).

COMENTÁRIO

Um dos princípios fundamentais da Escritura é apresentado no capitulo 18.1-32 de Ezequiel (também ensinado em Dt 24.16; 2Rs 14.6). O castigo é proporcional à fé e à conduta de cada pessoa. Ele havia predito a punição que recairia sobre a nação, mas a razão era o pecado individual (Ez 3.16-21; 14.12-20; 33.1-20). O povo de Judá não reconhecia a sua culpa merecedora de castigo. Embora eles mesmos fossem perversos e idólatras, culpavam seus antepassados pela situação em que se encontravam (2Rs 21.15). Esse tipo de raciocínio era expresso no provérbio então corrente (Jr 31.29), que significa, na verdade, "Eles pecaram (comeram as uvas verdes); nós herdamos o amargor" (os dentes dos filhos embotaram). Deus rejeitou a transferência da culpa e a fuga da responsabilidade deles dizendo: “a alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18.4). Deus não tem favoritos, mas é justo em considerar cada pessoa responsável pelo seu próprio pecado. A morte aqui descrita é a morte física que, para alguns resulta em morte eterna.

Novas correntes tem surgido ultimamente com foco em Batalha espiritual e quebra de maldições, inclusive, mapeando regiões inteiras para identificar as hostes espirituais que governam aquele lugar, a fim de combater com maior eficácia.

Muitas pessoas enfatuadas, arrogantes e na verdade ignorantes a respeito da Palavra de Deus utilizam, de forma indevida uma passagem neotestamentária para apoiar sua falsa doutrina de maldição hereditária. A passagem é João 9.1, 2, que diz o seguinte: “Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” A resposta de Jesus foi extraordinária: “Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestassem nele as obras de Deus” (v. 3). Agora eu pergunto aos que afirmam que aqui há uma base para a maldição hereditária: onde esse texto dá apoio à essa doutrina satânica e perniciosa? A resposta é óbvia: EM NENHUM LUGAR! Quereis vós, que distorcem o cristalino ensino da Palavra inerrante de Deus basear os seus falsos ensinamentos apenas na pergunta dos discípulos? Pois bem, não percebem que esta pergunta foi taxada como errada pelo próprio Jesus? A resposta de Jesus Cristo mostra quão errada é esta noção, quão deturpada é a doutrina que ensina que os filhos são castigados pelos pecados dos seus pais. Na verdade, o propósito pelo qual aquele homem havia nascido cego era para que na vida dele as obras poderosas de Deus fossem manifestadas. Ele havia nascido cego para que a glória de Deus fosse manifestada através da cura realizada por Jesus Cristo, a fim de que a sua pregação a respeito do Reino de Deus fosse credenciada diante das pessoas que o ouviam. Esta passagem não ensina nada sobre maldição hereditária a não ser uma única coisa: que esta doutrina é errada!

 

II. SOBRE A SALVAÇÃO PARA TODOS OS SERES HUMANOS

1. Há esperança para o pecador (vv. 21,22,23). Essa ideia está muito clara no capítulo inteiro, que, para não deixar dúvidas, Ezequiel afirma de maneira direta (vv.4,20), reiterando diversas vezes com exemplos claros e ilustrações. A vontade de Deus é a salvação de todos os seres humanos para que ninguém se perca, e nisso o profeta antecipa o pensamento do Novo Testamento (Jo 5.40; 1Tm 2.4; 2Pe 3.9).

COMENTÁRIO

Ezequiel apresenta um caso seguinte que envolve uma pessoa injusta que se voltou para a justiça. Ela recebeu uma carta em branco de perdão (v. 22) e vida espiritual para sempre. Deus não tem prazer voluntarioso a morte dos injustos (Jo 5.40; 1Tm 2.4; 2Pe 3.9). O exemplo apresentado em seguida nesse texto, fala de um homem justo que se volta para uma vida de pecado. A sua antiga aparente justiça não era sincera e não era uma expressão válida de fé.

O que o homem mau fez no passado é anulado. O SENHOR, esquecendo as velhas transgressões do pobre pecador, olha somente para o presente justo daquele homem e o abençoa. A graça de Deus age assim, portanto não devemos surpreender-nos com a anulação de toda a grande massa de pecados. Todos temos grande quantidade de iniquidades para anular e esquecer. O homem, ontem tão miserável, hoje vive uma nova vida, pelo poder do Espírito que transformou (e está transformando) o seu coração. A mudança no homem é completa; o perdão de seus pecados é completo. Ele tem um novo coração. A Lei de Moisés tornou-se efetiva na sua vida. Se o homem não esquecer a lei, cumprindo seus requisitos (Pv 3.1), então Deus esquecerá sua vida anterior de pecados.

Não irei entrar na seara da Segurança Eterna do Crente, até mesmo por que, não há certeza de que o profeta tivesse aqui essa intenção de entrar na questão de uma vida pós-túmulo e das condições que poderiam governar essa vida. Mesmo tocando nesse assunto, a luz do Antigo Testamento não seria suficiente para esclarecer tais questões.

2. Refutando um pensamento fatalista (v.20). Tanto os exilados na Babilônia como os que estavam em Judá e em Jerusalém acreditavam ou se justificavam numa ideia falsa de que estavam pagando pelos pecados dos pais, mesmo depois da destruição de Jerusalém (Lm 5.7). Deus proíbe o uso desse ditado popular porque a responsabilidade é individual. O profeta Ezequiel fecha a porta fatalista do imaginário popular do povo de Judá e dos exilados de Babilônia. Ele torna claro o pensamento bíblico da responsabilidade individual de maneira textual e direta (v.20). A palavra “alma”, nesse contexto, significa a própria pessoa.

COMENTÁRIO

Na verdade, o que temos aqui, é o velho hábito humano de transferir responsabilidades! Desde o Éden, nos esforçamos em colocar a culpa do nosso erro em alguém outro e fugimos à responsabilidade. Mas o texto sagrado é enfático! A alma que pecar, essa morrerá. CHAMPLIN esclarece isso assim: “A doutrina de Ezequiel é uma afirmação poderosa da lei moral da colheita segundo a semeadura. Ver Gál. 6.7-8, no Novo Testamento Interpretado. O filho inocente de um pai corrupto viverá (vss. 14-17); o bom pai não participará dos resultados dos pecados de um filho rebelde (vss. 10-11). O bom homem terá a proteção de Yahweh e terá vida longa e próspera e, depois, da morte biológica, a vida eterna. Mas o homem maldoso enfrentará a ira de Deus. O seu sangue será sobre ele (vs. 13). Esta conclusão é lógica e verdadeira, e concorda plenamente com o princípio anunciado no vs. 4. Yahweh, o Criador de todas as almas, é também seu Juiz. Além disto, é o Legislador que deu sua lei como guia, tornando os homens responsáveis, porque tinham luz para o caminho. O texto ensina responsabilidade moral e espiritual de todos os indivíduos, e também ensina responsabilidade da nação de Judá inteira. As duas manifestações são os dois lados da mesma moeda. Os pais não serão mortos em lugar dos filhos, nem os filhos, em lugar dos pais; cada um será morto pelo seu pecado. (Deuteronômio 24.16)”. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3247.

3. Duas situações (vv.2,22,24). O profeta explica, com clareza, os oráculos divinos sobre a relação de Deus com os seres humanos. Se o pecador abandona a sua vida cheia de pecados, todo tipo de maldade, iniquidade e se volta para Deus, tal pessoa é perdoada, e se “fizer juízo e justiça, certamente viverá; não morrerá” (vv.21,22). Mas, se pelo contrário, o justo se desviar de sua justiça e cometer injustiça e iniquidade “conforme todas as abominações que faz o ímpio […] De todas as suas justiças que tiver feito não se fará memória; na sua transgressão com que transgrediu, e no seu pecado com que pecou, neles morrerá” (v.24). É possível, sim, o salvo perder a salvação temporariamente (Lc 15.32) ou definitivamente (2 Pe 2.20-22).

COMENTÁRIO

Assim como Deus não leva em conta os pecados de quem se converte dos seus maus caminhos, pela mesma moeda o justo que se desvia terá os registros de sua vida deletados. O princípio é o mesmo: o pecador que se arrepende viverá; quando ocorre o contrário, no caso de o justo se desviar, de todos os atos de justiça que praticou, nenhum será lembrado; na sua transgressão com que transgrediu e no seu pecado que cometeu, neles morrerá.

Todos conhecemos casos de pessoas santas que se corromperam. Tais pessoas ficam sujeitas à condenação de Deus, seja no presente seja na vida além. Não sabemos se a teologia do profeta tinha avançado para considerações pós-túmulo. De qualquer maneira, o mesmo princípio se aplica à vida agora e à vida pós-túmulo. Mas não devemos esquecer o poder de Deus, que é dedicado à salvação. O homem que volta para o pecado sofrerá, mas a graça de Deus o restaurará, afinal, ainda nesta vida ou na vida pós-túmulo. Jesus pode alcançar homens onde quer que estejam, nesta vida ou além. O presente versículo é uma declaração arminiana, sem dúvida, mas nenhuma declaração deste tipo governa a eternidade. O homem que realmente começou na trilha espiritual pela atuação do Espírito terminará entre os salvos, a despeito de suas vagueações. O mesmo propósito redentor o seguirá; a vida é uma só. E, para o homem genuinamente bom, o propósito opera até efetuar o resultado desejado. Assim corre a minha fé. Entro em detalhes no artigo sobre a Segurança do Crente, no Dicionário. Haverá um dia final, quando a graça de Deus deixará de funcionar, terminando com a missão redentora do Logos? Acho que não. Assim correm meu sonho e minha doutrina, confiantes na graça de Deus para superar todas as negativas que os homens tanto” apreciam. A porta do inferno se fecha do lado de dentro, e pode ser aberta pela mudança da alma que recebe a graça de Deus. Sempre haverá a possibilidade de reversos.

 

III. SOBRE A REAÇÃO DE ISRAEL

1. Uma pergunta retórica (v.25). Na verdade, são duas perguntas: ”Não é o meu caminho direito? Não são os vossos caminhos torcidos?”. A pergunta retórica não espera resposta, trata-se de uma afirmação em forma de pergunta. É o que Javé afirma nessa passagem. Esses recursos estilísticos são frequentes nas Escrituras, veja esses exemplos: ”Não é Arão, o levita, teu irmão?” (Êx 4.14); ”Não errais vós em razão de não saberdes as Escrituras e nem o poder de Deus?” (Mc 12.24; cf. Ez 8.6; Jo 4.35; 6.70; 1 Co 10.16). Depois de explicar essa verdade e apresentar os fatos vem a conclusão: os caminhos do Senhor são corretos e os do povo, torcidos.

COMENTÁRIO

Deus aplica o princípio em resumo ao problema do pecado de Israel (2-4). Eles, e não Deus, é que devem reconhecer sua falta de retidão (25,29). Eles eram os únicos culpados e deveriam reconhecer isso!

Aqueles pecadores tinham a coragem de declarar-se inocentes e não merecedores dos “maus-tratos” do SENHOR. Continuavam culpando seus antepassados, cujos pecados supostamente excitaram a ira do SENHOR, que reagiu empregando o chicote babilônico. O profeta os acusa de andar em caminhos tortuosos. Eles transgrediram as leis do Senhor e acusaram o próprio Deus de não seguir um caminho direito em relação a eles. Sendo culpados de pecados gritantes, proferiram blasfêmias no rosto do SENHOR! Como está registrado nos versículos 6-9 que ilustram sua condição perversa, mas as palavras do profeta caíram em ouvidos surdos. Todavia, ouviram o estrondo do ataque do exército babilônico.

2. Sobre a justiça. Ezequiel deixa claro mais que o sol do meio-dia que a lei da responsabilidade individual é justa e está de acordo com os atributos divinos. Esse atributo é manifesto no castigo do pecador e na premiação do justo: ”o qual recompensará cada um segundo as suas obras” (Rm 2.6). Esse atributo se harmoniza com a santidade de Deus. A Bíblia declara, com todas as letras, que somente. Deus é justo, considerando justiça como atributo, no sentido absoluto de perfeição: ”Deus é um juiz justo” (Sl 7.11).

COMENTÁRIO

Deus é justo juiz. O julgamento de Deus pode ocorrer de uma entre duas formas: pode vindicar o homem justo com bênçãos que se seguirão; e também pode condenar o ímpio com punições que se seguirão.

CHAMPLIN afirma que “A Septuaginta diz: “Deus é um Juiz justo, forte e longânimo, não deixando manifestar Sua ira todos os dias”. Mas o sentido mais correto provavelmente é o que aparece na Revised Standard Version: “Deus… tem indignação todos os dias”. E a nossa versão portuguesa concorda com isso. Note o leitor, igualmente, as expressões antropomórficas: emoções tipicamente humanas são atribuídas a Deus. A personalização de Deus diminui deveras a Sua estatura, tornando-0 menor do que Ele realmente é. Mas é difícil falar sobre Deus sem empregar expressões comuns da linguagem humana. Apesar de Deus ter indignação todos os dias contra os pecadores, devemos lembrar que o juízo é um dedo da amorosa mão de Deus. Não devemos condescender diante de uma teologia inferior, fazendo o julgamento divino ter somente um aspecto retributivo. Pois esse julgamento também é remedial. Ver I Ped. 4.6, no Novo Testamento Interpretado. Naturalmente, o julgamento final não está em pauta neste versículo; antes, enfatiza-se a destruição no mundo que os ímpios devem sofrer. Eles colherão o que tiverem semeado.CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag.

3. O arrependimento (vv. 27,28). Deus é justo e misericordioso. A retribuição ao pecador contumaz vem depois de muitos anos de apelo ao arrependimento sem resposta do povo. A resposta dada aos críticos deixa claro também que, mesmo o ímpio na sua impiedade, deixando o pecado e voltando a praticar a justiça, tem o perdão. Todos precisam de arre­pendimento e buscar o perdão de Deus e não acusar o próprio Deus (Is 55.6,7; At 3.19). Essa história se repete em nossos dias, porque é tendência dessas pessoas culparem a Deus pelas suas mazelas. Devemos levar a Palavra de Deus a essas pessoas, pois nenhuma felicidade pode ser plena sem Jesus.

COMENTÁRIO

A justiça de Deus é demonstrada e vindicada também quando o homem mau de ontem é o homem bom de hoje. O passado é anulado pelo presente; uma mudança de conduta reverte a avaliação divina. Este versículo repete, de modo mais abreviado, o que vemos nos vss. 21 -22, onde há notas expositivas completas. A reação do profeta a essas acusações é explícita e direta. Em vez de atribuir ao SENHOR uma conduta caprichosa, Israel deveria estar olhando no espelho.

 

CONCLUSÃO

Depois de refutar o imaginário popular de que Deus estivesse sendo injusto pelo castigo do povo, o profeta chama os seus leitores para uma reflexão. Esse discurso soteriológico é muito importante e continua atual na vida da igreja e na pregação cristã. É nossa responsabilidade levar essa mensagem aos perdidos da terra.

COMENTÁRIO

Alguns de nossos sofrimentos, como os de Jó, são para a glória de Deus, pois ou resultam em nosso próprio aperfeiçoamento ou em cura espetacular, como no caso do cego de nascença. O propósito de Deus nem sempre é conhecido por nós, mas devemos como cristãos ter a firme convicção de que o seu propósito é bom (Romanos 8.28). Diante da reflexão aqui empreendida, deve restar a certeza de que Deus trata cada um segundo as suas próprias obras. Digo isso não com relação à salvação, pois se assim fosse, ninguém seria beneficiário da salvação, em virtude da mesma ser única e exclusivamente pela graça soberana do Deus do Pacto; mas esta afirmação tem a ver com a imposição de castigos temporais. Deus disciplinas aos filhos que tanto ama. Devemos rejeitar toa e qualquer doutrina que vá contra a Palavra de Deus. No caso, uma doutrina que afirme que Deus visita a iniquidade dos pais nos filhos é uma falsa doutrina e deve ser rejeitada e condenada como herética. Sempre existiram pessoas dispostas a afirmar isso, mas ultimamente tal afirmação ganhou força com a Igreja Universal do Reino de Deus, a qual, nós bem sabemos que é uma instituição que ensina outro evangelho, não o de Cristo. A orientação bíblica é para que rejeitemos também os falsos mestres, que na linguagem do apóstolo João são nada mais nada menos do que “enganadores” (2 João 7). Em suma, a autoridade para resolver qualquer dúvida a respeito de crença e prática da Igreja é a Escritura Sagrada. Ela é a Palavra inerrante do Deus Todo-poderoso. Ouçamo-la.

 

REVISANDO O CONTEÚDO

O que significava a máxima “os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram”?

® Com base nesse ditado, eles diziam que estavam sendo punidos por causa dos pecados de seus antepassados.

Como se chama o movimento que hoje segue esse pensamento das uvas verdes e dentes embotados?

® Esse movimento é conhecido como “Batalha Espiritual” que inclui a doutrina da maldição hereditária.

Por que Deus proibiu o uso desse ditado popular em Israel?

® Deus proíbe o uso desse ditado popular porque a responsabilidade é individual. O profeta Ezequiel fecha a porta fatalista do imaginário popular do povo de Judá e dos exilados de Babilônia.

Qual a conclusão depois de Ezequiel explicar a verdade e apresentar os fatos?

® Depois de explicar essa verdade e apresentar os fatos vem a conclusão: os caminhos do Senhor são corretos e os do povo, torcidos.

Qual a tendência das pessoas hoje ao explicar suas aflições?

® É tendência dessas pessoas culparem a Deus pelas suas mazelas.