TEXTO ÁUREO
“E sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar para as ajuntar em batalha.” (Ap 20.8)
VERDADE PRÁTICA
A palavra profética anuncia que, antes da restauração espiritual de Israel, virão Gogue e seu bando para invadir a Terra Santa, mas eles serão derrotados.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Ezequiel 38.1-6; 39.1-10
INTRODUÇÃO
A profecia cumprida na antiguidade bíblica tem levado a ala cética a argumentar que a profecia foi escrita depois do fato acontecido. Com relação às profecias messiânicas, não há como defender esse pensamento. Nesta lição, veremos as profecias de Ezequiel que tratam de eventos que ainda não ocorreram com Israel. Muito mais agora, com Israel no centro do noticiário mundial, eles não podem dizer que o profeta escreveu a profecia depois dos fatos.
COMENTÁRIO
Em Ezequiel temos a graça de Deus prometida na aliança abraâmica (Gn 12.1-3), sendo cumprida pela restauração do povo de Abraão à terra da aliança (Ez 34; 36—48). Deus promete preservar um remanescente de israelitas, por meio dos quais ele quer cumprir suas promessas de restauração e manter a sua Palavra integra.
Chegamos numa porção de Ezequiel que consiste em sete oráculos - 38:3-9,
10-13, 14-16, 17-23; 39:1-16, 17-24, 25-29 - descrevem como Gogue, o
príncipe-chefe de Meseque e Tubal, invadirá a terra de Judá, vindo do norte,
para despojá-la e destruir o povo que, mais uma vez, está pacificamente
restabelecido na sua terra. Ezequiel tinha consciência de que falava de um
cumprimento de eventos que porta-vozes anteriores profetizaram. (38:17; 39:8),
e suas palavras ecoavam a linguagem de outros, especialmente Jeremias (Jr
4:5-6:26; cf. J1 2:20).
Vamos ao conteúdo da lição:
I. SOBRE A IDENTIDADE DOS POVOS INVASORES (PARTE 1)
Essa profecia envolve muitos nomes, e alguns deles até parecem enigmáticos. O nosso desafio é identificar quem são, hoje, os povos que Ezequiel menciona na antiguidade.
1. Os invasores (38.6; 39.2). A profecia deixa claro que essa invasão será para o “fim dos anos” (38.8); “no fim dos dias” (38.16); depois da restauração do Estado de Israel (38.12). Isso significa que será antes da Grande Tribulação, ou, talvez, logo no início dela, portanto não é a mesma batalha do Armagedom (Ap 16.16). Outra informação importante é que os povos da coalizão do príncipe ou comandante chamado Gogue são da “banda do Norte” e outros grupos do norte da África, como etíopes e os de Pute (38.5). O capítulo 39 descreve a derrocada de Gogue e os seus confederados (39.4-6). Essa informação geográfica é vaga e muito genérica, considerando a vasta extensão territorial e a multidão de povos que habitam ali.
COMENTÁRIO
Esse é o grande tempo da purificação, salvação e vida espiritual de Israel (Ez 39.22,27-28; Zc 12.10—13.9), para preparar as pessoas para o retorno do Messias e o seu reinado (Zc 14). No contexto da restauração de Israel (Ez 34-39), os invasores farão a oferta final pela Terra Prometida, que se recuperou da espada. Isso se refere aos israelitas que houverem retornado para a sua terra, depois que a espada tiver matado ou dispersado muitos do seu povo. A palavra hebraica aqui traduzida como “recuperou" significa "retorno" ou "restaurar".
Temos nesse trecho a descrição da primeira metade daquilo que chamamos a “grande tribulação”, e descreve a paz em Israel durante o período do tratado de vida curta do Anticristo com eles (Dn 9.27), na primeira metade da 70ª semana de Daniel. A referência a “aldeias sem muros” refere-se ao período de três anos e meio, quando Israel se encontrar segura sob a proteção do "príncipe que há de vir" governador do mundo, também chamado de Anticristo (Dn 9.27). Depois que o Anticristo se voltar contra Israel, haverá uma escalada no grau de hostilidade até o fim do período de sete anos, quando essa grande força irá pilhar Jerusalém e a Terra Prometida (v. 12). O Anticristo dominará o mundo para seu próprio poder e posse. A riqueza do seu império é descrita em Ap 18.
2. Compreendendo a profecia. O discurso de Ezequiel deixa claro que a mensagem não é para a sua geração, mas para quando Deus fizer regressar o seu povo da diáspora de todas as nações da terra (Ez 36.24; Am 9.14,15). Como a profecia é para um tempo ainda distante, esses oráculos divinos foram vazados na linguagem da época do destinatário original. É necessário, pois, identificar esses povos no contexto em que vivia o profeta e procurar identificá-los nos tempos atuais, quando possível. Isso tornará a profecia compreensível e mais vívida em nossos dias.
COMENTÁRIO
Deus assegurou a Israel que ele os fará voltar de todas as outras terras para a Terra Prometida (v. 24), a mesma terra de onde eles foram espalhados pelo mundo (v. 20). Trata-se da mesma "terra que eu dei a vossos pais" (v. 28), uma terra distinta da das outras nações (v. 36) e urna terra cujas cidades serão habitadas por aqueles que para elas retornarem (v. 33,36,38). O estabelecimento do atual Estado de Israel indica que isso já começou. Após 19 séculos, com a criação do moderno Estado de Israel, milhares de judeus dispersos pelo mundo, saíram de 120 nações para formar o seu país e assim cumprir o que está escrito na Bíblia.
3. Gogue (38.2a; 39.1a). O nome “Gogue” fora da profecia de Ezequiel só aparece mais duas vezes nas Escrituras, um descendente de Rúben, sem qualquer vínculo com a profecia (1 Cr 5.4), e na revolta de Satanás contra Deus e seu povo depois do Milênio, em Apocalipse 20.8, como outro acontecimento. Tais nomes em Apocalipse são emprestados de Ezequiel 38 e 39. A Enciclopédia Judaica identifica Gogue com o rei Gyges, também conhecido como Gogo, da Lídia, região da Anatólia, na atual Turquia asiática. Essa é a interpretação da maioria dos expositores do Antigo Testamento e dos arqueólogos. Mas a descrição profética parece indicar um título, como “Faraó”, no Egito; “Xá”, na antiga Pérsia; “César”, em Roma, e não o nome pessoal de alguém.
COMENTÁRIO
Esse nome é encontrado em 1Cr 5.4. A Septuaginta usou "Gogue" para traduzir nomes como Agague (Nm 24.7) e Ogue (Dt 3.1), possivelmente com a intenção de mostrar que, embora fosse um nome próprio, ele passou a ser usado como um nome genérico para designar um inimigo do povo de Deus. Gogue, muito provavelmente, porta a ideia de "alto" ou "aquele que é supremo", baseado na comparação feita em Nm 24.7. Ele se refere a uma pessoa, descrita como um "príncipe" da terra de Magogue, que é o último anticristo. Em Ap 20.8, Gogue e Magogue são citados novamente. Esses títulos são usados ali simbolicamente para a última insurreição do mundo contra Jerusalém, seu povo e contra o Rei Messias. Esse ataque virá não apenas do norte, mas dos quatro cantos da terra, quando um mundo de pecadores ao final do reinado de mil anos virá para lutar contra os santos na "cidade amada" de Jerusalém. Nessa ocasião, somente uma arma será utilizada: o fogo divino. Esse é o clímax da última batalha contra Satanás e seus exércitos, cujo destino eterno já está fixado.
O Comentário Bíblico Beacon traz o seguinte: “Gogue é o rei da terra de Magogue e o principal governante de Meseque e Tubal. Em Gn 10.2, Magogue, Meseque e Tubal são os nomes dos filhos de Jafé. Por conseguinte, a batalha futura aqui descrita será travada por um descendente de Jafé. Gogue também pode ser um nome representativo da iniquidade e da oposição a Deus (ver Ap 20.7-9). Esses países localizam-se, possivelmente, ao extremo norte de Israel (vv. 6.15; 39.2). Serão apoiados por exércitos vindos do Leste e do Sul (v.5). É difícil determinar a ocasião dessa batalha, mas evidentemente não se trata da mesma batalha de Gogue e Magogue, de Ap 20.7-9, que ocorrerá no fim do milênio” Comentário Bíblico Beacon: Isaías a Daniel. Vol. 4. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p. 476.
II. SOBRE A IDENTIDADE DOS POVOS INVASORES. (PARTE 2)
1. Magogue (38.2b; 39.1b, 6a). É o nome de um descendente de Jafé, filho de Noé (Gn 10.2;1 Cr 1.5), que aparece em Ezequiel como um lugar. As fontes antigas o incluem com os habitantes do Cáucaso, procedentes de Gomer. O historiador judeu Flávio Josefo (37-103 d.C.) identifica Magogue com os citas, um conjunto de etnias nômades que viviam na região norte do Mar Negro e do Mar Cáspio. Os citas aparecem no Novo Testamento juntamente com os bárbaros (Cl 3.11).
COMENTÁRIO
Alguns consideram esse povo como descendente de Jafé (Gn 10.2), posteriormente denominados de citas. Outros propõem que se trata de um povo a sudeste da Anatólia, posteriormente conhecidos como um povo de origem asiática como os mongóis e os hunos. Outros veem Magogue como um termo genérico para os quaisquer povos bárbaros, ao norte da Palestina, do entorno dos mares Cáspio e Negro.
CHAMPLIN comenta que “Na opinião de alguns, «Magogue» é a designação da nação ou nações envolvidas, ao passo que «Gogue» seria o seu príncipe ou chefe (ver Eze. 38:2). Nessa referência, «Meseque», é identificado por alguns como «Moscou»; «Tubal» seria a cidade de «Tobolsk». Se isso é verdade, então a Rússia está claramente em foco. Pelo menos é certo que Gogue e Magogue são usados como nomes simbólicos para indicar todos os adversários do Messias, da igreja cristã e da nação de Israel; mas cremos que a identificação da União Soviética, neste ponto, é quase certa. Para a peleja. Nessa oportunidade a batalha não será grande, porquanto haverá a intervenção divina, que porá fim a tudo (ver o nono versículo). Mas, 6 interessante notar que as três grandes batalhas dos fins dos tempos, aquela referida em Eze. 38 — 39, durante a tribulação; — a batalha de Armagedom (ver o artigo separado sobre este assunto), após a tribulação, a qual dará início à «parousia»; e após o milênio, essa guerra de Gogue e Magogue, todas terão como ponto central a terra da Palestina, o território do povo escolhido de Deus. O número desses é como a areia do mar. Eles conquistarão muitos aliados. Quão estranho, mas quão típico será tudo! Os homens, embora ricos materialmente e, segundo todas as aparências, espiritualmente abençoados, podem permanecer in- conversos, prestando apenas serviço de lábios a Cristo. E é isso que sucederá durante o milênio. Porém, não se tendo convertido em seus corações, serão presa fácil para o último e grande ludíbrio de Satanás. Revoltar-se-ão e mostrarão que sua natureza humana é decaída, a despeito do fato de que viverão em um meio ambiente perfeito, o da idade áurea. «Importa-vos nascer de novo» (João 3:3-5)” CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 2. 11 ed. 2013. pag. 926.
2. Meseque e Tubal (38.2c; 39.1c). Tubal e Meseque são dois dos sete irmãos filhos de Jafé, filho de Noé: “os filhos de Jafé são: Gomer, e Magogue, e Madai, e Javã, e Tubal, e Meseque, e Tiras” (Gn 10.2). Esses dois jafetitas deram origem a Tabal e Mushki, reinos frigianos da Capadócia, na Anatólia, segundo inscrições assírias. Nessa coalizão aparece mais um da família de Jafé, Togarma, filho de Gomer (Gn 10.3). Gomer é o primeiro da lista dos filhos de Jafé, ele é identificado desde a antiguidade com o povo do Cáucaso.
COMENTÁRIO
Meseque e Tubal, dois povos eram reconhecidos nos monumentos da antiga Assíria: um era chamado Musqui e o outro era chamado Tubali. Ambos viviam na Ásia Menor, a região de Magogue, a atual Turquia. Para resumir, um príncipe mais importante, que é o inimigo do povo de Deus, liderará uma coalizão de nações contra Jerusalém. Os detalhes dessa força inimiga e da sua destruição são dados por Ezequiel no final dos caps. 38-39.
CHAMPLIN também esclarece que “Os intérpretes dispensacionalistas empurram a questão inteira para os tempos do fim, e opinam que Magogue refere-se à União Soviética, ao passo que Gogue seria o chefe deles. Isso posto, Meseque e Tubal corresponderiam, a grosso modo, a Moscou e Tobolsk. Além disso, Tobolsk fica às margens de um rio chamado Tobol. Assim sendo, esses intérpretes pensam que aqueles dois capítulos do livro de Ezequiel aludem a um ataque da União Soviética contra Israel, durante a batalha do Armagedom (ou algum tempo antes, conforme outros supõem), e também após o milênio, segundo se vê em Apo. 20:8 ss. Ver o artigo intitulado Gogue e Magogue. Ver também o artigo separado chamado Gogue. Essa interpretação dispensacionalista não tem sido vista com bons olhos por muitos eruditos, embora seja muito popular, em largos segmentos da Igreja evangélica” CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 4. 11 ed. 2013. pag. 238.
Quanto a “Meseque e Tubal” (Ez.38:2), “em hebraico, Meseque significa “alto”, “prolongado”, embora alguns também pensem em “possessão”. Meseque foi um dos filhos de Jafé (Gn.10:2). No trecho de Ezequiel 27:13, encontramos o termo mencionado como um povo que exportava cobre e escravos (ver também Ezequiel 32:26; 38:2-3; e 39:1), que se referem a eles como um povo aguerrido, que ameaçava invadir vindo das bandas do norte). Os eruditos têm chegado à conclusão de que Meseque refere-se a um povo, talvez de origem indo-europeia, que penetrou no Oriente Médio, proveniente das estepes do sul da Rússia, tendo imposto o seu predomínio sobre a população indígena da área da Anatólia (moderna Turquia Asiática). Meseque e Tubal corresponderiam, grosso modo, a Moscou e Tobolsk. Além disso, Tobolsk fica às margens de um rio chamado Tobol” (CHAMPLIN, 2021, Vl.4, p.238). No mesmo sentido, Gesenius identificou “Meseque” como Moscou, a capital da Rússia moderna na Europa, bem como “Tubal” como Tobolsk, primeira província asiática da Rússia (apud PENTECOST, 1999, p.345).
Identificados os nomes e os lugares, agora vamos dar continuidade à profecia.
Deus conduz os inimigos de Israel: “E dize: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu sou contra ti, ó Gogue (…) E te farei voltar, e porei anzóis nos teus queixos, e te levarei a ti, com todo o teu exército (Ez.38:3-4). A figura é a de se fazer uma besta fera voltar-se de suas inclinações sem significado para cumprir os propósitos divinos. A confederação liderada pelo Norte teria aliados como: persas (Irã), etíopes, os de Pute (Líbia), Gômer (atual Armênia, região da Capadócia) e a casa de Togarma (conf. 27:14), da banda do norte, a oeste da atual Turquia (Ez.38:5-9). A confederação liderada pelo Norte virá “como uma nuvem” contra uma terra segura e pacífica e atacará sobre os montes de Israel. O objetivo desta é saquear “o despojo, e para arrebatar a presa, e tornar a tua mão contra as terras desertas que agora se acham habitadas (…) o qual adquiriu gado e bens, e habita no meio da terra (…) para levar a prata e o ouro, para tomar o gado e os bens”. A expressão: “e habita no meio da terra”, literalmente significa “no umbigo do mundo”, uma referência à importância dada pelo Senhor à Terra de Israel no cenário mundial (Ez.38:10-13).
3. A coalização de Gogue (38.5). Fazem parte do bando de Gogue mais cinco povos: “persas, etíopes e os de Pute com eles, todos com escudo e capacete; Gomer e todas as suas tropas; a casa de Togarrna” (38.5,6). Todos eles são citados previamente nos oráculos de Ezequiel (27.10; 30.5). A Bíblia hebraica emprega o nome cushe, para Etiópia e pute para Líbia. Ambos, Cuxe e Pute são descendentes de Cam, filho de Noé (Gn 10.6; 1 Cr 1.8). O norte da profecia em relação a Israel inclui a Mesopotâmia, a Asia Menor e as regiões do Mar Negro e do Mar Cáspio. Os persas são os atuais iranianos. A Pérsia teve o nome mudado para o Irã em 1935.
COMENTÁRIO
A invasão seria feita por uma coalizão de poderes, do leste e do sul da Palestina. A Pérsia é o atual Irã, Pute fica no Norte da África e a oeste do Egito e a Etiópia fica ao sul do Egito. Gômer atualmente, é a Armênia, que também foi conhecida como Capadócia, que tinha um povo chamado Gômer nas inscrições assírias. Togarma, a oeste da atual Turquia.
CHAMPLIN confirma essa ideia: “Gômer. Isto é, o assírio Gimerai, referindo-se aos cimeiros da Ásia Menor central (cf. Gên. 10.2-3). Alguns intérpretes conseguem ver aqui a Alemanha, ou até a Alemanha Oriental, uma interpretação popular antes da reunificação da Alemanha. Togarma é o assírio Til-garimmu, a leste da extremidade sul do rio Hales, a sudeste de Gômer (Eze. 24.14). A Assíria ocupava territórios ao norte, como a Babilônia, mas esses países não estavam situados no extremo norte, como está a Rússia. Estão em vista o exército universal da Babilônia, historicamente, e os inimigos de Israel, do futuro, simbolizados por aquele exército antigo. Talvez o Armagedom seja o objeto das profecias, escatologicamente falando” CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3320.
III. SOBRE O CONTEXTO ESCATOLOGICO
A interpretação popular que considera a Rússia como Gogue ganhou muito espaço durante o período da Guerra Fria.
1. Gogue e Magogue. A mensagem contra “Gogue, terra de Magogue, príncipe e chefe de Meseque e de Tubal” (38.2; 39.1) é uma das passagens mais difíceis das Escrituras. Muitos acreditam tratar-se de uma expressão genérica para indicar o futuro inimigo de Israel. O rei Gyges, da Lídia, por exemplo, seria a figura do futuro inimigo de Israel que comandaria os seus confederados. Segundo o Talmude, literatura religiosa muito antiga dos judeus, Gogue e Magogue são dois nomes paralelos de uma mesma nação. Esses inimigos de Israel serão derrotados e isso nos desperta a esperança da nossa vitória em Cristo, pois a profecia mostra que Deus está do lado do seu povo.
COMENTÁRIO
Ezequiel 38.2 explica que Gogue será um líder da terra de Magogue, que dominará sobre vários outros povos (que também são descendentes de Jafé). Magogue fica em algum lugar ao norte de Israel e liderará o ataque final contra o povo de Deus: Ezequiel 38:15-16.
Alguns relatos históricos de escritores antigos como Heródoto (484 – 425 a.C.) e Flávio Josefo (37 – 101 d.C.), identificam Magogue como um povo chamado "Cita". Os Citas foram um povo que viveu na "Cítia" (c. 800 – 300 a.C.). A Cítia era uma região que, hoje, seria no sul da Rússia, e abrangia um território que ia da Ucrânia até a fronteira com a China. No entanto, qualquer teoria que identifique Magogue a uma nação específica é apenas especulação.
Magogue poderá ser a uma união de povos, ou algum tipo de movimento espiritual, religioso ou ideológico.
As possibilidades são muito variadas e provavelmente não saberemos o que Gogue e Magogue realmente são até o momento em que esses eventos acontecerem. O mais importante da mensagem de Gogue e Magogue é que Deus é mais poderoso que todos os seus inimigos. No fim, Deus traz livramento.
2. Como a Rússia aparece nesse contexto? A profecia afirma que Gogue é “príncipe e chefe de Meseque e de Tubal” (38.2; 39.1). A palavra “chefe” em hebraico é ro’sh, de significado amplo, “cabeça, chefe, pico, monte, parte superior”. Curiosamente, a Septuaginta traduziu o termo como substantivo próprio, árchonta Rhos, “príncipe de Ros”. Isso é mantido na versão bíblica Tradução Brasileira e em algumas versões inglesas. Foi a semelhança de Sons, Roshe – Rússia, que levou muitos estudiosos a identificarem Roshe com a Rússia; Meseque, com Moscou, atual capital da Rússia e Torgarma com Tobolsk, cidade russa.
COMENTÁRIO
O vocábulo hebraico rō’sh pode significar: “cabeça, pico, cume ou chefe”. Este aparece em Ezequiel 38:2 como “chefe de Meseque”, mas também aparece transliterado como nome próprio em Gênesis 46:21, como “Rôs” – um dos descendentes de Banjamin. O Texto Massorético também pode ser traduzido para “príncipe de Rosh, Meseque e Tubal” (MOODY, 1994, p.139). Pentecost coloca nos seguintes termos: “O príncipe de Rôs é chamado Gogue em Ezequiel 38:3. Deve-se entender que Gogue é o nome dado ao líder dessa confederação e sua terra é chamada Magogue, sendo composta por três partes: Rôs, Meseque e Tubal” (PENTECOST, 1999, p.344).
Em complementação, e mencionando lexicógrafos e Gesenius Bauman coloca da seguinte maneira: “Se lexicógrafos da atualidade forem consultados quanto a nação que representa “Rôs”, quase todos eles, junto com a maioria dos expositores, respondem Rússia.” Gesenius declarou que: “Rôs” era uma designação para as tribos que naquela época ocupavam a região ao norte das montanhas Taurus, habitantes da vizinhança do Volga, e ele acreditava que nesse nome e nessa tribo temos o primeiro vestígio história de “Russ”, ou nação russa (apud PENTECOST, 1999, p.345).
De acordo com Champlin: “É interessante observar que, no grego moderno, Rôs é Rússia, a mesma forma em que a palavra aparece na tradução da LXX. Coincidência ou não? Fora da Bíblia, os russos são mencionados pela primeira vez no século X D.C., por escritores bizantinos, o nome aparece como Rosh. Ibn Fosslan chama o mesmo povo de Rus, como um povo que habitava às margens do rio Volga. As opiniões a respeito estão divididas. Há eruditos que aceitam a identificação de Rôs com a Rússia moderna, e há outros que acham a identificação prematura, embora não tenham oferecido alternativa” (CHAMPLIN, 2021, Vl.5, p.736).
O Dicionário Enciclopédico da Bíblia, da Editora Vozes, pág. 646 sintetiza: “Gogue é uma figura apocalíptica em Ezequiel 38, chefe de exércitos hostis, que, no final dos tempos, hão de lutar contra Israel numa batalha terrível… Ele é chamado (Ezequiel 38:2) rei de Ros (desconhecido), Mosoque e Tubal (dois povos da Ásia Menor). Todo o seu território é indicado pela denominação “terra de Magogue“, que talvez signifique a terra do macedônio Alexandre Magno. Em Apocalipse 20:8 esse Magogue tornou-se uma figura independente ao lado de Gogue. O próprio Ezequiel deve ter visto neste Gogue outro Agague (Números 24:7), o inimigo hereditário de Israel”.
Por essa razão, concordo com as afirmações do eminente comentarista Adam Clarke: “É reconhecida ser esta a mais difícil profecia no Velho Testamento. Este estudo é difícil para nós porque não conhecemos nem o rei e nem o povo mencionados por ele: mas estou satisfeito porque eram bem conhecidos no tempo em que o profeta escreveu”.
Basta compreendermos que Gogue e Magogue representam todas as nações inimigas de Deus que lutarão contra o seu povo na batalha final (Ap 20.7-9).
3. Origem da interpretação. Esse pensamento não veio dos pentecostais e nem se trata de uma ideia oriunda dos dispensacionalistas, como equivocadamente dizem os críticos. Essa interpretação vem de longe, desde Gesenius (1787-1842), famoso orientalista alemão. Em seu léxico hebraico, o Roshe de Ezequiel 38.2 são os russos. Depois da Guerra Fria, o assunto foi ficando no esquecimento. Mas com a guerra da Ucrânia em 2022, a relação entre Rússia e o Ocidente está voltando ao cenário mundial, o que era antes da Queda do Muro de Berlim em 1989.
COMENTÁRIO
Heinrich Friedrich Wilhelm Gesenius (1786-1842), foi um orientalista alemão, lexicógrafo, cristão hebraísta, teólogo luterano, estudioso bíblico e crítico. Devemos a ele, entre outras coisas, uma Gramática Hebraica e uma tradução comentada do Livro de Isaías.
Como Ezequiel escreveu as suas profecias cerca de sessenta anos depois da invasão cita e como nenhum outro evento ocorreu no passado que sugerisse o cumprimento de tais predições, não temos alternativa senão aceitar como o mais razoável que se trate efetivamente de acontecimentos projetados numa extrema distância, no fim dos tempos. Seriam, então, textos escatológicos contextualizados com as predições apocalípticas (20.7) de grandes e misteriosas batalhas que deverão preceder o final da história.
Não somente Gesenius ligou os nomes bíblicos à atual Rússia, mas também o eminente Pr Batista e escritor, Antônio Neves de Mesquita, identifica os povos mencionados por Ezequiel como descendentes de Jafé: Magogue, Tubal e Meseque são mencionados por Ezequiel, e seus nomes correspondem aos de Mogul, Mongólia, Tobolski, Moscou e Moscovi.
CONCLUSÃO
É importante saber que a invasão de Gogue e o seu bando à terra de Israel é distinta da batalha do Armagedom, pois o ataque de Gogue será após a restauração de Israel, antes ou logo depois de começar a Grande Tribulação ao passo que o Armagedom se dará no final desse período. Cabe também ressaltar que essa invasão não é a mesma rebelião de “Gogue e Magogue” (Ap 20.8), pois a profecia empresta de Ezequiel esses nomes.
COMENTÁRIO
Mas quem é este Gogue, e onde fica a terra de Magogue? Gogue tem sido identificada com muitas figuras históricas do passado: nenhuma delas foi satisfatoriamente provada (SDA Bible Dictionary, pág. 408). A terra de Magogue tem sido identificada por alguns como sendo a Rússia, pelo fato de que Gogue vem do Norte (a localização geográfica da Rússia) e visto algumas versões entenderem ser Gogue o “príncipe de Rôs”, permitindo alguns interpretadores fazerem uma conexão entre Rôs e Rússia. O próximo passo neste método errôneo de etimologia é ligar Meseque com Moscou, comparando de novo um assírio equivalente a Meseque com Moscou. Ainda outro traço de falha evidência é acrescentado a este argumento, citando o historiador grego Heródoto, que chama Meseque de Moscou. Alguns foram mais longe, identificando Tubal com Tobolsk (The Septuagint transliterates the Word rosh “ head” as a proper name “Rosh”).
A solução da identificação da terra de Magogue na profecia de Ezequiel pode estar na compreensão do uso pelos hebreus de escritas secretas. A aplicação de nosso conhecimento em escritas secretas nos ajudou a compreender certas palavras da Bíblia e dos rolos do Mar Morto (H. J. Schofield, Secrets of the Dead Sea Scrolls, pág. 21).
Em Apocalipse 20:8 lemos: “E sairá́ a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, para as ajuntar em batalha”. Esta passagem retoma a referência a Gogue e Magogue, já em um contexto diferente, pois fala sobre a última rebelião no final do milênio – reino do Messias na terra –, liderada por Satanás, que será́ solto depois de mil anos e enganará as nações (Ap.20:7-8) que marchará contra Jerusalém, sede do governo mundial do Senhor Jesus. A batalha descrita nos vs. 8-9 de Apocalipse 20 é semelhante àquela de Ez 38—39; é melhor compreendê-la como acontecendo no final do milênio.
REVISANDO O CONTEÚDO
⁕ Pela descrição profética o que o nome ”Gogue” parece indicar?
® A descrição profética parece indicar um título como (‘Faraó” no Egito; Xá, na antiga Pérsia; César”, em Roma, e não o nome pessoal de alguém.
⁕ Quem são os persas hoje?
® Os persas são os atuais iranianos, a Pérsia teve o nome mudado para Irã em 1935.
⁕ Qual o significado da palavra hebraica ro’sh?
® A palavra hebraica é ro’sh significa ”cabeça, chefe, pico, monte parte superior”
⁕ O que levou muitos estudiosos a identificar a Rússia com Gogue?
® Foi a semelhança de sons, Roshe – Rússia, que levou muitos estudiosos a identificarem Roshe com a Rússia; Meseque, com Moscou, atual capital da Rússia e Torgarma com Tobolsk, cidade russa.
⁕ De onde veio a interpretação de que Gogue é a Rússia?
® Essa interpretação vem de longe, desde Geseníus (1787-1842), famoso orientalista alemão. Em seu léxico hebraico o Roshe de Ezequiel 38.2 são os russos.