TEXTO ÁUREO
“E a glória do SENHOR se alçou desde o meio da cidade e se pôs sobre o monte que está ao oriente da cidade” (Ez 11.23)
VERDADE PRÁTICA
Deus abandona o Templo e retira a sua glória por causa das abominações do povo.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Ezequiel 9.3; 10.4,18,19; 11.22-25
INTRODUÇÃO
A glória de Deus representava a presença de Javé no Templo. Quando Deus mandou Moisés construir o Tabernáculo, explicou a razão dessa ordem: “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles” (Êx 25.8). Essa presença não era incondicional, o povo tinha compromissos de acordo com a aliança feita no Sinai, mas esse pacto havia sido violado. O objetivo da presente lição é esclarecer sobre a retirada da glória de Deus do santuário de Jerusalém.
COMENTÁRIOS
Tabernáculo, nome derivado do verbo "habitar", era o nome apropriado para a construção que seria o lugar da presença de Deus com seu povo. Sua presença estaria entre os querubins, e dali Deus se encontraria com Moisés. O Pentateuco registra cinco nomes para o tabernáculo:
1) "santuário", que denotava o lugar sagrado ou posto à parte, ou seja, lugar santo;
2) "tenda", que indicava a habitação temporária ou desmontável;
3) "tabernáculo", de "habitar", que designava o lugar da presença de Deus (bem como outros títulos):
4) "tabernáculo da congregação ou reunião"; e
5) "tabernáculo do testemunho".
O versículo 8. Deixe-me fazer um santuário mikdash, um santo lugar, como Deus poderia habitar; foi que parte do tabernáculo que foi chamado o lugar mais sagrado, no qual o sumo sacerdote entrava apenas uma vez por ano, no grande dia da expiação.
Que eu possa habitar no meio deles “Esta”, diz Ainsworth, “era o fim principal de todos, e esta todas as informações deverão ser encaminhadas, e por isso, eles devem ser abertos por este santuário, como Salomão templo depois, foi o lugar de oração, e do serviço público de Deus, Levítico 17:4-6; Mateus 21:13, e isso significava a Igreja, que é a morada de Deus em Espírito, 2 Coríntios 6:16; Efésios 2:19-22; Apocalipse 21:2,3, e era um sinal visível de Deus presença e proteção, Levítico 26:11,12; Ezequiel 37:27,28; 1 Reis 6:12,13, e de sua levando-os a sua glória celestial Porque, assim como o sumo sacerdote entrava no tabernáculo, e através do véu no lugar mais sagrado onde Deus habitava; assim Cristo entrou no Santo dos Santos, e também entrar pela véu, isto é, a sua carne viu a utilização deste pelo apóstolo. Hebreus 9:1-28; 10:1-18.
Assim, o santuário deve ser aplicado como um tipo, um para. Cristo pessoa, Hebreus 8:2; 9:11,12; João 2:19-21 2 Para cada. Cristão, 1 Coríntios 6:19 3 Para a Igreja, ambos em particular, Hebreus 3:6; 1 Timóteo 3: 15 e universal, Hebreus 10:21: e foi por causa do muito extensa significação deste edifício, que as coisas diferentes a respeito deste santuário são particularmente estabelecido por Moisés, e por isso aplicado de diversas maneiras pelos profetas e pelos apóstolos. “- Veja Ainsworth. Como a habitação neste tabernáculo foi a maior prova de graça e de misericórdia para com os israelitas de Deus, por isso tipificado habitação de Cristo pela fé nos corações dos crentes, e dando-lhes a prova maior e mais seguro de sua reconciliação com Deus, e de sua amar e favorecer a eles; ver Efésios 1:22; 3:17. ADAM CLARKE. Comentário Bíblico de Adam Clarke. Pentateuco. pag.327-328.
I. SOBRE A GLÓRIA DE DEUS
A glória de Deus baixou do céu à terra primeiramente no Tabernáculo, no dia de sua dedicação. Depois disso, essa cena se repetiu por ocasião da inauguração do Templo de Jerusalém pelo rei Salomão.
1. O significado de “glória”. O contexto ajuda a esclarecer o sentido do termo. A palavra hebraica é kavod, que literalmente significa “peso”, e nesse sentido literal, só aparece duas vezes no Antigo Testamento (1Sm 4.18; 2Sm 14.26). A Septuaginta, antiga versão grega do Antigo Testamento, emprega vários termos, entre eles: doxa, “glória, resplendor, poder, honra, reputação”, e time, “valor, honra”. Mas, nas visões de Ezequiel, “glória” indica o resplendor pela presença do Senhor. Essa é a descrição feita pelo próprio profeta (Ez 1.26-28; 8.2). O vocábulo hebraico shekinah, geralmente usado entre os crentes como “glória”, não aparece na Bíblia, porém, é frequente no judaísmo.
COMENTÁRIOS
A glória do Senhor brilha intensamente na pessoa de Jesus Cristo (2Co 4.6), que é um tema constante em Ezequiel. Quando o profeta viu essa glória, “caí com o rosto em terra”, João, em Ap 1.17, teve a mesma reação ao ver a glória de Deus.
Ezequiel percebeu a glória de Deus como uma luz brilhante e fogo. Caiu de cara ao chão, afligido pela santidade de Deus e por sua própria insignificância e maldade. Toda pessoa cairá ante Deus, seja por reverência e gratidão por sua misericórdia ou por temor de seu castigo. Sobre a base da forma em que você vive hoje, como reagirá à santidade de Deus?
CHAMPLIN nos informa que “A glória consiste em honra exaltada, em louvor ou reputação, ou em alguma coisa que ocasiona o louvor ou é o objeto desse louvor. O termo pode ser sinônimo de «adoração» ou de «louvor adorador». Também pode significar esplendor, magnificência e bem-aventurança, em sentido terrestre ou celestial. Outrossim, pode referir-se a resplendor ou brilho, às emanações de luz, ao halo imaginado em tomo de figuras santificadas, ou ao esplendor e brilho do Ser divino. A própria presença de Deus pode ser chamada de glória, por causa de seu estado exaltado”. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 2. 11 ed. 2013. pag. 912-913.
2. A glória de Deus. Ela se manifestou aos filhos de Israel quando Moisés dedicou o Tabernáculo a Deus (Êx 40.34,35). Era a presença de Deus no meio do povo que acompanhou Israel nas suas jornadas no deserto até o início do reinado de Salomão. Período em que a Arca da Aliança foi transferida do Tabernáculo para o Templo que Salomão construiu em Jerusalém, a glória de Deus encheu toda a Casa (2 Cr 5.13,14) e, da mesma forma, no culto de dedicação do Templo (2Cr 7.1,2). Desde então, Ele se comprometeu em manter seus olhos fixos e os seus ouvidos atentos à oração nesse Templo. Mas essa promessa nunca foi incondicional, e parece que o povo havia se esquecido disso (2Cr 7.14-16).
COMENTÁRIOS
A presença do Senhor habitou no templo e o primeiro culto de adoração foi realizado. Do mesmo modo, ele descera no tabernáculo (Êx 40.34-38). Ele fará o mesmo no templo do milênio (Êx 43. 1-5). Sua glória representa a sua pessoa (Êx.33), e a sua entrada no templo representa a sua presença. CHAMPLIN nos esclarece acerca do aparecimento da glória de Deus: “Essas palavras «…glória de Deus…» são diversamente interpretadas, segundo a lista dada abaixo:
Seria o caráter verdadeiro que o homem pode possuir. Isso seria a «glória de Deus», porquanto o homem foi criado segundo a imagem de Deus. Em outras palavras, o homem fica aquém desse caráter tencionado.
Seria a ufania com que o homem se «gloria» diante de Deus, em sentido negativo, uma ufania falsa; mas, igualmente, em um sentido genuíno, o gloriar-se verazmente em Deus. Ninguém pode fazer aquilo que os judeus se ufanavam de conseguir, conforme aprendemos em Rom. 2:17. Ninguém pode verdadeiramente gloriar-se em Deus, estando ainda em seu estado de perdição, porque está alienado de Deus.
Seria a imagem de Deus. O homem haverá de ser transformado segundo a imagem moral de Deus, e, por intermédio de Cristo virá a ser um autêntico filho de Deus, feito de conformidade com a sua imagem. No entanto, fica aquém desse alvo, por causa do pecado.
Seria a glória da vida eterna, isto é, a participação na imortalidade essencial de Deus, na vida necessária e independente de Deus. (Ver os trechos de João 5:25,26 e 6:57). Segundo essa quarta posição, é impossível para o homem vir a obter a vida eterna.
Seria a própria pessoa de Deus, em sua glória essencial, ficando particularmente destacados os seus atributos; e, no presente contexto, estaria em foco a santidade perfeita de Deus, que é a sua glória. Nesse caso, o homem não pode atingir esse alvo, por causa do pecado; e nem mesmo pode entender tal verdade, quanto menos alcançá-la.
Seria o lugar da habitação de Deus, os céus, pois ele habita na glória.
Embora todas as seis interpretações dadas acima encerrem alguma verdade que pode ser demonstrada pelas Escrituras, em Rom. 3:23, a glória de Deus é a aprovação divina que é necessária para a realização da salvação. A natureza pecaminosa dos homens arruina esta aprovação, que, então, vem através da pessoa e missão de Cristo, e a identificação dos homens com ele. Quanto à palavra glória usada no sentido de reconhecimento ou honra, ver Fil. 1:11; I Ped. 1:7; I Tim. 1:17; Heb. 2:7; II Ped. 1:17”. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 2. 11 ed. 2013. pag. 914.
II. SOBRE A RETIRADA DA GLÓRIA DE DEUS
Essa retirada aconteceu em alguns estágios:
a) a glória se levantou do querubim sobre a Arca da Aliança;
b) passou para a entrada do Templo;
c) pairou sobre os querubins e, aos poucos, afastou-se completamente do Templo;
d) Por fim, a glória de Deus se pôs sobre o Monte das Oliveiras.
1. O querubim e a nuvem (9.3; 10.4). O profeta está se referindo aos dois querubins do propiciatório da Arca da Aliança (2 Cr 5.8) ou às quatro criaturas da visão inaugural do capítulo? Qualquer que seja a interpretação, a verdade é que isso indica a retirada da presença de Deus. Essa nuvem está associada à presença pessoal de Javé durante a peregrinação do deserto (Êx 13.21), no Tabernáculo (Êx 33.7-10), permanentemente desde a inauguração do Tabernáculo (Êx 40.34,35) e, finalmente, no Templo (1Rs 8.10,11). Essa presença divina atingiu o seu clímax com a manifestação do Filho de Deus: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14).
COMENTÁRIOS
Em 1Sm 4.4 “entronizado entre os querubins”, é uma frase repetida usada para descrever o Senhor (2Sm 6.2; 2Rs 19.15; 1Cr 13.6; Sl 80.1; 99.1; Is 37.16). Representava a sua soberana majestade. A glória de Deus de Israel se levantou do Querubim. Lá em cima, YHWH andava no seu trono-carro, atravessando o céu como um cometa. Através de Seu anjo e, às vezes, Ele mesmo, o Senhor guiava o profeta no circuito da cidade, para que visse a vasta expressão de corrupções daquele lugar (capítulo 8).
A Introdução e Comentário de Ezequiel, da Editora Mundo Cristão, trás o seguinte: “Nesse momento, a atenção de Ezequiel muda dos homens no pátio para a visão da glória divina se levantando dos querubins. O leitor deve reconhecer a expressão: a glória do Deus de Israel do capítulo 8.4, que funciona como uma variação estilística de “a glória de Yahweh”. No entanto, a palavra querubim ocorre aqui pela primeira vez no livro. Ainda que o plural seja mais comum em outros pontos, o singular citado aqui não deve ser considerado um erro. Não somente concorda com o sufixo da palavra seguinte, ‘ãlãyw, o capítulo seguinte, repetidas vezes, emprega a forma singular (10.2, 4, 7, 9, 11).
Esse singular pode ser intencional para distinguir essa figura do kèrübim que terá uma parte importante no capítulo 10. Embora a derivação de kèrúb permaneça um mistério em parte por causa da raiz que não aparece em outras línguas semíticas do oeste, há certa conexão com o acadiano kuribu, uma espécie de seres divinos ou semidivinos, o que parece provável.” Mas o uso que Ezequiel faz de hakkèrúb, “o querubim”, é entendido melhor à luz da autêntica tradição israelita.
De acordo com Êxodo 25.18-22 e 37.7-9, dois querubins de ouro olhavam um para o outro das extremidades da tampa especial da arca da aliança (hakkappõret). Dessa posição, entre esses querubins dentro do Santo dos santos, Yahweh costumava falar a Moisés (Êx 25.22; Nm 7.89). De fato, Yahweh era tido como entronizado entre as criaturas. Quando Salomão construiu o templo, dentro do Santo dos santos colocou dois querubins gigantes de 4 metros cada um, cujas asas enchiam a sala, e abaixo deles estava a arca em seu lugar fixo.
Sendo de descendência sacerdotal, Ezequiel tinha familiaridade indubitável com as imagens dos querubins no templo. Aparentemente, essa visão ofereceu-lhe uma oportunidade que era impossível na vida real – pôde dar uma olhada no santo lugar, no interior do palácio divino, o Santo dos santos. Ali, observou a glória de Deus se levantar de seu trono, acima da arca do pacto, e se mover até a entrada do templo. Para Ezequiel, o movimento da glória divina deve ter tido um significado amedrontador. Aquilo sinalizava que a lei de Yahweh fora suspensa e levantava a possibilidade de sua partida daquela cidade. A acusação/ racionalização por parte do povo que Yahweh os havia abandonado estava a ponto de se cumprir, quando isto acontecesse não haveria mais esperança. Ao inserir esta observação aqui, o autor intencionalmente fez uma correlação com a partida de Yahweh em relação ao julgamento de Jerusalém.
A narrativa dos executores começa no versículo 3b com Yahweh enviando uma chamada aos seus agentes de julgamento, o narrador é nomeado pela primeira vez. Não houve nenhum questionamento quanto à sua identidade antes disto, mas ao inserir o tetragrama neste ponto, o autor enfatizou que a sentença que está a ponto de ser imposta sobre o povo de Jerusalém vem da deidade que reside e reina no templo”. Taylor. John B,. Ezequiel. Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pag. 294-295.
2. A retirada da presença de Deus (10.18). A glória de Javé pairou sobre os querubins e, aos poucos, afastou-se completamente do Templo. O profeta contempla essa glória se levantando da porta e se movendo para a carruagem trono que estava parada para descer em cima dos querubins. Nessa visão, Ezequiel acompanha a glória de Deus flutuando sobre os querubins e vê a carruagem divina se mover para a porta principal do Templo para a sua partida definitiva. A saída da glória de Deus representa a retirada de sua presença. Com isso, se aproxima a destruição do Templo. Essa Casa foi destruída pelos caldeus em 587 a.C, “no mês quarto, aos nove do mês” (2Rs 25.3-10; Jr 39.2; 52.6), que corresponde a 14 de agosto de 587.
COMENTÁRIOS
A glória de Deus se separou do templo e nunca mais esteve completamente presente outra vez até que Cristo (Hb 1.3) mesmo o visitou nos tempos do Novo Testamento. A santidade de Deus requereu que O abandonasse o templo porque o povo o tinha profanado tanto. Deus teve que destruir completamente aquilo que o povo tinha pervertido a fim de que a verdadeira adoração fora renovada. Devemos nos comprometer nós mesmos, nossas famílias, nosso Iglesias e nossa nação a seguir a Deus fielmente para que nunca mais devamos experimentar o abandono de Deus.
Nesse sentido, nos esclarece CHAMPLIN: “Então saiu a glória do Senhor. Cf. o vs. 4 deste capítulo. A glória de Yahweh saiu do Santo dos Santos e hesitava um pouco na entrada do templo (ver Eze. 9.3). Lá estava o trono-carro pronto para partir. A Pessoa e a Glória do Senhor logo partiriam no seu veículo. Esta partida da presença e da glória de Yahweh marca o início do fim da cidade, que ficaria totalmente sem proteção. A espada do exército babilónico era a Espada do Senhor. Cf. Deu. 31.17. A maldição divina arrasaria a cidade e a reduziria a pó. Cf. Osé. 9.12”. CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3222.
3. Por fim a glória de Deus se pôs sobre o Monte das Oliveiras (11.23). A presença de Deus no Templo era privilégio de Israel, mas isso exigia responsabilidade de modo que a glória de Deus não podia habitar com os pecados do povo. Mas a Casa de Deus era profanada com as práticas pagãs mais abomináveis (Ez 11.21). Ezequiel viu a glória de Deus partindo do Templo para o Monte das Oliveiras. Dali, ascendeu ao céu para retornar no fim dos tempos, não mais no Templo de Jerusalém, mas no Templo do Milênio (Ez 44.2-4). Com a retirada da presença de Deus, o Templo ficou vulnerável juntamente com a cidade de Jerusalém. Interessante que o Monte das Oliveiras é também o local da ascensão de Jesus (At 1.9-11).
COMENTÁRIOS
A glória do Senhor se dirigiu para o monte das Oliveiras, para o qual o glorioso Filho de Deus retornará na sua segunda vinda. A glória de Deus abandonou Jerusalém e permaneceu por cima do monte no lado leste de Jerusalém. Ez 43.1-4 assinala que Deus retornará da mesma forma em que se foi, quando retornar à terra para estabelecer seu reino perfeito
A glória do Senhor subiu do meio da cidade. YHWH, sentado em Seu trono-carro, levantou voo, parou momentaneamente em cima do monte das Oliveiras, a colina que fica a oriente da cidade, onde o sol se levanta. Um pôr-do-sol caiu sobre Jerusalém. A glória sumiu. O sol voltaria para aquele lugar quando o Segundo templo fosse construído, mas 70 anos de escuridão dominariam todos os judeus para que um remanescente pudesse ser purificado (Jr 25.11). Naquele mesmo lugar, na visão de um profeta posterior (Zc 14.4), o Senhor é representado em pé, no dia do julgamento final. Naquele lugar, Jesus proclamou a destruição da cidade rebelde no seu dia (Mt 24; Lc 21.20). Daquele lugar, Jesus ascendeu (Lc 24.50-51). No presente versículo, a visão da partida da glória de YHWH termina.
III. SOBRE O SEGUNDO TEMPLO
Ciro, rei da Pérsia, baixou o decreto que pôs fim ao cativeiro de Judá em 539 a.C., e, pouco tempo depois, partiu de Babilônia a primeira leva de judeus de volta para Judá. No seu decreto de libertação, o rei incluiu a reconstrução do Templo em Jerusalém (2 Cr 36.20- 23; Ed 1.1,2).
1. O segundo Templo. Conhecido como o Templo de Zorobabel, foi inaugurado no sexto ano de Dario” (Ed 6.15), que corresponde ao ano 516 a.C. Não era uma construção com a mesma dimensão e beleza arquitetônica da primeira Casa, não dava para comparar com o Templo de Salomão (Ag 2.3). O pensamento no período pós-exílio era de que o retorno da glória de Deus era escatológico (Ml 3.1).
COMENTÁRIOS
O templo de Zorobabel foi o segundo templo construído em Jerusalém após o cativeiro babilônico. A construção do templo de Zorobabel não foi fácil e precisou lidar com muitas dificuldades. Inclusive, a obra começou, mas logo depois parou por causa da grande oposição.
Após o retorno do cativeiro, sob a liderança de Zorobabel e do sumo sacerdote Jesua, foram feitos quase imediatamente arranjos para reorganizar o reino há muito desolado. O conjunto de peregrinos, formando um grupo de 42.360, incluindo crianças, tendo completado a longa e sombria viagem de cerca de quatro meses, das margens do Eufrates até Jerusalém, foi animado em todo o seu percurso por um forte impulso religioso, e portanto um de seus primeiros cuidados foi restaurar seu antigo culto reconstruindo o templo. A convite de Zorobabel, o governador, que lhes mostrou um notável exemplo de liberalidade ao contribuir pessoalmente com 1.000 dracmas de ouro, além de outros presentes, o povo com grande entusiasmo depositou seus donativos no tesouro sagrado (Esdras 2). Primeiro eles ergueram e dedicaram o altar do SENHOR no lugar exato onde ele havia estado antes, e depois removeram as pilhas de escombros carbonizados que ocupavam o local do antigo templo; e no segundo mês do segundo ano (535 a.C.), em meio a grande excitação pública e alegria (Salmo 116; 117; 118), foram lançadas as fundações do segundo templo. Os samaritanos fizeram propostas para uma cooperação no trabalho. Zorobabel e Jesuá e os anciãos, entretanto, recusaram toda essa cooperação: Judá deve construir o templo sem ajuda. Imediatamente relatos malignos foram espalhados a respeito dos judeus. Os samaritanos procuraram “frustrar seu propósito” (Esdras 4:5), e enviaram mensageiros a Ecbatana e Susa, resultando na suspensão do trabalho. Sete anos depois, Ciro morreu ingloriamente, tendo se matado na Síria quando voltava do Egito para o leste, e foi sucedido por seu filho Cambises (529-522 a.C.), em cuja morte o “falso Esmérdis”, um impostor, ocupou o trono por uns sete ou oito meses, e então Dario Histaspes tornou-se re (522 a.C.). No segundo ano deste monarca a obra de reconstrução do templo foi retomada e levada adiante até sua conclusão (Esdras 5:6-17; 6:1-15), sob o estímulo dos conselhos e admoestações dos profetas Ageu e Zacarias. Ficou pronto para a consagração na primavera de 516 a.C., vinte anos depois do retorno do cativeiro.
Esse segundo templo não tinha a arca, o Urim e o Tumim, o óleo sagrado, o fogo sagrado, as mesas de pedra, o vaso com maná e a vara de Arão. Como no tabernáculo, nele havia apenas uma lâmpada de ouro para o lugar santo, uma mesa dos pães da proposição, e o altar do incenso, com incensários de ouro, e muitos dos vasos de ouro que pertenciam ao templo de Salomão que tinham sido levados para Babilônia mas devolvidos por Ciro (Esdras 1:7-11).
Este segundo templo também era diferente do primeiro porque, enquanto no segundo havia numerosas “árvores plantadas nos átrios do Senhor”, no primeiro não havia nenhuma. O segundo templo também tinha pela primeira vez um espaço, sendo parte do pátio exterior, destinado a prosélitos que eram adoradores do SENHOR, embora não sujeitos às leis do judaísmo.
O templo, quando concluído, foi consagrado em meio a grande alegria de todo o povo (Esdras 6:16), embora não faltassem evidências externas de que os judeus já não eram um povo independente, mas estavam sujeitos a um poder estrangeiro.
Ageu 2:9 traz “A glória desta última casa será maior do que a da primeira”. O templo, durante os diferentes períodos de sua existência, é considerado como uma só casa, a única casa de Deus (comp. Ageu 2:3). A glória aqui predita é glória espiritual e não esplendor material. “O próprio Cristo, presente corporalmente no templo no Monte Sião durante sua vida na Terra, presente espiritualmente agora na Igreja, presente na cidade santa, a Jerusalém celestial, da qual ele é o templo, invocando adoração e devoção espiritual é a glória aqui predita” (Texto extraído de: https://www.apologeta.com.br/segundo-templo/)
2. O Templo de Herodes. O Templo de Zorobabel foi reformado e ampliado por Herodes, Magno. Ele conseguiu persuadir os judeus dizendo que o atual Templo não estava à altura da antiga glória. Os trabalhos se iniciaram cerca do ano 15 a.C., e continuava em andamento nos dias do ministério terreno de Jesus, 46 anos depois (Jo 2.20), conhecido como ”Segundo Templo”. Era o cartão postal de Jerusalém (Mc 13.1; Lc 21.5). A Construção só foi concluída em 66 d.C.
COMENTÁRIOS
Informações sobre esse templo derivam principalmente dos escritos de Josefo. Há algumas informações no Talmude. A arqueologia adiciona um pouco mais, porém não temos descrições detalhadas, como acontece no caso do templo de Salomão. Rigorosamente falando, o templo de Herodes foi o Terceiro Templo, tendo essencialmente substituído o segundo sem derrubá-lo (obviamente). Um templo de Deus não poderia ser derrubado, mas poderia ser substituído, se tal substituição fosse feita por meio de adição ou alteração. Herodes, o Grande, tinha um ego enorme e não havia como deixar o Segundo Templo humilde como era. De fato, ele ultrapassou a glória até mesmo do Templo de Salomão. O trabalho começou no 18° ano do reino de Herodes (em tomo de 20 ou 21 a.C.). Levou apenas cerca de um ano e meio para terminar o próprio templo, mas para terminar as cortes foram necessários outros oito anos. Prédios subsidiários foram então adicionados e o trabalho estendeu-se pelos reinos dos sucessores de Herodes. A tarefa toda foi completada na época de Agripa II, quando Albino era o procurador (64 d.C.), totalizando 46 anos de trabalho. Josefo conta- nos que as cortes do templo de Herodes ocupava 500 cúbitos. A área do templo era construída em terraços, uma corte sobre a outra, com o templo localizado no nível superior. Isso deixava o templo facilmente visível de Jerusalém e suas redondezas. A aparência era, assim, bastante impressionante, como podemos inferir também em Mar. 13.2, 3. Esse templo ocupava mais espaço do que os outros, assim era necessário fazer mais plataformas para a fundação. Para realizar isso, o Vale de Cedrom teve de ser parcialmente aterrado, o que também ocorreu em parte com o vale central (chamado de Tiropaeon). O monte do templo foi estendido, assim, a uma largura de 280 m. Enormes rochas foram empregadas para fazer os muros do leste e do oeste, muitas delas com 1,5 m de altura e de 1 a 3 m de comprimento. Uma delas media 12 m por 4 m! No canto sudeste foi construído um muro gigante que subiu 48 m acima do Vale de Cedrom. Um pórtico ou varanda foi construído ao redor de todos os quatro lados. Ele tinha colunas de mármore de 25 cúbitos de altura.
O pórtico real, na extremidade sul, possuía quatro fileiras de colunas. Josefo (Ant. 20.9.221) conta- nos que o pórtico ao longo do lado leste foi construído por Salomão. Cf. João 10.23 e Atos 3.11 e 5.12.0 próprio templo era cercado por um muro de 3 cúbitos de altura que separava o local sagrado da corte dos gentios. Era nesse muro que havia advertências que proibiam a entrada dos gentios em qualquer área além de sua corte, tendo como penalidade a morte. A corte dos gentios ficava, por assim dizer, na extremidade do templo; depois havia a corte das mulheres e então a corte de Israel (aberta a homens judeus apenas), a corte dos sacerdotes e finalmente o naos, o próprio templo com o lugar sagrado e com o santo dos santos.
Esse naos ficava em uma plataforma ainda mais alta. Apenas os sacerdotes podiam entrar no local sagrado e no santo dos santos e, ainda assim apenas no Dia da Expiação. Oito portões levavam ao monte do templo (Josefo, Ant. 15.11.38). O Misna estabelece o número de portões em cinco (Mid. 1.3) O magnífico templo de Herodes foi destruído em 70 d.C. como resultado da contínua agressão aos judeus por Roma, tendo por principal objetivo a independência. Tito comissionou Josefo para convencer os judeus a render-se para que o templo fosse preservado, mas ninguém deu ouvidos. Ampla agressão e massacre daí resultaram e tudo dentro do templo e ao redor dele que pudesse ser queimado, o foi. Curiosamente, isso ocorreu no décimo dia do 15o mês (AB), o mesmo dia no qual o rei da Babilônia destruiu o templo de Salomão.
Jesus, o Cristo, havia sido crucificado, e a glória do Senhor havia partido de Jerusalém e de seu templo. A justiça foi feita em 70 d.C. O sistema sacrificial nunca foi reativado, sendo que o Grande Sacrifício, o Cordeiro do Senhor, havia cumprido Sua missão de sofrimento e trazido o perdão para os pecados do povo. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 6. 11 ed. 2013. pag. 314.
3. A presença do Filho de Deus. Não há registro de que a glória do Senhor tinha enchido a Casa na inauguração por Zorobabel, diferentemente de Moisés, quando inaugurou o Tabernáculo (Êx 40.34,35), e de Salomão, na inauguração do Templo (2Cr 7.1,2). Foi o Senhor Jesus que trouxe a glória de Deus quando ministrou no Templo de Herodes (Ag 2.7; Jo 1.14). A sua presença nele fez a glória da segunda casa ser maior do que a da primeira (Ag 2.9; Mt 21.12,14,15; Lc 2.46). O Templo desempenhava várias funções em Israel como lugar de perdão, do encontro com Deus, da presença divina, era o centro espiritual da nação.
COMENTÁRIOS
…vimos a sua glória… Novamente vemos aqui uma alusão às manifestações de Deus nas páginas do V.T. Ali lemos que Deus se manifestou de maneiras que pudessem ser percebidas e compreendidas pelos homens. (Ver Êx. 16:10; 24:16: I Reis 8:11; Is. 6:3 e Eze. 1:28). Entretanto, ocasionalmente—resplandecia—uma glória maior do que a comum, na pessoa de Cristo, a ponto mesmo dos homens terem dificuldade em suportar tais manifestações. Isso se verificou particularmente quando da transfiguração de Jesus. (Comparar Luc. 9:31 com II Ped. 1:16,17). Em alguns dos milagres operados por Cristo essa glória se evidenciou de modo todo especial. (Ver João 2:11: 11:4,40). Essa glória se manifestou, embora com menor resplendor, na vida e no caráter perfeitos de Jesus, isto é, em seu cumprimento da ideia absoluta do que seja um verdadeiro homem. Philip Schaff (1/1 loc., no Lange’s Commentary) distingue quatro estágios nessa glória de Cristo:
A glória do estado anterior à encarnação, na preexistência, que o «Logos» desfrutava junto ao Pai. (Ver João 17:5).
A manifestação simbólica e preparatória dessa glória, no V.T., conforme vista pelo olho profético, como no trecho de Is 12:41.
Sua revelação visível, na forma humana, na vida e na obra do Verbo encarnado, que resplandecia em cada milagre, conforme se vê, por exemplo, no trecho de João 2:11.
A manifestação final é perfeita de sua glória divino-humana, na eternidade, e da qual todos os crentes haverão de compartilhar, segundo se lê em João 17:24. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 2. pag. 274.
IV. SOBRE O SENHOR JESUS E O TEMPLO
Assim como a glória do Senhor deixou o Templo antes de sua destruição pelos caldeus, da mesma forma aconteceu com o segundo Templo. A diferença é que a segunda Casa foi substituída definitivamente pelo Senhor Jesus.
1. Explicação teológica. Jesus disse: “Eis aqui está quem é maior do que Salomão” (Lc 11.31), o construtor do Templo; Ele declarou-se maior do que o Templo: “está aqui quem é maior do que o templo” (Mt 12.6). Quando Ele curou o paralítico em Cafarnaum, disse: “Filho, perdoados estão os teus pecados” (Mc 2.5). Era uma mensagem velada dirigida aos sacerdotes de que a função do Templo estava para ser concluída em breve. Com a vinda de Jesus ao mundo, o Templo tornou-se redundante: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14).
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Quem é maior do que o templo, ablativo de comparação. Qual é o maior? Jesus pode estar se referindo a si mesmo como o Cristo. Pode ser que ele queira dizer que “a obra de Cristo e seus discípulos era de maior importância do que o Templo”. “Se o Templo não tinha de ser subserviente às normas sabáticas, quanto menos o Messias!
Comentando Mateus 12. 42, texto paralelo de Lucas 11.31, a rainha de Sabá foi conhecer a glória de Salomão e, nessa visita, encontrou a glória do Deus de Salomão (1Rs 10.9).
Quando João afirma que a glória do Verbo encarnado é “a glória como do unigênito do Pai”, a palavra como significa uma imitação da glória? Ela não é a glória real do Filho, mas apenas como a glória do Filho? Não penso que seja assim. Se digo, por exemplo: “Tenho um livro para dar e gostaria de dá-lo a você como minha primeira escolha”, você não responde: “Não sou sua primeira escolha; sou apenas como sua primeira escolha”. Significa: “Dou o livro a você como você é realmente minha primeira escolha”. Quando João declara: “Vimos sua glória, glória como do unigênito do Pai”, ele quer denotar: “Vimos sua glória, glória como ela realmente é — a glória do Filho de Deus”. Conhecemos esse fato porque novamente, na primeira parte do versículo Jo 1.14, João afirma de forma simples e direta: “Vimos sua glória”. Não há atributo próprio em Cristo? De quem é a glória? É a glória do Verbo eterno, o Filho. “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória”. Desse modo, não há redução no milagre da encarnação. O Verbo se fez carne e ele se fez sem cessar de ser Deus. Ele manifesta a glória de Deus.
2. O fim do Templo. O que o Senhor Jesus vinha insinuando ou ensinando de maneira indireta, na última semana do seu ministério terreno Ele falou diretamente: ”Não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada” (Mt 24.2; Mc 13.2); ”dias virão em que se não deixará pedra sobre pedra que não seja derribada” (Lc 21.6). Jesus anunciou o fim do Templo como fizeram Ezequiel e os demais profetas. A glória de Deus se retirou do Templo antes de sua destruição (Mt 23.38,39).
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Lucas 19:43-44 – Pois sobre ti virão dias em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras e, por todos os lados, te apertarão o cerco; e te arrasarão e aos teus filhos dentro de ti; não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste a oportunidade da tua visitação. Cerca 35 anos depois destas palavras de Jesus os judeus se rebelaram contra os romanos. No ano 66 o imperador Vespasiano mandou seus exércitos, comandados por seu filho Gen. Tito, que mais tarde se tornaria o imperador no lugar de seu pai, acabar com a revolta e destruir a cidade para torna-la exemplo para os demais povos dominados por Roma. Nesta vinda ele passou pelo mar morto e arrasou uma comunidade chamada de os Essênios, que tiveram tempo somente para salvar a biblioteca escondendo os pergaminhos nas rochas, próximo ao Mar Morto. Essa biblioteca foi descoberta em 1964 dC por um pastorzinho que procurava uma cabra, achando que ela tinha entrado num buraco, jogou uma pedra para ouvir algum barulho e ouviu o som de um jarro quebrando, entrou e encontrou os Manuscritos do Mar Morto, nas cavernas de Qumran, contendo todo o antigo testamento. Perto do ano 70, depois de 4 anos de cerco, Jerusalém já não tinha mais comida, as pessoas já comiam os cadáveres, como descreve o historiador Flávio Josefo, então os romanos entraram na cidade, os judeus se refugiaram no templo para defende-lo, os romanos colocaram fogo no templo e a maioria dos judeus morreram queimados, outros saiam do templo e corriam com as mãos para cima olhando para o templo, como última visão antes de morrer ou esperando que Deus descesse para os livrar. O templo queimou de tal maneira que derreteu todo o ouro de suas paredes misturando-se as suas ruínas. O soldados romanos reviraram todos os escombros para retirar o ouro do seu meio, não ficando pedra sobre pedra.
[…] uma profecia dramática de Jesus (23.38,39). Toda a casa dos judeus foi desolada quando Jesus se retirou deles; e o templo, a santa e bela casa, tornou-se uma desolação espiritual quando Cristo finalmente o deixou. Jerusalém foi longe demais para ser resgatada da destruição que buscou para si mesma, diz Spurgeon. A rejeição do reino da graça implica a exclusão do reino da glória. Os judeus, tão arrogantes e soberbos ao rejeitarem Cristo, o Messias, veriam sua casa ficar deserta. Eles, que rejeitaram o convite da graça encarnado na pessoa de Jesus em sua primeira vinda, só voltariam a vê-lo no julgamento final, em sua gloriosa segunda vinda, quando então seria tarde demais! Quando uma nação ou um homem persiste em rejeitar Cristo, o fim é inevitável. Sua casa ficará deserta. Deus já não habita mais ali: essa é a desgraça final. Soa, então, terrível esta frase: Tendo Jesus saído do templo ia-se retirando (24.1). LOPES. Hernandes Dias. Mateus Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pag. 694.
3. A presença de Deus hoje. Quando Jesus, no alto da cruz, com grande voz entregou o espírito, ”o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo” (Mt 27.51). Estava definitivamente concluída a missão do Templo. Assim, o Senhor Jesus substituiu, de uma vez por todas, o Templo. Desde então, é em Jesus que temos a redenção e o perdão de nossos pecados. Não existe mais o Templo de Jerusalém, mas Deus habita no cristão individualmente (Jo 14.23; 1Co 6.19).
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O comentarista da lição escreve em sua obra de apoio: “No entanto, os filhos de Israel estavam profanando o nome de Javé a ponto de descaracterizar sua imagem. Nessa situação, a glória de Deus se retira do templo. Brueggemann resume que, embora o templo representasse a presença divina na terra, “Deus se recusa a Ficar onde Deus não é honrado”.38 Deus nunca esteve e não está preso a nenhum lugar chamado “casa de Deus”. No nosso cotidiano de igreja, isso nos leva a pensar nas condições em que Deus se faz presente ou se ausenta do local” Soares. Esequias,. Soares. Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 61.
CHAMPLIN elucida: “Eles (as pessoas da Trindade) vêm fazer moradia com ele, e não meramente com o crente: em outras palavras, encontram uma comunidade, um lugar onde o Deus trino pode manifestar-se—·e essa comunidade forma um contraste com o mundo. Ele forma uma comunidade de crentes a igreja. Dessa forma ele edifica a casa espiritual para o crente individual (e uma casa espiritual no indivíduo) …,essa é a concretização neotestamentaria do fato de que Deus veio armar seu tabernáculo entre o seu próprio povo. (Ver Lev.26:11 e a profecia em Eze. 37:26).
A resposta esclarece que a manifestação, sendo de cunho espiritual, deve ser dada a indivíduos, e esses quando espiritualmente preparados». (Dods. in loc.).
Se o Espírito Santo ‘habita (menei. ver o vs. 17) em alguém, então esse coração se torna templo (naos) do Espírito Santo. (Ver I Cor. 3:16), tornando-se assim habitação apropriada para o Pai e para o Filho, uma realidade gloriosa e elevadora». (Robertson, in loc.).
Portanto, posto que ele Deus dessa maneira entra em forma invisível na região da alma, preparemos esse lugar, da mesma maneira que o caso admitir, a fim de que seja uma morada digna de Deus; pois se assim não o fizermos, ele, sim que disse tenhamos consciência, nos deixará e migrará para alguma outra habitação que lhe pareça mais excelentemente preparada” CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 2. pag. 533.
CONCLUSÃO
Concluímos que, em ambos os casos, tanto em Ezequiel como em Jesus, ambas gerações rejeitaram a Deus. No Antigo Testamento, substituíram Javé pelos ídolos e nos Evangelhos, substituíram a Justiça de Deus pela sua própria justiça: ”não conhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus” (Rm 10.3).
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Concluir trazendo o que escreve HENDRIKSEN, em Comentário do Novo Testamento João (Cultura Cristã): “Este amor, que tem a Jesus por objeto, recebe uma rica recompensa: “meu Pai (note-se meu, e veja-se sobre Jo 1:14) o amará”, etc. A pergunta “qual amor vem primeiro?” foi respondida com relação ao versículo 21b. Note-se que a expressão ativa “e meu Pai o amará”, corresponde à passiva “será amado por meu Pai” no versículo 21; por isso, veja-se também sobre esse versículo.
E viremos para ele e faremos nossa morada com ele. No Espírito (veja-se no contexto anterior) tanto o Pai como o Filho virão a (πρός, face a face com; veja-se sobre Jo 1:1) aquele que ama ao Senhor, e farão Sua morada com (παρά: junto a) ele.
Esta presença é muito real. Pode-se sentir sua ação. O Espírito convencerá do pecado, guiará ao arrependimento cotidiano, dará segurança de salvação, comunicará a paz de Deus que ultrapassa todo entendimento, admoestará, consolará; tudo isso com relação à Palavra. Dessa forma Cristo prometeu manifestar-Se aos discípulos, mas não ao mundo (veja-se sobre Jo 14:21, 22).
A cláusula, “e faremos nossa morada com ele”, (morada é μονή; veja-se sobre Jo 14:2) indica uma relação muito estreita e íntima. O Pai e o Filho, no Espírito e por meio dEle, estão sempre junto a (παρά) aqueles que amam a seu Senhor, dispostos a consolar, a alentar, e a dar toda a ajuda necessária.320 Já se mostrou que a promessa desta vinda, embora se refira primordialmente ao Pentecostes e à presente dispensação, recebe seu cumprimento final no retorno de Cristo e no novo céu e nova terra (veja-se sobre Jo 14:18).” HENDRIKSEN. William. Comentário do Novo Testamento João. Editora Cultura Cristã. pag. 679-680
No passado, o abandono da Lei, no presente, o abandono do Evangelho, lá e cá, leva a uma rejeição à Deus, substituindo a justiça de Deus (Cristo crucificado) pela justiça própria. Estejamos atentos, pois não necessariamente abandonamos a Deus e a sua justiça nos ausentando da comunhão, basta para isso, confiarmos em nossa própria carne, em observar ritos, usos, costumes, doutrinas de homens, enfim.
REVISANDO O CONTEÚDO
1. Qual o significado de ”glória” na descrição da visão de Ezequiel?
Nas visões de Ezequiel, “glória” indica o resplendor pela presença do Senhor.
2. O que representa a saída da glória de Deus?
A saída da glória de Deus representa a retirada de sua presença.
3. Qual o pensamento do período pós-exílio sobre o retorno da glória de Deus?
O pensamento no período pós-exílio era de que o retorno era escatológico (Ml 3.1), o da glória de Deus
4. Por que a glória da segunda Casa foi maior do que a da primeira?
A presença de Jesus nele fez a glória da segunda Casa ser maior do que a da primeira (Ag 2.9; Mt 21.12, 14,15; Lc 2.46).
5. Quem substituiu o Templo de Jerusalém?
O Senhor Jesus substituiu de uma vez por todas o Templo.