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TEXTO ÁUREO
“Porque pela graça sois salvos por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus.” (Ef 2.8)
VERDADE PRÁTICA
A graça de Deus não é barata. Ela requer arrependimento, novo comportamento, ou seja, Nova vida em Cristo.
Essa Verdade Prática precisa ser bem compreendida à luz das Escrituras para não nos conduzir ao falso entendimento de que nós precisamos pagar o preço para merecer a salvação. Note que em Ef 2.8: “da fé, e isto não vem de vós”, a palavra "Isto" faz referência a toda a afirmação anterior a respeito da salvação – graça e fé. Precisamos crer para sermos salvos, mas até mesmo essa fé é parte do dom de Deus, e não pode ser exercida pelo querer da própria pessoa. A Verdade Prática não deve ser compreendida como “esforço próprio” como que se esteja pagando um preço para merecer... A graça de Deus não é barata, mas é de graça! Quem a recebe, tem sua vida mudada e consequentemente, essa nova vida reflete-se em arrependimento, novo comportamento, ou seja, Nova vida em Cristo!
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Efésios 2.4-10
COMENTÁRIO DO TEXTO BÍBLICO:
2.4 misericórdia... amor. A salvação é para a glória de Deus, demonstrando sua misericórdia e amor sem limites para com aqueles que estão espiritualmente mortos por causa da própria pecaminosidade.
2.3 e estando nós mortos... nos deu vida. Mais do que qualquer outra coisa, uma pessoa morta espiritualmente precisa ser vivificada por Deus. A salvação traz vida espiritual ao morto. O poder que ressuscita os cristãos da morte e os vivifica (Rm 6.1-7) é o mesmo poder que energiza todos os aspectos da vida cristã (Rm 6.11-13).
2.6 nos ressuscitou, e nos fez assentar. O tempo verbal de "ressuscitou" e "fez" indica serem esses os resultados imediatos e diretos da salvação. O cristão não só está morto para o pecado e vivo para a justiça por meio da ressurreição de Cristo, mas ele também desfruta da exaltação do Senhor e compartilha de sua glória preeminente. Nos lugares celestiais. A esfera sobrenatural onde Deus reina. Em 3.10; 6.12, entretanto, diz respeito também à esfera sobrenatural onde Satanás governa temporariamente. Essa esfera espiritual é onde as bênçãos dos cristãos estão (1.3), onde está a herança deles (1Pe 1.4), onde os sentimentos deles devem estar (Cl 3.3) e onde eles desfrutam da comunhão com o Senhor. É a esfera de onde toda revelação divina provém e para onde vão todo o louvo e todas as petições.
2.7 riqueza da sua graça. Não há dúvida de que a salvação é, em grande parte, para a bênção do cristão; porém, é ainda mais para o propósito da glorificação eterna de Deus por conceder aos cristãos sua graça e sua bondade, que são infinitas e ilimitadas. Todo o céu o glorifica pelo que ele fez em salvar pecadores (3.10; Ap 7.10-12).
2.8 a fé, e isto não vem de vós. "Isto" refere-se a toda a afirmação anterior a respeito da salvação, não somente da graça, mas da fé. Embora as pessoas tenham de crer para que sejam salvas, até mesmo essa fé é parte do dom de Deus, a qual salva e não pode ser exercita pelo poder da própria pessoa. A graça de Deus é preeminente em todos os aspectos da salvação (Rm 3.20; Cl 2.16).
2.10 feitura dele... para boas obras. As boas obras não podem gerar a salvação, mas são subsequentes e resultam dos frutos concedidos por Deus e evidências deles (Jo 15.8; Fp 2.12-13; 2Tm 3.17; Tt 2.14; Tg 2.16-26). as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas. Como a sua salvação, a santificação do cristão e as boas obras foram ordenadas antes que o tempo tivesse início (Rm 8.2 9-30).
INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre a graça de Deus. Não há dúvidas de que nos últimos anos os cristãos têm demonstrado maior interesse em conhecer melhor a doutrina da graça. Nesse sentido, pode-se dizer que há um despertar da graça. Contudo, para muitos, esse ensino continua ainda ofuscado. Nesse aspecto, pode se dizer que a doutrina da graça tem sido mal compreendida e, portanto, mal assimilada e, consequentemente, desvirtuada. Muito do que se prega e se ensina como sendo o Evangelho da graça, nada mais é do que uma forma deturpada da graça. É a graça Barateada.
COMENTÁRIO
O termo graça, do original charis, é usado cerca de cem vezes nas epístolas paulinas. Destas, vinte e quatro aparecem apenas em Romanos (1.5,7; 3.24; 4.4; 4.16; 5.2,15,17,18,20,21; 6.1,14,15; 11.5,6; 12.3,6; 15.15; 16.20,24). Na Antiga Aliança, o termo hebraico hesed corresponde ao sentido do Novo Testamento. Em diversas passagens é traduzido por “favor”, “misericórdia”, “bondade amorosa”, ou “graça que procede de Deus” (Êx 34.6; Ne 9.17; Sl 103.8; Jn 4.2).
No contexto da doutrina da salvação, charis é o dom ou favor imerecido de Deus, mediante o qual os homens são salvos por meio de Cristo (Ef 1.7; 2.5,8; Rm 3.24; Tt 2.14). Graça é algo bom que é dado, não porque a pessoa que recebe merece, mas porque a pessoa que dá é generosa. A graça revela o bom caráter de quem dá, não de quem recebe. Deus nos oferece a salvação de graça. De acordo com o Dicionário Teológico Beacon, a graça é “o amor espontâneo de Deus, ainda que imerecido, para o homem pecaminoso, revelada supremamente na vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo”. Nesse aspecto, observamos que a graça é, em absoluto, um dom de Deus outorgado a humanidade. Não há nenhum mérito humano em recebê-la. Entenda, não se faz nada para ser merecedor da Graça de Deus, é Ele mesmo que decide dá-la a nós! Esse princípio deve ser bem compreendido para que possamos entender de fato o assunto.
Venha comigo mais fundo nas Escrituras!
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I – COMPREENDENDO A GRAÇA
1. A graça é divina. Ao se afirmar que a graça é divina, se quer dizer com isso que a sua origem está inteiramente em Deus. Foi Ele quem quis agir com graça. O testemunho bíblico e que “aprouve a Deus salvar” os homens (1 Co 1.21). Isso significa que a origem da graça, bem como a iniciativa da salvação, é ato de Deus. A graça, portanto, tem origem no céu. Ninguém pode salvar a si mesmo.
COMENTÁRIO
Nós merecemos castigo por causa de nossos pecados, mas Deus nos enviou Jesus para pagar o preço e nos oferecer a salvação. Mesmo não fazendo nada para merecer, nós podemos ser libertados do poder do pecado, perdoados do castigo eterno e adotados como filhos de Deus, para morar com Ele para sempre (Ef 2.4-5). Ninguém por seu próprio mérito consegue apagar seu pecado e se purificar para entrar no Céu. Por mais que tentarmos ser bons, não conseguiremos evitar todo pecado. Só Deus pode nos libertar do peso do pecado (1Jo 1.8-9). Deus não precisaria nos libertar. Ele poderia simplesmente exigir justiça e condenar todos, mas Ele nos amou e por essa razão, Ele nos ofereceu a salvação, de graça.
HORTON nos diz que “As palavras mais frequentemente usadas no Antigo Testamento para transmitir a ideia de graça são chanan (“demonstrar favor” ou “ser gracioso”) e suas formas derivadas (especialmente chên) e chesedh (“bondade fiel” ou “amor infalível”). A primeira refere-se usualmente ao favor de livrar o seu povo dos inimigos (2 Rs 13.23; SI 6.2,7) ou aos rogos pelo perdão de pecados (SI 41.4; 51.1). Isaías revela que o Senhor anseia por ser gracioso com o seu povo (Is 30.18). Mas a salvação pessoal não é o assunto de nenhum desses textos.
O substantivo chên aparece principalmente na frase “achar favor aos olhos de alguém” (dos homens: Gn 30.27; 1 Sm 20.29; de Deus: Êx 34.9; 2 Sm 15.25). Chesedh contém sempre um elemento de lealdade às alianças e promessas, expresso espontaneamente em atos de misericórdia e amor. No Antigo Testamento, a ênfase recai sobre o favor demonstrado ao povo da aliança, embora as demais nações também estejam incluídas.
No Novo Testamento, a “graça”, como o dom imerecido mediante o qual as pessoas são salvas, aparece primariamente nos escritos de Paulo. É um “conceito central que expressa mais claramente seu modo de entender o evento da salvação… demonstrando livre graça imerecida. O elemento da liberdade … é essencial”. Paulo enfatiza a ação de Deus, e não a sua natureza. “Ele não fala do Deus gracioso; fala da graça concretizada na cruz de Cristo”. Em Efésios 1.7, Paulo afirma: “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça”, pois “pela graça sois salvos” (Ef 2.5,8)”. HORTON. Staleym. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Editora CPAD.
2. A graça é imerecida. A graça é um favor imerecido. Isso significa que ninguém a merecia e nem tinha como merecê-la. De fato, a Escritura diz que “não há justo, nem um sequer” (Rm 3.10). Nossa justiça própria é como trapo da imundícia (Is 64.6). A nossa condição antes de conhecermos a graça se assemelhava a de alguém que deve uma grande quantia e não tem com que pagar (Lc 7.42; Ef 2.4,5).
COMENTÁRIO
J.I. Packer comentando sobre Graça, escreve: “No Novo Testamento, “graça” é uma palavra de importância central de fato, é a palavra-chave do cristianismo. Graça é aquilo sobre o que o Novo Testamento versa. O Deus exposto ali é “o Deus de toda a graça” (1Pe 5.10); ali, o Espírito Santo é “o Espírito da graça” (Hb 10.29); e, todas as esperanças ali expostas apoiam-se sobre a “graça do Senhor Jesus” (At 15.11), aquele Senhor que sustentou Paulo com esta certeza: “A minha graça te basta” (2Co 12.9). No dizer de João, “a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (Jo 1.17); e, as novas acerca de Jesus são chamadas de “o evangelho da graça de Deus” (At 20.24). A crença dos apóstolos na realidade e centralidade da graça era tão forte que os levou a criar um novo estilo de carta. Ao invés do convencional “Salve!”, a saudação inicial de todas as treze cartas de Paulo toma a forma de uma oração por “graça e paz” ou por “graça, misericórdia e paz”, da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo, invocadas sobre os seus leitores. E, ao invés do usual “adeus”, cada carta termina com outra oração, rogando “a graça do Senhor Jesus Cristo”, ou simplesmente “graça”, sobre cada crente. Tanto as cartas de Pedro como a de Judas e o Apocalipse têm saudações similares (cf. 2Jo 3); e, Hebreus e Apocalipse têm formas semelhantes de encerramento, enquanto que a segunda carta de Pedro termina com um apelo: “Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2Pe 3.18). Tudo quanto é dito nessas cartas, entre a saudação e a bênção final, ilustra a verdade que, para os apóstolos, a graça era o fato fundamental da vida cristã. O apóstolo Paulo afirma que por intermédio do homem entrou o pecado no mundo (Rm 5.12). Por conta da entrada do pecado no mundo, a condição da humanidade caída diante do pecado é de total impotência. O homem não pode fazer nada. É preciso a intervenção da graça de Deus para tirar a humanidade do domínio do pecado. Nesse aspecto, todos os homens e mulheres foram atingidos pelo pecado a tal ponto que, embora tenham sido feitos à imagem de Deus, não podem, por si mesmos, chegar a Deus”. Vocábulos de Deus, de J.I. Packer, da Editora Fiel, reedição 2017.
A salvação é o tema do Novo Testamento, salvação pela graça de Deus, do começo ao fim (Ef 2.5, 8); é a graça de Deus que nos dá a salvação (Tt 2.11), e a finalidade da salvação é louvor da glória da graça de Deus (Ef 1.6). Ao que parece, quando corretamente compreendida, essa palavra “graça” contém em si mesma toda a teologia do Novo Testamento. A mensagem do Novo Testamento é simplesmente o anúncio de que a graça veio aos homens através de, e em, Cristo, juntamente com o apelo da parte de Deus para que eles recebam-na (Rm 5.17; 2 Co 6.1), conheçam-na (Cl 1.6) e não a frustrem (Gl 2.21), mas perseverem nela (At 13.43), porquanto “a palavra de sua graça tem poder para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados” (At 20.32). A graça é o sumário e a substância da fé do Novo Testamento. Graça é imerecida, Graça é dádiva, Graça revela o caráter de quem dá, não de quem recebe, aliás, somente mostra que quem recebe é incapaz de obtê-la por si mesmo.
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II – A GRAÇA NO CONTEXTO BÍBLICO
1. A necessidade da graça. Uma das doutrinas mais bem definidas e claras nas Escrituras é a referente à queda do homem. O primeiro fato a ser observado é que Adão, o primeiro homem, foi criado como um ser moralmente livre, podendo escolher o que fazer. A Escritura diz que Adão foi tentado (Gn 3.6), mas não coagido a pecar (Gn 2.16,17). Deus o responsabilizou por sua desobediência (Gn 3.17). O primeiro homem, portanto, de forma livre e voluntária, desobedeceu e pecou (Rm 5.12a). O segundo fato é que a queda do homem produziu consequências, tanto para ele como para sua posteridade. Adão era o cabeça da raça e como tal todos os homens estavam sob seus lombos (Rm 5.12b; Gn 3.23). Ninguém, portanto, ficou fora da esfera do pecado. Tendo caído no pecado, o homem não podia por si mesmo se libertar. Uma das consequências advindas da Queda foi a necessidade da satisfação da justiça divina. Por isso, a justiça de Deus exige a punição do pecado. Isso porque Deus sendo justo e santo não deixaria o pecado impune. Contudo, assim como Deus é justo, da mesma forma, Ele é amor. Isso é denominado pelos teólogos como a doutrina do “duplo amor de Deus” – O amor de Deus à justiça e o amor de Deus a humanidade. Se por um lado, a justiça divina exige a punição do pecado, por outro lado, o amor de Deus pela humanidade levou-o a prover a cruz como o meio de justificação (1Tm 2.5; Jo 3.16). Em Cristo Jesus, portanto, Deus manifesta o seu grande amor pela humanidade e vê nEle sua justiça satisfeita.
COMENTÁRIO
Como Adão, sendo uma pessoa pública, transmitiu o pecado e a morte a toda a sua posteridade?
Matthew Henry escreve em seu Comentário do Novo Testamento (CPAD): ““…por um homem entrou o pecado”. Vemos o mundo sob um dilúvio de pecado e morte, cheio de iniquidades e repleto de calamidades. Então, vale a pena perguntar pela fonte que o alimenta, e você a encontrará na corrupção geral da natureza; e por qual brecha ele entrou, e você descobrirá que foi o primeiro pecado de Adão. Foi por um homem, sendo ele o primeiro homem (pois se alguém tivesse existido antes dele, seria livre), aquele homem de quem, como da raiz, todos nós viemos. [1] Através dele, entrou o pecado. Quando Deus disse que tudo era muito bom (Gn 1.31) não havia pecado no mundo; foi quando Adão comeu do fruto proibido que o pecado entrou no mundo. O pecado havia entrado anteriormente no mundo dos anjos, quando muitos deles se revoltaram contra sua submissão e abandonaram o seu primeiro estado; mas, antes do pecado de Adão, ele nunca havia entrado no mundo da humanidade. Então o pecado entrou como um inimigo, para matar e destruir, como um ladrão, para roubar e despojar; e foi uma entrada sinistra.
Então entrou a culpa do pecado de Adão, que foi imputada à posteridade, e uma corrupção e depravação geral da natureza. Eph ho – por isso (assim nós lemos), melhor, em quem, todos pecaram. O pecado entrou no mundo através de Adão, pois todos nós pecamos nele. Como está em 1 Coríntios 15.22: “…todos morrem em Adão”, também aqui, nele “…todos pecaram”; pois está em conformidade com a lei de todas as nações que nas ações de uma pessoa pública sejam contadas as ações das pessoas que elas representam e que as ações de cada membro do corpo estão implicadas nas ações de todo o corpo. Assim sendo, Adão agiu como uma pessoa pública, pela soberana ordenação e designação de Deus, e que ainda se baseou em uma necessidade natural; pois Deus, como o autor da natureza, fez disso a lei da natureza, que, assim como as outras criaturas, o homem devia gerar em sua própria semelhança. Em Adão, portanto, como em um receptáculo comum, foi depositada toda a natureza humana, dele fluindo para toda a sua posteridade; pois toda a humanidade é feita “…de um só” (At 17.26), assim, à medida que essa natureza se mostra em seu estar em pé ou cair, antes que ele se livre dela, consequentemente ela é propagada a partir dele. Por isso, pecando Adão e caindo, a natureza tornou-se culpada e corrupta e foi assim propagada.
Dessa forma, nele todos pecamos. [2] “…pelo pecado, a morte”, pois a morte é o salário do pecado. O pecado, quando consumado, gera a morte. É claro que, quando veio o pecado, a morte veio com ele. Aqui a morte significa toda aquela miséria que é a devida recompensa pelo pecado, a morte temporal, espiritual e eterna. Se Adão não tivesse pecado, não teria morrido; a ameaça era: “…no dia em que dela comerdes, certamente morrerás” (Gn 2.17). [3] “…assim também a morte passou…”, isto é, a sentença de morte passou, como a um criminoso, dielthen – passou a todos os homens, como uma doença contagiosa se espalha por uma cidade, de maneira que ninguém escapa. E o destino universal, sem exceção: a morte passa por todos. Há calamidades universais ligadas à vida humana que provam isso satisfatoriamente”. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pag. 337.
O Arminianismo defende que, Deus criou o homem com livre arbítrio, que se manteve após a queda. Alguns indicam aqui a justiça de Deus em sua permissão ao exercício da liberdade de escolha do homem. Este homem, em seu livre arbítrio, é inteiramente responsável por todo o pecado, e assim sendo, Deus não pode nunca ser o seu autor. Após a queda de Adão, Deus chama toda a raça humana para a participação numa Nova Aliança. Ele oferece a salvação para todas as pessoas, tendo sua justiça, fundamentada no sacrifício substitutivo de Cristo.
Independente da corrente teológica que o rito cristão siga, todos acreditam não existe salvação fora de Cristo, que Deus estabeleceu Cristo como o Salvador daqueles que nEle creem. Por outro lado, aqueles que o rejeitam estão condenados (Jo 5.4).No processo da salvação uma resposta humana é exigida. “Creia no Senhor Jesus e você será salvo — você e toda a sua casa” (At 16.31
2. A extensão da graça. As Escrituras afirmam que Deus quer salvar a todos (1Tm 2.4). Deus ama todos os homens. Logo, o mais vil pecador, no lugar onde estiver, é amado por Deus e, por isso, deve ser alcançado. O alcoólatra, o adúltero, o homicida etc., todos serão aceitos por Deus se receberem a graça divina, Cristo Jesus. Essa graça é extensiva a todos os homens. Ela é universal. Contudo, essa graça não é universalista. Uma coisa não tem relação com a outra. O universalismo prega que todos, independente de credo, religião ou arrependimento, ou comportamento, serão salvos. Ao contrário, a graça é universal porque é estendida a todos os homens. Todos os que se arrependerem e confessarem a Cristo podem ser salvos. A graça é oferecida a todos (Tt 2.11). Contudo, só se torna eficaz na vida daquele que crer (Mc 16.16; Jo 6.47).
COMENTÁRIO
Estudar a respeito da graça de Deus implica descrever os principais ramos da doutrina da salvação: o perdão (At 10.43), a salvação (Tt 2.11; Rm 1.16), a regeneração (Tt 3.5), o arrependimento (At 11.18; Rm 2.4) e o amor divino (Jo 3.16; Rm 5.8). A graça de Deus é dinâmica, não somente salva, mas vivifica aqueles que estão destruídos pelo pecado, capacitando-os a viver em santidade (Ef 2.1-8). O capítulo 6 de Romanos mostra que a vida cristã requer santidade. Na igreja em Roma, muitos acreditavam que, se a salvação é pela fé, então, cada um podia fazer o que bem desejasse. Se a lei não salva, temos algum compromisso com ela? Paulo, portanto, escreve para evitar o mal-entendido. Somos salvos pela graça, por meio da fé (Ef 2.8-10). No entanto, a fé não anula a lei, mas a estabelece (Rm 3.30-31). A ideia da graça, pois, é a chave que abre o Novo Testamento; é a única chave capaz de abri-lo. Sem importar quão bem conheçamos o fraseado do Novo Testamento, não poderemos penetrar em seu significado enquanto não conhecermos algo acerca do que é a graça. Esta é a razão por que tantas pessoas acham que o Novo Testamento é desconcertante e frustrante (especialmente as cartas de Paulo, o grande campeão da graça); e também é o motivo por que tão facilmente o entendem mal. Pessoas, até mesmo religiosas, ignorantes acerca da graça, que tentam ler o Novo Testamento como um livro de máximas morais, ou de aspirações místicas, não podem entendê-lo. Cada livro do Novo Testamento faz parte de uma grande análise sistemática, histórica e teológica acerca do fato da graça, e deve ser lido como tal. Não podemos entendê-lo senão nesses termos.
Infelizmente, porém, o significado da graça não é corretamente apreciado hoje. Nos últimos cem anos ou mais, esse tópico tem sido tão negligenciado por alguns, e mal manuseado por outros, que a clara e profunda compreensão do mesmo, legada pelos reformadores, pelos Puritanos e pelos evangélicos do século XVIII à sua posteridade, quase desapareceu da cena religiosa. A palavra “graça” faz parte integral de nosso vocabulário religioso, e regularmente a ouvimos em orações públicas, como “concede-nos a ajuda da tua graça…”, ou “dá-nos graça, para que possamos…” Para muitos, porém, esse termo sugere apenas noções vagas, como uma celestial recarga de bateria, administrada por meio das ordenanças; e, para a maioria, ele já não significa coisa alguma.
Enquanto isso, muitos praticam, em nome do cristianismo, formas de religião que frustram e negam totalmente a graça de Deus. Tanto o legalismo da doutrina Católica Romana, que faz a salvação depender da lealdade a um sistema eclesiástico, como o moralismo da doutrina protestante liberal, que diz que todos quantos tentarem ser bons, mesmo que pouco, serão salvos, resultam da mesma causa-raiz – a falha em compreender o significado da graça. A necessidade mais urgente da cristandade é a de uma renovada conscientização do que a graça de Deus realmente é. Os crentes anelam ver uma reforma e um avivamento nas igrejas. Hoje, tal como ontem, é somente através da redescoberta da graça que essas bênçãos fluirão.
Tito 2.11-13 apresenta a essa a essência da carta, enfatizando que o propósito soberano de Deus em chamar presbíteros (1.5) e em ordenar que seu povo viva com integridade (vs. 1-10) é prover o testemunho que leva o plano e o propósito de salvação de Deus a se cumprirem. Paulo condensou o plano de salvação de Deus em três realidades:
1) salvação do castigo (v. 11),
2) do poder (v. 12) e
3) da presença do pecado (v. 13).
A graça de Deus não é um simples atributo divino da graça, mas o próprio Jesus Cristo, a graça encarnada, a dádiva graciosa de Deus à humanidade caída (Jo 1.14). Em Tito não á ensino de que “todos os homens” não ensina a salvação universal. Jesus Cristo fez um sacrifício suficiente para cobrir todos os pecados de cada pessoa que crê (Jo 3.16-18; 1Tm 2.5-6; 4.10; 1Jo 2.2). Paulo deixa claro nas palavras introdutórias dessa carta a Tito que a salvação se torna eficaz somente por meio da "fé que é dos eleitos de Deus" (1.1). De toda a humanidade, somente os que crerem serão salvos (Jo 1.12; Rm 10.9-17).
Como escreve Hernandes Dias Lopes, “A graça de Deus brilhou como sol sobre aqueles que viviam nas regiões da sombra da morte. Essa graça se manifestou quando Jesus nasceu num a estrebaria, cresceu num a carpintaria e morreu numa cruz. Essa graça brilhou quando de seus lábios se ouviam palavras de vida eterna, quando ele curava os enfermos, purificava os leprosos, lançava fora os demônios e ressuscitava os mortos. A graça resplandeceu quando o Filho de Deus entregou sua vida na cruz e a reassumiu na gloriosa manhã da ressurreição. A graça se manifestou para resgatar o homem do seu maior mal e oferecer a ele o maior bem.
Destacamos três aspectos da epifania da graça:
Em primeiro lugar, a origem da graça (2.11). Paulo fala da graça de Deus. A graça tem sua origem em Deus. Ela emana de Deus. Embora Deus sempre tenha sido gracioso, pois é o Deus de toda a graça, ela se tornou visível em Jesus Cristo. A graça de Deus foi esplendorosamente mostrada em seu humilde nascimento, em suas graciosas palavras e em seus atos movidos de compaixão; mas, sobretudo, em sua morte expiatória.
A graça de Deus é totalmente imerecida. Não há nada em nós que reivindique o amor de Deus. Não há nenhum merecimento em nós. O amor de Deus tem nele mesmo sua causa. A graça é um favor imerecido. Deus trata de forma benevolente aqueles que merecem seu juízo.
Em segundo lugar, a natureza da graça (2.11). A graça de Deus é salvadora. A graça é o favor superabundante de Deus pelos pecadores indignos. Kelly diz que a graça de Deus representa o favor gratuito de Deus, a bondade espontânea mediante a qual ele intervém para ajudar e livrar os homens. E m Jesus, a graça de Deus desponta como um sol sobre o mundo escurecido pelas sombras da morte.
Gosto da definição de William Hendriksen:
“A graça de Deus é seu favor ativo que outorga o maior de todos os dons a quem merece o maior de todos os castigos”
Por isso, a graça triunfa sobre nossa iniquidade. Ela é maior do que o nosso pecado e melhor do que a nossa vida.
Onde abundou o pecado, superabundou a graça. Somos salvos pela graça. Vivemos pela graça. Dependemos da graça. Nada somos sem a graça. Por causa da graça, embora perdidos, fomos achados; embora mortos, recebemos vida.
Em terceiro lugar, a extensão da graça (2.11). A graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. A epifania da graça não alcança todos os homens quantitativamente, mas todos os homens qualitativamente.
A salvação é universal no sentido de que alcança todos aqueles que são comprados para Deus, procedentes de toda tribo, língua, povo e nação (Ap 5.9), mas não no sentido de todos os homens, sem exceção. A salvação é universal porque alcança todos os homens sem acepção, mas não a todos os homens sem exceção. Não há universalismo na salvação.
O que a Bíblia ensina sobre a universalidade da graça de Deus é que ela rompe todas as barreiras, derruba todos os preconceitos e alcança pessoas de todos os gêneros, idades e posições (2.1-10). A graça é acessível a todos: homens e mulheres, idosos e jovens, escravos e senhores, judeus e gentios.” LOPES. Hernandes Dias. TITO E FILEMOM. Doutrina e Vida, um binômio inseparável. Editora Hagnos. pag. 91-94.
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III – A GRAÇA NO CONTEXTO DA REFORMA
1. A corrupção da doutrina da graça. O contexto da Reforma Protestante do século XVI é muito diversificado. Contudo, é possível identificar alguns fatores que contribuíram para o surgimento da Reforma: o catolicismo perdia influência e, por isso, surgiu uma reação contra os líderes religiosos por conta de seu baixo nível moral; a rejeição da doutrina católica como valida; um maior interesse pela educação, que deixa de ser um privilégio dos líderes católicos; é uma maior diversidade doutrinária. De uma forma direta, pode-se afirmar que a Reforma surge como uma resposta ao enfraquecimento, deturpação e negação da doutrina da graça, que no período medieval, havia sido totalmente desconfigurada. A salvação pelas obras havia substituído a salvação pela fé somente Rm 1.17. Em outras palavras a Salvação havia se tornado meritória.
COMENTÁRIO
Nesse contexto exposto pelo autor da lição, percebe-se que hoje, não está muito diferente daqueles dias da Reforma, em vista do desconhecimento dessa doutrina, da deturpação ou mesmo do seu uso indevido para desqualificar esse ou aquele sistema soteriológico.
De fato, a Reforma foi impulsionada pelo desvio doutrinário, ético e moral da Igreja Medieval. Mas se ficarmos somente nesse campo teórico, correremos o risco de retirar de cena a atuação do Espírito Santo em reavivar a Sua Obra. O movimento reformador de Lutero não foi iniciado pela indignação justa e moral de um Savonarola ou um Erasmo dirigido contra superstições percebidas ou contra a corrupção do papado renascentista. O movimento de Lutero estava enraizado em sua própria ansiedade pessoal sobre a salvação: uma ansiedade que, se a resposta popular a ele serve de qualquer indicativo, foi disseminada por toda a Europa. Essa ansiedade foi um efeito da crise do fim do período medieval já esboçado, mas sua raiz residia na incerteza da salvação pregada na mensagem da Igreja.
2. A Restauração da doutrina graça. Como foi observada, a reforma, portanto, surge como reação à corrupção da doutrina da graça. Lutero, monge alemão agostiniano, se torna o principal porta voz da doutrina ‘pela fé somente”. Posteriormente, o lema luterano seria conhecido como as cinco solas: sola gratia (só a graça). Os reformadores estavam também convictos de que somente através o retorno às escrituras a doutrina da graça poderia ser restaurada. Foi por isso que lutaram. Foi por isso que sofreram e, até mesmo, morreram. A graça não aceita misturas. É pela graça somente que somos salvos.
COMENTÁRIO
A doutrina da salvação estava sendo distorcida. A igreja pregava que a salvação era alcançada pelo esforço do homem e administrada pela igreja. A Reforma refutou esse erro e voltou para as Escrituras para afirmar que a salvação é pela graça de Deus mediante a fé em Cristo. Não somos salvos pelas obras, mas para as boas obras. As obras não são a causa de nossa salvação, mas a sua evidência. A graça é o que Deus nos dá sem qualquer merecimento. Deus nos amou quando éramos fracos, ímpios, pecadores e inimigos. O amor de Deus por nós é provado, porque ao nos amar, Deus não escreveu esse amor com letras de fogo sobre as nuvens, mas esculpiu-o na cruz. Assim diz as Escrituras: “Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8). O lema da Reforma é Sola Gratia.
Sobre a exclusividade da escritura, escreve Steven J. Lawson em ‘Pilares da graça’ (Fiel): “Por sua vez, a mensagem dos Reformadores veio a ser sumariada em cinco slogans conhecidos como os solas da Reforma: sola Scriptura (“somente a Escritura”), solus Christus (“somente Cristo”), sola gratia (“somente a graça”), sola fide (“somente a fé”) e soli Deo gloria (“glória somente a de Deus”). O primeiro destes, sola Scriptura, foi o marco definidor do movimento.
Há somente três formas possíveis de autoridade espiritual. Primeiro, há a autoridade do Senhor e de sua revelação escrita. Segundo, há a autoridade da igreja e seus líderes. Terceiro, há a autoridade da razão humana.
Quando os Reformadores clamaram “somente a Escritura”, estavam expressando sua submissão à autoridade de Deus como expressa através da Bíblia. James Montgomery Boice declara o âmago da convicção deles: “Somente a Bíblia é nossa autoridade última – não o papa, nem a igreja, nem as tradições da igreja ou os concílios eclesiásticos, menos ainda intuições pessoais ou sentimentos subjetivos, mas somente a Escritura.”
A Reforma foi essencialmente uma crise sobre o tipo de autoridade que teria a primazia. Roma reivindicava a autoridade da igreja lado a lado com a Escritura e a tradição, a Escritura e o papa, a Escritura e os concílios eclesiásticos. Os Reformadores, porém, criam que a autoridade pertencia exclusivamente à Escritura. Schaff escreve:
Enquanto os humanistas retrocediam aos antigos clássicos e reviviam o espírito do Paganismo grego e romano, os Reformadores voltaram às santas Escrituras nos idiomas originais e reviveram o espírito do Cristianismo apostólico. Foram incendiados por um entusiasmo pelo evangelho, tal como nunca fora conhecido desde os dias de Paulo. Cristo se ergueu do túmulo das tradições humanas e pregava novamente suas palavras de vida e poder. A Bíblia, até então um livro somente dos sacerdotes, agora era traduzida outra vez e melhor que nunca para os idiomas vernaculares da Europa, e se tornou um livro do povo. Cada cristão podia doravante ir à fonte-mestra da inspiração e sentar-se aos pés do Divino Mestre, sem permissão e intervenção sacerdotais”. Steven J. Lawson. Pilares da graça. Editora Fiel, 2016.
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IV – A GRAÇA NO CONTEXTO CONTEMPORANEO
1. A graça barateada. Há muito a expressão “graça barata” foi introduzida na literatura para expressar a vida cristã nominal ou mundanizada. De fato, o evangelho expresso por alguns ensinadores não reflete mais a graça. Parece que quanto mais crescem, menos influência os evangélicos estão causando na sociedade. Urge voltar para o Evangelho da genuína graça de Deus.
COMENTÁRIO
Sobre isso, Silas Daniel escreve em ‘A Sedução das Novas Teologias’ (CPAD): “Um dos exemplos mais conhecidos desse tipo de posição é o de Brennan Manning, incensado pelos emergentes. Ele declarou recentemente não ver nada demais em alguns cristãos serem homossexuais. Manning, que é americano e foi batizado como Richard Francis Xavier, é ex-frade franciscano, formado em Teologia e Filosofia, e autor de livros como O evangelho maltrapilho, A assinatura de Jesus, Convite à loucura, O impostor que vive em mim e O obstinado amor de Deus, todos já publicados no Brasil. Ele é muito conhecido por defender um estilo de vida simples e abnegado como algo central para a vida cristã. Conforme diz sua própria apresentação, além de ter vivido em clausura e contemplação, chegou a habitar voluntariamente entre as populações carentes nos Estados Unidos e na Europa, foi ajudante de pedreiro na Espanha, carregou água para populações rurais, lavou pratos na França e deu apoio espiritual a presidiários na Suíça. Outro detalhe é que, em suas palestras, os temas de Manning sempre são invariavelmente amor e graça, porém a graça que ele apresenta assemelha-se, muitas vezes, ao que Dietrich Bonhoeffer, em seu livro Discipulado, chamou de “graça barata”. Apesar de a Bíblia, como já foi dito séculos atrás, mostrar que Deus ama o pecador, mas abomina o pecado (Jo 3.16; lTs 4.1-8; lPe 1.13-16), o Deus de Manning, muitas vezes, parece ser diferente: ama o pecador, mas sem se importar com o pecado. E esse discurso é recepcionado prazerosamente pelos emergentes, que veem em Manning um dos exemplos máximos de espiritualidade em nossos dias. O escritor Andy Comiskey, diretor do ministério Desert Stream nos Estados Unidos, que tanto evangeliza homossexuais como discípula e acompanha os que entre eles se convertem a Cristo, em artigo publicado no site Pastoral Care Ministries, intitulado “O perigo da graça sem a verdade” (http://leannepayne.com/articles/displayarticle.php?articleid=5), conta sua experiência com Manning. Inicialmente, ele destaca que as mensagens de Manning, como já falamos, são sempre sobre o mesmo tema: amor. Por isso, a princípio, sentiu-se atraído pelas suas palestras e livros, mas logo ficou incomodado ao perceber que o amor que pregava Manning tem muito pouco a ver com o amor de Deus como ensina a Bíblia; pois não é o amor que, além de perdoar os nossos pecados, muda nosso comportamento e, nos momentos de fraqueza em nossa caminhada espiritual, não apenas nos abraça, mas também nos restaura. Ao contrário, é um amor que aceita a nossa perversidade sem se incomodar, que perdoa-nos sem se preocupar com nossa mudança de vida. Comiskey ficou preocupado com isso e, então, resolveu marcar um encontro com Manning para conversar sobre o assunto”. Daniel., Silas. A Sedução das Novas Teologias. Editora: CPAD. pag. 55-56.
2. O valor da graça. Escrevendo aos coríntios, o apóstolo da graça afirmou “Vocês foram comprados por preço” (1Co 7.23 – NAA). Paulo foi um defensor do Evangelho da graça. Em seu tempo ele não aceitou de forma alguma os penduricalhos que alguns cristãos quiseram por ao Evangelho. O apóstolo sabia do alto preço que custou a nossa salvação – o sangue de Cristo. A salvação é de graça, mas o seu preço custou caro. Duas coisas precisam ser observadas neste texto. Primeiramente, a voz passiva do verbo grego indica que outra pessoa fez a transação por nós e o tempo verbal (aoristo) diz que essa transação foi completa. Não há mérito humano, Cristo pagou o preço e fez tudo por nós. Nada mais precisa ser acrescentado à nossa salvação. Isso é graça.
COMENTÁRIO
O fundamento da salvação é a obra sacrificial e substitutiva de Cristo na cruz por nós. Ele morreu pelos nossos pecados. Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades. O castigo que nos traz a paz estava sobre ele. Jesus substituiu-nos. Ele se fez pecado por nós. Foi feito maldição por nós. Ele bebeu o cálice amargo da ira de Deus destinado a nós e cumpriu a lei por nós, satisfazendo, assim, completamente as demandas da justiça divina. Cristo pagou a nossa dívida e morreu a nossa morte. Agora não existe mais nenhuma condenação contra nós. Fomos declarados justos diante do tribunal de Deus. A obra de Cristo por nós e não nossa obra para ele é a base da nossa salvação. É isso que significa: “Pela graça sois salvos”. A salvação não é uma questão de merecimento. Não alcançamos a salvação como um troféu que recebemos de honra ao mérito. A salvação é um presente imerecido. Recebemo-la gratuitamente. É dádiva de Deus e não conquista humana.
Simom J. Kistemaker escreve em seu ‘Comentário do Novo Testamento I Coríntios’ (Cultura Cristã): “A primeira parte desse versículo é uma repetição exata de 6.20, mas as palavras estão colocadas num contexto completamente diferente. No capítulo anterior, Paulo escreveu sobre prostitutas e instruiu os coríntios para que fugissem da imoralidade sexual. Ele lembrou a eles que o corpo de cada um era um templo do Espírito Santo e depois acrescentou que os coríntios pertenciam a Cristo, porque foram comprados por um preço. Agora ele coloca as mesmas palavras, “vocês foram comprados por um preço”, no contexto de Cristo libertar os escravos do pecado e da morte. Cristo libertou os coríntios do pecado e pagou por eles com o preço de seu sangue (ver 1Pe 1.18,19). Aqueles que foram comprados por Cristo devem ter plena segurança de sua salvação”. Simom J. Kistemaker. Comentário do Novo Testamento I Coríntios. Editora Cultura Cristã. pag. 331-332.
Isto posto, é preciso dizer que Graça não é licença para viver de qualquer maneira. Não é porque não estou pagando o preço que não preciso observar as boas obras. Aliás, as obras são o resultado da salvação (Ef 2.9,10). “Não de obras para que ninguém se glorie, pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”. A salvação pela graça mediante a fé não exclui as obras. As obras são o resultado necessário da salvação. A graça é a raiz, as obras são os frutos. A graça é a causa, as obras são a consequência. Não há obras que agradem a Deus que não procedam da graça e não há graça genuína que não desemboque em obras. Se a salvação fosse pelas obras e não pela graça, o homem chegaria ao céu por seus próprios esforços e teria razões para se gloriar. Mas, ninguém poderá gloriar-se diante de Deus, pois é ele quem efetua em nós tanto o querer quanto o realizar. As obras que praticamos, praticamo-las porque fomos criados em Cristo Jesus para essa finalidade. Somos salvos do pecado, pela graça, mediante a fé, para as obras. De tal maneira que, a graça é a base, a fé é o meio e as obras são o resultado da salvação. Em outras palavras, tudo provém de Deus. Até mesmo as obras que realizamos, procedem de Deus, porque ele nos criou com esse propósito de antemão. A Deus, portanto, seja toda a glória por nossa salvação.
CONCLUSÃO
Nesta lição, partimos da necessidade de compreender corretamente o que é a graça de Deus. Vimos como a graça de Deus foi entendida em diferentes contextos. A Bíblia é sempre a régua através da qual qualquer entendimento da doutrina da graça precisa ser medido. Como verberou na Reforma, a Escritura continua ecoando em nossos dias – a salvação é somente pela graça.
COMENTÁRIO
Nesta lição, aprendemos que a graça de Deus é imensurável. Ela inspira e cultiva. Santifica e transforma. Tudo isso vai muito além do que a lei confere, tornando a salvação da alma um empreendimento divino, embora, mediante a fé, seja necessária uma resposta positiva do homem (Ef 2.8-10).
“Em Romanos 6, Paulo faz-nos a pergunta crucial: ‘Nós, os que morremos para o pecado, como podemos continuar vivendo nele?’ (v.2). Como podemos nós, que temos sido justificados, não viver justamente?
Como podemos nós, que temos sido amados, não amar também? Como podemos nós, que temos sido abençoados, não abençoar? Como podemos nós, a quem se oferece a graça, não viver graciosamente?
Paulo parece chocado com tal possibilidade! Como poderia a graça resultar em qualquer coisa que não um viver gracioso? ‘Continuaremos pecando para que a graça aumente? De maneira nenhuma!’ (vv.1,2a).
O termo para esta filosofia é antinomianismo: anti significa ‘contra’, e nomi, ‘lei moral’. Os promotores da idéia vêem a graça mais como uma razão para se fazer o mal, do que para fazer o bem. A graça concede-lhes um brevê para o mal. Quanto piores forem os meus atos, melhor Deus aparecerá. Esta não é a primeira referência de Paulo sobre o assunto. Lembra de Rm 3.7? ‘Mas, se pela minha mentira abundou mais a verdade de Deus para glória sua, por que sou eu ainda julgado também como pecador?’.
Que desculpa! Ninguém respeitaria um mendigo que recusasse trabalho, alegando: ‘Estou dando ao governo a oportunidade de demonstrar sua benevolência’. Zombaríamos de tal hipocrisia. Não a toleraríamos, e não a cometeríamos” LUCADO, M. Nas garras da graça. RJ: CPAD, 1999, p.111
Espero ter ajudado...
Em Cristo,
Francisco Barbosa
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REVISANDO O CONTEÚDO
1. O que se quer dizer com a expressão “a graça é divina”?
® Ao se afirmar que a graça é divina, se quer dizer com isso que a sua origem está inteiramente em Deus.
2. Qual é a diferença entre a graça universal e a “graça universalista”?
® A graça é extensiva a todos os homens. Ela e universal. Contudo, para ser universal, não significa dizer que ela é universalista, que quer dizer que todos independente de credo, religião ou arrependimento, serão salvos.
3. Segundo a lição, como surge a Reforma Protestante?
® A Reforma Protestante surge como uma reação à corrupção da doutrina da graça.
4. O que quer dizer a expressão “graça barata”?
® A expressão “graça barata” diz respeito à vida cristã nominal ou mundanizada.
5. O que o apóstolo Paulo afirmou ao escrever aos coríntios?
® Escrevendo aos coríntios, o apóstolo da graça afirmou: “Vocês foram comprados por preço” (1Co 7.23 – NAA).