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TEXTO ÁUREO
“Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios.” (1 Tm 4.1)
VERDADE PRÁTICA
De forma sutil e sorrateira, o Diabo desfere ataques à Igreja. É preciso que cada crente saia ao combate com as armas espirituais dadas por Deus.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
1 Timóteo 4.1-5
INTRODUÇÃO
Neste trimestre, estudaremos a respeito dos diversos ataques contra a verdadeira Igreja. Isso acontece porque Satanás sempre se opôs ao povo de Deus, tanto na Antiga quanto na Nova Aliança. Fora do contexto bíblico, a Igreja sempre experimentou a oposição do Diabo. Nem sempre esses ataques acontecem da mesma forma, com a mesma metodologia ou a mesma intensidade. Contudo, o agente por trás desses ataques é sempre o mesmo: Satanás.
COMENTÁRIO
Iniciando este terceiro trimestre, com as orientações de um amável pastor ao seu discípulo iniciante na vida pastoral, aprenderemos a identificar, neutralizar e nos guardarmos das investidas do maligno, que sutilmente tenta remover os alicerces outrora lançados. No texto citado, depois de observar a presença de falsos mestres em Éfeso (1.3-7,18-20) e opor-se a alguns de seus ensinos equivocados com a instrução positiva dos capítulos 2 a 3, Paulo trata dos falsos mestres de maneira direta nessa passagem, concentrando-se em sua origem e no conteúdo de seus ensinos.
Como o mesmo Paulo escreveu à Igreja de Corinto: “… para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios”. (2Co 2.11), um dos fatos mais sérios sobre a vida é que todos os seres humanos têm um inimigo sobrenatural que tem como objetivo usar a dor e o prazer para nos tornar cegos, tolos e miseráveis – eternamente. A Bíblia identifica-o como “o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor” (Ap 12.9-10), “o príncipe deste mundo” (Jo 12.31) e “o deus deste século” (2Co 4.4). Ele é o nosso “adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1Pd 5.8). Contudo, no mais aterrorizante tipo de escravidão que existe, o mundo inteiro segue “o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência” (Ef 2.2). Ele é bem-sucedido em fazer com que seus súditos marchem rumo à destruição e eles levam consigo o maior número de pessoas possível.
Cremos na Bíblia como única regra de fé e prática. Ela, entre outras verdades, nos ensina que há um conflito espiritual invisível (Ef 6.10-18). Este incansável inimigo usa diversas estratégias para nos atingir, e a mais cruel e danosa é a inserção no meio da igreja de falsos mestre, de homens descompromissados com a verdade, interesseiros, fraudulentos, como “o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm a consciência cauterizada, que proíbem o casamento e exigem abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos com gratidão pelos que creem e conhecem a verdade. Pois tudo o que Deus criou é bom, e, se recebido com gratidão, nada é recusável, porque é santificado pela palavra de Deus e pela oração. Expondo estas coisas aos irmãos, você será um bom ministro de Cristo Jesus, alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina que você tem seguido. Mas rejeite as fábulas profanas e de velhas caducas. Exercite-se, pessoalmente, na piedade. Pois o exercício físico tem algum valor, mas a piedade tem valor para tudo, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de vir. Fiel é esta palavra e digna de inteira aceitação. Pois é para esse fim que trabalhamos e nos esforçamos, porque temos posto a nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos, especialmente dos que creem”. (1Tm 4.1-10).
Como escreve o pastor presbiteriano Hernandes Dias Lopes:
“O perigo das falsas doutrinas (4.1-5) - As falsas doutrinas têm um poder mais destrutivo que a perseguição. A sedução da serpente é mais letal que o rugido do leão. Alguns pontos são aqui ressaltados”. LOPES. Hernandes Dias. 1 Timóteo. O Pastor, sua vida e sua obra. Editora Hagnos. pag. 97.
Venha comigo mais fundo nas Escrituras!
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I – A IGREJA SOB ATAQUE
1. A sutileza do ataque. Um fato de fácil constatação é que a oposição sistematizada às verdades cristãs cresceram nas últimas décadas em escala exponencial. Se em anos passados as perseguições e conflitos bélicos eram os instrumentos usados, hoje isso acontece de forma muito mais sutil. Elas ocorrem, por exemplo, com a normalização de comportamentos e práticas contrárias à fé cristã.
COMENTÁRIO
Notadamente estes últimos tempos tem se caracterizado pela normatização das múltiplas visões e entendimento sobre os mais variados assuntos, e a fé cristã não está imune a essa relativização, muito mais propensos a este tipo de ataque do que outras religiões, o cristianismo tem sofrido com demonstrações de desconstrutivas daquilo que temos aprendido como sã doutrina. Hoje, qualquer um pode fazer um vídeo, podcasts, um texto que seja, disponibilizá-lo na rede e rapidamente esse conteúdo alcança milhares de mentes, contaminando, confundindo e destruindo aquilo que levou-se muito tempo para edificar. São muitas as heresias, os falsos ensinos, que tem se espalhado e infectado a são doutrina.
Desde o início da Igreja, o adversário tem suscitado falsos mestres para perverter o evangelho, adoecer a igreja, e hoje só tem se intensificado com o adventos de tecnologias de amplo alcance. Formadores de opinião trabalham para a destruição da entidade familiar, tal como Deus a criou, pela união de um homem e de uma mulher, através do casamento. A sociedade sem Deus admite outros “arranjos” de família. O Supremo Tribunal Federal do Brasil aprovou lei que considera a união homossexual “união estável”, ou, o que é pior, “entidade familiar”, torcendo e distorcendo o sentido de família, de acordo com a Constituição do País. O que significa isso? Total desprezo à Palavra de Deus, que considera tais uniões “abominação ao Senhor” (Lv 18.22; 20.13).
A Bíblia nos alerta para o fato de que estamos envolvidos em uma luta espiritual. Ela não indica que o adversário esteja debaixo de nossos pés no momento presente, mas é como se estivéssemos travando uma luta corporal, frente a frente. O apóstolo Paulo ensina aos efésios: “... porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (Ef 6.12).
2. O alerta para o povo de Deus. Um fato de fácil observação nas Escrituras é que Deus sempre manteve seu povo sob alerta. No Antigo Testamento, por exemplo, nada acontecia com o povo de Deus sem que fosse avisado. Os alertas e advertências sempre vinham. Isso pode ser visto tanto em relação a pessoas quanto a grupos (Gn 37.5-7; cf. 45.5-8; 18.17,18). Durante a monarquia esses avisos e advertências vieram de uma forma muito mais intensa através do ministério dos profetas (2Rs 6.8-12; Is 3.16-24; Ez 7.1-27; Dn 10.14). Na sua primeira carta a Timóteo, Paulo escreveu sobre o grande alerta que o Espírito Santo dava à igreja: “[…] o Espírito expressamente diz […]” (1Tm 4.1). O advérbio grego retos, traduzido como “expressamente”, possui o sentido de “claramente”, “sem sombras de dúvidas”. O Espírito do Senhor, portanto, faz conhecido ao seu povo os perigos que o cercam.
COMENTÁRIO
“o Espírito afirma expressamente” (4.1) Paulo repete a Timóteo a advertência que havia feito muitos anos atrás aos presbíteros de Éfeso (At 20.29-30). O Espírito Santo por meio das Escrituras advertira repetidas vezes contra o perigo da apostasia (Mt 24.4-12: At 20.29-30; 2Ts 2.3-12; Hb 3.12; 5.11-6.8:10.26-31; 2Pd 3.3; 1Jo 2.18; Jd 18). O texto nos fala que nos últimos tempos - o período da primeira vinda de Cristo até a sua volta (At 2.16-1 7; Hb 1.1-2; 9.26; 1Pd 1.20; 1Jo 2.18). A apostasia existirá durante todo esse período, atingindo o auge pouco antes da volta de Cristo! (Mt 24.12). Note: apostatarão da fé! Que momento é esse que vivemos hoje? Não seria já os momentos finais? Os que forem presas dos falsos mestres abandonarão a fé cristã. A palavra grega traduzida por "apostatarão” refere-se a alguém que se afasta de uma posição original; Trata-se de cristãos professos ou nominais que se associam àqueles que realmente creem no evangelho, mas o abandonam depois de crerem em mentiras e enganos, revelando, assim, a verdadeira natureza deles como não convertidos (Jo 2.19; Jd 24). Note, ainda, que o texto aponta para os espíritos enganadores - aqueles espíritos demoníacos que, de modo direto ou por meio rios falsos mestres, se desviaram da verdade e levam outros a fazerem o mesmo. A palavra que melhor define todas as atividades de Satanás e de seus demônios é "mentira" (Jo 8.44; 1Jo 4.1-6). Não é um ensino acerca de demônios, mas falsos ensinos que se originam neles. Submeter-se a esses ensinos é o mesmo que ouvir mentiras provenientes da esfera demoníaca (Ef 6.12; Tg 3.15; 2Jo 7-11). A influência dos demônios alcançará o seu auge durante a tribulação (2Ts 2.9; Ap 9.2-11; 16.14:20.2-3,8,10). Satanás e os demônios usam constantemente os enganos que corrompem e pervertem a Palavra de Deus. Veja: o Diabo nunca foi tão diabo, como tem sido hoje... seus ataques estão mais intensos, maiores, e nós temos encontrado mais dificuldade em testemunhar nossa fé sem sermos execrados pela sociedade.
“O mesmo Espírito que havia inspirado Paulo a alertar os presbíteros de Éfeso acerca da chegada dos falsos mestres (At 20.29,30), agora leva Paulo a alertar Timóteo, pastor da igreja de Éfeso, de que esse tempo chegaria e o resultado seria a apostasia de alguns. O mesmo Espírito que revela o mistério da beatitude desvenda também o poder opositor dos espíritos aliciadores. O Espírito da profecia revela tanto o mistério de Deus como o poder mentiroso do mal”. LOPES. Hernandes Dias. 1 Timóteo. O Pastor, sua vida e sua obra. Editora Hagnos. pag. 98.
3. A Igreja na reta final. A sutileza de Satanás ao atacar a Igreja de Cristo é um fato claramente revelado pelo Espírito Santo. Deus preveniu a Igreja de que isso aconteceria. Não há razão, portanto, para surpresas. Foi previsto e registrado nas Escrituras. Além desse fato, o Senhor também mostra que isso aconteceria nos “últimos tempos” (1Tm 4.1). A expressão “últimos tempos” é uma referência ao período compreendido como sendo a Era da Igreja. Nesse aspecto, o apóstolo Pedro disse que o derramamento do Espírito fazia parte dos eventos dos “últimos dias” (At 2.17); e, de forma semelhante, o apóstolo Paulo descreve como os homens se comportariam “nos últimos dias” (2Tm 3.1-7).
A precisão com que foram descritos esses sutis ataques de Satanás contra a Igreja, e não a referência a dia e hora, deveria servir de alerta máximo para nós. A profecia é bem clara e objetiva em descrever comportamentos, ações e práticas que marcariam esse tempo final. Se o apóstolo Paulo, que viveu há mais de dois mil anos, disse já vivenciar os últimos dias (1Co 10.11), o que a Igreja pode dizer dessa presente época? Não estaríamos na reta final? Na última volta da corrida?
COMENTÁRIO
CHAMPLIN esclarece o termo «…nos últimos tempos…» assim:
“A expressão neotestamentária usual é «eschatos», que significa «último». Mas aqui é usado o comparativo, «usteros», «piais tarde». Isso poderia significar «em alguma crise posterior», ou nos «dias finais». Esta última possibilidade tem sido preferida pelos intérpretes, pois o autor não falava do que ainda era «futuro» para ele, mas antes, sobre o que é «posterior», em comparação com tempos anteriores, quando ainda não havia qualquer manifestação herética. O escritor sagrado falava do ponto de vista de seus próprios dias, pois é óbvio que cria que a heresia já vinha se manifestando na igreja, conforme estas «epístolas pastorais» o demonstram do princípio ao fim, pois, de fato, foram escritas justamente para combater as heresias. Lock (in loc), parafraseia esta sentença como segue: «Há uma profecia passada sobre uma crise futura, que agora começa a cumprir-se».
«…tempos…» é tradução do termo grego «kairos», «tempo», que indica um período particular, caracterizado por determinados eventos. O trecho de II Tim. 3:1 diz «Nos últimos dias…», onde a palavra «dias» é modificada por «últimos». Essas expressões devem ser equivalentes, porém, porquanto ambas se referem a uma grave crise de heresias, que já se fazia presente na igreja primitiva. Os cristãos do início de nossa era não esperavam que houvesse uma longa «era da graça», intercalada antes da «parousia» ou segundo advento de Cristo. Pensavam que já viviam nos dias finais, imediatamente antes da «parousia»”. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 5. pag. 318.
Hernandes Dias Lopes também elucida:
“A expressão últimos tempos não se refere apenas a um período escatológico do fim, mas compreende todo o período da era cristã, inaugurado por Jesus em sua primeira vinda e que se consumará na segunda. Esse tempo do fim será caracterizado pela manifestação de falsos profetas (Mt 24.11) e falsos cristos que enganarão muitos (Mc 13.22), culminando na apostasia e na manifestação do homem da iniquidade (2Ts 2.4)”. LOPES. Hernandes Dias. 1 Timóteo. O Pastor, sua vida e sua obra. Editora Hagnos. pag. 98.
A Igreja de Cristo precisa estar em estado de alerta contra as Sutilezas de Satanás nesta reta final. Temos nos acostumado a ouvir e até mesmo já falamos em algum momento, que “Satanás está debaixo de nossos pés”. Mas a ideia bíblica é contrária a esta declaração. Veja que Pedro nos declara que o diabo não está debaixo dos nossos pés, mas numa posição contínua de ataque ao nosso redor, como um leão:
“Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar; resisti-lhe firmes na fé, certos de que sofrimentos iguais aos vossos estão-se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo” (1Pe 5.8,9).
Pedro primeiramente adverte que devemos ser sóbrios e vigilantes. Ele menciona o motivo por que deveríamos estar assim: o diabo, que é o nosso adversário, anda em volta como um leão. O verbo grego peripate é usado para um andar em volta. A ideia é de um animal que fica andando em círculos procurando uma oportunidade para o ataque. Isso quer dizer que o apóstolo Pedro afirma que estamos sendo observados por um inimigo feroz e astuto que procura uma ocasião para nos ferir. Por isso, não estamos numa posição confortável, mas precisamos resistir-lhe firmes na fé. O verbo grego traduzido por “resistir, opor-se”, novamente aponta para uma resistência em uma disputa perigosa, pois é contra alguém que o autor bíblico identificou como um leão. É a mesma palavra que Tiago usou para “resistir ao diabo”.
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II – A NATUREZA DO ATAQUE
1. O ataque é de natureza espiritual. Em sua exposição o apóstolo faz referência a “espíritos enganadores” e “demônios” (1Tm 4.1). Não há nenhuma dúvida que é uma referência aos espíritos maus, aqui também chamados de “demônios”. Isso revela a natureza dos agentes envolvidos nos ataques que são feitos à Igreja – Satanás e seus demônios. Os maiores inimigos da Igreja são seres sobrenaturais. Nesse sentido, podemos também dizer que a natureza desse ataque é espiritual. De fato, ao escrever aos efésios, o apóstolo Paulo diz que a nossa luta não é contra carne ou sangue, mas contra os principados e potestades do mal (Ef 6.12).
COMENTÁRIO
Em vez de atender à voz do Espírito de Deus, darão ouvidos a espíritos enganadores. Os espíritos aqui mencionados são aqueles que causam erros, e a construção mais óbvia e natural é encaminhá-la à ação dos espíritos caídos. Embora “possa” se aplicar a falsos mestres, ainda assim, é mais a eles como sob a influência de espíritos malignos. Isso pode ser aplicado, no que diz respeito à fraseologia, a “qualquer” ensinamento falso; mas é evidente que o apóstolo tinha uma apostasia específica em vista – algum grande “sistema” que corromperia grandemente a fé cristã; e as palavras aqui devem ser interpretadas com referência a isso. É verdade que pessoas de todas as idades são propensas a dar atenção a espíritos sedutores; mas a coisa mencionada aqui é uma grande apostasia, na qual as características seriam manifestadas e as doutrinas mantidas, que o apóstolo procede imediatamente a especificar (1Jo 4.1).
Hernandes Dias Lopes confere:
“Ao único Espírito Santo se contrapõem muitos espíritos não santos; à única doutrina saudável, muitas doutrinas prejudiciais. Quem está por trás das heresias são os espíritos enganadores, os próprios demônios. Os falsos mestres são inspirados por demônios, assim como os apóstolos eram inspirados pelo Espírito de Deus. Satanás tem seus próprios ministros e suas próprias doutrinas. As Escrituras descrevem o diabo não apenas como tentador, atraindo pessoas para o pecado, mas também como enganador, seduzindo as pessoas para o erro. Os falsos mestres são escravizadores dos homens e difamadores de Deus. Eles proíbem o que Deus ordena e escravizam pessoas, impondo a elas restrições que Deus nunca fez”. LOPES. Hernandes Dias. 1 Timóteo. O Pastor, sua vida e sua obra. Editora Hagnos. pag. 98-99.
No verso 2, pela hipocrisia dos que faiam mentiras, literalmente "os hipócritas que falam mentiras", são os falsos mestres humanos que propagam a doutrina domoníaca (1 Jo 4.1). Um termo médico é usado aqui – cauterizada, que se refere à eauterização. Os falsos mestres podem ensinar suas mentiras hipócritas porque a consciência deles perdeu toda a sensibilidade (Ef 4.19), como se todos os nervos que lhes permitissem sentir tivessem sido destruídos e reduzidos a cicatrizes pela ação abrasiva do engano demoníaco.
Como estamos lidando com todos esses sinais? Será que toda Igreja está ciente de que eles a colocam, de fato, no contexto dos últimos dias? Em Mateus 16 e Lucas 19, Jesus deixou uma séria advertência em relação à incapacidade dos israelitas – que se estende a nós – de discernir o tempo da visitação de Deus. Por desconhecerem os sinais de seu tempo, não viram Jesus como o Messias e por isso o crucificaram. Até hoje eles colhem severas consequências.
2. O ataque é de natureza moral. Outra coisa a ser levada em conta sobre a natureza do ataque à Igreja, que revela a sutileza do Diabo: esse também é um ataque moral. O apóstolo faz referência a pessoas que se comportam de forma hipócrita e que também são mentirosas (1Tm 4.2). Esses comportamentos se encontram na esfera moral. Na verdade, a hipocrisia e a mentira são manifestações inversas das virtudes morais cristãs da autenticidade e da verdade. A operação do erro sempre trabalha com a falsidade e o engano. Paulo também demonstra a esfera moral desse ataque quando faz referência àqueles que têm “cauterizada a sua própria consciência”. O termo grego suneidesis, usado aqui para “consciência”, é uma referência à capacidade humana de julgar, de entender o certo e o errado. Em outras palavras, é a faculdade humana por meio da qual se distingue o que é moralmente bom ou ruim. Uma consciência “cauterizada” (gr. kausteriazo) significa dizer que ela se tornou insensível para julgar entre o certo e o errado.
COMENTÁRIO
«…hipocrisia…» No grego é «upokrisis», que originalmente significava «desempenhar um ato em um palco», posto que a forma verbal se referia à «réplica» em um diálogo em cena teatral. Um «upokrites» era um «ator», um «expositor». Gradualmente essa palavra foi assumindo um sentido negativo, dando a entender uma pessoa pretenciosa, alguém que dizia algo e queria dizer outra coisa. Daí veio o significado moderno da palavra hipócrita.
“Os falsos mestres são como atores: representam um papel diferente da vida real. Falam uma coisa e fazem outra. São hipócritas. Não revelam sua verdadeira identidade; ao contrário, escondem-se atrás de máscaras para enganar as pessoas. Os falsos mestres possuem não apenas um ensino errado, mas também uma motivação errada; não apenas uma teologia falsa, mas também uma vida torta. O problema dos falsos mestres não é apenas teológico, mas também moral. A consciência dos falsos mestres não tem sensibilidade espiritual; está cauterizada, anestesiada, amortecida. Eles perderam o temor de Deus e não sentem mais tristeza pelo pecado. São insensíveis. A palavra grega kauteriazo, traduzida por cauterizada, traz a ideia de “marcar com um ferro quente”, como era feito no passado com os escravos e hoje com o gado, deixando o lugar queimado insensível. Concordo com Warren Wiersbe, quando diz que “sempre que alguém afirma com os lábios o que nega com a vida, a consciência é amortecida””. LOPES. Hernandes Dias. 1 Timóteo. O Pastor, sua vida e sua obra. Editora Hagnos. pag. 100.
Podemos classificar o ataque de Satanás a partir de duas naturezas: a sobrenatural e a moral. Entender esses sinais significa assumir um posicionamento de harmonia com a Segunda Vinda, de maneira que a Igreja cumpra seu papel nesse tempo. Não só uma parte, mas toda ela contribuindo para que o Evangelho seja pregado a toda criatura e em real intercessão para que “Venha a nós o Teu Reino”, como descreve apocalipse 22.17. É fundamental que estejamos avivados com nossa função nesses últimos dias para não tropeçarmos como igreja. As profecias falam de uma noiva santa e atenta ao retorno de seu Noivo e não desesperada e com medo desses sinais. A Igreja que a Bíblia descreve não está apegada, envolvida ou comprometida com esse mundo, mas é um corpo composto por membros atuantes que discernem seu tempo e vivem a empolgante expectativa de sentar-se a mesa para a Grande Ceia junto a Cristo e então descer triunfante para governar com Ele. Antes de tudo, a vinda de Jesus deve ser uma realidade cravada em nossos corações que justifique nossa posição de espera por Ele, com os olhos fitados somente nele. É essa noiva que ele está preparando e que logo, logo vem buscar.
CUIDADO! “O apóstolo insiste que devemos andar no Jesus que recebemos para ficarmos arraigados, edificados e firmados de maneira como fomos ensinados. Entretanto, a mensagem dos agentes de Satanás é sempre contra tudo o que cremos, pregamos e praticamos. Às vezes, há alguns pontos em comum entre eles e nós, e nisso reside o perigo, pois é por onde eles entram. Depois de expor o modus operandi dos falsos mestres, ou seja, o uso de alguns métodos que eles usavam para desviar o povo da fé cristã, o apóstolo faz uma séria advertência: ‘tende cuidado’ (Cl 2.8). Devemos cuidar da liberdade que recebemos em Cristo Jesus. A mensagem do evangelho é simples, e qualquer ser humano independente de seu preparo intelectual, de sua cultura ou origem, e de seus pendores, consegue entender, basta dar lugar ao Espírito Santo, que convence o homem ‘do pecado, e da justiça e do juízo’ (Jo 16.8)” (SOARES, Esequias. Heresias e Modismos: Uma Análise Crítica das Sutilezas de Satanás. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.36).
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III – AS ESFERAS DO ATAQUE
1. A esfera religiosa. É importante tratarmos aqui nas esferas que esse ataque ocorre. Em primeiro lugar, o apóstolo mostra que ele acontece na esfera religiosa. Acontece, portanto, na esfera da Igreja. Isso fica claro quando Paulo diz que “apostatarão alguns da fé” (1 Tm 4.1). Não há dúvidas de que o apóstolo está se referindo a cristãos professos que sucumbiram ao ataque do Diabo. E o que é pior: agora estão a serviço dele. Aqui os principais inimigos do Evangelho vêm de dentro da própria igreja. Não é de admirar que as pessoas que mais causam danos e escândalos ao Evangelho sejam aquelas que já lutaram em suas trincheiras. Contudo, por alguma razão abandonaram a fé e se tornaram inimigo da Igreja. Certamente você conhece alguém assim.
COMENTÁRIO
A apostasia corresponde a um período em que a pessoa peca cada vez mais e obedece cada vez menos. Envolve um arrepender-se do arrependimento. É o abandono deliberado da verdade da fé cristã. O verbo usado aqui na língua grega designa a apostasia intencional e consciente. A apostasia não pode ser confundida com perda da salvação, nem nega a perseverança dos santos. Significa que, por influência dos falsos mestres, muitas pessoas que outrora professaram a fé cristã abandonarão essa confissão. Pessoas que fizeram parte da igreja visível e assumiram um compromisso público deixarão as fileiras da fé cristã. Porém, nem todos os que fazem parte da igreja visível são membros da igreja invisível. Nem todos os que têm seus nomes inscritos no rol de membros da igreja têm seus nomes inscritos no livro da vida. Uma parte das pessoas que frequentam a igreja é formada por pessoas apenas nominalmente cristãs. O comentarista da revista, em sua obra de apoio, registra o seguinte:
“Isso pode ser visto, por exemplo, nos recentes episódios envolvendo grandes líderes e estrelas do mundo gospel. Pregadores famosos têm se levantado para contestar o modelo ortodoxo da fé cristã e em seu lugar colocar outro evangelho que se adeque às suas crenças e convicções. Nesse aspecto, vemos a graça sendo não apenas barateada, mas, sobretudo, banalizada. Dessa forma, práticas que anteriormente eram vistas como pecaminosas ou inadequadas para o líder cristão, tais como o adultério e o divórcio, são cada vez mais aceitas sem maiores contestações. Não é incomum vermos grandes líderes envolvidos em escândalos sexuais e, da mesma forma, trocando suas esposas por outras mais jovens. Assim, também, ainda dentro desse mesmo contexto, vemos pastores afirmando que a Bíblia é um livro que precisa ser atualizado para se ajustar às recentes conquistas sociais. A Bíblia deixa de ser a inspirada Palavra de Deus para se converter em um manual de moral que já se desatualizou. Na realidade, o que se pode afirmar com segurança é que esses líderes se renderam à cultura mundana que eficientemente desconstruiu suas convicções e fé. O mais grave disso tudo é que temos aqui um “veneno dentro da panela” que está matando pessoas dentro da igreja. Muitos desses líderes, que se renderam ao espírito deste mundo, em vez de entregarem suas igrejas, continuam de forma profana usando seus púlpitos para defender seus relacionamentos errados e suas formas equívocas de crer. Da mesma forma, o neomarxismo e a espiritualidade holística também são bandeiras levantadas nesse contexto cultural pós-moderno. Qualquer cristão com um pouco de discernimento já tomou consciência de que há uma ideologia de natureza social que quer a todo custo suplantar os valores cristãos. Nesse aspecto, o neomarxismo ou marxismo cultural, como tem sido rotulado ultimamente, tem se convertido numa poderosa ferramenta usada para desconstruir a cultura judaico-cristã. Isso pode ser claramente percebido através de um sistema de doutrinação que procura abranger todos os seguimentos da sociedade. O que pregam e creem esses doutrinadores é diametralmente oposto àquilo que preceituam as Escrituras Sagradas. Isso vai desde a tentativa de remoção de símbolos religiosos de espaços públicos até mesmo à tentativa de se negar a natureza biológica do sexo. Por outro lado, a espiritualidade holística ou nova espiritualidade tem cada dia ganhado mais espaço nesse caldo cultural. O enfoque agora está no modelo holístico baseado na espiritualidade oriental, e não mais nos valores ocidentais notadamente cristãos. Nesse novo modelo, tudo é “deus” e “Deus” é tudo. Buda, Javé, Alá e Jesus são apenas nomes diferentes para a mesma divindade. Não há um céu para se conquistar nem tampouco um inferno para se evitar. Enfim, são sutilezas do erro que espreitam a verdadeira Igreja de Cristo. Nesse contexto, cabe à igreja expressar de forma firme e com toda convicção aquilo que crê e por que crê. A igreja não pode fugir de sua missão — ser sal e luz em meio a uma sociedade corrompida. Para tal, ela precisa se revestir das armas da justiça. É preciso, portanto, que a igreja ocupe todos os espaços com a poderosa mensagem do evangelho, pois somente dessa forma poderá enfrentar as sutilezas do Diabo e desfazer os seus sofismas. Convém lembrar que não há neutralidade nesse conflito — ou a igreja conquista ou ela será conquistada”. Gonçalves. José,. Os Ataques Contra a Igreja de Cristo. As Sutilezas de Satanás neste Dias que Antecedem a Volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022.
CHAMPLIN nos ajuda também:
“«…alguns apostatarão…» No grego é «aphistemi», que significa «levar à revolta», «desviar», quando usado na voz transitiva, ou então «afastar-se», «retirar-se», «apostatar», quando esse verbo é usado intransitivamente. Esse verbo significa rejeitar uma posição anterior, aderindo a posição diferente e contraditória à primeira; perder a primeira fé, repelindo-a em favor de outra crença. Esse verbo veio a ser usado em sentido técnico para indicar a «apostasia»; e estas epístolas pastorais são bastante tardias, na ordem cronológica do aparecimento dos livros do N.T., para refletirem esse emprego. Os gnósticos faziam parte da comunidade cristã; eram apóstatas, porquanto professavam ser cristãos, sem importar se estavam firmados ou não anteriormente na fé ortodoxa. Mui provavelmente não era assim, na maioria dos casos; porém, visto que se professavam cristãos, com razão podiam ser considerados hereges e apóstatas. «…da fé…» Podemos observar aqui o uso objetivo do termo «fé». Isso é comentado em ITim. 1:2. Temos aqui alusão à «fé cristã», ao sistema de doutrinas e crenças do cristianismo. Subjetivamente, a fé indica a confiança pessoal em Cristo e a entrega da própria alma aos cuidados de Cristo. A fé «objetiva» consiste naquilo «em que cremos», e não do próprio ato da crença. Estas «epístolas pastorais» dão-nos a entender que a fé cristã, por essa época, já havia sido formulada na forma de corpo doutrinário bem definido. Desviar-se desse corpo doutrinário, portanto, era considerado uma heresia”. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 5. pag. 318.
2. A esfera social. Outra esfera do ataque de Satanás à Igreja é a social. Isso pode ser visto na expressão de Paulo: “proibindo o casamento” (1Tm 4.3). É uma forma de dizer que o Diabo se opõe à família. Sem dúvida a família é uma das mais importantes instituições sociais que existem, senão a mais. Nesses últimos anos temos visto Satanás e seus demônios atacando com muita fúria a família brasileira, especialmente a cristã. Estamos sob fogo cerrado! As mais variadas leis e decretos têm sido criados com o intuito de desconstruir a família. Precisamos acordar para essa realidade, pois atacando a família, Satanás atinge a Igreja: famílias fracas, igrejas fracas.
COMENTÁRIO
“que proíbem o casamento e exigem abstinência de alimentos” (4.3). Um exemplo do falso ensino em Éfeso. Normalmente, continha elementos de verdade, uma vez que as Escrituras recomendam tanto o celibato (1Co 7.25-35) como o jejum (Mt 6.16-17; 9.14-15). O engano consistia em fazer dessas obras humanas um pré-requisito para a salvação — uma marca distintiva de toda religião falsa. É provável que esse ensino ascético fosse influenciado tanto pela conhecida seita judaica dos essênios como pelo pensamento grego contemporâneo (que via a matéria como algo mau e o espírito como algo bom). Paulo tratou desse ascetismo em Cl 2.21-23. Nem o celibato nem qualquer outro tipo de dieta podem salvar ou santificar.
CHAMPLIN notadamente escreve:
“Sabemos, informados por Iren. Haer. i .28; 24:2; Atos de Paulo e Tecla, em seu décimo segundo capítulo, que os gnósticos do segundo século de nossa era, proibiam o matrimônio e a ingestão de certos alimentos, mormente carnes. Esses eram os gnósticos «ascetas», que também são atacados em Col. 2:16,20-23. O Canon Apostólico, 51, menciona a mesma coisa; e o mesmo documento, em 53, alude novamente a isso, embora mencione somente alimentos. «…proíbem o casamento…» Alguns gnósticos eram celibatários. Sabemos que essa prática existia até mesmo no judaísmo, pois os essênios eram dessa natureza. Permitiam o casamento apenas para a reprodução da raça, e criam que eles mesmos não tinham de participar dessa reprodução. Quando o casamento era permitido entre membros de sua comunidade, isso só era efetuado sob protesto, sendo severamente regulamentado. Também eram essencialmente vegetarianos. João Batista evidentemente pertencia a essa seita. Alguns intérpretes têm pensado que a heresia combatida nas «epístolas pastorais» seria alguma forma de judaísmo pervertido, e que havia elementos essênios no judaísmo. Porém, a história mostra-nos que o gnosticismo também tinha tais características; e várias outras indicações, nestas epístolas pastorais, como a veemente declaração do fato que Cristo é o Salvador do mundo, ou como a declaração de sua humanidade (ver ITim. 2:1-7), mostram-nos que o gnosticismo está aqui em pauta. Os gnósticos ascetas supunham que o matrimônio é errado porque a condição terrena de reprodução teria sido uma imposição do «demiurgo», um «aeon» criador inferior, que estava longe de ser o próprio Deus, por ter sido o criador deste nível terreno inferior. As almas, que não se compõem de matéria, procurariam um plano dos puros espíritos; e o sexo e o casamento serviriam de empecilhos nessa inquirição, porquanto enfatizariam o que é material e sensual. Ora, os ascetas cristãos não têm diferido muito desse ponto de vista. O corpo seria a prisão da alma. A alma deve buscar a liberdade. As atividades sexuais impediriam essa busca, segundo pensam tais ascetas”. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 5. pag. 319-320.
Os falsos mestres fizeram um casamento espúrio do judaísmo radical com a filosofia grega, ou seja, do legalismo judaico com o ascetismo oriental. Desse concubinato surgiu uma perigosa heresia, chamada gnosticismo, que mais tarde devastou a igreja. Os gnósticos consideravam a matéria essencialmente má. Por isso, negavam as doutrinas da criação, encarnação e ressurreição. Oscilavam entre o ascetismo e a libertinagem.
TENHA DISCERNIMENTO! “Deus deu a Israel profetas legítimos, que falaram inspirados pelo Espírito Santo. Mesmo no reino dos profetas, Deus permitiu o surgimento de falsos profetas (2Pe 1.19-21; 2.1). Como identificar o falso do verdadeiro? O texto sagrado diz: ‘profeta ou sonhador… te der um sinal ou prodígio’ (Dt 13.1). Isso fala de sinais grandiosos, que podem impressionar os incautos. O termo: ‘Vamos após outros deuses’ (Dt 13.2) mostra tratar-se de milagres estranhos. Qualquer um, portanto, mesmo com o mínimo de discernimento, tem condições de discernir a fonte desses aparentes milagres. Quem realmente experimentou o poder de Deus na vida não pode ser levado por impostores” (SOARES, Esequias. Heresias e Modismos: Uma Análise Crítica das Sutilezas de Satanás. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.36).
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IV – A IGREJA PROTEGIDA
1. A exposição da Palavra de Deus. O apóstolo Paulo põe duas importantes armas ou ferramentas capazes de neutralizar os ataques do Diabo: a Palavra de Deus e a oração (1Tm 4.5). O apóstolo mostra aqui que a Palavra de Deus possui poder santificador. Ela é um antídoto contra o ascetismo e toda forma de culto falso que o Diabo possa criar. Paulo escreveu aos efésios que a Palavra de Deus é a espada do Espírito. Sem essa Palavra estaríamos desarmados. Não há dúvida que o Maligno tem levado vantagem sobre muitos cristãos porque estes não demonstram perícia no manuseio da Palavra de Deus.
COMENTÁRIO
Santificado é separado ou dedicado a Deus para ser usado de maneira santa. Os meios para se chegar a essa santificação são a oração de gratidão e um entendimento de que a Palavra de Deus pôs de lado as restrições mosaicas temporais com relação à dieta (Mc 7.19: At 10.9-15; Rm 14.1-12; Cl 2.16-17). Compare isso com o incrédulo cuja corrupção interior e seus motivos malignos corrompem todas as coisas boas que Deus criou (Tt 1.15). Uma guerra dessa magnitude não pode combatida pela igreja usando armas carnais ou os mesmos meios usados pelo mundo lá fora. É preciso usar as armas espirituais (2 Co 10.4). O apóstolo Paulo destaca o poder da Palavra de Deus e da oração como armas eficientes no conflito espiritual (1 Tm 4.5). Aos cristãos de Éfeso, Paulo recomenda que usem a Palavra de Deus e a oração no Espírito como armas na guerra espiritual. Não há outra forma de vencer essa guerra. A guerra precisa primeiro ser travada lá em cima para que a vitória apareça aqui embaixo.
CHAMPLIN elucida:
“Acerca da expressão, «…palavra de Deus…», consideremos os pontos seguintes: 1. Não estão em foco as «Sagradas Escrituras». 2. Mas devemos entender aqui as declarações divinas, quando o Senhor pronuncia sua bênção de aprovação a todas as coisas criadas, que são «boas». Não há que duvidar que isso alude a Gên. 1:31. Assim sendo, o autor sagrado apela ao A.T., tal como o faz em I Tim. 1:9; e assim afirma a sua confiança na «autoridade» do A.T, o que era negado pelos gnósticos. 3. Essa «palavra» é ainda confirmada pela mensagem ou «Palavra de Deus», que é transmitida na revelação cristã. Essa «palavra» é aplicada à oração, estando em foco, particularmente, a «bênção» ou «ação de graças» antes das refeições, o que reflete um costume antiquíssimo em muitas culturas, e não meramente entre os hebreus. Os gregos, até mesmo nos tempos de Homero (800 A.C.), agradeciam aos deuses pelos alimentos que tomavam”. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 5. pag. 320.
2. A prática da oração. Outra ferramenta apontada pelo apóstolo, a qual já nos referimos antes, é a oração (1 Tm 4.5). As reuniões menos frequentadas na igreja são aquelas dedicadas à oração. Alguém já disse que o círculo de oração começou quando a igreja como um todo deixou de orar. Portanto, persevere na oração, uma arma espiritual importante contra as sutilezas de Satanás.
COMENTÁRIO
A referência aqui à consagração pela palavra de Deus e pela oração não quer dizer que as boas dádivas de Deus precisam ser purificadas. O que Paulo quer dizer é que, ao recebermos “tudo” o que Deus criou com fé e com uma atitude de oração, somos capazes de aproveitar suas dádivas com uma consciência limpa.
É coisa desejável ter uso santificado de nossas necessidades pessoais. Elas são santificadas para nós:
(1) Pela palavra de Deus; não somente sua permissão, concedendo-nos a liberdade do uso dessas coisas, mas, sua promessa de nos alimentar com o alimento adequado para nós. Isso nos provê um uso santificado das nossas necessidades pessoais.
(2) Pela oração, que abençoa nossa carne para nós. A palavra de Deus e a oração devem fazer parte das nossas ações e afazeres comuns, e, então, fazemos tudo pela fé. Observe aqui:
Toda criatura é de Deus, porque Ele fez tudo. Meu é todo animal da selva (diz Deus) e as alimárias sobre milhares de montanhas. Conheço todas as aves dos montes; e minhas são todas as feras do campo (SI 50.10,11). Toda criatura de Deus é boa: quando o Deus abençoado fez uma inspeção de toda a sua obra, viu tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom (Gn 1.31). A bênção de Deus torna toda criatura nutritiva para nós. Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus (Mt 4.4), e, portanto, nada deve ser rejeitado. Devemos, portanto, pedir sua bênção em oração e, dessa forma, santificar as criaturas que recebemos pela oração.
CONCLUSÃO
Nesta lição vimos que o Diabo tem atacado a Igreja de formas sutis. Essa é uma realidade que cada cristão precisa se conscientizar. Se não tivermos consciência de que estamos sob ataque, não veremos a necessidade de nos defendermos. É preciso, portanto, conhecer a natureza desse ataque, a esfera na qual ele ocorre e, o mais importante, munir-se das armas espirituais para ganhar essa guerra.
COMENTÁRIO
Deus é soberano sobre Satanás. O diabo não tem carta branca para fazer o que quiser neste mundo. Ele está preso a uma coleira e não pode fazer nada que Deus não permita. Com efeito, ele precisa receber autorização – como no caso de Simão Preso que Jesus revelou: “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como trigo!” (Lc 22.31) E o caso de Jó: “Disse o SENHOR a Satanás: Eis que ele está em teu poder; mas poupa-lhe a vida”. (Jó 2.6).
Então, Deus evidentemente vê o papel de Satanás como essencial para os seus propósitos no mundo, pois, se Deus quisesse, Satanás seria lançado no lago de fogo agora e não somente na consumação dos séculos. “O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo… e serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos” (Ap 20.10). Ele certamente será completamente derrotado, mas a hora ainda não chegou.
A
igreja que falha em fazer uma autoanálise pode, sem nem mesmo perceber, acabar
ficando à deriva. No entanto, somente fazer esta avaliação não é o suficiente.
É necessário também olhar ao nosso redor para entender os tempos em que vivemos
e a cultura à qual ministramos. É de suma importância que a Igreja volte aos
seus princípios mais básicos. Para que ela serve? Quais são seus objetivos
primeiros? Como se adequar à atualidade sem perder a essência? Esta série
prática e poderosa vai ajudar você a construir uma congregação saudável e
mostrar como a Igreja pode cumprir seu propósito de acordo com o seu criador,
Jesus Cristo. A melhor arma contra o Diabo é se esconder em Cristo e estar pronto para a batalha!
Espero ter ajudado...
Em Cristo,
Francisco Barbosa
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REVISANDO O CONTEÚDO
1. Como ocorre a perseguição à Igreja nos dias atuais?
® A perseguição à igreja atualmente ocorre por meio da normalização de comportamentos e práticas contrárias à fé cristã.
2. Segundo a lição, o que significa a expressão “últimos tempos”?
® A expressão “últimos tempos” é uma referência ao período compreendido como sendo a era da Igreja.
3. Em qual esfera se encontram os comportamentos “hipócrita” e “mentiroso”?
® Na esfera da moral.
4. Qual expressão bíblica que caracteriza o ataque à Igreja na esfera social?
® “Que proíbem o casamento” (1 Tm 4.3).
5. Segundo a lição, quais as duas importantes armas ou ferramentas capazes de neutralizar os ataques do Diabo?
® A Palavra de Deus e a Oração.