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TEXTO ÁUREO
“Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem, e perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós, por minha causa” (Mt 5.11)
VERDADE PRÁTICA
O Sermão do Monte revela a ética do Reino de Deus que forma o caráter do cristão. Para quem deseja ser chamado discípulo de Jesus, não há alternativa senão praticá-lo.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Mateus 5.1-12
INTRODUÇÃO
O tema deste trimestre é o Sermão do Monte, ou Sermão da Montanha. Considerado a alma do Evangelho, o ensino que Jesus transmitiu no monte se destaca pela sua dimensão prática e revela a essência de um verdadeiro seguidor de Cristo. Ao longo do trimestre, veremos que o Sermão do Monte traz um ensinamento que, em um primeiro instante, volta-se plenamente para Deus; e, noutro, revela o lado ético do divino reino: amar o próximo. Esses dois momentos perfazem os pilares da vida cristã (Mt 22.37,39). Assim, o Sermão do Monte é um convite para praticar o que Jesus ensinou.
COMENTÁRIO
O Sermão da Montanha, também conhecido como Sermão do Monte, é o conjunto de ensinamentos principais que Jesus deu aos seus discípulos. Esses ensinamentos são conhecidos como o Sermão da Montanha porque Jesus tinha o hábito de ensinar no monte, onde havia mais espaço. O Sermão da Montanha mostra como o cristão deve viver.
“Aqui estão três coisas que aprendi sobre o sermão que a maioria das pessoas provavelmente não sabe.
1. O Sermão de Jesus é Radical, mas não Inteiramente novo
Por respeito a Jesus, muitas vezes presumimos que sua mensagem foi como um relâmpago de coisas novas e maravilhosas que nunca haviam sido ouvidas pela humanidade antes.
O Sermão da Montanha é um relâmpago. É revelação direta de Deus, vinda da boca do próprio Verbo encarnado. Mas isto não significa que os ensinamentos de Jesus fossem inteiramente novos.
Quando entendemos o sermão no contexto cultural do mundo mediterrâneo do primeiro século, podemos discernir que há tanta continuidade quanto há diferenças. Isto é uma coisa boa. Jesus não estava falando uma língua baseada em Marte, mas revelando o reino de Deus para pessoas reais em culturas reais.
Há duas partes do contexto cultural de Jesus que iluminam o que Jesus está dizendo e também mostram que o sermão não é inteiramente novo. No contexto judaico, Jesus é apresentado como um profeta, exatamente como aqueles do Antigo Testamento. Jesus está chamando as pessoas para reconsiderarem quem Deus é e o que ele deseja para suas criaturas. A mensagem de Jesus no sermão é que Deus é o nosso Pai que vê e se importa com o coração, não apenas com a religiāo e atos de justiça exteriores.
Este ensinamento está enraizado e ecoa com a tradição profética, particularmente com Isaías e Jeremias, com uma pitada razoável de Daniel e dos profetas menores inseridos por boa medida. Há uma profunda continuidade entre as palavras de Jesus e o resto da Bíblia.
O outro contexto por detrás do sermão é o mundo da filosofia grega e romana. Jesus não é apenas um profeta, mas também um iluminado, um filósofo sábio que conclama as pessoas a reorientarem suas vidas de acordo com uma cosmovisão virtuosa.
Como filósofo, Jesus convida as pessoas a maneiras de viver no mundo que prometem a verdadeira vida boa (ou o florescimento humano). Ele é um mestre que reúne e instrui discípulos; seus ensinamentos são reunidos em epítomes memoráveis; ele oferece uma série de macarismos (bem-aventuranças) que prometem vida verdadeira; e ele enfatiza a inteireza virtuosa (especialmente 5.48). Certamente há diferenças entre o conteúdo do que Jesus disse e o que outros filósofos ensinavam, mas a forma e a sensação do sermão seriam familiares aos ouvintes no primeiro século.
No final do sermão, as multidões ficaram maravilhadas, mas isto não foi tanto pelo conteúdo ser novo, mas por causa da clareza, força e autoridade com as quais Jesus ensinava. Seus ensinamentos são radicais, porém não vieram do nada.
2. O Sermão de Jesus não é um Ideal Impossível para Mostrar-nos nossa Necessidade da Graça
Uma leitura comum do sermão, especialmente dentro do Protestantismo, é que suas altas exigências éticas são destinadas a nos mostrar a impossibilidade de sermos bons, criando assim uma crise que nos faz fugir para Cristo por sua graça e justiça imputada. O chamado de Jesus para nunca sentir luxúria ou odiar, dar a outra face quando atacado, fazer atos piedosos com motivos perfeitos centrados em Deus, não se preocupar com o futuro e nunca julgar os outros — tudo isto é impossível de se fazer perfeitamente. Isto nos mostra nossa necessidade desesperadora pela obra redentora de Cristo em nossas vidas, assim vai o argumento.
Embora a impossibilidade de conquistar a salvação e a necessidade de graça radical são verdadeiras de uma perspectiva bíblica geral, isto leva ao erro quanto ao gênero, ao ponto e à meta do sermão. O sermão não é, para usar as categorias excessivamente reducionistas de Lutero, a “lei” que nos faz ver nossa necessidade do “evangelho”. Pelo contrário, é a sabedoria de Deus, convidando-nos através da fé a reorientar nossos valores, visão e hábitos, dos caminhos da justiça externa para a sinceridade com Deus. Isso não é “lei”, mas “evangelho”. Jesus está nos convidando para a vida no reino de Deus agora e na era futura. Isto é graça.
Ninguém pode realizar perfeitamente a visão do sermão (exceto Jesus), mas isto não significa que seja irrelevante para nossas vidas. Pela fé e pela graça, Jesus está nos convidando para uma vida prática de discipulado. Nós participamos e (imperfeitamente) imitamos seu modo de estar no mundo, com confiança no Pai, e à espera do Reino.
O sermão não é tudo o que precisamos saber ou tudo o que é verdade sobre o evangelho. O ponto crucial da história do evangelho é a morte e ressurreição de Jesus, o Messias. Através de sua fidelidade, ele traz uma nova aliança entre Deus e a humanidade. Com base nisto apenas, através do poder do Espírito, somos avivados. Tudo isto é pela graça. Isto é essencial. Nisto, Lutero — e cristãos de várias estirpes — estão corretos.
Permanecendo agora nesta graça, os crentes respondem ao convite de Jesus no sermão. Nossos hábitos e modos de ser são desconstruídos e reformados através de seus ensinamentos e modelo. Ser um discípulo é a resposta apropriada e necessária à maravilhosa graça de Deus, e o sermão desempenha um papel crucial nisto.
3. O Sermão de Jesus era para ser Memorizado e Servir como Fonte de Meditação Constante
No mundo ocidental moderno, estamos repletos de Bíblias. As taxas de alfabetização são notavelmente altas. Como resultado, a maioria dos norte-americanos e europeus interessados em Jesus e no sermão pode facilmente conseguir uma cópia e lê-la. Se buscarmos no Google “Sermão da Montanha” poderemos facilmente encontrar inúmeras traduções e explicações. Isto é bom.
No entanto, não foi assim que o sermão foi originalmente recebido, nem o tipo de contexto pedagógico em que foi intencionalmente produzido. Ao contrário, o sermão é de um tempo em que a cultura se concentrava mais no ouvido do que no olho. O sermão (tanto o discurso original de Jesus quanto o relato escrito de Mateus) foi projetado como um dispositivo auricular para meditação, fácil de memorizar.
É um dos cinco blocos de ensino de Mateus que reúnem os ensinamentos de Jesus sobre vários temas, apresentando-os em uma estrutura temática memorável (geralmente em conjuntos de três) — com imagens vívidas e linguagem poética — para que os discípulos possam facilmente ouvir, memorizar, e assim meditar no que o Mestre disse. Ser discípulo é memorizar os ditos do Mestre e modelar a própria vida na dele.
Lamento dizer que ainda não memorizei o sermão em sua totalidade, mas regularmente faço longas caminhadas, recordando e recitando as partes que já memorizei. Fico sempre impressionado com o novo poder, novos discernimentos e as conexões canônicas que inundam minha mente — coisas que nunca havia notado apesar de múltiplas leituras e estudos literários exaustivos. É por isto que o sermão foi escrito. Experimente!” Traduzido por Tiago Hirayama. Jonathan Pennington é professor associado de interpretação do Novo Testamento e diretor de pesquisa em estudos de doutorado no The Southern Baptist Theological Seminary em Louisville, Kentucky, EUA. É autor de The Sermon on the Mount and Human Flourishing , Heaven and Earth in the Gospel of Matthew [O Céu e a Terra no Evangelho de Mateus] e Reading the Gospels Wisely [Ler os Evangelhos com Sabedoria]. Disponível no site https://coalizaopeloevangelho.org/article/3-coisas-que-voce-nao-sabia-sobre-o-sermao-da-montanha/
O Pastor norte-americano John Stott diz: “É provável que o Sermão do Monte seja a parte mais conhecida do ensino de Jesus, embora, discutivelmente seja a menos compreendida e, sem dúvida, ao que menos se obedece. Do que ele já proferiu é o que mais se aproxima de um manifesto, pois é sua própria descrição do que queria que seus seguidores fossem e fizessem”.
I- A ESTRUTURA DO SERMÃO DO MONTE
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1. Por que Sermão do Monte? A introdução do capítulo 5 de Mateus (os dois primeiros versículos) anuncia o título do Sermão do Monte. De acordo com Mateus 8.1,5 e Lucas 7.1 é admissível que esse monte estivesse perto de Cafarnaum. Geograficamente, diz-se que ele estava situado a 6,5 quilômetros a oeste do Mar da Galileia e 13 quilômetros a sudeste de Cafarnaum. No monte do sermão, nosso Senhor assentou e ensinou aos seus discípulos.
COMENTÁRIO
“No seu evangelho Mateus relata, depois das tentações no deserto, o retorno de Jesus a Galileia, a chamada dos apóstolos e a sua missão na zona da alta Galileia e na decápole (Cap.5,1-20): «Vendo a multidão, subiu ao monte, sentou-se, e os seus discípulos se aproximaram dele. E tomando a palavra lhes disse... »
Ele pronunciou o sermão da montanha. Nesse paralelo de Lucas ao invés (Cap. 6,12) sempre no contexto da missão em Galileia, Jesus
“Naqueles dias retirou-se para o monte a fim de orar... depois do amanhecer, chamou seus discípulos, e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolos ... E Jesus descendo com eles, parou num lugar plano... era uma grande multidão .... Ele levantou os seus olhos e dizia ...”
As duas versões são somente aparentemente contraditórias, porque Lucas se refere ao habito que Jesus tinha de retirar-se a um lugar isolado ou elevado para rezar sozinho, para depois, em seguida descer e dar uma palavra a multidão, que se reunia de toda a Galileia e da Judeia, em um lugar plano, ouviam confortavelmente; ambas as versões, no original grego, usam o termo “o monte”, expressão que indica um lugar especifico e bem conhecido dos leitores da época. O contexto indica que o monte «τοορος» se encontra aos arredores de Cafarnaum. Desde as primeiras evidências, a Igreja primitiva identificava o lugar desse discurso e da instituição dos doze exatamente no monte que se eleva logo atrás a Cafarnaum e Tabgah.
Depois da invasão dos persas e depois, logo após, dos árabes, se perdeu as referências precisas, particularmente sobre a localização das mesmas cidades de Cafarnaum, de Tabgah e de Corazin. Os estudiosos ao início dos 900 sustentaram diversas hipóteses sobre a localização do monte das Bem-aventuranças: alguns propuseram o corno do Hattin (Qurun-hattun) ou o monte Tabor. Nas últimas décadas, tais hipóteses foram descartadas por causa da sua improbabilidade, mas, sobretudo, graças a campanha de escavações arqueológicas promovidas pela Custodia por parte dos Franciscanos da Terra Santa. Entre os anos de 1905 e 1915 foram redescobertos uma grande parte de Cafarnaum; em 1925 puderam identificar com precisão as ruinas de Corazin e no ano de 1932 foram reveladas as ruinas da Igreja Bizantina de Tabgah como lugar da multiplicação dos pães e dos peixes. Apoiando-se nessas referências arqueológicas precisas, os pesquisadores estão de acordo em identificar o monte que predomina ante Cafarnaum e Tabgah como o lugar da instituição dos doze e aonde se proclamou o Sermão da Montanha. Em vez disso, mais complicado foi localizar o lugar preciso aonde foram pronunciadas as Bem-aventuranças. Egeria, no IV século, dá umas indicações bem precisas e escreve no seu diário de viagens:
«não muito longe de Cafarnaum... em um monte vizinho ... há uma certa altura (especulativa) [1] aonde o Senhor saiu a proclamar as bem-aventuranças...»
Nos tempos das cruzadas, o compendio De Situ Urbis Jerusalém escrito ao redor de 1130, se refere ao lugar do Sermão da montanha que estada a uma milha de Tagbha. Logo após, em 1172, Teodorico faz referência geralmente, que Jesus pronunciou o sermão da montanha sobre o monte perto de Tiberíades. Burchardus, ao contrário, em 1283 e muito mais preciso: faz referência que o lugar do sermão segundo as tradições locais mais antigas e ininterruptas, era o monte que se encontrava no caminho vindo da Safed e seguindo a via até o oriente (que é exatamente aquela que passa próximo a Domus Galilaeae) e que se encontra encima de Tabgah. Daqui Burchardus escreve, que se pode gozar de uma vista magnifica de todo o lago e de toda a região da Galileia até o Hermon e o Líbano. Na época moderna se voltou a valorar a importância das tradições Beduínas que são as tradições locais mais antigas e ininterruptas, e por isso as únicas no nível de preencher o vazio entre a época da Igreja primitiva e aquela das cruzadas. Nessa perspectiva, os diversos estudos modernos estão a favor da identificação do lugar exato do sermão com o lugar aonde está aparecendo o centro Domus Galilaeae. Clemens Kopp, estudioso das tradições beduínas locais, propõe três argumentos a favor dessa hipótese. Ele escreve:
«razões muito fortes sustentam que o sermão do monte foi pronunciada perto das árvores abençoadas»
- A antiquíssima tradição local beduína confirmada por uma apurada analises de todas as fontes antigas e medievais. Os beduínos identificavam um grupo de árvores milenares como “Es-sajarat el-mubarakat “ que se traduze como “As árvores abençoadas pelo Messias” (Issa). Estas três árvores bimilenários (um terebinto, Azinheira ou Carvalho e um Espinho-de-Cristo) se encontraram justo na propriedade aonde estava surgindo a Domus Galilaeae até 1913, e eles eram venerados pelos beduínos em relação a memória da presença do Messias. Em 1913 um beduíno teve a audácia de cortar dos de estas árvores, a Azinheira e o Espinho-de-Cristo, fato de provocou a indignação daqueles beduínos o que culminou com a venda do terreno a Custodia. Hoje no terreno ficou somente o Terebinto.
- A região das árvores abençoadas também era chamada “der makir” que recorda a palavra grega “μακάριος” (makarios), benditos, ou lugar bendito, como uma espécie de mosteiro, um lugar de oração, ou seja, um “mosteiro das bem-aventuranças”, aonde segundo a tradição beduína se encontrava um antigo mosteiro de eremitas.
- A correspondência com a descrição do evangelho: “o lugar permite estar sozinho, mas ao mesmo tempo e bem acessível ao povo que vem do caminho que parte do lago e sobe ao largo do “wadi ed-dshamus” . A elevação se inclina suavemente em direção a este Wadi (ao barranco), e por isso existem espaços planos para multidões mais numerosas” [2]
O único ponto do monte das bem-aventuranças donde se disfruta de uma vista ininterrupta de todo o lago de Tiberíades, do Jordão e até do Hermon, é justamente o das árvores abençoadas. Igualmente Bernabe Meistermann e P.Lievin de Hamme se referem a tradição beduína segunda a qual foi justamente próximo a estas árvores plurimilenarios que “Issa” pronunciou o sermão da Montanha.” https://www.domusgalilaeae.org/index.php/pt-br/a-montanha/137-o-lugar-do-sermao-da-montanha-e-da-instituicao-dos-12-apostolos
O Centro internacional Domus Galilaeae está localizado perto do topo do monte chamado das Bem-Aventuranças, que se eleva a quase 300 metros, encima de Cafarnaum, e de Tabgah, um lugar aonde ocorreu a multiplicação dos pães e dos peixes. A Domus Galilaeae surge cerca de um quilometro das ruinas da antiga cidade de Corazin, em um lugar conhecido como o planalto de Corazin. A Tradição local chama este lugar "o lugar das arvores das bênçãos ”, localizado ao lado da antiga estrada que unia Damasco a Galileia, passando por Corazin, por Cafarnaum e que contornava o lago da Galileia: a Via Maris, uma das mais importantes vias de comunicação do antigo oriente construída por Roma.
O Pastor Osiel Gomes, comenta em sua obra de apoio a esta lição [Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. (CPAD)]: “Antes de adentramos especificamente na questão da estrutura do Sermão da Montanha, vamos começar falando sobre o porquê do Sermão do Monte. Na parte de Lucas 6.20-49, o sermão é sucinto e o nome que recebe é Sermão da Planície. Isso se deve à questão da diferente localidade (Lc 6.17). Fazendo um paralelo com Mateus, está escrito que Jesus subiu a um monte, do qual passou a dar suas instruções (Mt 5.1). No texto grego, Mateus começa assim: Ἰδὼν δὲ τοὺς ὄχλους ἀνέβη εἰς τὸ ὄρος, Vendo Jesus as multidões, subiu para a montanha (Mt 5.1). Assim, o título sermão é julgado por alguns estudiosos como sendo infeliz.
Em relação à aparente discordância existente em Mateus e Lucas, não se pode em momento algum assegurar tal desarmonia, o que é bem explicado no Comentário Bíblico de William Hendriksen, que diz:
De acordo com Lucas, o sermão foi pronunciado “num lugar plano” (6.17), mas, de acordo com Mateus, “sobre um monte”. Aparamente contradição desaparece, seja admitindo que Jesus pronunciou seu discurso num planalto ou que, tendo escolhido seus discípulos no cume do monte, desceu com eles para a planície onde curou os enfermos e, em seguida, com os discípulos, voltou para o cume do monte (ver Mc 3.13; Lc 6.17 e Mt 5.1, nessa ordem). Se o segundo ponto de vista for adotado, tudo indica que na planície ele parou para curar os enfermos; no alto do monte ele se sentou, segundo o costume da época (Mc 4.1; 9.35; 13.3; Lc 4.20), para pronunciar o sermão. Seja qual for o ponto de vista que alguém adote, é evidente que nenhum conflito entre Mateus e Lucas pode ser provado.
Particularmente, posso julgar que alguns acham indevido o uso da palavra “sermão” para os capítulos 5–7 de Mateus. Em primeiro lugar, pelo fato de não constar no próprio texto. Em segundo lugar, os ensinos de Cristo foram diversos discursos abrangendo temáticas diferentes, ao passo que o singular sermão estaria atrelado à prédica de um sacerdote, um pastor, inclusive pelo aspecto figurado, que pode carregar o peso de uma mensagem moralista, por exemplo: não me venha com sermão. No latim, a palavra sermão é “sermo, onis” e tem o sentido de conversa ou das palavras familiares trocadas em uma conversa. R. V. G. Tasker, falando sobre o assunto esclarece:
A expressão “sermão do monte”, pela qual esta seção é geralmente conhecida, é algo enganosa, desde que parece mais provável que nestes capítulos o evangelista não esteja registando um discurso único pronunciado de uma só vez, mas, sim, reunindo e organizando pequenos grupos de ditos de Jesus sobre o discipulado, exarados em várias ocasiões durante seu ministério. O fato de que muitos dos ditos aqui registrados são encontrados em diferentes contextos na narrativa de Lucas confirma esta conclusão. Tal confirmação vem também da opinião generalizada de que dificilmente qualquer mestre condensaria tanta instrução em um único sermão. É pouco convincente a opinião de Chapman de que o sermão original pode ter durado tanto quanto uma hora inteira, na sua forma condensada, e até três horas, havendo necessidade de desenvolvimentos e explanações.
Há que se dizer que em relação à questão se o assunto foi abordado de uma só vez ou se aconteceu em várias ocasiões no ministério de Cristo, o duelo é grande, pois de um lado existem aqueles que são categóricos em afirmar que há sim unidade nesse sermão, ao passo que outros apresentam seus argumentos assegurando que não existe unidade. Esse debate continua ainda hoje e jamais se chegou a um consenso definitivo. Uma análise meticulosa é apresentada na conhecida5 Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filoso seus ensinos, de modo que é compreensível que isso gerou narrativas diferentes com situações ínclitas.
Ainda se acrescenta que é falsa a ideia de que os escritores dos evangelhos contaram tudo o que sabiam e que não contaram o que não sabiam. Alegam aqueles da teoria editorial que Lucas desenvolveu sua narrativa firmado no pano de fundo palestino-judaico, e que se pode crer que Mateus fez sua narração seguida de tais minúcias.
Assim, o resultado é que se têm duas fontes distintas para o relato dos capítulos 5–7 de Mateus, de modo que Jesus fez junção do material dos dois sermões que havia ensinado, de maneira que os ensinamentos que chegaram a Mateus foram aqueles que Jesus apresentou naqueles dias.
O último ponto apresentado é o da questão da elaboração temática. Nesse particular, assegura-se que o sermão segue um curso normal, ele tem começo, meio e fim. O Sermão do Monte tem uma ideia central que se espalha no seu todo, sendo desenvolvida até chegar ao seu clímax final, nisso consiste sua unidade. Essa ideia é o Evangelho do Reino (Mt 4.23), de modo que Reino dos céus e Reino de Deus são semelhantes, sendo a primeira usada por Mateus, e a segunda por Lucas.
Importante ressaltar que há um propósito específico para o uso da palavra reino, tanto presente em Mateus como em Lucas. Nela há um aspecto escatológico, pois, por intermédio do ensino de Cristo nesse monte, a ideia que se tem é da concretização do Reino literal, e, com o uso do termo justiça, como falado por Daniel e Lucas (Dn 9.24).
Escatologicamente há uma espera pela implantação do Reino literal em que Cristo governará, porém, no Sermão do Monte, ensinado por Cristo, tem-se uma alusão ao Reino no seu aspecto espiritual, o qual se torna presente na vida do cristão quando aceita a Cristo como seu Senhor e Salvador (Lc 17.21). Os que desejavam viver o Reino espiritual precisam viver segundo os princípios divinos exarados no Sermão do Monte, conforme Cristo ensinara.
Em oposição à unidade do Sermão do Monte, os que se manifestam asseveram que tais ensinos não foram dados de uma só vez ou em um único sermão, por isso apresentam três argumentos: a questão da natureza do material, as porções desconexas e os paralelos em Lucas. No aspecto material, assegura-se que o que se tem em Mateus 5–7 são sumários dos ensinos de Jesus, o que depois seria examinado mais prolongadamente.
Na questão da desconexão, parece haver certas divisões que não se harmonizam bem, tanto antes como posteriormente. A título de exemplo, pode se notar Mateus 5.31,32 e 7.7-11; 6.1-6 e 6.16-18.
Possivelmente, essas partes separadas demonstram que não há ligação entre ambas, mas são pequenas seções de sermões. Nessa concepção, haveria mais ou menos vinte discursos diferentes apresentados por Jesus.
Quanto ao paralelo de Lucas, àqueles que afirmam que com a passagem lucana (Lc 6.17-49), denominada de Sermão da Planície, o que se busca é dizer que tal narrativa é um elemento preponderante para se refutar a unidade do Sermão da Montanha. A primeira coisa a se observar é que boa parte do que consta em Mateus não aparece em Lucas. Enquanto em Mateus encontra-se 107 versículos, Lucas menciona somente 30 destes, além do fato de que há 47 versos de Mateus que não tem qualquer ligação com Lucas. Com essa análise, o que se procura dizer é que não há qualquer unidade do Sermão da Montanha, de modo que de Agostinho até a Reforma Protestante julga-se que o Sermão da Montanha de Mateus é diferente do Sermão da Planície de Lucas.
Para fecharmos esse primeiro ponto quanto ao porquê do Sermão do Monte, nada melhor do que fazer uso do Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal (2009, p. 36), que diz:
Mateus 5–7 é chamado de Sermão do Monte porque foi proferido por Jesus sobre um monte perto de Cafarnaum. É provável que esse sermão seja resultado de vários dias de pregação. Nele, Jesus revelou sua atitude em relação à lei de Moisés, explicando que ela exige uma fiel e sincera obediência, não uma religião cerimonial. O Sermão do Monte desafiava os ensinos dos orgulhosos e legalistas líderes religiosos daquela época. Ele conclamava o povo para ouvir as mensagens dos profetas do Antigo Testamento que, como Jesus, haviam ensinado que Deus quer obediência sincera, e não mera e legalista obediência às leis e rituais.
Portanto, ainda que perdurem os debates quanto à unidade literária de Mateus 5–7, se Jesus proferiu tal sermão em um só momento ou em diversas outras ocasiões, nada disso retira o brilho dos conteúdos ensinados. Se nos prendermos somente aos detalhes da unidade, deixaremos de perceber as riquezas dos ensinos contidos no Sermão do Monte, os quais nos desafiam a sair de uma vida meramente religiosa e hipócrita para desenvolvermos uma vida de atitudes verdadeiras que partem de corações transformados pelo novo nascimento”. Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 15-21.
2. A estrutura do Sermão do Monte. Para alguns estudiosos, o Sermão do Monte se fundamenta na narrativa que começa em Mateus 1.4-16. O desdobramento dela envolve a genealogia de Jesus e os sete cumprimentos proféticos que aparecem nesse Evangelho:
1) Emanuel (1.23);
2) Nascimento em Belém (2.6);
3) O chamado do Egito (2.15);
4) O choro de Raquel (2.18);
5) Chamado de Nazareno (2.23);
6) João Batista: uma voz no deserto (3 -3);
7) Uma grande luz (4.14-16).
Assim, toda essa estrutura precede os cinco grandes discursos do Sermão do Monte:
1) As Bem-Aventuranças (5.3-12);
2) Sal e luz (5.13-16);
3) Jesus é o cumprimento da Lei (5.17-4 8);
4) Os atos de justiça (6 .1-18);
5) Declarações de sabedoria (6.19-7.27).
Como um desdobramento em toda narrativa messiânica do evangelista Mateus, o Sermão do Monte deve ser compreendido e valorizado a partir da autoridade e a messianidade de Jesus para chamar pessoas a viver uma vida nova no Reino de Deus.
COMENTÁRIO
Este grande discurso em Mateus tem a justiça de Deus como eixo central e norteador da práxis de Jesus e da Igreja. CHAMPLIN, comenta em Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia (Hagnos): “Os discursos agrupados em um só bloco cobrem grande número de temas, o que um único sermão, enunciado numa só ocasião, dificilmente poderia fazer. Apresento isso na forma de esboço.
As bem-aventuranças (com paralelo em Luc. 6:17-23, onde o número é menor): 5:3-12. Estes ditos nos informam certas verdades básicas sobre a espiritualidade e o viver espiritual, sendo “qualidades da alma” do homem piedoso. Há um artigo separado sobre esta matéria.
Os ditos de Jesus contrastados com a compreensão comum da lei de Moisés: 5:17-48. Os temas são homicídio, adultério, divórcio, juramentos, retaliação e amor ao próximo.
Os elementos do culto: 6: 1-18. As colunas do culto judaico eram esmolas, oração e jejum. Jesus comentou sobre esses elementos, espiritualizando-os, e mostrou que o culto genuíno deve ser uma devoção exclusiva a Deus, que tem resultado em nossas atitudes e atos em relação a outros.
Temas variados demonstrando elementos da vida espiritual: o homem bom evita a crítica dirigida a outros (Mat. 7: 1-5); o homem bom deve ser discreto quando apresenta seus ensinos aos profanos (7:6); o homem bom deve ser uma pessoa de oração ardorosa (7:7-11); a regra áurea: trate os outros como você quer que os outros o tratem (7:12); metáforas que contrastam o bom e o mau: as duas estradas (7:13,14); os dois frutos (7:15-23); os dois fundamentos (7:24-29)”. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 6. pag. 170.
William Hendriksen escreve: “Cada bem-aventurança consta de três partes: a. uma atribuição da bem-aventurança (“Bem-aventurados”), b. uma descrição da pessoa a quem se aplica a atribuição, isto é, de seu caráter ou condição (“os pobres de espírito”, “os que choram”, etc.), e c. uma declaração da razão desta bem-aventurança (“porque deles é o reino dos céus”, “porque eles receberão consolação” …)” HENDRIKSEN. William. Comentário do Novo Testamento. Mateus. Editora Cultura Cristã. pag. 342.
3. A quem se destina o Sermão do Monte? Os ensinos do Sermão do Monte podem ser considerados os princípios esboçados por Cristo, que revelam a verdadeira característica do seu reino messiânico. A princípio, podemos dizer que o Sermão do Monte foi direcionado aos discípulos (Lc 6.20), mas também à boa parte da multidão que o ouvia (Mt 7.28; Lc 6.17). Portanto, o Sermão do Monte é destinado a todo crente que nasceu de novo (2 Co 5.17).
COMENTÁRIO
O sermão da montanha é a maior coletânea de princípios básicos do cristianismo encontrada nos evangelhos. Jesus começou seu sermão com as famosas “bem-aventuranças”, explicando como pessoas com certas virtudes serão abençoadas por Deus. Em vez de concentrar na sabedoria ou na força humana, Jesus abençoou aqueles que sofrem e são desprezados por amor a Deus. Aqueles que amam Jesus sofrerão mas, no fim, serão recompensados (Mt 5.11-12). Os seguidores de Jesus, além de serem abençoados, são chamados também para serem bênção. Assim como o sal dá sabor à comida e a candeia ilumina a casa, os crentes devem abençoar as pessoas à sua volta. Jesus, como um rabi daqueles tempos, anunciou as multidões como devemos nortear a nossa vida. Nos ensinou os valores básicos do andar com Deus e dos relacionamentos que desenvolvemos em nosso caminhar da vida.
Como palavras proferidas pelo Filho de Deus, logicamente podem e devem ser ouvidas e atendidas por todas as pessoas, em qualquer época ou cultura. No entanto, sabemos que Jesus se dirigia àqueles da multidão que de fato queriam segui-lo! Os princípios exarados por Cristo são padrões tão elevados, absolutos, que só podem ser observados por que nasceu de novo, foi regenerado e vive uma nova vida em Cristo; com o poder outorgado pelo Espírito Santo, somos capazes de reproduzir tão alto padrão ético e moral.
II- AS BEM-AVENTURANÇAS E O CARÁTER DOS FILHOS DE DEUS
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1. O que são as Bem-Aventuranças? A expressão “bem-aventurados” é um adjetivo plural grego, makarioi, que significa “felizes”. Essa expressão trata das qualidades presentes na vida dos que dependem de Deus, que estão sob seu domínio e soberania e seguem a Jesus com sinceridade. Ela ainda se refere tanto ao presente quanto ao futuro. Nesse sentido, o salvo está consciente das promessas divinas para o futuro, a fim de que viva piedosamente em Cristo e desenvolver as virtudes presentes no Sermão do Monte. Assim, nas palavras de nosso Senhor (Mt 5.1-11), as bem-aventuranças são o resultado da fidelidade do crente a Deus que, em qualquer circunstância, perseverar no caminho e, com isso, participa das bênçãos divinas da salvação (Ap 1.3; 14.13; 22.17).
COMENTÁRIO
Em teologia, “Bem-aventurados” diz respeito a que ou aquele que desfruta, nesta vida ou após a morte terrena, das bem-aventuranças divinas; que ou quem usufrui de um estado de santidade e graça celestial. A expressão tem um significado simples, porém profundo. Bem-aventurado significa FELIZ. Não significa uma felicidade passageira ou fundamentada apenas em estímulos, que se retirados, a destroem. Essa felicidade é fundamentada principalmente em Deus, na obediência à Sua palavra e na fé. Essa obediência e fé gera a ação de Deus no coração, que gera a felicidade, e felicidade essa, capaz de resistir até aos momentos mais difíceis. CHAMPLIN define assim: “No grego, Makarismo, felicidades. O substantivo aparece somente em Rom. 4:6,9 e Gâl. 4:15. O verbo, em Luc. 1:48 e Tia. 5:11, e o adjetivo por cinquenta vezes, desde Mat. 5:3 até Apo, 22:14. Para os gregos antigos, ser bem-aventurado ou feliz (makârios) era viver livre de sofrimentos e preocupações. Os judeus entendiam a bem-aventurança principalmente em termos de bem-estar material, mas também como recompensa pela observância fiel da lei. Para o crente entretanto, a felicidade consiste na participação no reino de’ Deus. Esse último conceito ajusta-se perfeitamente à doutrina de Cristo. Como em quase tudo o mais, Jesus veio ensinar-nos noções contrárias aquilo que os homens concebem, em seu estado de perdição e embotamento espiritual. Aquilo que o Senhor considerou bem-aventuranças ou felicidades invertem diametralmente o julgamento humano”. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 1. pag. 488.”
O Pastor norte-americano John Stott. Escreve em sua obra Contracultura cristã. A mensagem do Sermão do Monte (ABU): “As bem-aventuranças descrevem o caráter equilibrado e diversificado do povo cristão. Não existem oito grupos separados e distintos de discípulos, alguns dos quais são mansos, enquanto outros são misericordiosos e outros, ainda, chamados para suportarem perseguições. São, antes, oito qualidades do mesmo grupo de pessoas que, ao mesmo tempo, são mansas e misericordiosas, humildes de espírito e limpas de coração, choram e têm fome, são pacificadoras e perseguidas. Além disso, o grupo que exibe estes sinais não é um conjunto elitista, uma pequena aristocracia espiritual distante da maioria dos cristãos. Pelo contrário, as bem-aventuranças são especificações dadas pelo próprio Cristo quanto ao que cada cristão deveria ser. Todas estas qualidades devem caracterizar todos os seus discípulos. Da mesma forma que o fruto do Espírito, descrito por Paulo, deve amadurecer em seus nove aspectos no caráter de cada cristão, também as oito bem-aventuranças que Cristo menciona descrevem o seu ideal para cada cidadão do reino de Deus. Ao contrário dos dons do Espírito, que ele distribui a diferentes membros do corpo de Cristo a fim de equipá-los para diferentes espécies de serviço, o mesmo Espírito está interessado em produzir todas estas graças cristãs em todos nós. Não podemos fugir à nossa responsabilidade de cobiçá-las todas”. STOTT, John. Contracultura cristã. A mensagem do Sermão do Monte. Editora: ABU, 1981, pag. 14-15.
2. O Reino de Deus e seu caráter. No Evangelho de Mateus identificamos a chegada do Reino de Deus e a pregação de Jesus a respeito do Evangelho do Reino (3.2; 4.17,23). Mas o que seria o Reino de Deus? Na Bíblia, o Reino de Deus é comparado a uma semente, a qual se desenvolve ao longo do tempo (Mc 4.26-29), de modo que podemos falar a respeito de um Reino presente (Mt 5.3; 12.28; 19.14) e de um futuro (Mt 7.21,22; 25.34). A expressão Reino de Deus declara a soberania, reinado e governo de Deus atuando em tudo. Podemos ainda destacar pelo menos quatro conceitos que se referem a essa expressão na Bíblia:
a) O Reino no coração. Um reinado que ocorre dentro do coração da pessoa que se rende à soberania de Deus (Lc 17.21).
b) A chegada do Reino como salvação. Quando a pessoa passa pela experiência salvífica, desfruta de bênçãos, tanto espirituais quanto materiais, reconhece e obedece ao grande Rei (Mc 10.25,26).
c) Igreja: a expressão do Reino de Deus. Constituída de pessoas com o coração regenerado é transformado e que, por isso, reconhecem Deus como soberano, a Igreja é vista como a expressão do Reino de Deus (Mt 16.17-19). d) Toda a Criação e a volta do Senhor. A imagem bíblica do governo de nosso Senhor, em que o universo será redimido e, posteriormente, haverá novo céu e nova terra, traz consigo a dimensão do Reino de Deus (Rm 8.22,23; Ap 20.6; 21.1).
COMENTÁRIO
Na Bíblia, o Reino de Deus é um reino espiritual que um dia dominará tudo. Esse reino começou agora, dentro do coração de cada pessoa que aceitou Jesus como seu senhor e salvador.
“O Reino de Deus é frequentemente mencionado nos Evangelhos (por exemplo, Marcos 1:15; 10:15; 15:43; Lucas 17:20) e outros lugares no Novo Testamento (por exemplo, Atos 28:31; Romanos 14:17; 1 Coríntios 15:50). O Reino de Deus é sinônimo do reino dos céus. O conceito do Reino de Deus assume vários significados em diferentes passagens da Escritura.
Em termos gerais, o Reino de Deus é o domínio do Deus eterno e soberano sobre todo o universo. Várias passagens da Escritura mostram que Deus é o inegável Monarca de toda a criação: "Nos céus, estabeleceu o SENHOR o seu trono, e o seu reino domina sobre tudo" (Salmo 103:19). E, como o rei Nabucodonosor declarou: "O seu reino é reino sempiterno, e o seu domínio, de geração em geração" (Daniel 4:3). Toda autoridade que existe foi estabelecida por Deus (Romanos 13:1). Então, de certa forma, o Reino de Deus incorpora tudo o que existe.
Mais estritamente, o Reino de Deus é um reinado espiritual sobre os corações e as vidas daqueles que voluntariamente se submetem à autoridade de Deus. Aqueles que desafiam a autoridade de Deus e se recusam a se submeter a Ele não fazem parte do Reino de Deus. Em contraste, aqueles que reconhecem o senhorio de Cristo e se entregam alegremente ao domínio de Deus em seus corações fazem parte do reino de Deus. Neste sentido, o reino de Deus é espiritual - Jesus disse que o Seu reino não era deste mundo (João 18:36), e Ele pregou que o arrependimento é necessário para fazer parte do reino de Deus (Mateus 4:17). Que o reino de Deus pode ser equiparado à esfera da salvação é evidente em João 3:5-7, onde Jesus diz que deve-se nascer de novo para entrar no Reino de Deus. Veja também 1 Coríntios 6:9.
Há outro sentido no qual o reino de Deus é usado na Escritura: o domínio literal de Cristo na terra durante o milênio. Daniel disse que "o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído" (Daniel 2:44, cf. 7:13-14), e muitos dos outros profetas predisseram o mesmo (ex: Obadias 1:21; Habacuque 2:14; Miqueias 4:2; Zacarias 14:9). Alguns teólogos se referem à manifestação futura e aberta do reino de Deus como o "reino da glória" e à manifestação oculta e presente do reino de Deus como o "reino da graça". Entretanto, ambas as manifestações estão ligadas. Cristo estabeleceu o Seu reinado espiritual na Igreja na terra, e um dia estabelecerá o Seu reinado físico em Jerusalém.
O reino de Deus tem vários aspectos. O Senhor é o soberano do universo. Sendo assim, nesse sentido, o Seu reino é universal (1 Timóteo 6:15). Ao mesmo tempo, o reino de Deus envolve o arrependimento e o novo nascimento, na medida que Deus governa no coração de Seus filhos neste mundo em preparação para o próximo. O trabalho iniciado na terra encontrará a sua consumação no céu (ver Filipenses 1:6).” https://www.gotquestions.org/Portugues/reino-de-Deus.html
CHAMPLIN nos esclarece: “A criação inteira é o reino de Deus. Ele é o Deus do céu, retratado como quem está sentado no trono do governo do universal (Sal. 103:19; Eze. 1:26-28), Isso, Deus faz cercado pelas hostes celestes que O servem (I Reis 22:19), cuidando de tudo e governando tudo (Sal. 33:13 3S), como o Rei Eterno (Sal. 145:13; Dan, 4:3,4). O direito que Deus tem de ser Rei deriva-se do fato de que ele é Criador de todas as coisas (Sal. 95:3-5). Sua jurisdição abrange todas as nações (Sal. 22:28; ler. 46:18).’ Ele determina quem deve governar na terra (Dan. 2:37; 4:17). Ele determina todos os sistemas e condições (Sal. 29:10; 93:1-4). O seu governo caracteriza-se pela verdade e pela retidão (Sal. 96: 13; 99:4). Deus requer que todos os seus súditos O temam e respeitem (Sal. 99:1-3; lsa. 6:5; Mal. 1:14). Nesse ponto, encontramos uma metáfora antropológica, onde o poder e a majestade do Senhor são simbolizados pela grandiosidade das cortes orientais.
A nação hebréia é o reino de Deus. Por essa razão, aquela nação tomou-se um reino de sacerdotes (Êxo, 19:6). A glória de Deus manifestava-se no templo de Jerusalém, que era lugar da autoridade de Deus, com o intuito de refletir a sua gl6ria e autoridade celestial (11 Reis 19:15). Deus governava no monte Sião ou Jerusalém (Sal. 48:2; 99:1 as). É possível que o reino de Deus fosse celebrado anualmente, em uma festa especial da colheita (Salmos 47, 93, 96, 97 e 99. Ver também Salmos 68:24). Sem importar o sentido exato do conceito, Deus como o Rei de Israel é uma noção comum no Antigo Testamento (Deu. 33:5: I Sam, 12:12; Juí, 8:23).
O reino messiânico. Esse era o reino profetizado que os judeus esperavam, o qual, segundo a-doutrina cristã primitiva, tomou-se parte do ensino sobre o milênio (que vide). Ver os comentários sobre o primeiro ponto deste verbete” que ampliam a ideia.
Conceito geral. O reino de Deus abarca todas as coisas sobre as quais- Deus exerce poder, quer o mundo e tudo que nele existe, e as vidas, homens.
Portanto, O reino de Deus pode ter um significado puramente espiritual ou ético (Luc, 17:20,21; Rom. 14:17).
O reino de Deus pode indicar salvação, vida eterna. No evangelho de João, a expressão reino de Deus» é praticamente equivalente à salvação, ou vida eterna (10103:3-5). Nesse trecho, a expressão reino de Deus» aparece como a salvação transcendental, ou seja, a vida eterna que um homem não pode possuir sem o novo nascimento. Pelo tempo em que o evangelho de João foi escrito, isto é, depois da destruição de Jerusalém, para muitos crentes já havia desaparecido a esperança da inauguração de algum reino político no futuro previsível, ainda que muitos deles preservassem tal esperança sob a forma da doutrina do milênio, vinculada à parousia (que vide).
Por essa razão é que, no evangelho de João, o reino político não mais ocupa qualquer posição. Ali, a salvação no outro mundo é o reino de Deus.
À Igreja cristã. No trecho de Colossenses 1:13, a expressão «reino de Deus» indica a Igreja cristã, na qual estão investidas todas as esperanças humanas de participação no futuro reino celeste. Esse é o uso popular da expressão, em nossos dias.
A vida cristã. Quando bem vivida, no sentido de I Corlntios 4:20. Deus governa os corações humanos, através do seu Espírito, e assim infunde neles o seu reino.
As virtudes cristãs cardeais. Estão em foco a justiça, a paz e a alegria, mediante o poder do Espirito (Rom. 14:17). Esse uso é discutido em uma porção distinta deste artigo, a terceira porção.
Os crentes como o reino de Deus. Esse é um uso paralelo daquele descrito no segundo ponto deste verbete. A nação hebreia era o reino de Deus, e agora os crentes, judeus ou gentios tornaram-se esse reino.
O futuro Governo de Deus. Esse governo será absolutamente universal. – Deus tornar-se-á então tudo para todos, preenchendo tudo (I Cor. 15:28). A restauração geral terá assim o seu cumprimento, e isso através da missão universal do Verbo de Deus (Efé. 1:10). Em última análise, coisa alguma ficará fora do poder remido e restaurador do Lagos, do que resultarão a unidade e a harmonia finais. Esse é o mistério da vontade de Deus (que vide).” CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 5. pag. 623-624.
3. Os súditos do Reino de Deus. A primeira seção do Sermão do Monte (5.1-12) destaca oito qualidades que formam o caráter dos súditos do Reino de Deus:
1) O quebrantamento;
2) O choro;
3) A mansidão;
4) A retidão (justiça);
5) A misericórdia;
6) A pureza;
7) A pacificação;
8) A perseguição por causa dos valores do Reino.
Logo, espera-se que os filhos de Deus manifestem essas qualidades espirituais na vida cristã pois, sem elas, não poderemos participar do reinado divino (Mt 3.8-10). Portanto, ao praticar essas qualidades do Reino, seremos chamados de “bem-aventurados”, isto é, verdadeiramente felizes.
COMENTÁRIO
O Reino de Deus ainda não foi completamente estabelecido mas já começou. Jesus explicou isso na parábola do grão de mostarda: a semente do Reino foi lançada e continua crescendo (Lc 13.18-19). Cada pessoa que aceita Jesus faz crescer o Reino. Um dia o Reino encherá toda a terra mas até lá ele cresce dentro de nossos corações. Para fazer parte desse reino, é necessário haver sido arrancado das garras do príncipe deste mundo que escraviza os homens, mantendo-os nas trevas de um universo onde Deus não é levado em conta. Também tem de ter “nascido de novo” (João 3:3-8) e recebido a luz do Evangelho da graça de Deus, a luz sobre o que somos e a luz sobre o que Deus é, ou seja, amor. De fato, o fundamento desse reino é o amor.
“Não podemos ser seguidores fiéis de Cristo, o Rei, sem sermos cidadãos fiéis de seu reino e saber o que isto significa. Há muito material nas Escrituras que trata dessa temática do reino. Jesus enfaticamente chama atenção para este assunto: “Buscai (…) em primeiro lugar, o seu reino” (Mt 6.33). Isto mostra o relacionamento entre o reino de Deus e a vida cristã. Desse modo, Jesus ensina que devemos ter uma compreensão apropriada a respeito da natureza de nossa atitude como cidadãos do reino de Deus.
O reino de Deus pode ser entendido como aquele reino sobre o qual o Rei designado por Deus – Jesus – está presentemente reinando por meio e na vida de seu povo, realizando sua vontade “na terra como no céu” (Mt 6.10).
Os escritores do Antigo Testamento compreendiam a centralidade e a abrangência do reino. Davi, por exemplo, orava: “Teu, Senhor, é o reino” (1Cr 29.11; Sl 103.19). O reino também aparece descrito nas visões de Daniel (Dn 7.27).
No Novo Testamento, a mensagem do reino é central nas primeiras pregações de João Batista e de Jesus (Mt 3.2; 4.17). Após sua ressurreição, a temática do reino continua a ser ênfase nas palavras de Jesus aos discípulos (At 1.3).
Filipe (At 8.12), Paulo (At 20.25; 28.31), o autor de Hebreus (Hb 12.28), Tiago (2.5) e Pedro (2Pe2.11) também falaram das dimensões eternas desse reino já presente. Porém, a mais completa descrição do reino de Deus nos é dada por Jesus no Sermão do Monte (Mt 5–7), onde ele nos mostra como devemos viver no reino que ainda está sob influencia do pecado. O reino de Deus é esta realidade em que seus súditos desejam morrer para o mundo. Por isso, quando os cristãos repetem a oração ensinada por Jesus, pedem: “Venha o teu reino” (Mt 6.10). “…não estão pedindo para que o reino de Deus materialize a sua existência. O reino de Deus sempre existiu, desde a eternidade. Ele estava presente na criação quando Deus, o Rei, disse “Façamos”, e então passou a criar plantas e o reino animal para que estes se enquadrassem dentro do seu reino. O reino de Deus estava presente no paraíso quando nossos primeiros pais se voltaram contra ele. Desde então, as pessoas têm se revoltado regularmente contra a soberania divina ou a ignorado. É por isso que Jesus ensinou aos seus discípulos para orarem por um milagre: que as pessoas parassem de se rebelar contra a vontade de Deus, deixassem de ignorá-lo e, em vez disso, tentassem se conformar à vontade de Deus. Na oração do nosso Senhor, “o teu reino” significa “Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu”. Para que isso aconteça, os corações devem estar regenerados e muitas outras coisas devem ocorrer, além disso” (Plantinga Jr, p. 108).
A confissão da antítese como fato e princípio não constitui uma negação da doutrina da graça comum, pois essas doutrinas são correlativas na revelação. Crentes e incrédulos possuem muito em comum: ambos possuem a natureza humana, são portadores da imagem de Deus, são pecadores, respondem à pregação do evangelho (os eleitos respondem positivamente) e ambos compartilham o mundo físico inteiro no tempo e no espaço, o mandato e as exigências culturais, o terreno no qual devem trabalhar e desenvolver a vida de interação social.
Com isso, queremos dizer o seguinte: existe dignidade – que deve ser reconhecida – em qualquer trabalho humano dado por Deus, não havendo a necessidade de rotulá-lo de “cristão” para que haja a interação entre os reinos. Uma fábrica de automóveis, por exemplo, mesmo não sendo de propriedade de um cristão e tendo, na sua maioria, empregados não cristãos, preserva honra porque se tornou realidade graças ao mesmo Deus que criou e sustenta a Igreja. Mas Caim é sempre Caim, e a cidade do homem jamais se torna a cidade de Deus, até o final da História.” https://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/igreja/reino-de-deus-versus-reino-deste-mundo-a-cultura-crista-e-a-antitese/
III- SOMOS BEM-AVENTURADOS
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1. A beatitude na vida dos salvos. Salvo em Cristo, o seguidor de Jesus vive a beatitude (isto é, estado permanente de perfeita satisfação e plenitude; estado de felicidade e serenidade) do Sermão do Monte de maneira bem-aventurada. Isso ocorre porque o discípulo de Jesus desfruta do favor de Deus e manifesta atitudes que mostram coerência com a ética do Reino de Deus: humildade, mansidão, retidão, misericórdia, pureza, pacificação, disposição para o perdão (Mt 5.1-12). É possível todo crente agir por meio dessas atitudes, pois quem passou pela experiência da salvação é transformado interiormente pela Palavra de Deus (Hb 4.12).
COMENTÁRIO
O início do sermão do monte é repleto de bem-aventuranças. Elas também são chamadas de “beatitudes” porque, na versão latina do Novo Testamento, a palavra beati – traduzida como “abençoado” – significa simplesmente um pronunciamento de bem-aventurança àqueles que estão inclusos nas categorias citadas.
“As pessoas ao ouvirem: “Bem-aventurados…”, logo fizeram conexão com algumas das citações bíblicas. Será que Ele comentará um dos Provérbios? Será que ele citou Salmos? Ou a abordagem dele será extraída da lei?
A bem-aventurança é um tema que prendeu a atenção dos ouvintes de Jesus e em nossos dias ainda cria expectativa nos leitores. Afinal, quem não quer ser bem-aventurado?
Quando Jesus complementa: “Bem-aventurados OS POBRES…” a mensagem toca ainda mais os ouvintes. Esta seria uma mensagem inesquecível, pois tocou a emoção do povo: “Será uma revolução social? É agora que alcançaremos a hegemonia política e a paz prometida?”.
A promessa de alegria aos pobres é plenamente compreensível, mas o que entender do qualificativo adicionado ao substantivo pobre? “Bem-aventurados os pobres de espírito…”. Quem são os pobres de espírito?
Jesus estava rodeado de pobres de várias cidades circunvizinhas. Se a mensagem fosse somente: ‘bem-aventurados os pobres’, ela seria aceita e ovacionada pela multidão! Jesus teria conquistado os seus ouvintes e mais seguidores. Mas, como um povo que professava ‘a melhor’ religião, com princípios éticos e morais intocáveis e que se consideravam filhos de Abraão poderia aceitar ou reconhecer ser um ‘pobre de espírito’?
Como alguém observador da lei reconheceria a condição de pobreza espiritual?
No Antigo Testamento não consta o conceito ‘pobre de espírito’. Mas, Aquele que representava uma esperança de mudança na condição do povo, apresenta um novo conceito e uma necessidade de reconhecer uma condição que caracteriza os pecadores ou os incircuncisos. Como um filho de Abraão poderia reconhecer que era pobre de espírito?
Jesus completou a frase: “…porque deles é o reino dos céus”. Muitos se perguntaram: De quem é o reino dos céus? Dos pobres de espírito?
Além do mais, o povo estava a procura de curas, de pães, de peixes, de um reino terreno, mas Jesus estava falando de um outro reino: do reino dos céus!” https://estudobiblico.org/o-sermao-da-montanha/
2. A prova de que o cristão é bem-aventurado. O cristão que pratica as oito beatitudes do Sermão do Monte domina o “eu carnal”, vive em Cristo, entra numa nova dimensão espiritual e vive a bondade de Deus (Gl 2.20; Fp 3.7-8; Rm 12.2). Assim, no Sermão do Monte, Jesus Cristo ensina que a verdadeira felicidade nada tem a ver com o que o homem moderno deseja: dinheiro, ambição e poder. A felicidade bíblica se revela em quem ama o seu inimigo, bendiz o que maldiz, faz o bem ao que o odeia e orai pelos que o maltratam e perseguem (Mt 5.44).
COMENTÁRIO
Bem aventurado (Sl 1.1; Mt 5.1-11). A felicidade do homem é resultado da retidão e confiança em Deus. O homem justo recebe as bênçãos de Deus sobre aquilo que ele não faz. Se estivermos verdadeiramente em Cristo, nós nos esforçaremos para produzir o fruto de Cristo. Se crermos no evangelho, nós nos esforçaremos para andar de modo digno do evangelho. Se tivermos o Espírito, nós nos esforçaremos para andar no Espírito. Se amarmos a Cristo, nós nos esforçaremos para seguir e obedecer a Cristo. Se amarmos a Deus, nós nos esforçaremos para guardar os mandamentos de Deus. Se formos bem-aventurados, nós nos esforçaremos para possuir e buscar as características das quais Jesus fala nas bem-aventuranças e, à medida que as demonstrarmos neste mundo, seremos perseguidos. Mas se formos egoístas, egocêntricos, de coração duro, impiedosos, causadores de divisão e arrogantes, não apenas não somos abençoados, mas também não somos salvos. Mas se as condições e características das bem-aventuranças forem verdadeiras para nós, seremos abençoados. Podemos ter certeza de que Jesus é nosso e nós somos seus, e que nada poderá nos separar da condição presente ou eterna de sermos bem-aventurados enquanto vivemos Coram Deo [Latim, diante de Deus], diante da face resplandecente de nosso Senhor com a luz de seu glorioso semblante erguido sobre nós.
Como escreve o Pastor Osiel Gomes, em obra já citada: “É por meio das bem-aventuranças que se pode constatar que o crente realmente é uma nova pessoa, pois elas descrevem sua verdadeira condição espiritual, não esboçando qualquer atitude de grandeza, superioridade ou orgulho, mas, sim, de humildade, o que é aprovado por Deus (Tg 4.6). Os humildes de espírito sempre reconhecem sua pobreza espiritual, por isso voltam-se para Cristo, que supre tais necessidades e os faz herdeiros do Reino.
Aqueles que realmente estão vivendo a nova vida proposta por Cristo continuam a expressar tais condições no seu viver diário, evidenciando fome e sede de justiça, ou seja, paixão profunda pela justiça pessoal, não desejando proceder espiritualmente como os escribas e fariseus (Lc 18.9), mas tendo uma nova justiça (Mt 5.20), a qual vem de Cristo Jesus.” Gomes. Osiel,. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pag. 34-35.
CONCLUSÃO
O Sermão do Monte é a base ética do Reino de Deus. Nele, constatamos o lado divino de uma atitude amorosa do cristão para com Deus, bem como para com o próximo. Se cada crente fizesse do Sermão do Monte o seu norte ético de vida, as polêmicas não teriam lugar entre nós, não haveria espaço para meras opiniões intelectuais, visto que o propósito deste sermão é que cada crente seja como Deus quer que ele seja.
COMENTÁRIO
As bem-aventuranças mudam as prioridades da vida. Em vez de se preocuparem com bens materiais e motivações egoístas, os que querem ser realmente abençoados devem se concentrar nas coisas de Deus. Não se pode negar que há plena conexão entre os Dez Mandamentos e o Sermão do Monte proferido por Jesus, no qual, com Sua autoridade divina, Ele corrige as distorções feitas na interpretação das leis, reiterando a superioridade da Nova Aliança sobre a Antiga Aliança e a importância de Seus seguidores obedecerem às Escrituras. Que o Senhor ajude Sua Igreja a cumprir Seus ensinos, para o louvor da glória de Deus. Se quisermos realmente ser semelhantes à Cristo, que sejamos nisso, pois não o seremos quanto ao pecado, mas podemos ser quanto a ação e nisso devemos buscar cotidianamente. Devemos lutar contra o pecado que consome e destrói o mundo, que é justamente o da falta de ética moral e social, que se resume numa única coisa, a falta de amor por Deus e pelo próximo.
Em Cristo, Francisco Barbosa
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REVISANDO O CONTEÚDO
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• O que a introdução do capítulo 5 de Mateus anuncia?
A introdução do capítulo 5 de Mateus (os dois primeiros versículos) anuncia o título do Sermão do Monte.
• Como podemos considerar os ensinos do Sermão do Monte?
Os ensinos do Sermão do Monte podem ser considerados princípios esboçados por Cristo que revelam a verdadeira característica do seu reino messiânico.
• Qual o significado da expressão “Bem-aventurados”?
A expressão “bem-aventurados” é um adjetivo plural grego, makarioi, que significa “felizes”. Essa expressão trata das qualidades presentes na vida dos que dependem de Deus, estão sob seu domínio e soberania e seguem a Jesus com sinceridade.
• O que podemos identificar no Evangelho de Mateus?
No Evangelho de Mateus identificamos a chegada do Reino de Deus e a pregação de Jesus a respeito do Evangelho do Reino (3.2; 417,23).
• Com o que o Reino de Deus é comparado na Bíblia?
Na Bíblia, o Reino de Deus é comparado a uma semente, a qual se desenvolve ao longo do tempo (Mc 4.26-29), de modo que podemos falar a respeito de um Reino presente (Mt 5.3; 12.28; 19.14) e de um futuro (Mt 7-21,22 ; 25.34).