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26 de janeiro de 2022

LIÇÃO 5: COMO LER AS ESCRITURAS

 

TEXTO ÁUREO

E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes tu o que lês?” (At 8.30)   

 

VERDADE PRÁTICA

As técnicas de interpretação auxiliam na compreensão da Bíblia, mas não são infalíveis; por isso, não podem ser colocadas acima da autoridade da Palavra de Deus. 

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Atos 8.26-30

 

INTRODUÇÃO

A leitura e o estudo das Escrituras são um dever e um privilégio. Por isso, temos que zelar pelo conhecimento bíblico e estar conscientes da necessidade de aplicar o texto sagrado em nossas vidas. Tiago alerta que devemos ser cumpridores da Palavra e não apenas os ouvintes (Tg 1.22). Nesta lição, veremos a importância dos princípios basilares da interpretação bíblica.   

COMENTÁRIO

O fato de Tiago chamar os cristãos professos a ser "praticantes", e não somente a praticar, enfatiza que todos os aspectos da personalidade do cristão deveriam ser caracterizados dessa maneira. Interessante notar nesse texto citado, que Tiago diz ainda: “enganando-vos”; literalmente é "contar mal". Essa palavra era usada na matemática para se referir a um erro de cálculo. Tiago ensina que os cristãos professos que se contentam apenas em ouvir a Palavra estão cometendo um sério erro de cálculo cm sua

É óbvio que não podem os ler a Bíblia por muito tempo antes que surja a questão referente ao seu “significado” e quem ou o que determina esse significado. Não podem os ler a Bíblia sem possuir algum propósito para o fazer. Em outras palavras, usando uma terminologia mais técnica, todas as pessoas que leem a Bíblia o fazem com uma teoria “hermenêutica” em mente. A questão não é se alguém possui tal teoria, mas se essa “hermenêutica” está clara ou confusa, adequada ou inadequada, correta ou incorretaRobert H. Stein. Guia básico para a interpretação da Bíblia. 1 Ed. 1999. Editora CPAD. pag. 15.   

 

I – A BÍBLIA PRECISA SER INTERPRETADA

 

1. A importância da exegese. O termo “exegese” vem do grego ex, traduzido como “fora”, e agein com o sentido de “guiar”. Literalmente significa “guiar para fora”, isto é, extrair a intenção das palavras de um texto. Assim, o alvo da exegese é deixar que as Escrituras digam o que o Espírito Santo pretendia no seu contexto original. Dessa forma, para não fazer o texto significar aquilo que Deus não pretendeu, é necessário um minucioso exame das Escrituras (2 Tm 2.15). Por exemplo, estudo das línguas bíblicas, dos fatos da história, da cultura e dos recursos literários usados no texto sagrado cooperam na compreensão do real significado das palavras inspiradas (Ef 3.10-18).   

COMENTÁRIO

É um grande engano pensar que a compreensão é o objetivo final da leitura Bíblica, na verdade, é apenas o começo. Compreender e não aplicar é como preparar um banquete e não participar. Colocar em prática a Palavra de Deus é uma parte vital de nosso relacionamento com Ele. “Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos.” (Tg 1.22-NVI). Para tanto, viver um novo estilo de vida segundo as Escrituras, o leitor precisa extrair dela (as Escrituras), o modelo de vida ideal para o cristão. Esse estudo é guiado pela “exegese”, do grego “ex” (fora) e “agein” (guiar), literalmente “guiar para fora”, extrair a intenção das palavras de um texto. Para um leigo no assunto talvez pareça algo muito alto, difícil de fazer, mas todo leitor sincero das Escrituras, faz exegese, uns com maior profundidade, outros com menor profundidade, mesmo sem conhecer a hermenêutica bíblica e suas regras.

CHAMPLIN escreve: “Esse termo vem do grego, ex, «fora-, e agein, «guiar», ou seja, «liderar» ou «explicar”. A palavra portuguesa exegese é usada para indicar «narrativa», «tradução» ou «interpretação». Dentro do contexto teológico, a ênfase recai sobre a interpretação de modos formais de explicação que podem ser aplicados a algum texto, a fim de se compreender o seu sentido. Na linguagem técnica, a exegese aponta para a interpretação de alguma passagem literária especifica, ao mesmo tempo em que os princípios gerais aplicados em tais interpretações são chamados hermenêutica (que vede). Contraste com Eisegese, Temos provido um artigo separado sobre a Eisegese, Eisegese significa ler no texto aquilo que alguém quer encontrar ali, mas que, na realidade, não se encontra no mesmo, ou então significa distorcer um texto para adaptar às próprias ideias do intérprete. Portanto, o quanto a exegese é séria, a eisegese não passa de uma burla. A maioria das pessoas que se envolve na exegese também pratica alguma eisegeseCHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 617.   

 

2. As limitações dos leitores. Nesse aspecto é preciso reconhecer que toda a vez que lemos a Bíblia, estamos interpretando. Isso porque todos os leitores são também intérpretes (Dn 9.2). O problema dessa constatação reside nas ideias que trazemos conosco antes mesmo de começarmos a leitura da Bíblia (Ef 4.22). Por conseguinte, nem sempre o “entendimento” daquilo que lemos reproduz a verdadeira “intenção” do Espírito Santo (2 Pe 3.16). Em virtude de nossa inclinação pecaminosa que nos induz ao erro (Rm 8.7), precisamos usar métodos sadios que nos auxiliem na interpretação das Escrituras (Rm 12.2). Essa é uma nobre tarefa atribuída a todo salvo em Cristo Jesus (1 Tm 4.13; Ap 1.3).   

COMENTÁRIO

 Em João 5.39 (Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim) Examinais embora o verbo possa ser compreendido como uma ordem (ou seja, "Examine as Escrituras!"), a maior prefere a tradução no modo indicativo. O verbo implica, diligente escrutínio na investigação da Escritura para encontrar "vida eterna". Entretanto, nessa passagem, Jesus destaca que, apesar de todo o fastidioso esforço deles, haviam deixado de compreender o verdadeiro caminho para a vida eterna por meio do Filho de Deus. Note a importância de fazer uma genuína exegese textual para uma perfeita compreensão. Dela, depende a nossa vida eterna! Nesse aspecto é preciso reconhecer que toda a vez que lemos a Bíblia estamos interpretando. O problema disso, são os conceitos que carregamos conosco, assim mesmo como aconteceu com aqueles fariseus que buscavam a vida eterna nas Escrituras mas não entendiam que Jesus era a Vida prometida nos textos sagrados (Ef 4.22).

O primeiro requisito para o estudo das Escrituras é inquestionavelmente a posse de uma mente humilde e piedosa. Adquirimos assim o hábito de sincera e reverente atenção por tudo o que a Escritura revela, e desejamos aquele ensino do Espírito Santo às nossas almas, o qual foi por Deus prometido aos que o procuram. Esta disposição mental é essencial à aplicação de todas as regras de interpretação. Verdade análoga se pode aplicar em relação a qualquer outro assunto de inquérito. Para se compreender a verdadeira poesia deve possuir-se gosto poético. O estudo da filosofia requer um espírito filosófico. Um naturalista precisa conhecer perfeitamente o sistema indutivo que Bacon ensinou; deve pôr de parte os preconceitos e fazer humilde investigação no templo da natureza. Ε esse mesmo princípio que deve ser aplicado ao estudo da Bíblia. Deve para isso haver uma inteligência clara e um coração vigilante”. Revised. Joseph Angus., História, Doutrina e Interpretação da Bíblia. Editora Hagnos, 1 Ed. 2008.   

 

3. A natureza das Escrituras. Nesse ponto, ratificam os que a necessidade de a Bíblia ser interpretada acha-se na natureza da própria Palavra de Deus. Como já estudado, o texto bíblico foi escrito majoritariamente em duas línguas distintas (hebraico e grego), no período aproximado de 1600 anos, por cerca de 40 autores que viveram em épocas e culturas diferentes. Portanto, os textos canônicos possuem particularidades que não podem ser ignoradas. Dentre tantas, podemos citar as narrativas, as poesias, as crônicas, as profecias e as parábolas que precisam ser interpretadas, sob a orientação do Espírito Santo, observando as regras gramaticais e o contexto histórico e literário de quando foram redigidas (Mt 5.18).   

COMENTÁRIO

O Autor como fator determinante do significado O método mais tradicional para o estudo da Bíblia, no entanto, tem sido o de analisar o significado como algo controlado pelo autor. De acordo com esse ponto de vista, o significado é aquele que o escritor, conscientemente, quis dizer ao produzir o texto. Dessa maneira, a epístola aos romanos deve ser interpretada à luz do que Paulo quis passar aos seus leitores quando escreveu – se estivesse vivo, bastaria que nos dissesse o que desejava transmitir. O significado, portanto, é exatamente o que o apóstolo considerava como tal. […] Negar que o autor determina o significado do texto também levanta uma questão ética – a de se estar roubando a criação de alguém. Analisar um texto à parte da intenção de quem o escreveu é como roubar uma patente de um inventor ou uma criança recém-nascida de sua mãe. Ao registrar-se um trabalho sob 0 nome de seu autor se está admitindo, pelo menos tacitamente, que essa obra a ele pertence. O uso do nosso significado para substituir o pretendido pelo autor é uma espécie de plágio. Um escrito assemelha-se ao testamentoSTEIN, Robert H. Guia Básico para a Interpretação da Bíblia: Interpretando conforme as regras. 10.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, pp.23,25.   

Do site respostas.com extraímos o seguinte:“Hermenêutica é a interpretação coerente de textos, como a Bíblia. O objetivo da Hermenêutica é fazer uma boa interpretação do texto, chegando ao seu verdadeiro significado e aplicando-o corretamente. Todo cristão deve procurar entender o que as palavras da Bíblia realmente significam, para não cair no erro.

 

Os ensinamentos da Bíblia não são apenas uma questão de interpretação pessoal (2 Pedro 1:20-21). Isso significa que não devemos forçar nossas próprias ideias sobre o texto mas sim procurar descobrir o que a Bíblia realmente ensina. Deus fala conosco através da Bíblia e, quando lemos a Bíblia, nosso objetivo deve ser descobrir qual é a mensagem de Deus.

 

Todos usamos um pouco de Hermenêutica quando lemos um texto e procuramos entender o que diz. Hermenêutica bíblica é uma forma organizada de compreender e interpretar o que lemos na Bíblia. Geralmente, a Hermenêutica envolve três passos:

 

1. Entender o texto

O primeiro passo de ler um texto é entender as palavras que estão escritas. Isso significa entender o que a passagem da Bíblia está dizendo, sem interpretações nem aplicações.

 

Por exemplo, se lermos a parábola da casa construída sobre a rocha, em Lucas 6:47-49, a primeira coisa que devemos fazer é tentar entender a história. Neste caso, conta sobre um homem que construiu uma casa com alicerces fundos, na rocha. Sua casa ficou bem construída, por isso conseguiu resistir a uma inundação. Outro homem fez uma casa sem alicerces. Essa construção era fraca, por isso foi destruída na inundação.

 

Nessa primeira fase, é importante procurar o significado de palavras que você não entende e tentar entender frases complicadas. Você também pode ver como os elementos do texto da história estão relacionados. Por exemplo, por que a casa na rocha resistiu à inundação? (Porque estava bem construída e tinha bons alicerces.) Quem é comparado ao homem que não constrói alicerces para sua casa? (Aquele que ouve as palavras de Jesus e não as põe em prática.)

 

2. Entender o contexto

Nenhuma passagem bíblica existe sem contexto. Muitas vezes, se não entendemos o contexto, vamos fazer uma interpretação errada (ou não vamos entender nada). Cada versículo e cada passagem bíblica faz parte de uma história maior. Ignorar o contexto é como abrir um livro em uma página qualquer e ler uma frase ao acaso. Não faz sentido!

 

Usando novamente o exemplo da parábola da casa construída sobre a rocha, quando olhamos para o contexto, vemos que foi uma história contada por Jesus para as pessoas que o seguiam. Ele estava avisando que não bastava chamá-lo de “Senhor” (Lucas 6:46). Seus seguidores precisavam colocar seus ensinamentos em prática em suas vidas. Ele contou a parábola para mostrar por que era importante ser praticante da palavra.

 

Quando se olha o contexto, pode ser útil analisar algumas coisas:

 

    Os textos que vêm antes e depois da passagem

    O tipo de livro da Bíblia em que a passagem se insere

    Quem foi o autor da passagem, ou quem disse as palavras

    Quem era o público-alvo original

    Qual era a mensagem para o público-alvo original

    Qual era o contexto histórico e cultural da passagem

 

3. Entender a aplicação atual

A interpretação pessoal deve ser a última parte de uma boa interpretação de uma passagem bíblica. Somente quando entendemos a mensagem original do texto é que podemos aplicá-la a nossas vidas atuais. Apesar de ter sido escrita há muito tempo atrás, originalmente para pessoas muito diferentes de nós, a Bíblia continua relevante hoje em dia.

 

Por exemplo, a parábola da casa construída sobre a rocha tem uma aplicação clara para todo cristão. Não podemos ser apenas cristãos da boca para fora. Precisamos ser praticantes da palavra de Deus. Assim como a casa construída sobre a rocha ficou firme, uma vida alicerçada e guiada pelos ensinamentos de Jesus fica firme nas tempestades da vida. Por outro lado, quem não põe a palavra em prática é como o homem que construiu a casa sem alicerce. Mesmo se reconhecer Jesus como Senhor, sua vida não será firme.

 

Essa parábola ajuda a entender a importância da Hermenêutica. Uma leitura pouco cuidadosa e fora do contexto poderá levar a uma interpretação errada. Ignorando o contexto poderíamos pensar que a parábola ensina sobre a importância de acreditar em Jesus. Mas uma análise mais profunda mostra que é sobre pôr a fé em prática.

 

Regras importantes para interpretar bem a Bíblia:

    A Bíblia interpreta a si mesma - muitas partes da Bíblia explicam outras partes, como por exemplo o sinal de Jonas mencionado em Mateus 16:4 é explicado em Mateus 12:39-41

    A Bíblia é consistente - se sua interpretação de uma passagem contradiz o que o resto da Bíblia diz sobre o tema, a interpretação provavelmente está errada; os ensinamentos da Bíblia não se contradizem

    O Espírito Santo ajuda a entender - se você está com dificuldade em entender o que você lê na Bíblia, peça ajuda a Deus e o Espírito Santo lhe ajudará - 1 Coríntios 2:12” Disponível em: https://www.respostas.com.br/hermeneutica-significado/. Acesso em: 26 JAN 22.

 

II – PRESSUPOSTOS PENTECOSTAIS PARA LER A BÍBLIA

 

1. Autoridade da Bíblia. Uma das marcas do Pentecostalismo é o seu compromisso inegociável com as Escrituras. Cremos na inspiração divina, verbal e plenária da Palavra de Deus, nossa autoridade final em questões de fé e prática (2 Tm 3.16). Portanto, ao ler o livro sagrado temos como pressuposto sua inerrância e infalibilidade. Tudo o que está escrito é verdadeiro e serve para o nosso ensino (Rm 15.4). Nessa compreensão, refutamos a relativização e a desobediência aos preceitos bíblicos (Ap 22.19). Acatamos suas doutrinas, reconhecemos a realidade do sobrenatural, a literalidade dos milagres e a atualidade do Batismo no Espírito Santo e dos Dons Espirituais (At 2.39).   

COMENTÁRIO

É de conhecimento de todos que a autoridade da Bíblia é a marca distintiva da Reforma Protestante (Sola Scriptura), não apenas do movimento pentecostal. No entanto, considerando o que o comentarista afirma, devo discordar quando escreve: “nossa autoridade final em questões de fé e prática”, isso por que, pressupõe que há outra(s) autoridades(s) antes de chegar à autoridade final. Ledo engano! O Livro Santo é a nossa ÚNICA regra de fé e prática, e isso por que somente nelas e em nenhuma outra autoridade, encontramos:

1 - A REVELAÇÃO DE DEUS PARA NÓS – Cl 1.9-10 – Jo 5.39

Como eu sei que Deus existe? Com eu sei que Ele é o Todo Poderoso? Deus se revela através da Sua Palavra (Mt 11.25-27). O Criador quer que homens e mulheres o entendam tal como Ele se revela nas Escrituras Sagradas. Quanto mais eu conheço a Bíblia, mais eu conheço a grandeza de Deus. Quanto maior for o tamanho de Deus para mim, maior a minha fé Nele (Rm 10.17). A fé em Deus é simplesmente fé na Sua Palavra.  Ela própria nos ensina a obtermos fé. Se não temos fé, a falha não é de Deus. Razão pela qual devemos examinar as Escrituras, porque são elas mesmas que testificam a respeito de quem é o Senhor.

 

2 - A REVELAÇÃO DO PROPÓSITO DE DEUS PARA NÓS – Ec 3.1 – Jr 29.11

Deus não faz nada sem propósito. Quando formou o homem e a mulher Deus tinha um propósito no coração. Você faz parte do sonho de Deus antes da fundação do mundo (Ef 1.3-6).  Somos a geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, com o propósito de anunciar as grandezas daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1Pe 2.9). “Assim também ocorre com a palavra que sai da minha boca: ela não voltará para mim vazia, mas fará o que desejo e atingirá o propósito para o qual a enviei” (Is 55.11-NVI).

 

3 - A REVELAÇÃO DO AMOR DE DEUS POR NÓS – Jr 31.3 – 1Jo 4.7-16  

Nada se compara ao amor de Deus por nós.  A Bíblia revela o amor, a graça, a misericórdia e a grandeza de Deus. A Bíblia é uma carta de amor do Pai para o filho, para que ele se dê bem. Deus é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida com Cristo quando ainda estávamos mortos em nossos delitos e pecados (Ef 2.4-5). Quem está cheio de Deus, naturalmente estará cheio de amor (1Jo 4.7-8). Andar em amor é o objetivo número um do verdadeiro cristão (1Jo 4.11-12). Nada poderá nos separar do amor de Deus (Rm 8.38-39).

Sobre a autoridade das Escrituras, escreve CHAMPLIN: “Autoridade da Bíblia. Sua autoridade é reconhecidamente interna. A Bíblia autentica-se a si mesma. Mas, na medida em que’ contém provas históricas incluindo os milagres que comprovavam a intervenção divina, ela é externamente autenticada. O poder de seus ensinamentos envolve uma autoridade interna. As realidades históricas sobre as quais ela se alicerça (como a vida de Cristo, as Suas palavras, ressurreição, etc.) lhe conferem uma autoridade externa ou oficial. O consenso dos crentes, através dos séculos, em favor da autoridade da Bíblia, tomou-se outro fator de autoridade externa. As declarações dos pais da Igreja e dos concilios, que resultaram na canonização formal da Bíblia, formam uma autoridade oficial e externa.

Sinais de autoridade no Novo Testamento: Cristo tinha autoridade para perdoar pecados (Luc. 5:24), para expelir demônios (Mar. 6:7), para conferir a filiação divina (João 1:12), e Suas obras eram autoritárias (Mat. 7:29). A origem da autoridade é Deus, que enviou o Filho (João 3:17; 4:34; 5:23;’6:29, etc.), Para os primitivos discípulos, a ressurreição de Jesus foi a mais potente autenticação daquilo que Jesus dissera e fizera, e por conseguinte, do que estava escrito acerca dEle, quanto à Sua pessoa e autoridade sobre os homens. Ver o artigo sobre a ressurreição. Assim sendo, Jesus comissionou a outros (dando-lhes autoridade), para levarem avante a Sua missão (Mat. 28: 18 ss), porquanto «toda autoridade. Lhe fora dada, a fim de que, por Sua vez, Ele desse dessa autoridade a outros, para que o representassem.

Os Apóstolos possuíram extraordinária autoridade, conforme transparece, claramente, – no livro de Atos (ver Atos 5: 1 ss. quanto a um notável exemplo disso; ver também Atos 15, o primeiro concilio da Igreja, que envolveu os apóstolos). Os trechos de Joio 20:21,22 e Mat. 16: 17 proveem-nos textos que provam a autoridade dos apóstolos. Ademais, o próprio Novo Testamento é essencialmente um produto dos apóstolos e seus discípulos imediatos, servindo de declaração autoritária sobre quem era Jesus e qual o significado de Sua vida para nós outros”. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 1. pag. 400-401.   

 

2. A iluminação do Espírito Santo. A doutrina da Iluminação se refere à atuação do Espírito Santo na vida do crente, que o capacita a discernir as verdades da Palavra de Deus (Ef 1.17,18; 1 Jo 5.20). Somente o estudo racional não é suficiente para o entendimento da revelação escrita de Deus. Contudo, a iluminação não é uma fonte paralela de revelação e nem substitui o exame das Escrituras; ao contrário, pois à medida que estudamos, o Espírito nos concede a compreensão. A iluminação não aumenta e nem altera a Bíblia, apenas elucida o que já foi revelado pelo Espírito. Assim, o conhecimento da Palavra produz comunhão com Deus, vida de oração, obediência e santificação (2 Pe 1.3-10).   

COMENTÁRIO

Os homens necessitam que Deus os ensine, não porque seja propriamente difícil a linguagem bíblica, ou seja incompreensível a doutrina da Escritura, – porque aquilo que é mais mal compreendido é justamente o que está mais claramente revelado – mas porque, não os ensinando o Espírito Santo, eles não aprenderão, nem conhecerão aquelas verdades que são reveladas somente aos que as sentem. Quando Cristo apareceu no mundo, a luz brilhou nas trevas, mas as trevas não a compreenderam. A impureza da alma havia prejudicado a vista espiritual. A cegueira mental produziu ignorância, e a alienação da “vida em Deus” foi logo causa e efeito agravado de uma inteligência entenebrecida; Ef 4.18.

Sobre a necessidade da ajuda do Espírito Santo na leitura e interpretação do texto sagrado, escreve CHAMPLIN: “O Divino Interprete. Durante o ministério do Senhor Jesus, os discípulos foram os beneficiários de suas instruções sendo que grande parte das mesmas envolvia a questão da interpretação do Antigo Testamento. E o Senhor continuou a instrui-los a esse respeito, mesmo após a sua ressurreição (Luc. 24:25-27,32,44-47). As interpretações dadas por Jesus estavam escudadas na autoridade de sua própria pessoa divina. Jesus prometeu que o Espirito Santo continuaria a instruir os discípulos quanto à verdade divina (Joio 16:12 ss). Ao crente é proporcionado um certo «instinto» espiritual no tocante à verdade, devido à presença do Espírito. Diz Joio a esse respeito: Isto que vos acabo de escrever é acerca dos que vos procuram enganar. Quanto a vós outros, a unção que dele recebestes permanece em v6s, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as cousas, e é verdadeira, e não é falsa, permanecei nele, como também ela vos ensinou» (I 1010 2:26,27; cí, I João 2:20,21). O crente é assim instruído de que não há necessidade de ser ele iludido por falsos ensinos.

O falso ensino também é aludido em II Pedro 1:20,21, onde se lê: sabendo, primeiramente, isto, que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana, entretanto homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espirito Santo». As palavras de particular elucidação» mui provavelmente aludem ao próprio profeta, em cujo caso, elas meramente sublinham o fato de que toda profecia é de origem não-humana, mas é divina. Por outra parte, pode se referir aos leitores (porquanto os leitores de Pedro haviam sido convidados a darem atenção à palavra profética, no vs. 19), o que significa que em vista do fato da profecia ter sido dada pelo Espirito, agora s6 pode também ser interpretada pelo Espirito.

O «direito de julgamento privado» não nos dá licença para distorcer as Escrituras, e nem para nos entregarmos a uma exegese desequilibrada e fantasiosa; antes, esse direito fala sobre a liberdade que temos de seguir os próprios princípios de interpretação usados pelo Espirito Santo, a saber, aqueles princípios hermenêuticos ensinados pelas próprias Escrituras Sagradas”. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 2. pag. 481.      

 

3. O valor da experiência. O texto sagrado é útil para o ensino, repreensão, e correção a fim de tornar o salvo perfeito (2 Tm 3.16,17). Essas declarações demonstram que a Bíblia deve ser aplicada ao nosso viver diário. As verdades bíblicas são confirmadas quando experimentadas pela Igreja do Senhor (Mc 16.20). Nesse aspecto, por exemplo, cremos que o livro de Atos não apenas descreve a experiência pentecostal da Igreja Primitiva, como também a torna válida para os nossos dias (At 2.1-4,38,39). Ressalta-se, porém, que nem a experiência nem a tradição da Igreja podem estar acima da autoridade bíblica. Somente a Escritura é que pode autenticar, e até mesmo corrigir, a experiência ou a prática da Igreja, caso seja necessário (2 Tm 4.2).   

COMENTÁRIO

A fé cristã é um estilo de vida. Quando eu reconheço a grandeza de Deus, a Sua soberania, entendo o Seu propósito e aceito o Seu amor, a vida cristã passa a ter mais sentido. Tem muita gente jogando a culpa de seu fracasso em Deus, contudo, se tem algo errado, certamente não está em Deus. Eu preciso entender a Palavra de Deus e colocá-la em prática. Deus é imutável e a Sua Palavra jamais falha.

Tipos de Autoridade Religiosa Autoridade Canônica. A autoridade canônica sustenta que as matérias bíblicas, contidas no cânon das Escrituras, são a revelação autorizada de Deus. A Bíblia tem uma mensagem clara e definitiva para as nossas crenças e para o nosso modo de vida. Os proponentes desta opinião afirmam que: (1) a Bíblia é autoridade em virtude de sua autoria divina; e (2) a Bíblia fala com clareza a respeito das verdades básicas que apresenta. Todas as questões de fé e conduta estão sujeitas à autoridade da Bíblia de modo que os itens da crença teológica devem, ou ter apoio bíblico (explícito ou implícito, ou ser repudiados. A experiência como autoridade. A primeira fonte interna da autoridade é a experiência. O indivíduo relaciona- -se com Deus no âmbito da mente, da vontade e das emoções. Considerando a pessoa com o unidade, os efeitos experimentados, nos demais, quer subsequente quer simultaneamente. De fato, a revelação de Deus tem o seu efeito na totalidade da pessoa humana. […] [Porém, não é fidedigna a experiência isolada e que se arvora como fonte de autoridade para mediar a revelação de Deus(HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, pp.46,48).   

 

III – REGRAS BÁSICAS DE INTERPRETAÇÃO

 

1. A Escritura é sua própria intérprete. A “hermenêutica” tem origem no termo grego hermeneutikós que, na teologia, designa os princípios que regem a interpretação dos textos sagrados. Lutero desenvolveu a máxima de que a Escritura tem de ser interpretada e entendida por si própria (Is 8.20). Significa que devemos estudar a Bíblia seguindo o método pelo qual uma parte do texto auxilia na compreensão de outro texto. Essa afirmação é legítima porque a coesão da Escritura é o resultado de um único autor divino (Pv 30.5,6). Embora esse método seja legítimo, o estudante das Escrituras precisa do auxílio de regras básicas para uma correta interpretação.   

COMENTÁRIO

A Bíblia interpreta a si mesma - muitas partes da Bíblia explicam outras partes, como por exemplo o sinal de Jonas mencionado em Mateus 16.4 é explicado em Mateus 12.39-41.

As Escrituras Interpretam a si mesmas. A autoria múltipla das Escrituras transparece em grande variedade de estilos, vocabulário e ênfases que ali se veem. Mas, por baixo dessa grande variedade, existe uma unidade básica de doutrina. Os estudos modernos sobre o kérugma (a coisa proclamadas) do Novo Testamento têm tendido a sublinhar a unidade dos pregadores e escritores da Igreja Primitiva. Estudos similares quanto ao Antigo Testamento, desvendam-nos que ali a unidade gira em torno da pessoa do Deus soberano e justo, que redimiu do Egito ao seu povo de Israel, conduzindo-o à Terra Prometida.

 

Outrossim, a unidade dos dois Testamentos é o constante pressuposto dos autores sagrados do Novo Testamento. Essa unidade, naturalmente, é resultado da obra inspiradora do Espirito de Deus, o real Autor das Escrituras. Isso significa, por sua vez, que a verdadeira interpretação das Escrituras demonstrará a harmonia da Bíblia consigo mesma. E isso não requer nenhum método artificial ou forçado, e, sim, procura fazer justiça tanto ao sentido natural de cada trecho bíblico como à unidade das Escrituras como um todo. Isso não quer dizer, por outro lado, que a interpretação de cada texto nos seja dada através de um sistema dogmático adredemente preparado.

Mas significa que devemos conservar em mente o fato de que, por detrás de todos os autores humanos avulta o Espírito Santo, porquanto isso é o que a pr6pria Bíblia afirma a seu respeito. Também importa não nos olvidarmos do fato de que a Bíblia contém muitos exemplos de interpretação, porquanto os próprios autores do Novo Testamento interpretaram o Antigo Testamento. E os princípios hermenêuticos por eles aplicados têm a chancela da inspiração divina do Espírito, por detrás de suas interpretações. Nisso vemos que o Espírito Santo é o nosso guia na correta interpretação das Santas Escrituras”. CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 2. pag. 481.     

 

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2. Princípios de interpretação bíblica. Dentre os princípios gramaticais, históricos e literários, enfatizam que o texto bíblico tem sentido único e sempre que possível deve ser interpretado literalmente. Nesse aspecto, é preciso tomar cuidado com as expressões de uso simbólico/alegórico. Por exemplo, Cristo disse: “Tomai, comei, isto é o meu corpo” (Mt 26.26). Esse texto mostra que “corpo” aqui não está no sentido literal, mas no figurado. Outro princípio refere-se ao contexto, isto é, analisar os versículos que precedem e seguem o texto que se estuda. Diz a máxima que “ texto fora do contexto é pretexto”. Desse modo, observando esses princípios, a Bíblia precisa ser interpretada no todo, nenhuma doutrina pode basear-se em um único texto ou em hipóteses particulares (2 Pe 1.20).   

COMENTÁRIO

O Comentarista da lição, Pastor Douglas Baptista, escreve em sua obra de apoio: “Nossa Declaração de Fé assegura que os pentecostais interpretam as Escrituras “sob a orientação do Espírito Santo, observando as regras gramaticais e o contexto histórico e literário”. O historiador Isael de Araujo enfatiza que o método histórico-gramatical vem sendo reafirmado como uma reação ou alternativa em relação ao método histórico-crítico, que foi intensamente difundido no século XX:

A interpretação histórica se refere ao contexto em que os livros da Bíblia foram escritos e às circunstâncias em jogo. A interpretação gramatical se refere à apuração do sentido dos textos bíblicos mediante estudo das palavras e das frases em seu sentido normal e claro. Em termos simples e objetivos, há três estágios para o método: observação (o que diz o texto), interpretação (o que quer dizer o texto) e aplicação (o que o texto quer dizer para nós). Nessa concepção, o artigo em comento destaca que “os defensores desse método na hermenêutica pentecostal argumentam que a intenção autoral propagada pelo método histórico-gramatical é testada pelo tempo (desde os primórdios da igreja com a escola de Antioquia) e ideal para um sadio método de interpretação bíblica pentecostal”. Em contrapartida, debate-se a construção da “hermenêutica pentecostal” em solo brasileiro.

Essa discussão resultou na publicação de um manifesto do Conselho de Doutrina e Comissão de Apologética da CGADB, com os seguintes esclarecimentos: A Hermenêutica Pentecostal sadia não é uma negação do método histórico-gramatical. Por outro lado, não é um apego rigoroso e absoluto a esse método, cujo emprego não conduziu a fé reformada à compreensão e crença na atualidade da obra do Espírito Santo, tal qual prometida por Jesus e vivenciada pelos apóstolos e pelas igrejas do Novo Testamento. Conquanto se valha de ferramentas da erudição bíblica, a Hermenêutica Pentecostal não flerta com quaisquer das aplicações do método histórico-crítico ou da atual crítica literária e histórica que negam a plena inspiração das Escrituras e a literalidade dos milagres. Concordes com esse posicionamento, dentre os princípios gramaticais, históricos e literários, enfatizamos que o texto bíblico tem sentido único e sempre que possível deve ser interpretado literalmente. Nesse aspecto, é preciso tomar cuidado com as expressões de uso simbólico/alegórico.

Por exemplo, Cristo disse: “Tomai, comei, isto é o meu corpo” (Mt 26.26). Esse texto mostra que corpo aqui não é no sentido literal, mas no figurado. Outro princípio refere-se ao contexto, isto é, analisar os versículos que precedem e seguem o texto que se estuda. Diz a máxima que “texto fora do contexto é pretexto”. Desse modo, observados esses princípios, a Bíblia precisa ser interpretada no todo, nenhuma doutrina pode basear-se em único texto ou em hipóteses particulares (2 Pe 1.20)”. Baptista., Douglas, A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.   

 

3. Os perigos da hermenêutica pós-moderna. Nossa ortodoxia refuta todo e qualquer um que nega a inspiração verbal e plenária da Bíblia e sua consequente autoridade (2 Pe 1.21). Assim sendo, o intérprete não pode criar outro cânon dentro do cânon bíblico, ou seja, não cabe ao estudante fragmentar ou relativizar os textos inspirados. Não se pode empregar métodos subjetivos focados no leitor em prejuízo do texto e do autor bíblico. Ratificamos que as experiências devem ser submetidas ao crivo das Escrituras Sagradas (At 17.11). Por fim, reconhecemos que as técnicas hermenêuticas não são infalíveis. Durante o processo de aplicação dos métodos interpretativos necessitamos da iluminação do Espírito Santo (1 Co 2.12).   

COMENTÁRIO

Leia aqui sobre Os Desafios da Hermenêutica na Pós-Modernidade.

O Pastor Esdras Costa Bentho escreve em sua obra Hermenêutica Fácil e Descomplicada (CPAD): “Formas pelas quais o Intérprete Pratica a Eisegese I) Quando força o texto a dizer o que não diz: O intérprete está cônscio de que a interpretação por ele asseverada não está condizente com o texto, ou então está inconsciente quanto ao objetivo do autor ou propósito da obra. Entretanto, voluntária ou involuntariamente, manipula o texto a fim de que sua loquacidade possa ser aceita como princípio escriturístico. Geralmente tal interpretação não possui qualquer justificativa lexical, cultural, histórica ou teológica, pois se baseiam em pressupostos ou premissas previamente estabelecidos pelo intérprete. Outro problema neste caso é o individualismo que embebe alguns na leitura da Bíblia.

O que se busca como interpretação “é o que as Escrituras significam para mim agora”, e não “o que elas significam em seu contexto”. 2) Quando ignora o contexto, sob pretexto ideológico: Poucas atividades hermenêuticas têm sangrado tanto o texto como o banimento do contexto. Ignorar o contexto é rejeitar deliberadamente o processo histórico que deu margem ao texto. O intérprete, neste caso, não examina com a devida atenção os parágrafos pré e pós-texto, e não vincula um versículo ou passagem a um contexto remoto ou imediato. Uma interpretação que ignora e contraria o contexto não deve ser admitida como exegese confiável. Existem pessoas que são capazes de banir conscientemente o contexto e o sentido do texto, simplesmente para forçar as Escrituras a conformarem-se com suas ideologias. 3) Quando ignora a mensagem e o propósito principal do livro: Um livro pode ser mais facilmente entendido quando se sabe qual é o propósito do autor e qual a mensagem que ele procura afirmar para seus contemporâneos.

A mensagem do livro e o propósito do autor são “almas gêmeas” da interpretação bíblica. Os assuntos genéricos tratados pelo autor precisam ser observados a partir dos propósitos e da mensagem do autógrafo. Quando ignoramos a mensagem principal e o propósito do livro, somos dispersivos na aplicação coerente do texto. Os livros de Lucas (LI-4), João (20.30, 31; 21.24,25), Atos (I), I Coríntios (5.1; 6.I;7.I;8.I,I2.I;I6.I) e muitos outros são melhor compreendidos quando conhecemos a in- tenção do autor, expresso no próprio autógrafo. 4) Quando não esclarece um texto à luz de outro: Os textos obscuros devem ser entendidos à luz de outros e segundo o propósito e a mensagem do livro. Recorrer a outro texto é reconhecer a unidade das Escrituras na correlação de ideias.

Por vezes, pratica-se eisegese por ignorar a capacidade que as Escrituras têm de interpretar a si mesmo. 5) Quando põe a “revelação” acima da mensagem revelada: Por vezes, aparecem indivíduos sangrando o texto sagra- do sob o pretexto de que “… Deus revelou”, ou “… essa veio do céu”. Estes colocam a pseudo-revelação acima da mensagem revelada. Quando assim asseveram, procuram afirmar in- falibilidade à sua interpretação, pois Deus, que “revelou”, autor principal da Escrituras, não pode errar. Devemos ter o cuidado de não associar o nome de Deus a mentira, pois Ele não pode contradizer o que anteriormente, pelas Escrituras, havia afirmado. 

Quando está comprometido com um sistema ou ideologia: Não são poucos os obstáculos que o exegeta encontra quando a interpretação das Escrituras afeta os cânones do sistema e as tradições de sua denominação. Por outro lado, até as ímpias religiões encontram justificativas bíblicas para ratificar as suas heresias. Kardec citava a Bíblia para defender a reencarnação! Muitos outros movimentos sectários torcem as Escrituras. Utilizar as Escrituras para apologizar um sistema ou ideologia pode passar de uma eisegese para uma heresia aplicada”. Bentho., Esdras Costas,. Hermenêutica Fácil e Descomplicada. Editora CPAD. 1 Ed. 2003. pag. 69-72. 

 

CONCLUSÃO

A Bíblia Sagrada deve ser lida e interpretada. Nesse mister, somos auxiliados pela exegese e pela hermenêutica. Contudo, nenhuma das técnicas de interpretação estão acima da autoridade da Palavra de Deus. O que a igreja crê e professa deve ser interpretado à luz da própria Escritura.   

COMENTÁRIO

A interpretação bíblica leva em conta os desafios da hermenêutica considerando suas dificuldades examinando a história dessa disciplina e explicando termos e conceitos para o exercício hermenêutico sempre abordando a Bíblia na qualidade de palavra inspirada. Crer na infalibilidade e inerência do Santo Livro é fundamental para uma Igreja Cristã de fato. Interpretar um documento é expressar seu significado por meio de falar ou de escrever. Envolver-se em interpretação presume que há, de fato, um significado correto e um significado incorreto de um texto, e que devemos ter cuidado para não interpretarmos errado esses significados. Quando lidamos com as Escrituras, interpretar apropriadamente um texto significa comunicar, de modo fiel, o significado do texto do autor humano inspirado, embora não negligenciando a intenção divina.

Vários textos na Bíblia demonstram claramente que há tanto uma maneira correta como uma maneira incorreta de entender as Escrituras. Em seguida, oferecemos alguns exemplos desses textos, com breve comentário.

2 Timóteo 2:15: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. Nesse versículo, Paulo exorta Timóteo a manejar bem ou “interpretar corretamente” (orthotomounta) a palavra da verdade, ou seja, as Escrituras. Essa advertência subentende que as Escrituras podem ser manejadas ou interpretadas de maneira incorreta.

Salmos 119:18 “Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei”. Aqui, o salmista rogou que o Senhor lhe permitisse entender e se deleitar no significado da Escritura. Essa súplica mostra que a experiência de entendimento prazeroso da Escritura não é universal.

2 Pedro 3:15-16 “Tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca desses assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles”. É claro, nas instruções de Pedro, que é possível distorcer o significado da Escritura. E, em vez de aprovar essa liberdade interpretativa, Pedro diz que perverter o significado da Escritura é um pecado de consequência séria.

Efésios 4:11-13 “Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo”. Se as Escrituras fossem entendidas automaticamente por todos, não haveria necessidade de mestres capacitados por Deus para instruir e edificar a igreja. A provisão de Deus de um ofício de ensino na igreja demonstra a necessidade de pessoas que possam entender e explicar corretamente a Bíblia.

2 Timóteo 4:2-3 “Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos”. As instruções de Paulo a Timóteo mostram que há uma maneira correta de pregar a revelação da Escritura e que também haverá corruptores dessa revelação.

 

Apliquemo-nos diligentemente, com escrutínio na investigação da Escritura, por que julgamos ter nelas, a vida eterna, e são elas que testificam de Cristo Jesus! (Jo 5.39).

Em Cristo,

Presbítero Francisco Barbosa

 

REVISANDO O CONTEÚDO

Qual é o significado do termo “Exegese”?

O termo “exegese” vem do grego ex, traduzido como “fora”, e agein com o sentido de “guiar”. Literalmente significa “guiar para fora”, isto é, extrair a intenção das palavras de um texto. 

Por que precisamos usar métodos sadios como auxílio na interpretação das Escrituras?

Em virtude de nossa inclinação pecaminosa que nos induz ao erro (Rm 8.7), precisamos usar métodos sadios que nos auxiliem na interpretação das Escrituras (Rm 12.2). 

Segundo a lição, como podemos acatar a autoridade da Bíblia?

Acatamos suas doutrinas, reconhecemos a realidade do sobrenatural, a literalidade dos milagres e a atualidade do Batismo no Espírito Santo e os Dons Espirituais (At 2.39). 

Acerca do valor da experiência, como vemos o livro de Atos?

Nesse aspecto, por exemplo, cremos que o livro de Atos não apenas descreve a experiência pentecostal da Igreja primitiva, como também a torna válida para os nossos dias (At 2.1-4, 3 8,39) 

O que é enfatizado na interpretação bíblica dentre os princípios gramaticais, históricos e literários?

Dentre os princípios gramaticais, históricos e literários, enfatizam os que o texto bíblico tem sentido único e sempre que possível deve ser interpretado literalmente