VOCÊ PODE AJUDAR O BLOG: OFERTE PARA assis.shalom@gmail.com

UM COMENTÁRIO APROFUNDADO DA LIÇÃO, PARA FAZER A DIFERENÇA!

Em 2024, Estará disponível também o comentário da revista de jovens, na mesma qualidade que você já conhece, para você aprofundar sua fé e fazer a diferença.

Classe Virtual:

SEJA MANTENEDOR!

Esse trabalho permanece disponível de forma gratuita, e permanecerá assim, contando com o apoio de todos que se utilizam do nosso material. É muito fácil nos apoiar, pelo PIX: assis.shalom@gmail.com – Mande-me o comprovante, quero agradecer-lhe e orar por você (83) 9 8730-1186 (WhatsApp)

19 de julho de 2021

LIÇÃO 4: ELIAS E OS PROFETAS DE ASERÁ E BAAL

 

 
 

TEXTO AUREO

“Então, caiu fogo do SENHOR, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e o pó e ainda lambeu a água que estava no rego.” (1 Rs 18.38)

 

VERDADE PRATICA

O Senhor sustenta com sua forte mão todos os que estão dispostos a proclamar a verdade de que Ele é o único Deus digno de adoração.

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

1 Reis 18.22-24,26,29,30,38,39; 19.8-14

INTRODUÇÃO

O profeta Elias é um dos mais relevantes personagens da Bíblia. Foi ele que apareceu com Moisés no Monte da Transfiguração conversando com Jesus. Este destacado profeta é, sem dúvida, um modelo de servo perseverante e fiel para todo cristão. Nesta lição, veremos como Elias desafiou corajosamente a idolatria em Israel; como orava de modo simples, mas cheio de confiança; e como, apesar de tudo o que fez, expôs sua humanidade ao cair em desânimo.

Comentário

Poucas pessoas têm tido um reconhecimento tão notório por suas orações como o profeta Elias. Quando ele orou ao seu Deus (o nome “Elias” significa “meu Deus é Jeová”), os resultados foram realmente notáveis.

Uma das razões por que Elias obtinha resultados tão perceptíveis era certamente a manutenção de uma relação que não prescindia da comunicação regular com Deus. Esse relacionamento estreito transparece em 1 Reis 17.1: “Então, Elias, o tisbita, dos moradores de Gileade, disse a Acabe: Vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou, que nestes anos nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo a minha palavra”. As palavras “perante cuja face estou” indicam, no mínimo, que Elias mantinha uma estreita relação pessoal com Deus, derivando daí sua condição de representante. Mostra também que Elias tinha comunhão com o Deus a quem representava e de quem se habituara a receber direção.

Robert L. Brandt e Zenas J. Bicket. Teologia Bíblica da Oração. Editora CPAD. pag. 109.

 

“Elias apareceu na hora H na história de Israel… Tal qual um meteoro, ele iluminou o negro céu da noite espiritual de Israel”. Ninguém poderia ter lidado melhor com um casal como Acabe e Jezabel do que Elias. O rude e sombrio profeta de Tisbé tornara-se o instrumento da confrontação de Deus.

A primeira coisa que exige nossa atenção é o nome de Elias. A palavra hebraica para “Deus” no Antigo Testamento é Elohim, usada em alguns momentos na forma abreviada de El. A palavra jah é o termo usado para “Jeová”. Assim, no nome de Elias (Elijah) encontramos as palavras usadas para “Deus” e “Jeová” . Entre elas existe um pequeno “i” que, em hebraico, é uma referência ao pronome pessoal “meu”. Colocando as palavras juntas, descobrimos que o significado do nome Elias é “Meu Deus é Jeová” ou “o Senhor é o meu Deus”.

SWINDOLL. CHARLES R.,. Elias Um homem de heroísmo e humildade. Editora Mundo Cristão. pag. 27-28.

 

Ceticismo. Argumenta que a morte dos profetas de Baal, além de demonstrar intolerância religiosa, foi um castigo exagerado da parte de um Deus que se diz misericordioso.

RESPOSTA APOLOGÉTICA: A morte era a pena prevista tanto para o falso profeta como para o idólatra. Sobre o falso profeta, lemos: ‘Porém o profeta que tiver a presunção de falar alguma palavra em meu nome que eu não lhe tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta morrerá” (Dt 18.20). E sobre o idólatra, está escrito: “O que sacrificar aos deuses, e não só ao SENHOR, será morto” (Éx 22.20).

Pelo contexto da referência em debate, os profetas de Baal estavam praticando os dois pecados. Devemos lembrar que Deus não é apenas soberano sobre toda a vida (“E disse (Jó]: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR o deu, e o SENHOR o tomou: bendito seja o nome do SENHOR” — Jó 1.21), mas absolutamente justo na execução da justiça (Gn 18.25).

Bíblia Apologética de Estudo, Edição Ampliada. lCP – Instituto Cristão de Pesquisas. Editora Geográfica. pag. 370.

 

I – O DESAFIO NO MONTE CARMELO

1.      O zelo de Elias o pôs diante de um confronto. Devido à apostasia do povo e à falta de liderança espiritual do rei Acabe, e de outros que lhe antecederam, Elias, como alguém que conhece muito bem o Deus que serve, viu-se na condição de lançar um grande desafio diante de todos. Mandou chamar os profetas de Baal e lhes incitou dizendo: “o deus que responder por fogo esse será Deus” (1 Rs 18.24).  O profeta foi levado a fazer isso em função da pergunta, sem resposta, que lançou antes do confronto: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; e, se Baal, segui-o” (1 Rs 18.21). O povo não tinha resposta para esta pergunta porque estava em dúvida sobre quem, de fato, era o verdadeiro Deus.

Comentário

Perceba que o povo de Israel já havia penetrado no campo radical da idolatria, mas mesmo ali eles estavam divididos e indecisos. Alguns estavam seguindo os postes-ídolos. Outros seguiam Baal. Outros ainda estavam hesitantes quanto ao Deus dos céus. Estavam indecisos.

Por causa disso, Elias os confronta com a verdade: “Ouçam. Até quando vocês estarão mornos? Por quanto tempo vão vacilar ou hesitar? Não é possível seguir os dois caminhos. Se o Senhor é Deus, então sigam-no. Se Baal é Deus, então sigam Baal. Fiquem de um lado o u de outro. E hora de decisão”.

O povo não diz uma palavra. Eles não responderam ao desafio de Elias. Nem sequer argumentaram com ele. A coisa mais fácil a fazer n a hora da decisão é não se comprometer. Fique na zona neutra. E foi isso o que eles fizeram. Ficaram calados.

Mas Elias não se intimidou. Permaneceu firme, sozinho, suplantado em número, mas absolutamente invencível nas mãos de Deus. Diante de Elias estava o povo, adoradores de ídolos e indecisos. A seu lado, os 850 profetas e sacerdotes de Baal e Aserá. Sem dúvida havia nichos de ídolos aqui e ali por todo o monte Carmelo, bem como na maioria dos montes de Israel daquela época. Mas Elias não estava com medo. Ele era o homem de Deus e tinha um plano que eles jamais conseguiriam ignorar ou esquecer. Como se diz, ele iria “dar um jeito” neles.

SWINDOLL. CHARLES R.,. Elias Um homem de heroísmo e humildade. Editora Mundo Cristão. pag. 86-87.

 

O povo concorda com ele: E boa esta palavra (v. 24). Ele concorda que a proposta é justa e perfeita. “Deus frequentemente tem respondido por fogo; se Baal não puder fazer isso, que seja banido como um usurpador”. Eles estavam muito desejosos de ver experiência, e pareciam resolvidos a aceitar o resultado, qualquer que fosse ele. Aqueles que estavam firmes em Deus não duvidavam que isso terminaria para a honra dele; os que eram indiferentes estavam inclinados a se decidirem; e Acabe e os profetas de Baal não ousavam se opor por medo do povo, e esperavam que eles obtivessem fogo do céu (embora nunca tivessem tido até ali), e isso porque, como pensam alguns, eles adoravam ao sol em Baal, ou que Elias não podia, porque não era no Templo, onde Deus tinha o costume de manifestar a sua glória. Se, nesse teste, eles pudessem conseguir pelo menos um empate, as suas outras vantagens lhes dariam a vitória. Portanto, vamos ao teste.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 518.

 

 

2.      O problema de não saber a quem adorar. Este triste dilema espiritual se faz presente todas as vezes que o povo de Deus se envolve com a idolatria, pois os que adoram ídolos não conseguem enxergar o verdadeiro amor e cuidado divinos, uma vez que, a despeito de terem todas as características de divindade, esses pretensos deuses não passam de ilusão inventada pelo homem. Entretanto, mesmo sendo falsos, esses ídolos exercem muita força e influência sobre o coração do homem, tornando-o tão ignorante quanto eles próprios (Sl 135.18). Vale destacar que os ídolos não precisam necessariamente ser físicos, pois podem estar camuflados no coração humano a fim de controlarem as decisões e toda a vida de uma pessoa. Jesus nos alertou sobre isso (Mt 6.24).

Comentário

Até quando coxeareis entre dois pensamentos? A King James Version diz “coxeareis” (ficareis estacionários entre as duas possibilidades): a Revised Standard Version diz “saltareis”. O povo de Israel estava aleijado por causa de sua hesitação. O hebraico diz, originalmente, “saltareis”; mas, nesse caso, o sentido poderia ser “pular”. Israel pulava entre Yahweh e Baal. O quadro é o de um homem que pula sobre uma perna, e depois sobre a outra, em vez de andar com deliberação. Nesse caso, em lugar de pensamentos, deveríamos ler pernas. A palavra hebraica corresponde aos ramos das árvores (ver Isa. 17.6) que se subdividem aos pares, e essa poderia ser uma metáfora acerca das pernas humanas.

Apesar de ser difícil determinar qual metáfora o profeta Elias usou, o seu significado é claro: havia em Israel a urgente necessidade de o povo escolher entre Yahweh e Baal. A síndrome do pecado-calamidade continuaria perseguindo os indecisos que não conseguiam livrar-se da idolatria.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1439.

 

Elias censurou o povo por misturar a adoração a X Deus com a adoração a Baal. Não apenas alguns israelitas adoravam a Deus enquanto outros adoravam a Baal; mas os mesmos israelitas às vezes adoravam a um e às vezes a outro. Ele chama isso (v. 21) de coxear entre dois pensamentos (ou opin iões). Eles adoravam a Deus para agradar aos profetas, mas adoravam a Baal para agradar a Jezabel e bajular a corte. Eles pensavam em ficar no meio termo e jogar dos dois lados, como os samaritanos em 2 Reis 17.33. Agora Elias lhes mostra o absurdo dessa atitude. Ele não insiste na relação deles com Jeová — “Não é Ele o vosso Deus e o de vossos pais, enquanto Baal é o deus dos sidônios? E houve alguma nação que trocasse os seus deuses? (Jr 2.11). Não, ele põe de lado a prescrição e entra no mérito da questão:

— “não pode haver senão um Deus, senão um infinito e supremo: não se necessita senão de um Deus, um onipotente, um todo-suficiente. Qual é a necessidade de acrescentar algo ao que é perfeito? Agora, se no teste parecer que Baal é o Ser onipotente e infinito, o supremo Senhor e benfeitor todo-suficiente, vós deveis renunciar a Jeová e aderir apenas a Baal: mas se Jeová for aquele único Deus, Baal será uma fraude, e vós não deveis ter mais nada a ver com ele”. Observe:

  1. E uma coisa muito ruim coxear entre Deus e Baal. “Em diferenças reconciliáveis (diz o bispo Hall) nada mais seguro do que a indiferença da prática e da opinião; mas em casos de tal necessária hostilidade entre Deus e Baal, aquele que não está com Deus está contra Ele” (compare Marcos 9.38,39 com Mateus 12.30). O serviço a Deus e o serviço do pecado, o domínio de Cristo e o domínio de nossa concupiscência, esses são os dois pensamentos entre os quais é perigoso coxear. Coxeiam entre eles os que não têm firmeza de suas convicções, são inseguros e instáveis em seus propósitos, prometem o que é justo, mas não cumprem, começam bem, mas não continuam, são inconsistentes consigo mesmos, ou indiferentes e desanimados em relação àquilo que é bom. O seu coração está dividido (Os 10.2), ao passo que Deus deseja tudo ou nada.
  2. Nós temos total liberdade de escolha: escolhei hoje a quem sirvais (Js 24.15). Se pudermos encontrar alguém que tenha mais direito a nós ou que seja um senhor melhor para nós do que Deus, podemos escolhê-lo por nossa conta e risco. Deus não exige nada mais de nós do que lhe é de direito. A esta justa proposta, que Elias faz aqui, o povo não soube dizer nada: o povo lhe não respondeu nada. Ele não podia dizer nada para justificar-se e não diria nada para se condenar, mas, como povo confuso, deixou Elias falar o que desejasse.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 518.

 

Na indagação de Elias, até quando coxeareis entre dois pensamentos? (21) podemos imaginar: O tormento da indecisão – (1) a atraente sedução de outros deuses, 18,19; (2) a reivindicação do Senhor de ser o único Deus, 21; (3) o crucial teste das conseqüências, 24; (4) O fracasso do falso, 25-29; (5) o triunfo da verdade, 30-40.

Harvey E. Finley. Comentário Bíblico Beacon I e II Reis. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 332.

 

 

3.      O desafio do fogo. Elias tinha certeza de que Deus era com ele e, por isso, propôs o desafio: o Deus que respondesse com fogo deveria ser adorado. Os que andam com Deus não precisam desafiá-lo para testarem sua lealdade e seu amor. Tais pessoas são tão íntimas de Deus que são impelidas, guiadas, conduzidas em seu coração para aquilo que o Senhor quer fazer. Portanto, não foi a vontade de Elias lançar o desafio, mas a do próprio Deus para, mais uma vez, mostrar ao povo de Israel que Ele era, sempre foi e sempre será o único Deus verdadeiro, a quem deveria servir.

Comentário

Usos e Regulamentos Religiosos

Não era permitido acender fogo em dia de sábado, provavelmente como medida para impedir algum labor desnecessário, como o cozinhar (Êxo. 16:23; 35:3). Talvez para fins de aquecimento, braseiros eram acesos no dia anterior, que então eram mantidos a queimar. O fogo desempenhava um importante papel na adoração efetuada no tabernáculo e no templo de Jerusalém, onde os altares de incenso e das ofertas queimadas requeriam tal coisa. O fogo, no altar de Deus, era uma chama eterna (Lev. 6:13). Esse fogo era a fonte das chamas usadas no altar dos holocaustos. Não se podia usar fogo estranho (proveniente de qualquer outra fonte) (ver Lev. 10:1; Núm. 3:4; 26:61). No Antigo Testamento há mais de cem referências às estipulações que governavam as ofertas queimadas, concentradas principalmente nos livros de Levítico, Números e Deuteronômio. Em algumas raras ocasiões, chamas divinas consumidoras desceram sobre os sacrifícios postos sobre o altar, como nos casos de Aarão (Lev. 9:24); Davi (I Crô. 21:26); Salomão (II Crô. 7:1) e Elias (I Reis 18:38).

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 4443.

 

Dois novilhos. Foram preparados para serem sacrificados, cortados e postos sobre dois altares, o que proveria um modus operandi para testar a situação. Um sacrifício seria para Yahweh; o outro seria para Baal. Porventura Yahweh reagiria ao sacrifício e queimaria a oferenda mediante fogo enviado do céu? E Baal, faria o mesmo? Baal era considerado o deus do céu. Se fosse verdadeiramente isso e estivesse vivo, interessado no bem-estar de seu povo e de seu culto, não seria demais para ele enviar um corisco e queimar o sacrifício. Ele controlava ou não as condições atmosféricas? Yahweh, por outra parte, era o tradicional Deus de Israel, operador de milagres, que lhes dera as terras e a vida. Teria Ele o poder de enviar Seu corisco e consumir o sacrifício?

Presumivelmente, aquele que fosse o verdadeiro Deus enviaria a chuva e poria fim à seca. Baal era o deus que, alegadamente, controlava as condições atmosféricas. Por que ele teria permitido que seus adoradores sofressem tão grande seca e fome?

O Deus que Responde por meio do Fogo. Há uma lição moral em toda essa situação. Deus é um Deus de poder e de mudanças súbitas. Ele é um Deus de intervenção. Isso é o teísmo. Ver a respeito no Dicionário.

Outra Lição Moral. Nas questões morais, a estrada do meio nem sempre é a correta. Os homens espirituais devem ser homens de convicções inarredáveis. Todo rei dividido contra si mesmo deve cair (ver Mat. 12.25).

Um Sinal do Céu. Israel estava acostumado com tais coisas e ansiava vê-las. Portanto, Elias apelou para o condicionamento religioso dos israelitas. Cf. Lev. 9.24; I Crô. 21.26; II Crô. 7.1. Jesus criticou o desejo excessivo de ver sinais (ver Mat. 12.38,39; e 16.1-4).

O povo que se tinha reunido para ver o grande espetáculo (e podemos ter certeza de que havia ali grande multidão) concordou em aceitar o contesto. Yahweh venceu, mas a idolatria prosseguiu em Israel. Essa é uma das dificuldades com os sinais. Quando eles ocorrem (se é que ocorrem), ainda assim não tomamos nenhuma decisão, ou continuamos em nossos antigos caminhos.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1439-1440.

 

Emblema da presença divina.

Embora o fogo literal seja um fenómeno sobrenatural, ele tem uma qualidade de mistério, um fator invariavelmente associado à divindade. Conseqüentemente, era um emblema da presença divina para os hebreus. Na primeira referência da Escritura ao fogo, quando Abraão fez sacrifício, “eis um fogareiro fumegante e uma tocha de fogo, que passou entre aqueles pedaços” (Gn 15.17). O fogo foi um emblema da presença divina para Moisés na sarça ardente; para Israel na “coluna de fogo”; e para Moisés e Israel no Monte Sinai, quando a lei foi entregue (Êx 3.2; 13.21; 19.18). Elias mandou descer fogo do céu para consumir dois contingentes de soldados; e também foi levado ao céu por “um carro de fogo, com cavalos de fogo” (2Rs 1.9-12; 2.11). Eliseu pediu a Deus para abrir seus olhos de servo para ver o monte que estava “cheio de cavalos e carros de fogo” (2Rs 6.17). Amais consistente expectativa da presença de Deus estava no altar, no momento em que os holocautos eram feitos. Há mais de cem referências ao fogo no altar no AT, incluindo as leis que regem os holocaustos (Lv, Nm, Dt). Há exemplos extraordinários do fogo divino consumindo sacrifícios oferecidos por Arão (Lv 9.24); por Davi (ICr 21.26); por Salomão (2Cr 7.1); por Elias (lRs 18.38). Também, o anjo fez um holocausto, em cada caso, com os alimentos oferecidos por Gideão e Manoá (Jz6.21; 13.20).

MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 2. pag. 886.

 

II – A ORAÇÃO DE ELIAS

1.      Os preparativos de Elias. Diante da impossibilidade de resposta de Baal aos apelos de seus adoradores, Elias começou os preparativos para a operação do milagre (1 Rs 18.23). A primeira coisa que fez foi reparar o altar do Senhor, que estava quebrado; consequência imediata da idolatria (1 Rs18.30). A seguir,  juntou doze pedras que simbolizavam as doze tribos de Israel, cavou um rego em volta do altar, colocou a lenha, dividiu o bezerro em pedaços sobre a lenha e pediu para que se derramasse doze cântaros de água sobre o altar, de tal modo que ficasse totalmente encharcado; o que estava nele, e o rego em sua volta (1 Rs 18.31-35).

Comentário

A primeira coisa que Elias fez foi reconstruir o altar do Senhor, que fora destruído durante o período de idolatria na terra de Israel. Ele evitou qualquer contato com o altar que havia sido dedicado e associado a Baal. Se o fogo do céu vindo da parte de Deus deveria provar que Jeová era o único Deus, então o “altar do Senhor” precisava ser reconstruído para receber aquele fogo. Assim, usando doze pedras que representavam as doze tribos de Israel, Elias construiu um altar que seria usado unicamente para a glória de seu Deus.

Veja que Elias pediu ao povo que enchesse quatro cântaros com água. Alguns comentaristas acreditam que o termo traduzido como “cântaros” deveria ser “barris”. Seja como for, o importante aqui é perceber que eles usaram uma quantidade de água suficiente para encharcar o altar de Deus que fora reconstruído. Alguns críticos têm suas diferenças com este versículo. Eles dizem: “Se havia uma seca tal na terra, onde eles conseguiram aquela água?”. O que eles não levam em conta é que o monte Carmelo não está distante do Mar Mediterrâneo e que havia muita água ali. É claro que as pessoas não podiam bebê-la. Mas a água salgada cumpriria bem a função de encharcar a madeira.

Imagine o povo descendo a montanha, indo pegar água e, então, subindo novamente e jogando sobre o altar. Fizeram esta viagem três vezes, de acordo com as instruções de Elias, até que a oferta e a madeira estivessem encharcadas a tal ponto que a água encheu o rego que fora cavado em volta do altar. O profeta estava determinado a provar sua posição.

SWINDOLL. CHARLES R.,. Elias Um homem de heroísmo e humildade. Editora Mundo Cristão. pag. 100-101.

 

Tomou doze pedras. O autor sacro quer que compreendamos que Elias tomou doze das pedras originais do altar e as colocou de volta no lugar, e com elas reconstruiu o altar. Para o profeta, Israel ainda era formado por doze tribos, tal como acontecera no império unificado de Israel. Por meio desse ato, Elias queria dizer que Yahweh continuava sendo o Deus de todo o Israel, as nações do norte (Israel) e do sul (Judá). Cf. Gên. 32.28.

Com aquelas pedras edificou o altar em nome do Senhor. Isso representou a restauração do antigo altar, porque foram empregadas as mesmas pedras. Elias teve o cuidado de esclarecer que ele estava edificando aquele altar no nome de Yahweh, o objeto de sua adoração, lealdade e serviço.

Depois fez um rego em redor do altar. Esse rego era de tamanho suficiente para conter duas medidas de sementes. “Medidas”, aqui é a palavra hebraica seah, o equivalente a cerca de doze litros. Provavelmente devemos entender que o rego do outro lado do altar poderia conter o mesmo tanto. Ver o artigo Pesos e Medidas no Dicionário. Contudo, as opiniões variam quanto à capacidade de uma “medida”. A água que Elias lançaria sobre o altar escorreu e encheu os regos (ver o vs. 35), Ter água ali não ajudava muito, caso alguém quisesse que o fogo consumisse o sacrifício, e isso autenticava a realidade do acontecimento miraculoso.

Então armou a lenha. A lenha era necessária para que houvesse uma oferta queimada, peio que ela foi cortada e disposta apropriadamente. O novilho foi corta do em pedaços e colocado sobre a lenha. Então quatro cântaros de água foram derramados sobre o conjunto. Os pedaços do animal e a lenha ficaram, assim, ensopados, isso foi feito uma segunda e, depois, uma terceira vez (ver o vs. 34). Elias chegou a exagerar com a água. O altar e o rego preparados transformaram-se numa pequena lagoa, com o sacrifício e a madeira projetando-se acima dela, completamente encharcados de água. Elias sabia que a água não haveria de impedir o fogo que Yahweh estava prestes a fazer cair sobre o altar e consumir a tudo.

Esperando a Chuva. Além do fato dramático de que o fogo faria evaporar toda a água, provando assim a autenticidade do milagre, também foi um símbolo do desejo de Elias pela chuva. De fato, foi um pedido pela chuva, a fim de que terminassem a seca e a fome. A operação foi repetida por três vezes para garantir a eficácia. Cf. I Reis 17.21 quanto ao significado do número três. Ver também no Dicionário o verbete chamado Número (Numeral, Numerologia). O profeta Elias fez o “retorno das chuvas”, que aconteceria não muito depois dessa cena, outra prova de que Yahweh era o verdadeiro Deus de Israel.

O monte Carmelo tinha uma fonte perene que nunca se secava, mesmo nos tempos da seca mais severa, e sem dúvida foi dessa fonte que Elias tirou a água, conforme afirmou Josefo.

A água corria ao redor do aliar. A água encheu os regos cavados por Elias (vs. 32). Com isso a mensagem estava sendo proclamada: “Este altar não pode pegar fogo exceto por intervenção divina. As chuvas também não poderão cair exceto pela intervenção divina. Yahweh é o Deus da intervenção. Volta a Ele, ó Israel”. O poder divino haveria de manifestar-se ou não. Todos veriam a resposta divina. Se ela acontecesse, os espectadores reconheceriam que o verdadeiro Deus tinha dado a resposta. Nenhum ser humano poderia fazer aquele altar tão encharcado de água queimar o sacrifício.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1440-1441.

 

E difícil encontrar uma explicação a respeito do altar do Senhor que Elias reparou (30). Parece que a adoração a Deus, conduzida nesse local, havia sido interrompida. Uma provável sugestão é que esse altar fora usado por pessoas do Reino do Norte que eram fiéis a Deus, mas que foram proibidas de continuar com suas práticas religiosas por causa da religião de Acabe e Jezabel, que era dirigida à adoração a Baal e Aserá. A restauração de Elias significava que a religião de Deus seria novamente instalada. Talvez exista aí a explicação da razão pela qual Elias escolheu o monte Carmelo para a competição contra os profetas de Baal.

As doze pedras (31), as quais simbolizavam as doze tribos de Israel, foram colocadas no altar com a finalidade de retratar o desejo de Deus para a unidade entre as tribos, particularmente uma crença unificada em sua pessoa. Segundo a largura de duas medidas de semente (32), isso “não pode significar duas medidas de cereais juntas, mas, provavelmente, a largura da vala em volta do altar, uma grande jarda, ou uma medida semelhante” (Berk). Depois de tomar grandes precauções à vista de todos, contra acusações de fraude (33-35), o sacrifício de Elias estava pronto.

Harvey E. Finley. Comentário Bíblico Beacon I e II Reis. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 333.

 

2.      Uma oração confiante. A oração de Elias foi simples e curta, contrastando com as súplicas dos profetas de Baal (1 Rs 18.36,37).  Elias queria mostrar que, para Deus responder, não são necessárias cerimônias especiais, sacrifícios ou mutilações. Basta o exercício da fé no verdadeiro Deus. É relevante ressaltar que o profeta Elias, em sua oração, declarou, diante do povo, que o Deus a quem ele orava era o mesmo Deus dos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, e que, pelo fato de também ser um servo de Deus e estar cumprindo a vontade dEle, tinha direito à manifestação divina como resposta. Nesta oração, o profeta expõe o verdadeiro motivo de ter erigido aquele altar, e da necessidade de Deus responder com fogo: “para que este povo conheça que tu, Senhor, és Deus e que tu fizeste tornar o seu coração para trás” (1 Rs 18.37).

Comentário

E foi então que Elias chegou-se à frente e iniciou sua oração: Sucedeu, pois, que, oferecendo-se a oferta de manjares, o profeta Elias se chegou e disse: Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, manifeste-se hoje que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo, e que conforme a tua palavra fiz todas estas coisas. Responde-me, Senhor, responde-me, para que este povo conheça que tu, Senhor, és Deus e que tu fizeste tornar o seu coração para trás (1 Rs 18.36,37).

O modo como nos dirigimos a Deus é totalmente relevante, podendo inclusive despertar o coração daquEle que nos ouve. Reconhecer quem é Deus edifica a fé naquilo que Ele pode fazer. Nosso Deus não tem nada a ver com divindades como Baal, que não podem dar resposta mesmo que seus pretensos profetas a busquem com a maior intensidade e importunação. Ao contrário, o Deus de Elias é também o Deus de Abraão, de Isaque e de Israel; cada um desses patriarcas recebeu respostas sobrenaturais às suas orações. Apenas uma vez, nas Escrituras, Deus se identifica desse modo, como o Deus de Abraão, Isaque e Jacó — naquela ocasião, o próprio Deus é quem aplica a si essa expressão, do meio da sarça ardente (cf. Êx 3.6). Nossas orações podem ser enriquecidas se, dirigindo-nos a Deus, basearmo-nos naquilo que Ele é. (Note a oração de Paulo em Ef 1.17: “O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória”.)

Robert L. Brandt e Zenas J. Bicket. Teologia Bíblica da Oração. Editora CPAD. pag. 111.

 

Simplicidade Contrastada ao Frenesi. Certamente temos uma importante lição aqui. Se existe o poder divino, então não precisamos cair em estado frenético para fazer esse poder funcionar. Se esse frenesi for necessário, pode-se suspeitar que quem atraiu o poder não foi o divino, mas sim o poder humano, não bem compreendido, ou então um poder extra-humano (mas não divino). Existem muitos poderes e muita gente que atraem esses poderes e os chamam de poderes divinos. Elias ofereceu uma oração simples e direta. Algumas vezes, a ostentação é confundida com uma espiritualidade superior.

O objeto da petição de Elias foi Yahweh-Elohim, o Deus Eterno e Todo- poderoso, que era o Deus do pai da nação, Abraão, bem como dos patriarcas Isaque e Jacó, seus descendentes diretos. Elias orou ao Deus do pacto, que pusera Israel no mapa, para começo de conversa. Ver Gên. 15.18 quanto ao Pacto Abraâmico. Quanto à fórmula dos nomes múltiplos (Abraão, Isaque e Jacó), cf. Gên. 46.1; 48.15; Êxo. 3.6,16; 4.5; Núm. 32.11; Deu. 1.8; II Reis 12.23; II Crô. 30.6; Jer. 33.26; Mat. 22.32; Atos 3.13. Ao mencionar os patriarcas, o profeta identificou a nação de Israel com as antigas tradições e pactos. Foi em nome desse Deus que Elias realizou o feito daquele dia, na esperança de que os idólatras vissem a luz e retornassem aos antigos caminhos da nação. Deus é um só; Israel deveria ter um Deus, em lugar de promover a idolatria com seu interminável panteão de deuses. Ver no Dicionário o artigo chamado Monoteísmo.

Para que este povo saiba que tu, Senhor, és Deus. Ouve-me, ó Deus! Convence Este Povo! Esta foi a petição de Elias. Ele era um profeta de Deus, em lavor do povo. Se o coração deles tivesse de ser atraído para os antigos caminhos, somente Yahweh poderia permiti-lo. Os esforços e os desejos humanos só tinham contribuído para levar o povo da nação do norte, Israel, à apostasia.

O Targum, aqui, tem uma paráfrase iluminadora: “Recebe a minha oração, ó Senhor acerca do fogo, e recebe a minha oração acerca da chuva”, a qual mostra que o autor sagrado compreendeu que a oração inteira era um pedido pela chuva, e não meramente uma demonstração espetacular de poder, enviando fogo para consumir tudo quanto havia sobre o altar.

As palavras do profeta tinham por desígnio demonstrar aos circunstantes que tudo fora feito em sua capacidade de servo de Deus (cf. I Reis 17.1 e 18.15).

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1441.

 

Na hora em que o sacrifício da noite era habitualmente oferecido, Elias orou ao Deus dos patriarcas de Israel, que também era o seu Senhor. Ele orou, como somente uma pessoa obediente pode rogar, para que Deus pudesse responder, afastar o seu povo (37) de Baal e Aserá, e trazê-lo de volta para Si.

Harvey E. Finley. Comentário Bíblico Beacon I e II Reis. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 333.

 

3.      A misericórdia de Deus. Na oração de Elias está claro que o desejo de Deus era que seu povo se voltasse para Ele através daquela demonstração de poder. A descida do fogo que consumiu o holocausto, a lenha, as pedras, o pó e ainda secou toda a água que estava ao redor do altar (1 Rs 18.38) é uma exata comprovação, não apenas de que Ele é Deus e está acima de tudo e de todos, mas de que Ele estava dando a Israel uma nova oportunidade de comunhão. A reação do povo foi unânime em reconhecer que o Eterno é o Deus verdadeiro (1 Rs 18.39). Com isso, a seca que já durava três anos e meio terminou (1 Rs 18.41,44). Elias subiu ao cume do monte Carmelo, orou a Deus e caiu uma abundante chuva (1 Rs 18.45).

Comentário

O conteúdo da oração simples de Elias, que obteve uma resposta imediata e inegável dos Céus (w. 38,39), revela a principal paixão do grande profeta. Para nós, tanto quanto para Elias, a oração é um reflexo do coração. Da perspectiva de Elias, Israel precisava conhecer duas coisas:

1) a identidade de Deus e

2) a origem da autoridade de Elias.

Robert L. Brandt e Zenas J. Bicket. Teologia Bíblica da Oração. Editora CPAD. pag. 111-112.

 

O plano de Elias era astuto, porém justo e simples. Baal era adorado como o deus do sol (o fogo do universo) e como o deus controlador de todas as colheitas e da produtividade da terra. Um deus assim com certeza teria raios e trovões em seu arsenal de armas! Se ele era capaz de fazer qualquer coisa, então poderia dar início a um incêndio. O mesmo podia ser dito com relação a Deus Jeová. O plano de Elias se transformaria numa ótima oportunidade para testar o poder das deidades rivais.

Veja o que o povo respondeu:

E todo o povo respondeu e disse: É boa esta palavra. 1 Reis 18:24b

“Boa idéia, Elias! Vamos fazer isso mesmo”, respondeu o povo a uma só voz.

SWINDOLL. CHARLES R.,. Elias Um homem de heroísmo e humildade. Editora Mundo Cristão. pag. 96-97.

 

Então caiu fogo do Senhor. A despeito de a oração de Elias ter sido tão simples e sem ruído e frenesi. Há nisso, por certo, uma lição preciosa para alguns segmentos da Igreja cristã, que dependem tanto de cultos caracterizados pelo frenesi a fim de atrair o “Espírito”. E não é um bom argumento dizer que Elias não precisava de ruído, mas nós precisamos. O ruído pode imitar a intensidade, e a intensidade pode existir juntamente com o frenesi.

O fogo foi eficaz e consumiu a tudo: o sacrifício, a lenha, a poeira que havia sobre o altar, a água que estava nas trincheiras e sobre o próprio altar. A água evaporou-se e foi transformada em nada. O fogo, como é claro, deve ser considerado algo sobrenatural. O fogo e a luz são associados à aparição de Yahweh. É inútil tentar encontrar alguma explicação física e natural para o milagre. Milagres simplesmente acontecem, ocasionalmente, com algum propósito em mira. Ver no Dicionário o verbete intitulado Milagres, como demonstração disso. Se os hebreus acreditavam que o relâmpago e os trovões procediam de Deus, essa não era toda a crença deles. Também criam em manifestações extraordinárias, e o acontecimento presente foi uma dessas manifestações. Nenhum relâmpago natural poderia ter feito o que foi aqui descrito, e é tolice falar em coincidência, como: “Por pura coincidência um relâmpago caiu sobre o altar naquele exato instante”. Também é insensatez falar de “coincidências significativas”. Deus esteve presente no acontecimento, mas foi um acontecimento natural. Pelo contrário, há ocasiões em que exibições divinas são providas pela graça e pelo poder de Deus. Os homens espirituais reconhecem quando isso acontece. Os criticos terão de aprender sobre esses acontecimentos, mais cedo ou mais tarde.

No entanto, “Elias era apenas uma voz que conclamava os homens a ‘preparar o caminho do Senhor’” (Ellicott, in loc.). Elias deve ter parecido um grande homem naquele dia. Mas foi Yahweh quem realizou todo o milagre.

O Senhor é Deus! O Senhor é Deus! Tendo visto a cena incrível, o povo pôs-se a berrar: “Yahweh é Deus. Yahweh é o Deus de Israel”. E prostrou-se de joelhos diante do espantoso espetáculo. Cf. o que aconteceu à inauguração dos sacrifícios no tabernáculo (ver Lev. 9.24). Elias tinha provado a sua contenção e vencido o contesto, mas Israel continuaria marchando na direção da apostasia, até que o cativeiro assírio levasse toda a nação do norte (o que ocorreu em 722 A. C.). Mas tinha sido provida uma ampla oportunidade, e isso é que é importante.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1441.

 

Deus respondeu a Elias e, bondosamente, honrou os fiéis israelitas com a sua santa presença. Seu fogo sagrado consumiu a lenha, o sacrifício encharcado de água e o próprio altar (38). O povo, cheio de admiração e espanto, confessou o que todo homem deve confessar – quanto mais cedo na vida, melhor: “Só o Senhor é Deus! Só o Senhor é Deus!” (39). Essa confissão deixava bem claro que eles haviam decidido em favor de Deus e contra Baal. Elias, então, ordenou que o povo agarrasse os profetas de Baal para matá-los.

O Quisom (40), também mencionado na batalha de Débora e Baraque contra Sísera (Jz 4.13; 5.21), e que corre a cerca de 300 metros abaixo de el-Muhraka, pode ser alcançado quando se desce uma ravina cheia de pedras.

No sacrifício e na oração de Elias podemos ver: (1) Uma fé que ousa submeter Deus a um teste, 30-35; (2) Um homem que está preocupado com a glória de Deus e a salvação de seu povo, 36,37; (3) A espécie de resposta dada por Deus a essa fé e a esses homens, 38;

e, (4) A resposta do povo diante do poder de Deus assim manifestado, 39.

(4) Deus envia a chuva (41-46). Elias fez o povo entender que era Deus, e não Baal, quem enviava a chuva e terminava com a terrível seca. A finalidade do milagre era mostrar claramente quem estava no controle de todo o reino da Natureza.

As pessoas consideravam que Baal era particularmente o deus da tempestade e da chuva. Elas acreditavam que durante o verão, quando o campo se tornava seco e tostado, como acontece na Palestina, Baal dormia ou estava confinado ao mundo inferior. O retorno das chuvas em meados de outubro ou no início de novembro indicava que Baal retomava às suas atividades.

Harvey E. Finley. Comentário Bíblico Beacon I e II Reis. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 333.

 

III – ELIAS EM HOREBE

1.      Os feitos e a exaustão do profeta. Elias chegou à exaustão diante de tantos embates que enfrentou para fazer o povo de Deus retornar ao caminho (1 Rs 19.5). Isso mostra que até mesmo os crentes mais fiéis podem vir a sofrer depressão e desânimo na sua caminhada, mesmo depois de serem usados pelo Senhor de forma extraordinária, como foi Elias. Isso significa que aqueles que ascendem em posição na obra de Deus também podem descer em proporções iguais. Vejamos os grandes feitos de Elias em sequência: conseguiu reunir o povo no Carmelo através de Acabe, seu inimigo; fez descer fogo do céu no altar molhado; fez o povo, mesmo em rebeldia, se dobrar diante do Senhor; eliminou cerca de 850 profetas de Baal e Aserá, que recebiam apoio do rei; fez chover após grande período de seca; correu mais depressa que a carruagem de Acabe; e foi sustentado por um anjo.

Comentário

Eis que um anjo o tocou. Em pouco tempo, o próprio Yahweh estaria dando uma notável exibição de força, e, principalmente, haveria aquela pequena voz ciciante que lhe daria encorajamento e força (vss. 13 ss.). Elias continuou a viver na dimensão divina e, à semelhança de Sansão, em breve recuperaria as forças. Mas em primeiro lugar ele tinha de cuidar de sua força física, mediante a alimentação. A presença divina cuidaria então do resto. Deus tinha para Elias uma mensagem encorajadora, a previsão do que aconteceria em breve, e um poder espiritual renovado.

“O Senhor estava tão indisposto a conceder o pedido de Elias de que lhe fosse tirada a vida, que fez provisões para preservá-la; tão cuidadoso era para com ele que providenciou um anjo para protegê-lo e guiá-lo” (John Gill, in loc.).

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1443.

 

Nossa situação seria ruim às vezes se Deus ouvisse a nossa palavra e nos concedesse o que pedimos de maneira tola e veemente. Tendo orado para que pudesse morrer, ele deitou e dormiu (v. 5), desejando morrer enquanto dormia e não acordar novamente; mas ele é despertado do seu sono e se acha, não apenas bem provido de pão e água (v. 6), mas, o que era mais importante, atendido por um anjo que o guardou quando dormia e por duas vezes o chamou para comer quando o alimento estava pronto para ele (w. 5,7).

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 523.

 

O cuidado amoroso de Deus para com o seu profeta esgotado está evidente aqui. As experiências emocionais pelas quais o profeta tinha acabado de passar deixaram nele as suas marcas.

Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. I Reis. Editora Batista Regular. pag. 65.

 

2.      O pedido para morrer. A despeito das portentosas obras que fez, Elias foi terrivelmente perseguido e ameaçado por Jezabel, a rainha. A opressão foi tanta que o profeta, tomado de um sentimento de autopiedade, mesmo fugindo para não morrer, desejou a morte em seu íntimo (1 Rs 19.4). Por isso, a Bíblia afirma que “Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós” (Tg 5.17).

Comentário

Vejamos, agora, como se ilustra a afirmação de Tiago de que Elias era um ser humano como qualquer um de nós. Eis novamente uma oportunidade de nos identificarmos com ele como pessoa de oração. Um dia ele orou e trouxe fogo e chuva sobre a terra; no dia seguinte, desanimado, orou pedindo a morte (cf. 1 Rs 19.1-7). E ele foi ao deserto, caminho de um dia, e veio, e se assentou debaixo de um zimbro; e pediu em seu ânimo a morte e disse: Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais (1 Rs 19-4).

Há tempo em que o melhor a fazer é orar e, conforme observamos no caso de Moisés, diante do mar Vermelho, há horas em que a oração não convém. Orar quando a exaustão e a depressão nos invadem pode gerar petições contrárias à vontade graciosa do Criador. Ainda bem que Deus conhece a nossa estrutura e sabe que somos humanos (Sl 103.14). Não é sua intenção nos condenar por causa de orações equivocadas, quando a vida nos oprime e, graças a Deus, Ele nos priva de uma resposta precipitada Tivesse se Ele respondido àquele apelo inconsequente do profeta, a perda talvez não pudesse ser compensada. Deus planejara para Elias uma saída da terra à parte da morte (cf. 2 Rs 2.1). A essa altura dos acontecimentos, porém, o que Elias queria era mesmo a morte.

É para a nossa edificação que a Bíblia conta a história inteira, falando não só dos feitos heroicos de alguém, mas também de suas frustrações, falhas e defeitos. Diferente de Deus, que não muda, o ser humano pode ser, num e noutro dia, “a glória” e “o escândalo” do universo. A Bíblia não embeleza a história de seus heróis. Ela permite que os vejamos como de fato eram, para aprendermos não só com seus sucessos, mas principalmente com seus momentos de fraqueza.

Robert L. Brandt e Zenas J. Bicket. Teologia Bíblica da Oração. Editora CPAD. pag. 113-114.

 

Ele mesmo, porém, se foi ao deserto. Agora Elias estava em segurança, mas muito desencorajado. Seus feitos grandiosos e o óbvio poder manifestado por Yahweh no monte Carmeio nada tinham operado de visível em Israel, exceto o fato de que Baal, pelo menos temporariamente, perdera 450 profetas (ver I Reis 18.40).

No deserto, cansado e sedento, o profeta sentou-se por um pouco à sombra de um zimbro (ver a respeito no Dicionário). Esse arbusto era comum nos desertos da Judéia, atingindo cerca de 3 metros de altura. Bloqueava fracamente a luz do sol, mas era melhor do que nada.

O Desejo de Morrer. Elias tinha caído em profunda depressão e agora desejava morrer. Estava cheio de queixumes e resmungos. Ele vira grandes coisas, mas elas foram reduzidas a quase nada, de uma perspectiva prática. Houvera grande pirotecnia, mas nenhuma mudança entre o povo, Yahweh lhe dera vida, mas agora Elias pedia que Yahweh a tirasse. Seus pais já tinham morrido, e Elias queria reunir-se a eles.

Elias estava em uma atitude “de caverna”, na qual a maioria dos homens afunda ocasionalmente. Tanto seu coração quanto sua mente se tinham escondido, e não somente seu corpo. Ele era prisioneiro de suas emoções negativas, e seu desespero o amarrava como se uma corrente de ferro. Ele não estava cantando conforme faria o salmista: “Trouxe-me para um lugar espaçoso; livrou-me, porque ele se agradou de mim” (Sal. 18.19). Sua mente estava presa na pequenez da situação que o tinha vencido. Mas ainda havia grandes vitórias a serem atingidas lá fora.

Um idoso ministro anualmente dedicava à astronomia um sermão, sempre com o cuidado de passar à congregação as mais recentes informações. Um jovem assistente criticou-o por causa desse ritual, perguntando-lhe por que fazia isso todos os anos. Ele respondeu: “Naturalmente, não tem nenhuma utilidade, mas amplia grandemente a minha ideia de Deus” (Williard L. Sperry, Yes, But…). Elias sabia tudo sobre a grandeza de Deus, mas por um momento a esquecera. Logo, porém, o Espírito estaria movimentando-se sobre ele, para fazê-lo lembrar dessa grandeza para sempre. Ele havia esquecido temporariamente as lições aprendidas em Querite, em Sarepta e no monte Carmeio.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1443.

 

Elias sob a árvore do zimbro (19.4-8). As más condições de Elias eram evidentes. Como outro homem qualquer (cf. Tg 5.17), ele desejava se retirar para longe e ficar sozinho. Seu cansaço físico e o fato de estar em uma situação embaraçosa tinham provocado um visível efeito sobre sua aparência e atitude mental. Debaixo da sombra protetora de um zimbro (4), ou junípero (rethem), um arbusto que cresce no leito seco dos rios do deserto, ele se sentia tão deprimido a ponto de desejar que sua vida logo terminasse. Em momentos como esse Deus sabe, mais que a própria pessoa, o que é necessário – dormir, boa alimentação e dormir ainda mais (5-7). Com o toque especial de Deus, e através do alimento trazido por um anjo, ele fez a longa jornada (cerca de 280 quilômetros) em direção a Horebe, ao sul (8, Sinai). Novamente, existe aqui uma notável semelhança entre a vida de Elias e a de Moisés, e os quarenta dias sugerem os mesmos quarenta dias que Moisés passou no monte; o Sinai foi para ambos a montanha da revelação.

Harvey E. Finley. Comentário Bíblico Beacon I e II Reis. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 334.

 

3.      A resposta de Deus. Deus interveio de forma miraculosa, enviando até Elias um anjo que lhe trouxe pão e água, tirando-o daquela situação de intenso desânimo (1 Rs 19.5-7). Nisto depreendemos que a comunhão e a palavra estavam à disposição do profeta. A partir de então, ele se deixou levar pelo mover de Deus através do vento, do terremoto, do fogo, da voz mansa e delicada (1 Rs 19.11,12). Elias teve oportunidade de confessar seu estado de desespero, e Deus lhe deu novos sentidos para continuar seu ministério: ungir Hazael como rei da Síria, Jeú como rei de Israel e Eliseu para lhe suceder como profeta (1 Rs 19.15,16).

Comentário

Conforme observamos, os resultados das orações de Elias foram notáveis — tanto que chegam a nos intimidar em vez de inspirarmos. Assim, além de estudar as orações de Elias que foram registradas, consideramos outros comentários bíblicos a respeito dele: por exemplo, o comentário de Tiago, irmão do Senhor, ilustrando a oração eficaz por meio de Elias (Tg 5.16-20). O Espírito Santo — para nos expurgar de quaisquer ideias erradas sobre Elias — inspirou Tiago a encorajar-nos pela observação de que “Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós” (Tg 5.17). Vemos assim que ele precisou contender com sua própria humanidade e com as paixões terrenas que ainda o rondavam, as quais guerreiam contra a alma.

Robert L. Brandt e Zenas J. Bicket. Teologia Bíblica da Oração. Editora CPAD. pag. 114.

 

Deus encontrou seu servo Elias num terrível momento de desmotivação e desespero. Isto é misericórdia da melhor qualidade, maravilhosamente retratada pelo próprio Mestre.

Primeiro, Deus permitiu que Elias tivesse um momento de descanso e refrigério. Sem sermão. Sem repreensão. Sem culpa. Sem desonra. Nenhum relâmpago do céu dizendo: “Veja só seu estado! Levante-se, seu ingrato inútil! Fique em pé! Rápido, de volta ao trabalho!”

Ao invés disso, Deus disse: “Acalme-se meu filho. Relaxe. Faz tempo que você não tem uma refeição adequada”. Aí Deus prepara uma refeição de pão quente e água fresca. Isso deve ter trazido doces memórias daqueles dias no riacho de Querite. Que Deus gracioso!

O cansaço pode fazer que você mude de rumo. A fadiga pode levá-lo a todo tipo de estranhas alucinações. Ela pode fazer que você acredite numa mentira. Elias estava acreditando numa mentira, em parte por estar exausto. Então Deus lhe dá descanso e refrigério, o que permitiu que, depois, Elias se levantasse para uma caminhada de quarenta dias e quarenta noites.

SWINDOLL. CHARLES R.,. Elias Um homem de heroísmo e humildade. Editora Mundo Cristão. pag. 136.

 

Comeu, bebeu, e tornou a dormir. O anjo fez o papel que os corvos desempenharam em outra ocasião. Houve um miraculoso suprimento alimentar que era um símbolo de toda a provisão divina e de todo o poder que se seguiriam. Elias comeu e bebeu, e tornou a dormir, pois seu espírito ainda não estava revivificado. “Moisés e os israelitas tinham viajado por aquele deserto durante quarenta anos, sustentados pelo maná que Deus fornecera, e tinham aprendido lições sobre Seus cuidados fiéis e Sua provisão. Agora Elias atravessaria o mesmo deserto durante quarenta dias e quarenta noites, sustentado pelo pão de Deus, e aprenderia as mesmas lições” (Thomas L. Constable, in loc.).

“Há um toque patético na descrição sobre o profeta, cansado e descoroçoado, sem se importar se comera o suficiente, e satisfeito, depois que a refeição fora consumida, em esquecer de si mesmo novamente, e dormir” (Ellicott, in loc.).

Voltou segunda vez o anjo do Senhor. As curas físicas com frequência requerem tempo, com uma aplicação demorada de medicamentos. As curas espirituais podem tomar várias sessões de imposição de mãos para que, finalmente, alcancem eficácia. As curas da alma e da mente também podem levar algum tempo. Deus é o Deus da segunda chance; Ele é o Deus do segundo toque. O anjo, pois, persistiu. E tocou em Elias de novo, alimentou-o novamente; e, dessa vez, fê-lo levantar-se sobre os próprios pés. Ele tinha uma longa viagem a fazer pelo deserto das perambulações de Israel e precisava de forças apropriadas para isso.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1443.

 

CONCLUSÃO

A vida de Elias é um grande exemplo para todo crente que fielmente serve ao Senhor. Ainda que à sua volta quase todos estejam contaminados pela idolatria e toda forma de injustiça, o cristão não pode perder o ânimo e a vontade de lutar pela causa do Senhor. Elias é exemplo do cuidado e da fidelidade de Deus quando o crente fiel decide seguir o que a Palavra de Deus ensina e não aquilo que a maioria acha que está certo.

 

PARA REFLETIR

A respeito de “Elias e os Profetas de Aserá e Baal”, responda:

Qual foi o desafio lançado por Elias aos profetas de Baal?

“O deus que responder por fogo esse será Deus” (1 Rs 18.24b).

O que motivou Elias a desafiar os profetas de Baal?

Mostrar ao povo de Israel que Ele era, sempre foi, e sempre será o único Deus verdadeiro, a quem deveria servir.

Qual foi a primeira providência de Elias nos preparativos para a descida do fogo divino?

A primeira coisa que Elias fez foi reparar o altar do Senhor, que estava quebrado.

Qual foi o desejo de Deus para o seu povo?

O desejo de Deus era que seu povo se voltasse para Ele através daquela demonstração de poder.

Que exemplo a vida de Elias nos deixou?

A vida de Elias é um exemplo do cuidado e da fidelidade de Deus quando o crente fiel decide seguir o que a Palavra de Deus ensina e não o que a maioria acha que está certo.

 

Estudo elaborado pelo Pb Alessandro Silva e publicado originalmente em: https://professordaebd.com.br. Acesso em: 19 JUL 2021.