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12 de julho de 2021

LIÇÃO 3: ACABE E O PROFETA ELIAS

 

3 LIÇÃO 3 TRI 21 Acabe e o Profeta Elias


TEXTO AUREO

“Saberás, pois, que o SENHOR, teu Deus, é Deus, o Deus fiel que guarda o conserto e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos” (Dt 7.9)

 

VERDADE PRATICA

Deus é pai de amor, bondade e misericórdia abundantes, contudo, todo pecado e desobediência ao Senhor trazem consequências inevitáveis à vida humana.

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

1 Reis 16.29,30; 17.1-7; 18.17-21

 

HINOS SUGERIDOS: 60, 111, 577 da Harpa Crista

 

INTRODUÇÃO

Acabe foi um dos mais perversos reis de Israel. Durante seu reinado, ele permitiu que seus terríveis pecados o desviassem completamente dos mandamentos sagrados e do temor a Deus (1 Rs 16.30). Além da desobediência já instalada em seu coração, casou-se com a ímpia Jezabel, que o induziu aos caminhos de morte (1 Rs 16.31). Suas grande seca em Israel, episódio que, mais tarde, o colocou frente a frente com o profeta Elias (1 Rs 17.1).

 

Comentário

O reinado de Acabe iniciou-se com a morte do seu pai, Onri, que iniciou uma dinastia no Reino do Norte de quatro governantes, uma das mais longas deste reino. Acabe foi o sétimo rei de Israel e reinou durante 22 anos (874–852 a.C.). Durante o seu reinado, teve embates com dois profetas: Elias, como veremos adiante, e Micaías. Acabe foi hostil a ambos, pois a sua idolatria e fracassos espirituais suscitaram várias profecias de Jeová contra ele e a sua esposa. Acabe chegou a afirmar que odiava Micaías, pois só lhe profetizava mal (1 Rs 22.8).

Na profecia em que Micaías afirmou que Acabe perderia a guerra e seria morto, este mandou lançá-lo na prisão e sustentá-lo com pão e água (1 Rs 22.26). Temendo o cumprimento da profecia, Acabe entrou disfarçado na batalha, porém foi atingido por uma flecha perdida (1 Rs 22.34). Ele morreu naquele mesmo dia, e o seu sangue foi lambido pelos cães (1 Rs 21.19; 22.38), conforme a profecia de Elias.

Durante o seu reinado, Acabe fez escolhas que impediram as bênçãos de Deus sobre a sua vida e que comprometeram o seu reinado, mas o seu principal erro foi ter deixado por completo o seu temor ao Senhor; por isso, ele foi considerado o pior rei de Israel — mais do que todos que o antecederam (1 Rs 16.33). Além da desobediência instalada no seu coração pela sua ascendência idólatra, Acabe casou-se com Jezabel, que o levou a mais caminhos de desobediência, que, por fim, levaram a uma seca em Israel e ao seu encontro derradeiro com o profeta Elias, que tentou dissuadir o rei e a rainha dos seus maus caminhos. A péssima influência deste casal, Acabe e Jezabel, perdurou por vários sucessores do trono de Israel e também, além de Elias e Micaías, foram condenadas por Oseias (ver 1.4) e por Miqueias (6.16). (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).

 

ACABE

No hebraico, irmão do pai. 1. Filho de Onri e sexto rei de Israel. Reinou por vinte e um anos, entre 918 e 897 A.C., aproximadamente. Foi um dos reis mais fracos e corruptos de Israel. Parece ter tido bons sentimentos e disposições, mas facilmente desviava-se para o mal. Sua história aparece principalmente em I Reis 16 -22. A narrativa mostra que a debilidade, por parte de alguma alta autoridade, pode produzir tanto o mal quanto a impiedade direta. Foi influenciado por sua associação com os fenícios, e vários erros por ele cometidos podem ser atribuídos a esse fato.

    Influência fenícia. Havia laços comerciais, provenientes do tempo de Davi e Salomão. Tais associações, após a divisão de Israel em dois reinos, tiveram fim em Judá, mas permaneceram fortes no norte, em Israel.

    Jezabel, sua esposa, era filha de Etball, rei de Tiro. Era mulher enérgica, mas ímpia e pagã, e conseguiu dominar completamente Acabe. Por meio da influência dela, pois, foi estabelecido o culto aos deuses fenícios, sobretudo o deus sol, Baal, no reino do norte.

    Antes disso houvera incidências de idolatria em Israel, mas agora caíram por terra todas as restrições. O rei erigiu um templo em Samaria, levantou uma imagem e consagrou um trecho arborizado a Baal. Muitos sacerdotes de Baal eram mantidos, ao ponto de a idolatria tornar-se a religião predominante em Israel. Tão poderoso foi o movimento que parecia que a antiga fé dos judeus se perderia para sempre.

    Elias (ver o artigo) era o homem certo para enfrentar a emergência. Ele se opôs vigorosamente à idolatria e à autoridade real que lhe dava o apoio. Foi autor de predições e milagres que visavam a fazer o povo voltar-se de novo para o Senhor.

    O caso de Nabote. Perto do palácio de Acabe, em Jezreel, havia um cidadão chamado Nabote, cuja vinha Acabe desejava. Acabe tentou convencer Nabote a vendê-la, mas este recusou-se devido a direitos de herança de sua família (por lei divina). Jezabel tomou a questão nas mãos, quando viu o desapontamento de Acabe, pressionando os anciãos da cidade e subornando falsas testemunhas contra Nabote, que foi assassinado por alegadas blasfêmia e traição. Acabe tomou posse da vinha, mas, em sua volta para casa, Elias saiu ao encontro dele e predisse que cães lamberiam o seu sangue no lugar onde havia sido lambido o sangue de Nabote; que Jezabel seria comida por cães, perto das muralhas de Jezreel, e que o resto da família teria seus cadáveres devorados pelos cães da cidade, ou pelas feras e aves. Acabe ficou aterrorizado e arrependeu-se, e a execução plena da profecia foi adiada até depois de sua morte, no reinado de Jeorão, seu filho (ver I Reis 21).

    Morte de Acabe. Ele morreu de ferimentos recebidos em bata- iha contra os sírios, algo que fora predito por Micaías, embora o rei não tivesse crido na predição. Militarmente, ele fora bem-sucedido mantendo seu governo e autoridade, o que é indicado pela Pedra Moabita, linhas sétima e oitava, onde somos informados de que Onri e seu filho, Acabe, governaram a terra de Medeba (conquistada por Onri), durante quarenta anos. Porém, quando Acabe envolveu-se em guerra contra os sírios, Moabe se rebelou .

    Cumprimento da profecia de Elias. Acabe foi morto por um homem que atirou sua flecha ao acaso. Conseguiu manter-se de pé em seu carro de guerra, e morreu à tardinha, e seu exército dispersou-se. (Ver I Reis 22). Ao ser trazido para ser sepultado em Samaria, os cães lamberam o seu sangue, enquanto um servo lavava o seu carro de guerra.

    Acabe e a arqueologia. O nome dele aparece com preeminência nos monumentos assírios do grande conquistador Salmaneser III (859-824 A.C.). A inscrição Monolítica, atualmente no Museu Britânico, narra o choque entre os exércitos assírios, em 853 A.C., com uma colisão de reis sírios em Carcar, ao norte de Hamate, uma fortaleza que guardava os acessos para toda a baixa Síria. Essa inscrição mostra que Acabe conseguiu sustar com sucesso o avanço assírio. Acabe lançou dois mil homens nessa batalha, mais que qualquer outro. Ultrapassado somente pelo estado damasceno, ele mostrou ser a força militar mais poderosa na Síria central e inferior, nos meados do século IX A.C.

    O aspecto mais triste da história de Acabe é o seu fracasso espiritual, tendo-se oposto abertamente a Elias, por influência de sua esposa. O pecado dele afetou negativamente gerações sucessivas, o que foi condenado por Osé. 1:4 e Miq. 6:16.

    Surpreendentemente, nosso Senhor descendia de Acabe e Jezabel! Ver Mat. 1:8,9. OUzias ali mencionado é o mesmo Uzias ou Amazias, filho de Joás, neto de Atália e bisneto de Acabe e Jezabel. (CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 1. Editora Hagnos. pag. 24-25).

 

ACABE

Sétimo rei de Israel, filho e sucessor de Onri. No livro dos Reis ele aparece tanto como um rei politicamente forte, como espiritualmente fraco. No aspecto secular, era capaz de conquistar o respeito tanto de amigos como de inimigos. No aspecto religioso, suas práticas de sincretismo traduziram a perdição da casa de Onri. Seu reino foi registrado como tendo durado 22 anos (1 Rs 16.29) considerados por Thiele entre os anos 874 e 853 a.C. (The Mysterious Numbers of the Hebrew Kings, p. 61).

O casamento com Jezabel, com finalidade política, resultou em uma mistura de bênção e maldição. A aliança concomitante com Etbaal, rei dos sidônios (1 Rs 16.31) e pai de Jezabel, trouxe uma onda crescente de comércio, riqueza e da classe dos mercadores de Israel. Entretanto, Jezabel trouxe consigo uma forma de baalismo que entrou em choque direto com a adoração ao Senhor.

Com zelo fanático, ela forçava o culto associado a Baal-Melcarte e Aserá, e gradualmente envolveu Acabe através de seu implacável vigor. Mais tarde, Acabe introduziu essa forma de baalismo em Judá, concedendo a mão de sua filha Atalia em casamento a Jeorão, filho de Josafá.

Nem Acabe, nem Jezabel, foram capazes de se manter isentos de oposição. Elias, o tisbita, aparecia repetidamente como uma consciência acusadora. Ele parecia o campeão dentre os homens comuns ao se defrontar com Acabe na vinha de Nabote. Foi também o campeão do culto a Deus na vitória alcançada no Monte Carmelo.

Embora as histórias de Elias mostrem Acabe como uma pessoa fraca e dominada por Jezabel, outros aspectos de seu reinado revelam seus pontos fortes. Suas atividades no setor de construções foram extensas e notáveis.

Em Samaria, ele continuou a construção iniciada por seu pai Onri. Escavações feitas nesse local mostram como eram fortes os muros que mais tarde iriam suportar três anos de cerco. Marfins lavrados de Samaria nos dão exemplos da mobília que foi enviada à sua “casa de marfim” em Jezreel. Foi durante o seu reinado, e possivelmente sob suas ordens, que a cidade de Jericó foi reconstruída por Hiel de Betei. Outras cidades também foram reconstruídas e fortificadas durante esse período.

O reinado de Acabe foi uma época de constantes conflitos internacionais. A Bíblia Sagrada mostra Acabe lutando contra o reino Sírio de Damasco (1 Rs 20), lutando com eles contra os assírios na batalha de Qarqar (registros de Salmanezer III) e, finalmente, aliado a Judá contra Ben-Hadade da Síria, em Ramote-Gileade (1 Rs 22). Nessa batalha, para recuperar Ramote-Gileade dos sírios, Acabe foi atingido por uma flecha lançada ao acaso. O rei morreu e seu Teino declinou rapidamente depois de sua morte. Moabe e outras áreas que lhe eram sujeitas se rebelaram e passaram a ser independentes de Israel (2 Rs 1.1). K M. Y. (PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 17).

 

 

I – O CASAMENTO DE ACABE COM JEZABEL

1. Consequências de escolhas. Acabe induziu o povo a se aprofundar no pecado da idolatria de maneira bem mais intensa que os reis que o antecederam. Além disso, cometeu o crasso erro de se casar com uma princesa do reino de Sidom, chamada Jezabel. Essa mulher era devota de Baal e Aserá, dois deuses adorados pelas nações vizinhas de Israel (1 Rs 16.31; 18.19). Essa princesa dos sidônios incitou tanto a maldade em Acabe que ele chegou ao ponto de se vender para fazer o que era mau aos olhos do Senhor (1 Rs 21.25).

 

Comentário

A confiança de Acabe, ao invés de ser depositada em Deus, foi feita nas alianças pagãs e nos acordos diplomáticos do seu pai, Onri, o que foi o seu erro, fazendo-o ir atrás dos falsos deuses. Acabe foi um dos piores reis de Israel, pois induziu o povo a aprofundar-se ainda mais no pecado da idolatria, mais do que já haviam sido levados pelos reis anteriores. Apesar de o escritor bíblico retratá-lo de maneira idólatra no seu reinado — como, de fato, o era —, Israel teve relações políticas e comerciais favoráveis com alguns povos vizinhos, o que trouxe relativa prosperidade. Casando-se com Jezabel, favoreceu relações com os fenícios; além disso, construiu e fortificou muitas cidades, inclusive Jericó, cobrou tributos de Moabe e manteve uma política de amizade com Judá, casando a sua filha Atalia com Jeorão, filho de Josafá. Durante o seu reinado, ocorreu a seca de três anos, vaticinada por Elias em consequência da desobediência, que trouxe muita carência de alimentos em Israel.

Acabe cometeu o erro, certamente o pior, de casar-se com uma princesa do reino vizinho da Fenícia (Tiro e Sidom) chamada Jezabel. O casamento com mulheres não israelitas era proibido pela Lei mosaica. Além disso, esse casamento ainda foi celebrado diante de Baal pelos sacerdotes desse deus. Essa união trouxe a ruína moral, espiritual e social do Reino do Norte, fazendo com que Samaria fosse transformada no centro religioso principal de adoração a Baal e Aserá. Jezabel era devota desses dois deuses, que eram adorados pelos povos vizinhos de Israel (1 Rs 16.31; 18.19), cuja adoração envolvia todo tipo de orgias e rituais hediondos. Jezabel instigou a maldade de Acabe a ponto de ele vender a sua alma para fazer tudo aquilo de que Deus não se agradava (1 Rs 21.25). (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).

 

Jezabel era filha de Etbaal, rei de Tiro.

Tornou-se a esposa de Acabe, rei de Israel, a nação do norte, em cerca de 918 A.C. Ela pertencia a um clã fenício, tendo sido apenas natural que ela tivesse trazido consigo as ideias e as práticas de seu povo. Ela foi uma tremenda força corruptora em Israel, além do fato de que Acabe já tinha sua própria pesada dose de problemas. Embora chamado de «rei dos sidôníos» (I Reis 16:31), Etbaal, o pai de Jezabel, na verdade era o monarca da Fenícia inteira. Etbaal consolidou a sua autoridade através de vários homicídios. Começou a reinar com trinta e seis anos e manteve-se no trono por trinta e dois anos, e então, morreu. Desse modo, o começo de sua dinastia, embora banhada no sangue, conseguiu firmar-se no poder. Seu bisneto foi o último membro dessa dinastia. Ele morreu noventa e quatro anos após Etbaal ter subido ao trono, o que significa que essa dinastia de quatro gerações durou por quase um século.

Casamento com Acabe. A lei mosaica havia proibido o casamento entre israelitas e pagãos; mas essa regra foi frequentemente ignorada, mormente quando havia interesses políticos envolvidos. O casamento de Jezabel com Acabe a imortalizou de modo negativo, dentro do registro bíblico, fazendo dela um permanente exemplo que deve ser evitado. A união de Acabe e Jezabel tinha por finalidade ratificar uma aliança feita entre Israel e Tiro, pelo que Onri, pai de Acabe, procurou eliminar a hostilidade de Damasco contra Israel (cerca de 880 A.C.). O que é incrível, nessa aliança, foi a licença dada a Jezabel para dar prosseguimento ao culto ao seu deus nativo, Baal, em Samaria, cidade que veio a tornar-se a sua nova residência. Esse compromisso não pôs fim, de modo algum, às lutas entre Damasco e Samaria. Ver I Reis 16:31-33. (CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 506).

 

Esta mulher notavelmente má descende de um clã fenício o qual verdadeiramente representou. Esta família acaba por constituir uma das mais antigas confluências da história bíblica com a história clássica escrita da Grécia — se puder se supor que estas eram as fontes de Josefo. Apesar de chamado “rei dos sidônios”, Etbaal (lRs 16.31), seu pai, era rei de toda a Fenícia. Mediante assassinato de seu predecessor ele estabeleceu seu remado com a idade de trinta e seis anos. Seu reinado durou trinta e dois anos. Sua dinastia incluiu um bisneto, Pigmalião, que por ocasião de sua morte, noventa e quatro anos após a ascensão de Etbaal, pôs um fim ao reinado da dinastia (Veja Acabe).

Casamento (1Rs 16.31). Apesar de o casamento dos hebreus com os povos cananitas do Levante ser estritamente proibido pela lei mosaica, foi precisamente sua união conjugal ilegal com Acabe (q.v.) que livrou seu nome do esquecimento da maioria dos outros antigos, e lhe assegurou uma infâmia perpétua onde quer que as Santas Escrituras sejam conhecidas. (MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 3. pag. 582).

 

2. A rainha perversa. Dentre tantas perversidades, Jezabel destruiu os profetas do Senhor (1 Rs 18.4), ameaçou a vida de Elias (1 Rs 19.2), ordenou injustamente a morte de Nabote para satisfazer a ganância do marido (1 Rs 21.10), e ainda praticou a prostituição e a feitiçaria (2 Rs 9.22). O trágico fim de Jezabel foi profetizado por Elias. O homem de Deus disse que ela não seria sepulta da, mas que os cães a devorariam, pois sua maldade e abominação contrariaram a justiça divina (1 Rs 21.23-27). Deus é misericordioso, mas julga com rigor àqueles que insistem em permanecer na prática do mal.

 

Comentário

A rainha pagã Jezabel promoveu todos os tipos de luxúria, excessos de rituais, feitiçarias, paganismo, sincretismo, prostituição e homossexualismo em nome da religião, com a participação de Acabe, dos profetas e dos sacerdotes e sacerdotisas. Por isso, a Bíblia chama-a de prostituta (2 Rs 9.22; Ap 2.20). Ela era uma cortesã sagrada, cheia de toda astúcia maligna e artifícios perversos que lhe garantiram a perpetuação do poder, mas que não a impediram de escapar da justiça divina como veremos.

A associação de Jezabel com ornamentos femininos é uma brincadeira de mau gosto. Provavelmente resulta de má compreensão do texto de 2 Rs 9.30, que relata a visita de Jeú e o fato de a rainha se pintar e se adornar para receber o profeta [e futuro rei de Israel]. No Antigo Testamento, era muito comum as mulheres se adornarem com artefatos de ouro, prata e cobre, além, é claro de usarem maquiagem. A imagem caricata que se faz dessa personagem é jocosa e não representa a realidade, mas apenas tenta exprimi-la.

A Bíblia está repleta de exemplos de mulheres santas que usavam esses artefatos e que se adornavam, conforme o costume da época. Todavia, o apodo “jezabel” é usado mais frequentemente para descrever os costumes imorais e a impiedade que crassa na religião e, infelizmente, adentrou numa comunidade cristã nos idos do primeiro século depois de Cristo.

Na sua perseguição sistemática à religião mosaica, já debilitada pela idolatria dos reis anteriores professada por Israel, Jezabel promoveu uma matança dos profetas do Senhor. Alguns escaparam porque Obadias, ministro de Acabe, “tomou cem profetas, e de cinquenta em cinquenta os escondeu, numa cova, e os sustentou com pão e água” (1 Rs 18.4). Jezabel ameaçou Elias de morte, o único profeta que ainda ousava desafiar as suas estripulias (1 Rs 19.2), mas teve que fugir. Ela mandou matar Nabote injustamente para satisfazer a inveja e a ganância do marido (1 Rs 21.10). Por não conhecer o Deus de Israel, era uma mulher perversa e má, a tal ponto de ser usada como um modelo na Bíblia de maldade e as suas consequências. Essa postura de Jezabel fez com que, pela primeira vez em Israel, o culto a Jeová fosse banido e substituído oficialmente pelo paganismo, sem permissão de coexistência. Apenas Elias desafiou corajosamente a idolatria.

Além das idolatrias oficializadas, Acabe quis negociar uma vinha que pertencia a Nabote como herança de família, porém, era costume em Israel respeitar a herança dos pais e nunca se desfazer dela — isso como um sinal de respeito para com a memória dos antepassados. Como Nabote preferiu honrar a memória dos pais, ele negou-se a trocar a sua vinha, e isso desagradou a Acabe, que se deitou na sua cama numa atitude autopiedosa, chamando a atenção de Jezabel, que imediatamente tomou as providências para matar Nabote e tomar-lhe a vinha, tramando uma falsa acusação contra ele para satisfazer a tristeza do rei. Esse episódio demonstra como Jezabel tinha autoridade e domínio sobre Acabe e no reino, bem como expõe a personalidade mimada do rei, que reagiu como uma criança diante da negativa de Nabote. As atitudes infantis de alguém podem ocasionar sérios prejuízos para as pessoas que dependem dela. Os problemas mal resolvidos, os traumas e as feridas passadas ou, ainda, o pecado — o que é pior — vêm à tona quando alguém do estilo de Acabe depara-se com a contrariedade ou a frustração.

No momento em que Acabe estava tomando posse da vinha de Nabote, a palavra do Senhor veio a Elias numa terrível mensagem de como seria o final de Acabe e Jezabel. A medida da ira de Deus encheu-se contra esse casal que zombou dele e da sua Lei durante todo o reinado, que, além da idolatria, agiram com muita injustiça para com Nabote, acusando-o de algo que não fez. Vejam que, agora, Jezabel, que nem adorava a Jeová, usou o nome de Deus em vão como se cresse nEle, solicitando que caluniassem Nabote em nome de Deus. Para fazer o mal, ela importava-se em cumprir a Lei mosaica, pois, para matar Nabote, levaram-no para fora da cidade e apedrejaram-no (1 Rs 21.13) como manda a Lei (Lv 24.16). Quando a infâmia se impõe na vida de algum líder, até mesmo negociar vidas e obedecer a Bíblia para fazer o mal em nome de Deus torna-se válido. Por esse motivo, Reimer escreve que “o que se produz pela voz profética é justamente a mescla, a interconexão entre crítica social e reflexão ética e teológica.” Essa premissa profética básica está presente na vida de Elias como o grande profeta do Antigo Testamento.

O trágico fim de Jezabel foi profetizado por Elias, o que certamente foi uma das profecias mais duras para uma rainha: ela não seria sepultada, mas seria devorada pelos cães, pois a sua maldade foi abominável diante da perfeita justiça de Deus. Somente o seu crânio sobrou, com as suas mãos e os seus pés inteiros (2 Rs 9.35-37).

Apesar de toda a misericórdia que Deus tem, há um limite quando a zombaria, a apostasia e, especialmente, a injustiça para com aqueles que não podem defender-se tornam-se insuportáveis diante daquele que é santo. (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).

 

Introdução da Idolatria em Israel. Conforme já vimos, Jezabel não foi tolhida, mas antes, foi encorajada a continuar em seu culto idólatra. Ela não estava disposta a fazer disso uma questão pessoal. Com fervor fanático, ela estabeleceu o culto a Baal por toda a nação de Israel, além de tentar ab-rogar a adoração a Yahweh. O trecho de I Reis 6:30-34 conta-nos sobre a apostasia de Acabe, atribuindo-a diretamente a Jezabel. Talvez Acabe nem precisasse de ajuda para desviar-se, mas Jezabel apressou o naufrágio espiritual dele. Destarte, Acabe tornou-se o mais iníquo de todos os monarcas de Israel que possam ser mencionados, embora seja duvidoso que a mera influência de uma mulher tivesse conseguido isso. Seja como for, a maçã já estava apodrecida, Samaria, a capital da nação do norte, Israel, foi envolvida nessa apostasia, inicialmente; e, então, a podridão espalhou-se por toda a nação. Foi instituído um programa sistemático para fazer desaparecer, em Israel, qualquer oposição à adoração a Baal. Os profetas do Senhor foram assassinados; e aqueles que escaparam tiveram de refugiar-se. Centenas de fiéis israelitas foram mortos. Entrementes. Baal ia ganhando todas as batalhas. Muitos dos profetas de Baal foram abrigados e sustentados pela rainha Jezabel, até mesmo no recinto do palácio real.

Choque com Elias. Uma das mais famosas histórias relatadas na Escola Dominical e em inúmeros sermões, é a do confronto entre Jezabel e o profeta Elias. Os profetas do Senhor tinham-se escondido, ou seja, aqueles dentre eles que haviam conseguido sobreviver. Elias teve a coragem de vir a público sozinho, lançar o seu protesto. Assim, ele se tornou o único defensor público da fê ancestral de Israel. E Elias terminou tendo de defrontar-se, sozinho, com oitocentos e cinquenta profetas de Baal (I Reis 18:1-40). Nisso, Elias triunfou espetacularmente, resultando no massacre dos profetas de Baal. Todavia, isso em nada diminuiu a determinação e a arrogância de Jezabel.

E Elias sentiu arnesado e refugiou-se na região do Sinai, visto que Jezabel jurara vingança; e, por ser rainha, tinha a autoridade para tanto. Muitas piadas sem graça têm sido inventadas sobre como Elias foi capaz de enfrentar mais de oitocentos profetas de Baal, e sair-se vencedor, mas teve de fugir de uma mulher, Jezabel. Esquecem-se que ela era a rainha.

Quem não teria fugido diante de tal mulher? Elias derrotara os profetas de Baal de um golpe; mas o problema constituído por Jezabel precisava de tempo para ser resolvido.

O Assassinato de Nabote. Acabe mostrou a sua debilidade quando cedeu diante dos planos traiçoeiros, enganadores e violentos de sua mulher, Jezabel. Acabe cobiçava a vinha de Nabate, e queria apossar-se dela. Mas Nabote recusava-se a desfazer-se de sua herança paterna (o que era muito importante para todos os israelitas em Israel e em Judâ); e Acabe hesitava em lançar mão da violência para conseguir o seu intento. No entanto, Jezabel não via qualquer problema no impasse. E conseguiu subornar falsas testemunhas, que acusaram Nabote de blasfêmia, e este acabou sendo morto apedrejado. Acabe tomou posse da vinha de Nabote. Mas isso assinalou o começo do fim, para Acabe e Jezabel. O profeta Elias proferiu a condenação do casal real. Predisse que os cães lamberiam o sangue de Acabe, no mesmo local onde o sangue de Nabote fora derramado; e que os cães comeriam as carnes de Jezabel, perto das muralhas de Jezreel (I Reis 21:19,23).

Cumprimento das Predições Condenatórias, A passagem de I Reis 22:29-40 conta o fim de Acabe, em harmonia com a profecia de Elias. E o trecho de II Reis 9:1-37 narra o fim de Jezabel. Jezabel continuou reinando por dez anos após a morte de Acabe. A morte de seu marido não ensinou qualquer lição a Jezabel. Ela foi araínha-mãe durante todo o reinado de Acazias, e então durante a vida de Jeorão. Quando Jeorão foi morto por Jeú, Jezabel vestiu-se esplendidamente (11 Reis 9:30) e ficou esperando por Jeú, sem saber que ele estava prestes a cumprir a predição feita por Elias. Ela zombou de Jeú, mas não conseguiu fazer estacar aquele homem terrivel, poderoso e sem misericórdia. Ela havia encontrado um adversário à altura. De fato, posteriormente, Jeú mostrou .ser um homem corrupto e violento. Mas, devemos admitir que ela enfrentou a morte com determinação e coragemI Jezabel nunca foi capaz de exibir qualquer sabedoria, no tocante às escolhas que fazia. Ela faleceu em cerca de 842 A.C. ~ curioso observar que os três filhos dela, Acazias, Jeorão e Atalias (se é que Jezabel era mesma a mãe desta última), em seus nomes, continham referências ao nome de Yahweh, e não de Baal, embora, sem dúvida, isso pouco significasse para Jezabel.

A Má Influência de Jezabel Perdurou. A nação do norte, Israel, não entrou em reforma moral e religiosa somente em face da morte de Jezabel. A queda de Israel no pecado deveu-se, pelo menos em parte, à culpa dela. Ela quase pôs fim à casa de Davi. Jeú exterminou a casa de Onri (841 A.C.), e a adoração a Baal foi suprimida. Não obstante, muitos males continuaram, conforme se vê no artigo acerca de Jeú (vide). Os quarenta anos da dinastia de Jeú foram tempos continuamente perturbados, tanto com inimigos externos quanto com conflitos internos. O cativeiro assírio não estava muito distante.

O Caráter de Jezabel, Essa rainha sidônia de Israel combinava os piores elementos da prepotência, da violência e da licenciosidade das rainhas orientais da antiguidade. A iniquidade dela era tão grande que se tornou proverbial, conforme vemos em 11 Reis 9:22.

De fato, ela obteve um lugar permanente nas Escrituras Sagradas. como símbolo de iniquidade e barbaridade femininas. Em Apo. 2:20, seu nome é usado simbolicamente como tipo de líder feminino que corrompeu a Igreja cristã primitiva. Provavelmente algum tipo de profetisa gnóstica. (CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 3. Editora Hagnos. pag. 596-507).

 

II – ELIAS PREVE A GRANDE SECA

1. A intervenção divina. Em razão de sua idolatria e atrocidades, Acabe é considerado o pior rei de todo o Israel (1 Rs 16.33). Por causa de seus atos per versos e pecaminosos, o profeta Elias, em obediência a Deus, confrontou esse rei e lhe deu a sentença de que não mais haveria chuva, a não ser pela palavra do profeta, dada por Deus (1 Rs 17.1). Com a seca veio a fome, porém, nem mesmo diante de tal situação Acabe se arrependeu dos seus pecados diante de Deus.

 

Comentário

Além da advertência severa de Jeová contra Acabe por causa da vinha de Nabote, por causa das atrocidades, perversidades, desobediência e idolatria praticadas, Acabe provocou a ira de Deus. Então, o profeta Elias, tomado de coragem divina, confrontou o rei e deu-lhe a sentença de que não haveria chuva nem orvalho sobre a terra nos próximos anos. Isso acarretou uma severa fome em Israel e territórios vizinhos a ponto de a viúva de Sarepta dizer a Elias que tinha mantimentos para apenas uma última refeição antes de morrer de fome com o seu filho (1 Rs 17.12).

O povo todo — inclusive os pobres e desamparados — estava sofrendo por causa da desobediência do casal governante que, cada vez mais, se davam ao prazer de cometer gestos atrozes contra a santidade de Deus. Elias foi o profeta enviado com mensagens contundentes e assertivas e que tentou reverter a situação. Acabe, porém, acabou achando que o mal de Israel era o próprio Elias, chamando-o de “perturbador de Israel” (1 Rs 18.17). Esse é o triste estado que chega aquele cujo coração foi entorpecido pela prática constante do pecado: acaba invertendo o mal pelo bem. Como escreveu Isaías: “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal! Que fazem da escuridade luz, e da luz, escuridade, e fazem do amargo doce, e do doce, amargo!” (5.20). (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).

 

Ele excedeu a todos os seus predecessores em perversidade, fez o que era mal aos olhos cio Senhor, mais cio que todos os que foram antes dele (v. 30), e, como se fosse feito com uma inimizade particular a Deus e a Israel, para afrontar o Senhor e arruinar o país; se diz dele que fez muito mais para irritar intencionalmente ao Senhor, Deus de Israel, e, então, trazer juízo sobre a sua terra, do que todos os reis de Israel que foram antes dele (v. 33). Era ruim para o povo quando cada rei sucessivo era pior do que o seu predecessor. O que custaria para o povo finalmente? Acabe tinha visto a ruína de outros reis pecadores e de suas famílias; porém, em vez de se dar por advertido, seu coração endureceu-se e enfureceu-se contra Deus por isso. Ele considerou ser coisa leve andar nos pecados de Jeroboão (v. 31). Não era nada quebrar o segundo mandamento sobre a adoração de imagens, ele também colocaria de lado o primeiro introduzindo outros deuses; seu dedinho seria mais pesado sobre as ordenanças de Deus do que os lombos de Jeroboão. Não dar importância a pecados menores abre caminho para os maiores, e aqueles que se esforçam para encobrir os pecados do povo não farão mais do que agravar os seus próprios. (HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 509).

 

Então Elias, o tesbita. O nome desse profeta é composto por dois nomes divinos: El e Yah. O primeiro significa “poder”; e o segundo é uma abreviação de Yahweh (o Deus eterno). Obtém-se assim a ideia de Deus Eterno e Todo-poderoso. Deus era a força por trás de Elias, bem como o mentor de sua missão. O próprio nome de Elias era uma espécie de proclamação de sua mensagem. Sua tarefa era restaurar o yahwismo e pôr fim à adoração a Baal. Ver no Dicionário o artigo chamado Deus, Nomes Bíblicos de. Tesbita. Essa referência poderia ser a uma cidade em Naftaii (Tobias 1.2), conforme a indicação do texto massorético. A maioria dos eruditos, porém, segue aqui a Septuaginta, que faz o lugar pertencer a Gileade. Quanto a detalhes, ver no Dicionário o artigo chamado Tisbe. Mas ninguém tem mesmo certeza de onde se localizava essa cidade. A Seca. A seca é uma das armas de Yahweh para punir um povo desviado. A natureza volta-se contra os homens rebeldes. Yahweh-Elohim proclamava, através de Seu profeta, que o castigo da seca já estava a caminho e perduraria por três anos (I Reis 18.1), tempo suficiente para espalhar uma fome generalizada, enfermidades e morte. Josefo (Antiq. VIII.13.2) informa-nos que Menandro falou de um ano inteiro de seca no tempo de Etbaal, pai de Jezabel, mas, supostamente, as orações daquele homem trouxeram novamente a chuva. Bem pelo contrário, eram as orações de Elias que tinham esse poder. Portanto, as orações de Elias fizeram as chuvas cessar e, três anos e meio mais tarde, trouxeram-nas de volta. (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1433).

 

2. O preço da obediência a Deus. O episódio da seca em Israel demonstra que todo homem e mulher de Deus precisam ter fé e coragem para enfrentar os resultados de sua obediência ao Senhor. No caso de Elias, ele teve de enfrentar as dificuldades da falta d’água e alimento e mais tarde, fugir de Acabe e Jezabel, que o ameaçaram de morte (1 Rs 19.2). Entretanto, apesar das dificuldades pelas quais passou o profeta, a bondade e o cuidado de Deus o acompanharam, pois foi alimentado por corvos com pão e carne duas vezes ao dia (1 Rs 17.6). E, quando a água do ribeiro de Querite secou, o Senhor mais uma vez o sustentou usando a viúva de Sarepta (1 Rs 17.9).

 

Comentário

O episódio da seca em Israel demonstra que todo homem e mulher de Deus precisam ter coragem para enfrentar as consequências da sua obediência ao Senhor. No caso de Elias, foram ao menos duas consequências graves: (1) ele teve que fugir de Acabe e Jezabel, que o ameaçaram de morte (1 Rs 18.10), e (2) o próprio profeta teve que arcar com as consequências da fome, sendo alimentado por corvos e bebendo água da fonte até secar e, mais tarde, depender de uma pobre viúva.

Entretanto, apesar das privações pelas quais o profeta passou, a bondade e o cuidado de Deus sempre o acompanharam, pois ele foi alimentado por corvos com pão e carne duas vezes ao dia (1 Rs 17.6). Ver os animais obedecendo a uma ordem de Deus para trazer-lhe comida foi uma grande experiência para Elias. Quando a água do ribeiro de Querite secou-se, Deus deu ordens ao profeta para procurar a viúva de Sarepta, que o sustentaria.

Essa história desfaz as premissas da Teologia da Prosperidade, que apregoa que o cristão fiel nunca deverá passar por privações. Caso elas venham, então será fruto da falta de fé e da atuação de demônios na vida do fiel. O evangelho da prosperidade gera crentes ingênuos e egoístas que acreditam que Deus está sempre pronto para impedir que os seus filhos tenham privações. Quando Ele não atende esses pedidos, ficam frustrados e rancorosos com Deus. Jesus mesmo disse que “no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33). Ele não prometeu ausência de problemas ou conflitos, pois Ele mesmo os enfrentou, e foram tantos que até foi morto; mas a grande diferença está em como se enfrentam esses dilemas da vida. A orientação de Jesus foi que tudo fosse enfrentado com ânimo, que significa determinação, coragem, valor e, principalmente, dignidade diante do perigo ou do sofrimento. Ânimo não é um sentimento ou estímulo momentâneo, mas uma característica que acompanha o sujeito na maior parte da vida e diante das maiores dificuldades. Elias é um modelo ideal desse tipo de conduta espiritual diante das dificuldades. Embora ele tivesse tido o seu momento de desânimo, isso foi pontual, como veremos no próximo capítulo. (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).

 

Eventos Resultantes

    Elias fugiu para perto do ribeiro de Querite, a leste do rio Jordão, onde todos os dias os corvos lhe traziam algum alimento. Não se conhece a localização exata desse ribeiro, mas talvez seja o wady Kelt ou o wadi Yabis. Mas ali Elias teve um refúgio apenas temporário, pois as águas do ribeiro secaram, provavelmente quando a estação do ano mudou.

    Em seguida, Elias retirou-se para Sarepta, no território de Sidom. Ali Deus apontou uma viúva para cuidar do profeta. — Essa cidade também é mencionada no Novo Testamento (ver Luc. 4:26), a qual é identificada com a moderna Sarafande, localizada entre Tiro e Sidom. De acordo com I Reis 17:8-16, ali Elias encontrou um suprimento inesgotável. A farinha de trigo e o azeite da viúva renovavam- se miraculosamente. E foi predito que aquele suprimento haveria de perdurar até o retorno das chuvas. Desse modo, um suprimento substituiria outro, à medida que as vicissitudes da vida de Elias o transportassem a maiores realizações. Uma declaração que exprime a idéia, no Novo Testamento, é a de Filipenses 4:19, que diz: «E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há se suprir em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades».

A Ajuda Mútua. A viúva de Sarepta ajudava a Elias. A presença do profeta garantia para ela, por igual modo, o devido suprimento alimentar. Quando o filho pequeno da viúva morreu, ela, em um momento de tensão emocional, chegou a pensar aue Elias, de algum modo, era o culpado. Ela supunha que a santidade dele trouxera à tona os pecados dela, fazendo Deus resolver julgá-la. Porém, explosões emocionais não conseguiram fazer Deus cessar na execução de sua vontade. Elias clamou fortemente em oração, na qual dizia que Yahweh fizera sobrevir a desgraça sobre a família da viúva, por causa da presença dele naquela casa; e rogou que o Senhor fizesse algo para reverter aquela calamidade. Segundo podemos supor, o Senhor sorriu diante de tais clamores, porquanto ele sabia o que estava fazendo, durante o tempo todo. Não foi difícil trazer de volta à vida o menino, e o menino foi devolvido com vida à viúva. Diz o texto sagrado, em I Reis 17:22: «O Senhor atendeu à voz de Elias; e a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu». Portanto, no mínimo, temos no incidente um caso de experiência perto da morte, ou mesmo um caso de morte real, com total rompimento do fio de prata (que vide), pois, sem dúvida, Deus é poderoso para restaurar o mesmo. Ver também sobre Experiências Perto da Morte, quanto a informes sobre o que a ciência atual tem descoberto no tocante a esse tipo de experiências e o que acontece nos primeiros estágios da morte física. Então a viúva comentou: «Nisto conheço agora que tu és homem de Deus e que a palavra do Senhor na tua boca é verdade» (I Reis 17:24).—Também podemos ter a certeza de que a autoconfiança de Elias lhe foi devolvida. Deus continuava com ele, embora ele parecesse ter sido abandonado pelo Senhor. Algumas vezes precisamos de alguma intervenção divina em nossas vidas, para que possamos prosseguir.

    Elias Enfrenta Novamente a Acabe. Passaram-se três anos e seis meses. Não caía nenhuma chuva em toda a terra de Israel (Tia. 5:17). A fome estava extingüindo toda espécie de vida. Mas, quando Elias apresentou-se pela segunda vez ao rei Acabe, descobriu que o velho pecador em nada se tinha corrigido. Jezabel continuava entusiasmada com o seu paganismo e com os seus ídolos. Realmente, é muito difícil reformar os pecadores.

    Quem Havia Prejudicado o Povo de Israel? Elias teve um encontro com Obadias (um servo autêntico do Senhor) — que estava servindo temporariamente na corte de Acabe. Por intermédio de Obadias, pois, Elias conseguiu uma entrevista com o rei. E, quando houve o encontro, Acabe indagou: «És tu, o perturbador de Israel?» (I Reis 18:17). Mas Elias rechaçou a pergunta do rei, declarando que Acabe é quem era o verdadeiro perturbador de Israel, ajuntando, «…porque deixaste os mandamentos do Senhor e seguistes os Baalins» (vs. 18). Foi nessa mesma oportunidade que Elias desafiou a Acabe para que enviasse seus falsos profetas e seus sacerdotes de Baal ao monte Carmelo, para que se tirasse a prova de quem estava com a razão e se Deus ou os deuses pagãos é que tinham poder. I Reis 18:19-40.

    O Conflito do Monte Carmelo. O décimo oitavo capítulo de I Reis narra a história que qualquer aluno de Escola Dominical pode contar-nos. Acabe enviou ao monte Carmelo quatrocentos e cinquenta profetas de Baal e quatrocentos profetas de Aserá, todos eles subsidiados pelo Estado. E muita gente se fez presente, para ver o que sucederia. Elias, com seus cabelos desgrenhados, com suas roupas rústicas e com a sua capa de pele de ovelha, estava sozinho, conforme ele mesmo disse: «Só eu fiquei dos profetas do Senhor e os profetas de Baal são quatrocentos e cinquenta…» (I Reis 18:22). Aqueles que temiam ao Senhor precisavam ver uma vitória do profeta solitário-, porquanto até então escondiam-se para não perder a vida. Mas Elias estava plenamente confiante. Elias fez uma pergunta de grande efeito, aos circunstantes, ainda incapazes de tomar posição: «Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o» (I Reis 18:21). Realmente, uma pessoa que não é capaz de tomar posição e que permanece vacilante, não é conhecida de mente decidida. Por isso, o povo ouviu as palavras de Elias, mas ninguém lhe respondeu uma só palavra. Visto que Elias estava sozinho na ocasião, sem contar com o assessoramento de qualquer outro profeta do Senhor, então estes, se os havia, perderam uma grande demonstração do poder divino. E nisso também está encerrada uma profunda lição. Quantos acontecimentos importantes perdemos, porque não participamos dos mesmos!

O Desafio do Fogo. O sinal solicitado, para mostrar quem era o verdadeiro Deus, consistia em que o verdadeiro Deus faria o sacrifício posto sobre o altar ser consumido a fogo. Aos profetas de Baal foi dada a oportunidade inicial. Eles provocaram grande gritaria durante muitas horas e terminaram golpeando-se com lanças e adagas, a fim de mostrarem sua grande devoção e sinceridade. Entrementes, Elias zombava deles, sugerindo que era possível que Baal estivesse pensando, ou teria feito alguma viagem e que só poderia ouvir se fosse feita uma barulheira ainda maior Era um espetáculo lamentável, como certos cultos religiosos o são. E, quando ficou evidenciado que Baal não atendia aos seus quatrocentos e cinquenta profetas, Elias erigiu um altar, derramou muita água sobre o mesmo, — bem como na trincheira que circundava o mesmo, por três vezes em seguida, encharcando tudo. Quando a tarde ia chegando ao fim as coisas estavam preparadas para o grande final. Elias invocou o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó para que enviasse fogo do céu. E o fogo caiu imediatamente. Há vezes em que precisamos de respostas imediatas da parte do Senhor; e, algumas vezes, Deus no-las concede. O fogo que caiu do céu consumiu tudo. O povo caiu de bruços diante do Senhor, o que haviam deixado de fazer por longo tempo. A isso seguiu-se uma grande matança de profetas falsos, os quais pereceram todos.

    A Seqüela. Agora podiam vir as chuvas novamente, porquanto o bem estava voltando a imperar em Israel. Mas o trecho de I Reis 18:41-46 narra-nos uma outra história dramática. Elias ouviu o ruído de uma grande chuva. Ele teve uma visão com impressões auditivas, anunciando que a chuva estava próxima. Então recomendou a Acabe que se apressasse, porque, se não o fizesse, seria apanhado pela chuvarada. O firmamento estava recoberto de pesadas nuvens, prenunciando chuva. E veio um vendaval com muita chuva. «A mão do Senhor veio sobre Elias…» (I Reis 18:46). A seca de três anos e meio chegara ao fim. (CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 2. pag. 328-329).

 

3. Deus sempre cuida dos seus filhos. Na casa da viúva, Elias realizou o milagre da multiplicação da farinha e do azeite. A mulher argumentou que dispunha apenas de uma pequena quantidade desses ingredientes para alimentar a si e ao seu filho. Mesmo diante desse triste cenário, o profeta pediu que ela fizesse primeiro um bolo para ele. A viúva obedeceu a ordem de Elias e lhe preparou a comida. A partir daí, pela palavra do Senhor, nada faltou para aquela família até o fim da seca (1 Rs 17.14). Essa história nos mostra o quanto Deus cuida dos que proferem a sua verdade, e defende a causa do órfão e da viúva (Dt 10.17,18; 24.21: 26.12: Sl 68.5: 146.9).

 

Comentário

Na casa da viúva, Elias realizou o milagre da multiplicação, pois tinha ela apenas um punhado de farinha de trigo e um pouco de azeite num jarro. A viúva obedeceu a ordem de Elias para preparar-lhe a comida, e, sob a palavra de Deus, não faltou a farinha na panela e nem o azeite na botija (1 Rs 17.14) durante todo o período de seca. Além disso, Elias ficou sendo alimentado pela viúva. Esse episódio, além de mostrar que Deus cuida dos seus profetas, demonstra o amor que Ele tem para com o órfão e a viúva (Dt 10.17,18; 24.21; 26.12). Sendo Ele o pai dos órfãos e o juiz das viúvas (Sl 68.5; 146.9), o Senhor não deixou faltar alimento nesse caso de extrema necessidade dessa mulher e do seu filho.

Sarepta ficava no sul da Fenícia, um reino vizinho ao norte de Israel, cujo rei era o pai de Jezabel. Embora essa viúva provavelmente não fosse israelita, assim mesmo Deus cuidou dela por meio do profeta Elias nos tempos de seca. A situação das viúvas nos tempos antigos quanto à pobreza, penúria e vulnerabilidade social e econômica era bem maior do que nos dias de hoje, pois elas apenas eram a propriedade de um homem e, quando viúvas, ficavam à mercê da bondade dos outros, pois geralmente não tinham forças para cultivar a terra e nem fontes de renda, pois os seus bens eram repartidos com o filho mais velho ou os parentes do esposo.

Por isso, os profetas exigiram proteção e cuidado para com elas (Is 1.17; Jr 22.3), especialmente porque não havia nenhum tipo de seguridade social ou aposentadoria como nos dias de hoje. (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).

 

Porque assim diz o Senhor Deus de Israel. A Promessa Divina. A promessa feita pelo Senhor foi maior que os temores e as necessidades da viúva. Por trás dessa promessa, dando-lhe eficácia, estava o Deus Vivo, aquele Yahweh-Elohim por quem a mulher havia jurado (ver vs. 12). Elias disse que Yahweh “tinha falado”, pelo que presumimos que ele tenha recebido naquele momento algum tipo de mensagem franca ou intuitiva, e soubesse que as coisas funcionariam corretamente, conforme o Senhor havia dito.

Algo Estupendo. O azeite e a farinha de trigo foram usados por muitas e muitas vezes. Mas quando a viúva procurava na botija por mais farinha e azeite, sempre havia a mesma quantidade. Isso pode ser comparado ao milagre da multiplicação dos pães e dos peixes (Mat. 14). Esse milagre prosseguiria enquanto não houvesse chuva ou suprimento alimentar natural para a viúva. Em outras palavras, perduraria enquanto ela dele precisasse. Este foi um exemplo notável da Providência de Deus e também uma prova do teísmo. Deus é um Deus pessoal que não somente criou, mas também está presente na criação, recompensando, punindo e intervindo na história. (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1435).

 

A provisão feita para Elias ali. A Providência fez XXX com que a viúva o encontrasse de forma muito oportuna à porta da cidade (v. 10), e, pelo relato do que se passou entre Elias e a viúva, somos informados sobre:

    O caso e o caráter dela; e parece: (1) Que ela era muito pobre e necessitada. Ela não tinha nada para se manter, apenas um punhado de farinha e um pouco de óleo. Na melhor das hipóteses, era uma necessitada, e agora, pela escassez geral, reduzida à penúria extrema. Quando ela comeu o pouco que tinha, até onde ela via, devia morrer de fome, ela e o seu filho (v. 12). Ela não tinha nenhum combustível além da lenha que podia apanhar pelas ruas, e, não tendo nenhum servo, ela mesma devia recolhê-lo (v. 10), estando mais em condição de receber donativos do que de hospedar alguém. Elias foi enviado para ela, para que ele continuasse vivendo pela Providência, como tinha vivido quando os corvos o alimentavam. Foi por compaixão à pobre situação dessa serva que Deus enviou o profeta para ela, não para lhe pedir esmola, mas para hospedar-se com ela, e ele pagaria bem pela sua mesa. (2) Que ela era muito humilde e industriosa. Ele a encontrou apanhando lenha e se preparando para assar o seu próprio pão (w. 10,12). Sua mente estava voltada para a sua condição e ela não reclamava da miséria à qual fora reduzida, nem reclamava com a divina Providência por segurar a chuva, mas se ajustava a ela tanto quanto podia. Os que possuem esse temperamento em um dia de tribulação são os mais bem preparados para receber a honra e a assistência que vêm de Deus. (3) Que ela era muito caridosa e generosa. Quando esse estranho pediu que ela fosse buscar um pouco de água para ele beber, ela foi prontamente, à primeira palavra (w. 10,11). Ela não recusou por causa da escassez de água, nem lhe perguntou o que ele lhe daria por um pouco de água (pois na ocasião isso valia dinheiro), nem aludiu ao fato de ele ser um estrangeiro, um israelita, com quem talvez os sidônios não quisessem ter qualquer negócio, assim como os samaritanos (Jo 4.9). Ela não se desculpou por conta da fraqueza que tinha por causa da fome, ou da urgência que tinha em seus afazeres, não lhe disse que tinha mais o que fazer do que lhe prestar esse serviço, mas deixou de apanhar a lenha e buscou água para ele, o que talvez ela fez com a maior boa vontade, movida pela gravidade do aspecto dele. Nós devemos estar prontos para realizar qualquer ato de bondade até com os estranhos; se devemos ser os mais prontos a trabalhai1 por eles. Um copo de água fria, embora não nos custe mais do que o trabalho de buscar, de modo algum ficará sem recompensa. (4) Que ela tinha uma grande confiança na palavra de Deus. Foi uma grande prova da sua fé e obediência, quando, tendo dito ao profeta quão pobre era o seu estoque de farinha e de óleo e que ela tinha apenas o suficiente para si mesma e para seu filho, ele disse para ela fazer o bolo dele primeiro, e depois fazer para, ela mesma e para o seu filho. Se considerarmos, isso é uma prova tão grande quanto poderia ocorrer em um assunto tão pequeno. “Que as crianças sejam servidas primeiro” (ela podia ter dito); “a caridade começa em casa. Eu não posso esperar dar quando tenho tão pouco e não sabendo onde obter mais quando isso se acabar”. Ela possuía muito mais razão do que Nabal ao perguntar: “Eu pegaria a minha farinha e o meu óleo e o daria a alguém que eu, não sei de onde vem ?” E verdade que Elias mencionou o Senhor, Deus de Israel (v. 4), mas o que isso significava para uma habitante de Sidom? Ou se ela tinha alguma veneração pelo nome de Jeová, e respeitava o Deus de Israel como o Deus verdadeiro, que certeza ela tinha de que aquele estranho era o profeta dele ou tinha qualquer autorização para falar em seu nome? Era fácil para um andarilho faminto enganá-la. Mas ela ignora a todas essas objeções e obedece ao preceito confiando na promessa: E foi ela e fez conforme a palavra de Elias (v. 15). O mulher, grande é a tua fé. Não se achou fé semelhante, nem mesmo em Israeh considerando tudo, ela excedeu aquela fé da viúva que, tendo apenas duas moedinhas, as depositou no tesouro. Ela acreditou na palavra do profeta, de que ela não perderia com isso, mas seria recompensada com juros. Aqueles que podem aventurar-se baseados na promessa de Deus, não terão nenhuma dificuldade em se expor e se esvaziar em seu serviço, dando-lhe o que é devido do pouco e dando a Sua parte primeiro. Os que lidam com Deus devem fazê-lo com confiança. Busque primeiro o seu reino e então as outras coisas serão acrescentadas. Pela lei, as primícias pertenciam a Deus, primeiro separava-se o dízimo, e as ofertas alçadas da sua farinha eram oferecidas primeiro (Nm 15.20,21). Mas com certeza o aumento da fé da viúva, a ponto de capacitá-la dessa forma a negar-se e a depender da promessa divina, era um milagre tão grande no reino da graça quanto o aumento do seu óleo era no reino da providência. Felizes são aqueles que podem assim acreditar e obedecer na esperança, contra toda esperança. (HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 512-513).

 

Deus dá o reforço (17.8-16). O segundo esconderijo de Elias era a casa de uma viúva em Sarepta (9; a moderna Sarafand), uma vila fenícia a cerca de 10 quilômetros ao sul de Sidom.

A expressão Vou prepará-lo (12) pode ser traduzida como “que eu possa entrar e prepará-lo”. A resposta da viúva ao pedido de Elias, e sua disposição de lhe dar a pequena quantidade de comida e azeite (12,15), indicam que ela era uma mulher temente a Deus. “A farinha da panela não se acabará, e o azeite da botija não faltará” (14). Como essas palavras são sugestivas e nos fazem enxergar os inesgotáveis recursos do Senhor, e seu oportuno atendimento às necessidades humanas!

Nos versículos 9 a 16 é ensinada uma lição sobre o “infalível suprimento de Deus”. Vemos aqui (1) Privação, isto é, a hora de uma terrível necessidade, 9-11; (2) Promessa no desafio de se ter a fé obediente, 12-14; e (3) A provisão através da generosa mão de Deus: “Da panela a farinha se não acabou, e da botija o azeite não faltou, conforme a palavra do Senhor, que falara pelo ministério de Elias”, 16. (Harvey E. Finley. Comentário Bíblico Beacon I e II Reis. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 330).

 

 

III – O ENCONTRO DE ELIAS COM ACABE

1. Um coração endurecido. A idolatria e a insistente desobediência do rei de Israel provocaram, da parte de Deus, uma grande seca que durou muito tempo (1 Rs 17.1). A total falta de discernimento espiritual para perceber o que Deus estava fazendo através Elias, e a impossibilidade de se arrepender, mesmo com todas as evidências de que ele era o culpado de todos os males que estavam acontecendo (1 Rs 18.17.18), fizeram com que consequências ainda mais graves viessem sobre a nação. A primeira palavra que o rei dirigiu a Elias foi de acusação: “És tu o perturbador de Israel?” (1 Rs 18.17b). Seu coração estava tão endurecido em razão da recorrência do pecado, que não havia mais jeito de ele voltar atrás e rever seu deplorável estado espiritual.

 

Comentário

A consequência da desobediência de Acabe foi uma grande seca que durou muitos anos. Como fruto da apostasia de Acabe, surgiram consequências ainda mais graves: a total falta de discernimento espiritual para perceber o que Deus estava fazendo por meio do profeta e, ainda, a impossibilidade de arrepender-se mesmo com todas as evidências que apontavam para o fato de o rei ser o culpado de todos os males que estavam acontecendo.

A primeira palavra que o rei dirigiu a Elias é de acusação, atestando para a sua falta de discernimento. O seu coração havia-se endurecido de tal forma, por causa da constante recorrência no mesmo pecado, que já não havia mais jeito para o rei. Tornou-se, portanto, impossível ele voltar atrás e rever o seu deplorável estado espiritual.

Pode-se traçar um paralelo entre as histórias proféticas de Elias com Acabe e a de Natã com Davi. Em ambos os casos, houve pecados graves da parte dos dois reis, só que a grande diferença estava na resposta que eles deram para Deus quando foram confrontados, embora Elias fosse mais contundente que Natã na abordagem. Elias foi direta e claramente ao assunto expondo a situação de maneira grave. Davi, um homem segundo o coração de Deus, rendeu-se em completo arrependimento e obediência ao Senhor. Já Acabe endureceu-se ainda mais, e o seu pecado só aumentou. Nos dois profetas, Elias e Natã, estão presentes grande dose de coragem para enfrentar o poder real, com consequências concretas de morrer por causa das mensagens que eles entregaram. (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).

 

Perturbadores Divinos. Acabe era o monarca apostatado que tinha provocado a síndrome do pecado-calamidade; e, no entanto, em sua cegueira e estupidez, lançava a culpa sobre o profeta. Naturalmente, Elias havia predito a seca (ver I Reis 18.2), mas ele não era a causa da catástrofe. Yahweh era a causa. Se Elias, porventura, tivesse sido executado, calamidades de toda espécie continuariam a cair sobre Israel, devido à sua idolatria. O cativeiro assírio colocaria fim a toda aquela triste confusão, e Elias não precisaria estar presente para que isso acontecesse. O cativeiro assírio estava a cerca de 200 anos de distância, mas já era inevitável, pois Israel nunca conseguiu libertar-se de sua própria apostasia.

“Por duas vezes, Elias é saudado como tendo vindo para criar dificuldades (ver I Reis 17.18; 21.20). Um profeta de Deus é sempre um perturbador da paz mundial. Ele vem para dar paz, mas não como o mundo a dá (ver João 14.27). Um dos melhores tributos que já foram pagos a um moderno pregador profético foi feito por um leigo, que disse: “Ele sempre me faz sentir desconfortável”. Um profeta é sempre tão perturbador para o pecador como é o calor para quem esteja tremendo de frio. Há um estágio nesse processo de enregelamento (assim nos dizem) em que seria confortável mergulhar mais ainda no entorpecimento fatal, em vez de receber aplicação do calor… O profeta de Cristo perturba o conforto da complacência… Além disso, ele parece ser um perturbador da ordem porquanto desperta os homens para responsabilidades adicionais… Mas Cristo faz os homens descansar sob o Seu jugo (Mat. 11.28,29)” (Ralph W. Sockman, in loc.).

Eu não tenho perturbado a Israel, mas tu e a casa de teu pal. Esta foi a resposta dada por Elias ao rei Acabe, pois havia corrupção em Israel fazia muito tempo, e esta somente havia crescido. Jeroboão tinha sido um rei idólatra, seguindo assim a liderança do “sábio” Salomão. Onri fora um mestre do mal (I Reis 16.25). Mas Acabe era o verdadeiro príncipe do mal e contava com a ajuda da horrenda Jezabel (ver I Reis 16.18). Esses fatos eram óbvios, exceto para o estúpido Acabe, que estava totalmente entorpecido pela sua apostasia. (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1438-1439).

 

Aqui nós temos o encontro entre Acabe e Elias, o pior rei com o qual o mundo já foi afligido e o maior profeta com o qual o povo de Deus foi abençoado. 1. Acabe, conforme seu caráter, de forma vil acusou Elias. Ele não ousou golpeá-lo, lembrando que a mão de Jeroboão secou quando ele a estendeu contra um profeta, mas falou de forma insultuosa, o que não era menos uma afronta àquele que o enviara. Foi um cumprimento grosseiro com o qual ele o abordou à primeira palavra: Es tu o perturbador de Israel? Quão diferente era essa saudação daquela com a qual o seu servo Obadias o tinha saudado (v. 7): Es tu o meu senhor Elias? Obadias temia muito a Deus. Acabe tinha se vendido à obra da maldade; e o caráter de cada um se revelou pela maneira de se dirigir ao profeta. Pode-se adivinhar como as pessoas gostam de Deus observando como elas gostam do povo de Deus e dos seus ministros. Agora Elias veio trazer bênçãos para Israel, novidades sobre o retorno da chuva; porém, ele foi afrontado dessa maneira. Se fosse verdade que ele era o perturbador de Israel, Acabe, como rei, teria sido obrigado a repreendê-lo. Há aqueles que perturbam Israel por sua impiedade, pessoas de quem os responsáveis pela paz pública têm de cuidar. Mas isso era completamente falso no que tocava a Elias; tão longe estava ele de ser um inimigo do bem-estar de Israel que era na verdade o seu esteio, os carros de Israel e seus cavaleiros. Note: Tem sido a sina dos melhores e mais úteis dos homens serem chamados de perturbadores da terra, e serem perseguidos como calamidade pública. Até Cristo e seus apóstolos foram assim descritos enganosamente (At 17.6).

    Elias, conforme seu gênio, voltou corajosamente a acusação contra o rei, e provou-lhe que ele era o perturbador de Israel (v. 18). Elias não é o Acã: “Eu não tenho perturbado a Israel, não lhe tenho feito mal algum nem planejado para ele nenhum dano”. Aqueles que sofrem o julgamento de Deus cometem o erro, não o que simplesmente os prediz e adverte a respeito deles para que a nação se arrependa e se previna deles. Sarando eu a Israel, se descobriu a iniqüidade de Efraim. Acabe é o Acã, o perturbador, que segue aos baalins, aquelas coisas amaldiçoadas. Nada cria mais perturbação a uma terra do que a impiedade e a profanação causadas pelos príncipes e as suas famílias. (HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 517).

 

 

2. A sequidão espiritual do rei. Sempre que alguém se torna um contumaz pecador, de modo a não mais discernir os intentos do próprio coração, como aconteceu a Acabe, algo muito grave acontece: a sequidão espiritual. O pior é que não somente o apóstata sofre as consequências disso, mas todas as pessoas que dependem dele (1 Rs 17.1).

 

Comentário

Sempre que alguém se torna um contumaz pecador, a tal ponto de não conseguir mais discernir o seu próprio coração, como foi no caso de Acabe, uma consequência espiritual grave que acontece é que sobrevém uma grande seca espiritual, e não somente o apóstata sofre as consequências, mas também todas as pessoas que dependem dele.

No caso de Acabe, todo o Israel sofreu as consequências da seca. A seca espiritual levou o povo a ficar dividido entre dois pensamentos (1 Rs 18.21), tentando agradar a Deus e a Mamom (Mt 6.24) — no caso de Israel, a Baal. As intervenções de Elias na vida de Acabe demonstraram o desejo que o profeta tinha, impulsionado pelo Espírito Santo, de trazer a luz da Palavra de Deus sobre o rei e levá-lo ao arrependimento e, dessa forma, permitir que Israel experimentasse a bondade de Deus. (Pommerening. Claiton Ivan,. O Plano de Deus para Israel em meio a infidelidade da Nação. Editora CPAD).

 

O povo de Israel dependia das chuvas sazonais para que suas plantações produzissem. Se o Senhor não enviasse as primeiras chuvas em outubro e novembro e a chuva serôdia em março e abril, logo haveria grande fome na terra. Porém, a bênção das chuvas semi-anuais dependia da obediência do povo à aliança do Senhor (Dt 11). Deus advertiu o povo de que sua desobediência transformaria o céu em bronze e a terra em ferro (Dt 28:23, 24; ver Lv 26:3, 4, 18, 19). A terra pertencia ao Senhor, e, se o povo a contaminasse com seus ídolos, o Senhor não enviaria suas bênçãos.

É bem provável que Elias tenha se apresentado diante do rei Acabe em outubro, na época em que as primeiras chuvas deveriam ter começado. Não chovia havia seis meses – de abril a outubro – , e o profeta anunciou que não choveria nos três anos seguintes!2 O povo estava adorando Baal em vez de Jeová, de modo que o Senhor não poderia enviar a chuva prometida e, ao mesmo tempo, manter a aliança. Deus é sempre fiel a sua aliança, seja para abençoar o povo por sua obediência, seja para discipliná-lo por seus pecados.

Deus havia retido as chuvas em decorrência das orações fervorosas de Elias e voltaria a enviar as chuvas em resposta à intercessão de seu servo (Tg 5:17, 18). Nos próximos três anos, as condições meteorológicas em israel seriam controladas pela palavra de Elias! Os três anos e meio de seca preparariam o povo para o confronto dramático entre os sacerdotes de Baal e o profeta do Senhor no monte Carmelo. Como servo fiel, atento às ordens de seu senhor, Elias colocou-se diante de Deus e o serviu. (Posteriormente, seu sucessor, Eliseu, usaria a mesma terminologia. Ver 2 Rs 3:14 e 5:16.) Uma seca prolongada, anunciada e controlada por um profeta de Jeová, deixaria claro a todos que Baal, deus da tempestade, não era, de maneira alguma, um deus verdadeiro. (WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pag. 462-463).

 

Como ele previu uma fome, uma longa e dolorosa fome, com a qual Israel seria punido por seus pecados. Por falta de chuva, aquela terra frutífera se tornaria estéril por causa da iniquidade daqueles que ali habitavam. Ele foi e disse isso a Acabe; ele não sussurrou ao povo para torná-lo descontente com o governo, mas proclamou ao rei, que podia reformar a terra, e assim evitar o julgamento. E provável que ele tenha reprovado Acabe por sua idolatria e por outras iniquidades, e lhe dito que, a menos que se arrependesse e se retratasse, o julgamento viria sobre a sua terra. Não haveria nem orvalho nem chuva por alguns anos, nada senão segundo a minha palavra. “Não esperes nada, até que ouças de mim novamente”. O apóstolo nos ensina a entender isso, não apenas em relação à palavra da profecia, mas também à palavra de oração, a qual abre a porta das nuvens (Tg 5.17,18). Ele orou seriamente (com uma santa indignação pela apostasia de Israel e um zelo santo pela glória de Deus, cujos julgamentos eram desafiados) para que não chovesse; e, de acordo com suas orações, o céu se tornou em metal, até que ele orou outra vez, e o céu deu chuva. Fala-se das testemunhas de Deus em alusão a essa históiia: estas têm poder para fechar o céu para que não chova nos dias da sua profecia (Ap 11.6). Elias faz Acabe saber:

    Que o Senhor Jeová ê o Deus de Israel, aquele a quem ele tinha abandonado.

    Que Ele é um Deus vivo, e não como os deuses que ele adorava, que eram ídolos completamente mudos.

    Que ele mesmo era servo de Deus em serviço, um mensageiro que lhe fora enviado: “E Ele, perante cuja face estou, a ministrar-lhe”, ou “a quem eu represento, em cujo lugar eu estou, e por cujo nome eu falo, em desafio aos profetas de Baal e de Aserá”.

    Que, apesar da paz e da prosperidade atuais do reino de Israel, Deus estava descontente com ele por causa da idolatria e o castigaria por causa dela com a falta de chuva (a qual, quando ele a deteve, não estava no poder dos deuses que eles serviam fazê-la cair; pois haverei, porventura, entre as vaidades dos gentios, alguma que faça chover? — Jr 14.22), o que provaria eficazmente a impotência deles e a tolice daqueles que deixaram o Deus vivo para prestar homenagens a tais que não podiam fazer nem bem nem mal; e ele confirma isso com um solene juramento — vive o Senhor, Deus de Israel, para que Acabe pudesse temer mais a ameaça, sendo a vida divina associada, nesse juramento, com a sua realização da maldição.

    Ele faz Acabe saber que influência ele tinha no céu: Isso ocorrerá segundo a minha palavra. Com que dignidade ele fala quando o faz em nome de Deus, como alguém que entendia bem a incumbência de um profeta: ponho-te neste dia sobre as nações e sobre os reinos (Jr 1.10). Veja o poder da oração e a verdade da palavra de Deus; pois Ele realiza a deliberação dos seus mensageiros. (HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. pag. 510-511).

 

 

CONCLUSÃO

Apesar da grande misericórdia de Deus sobre o rei Acabe, permitindo que o profeta Elias o exortasse a retornar aos caminhos do Senhor, ele acabou levando seu reino à ruina. Não podemos permitir que a ignorância e a sequidão espiritual nos atinjam. Para isso, precisamos estar atentos à convocação divina ao arrependimento.

 

 

PARA REFLETIR

 

A respeito de “Acabe e o Profeta Elias”, responda:

 

Por que o rei Acabe é considerado um dos mais perversos reis de Israel?

Por conta de suas atrocidades, e por permitir que seus terríveis pecados o desviassem completamente dos mandamentos sagrados e do temor a Deus.

 

Quais perversidades foram praticadas por Jezabel?

Destruiu os profetas do Senhor (1 Rs 18.4), ameaçou a vida de Elias (1 Rs 19.2), ordenou injustamente a morte de Nabote (1 Rs 21,10), e praticou a prostituição e a feitiçaria (2 Rs 9.22).

 

O que a história da viúva de Sarepta nos ensina?

Essa história nos mostra o quanto Deus cuida dos que proferem a sua verdade, e defende a causa do órfão e da viúva (Dt 10.17-18; 24.21;26.12; Sl 68.5;146.9).

 

Qual foi a consequência da idolatria e da insistente desobediência do rei de Israel?

Deus enviou uma grande seca que durou muito tempo (1 Rs 17.1).

 

O que acontece quando alguém se torna um pecador contumaz?

A sequidão espiritual.

 

Comentários elaborados pelo Pb Alessandro Silva, disponível em: https://professordaebd.com.br/3-licao-3-tri-21-acabe-e-o-profeta-elias/. Acesso em 10 JUL 2021.