4º TRIMESTRE 2020 |
ANO 13 | EDIÇÃO Nº 677 |
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O Drama de Jó |
L I Ç Ã O |
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04 |
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A Fragilidade Humana e a Soberania Divina |
25 OUT 20 |
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LIÇÕES BÍBLICAS CPAD REVISTA ADULTOS - QUARTO TRIMESTRE DE 2020
Texto Áureo
“E disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o SENHOR o deu e o SENHOR o tomou; bendito seja o nome do SENHOR.” (Jó 2.21)
Verdade Prática
A despeito das grandes provações que se abatem em nossa vida, à luz do exemplo de Jó, devemos permanecer fiel ao Senhor.
Leitura Bíblica em Classe
Jó 1.13-22; 2.6-8
INTRODUÇÃO
A provação de Jó fez com que sua vida se tornasse um verdadeiro drama. Nem mesmo os mais aclamados cineastas seriam capazes de dramatizar algo semelhante. Da condição de homem mais rico e admirado do Oriente, ele tornou-se, não apenas um pobre moribundo, mas, na visão de seus amigos, “um pecador revoltado e arrogante”. De uma vida abastada, piedosa e fraternalmente estruturada, Jó mergulhou em um mar de calamidades. De repente tudo se desmoronou. Os rebanhos foram roubados e dizimados; os empregados foram assassinados e, outros, mortos em desastres aparentemente naturais; os filhos, seu bem mais precioso, morreram. Cenas difíceis de esquecer! Refletir sobre como Jó reagiu a tudo isso é o objetivo desta lição.
- De fato, Jó 3.1 até o capítulo 42.6, compõe uma grande seção poética — um poema dramático com discursos que tentam compreender o sofrimento de Jó. Jó vivenciou e explicou a passagem de Dt 29.29: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei”. Suas palavras e ações demonstraram sua confiança em Deus e justificaram a confiança de Deus nele. Vamos pensar maduramente a nossa fé?
I – TRAGÉDIA DE NATUREZA ECONÔMICA
1. O sucesso na esfera comercial. O autor sagrado já havia sublinhado que Jó era “maior de todos os do Oriente” (Jó 1.3). O respeito, a admiração, a riqueza e a prosperidade do homem de Uz contribuíram para a construção dessa imagem. O autor já havia destacado a riqueza e a prosperidade de Jó, medidas pela grande quantidade de animais e servos a serviço dele. O comércio e a atividade do campo eram suas principais atividades. Devido à sua grande riqueza, não são poucos os autores que igualam Jó a grandes industriais e empresários contemporâneos. Enquanto as ovelhas proporcionaram lã para a produção têxtil, por outro lado os camelos e jumentas estavam a serviço do transporte de cargas. Dessa forma, Jó se destacava no Oriente como um homem de negócios.
- Como era comum no antigo Oriente Próximo, a riqueza de Jó não era medida pelo dinheiro ou pelas terras que ele tinha, mas pelo grande rebanho, como era com os patriarcas (Gn 13.7). Dessa forma, o narrador afirma de Jó: “maior... do Oriente”, uma posição elevada segundo qualquer padrão. Salomão teve uma reputação semelhante: "Era a sabedoria de Salomão maior do que a de todos os do Oriente..." (1Rs 4.30).
- “O povo do Oriente era identificado com os habitantes de Quedar, no norte da Arábia (Jer. 49.28). Jó era também incomumente sábio. Os homens do Oriente eram notórios por sua grande sabedoria, que eles expressavam artisticamente em provérbios, cânticos e histórias… Jó era altamente respeitável (ver Jó 29.7-li); sábio conselheiro (29.21 -24); empregador honesto (31.13-15,38,39); hospitaleiro e generoso (31.16-21,32); e fazendeiro próspero (31.38-40)” (Roy B. Zuck, in loc.). No entanto, esse homem foi ferido pela tragédia, por razões desconhecidas.” (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1864).
2. O sucesso na esfera do campo. A atividade do campo era, sem dúvida, o principal negócio de Jó. 0 fato de que ele tinha tantas juntas de bois a seu serviço demonstra que ele era um agricultor que possuía uma grande extensão de terras, e não um nômade como alguns autores supõem. Estudiosos destacam o ato de que a palavra hebraica ‘abuddah, encontrada somente em Jó e em Gênesis 26.14, é uma referência direta à lavoura e ao cultivo da terra. Os bois, e da mesma forma as ovelhas, ofereciam a proteína animal. As ovelhas, juntamente com as jumentas, alimentavam a produção de laticínios. Isso fazia de Jó um verdadeiro empreendedor no sentido moderno do termo.
- “Possuía sete mil ovelhas… este homem era o maior de todos os do Oriente. Jó era um homem muito rico, com um total de 11.500 animais domesticados, divididos naqueles tipos de animais que os homens ricos precisam: animais de trabalho, animais que serviam como alimentação, e animais de transporte. Tal riqueza capacitava-o a ter uma casa muito grande, vastas propriedades e abundância de escravos, que mantinham todas as suas posses em boa ordem. Isso, de acordo com uma avaliação popular, era evidência da aprovação e da ajuda divina. A área onde Jó vivia ficava no “deserto” (Jó 1.19). Era um lugar fértil, falando em termos agrícolas, e próprio para a criação de gado (ver Jó 1.3,14 e 42.12), provavelmente fora da própria Palestina”. (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1864).
- “Jó era um Pastor afortunado. (...) podemos dizer que era um pastor afortunada com um grande rebanho, propriedade e empregados. Portanto um empresário da sua época, como tantos que viveram em Israel do pastoreio e criação de gado. Vejamos o texto de Jó 1.2: “Nasceram-lhe sete filhos e três filhas. Possuía também 7 mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de boi, quinhentas mulas e servos em grande número.” (Jó 1,2-3) Bíblia de Jerusalém. O texto sagrado do livro de Jó afirma que ele era “o maior de todos os orientais”, possuindo grande riqueza. Jó possuía uma grande família que consistia da esposa, sete filhos e três filhas. (Jó 1,1-3) Ele realizava conscienciosamente os deveres de sacerdote em benefício da família, oferecendo sacrifícios a Deus em favor deles. — Jó 1,4- 5. Jó era um juiz imparcial e temente a Deus. O livro de Jó ainda nos apresenta como sendo uma figura de destaque no portão da cidade, respeitado até mesmo pelos homens idosos e pelos príncipes. (Jó 29,5-11) Ele atuava como juiz imparcial, executando a justiça como defensor das viúvas, e era como que um pai para os meninos órfãos de pai, para os aflitos e para aqueles que não tinham ajudador. (Jó 29,12-17) Jó era visto por todos como um homem temente a Deus, mantinha-se afastado da imoralidade, da ganancia pelo dinheiro e da idolatria. Jó era considerado um homem generoso para com os pobres e os necessitados. Jó 31,9-28.” (Extraído de: abiblia.org).
3. O ataque do Diabo na esfera comercial. Satanás atingiu o centro das atividades comerciais do patriarca. O Adversário procurou retirar aquilo que, graças ao trabalho duro, Jó havia conquistado. Assim, destruiu os animais e o pessoal a serviço dele, desestabilizando-o financeiramente. Seu negócio foi a bancarrota. Sem animais de carga, o transporte estava prejudicado.
- Deus permitiu que Satanás tentasse Jó em sua fé atacando "tudo quanto ele tem" (1.12). Com a soberana permissão de Deus, Satanás atacou Jó, com quatro desastres sucessivos, destruiu ou eliminou os rebanhos, os servos e os filhos. Os sabeus eram árabes de um ou mais distritos. Uma história anterior relata como eles mataram mil bois e 500 jumentos, e também os seus guardadores (Gn 10.7; 25.3). Portanto, nos dias de Jó, tudo consistia em negócios, como era usual.
-“Que acontecera por causa da impiedade dos seus vizinhos, os sabeus, provavelmente uma espécie de assaltantes que viviam de roubos e pilhagem. Eles levaram os bois e os jumentos e assassinaram os servos que fielmente e corajosamente fizeram o melhor para defendê-los, e apenas um escapou, não por bondade para com ele ou para com o seu senhor, mas para que Jó pudesse ter informações detalhadas do ocorrido através de uma testemunha ocular, antes que o soubesse por meio de breves relatos que lhe seriam trazidos gradativamente. Não temos nenhuma razão para presumir que Jó ou os seus servos tivessem dado qualquer motivo para que os sabeus fizessem essa incursão, mas Satanás colocou nos seus corações o desejo de realizá-la, e de realizá-la imediatamente. Desse modo, o maligno atingiu o seu objetivo e acabou tendo um resultado duplo: pois fez com que Jó sofresse, e que os sabeus pecassem. Note que quando Satanás tiver a permissão de Deus para fazer o mal, ele não quererá que apenas os homens perversos sejam os seus instrumentos na realização dos males e calamidades, pois ele é um espírito que opera nos filhos da desobediência” (HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Jó a Cantares de Salomão. Editora CPAD. pag. 9).
4. O ataque do Diabo na esfera do campo. Da mesma forma que atingiu os negócios de Jó na esfera comercial Satanás o atingiu também na esfera do campo. Destruindo a sua fonte de produção de proteínas e laticínios, o Diabo atingiu em cheio toda a fonte de sua riqueza. Era preciso muito equilíbrio para não se desesperar diante de um quadro tão sombrio. Aqui é necessário fazer uma ponderação. Evidentemente que nem sempre o empreendimento de alguém quebra por investidura de uma ação maligna direta; muitas vezes é apenas um mau gerenciamento ou até mesmo consequência de uma crise de mercado. Todavia, no caso de Jó, foi uma ação maligna em muitos casos hoje também o é.
- “Sabe-se que caldeus habitavam perto do Tigre no século IX a.C. São de raça arameia, e é tão difícil explicar a pilhagem feita por eles na Transjordania do Sul quanto explicar os sabeus na Transjordania do Norte. Jó pode ter ficado dentro do alcance dos dois grupos se habitasse ao leste da Galiléia. Três bandos. Embora o estratagema de um ataque em três direções seja empregado várias vezes na Escritura, as circunstâncias variam consideravelmente. Se as táticas de Gideão eram semelhantes (Jz 7.16), o alvo seria levar os animais para uma direção desejada”. (Francis I. Andersen. Jó Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pag. 84).
II – TRAGÉDIA DE NATUREZA FAMILIAR
1. Filhos. A tragédia que se abateu sobre Jó foi de fato catastrófica. Ele perdeu em um só dia seus dez filhos de forma calamitosa-set filhas. O texto sagrado diz: “Estando teus filhos e tuas filhas comendo e bebendo vinho, em casa de seu irmão primogênito, eis que um grande vento sobreveio dalém do deserto, e deu nos quatro cantos da casa, a qual caiu sobre os jovens, e morreram” (vv. 18,19). Não haveria nada mais trágico do que esse acontecimento. Perder um filho é calamitoso, mas perder todos de forma inexplicável é nefasto
- “O vento soprou no deserto, aparentemente atacando com a força de um tomado. O vento demoliu tudo em seu caminho, incluindo a casa na qual os filhos de Jó se divertiam, e se encaminhou diretamente para o alvo. O tornado foi satanicamente orientado. Esse foi o segredo de sua precisão. Ver as notas expositivas nos vss. 11-12, quanto a uma discussão completa sobre os problemas teológicos que essa circunstância cria. Ali estava Jó, reduzido a nada. Porventura ele agora amaldiçoaria a Deus, conforme Satanás disse que faria (vs. 11)? Continuaria Jó a adorar a Deus, quando as “razões” para isso fossem removidas? Continuaria a adorar a Deus, embora ele, um homem inocente (ver Jó 2.3), tivesse sido ferido? Aceitaria sua fé o fato de que terríveis sofrimentos podem sobrevir a um homem piedoso? Seria sua adoração desinteressada, ou ele adoraria a Deus somente quando obtivesse algum benefício pessoal dessa atitude e desses atos? Ver as observações introdutórias, imediatamente antes da exposição em Jó 1.1, especialmente aquelas sob o título Mensagem Principal do Livro” (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1868).X
2. Esposa. A frase “Amaldiçoa a Deus e morre” (Jó 2.9), atribuída à esposa de Jó, é uma das mais chocantes do livro. Talvez por isso seja objeto de várias explicações. Muitos autores tentam suavizá-la quando a interpretam como sendo uma ironia feita pela esposa de Jó. Nesse caso ela, de fato, estaria dizendo: “Você continua aí com essa sua fé enquanto tudo desmorona à sua volta. Por que tudo isso? Deixe de lutar por isso e aceite a morte”. Outros procuram atribuir um sentido ao texto o qual ele não tem. Para estes, a esposa de Jó não estava mandando amaldiçoar a Deus, mas orientando Jó a louvá-lo e morrer em paz. No entanto, as evidências do texto depõem contra esse entendimento. A reação de Jó, ao dizer que sua esposa falava como qualquer louca, confirma esse fato.
- Em meio a toda essa confusão, a confiança de Jó permaneceu forte, de modo que sua esposa não pôde acusá-lo de insinceridade, como Satanás havia feito. De fato, o argumento dela foi; "Deixa de lado a tua piedade e amaldiçoa a Deus; assim, ele porá fim à tua vida por causa da blasfêmia", ou seja, a morte, nessas condições, seria preferível à vida. Ao aconselhá-lo a pecar, ela acrescentou a tentação à aflição. Interessante é que Jó, mesmo tentado por aquela que deveria seu contentamento, chamando-a de ‘doida’, não com o significado de tola ou ridícula, como sugere o vocábulo em português, mas de alguém que age rejeitando a Deus ou à sua vontade revelada. Nos Salmos (14.1; 53.1) e em Provérbios (30.22), essa palavra é usada para o insensato. Ela não é mais vista ou ouvida novamente nesse livro, exceto indiretamente em 42.13-15. Agostinho compara a mulher de Jó a Eva, a tentadora original que produziu a morte, ao chamá-la de “ajudante de Satanás” (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1871).
3. O fato. Um vento forte soprou sobre a família de Jó, devastando-a. Ainda hoje, “fortes ventos” continuam a “soprar” em famílias inteiras. O resultado desses “ventos” é a degradação familiar, divórcios, drogas etc. A exemplo de Jó, o crente deve se refugiar em Deus. E preciso que a família abra a Bíblia em casa e busque o Senhor em estudo e devoção
- “O grande vento (v. 19b) era, ao que parece, um tufão do deserto, como aquele do qual Deus mais tarde se dirigiu a Jó. Observe como os assaltos inclementes dos homens sobre o fruto acumulado da vida de Jó alternaram-se com os assaltos da natureza. Os mensageiros foram poupados apenas para levarem as más novas, em uma sucessão esmagadoramente rápida, ao seu consternado senhor” (Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody, Jó. Editora Batista Regular. pag. 9).
III – TRAGÉDIA DE NATUREZA FÍSICA E PSICOLÓGICA
1. O Diabo toca na saúde de Jó. Depois que o Diabo viu o seu plano fracassar, pois o patriarca não sucumbiu tentação, mesmo diante da dizimação de seus bens e familiares, o Adversário agora tem a permissão divina para tocar na saúde de Jó. Essa nova prova é um drama muito distinto na literatura do Antigo Testamento. Ela dará a tônica ao restante do livro.
- Esse parece ser um caso excepcional, sem nenhum outro paralelo nas Escrituras. Nos evangelhos, os demônios causavam problemas físicos quando habitavam nas pessoas (Lc 13.11,16), mas esse não é o caso aqui. A vontade permissiva de Deus operou para propósitos que Jó não pôde tomar conhecimento; Deus estava oculto dele junto com as razões para o seu sofrimento.
- “O primeiro ciclo não foi um teste verdadeiro, porque o adversário não tivera licença de ferir o próprio Jó (1.12). Agora Satanás desafia o Senhor a danificar a pele interna, porque a pele externa foi apenas arranhada pela perda das riquezas e da família. Se o corpo de Jó, os ossos e a came, sentir o toque de Deus, Jó revelará seu verdadeiro caráter mediante a vituperação aberta do próprio Deus. Satanás mudou sua base de argumento. Não pedira tanto na primeira ocasião. Dissera então que bastaria devastar os bens de Jó para levá-lo a blasfemar a Deus (1.11). Satanás não está envergonhado por esta primeira denota, mas a fé de Jó revelara-se mais forte do que previra. Vale a pena notar que, embora os agentes dos primeiros infortúnios de Jó fossem forças naturais e homens maus, e o instigador fosse Satanás, do ponto de vista de Deus, era Ele quem arruinara a Jó (v. 3). Na próxima vez, também, será necessário para Deus estender a Sua mão (v. 5) para causar mais danos a Jó” (Francis I. Andersen. Jó Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pag. 87-88).
2. Saúde física. O texto sagrado diz que o Diabo “feriu a Jó de uma chaga maligna, desde a planta do pé até ao alto da cabeça.” (Jó 2.6,7). Tratava-se de uma doença extremamente maligna, capaz de provocar um grande sofrimento em Jó, a ponto de este sentar-se nas cinzas e pegar um caco de barro para com ele raspar as feridas. Essa era uma prática que o homem antigo adotava quando se via acometido de uma grande desgraça. Ele ia para o monte de cinzas (hb. mazbala), um local considerado imundo, onde os inválidos e dementes costumavam ficar. Ali ele esperava a morte entre cães, insetos e aves de rapina. Trágico!
- Apesar de não ser possível diagnosticar precisamente a natureza da aflição de Jó, ela produziu extremo trauma físico. Ninguém pode compreender plenamente os diálogos de Jó ao longo do livro sem considerar o extremo sofrimento físico que Jó enfrentou numa época que não existia a medicina e nem remédios para a dor. Seus tumores devem ter sido semelhantes aos dos egípcios (Êx 9.8-11) e de Ezequias (2Rs 20.7).
- “Roy. B. Zuck (in loc.) escolheu penphigus loliaceus como o candidato mais provável. Essa enfermidade deixa os cabelos eriçados, ao ouvirmos a descrição da afecção: inflamação, úlceras, coceira, degeneração das características faciais, perda de apetite, depressão, horrendas pústulas que atraem vermes, dificuldade de respirar, mau hálito, dor contínua, rápida perda de peso, pele escurecida, febre e descamação da pele! É possível que Satanás, conhecendo tudo sobre essa enfermidade, a tivesse escolhido para Jó” (CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1870-1871).
3. Saúde mental. Não há dúvida que, além do sofrimento físico, Jó também experimentou o sofrimento psicológico. Embora não haja nada no texto que nos permita dizer que ele entrou em depressão, não há como negar que Jó passou por uma grande tensão psicológica. Há vários textos no corpo do livro que permite fazer essa dedução, mas já no início da sua fala é possível perceber esse fato (Jó 3.1-14). Ainda que mantivesse sua fidelidade a Deus, o patriarca amaldiçoou o dia de seu nascimento, não vendo mais razão para que fosse celebrado. Só debaixo de forte pressão psicológica é que pessoas chegam a tal ponto.
- O Jó começa seu primeiro discurso amaldiçoando o dia em que havia nascido, que deveria ter sido um dia de grande alegria, e enaltecendo o dia em que finalmente: morreria. Em resumo, Jó diz que gostaria de nunca ter nascido, isso nos mostra a profunda dor e desespero de Jó. O que Deus estava permitindo que passasse era desesperador, mas ele não amaldiçoou o Senhor, antes, amaldiçoou seu nascimento, desejando jamais ter sido concebido ou ter nascido porque as alegrias que havia tido na vida não compensavam toda aquela dor. Ele achava que seria melhor jamais ter vivido do que estar sofrendo daquela maneira.
- “O hebraico refere-se a Leviatã. Provavelmente o autor tinha em mente a mitologia popular da sua época. Leviatã pertence ao mundo do caos. Acreditava-se que ele era capaz de criar um eclipse ao cobrir ou engolir o sol e a lua. Esse versículo então se referiria àqueles que são capazes de amaldiçoar dias e despertar Leviatã para provocar escuridão e, portanto, destruir efetivamente o dia. O versículo 9 então é uma repetição do desejo de eliminar da existência o fatídico dia-noite da sua concepção-nascimento, porquanto não fechou as portas do ventre [materno] (10). Teria sido melhor que tudo tivesse parado, em vez de ele ter nascido e vivido para ver tamanha angústia e destruição em sua vida.” (Milo L. Chapman. Comentário Bíblico Beacon. Jó. Editora CPAD. Vol. 3. pag. 33-34).
CONCLUSÃO
Nesta lição vimos o drama de Jó, que foi provado de uma forma dura no seu trabalho, família e saúde. Somente um homem com uma fé inabalável mantém sua lucidez diante de tantas catástrofes. Somente o Senhor pode manter o fiel de pé diante de calamidades dessa natureza. O Diabo chegou ao ponto máximo de pressão contra Jó, mas não conseguiu executar o seu intento. O patriarca permaneceu de pé diante da provação.
- Como escreve o Pr Antônio Neves de Mesquita, “Para que ter de enfrentar a luta contra o destino que o aguarda? A sua tragédia é infinita, o seu sofrimento físico e moral não tem limites. Portanto, para que viver? Nem mesmo a vida de outrora, cheia de cuidados com a religião dos filhos, por quem oferecia sacrifícios, na suposição de terem pecado contra Deus, em seus excessos de comida e bebida, seria a coisa mais desejável; muito menos a de agora, quando sem filhos, sem a mulher, que o repudiara, sem amigos, sozinho com as suas chagas, os seus pesadelos são um espectro para o mundo que o conhecia” (Mesquita. Antônio Neves de. Jó Uma interpretação do sofrimento humano. Editora JUERP), de fato, somente aqueles que são sustentados pelo Senhor, podem, em meio à dor e sofrimento, manter íntegra a sua fé. A fé verdadeira, que salva, nos dá perseverança para continuar a crer em Jesus sem desistir. A vida cristã tem dificuldades e nossa fé muitas vezes é desafiada. Por isso, precisamos de perseverança firmada na fé.
PARA REFLETIR
A respeito de “O Drama de Jó”, responda:
• Como eram medidas a riqueza e prosperidade de Jó?
R: Eram medidas pela grande quantidade de animais e servos a serviço de Jó.
• Qual era o principal negócio de Jó?
R: A atividade do campo era, sem dúvida, o principal negócio de Jó.
• Jó perdeu quantos filhos em um só dia?
R: Dez filhos.
• Após tocar nos bens e na família de Jó, em qual área o Diabo tem permissão para tocar?
R: O Adversário tem a permissão divina para tocar na saúde de Jó.
• Segundo a lição, qual sofrimento Jó experimentou além do físico?
R: Não há dúvida, que além do sofrimento físico, Jó também experimentou o sofrimento psicológico
4 Tri 20 | Lição 4: O Drama de Jó | Pb Francisco Barbosa