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11 de outubro de 2020

4 Tri 20 | Lição 3: Jó e a realidade de Satanás | Pb Francisco Barbosa

 

4º TRIMESTRE 2020

ANO 12 | EDIÇÃO Nº 676

 

 

Jó e a realidade

de Satanás

L I Ç Ã O

03

A Fragilidade Humana e a Soberania Divina

18 OUT 20






LIÇÕES BÍBLICAS CPAD REVISTA ADULTOS   - QUARTO TRIMESTRE DE 2020

 

Texto Áureo

“E vindo um dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o SENHOR, veio também Satanás entre eles.” (Jó 1.6)

 

Verdade Prática

Segundo as Escrituras, Satanás é um ser real, portador de personalidade e só o venceremos com as armas espirituais.

 

Leitura Bíblica em Classe

Jó 1.6-12; 2.4,5

 

INTRODUÇÃO

Uma das constatações que o leitor logo chega ao ler o Livro de Jó é que o Diabo existe. Ele é um ser real. Todo o mal descrito poeticamente no livro é visto a partir da realidade de Satanás. Todo sofrimento experimentado pelo homem de Uz, mesmo sem a consciência histórica disso, foi motivado por uma ação maligna. Ali, o Diabo assume o caráter pessoal de uma criatura. Nesse aspecto, o livro mostra como o Diabo pode interferir na vida humana. Portanto, nesta lição abordaremos algumas questões relativas à existência e à realidade de Satanás a partir do contexto de Jó.

- A partir do livro de Jó, chegamos ao entendimento de que o Diabo é um ser espiritual criado e dotado de personalidade; conhecemos um pouco a respeito de Satanás, sua existência e suas habilidades, e essa lição se reveste de importância por que, hoje temos duas tendências: a primeira é a de negar a existência do diabo; a segunda, supervalorizar a ação maligna como se Satanás fosse uma entidade onipotente. Jó é o livro mais claro no Antigo Testamento sobre esse assunto. Nesta lição, iremos compreender que o Diabo age no mundo, mas ele não é um oponente de Deus de fato, porque jamais foi maior ou igual a Deus, nem muito menos pode agir de forma autônoma. Podemos ver claramente neste livro que o Diabo está submetido a Deus, desde sempre. Por esta razão, a exposição desta lição será alentadora, porque sabemos que o inimigo age, mas não devemos supervalorizá-la porque maior é o Deus que nos salvou! Como dizia o Reformador Matinho Lutero: “O Diabo é um cão na coleira de Deus”, ou seja, ele só irá onde Deus permitir. Vamos pensar maduramente a nossa fé?

 

I – O LIVRO DE JÓ E A NATUREZA DE SATANÁS

1. Um ser espiritual. O Livro de Jó não procura provar a origem do Diabo, mas o revela como um ser real. O livro destaca algumas características da natureza de Satanás que nos permitem conhecê-lo melhor. Em primeiro lugar, conforme o livro apresenta, o Diabo é um ser espiritual e encontra-se na mesma categoria dos anjos, representada no texto pela expressão “os filhos de Deus” (Jó 1.6). Os anjos são seres espirituais que não pertencem à dimensão natural, mas à sobrenatural. Isso explica, por exemplo, a capacidade da rápida locomoção do Diabo quando rodeava a Terra e passeava por ela (Jó 1.7).

- As hostes angelicais (Jó 38.7; SI 29.1; 89.7; Dn 3.25) se apresentavam diante do trono de Deus para prestar contas de seu ministério por toda a terra e céu (1Rs 22.19-22). Como um Judas entre os apóstolos, Satanás estava com os anjos. Incentivado pelo sucesso que teve com a queda de Adão no paraíso (Gn 3.6-12,17-19), estava confiante de que o temor a Deus em Jó, alguém pertencente à raça caída, não resistiria aos seus testes. Ele mesmo havia caído (Is 14.12). Como oposto a um nome pessoal, Satanás como título significa "adversário", tanto no sentido pessoal como no judicial. Esse demônio é o maior adversário de todos os tempos e tem acusado os justos ao longo das eras (Ap 12.10). Num tribunal, o adversário normalmente coloca-se a direita do acusado. Esse posicionamento é citado quando Satanás, no céu, acusou Josué, o sumo sacerdote (Zc 3.1). A tese de Rm 8.31-39 é que ele continua malsucedido.

- Interpelado por Deus (1.7-8), Satanás responde que vinha “De rodear a terra e passear por ela”. É um quadro que contém velocidade. Satanás, e nenhum anjo, caído ou santo, é uma criatura onipresente, mas pode mover-se rapidamente. No caso de Satanás, o príncipe deste mundo (Jo 12.31; 14.30; 16.11) e maioral dos demônios (Mt 9.34; 12.24), a terra é o seu domínio onde ele espreita "como leão que ruge procurando alguém para devorar" (1Pe 5.8).

- O livro de Jó não procura provar a origem do Diabo, mas o releva como um ser real. Destaca algumas características da natureza de Satanás que nos permitem conhecê-lo melhor. Em primeiro lugar, conforme o livro apresenta, o Diabo é um ser espiritual e encontra-se na mesma categoria dos anjos, representada no texto pela expressão “os filhos de Deus” (Jó 1:6). Os anjos são seres espirituais que não pertencem à dimensão natural, mas à sobrenatural. Isso explica, por exemplo, a capacidade da rápida locomoção do Diabo quando rodeava a Terra e passeava por ela (Jó 1:7).

- “Na realidade, a Bíblia, fala pouquíssimo sobre a origem de Satanás. Ela nem tenta prová-la. Sua existência e personalidade é presumida e apresentada ao longo de toda a narrativa e dos textos tanto históricos como doutrinários. Essas são as coisas que nos foram reveladas. Obviamente muitas permanecem ocultas e, nesse sentido, no âmbito do conhecimento divino, não o nosso”. (Qual a Influência de Satanás, na Tentação? Ele Conhece o Pensamento das Pessoas? Por Solano Portela. Disponível em: monergismo. Acesso em: 30 SET 20).

 

2. Um ser criado. Satanás é um ser criado. Mesmo sendo um anjo, dotado de natureza espiritual, ele não é auto existente. Ao contrário de Deus, que criou todas as coisas, o anjo que se tornou Satanás teve uma origem. Nem sempre o Diabo foi Diabo. Ele fora um anjo bom como os demais. Assim, ele é uma criatura, não o Criador. Por isso, o livro revela que Satanás tem suas ações limitadas por Deus. Ele pode fazer muitas coisas, mas não tudo (Jó 1.12; 2.7). Como ele não é auto existente e, semelhante às outras criaturas que povoam o universo, não é um ser incriado, o Diabo é uma criatura limitada. Assim, Satanás usou de seu conhecimento e perspicácia para atacar Jó.

- “Sem importar o termo empregado acerca desse ser, em todas as descrições bíblicas está em vista um ser real, vivo, e não meramente um símbolo do mal. Evidentemente foi um dos espíritos criados por Deus (ver Eze. 1:5 e 28: 12-14). Ocupava posição extremamente exaltada e muitos acreditam que poder maior que o seu só se encontra no próprio Deus. (Ver Eze. 28: 11-15.) A mesma passagem indica que, originalmente, Satanás não era um ser pervertido, mas perfeito em sua personalidade e obras”. (CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 102).

- Com a soberana permissão de Deus, Satanás pôde atacar Jó, mas não poderia tocá-lo fisicamente. O grande teólogo Charles Hodge faz algumas colocações: “... no que diz respeito ao conhecimento dos anjos, ao modo como operam, ou quanto aos objetos desse conhecimento, nada em especial é revelado ...” (Systhematic Theology, pg. 638 do Vol. I). Ele continua indicando que ".... o seu poder tem grande extensão sobre mentes e matéria. Eles se comunicam uns com os outros e com outras mentes". Note, porém, que ele não vai além da admissão de comunicação. Continua, em outro ponto: eles "... possuem as limitações de criaturas. Não podem mudar substâncias, alterar leis da natureza, realizar milagres, agir sem os devidos meios, pesquisar os corações - todas essas prerrogativas de Deus". De acordo com Hodge, os poderes dos anjos são, portanto:

a. Dependentes e derivados.

b. Exercidos de conformidade com as leis do mundo material e espiritual.

c. Não de intervenção aleatória, mas permitida ou coordenada por Deus.

 

3. Um ser dotado de personalidade. Além do fato de ser um ente espiritual, o Diabo é dotado também de personalidade. Ele é uma pessoa e se apresenta como tal. No Livro de Jó o vemos assumindo atributos de um ser pessoal. Ele fala e possui capacidade argumentativa (Jó 1.9-11). Essa mesma característica aparece de forma mais explicita na tentação de Cristo (Mt 4.1-11; Lc 4.1-13). No livro, além de se expressar verbalmente, Satanás também demonstra possuir conhecimento. Ele sabe o que se passa na Terra e como se comportam os homens. Ele conhecia a vida de Jó. Isso faz dele um ser perspicaz. O apóstolo Paulo sabia que o Diabo é um ser que possui perspicácia quando disse não lhe ignorar os “ardis” e que ele se valia de métodos sofisticados para atingir as pessoas (2 Co 2.11; Ef 6.11).  Assim, Satanás usou de seu conhecimento e perspicácia para atacar Jó.

- “O que caracteriza uma pessoa não é, como podem pensar alguns, um corpo, como o corpo do ser humano. Uma pessoa possui três características essenciais, quais sejam.

a. Inteligência.

b. Afeição.

c. Vontade.

Estas três características constitutivas de um ser pessoal lhe dão alguns poderes, os quais alistamos a seguir:

a. poder de pensar.

b. poder de sentir.

c. poder de querer.

d. poder de consciência própria, ou seja, o poder de pensar em si mesmo.

e. poder de dirigir-se a si mesmo”. (Faria. José Joaquim Gonçalves de,. Doutrina Cristã Acerca do diabo).

- O Pr Claudionor de Andrade escreve: “Afirmou João Calvino que Satanás é um teólogo perspicaz. E foi com toda a sua argúcia teológica e filosófica, que o Maligno apresentou-se diante de Deus para acusar a Jó. O que me espanta não é o fato de Satanás caluniar o patriarca de forma tão desabrida; o que me causa estranheza é a sua audácia em discutir teologia com o próprio Deus. Que a discussão fosse com Lutero ou com Spurgeon! Mas debater teologia com a fonte da teologia? E a sua audácia não para aí. Encarreira ele argumentos tão contrários a Deus, que se tem a impressão de que o Senhor nada entende de teologia. Foi este o adversário que se levantou contra Jó. Apresentando-se diante do Todo-Poderoso como um misto de teólogo, filósofo e promotor, pôs-se a incitar Deus contra o homem mais íntegro daquela época. Aliás, Satanás não é apenas perspicaz; é também, como descreveu-o Thomas Cosmades, um ser que não trabalha ao acaso, mas ataca sistematicamente. Quem nos defenderá do acusador? Assim como Deus fez a apologia de Jó, está sempre pronto a levantar-se em nosso socorro. Se o Senhor é por nós, quem será contra nós? (ANDRADE. Claudionor Corrêa de. Jó O Problema do Sofrimento do Justo e o seu Proposito. Serie Comentário Bíblico. Editora CPAD. pag. 55-56).

 

II – O LIVRO DE JÓ E AS OBRAS DE SATANÁS

1. Dor e sofrimento. A introdução do Livro de Jó apresenta Satanás como um ser capaz de agir contra o ser humano (Jó 1.12; 2.6). Através de suas ações é possível conhecer a natureza maligna de suas obras. É da natureza do Diabo provocar dor e sofrimento aos seres humanos. No livro, Satanás impõe ao patriarca um sofrimento, até então, sem precedentes, pois ninguém sofreu como Jó no Antigo Testamento. Primeiramente, o Diabo atingiu as posses dele, o que fez o patriarca sofrer ao ver o seu patrimônio destruído repentinamente. Da mesma forma, houve grande sofrimento em Jó quando ele viu a tragédia se abater sobre sua casa, pois sua família foi devastada. Entretanto, o sofrimento do homem de Uz não cessou com a perda da família. O Diabo o infligiu com uma doença que o fez padecer dor e isolar-se de todos

- “A permissão que Deus concedeu a Satanás para afligir Jó como um teste da sua sinceridade. Satanás desejava que Deus fizesse isso: Estende tua mão agora. Deus autorizou-o a fazê-lo (v. 12): “Tudo quanto tem está na tua mão; torna o teste tão severo quanto puderes; faça a ele o teu pior”.

Agora:

1. É de admirar que Deus concedesse a Satanás uma autorização tal como essa, que entregasse a alma dessa pomba na mão do inimigo, um cordeiro como esse para um leão como aquele; mas Ele o fez para a sua própria glória, para a honra de Jó, para a explicação da Providência, para o encorajamento do seu povo aflito em todas as eras, e para criar um caso que, sendo julgado, poderia ser um precedente útil. Ele permitiu que Jó fosse testado, assim como permitiu que Pedro fosse peneirado, mas tomou os cuidados necessários para que a sua fé não lhe faltasse (Lc 22.32) e que a prova desta fosse encontrada em louvor, honra e glória, 1 Pedro 1.7. Mas,

2. É um grande consolo que Deus tenha o diabo preso, e em uma grande corrente, Apocalipse 20.1. Ele não podia atormentar Jó sem a permissão que pediu e obteve de Deus, e não mais do que aquilo que tinha obtido: “Somente contra ele não estendas a tua mão; não interfira no corpo dele, mas apenas em suas posses”. E um poder limitado o que o diabo possui; ele não tem poder para perverter os homens senão o que eles próprios lhe conferem, nem poder para afligi-los a não ser o que lhe é concedido de cima. A partida de Satanás dessa reunião dos filhos de Deus. Antes que eles se dispersassem, Satanás saiu (como Caim, Gênesis 4.16) da presença do Senhor; ele não se deteve por mais tempo na presença do Rei (como Doegue, 1 Samuel 21.7) do que o necessário para que tivesse concluído o seu intento maligno.

Ele saiu:

1. Contente por ter alcançado o seu objetivo, e orgulhoso da permissão que recebera para fazer mal a um homem bom; e,

2. Decidido a não perder tempo, e colocar rapidamente o seu projeto em prática. Ele saia agora, não para ir de um lado para o outro, perambulando pela terra, mas com um rumo certo: lançar-se sobre o pobre Jó, que está cuidadosamente prosseguindo no caminho do seu dever, e nada sabe do assunto. Não temos conhecimento daquilo que ocorre entre os bons e os maus espíritos com respeito a nós”. (HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Jó a Cantares de Salomão. Editora CPAD. pag. 8).

 

2. Acusar. O Diabo é capaz de infligir dor e sofrimento, mas não só isso. Ele também acusa. Faz parte de sua natureza acusar. Foi o que ele fez com Jó (Jó 1.10,11). O Diabo o acusou de praticar uma religiosidade motivada por interesse. Assim como fez, posteriormente, com o apóstolo Pedro, querendo cirandá-lo (Lc 22.31,32), o Diabo quis fazer o com Jó. O livro do Apocalipse mostra a acusação como a missão do Diabo (Ap 12.10)

- Satanás interpelado por Deus acerca de Jó, declarou que os crentes verdadeiros só são fiéis enquanto prosperam. Tire-lhes a prosperidade, afirma, e rejeitarão a Deus. Ele queria provar que a salvação não é permanente, que a fé salvadora pode ser quebrada e que os que são de Deus poderiam passar a ser dele. Esse é o primeiro dos dois grandes temas desse livro. Satanás repetiu essa afronta com Jesus em Mateus 4, com Pedro em Lucas 22.31 e Paulo em 2Co 12.2 7. O Antigo Testamento traz muitas promessas feitas por Deus nas quais ele garante sustentar a fé dos seus filhos (SI 37.23,28; 97.10; 121.4-7).

- “É um sinal dos filhos de Satanás zombar e não dar crédito a nenhum homem por sua piedade desinteressada. O egoísmo, dizem eles, está no fundo da religião do melhor homem” (Fausset, in Ioc.)(CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1865).

 

3. Tentar. Por outro lado, devemos destacar a atuação de Satanás na tentação para o mal. Também faz parte de sua natureza tentar pessoas. Pelo texto sagrado, podemos inferir que o Diabo impulsionou os sabeus e os caldeus, povos até então nômades, a dizimarem os bens de Jó (vv.12,14,17). É uma característica do Diabo incitar e tentar para o mal (1 Cr 21.1)

- “O testemunho bíblico sobre as ações de Satanás, ao mesmo tempo em que estabelece a sua realidade e caráter antagônico à justiça de Deus, é fragmentado e, com frequência, apresentado de forma abrupta, sem intróitos ou considerações explicativas. Esta constatação é evidente desde a leitura das primeiras páginas da Bíblia. Ali encontramos um casal criado por Deus, vivendo em perfeita paz, inocência e harmonia. Estas características descrevem também todo o meio ambiente em que vivem. Repentinamente, um adversário aparece nesta cena e, imediatamente, acontece uma rápida transformação: toda aquela atmosfera paradisíaca dá lugar ao pecado, à maldição e ao caos. Imediatamente perguntamos: "De onde veio Satanás?" Mesmo a resposta dada por ele a Deus, no caso de Jó (Jó 2.2), não nos concede qualquer informação tangível. Verificamos, na realidade, que estamos lidando com um dos mais profundos mistérios do universo!(trecho de capítulo publicado como parte do livro Fé Cristã e Misticismo, Cultura Cristã).

- “Os Anjos não mediam e não devemos atribuir efeitos a eles que a Bíblia atribui à agência e à providência de Deus. Em um ponto, Hodge diz que “... eles possuem acesso às nossas mentes e podem influenciá-las para o bem de acordo com a lei de suas naturezas, pelo uso de meios apropriados. Podem sugerir verdades e direcionar nossos pensamentos e sentimentos. Se os anjos se comunicam entre si, não existe razão porque não podem, de forma semelhante, se comunicar com outros espíritos. Um anjo fortaleceu o nosso Senhor Jesus Cristo, no jardim... Sl 91.11, 12; 34.7; Mt 18.10; Lc 16.22”. Mas ele alerta para o fato de que “... grandes problemas e males tem surgido pelo exagero dos poderes e agências dos espíritos malignos. Criou-se a noção de que eles podem estabelecer pactos e concertos com pessoas - esse entendimento resultou nas perseguições por feitiçaria e encantamento que escreveram páginas negras nos anais das nações e da igreja”. Hodge conclui alertando que é suficiente se aderir ao ensino claro das Escrituras e chama atenção para a visão mística de Lutero, que possuía o ensinamento errôneo de que todos os males físicos observáveis, procedem da agência do Diabo, como por exemplo, um incêndio em uma residência, atribuindo poderes a Satanás muito superiores aos que a Bíblia considera, e confundindo até a providência divina em paridade com os atos do maligno (quando, na realidade, até o maligno está englobado no governo soberano de Deus - sem que Deus seja o autor do pecado)(Qual a Influência de Satanás, na Tentação? Ele Conhece o Pensamento das Pessoas? Por Solano Portela. Disponível em: monergismo. Acesso em: 30 SET 20).

 

III – O LIVRO DE JÓ E O OCASO DE SATANÁS

1. Queda e ruína de Satanás. O vocábulo “ocaso”, quando usado em sentido figurado, é definido pelo Dicionário Aurélio como “fim, final, queda e ruína”. O Livro de Jó retrata de forma nítida o ocaso final de Satanás. A vitória de Jó foi uma derrota para ele. Em quase todo o livro, Deus se mantém em silêncio e oculto, mesmo o leitor tendo consciência que Ele está lá e que o seu silêncio fala alto. Por outro lado, o Diabo não aparece mais a partir do capítulo 3 e não é mais mencionado no restante do livro. Não é, pois, propósito do livro pô-lo em evidência, nem tampouco superestimar o mal. O Livro de Jó mostra que Satanás não conseguiu o seu intento, que era fazer com que Jó blasfemasse. O Diabo é capaz de infligir dor e sofrimento, mas não só isso. Ele também acusa.

- Na realidade, Satanás e as hostes das trevas são responsáveis diretos por muitos dos fenômenos inexplicáveis. Coerentes com os seus propósitos e com as suas naturezas, eles utilizam estes fenômenos para enganar os homens e para imprimir autoridade aos seus emissários. Ao examinarmos esses aspectos dos fenômenos, somos atingidos por muitas perguntas sobre Satanás, sobre o mal e sobre os seus espíritos.

- “A Escritura revela o resultado certo do conflito entre o bem e o mal e a inevitável condenação de Satanás e suas hostes. Jesus viu uma figura desta derrota final de Satanás na vitória dos setenta sobre as forças do mal (Lc 10.18). Jesus afirmou que, “o fogo eterno” foi preparado “para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41). O livro de Apocalipse retrata o julgamento final executado sobre o diabo. No retomo de Cristo em glória, Satanás será confinado ao abismo sem fundo selado por 1.000 anos, durante este tempo a terra ficará livre de suas influências sedutoras e enganosas (Ap 20.1-3). No fim dos 1.000 anos Satanás estará livre de sua prisão e novamente reassumirá seu engano sobre os habitantes da terra com grande sucesso. Esta rebelião final será sumariamente esmagada pela ação divina e o diabo será lançado “no lago de fogo e enxofre” onde, com a besta e o falso profeta, “serão atormentados de dia e de noite pelos séculos dos séculos” (20.7-10). Sua condenação será compartilhar a punição eterna com aqueles que ele enganou (20.12-14)(MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 487).

 

2. Jó e o testemunho de Deus. O Livro tem um início dramático, mas um final apoteótico. Jó foi submetido a uma prova de fogo, e mesmo sendo chamuscado pelas chamas do sofrimento, saiu vivo e vitorioso. Deus nunca o abandonou. A graça estava oculta, mas estava lá. No momento oportuno ela se manifestou (Jó 38.1). Da mesma forma que a graça de Deus se manifestou trazendo salvação a todos os homens (Tt 2.11), ela também se manifestou trazendo alívio, paz e livramento a Jó. Deus mesmo, no momento certo, testemunhou que Jó era o homem que Ele sempre disse que era: justo, reto e temente a Deus (Jó 42.7,8).

- É interessante notar que, no início do livro, Deus se apresenta pelo Seu Nome sagrado YHWH (JAVÉ), o Senhor da aliança, todavia, nos capítulos 3 ao 37, o nome usado é El Shaddai, o Deus Todo-Poderoso. Isso é importante porque nos mostra que o relacionamento foi restaurado em termos profundos quando Deus revela-se a Jó usando o seu nome da aliança. Repetidas vezes Jó pediu que Deus comparecesse a um tribunal para comprovar a sua inocência. Deus finalmente veio para interrogar Jó a respeito de alguns comentários que ele havia feito a seus próprios acusadores. O Senhor estava prestes a se tornar o justificador de Jó, mas, primeiro, o levou a uma correta compreensão do seu ser. Em Jó 38.36 está o cerne da questão: A sabedoria de Deus que criou e sustenta o universo também está trabalhando no sofrimento de Jó. Cabe a Jó, em sua insignificância, crer e depender do Deus Todo-Poderoso. Jó precisava admitir sua fraqueza, inferioridade e incapacidade para até mesmo tentar desvendar a infinita mente de Deus. Tudo o que Jó precisava saber era que a sabedoria de Deus era superior, e seu controle soberano era total.

- A resposta de Jó a Deus foi ''Sou culpado da acusação. Não direi mais nada” (40.3-5). Jó sabia que não deveria ter criticado o Todo-Poderoso. Sabia que não deveria ler insistido em sua própria compreensão. Não deveria ter achado que Deus era injusto. Assim, finalmente, limitou-se a ficar calado! Que belo testemunho e ensinamento para nós, que em meio a crises que sequer se comparam à situação enfrentada por Jó, cometemos os mesmos erros...

- “Depois do que Jó escrevemos a respeito da maneira como Deus atendeu a Jó e de como ele foi solicitado a intervir como mediador dos seus três amigos, vale ressaltar que a sua elevação como líder espiritual foi bem maior que a sua elevação material. Qual teria sido, antes da sua doença, a atuação na sua tribo, não sabemos; apenas conjeturas, e nada mais. Agora estava creditado perante a sua comunidade como líder espiritual, como sacerdote, nos moldes antigos. Por quatro vezes foi ele louvado por Deus mesmo, como meu servo (vv. 7,8) (veja 1:8)(Mesquita. Antônio Neves de,. Jó Uma interpretação do sofrimento humano. Editora JUERP).

 

CONCLUSÃO

O Livro de Jó, mesmo poeticamente, apresenta Satanás de forma real, e a partir da revelação divina na história bíblica. Dessa forma, Satanás é um ser dotado de personalidade. Ele possui grande conhecimento e age com perspicácia. Não deve, portanto, ser ignorado. Todavia, mesmo o livro tendo deixado esse fato em oculto, Jó sempre esteve debaixo das soberanas mãos de Deus. O Maligno não o tocou como quis, mas apenas da forma que Deus permitiu. Isso nos lembra a afirmação de João (1 Jo 5.18). Por isso devemos descansar em Deus.

- Concluindo este comentário, ao contrário do que escreve o comentarista (Todavia, mesmo o livro tendo deixado esse fato em oculto, Jó sempre esteve debaixo das soberanas mãos de Deus), a soberania de Deus é clara do início ao fim do livro! O Adversário age restringido pela soberania divina!

- A ausência de uma revelação mais extensa e detalhada não significa que fomos deixados sem rumo num mundo que é caracterizado como o campo de atuação dos poderes satânicos. Vemos na realidade que, em harmonia com as demais verdades espirituais, Deus nos revelou a essência do que necessitamos para o nosso posicionamento espiritual e para a nossa peregrinação nesta terra. Os seguintes pontos são claros e derivados da Palavra de Deus:

a. Satanás é real (2 Co 11.3; 2 Tm 2.26).

b. Satanás interage com as pessoas (Gn 3.1-15) e com o próprio Deus (Jó 1.6-12).

c. Satanás possui anjos caídos que constituem o seu séquito maligno, emissários da morte e do engano, para corromper os homens (1 Tm 4.11).

d. A rebelião satânica contra Deus teve o seu ápice na primeira vinda de Cristo, quando ele tentou frustrar o plano eterno da redenção (Mt 4.1-11) e, através de intensa atividade, resistir à derrota iminente que o espera.

e. Satanás tem poder de realizar maravilhas (2 Co 11.14-15).

f. O poder de Satanás é restringido pelo Espírito Santo, por amor dos eleitos e pelo exercício da Graça Comum, que abrange a todas as criaturas. Deus permitirá uma última rebelião, antes da 2ª vinda de Cristo, que será quando "aquele que o detêm" (2 Ts 2.11) deixar que Satanás exteriorize todo o seu mal

g. Apesar de limitado e passível de ser resistido pelos crentes, (Tg 4.7) Satanás não deve ser considerado com desprezo (Jd 8-10), mas deve ser respeitado como um potente adversário que não descansa e está sempre pronto a apanhar a sua presa (1 Pe 5.8-9)

g. A derrota de Satanás será pública, notória e final (Ap 12.9; 20.10).

- A vitória sobre o pecado e Satanás é a terceira certeza cristã (1Jo 3.9; Rm 6.15-22). Deus protege o cristão de toda ação maléfica. Satanás, não toca, como João usa essa palavra ("toca") em 1Jo 5.18 e em Jo 20.17, sugerindo "prender" ou "agarrar" com o intuito de fazer mal. Uma vez que o cristão pertence a Deus, Satanás deve operar dentro da soberania de Deus e não pode ir além do que Deus permite, como no exemplo de Jó (Jó 2.5; Rm 16.20). Embora Satanás possa perseguir, tentar, provar e acusar o cristão, Deus protege seus filhos e estabelece limites definidos para a influência ou poder de Satanás (1Jo 2.13; Jo 10.28; 17.12-15).

 

PARA REFLETIR

A respeito de “Jó e a Realidade de Satanás”, responda:

• Como o Livro de Jó mostra Satanás?

O Livro de Jó não procura provar a origem de Satanás, mas o mostra como um ser real.

• Além de ser um ente espiritual, de que o Diabo é dotado?

Além do fato de ser um ente espiritual, o Diabo é dotado também de personalidade.

• Como o prólogo do Livro de Jó apresenta Satanás?

O prólogo do Livro de Jó apresenta Satanás como um ser capaz de agir contra o ser humano (Jó 1.12; 2.6).

• Além de infligir dor e sofrimento, o que o Diabo faz?

O Diabo é capaz de infligir dor e sofrimento, mas não só isso. Ele também acusa e tenta.

• Como Deus se mantém ao longo de quase todo o Livro de Jó?

Em quase todo o livro, Deus se mantém em silêncio e oculto, mesmo o leitor tendo consciência que Ele está lá e que o seu silêncio fala alto.

 

 

4 Tri 20 | Lição 3: Jó e a realidade de Satanás | Pb Francisco Barbosa