ANO 11 | Nr 1.368 |
2020
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LIÇÕES BÍBLICAS CPAD ADULTOS - 1º Trimestre de 2020
Título: A Raça Humana: Origem, Doutrina e Redenção.
Comentário: Claudionor de Andrade
PLANO DE AULA PREPARADO POR:
LIÇÃO 7
16 DE FEVEREIRO DE 2020
A QUEDA DO SER
HUMANO E O LIVRE-ARBÍTRIO
TEXTO ÁUREO
“Pelo que,
como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim
também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram” (Rm
5.12).
VERDADE PRÁTICA
Ao pecar contra Deus, o homem perdeu o completo
domínio sobre a criação e tornou-se vulnerável à morte; em Cristo, porém, temos
o Reino e a vida eterna.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Gênesis
3.1-7
INTRODUÇÃO
||Estudaremos, hoje, o capítulo mais trágico da
História: a queda do ser humano. No transcorrer da aula, mostraremos que a
narrativa do pecado de Adão e Eva, longe de ser uma parábola, foi um evento
real, cuja literalidade não pode ser questionada, pois acha-se referendada em
toda a Bíblia. Inicialmente, examinaremos o livre-arbítrio e as suas
implicações na experiência humana. Em seguida, averiguaremos a queda em si. E,
depois, focaremos as consequências da rebelião adâmica. Trata-se, pois, de uma
temática imprescindível ao estudo da doutrina do homem, conforme a encontramos
na Bíblia Sagrada. Que o Espírito Santo nos ilumine a compreender esta aula||.
[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 6, 9
Fevereiro, 2020]
- Esta lição é longa e seu assunto complexo, então,
não espere esgotar o tema em apenas 45 minutos. No entanto, tentarei, mesmo que
resumidamente, tocar cada subtópico, a fim de esclarecer os pontos propostos.
Iniciando com o tema livre-arbítrio, trago não apenas a visão Arminiana, mas
apresento também uma breve explicação da visão Reformada (livre-agência). De
início, a Queda do primeiro casal foi
devastadora para a posteridade humana. Para qualquer um de nós é algo
completamente impossível supor o que tenha sido o conhecimento prático da
queda. Como projetar a experiência da perda da perfeição original? Nada, em
nossa existência, serve de parâmetro para isso. Até onde tentamos imaginar o
Éden, partimos de nossa realidade caída e, efetuando alguma modalidade de
matemática espiritual, aplicamos o maior exponencial que a nossa mente pode
conceber, e temos um lugar paradisíaco aos nossos olhos. Todavia, segundo o que
afirmam as Escrituras, ainda assim tal realidade está muito aquém da realidade
que aguarda os filhos de Deus: ...mas, como está escrito: Nem olhos
viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus
tem preparado para aqueles que o amam (1 Co 1.29) Jair de
Almeida, em O Padrão Éden: Modelo De Restauração Da Criação. Disponível em:http://www.mackenzie.br/fileadmin/Mantenedora/CPAJ/revista/VOLUME_XII__2007__2/jair.pdf.
A ordem original do meio ambiente do ser humano na terra deve ser distinguida
do que ele veio a tornar-se após o impacto da queda do homem, a maldição e o
posterior dilúvio. Na carta aos Romanos, Paulo afirma que toda a humanidade
está por natureza sob a culpa e o poder do pecado, sob o reino da morte e sob a
inescapável ira de Deus (Rm 1.18-19;3.9,19;5.17,21). Ele relaciona a origem
desse estado ao pecado de um homem – Adão, que ele descreve como o nosso
ancestral comum (At 17.26; Rm 5.12-14). Apocalipse 12.9 identifica a
serpente como o próprio Satanás, aqui em forma corpórea.
Vamos pensar maduramente a fé cristã?
I – LIVRE-ARBÍTRIO DO SER HUMANO
||Neste tópico, definiremos o livre-arbítrio. Em
seguida, veremos o seu relacionamento com a soberania divina, e, finalmente,
trataremos da responsabilidade humana frente às ordenanças divinas.
1. O
livre-arbítrio. É o dom que recebemos de Deus, através do qual
podemos, desimpedidamente, escolher entre o bem e o mal (Dt 28.1; Js 24.15; 1Rs
18.21; Hb 4.7). Sem o livre-arbítrio, não seríamos o que hoje somos: seres
autônomos, conscientes da própria existência e de nosso lugar no Universo
criado por Deus||. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º
Trimestre 2019. Lição 6, 9 Fevereiro, 2020]
- O livre-arbítrio é nosso poder de escolha, como
consequência, cada pessoa é responsável por suas ações.
- O livre-arbítrio não é:
- livrar-se por si próprio do pecado;
- buscar a Deus por iniciativa própria;
- crer em Jesus por suas próprias forças;
- capacidade inata de escolher a salvação sem o
Espírito Santo
- muito menos ver a fé como característica inata do
homem;
- “Em Mateus 23.37, o Senhor Jesus afirmou, diante da
dureza do coração dos judeus: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e
apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos,
como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!”
Observe que Jesus “quis” ajuntar os filhos de Jerusalém, porém eles “não
quiseram” que Ele assim o fizesse. Isso não deveria nos levar a refletir
profundamente sobre a doutrina bíblica do livre-arbítrio? Afinal, nesse caso, o
Senhor Jesus, que é Deus e estava em perfeita sintonia com o Deus Pai, queria
que os judeus quisessem. E, mesmo assim, eles não quiseram!”
(Pr Ciro Sanches Zibordi em CPADNews)
- Vamos entender também o que diz a teologia
reformada sobre esse ponto: - “Podemos dizer que livre-arbítrio é a capacidade que
o homem tem de fazer escolhas que podem ser contrárias ou não à sua natureza. O
termo arbítrio diz respeito a
julgar, isto é, o homem “teria” a capacidade de avaliar se vai tomar uma
decisão contrária à sua natureza ou não, por isso o termo “livre”. Usei o verbo
no futuro do pretérito (teria),
porque, na realidade, segundo a Escritura, nenhum homem tem livre-arbítrio. O
único homem que teve livre-arbítrio foi Adão. É importante entender que o homem
foi criado segundo a imagem e semelhança de Deus, ou seja, em retidão e perfeita santidade. “Eis o que tão somente achei: que Deus fez o
homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias” (Ec 7.29; cf. Gn 1.27; 2.7;
3.6; Sl 8.5; Mt 10.28; Rm 2.14-15; Cl 3.10). Quando o homem pecou, perdeu a
condição de “arbitrar” sobre sua vontade, perdeu a possibilidade de escolher
entre estas duas alternativas: praticar a vontade de Deus ou pecar. Para
entender isso o esquema criado por Agostinho de Hipona sobre a condição do homem
antes e depois do pecado é de grande ajuda.
Antes da Queda o homem era:
- posse non peccare (capaz de não pecar)
- posse peccare (capaz de pecar)
Depois da Queda o homem é:
- non posse non peccare (incapaz de não pecar)
Antes de pecar, o homem poderia obedecer à vontade
de Deus e lhe ser agradável por meio da sua própria justiça e santidade. Após a
Queda, ele tornou-se incapaz de não pecar. A relação entre a liberdade,
responsabilidade e soberania será explorada mais à frente, nas lições desta
revista. No momento, interessa-nos conhecer a devassidão causada pelo pecado
para podermos compreender que, após a Queda, o homem conseguiu o que chamamos
de “livre-agência””(ultimato)
||2. A soberania divina. É o direito
absoluto, irrestrito e inquestionável, que possui Deus sobre toda a sua criação
(Êx 9.29; Dt 10.14; Sl 135.6). Portanto, o Senhor age como lhe aprouver. Em
suas mãos, somos o barro; Ele, o soberano oleiro (Jr 18.6). Não nos cabe
questionar a soberania do Todo-Poderoso (Rm 9.20). Ele é Deus e Senhor! Não
devemos, por outro lado, ver a soberania divina como algo despótico e tirânico,
porquanto todas as ações de Deus são fundamentadas em seu amor, justiça e
sabedoria. O que Ele faz agora só viremos a compreender mais à frente (Jo
13.7). Descansemos, pois, na vontade divina (Sl 37.5)||.[Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 6, 9 Fevereiro, 2020]
- “A afirmação de que Deus é
absolutamente soberano na criação, na providência e na salvação é básica à
crença bíblica e ao louvor bíblico. A visão de Deus reinando de seu trono é
repetida muitas vezes (1Rs 22.19; Is 6.1; Ez 1.26; Dn 7.9; Ap 4.2; conforme Sl
11.4; 45.6; 47.8-9; Hb 12.2; Ap 3.21). Somos constantemente lembrados, em
termos explícitos, que o SENHOR (Javé) reina como rei, exercendo o seu domínio
sobre grandes e pequenos, igualmente (Ex 15.18; Sl 47; 93; 96.10; 97; 99.1-5;
146.10; Pv 16.33; 21.1; Is 23.23; 52.7; Dn 4.34-35; 5.21-28; 6.26; Mt
10.29-31). O domínio de Deus é total: ele determina como ele mesmo escolhe e
realiza tudo o que determina, e nada pode deter seu propósito ou frustrar os
seus planos. Ele exerce o seu governo no curso normal da vida, bem como nas
mais extraordinárias intervenções ou milagres. As
criaturas racionais de Deus, angélicas ou humanas, gozam de livre ação, isto é,
têm o poder de tomar decisões pessoais quanto àquilo que desejam fazer. Não
seríamos seres morais, responsáveis perante Deus, o Juiz, se não fosse assim.
Nem seria possível distinguir – como as Escrituras fazem – entre os maus
propósitos dos agentes humanos e os bons propósitos de Deus, que soberanamente,
governa a ação humana como meio planejado para seus próprios fins (Gn 50.20; At
2.23; 13.26-39). Contudo, o fato da livre ação nos confronta com um mistério. O
controle de De3us sobre os nossos atos livres – atos que praticamos por nossa própria
escolha – é tão completo como o é sobre qualquer outra coisa. Mas não sabemos
como isso pode ser feito. Apesar desse controle, Deus não é e não pode ser
autor do pecado. Deus conferiu responsabilidade aos agentes morais, no que
concerne aos seus pensamentos, palavras e obras, segundo a sua justiça. O Sl 93
ensina que o governo soberano de Deus (a) garante a estabilidade do mundo
contra todas as forças do caos (vs. 1-4); (b) confirma a fidedignidade de todas
as declarações e ensinos de Deus (v. 5) e (c) exige a adoração do seu povo (v.
5). O salmo inteiro expressa alegria, esperança e confiança no Todo-Poderoso.”
Fonte: Bíblia de Estudo de Genebra, Nota Teológica, página 991.
||3. A responsabilidade humana. Entre o livre-arbítrio e a soberania divina encontra-se a nossa
responsabilidade (Jr 35.13). Não resta dúvida de que Deus permite-nos o direito
de obedecer-lhe ou nãos aos mandamentos (Dt 11.13). Todavia, Ele nos chamará,
um dia, a prestar contas quanto às nossas escolhas (Ec 11.9; 12.14). O Juízo
Final não é ficção; é a realidade que aguarda a espécie humana na consumação de
todas as coisas (Ap 20.11-15)||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º
Trimestre 2019. Lição 6, 9 Fevereiro, 2020]
-A Bíblia
ensina de forma clara que Deus é soberano e também que, o homem é responsável
pelos seus atos. Essas são verdades bíblicas encontradas ao longo de todo o
texto, ensinadas de Gênesis a Apocalipse. “Se
eu não viera, nem lhes houvera falado, não
teriam pecado, mas agora não tem desculpa do seu pecado”(Jo 15.22).
Neste texto o Senhor não diz que, se ele não tivesse vindo, eles estariam sem
pecado, mas que a sua vinda havia incitado o pecado mais severo e mais mortal,
o pecado da rejeição a Deus e de rebelião contra Deus e contra a verdade de
Deus. Foi o pecado decisivo da rejeição, da escolha deliberada e fatal das
trevas em vez da luz, da morte em vez da vida da qual Jesus falou. Ele havia feito
tantos milagres e dito incontáveis palavras para provar que era o Messias e o
Filho de Deus, mas eles foram hostis no seu amor pelo pecado e na rejeição do
Salvador (Hb 4.2-5; 6.4-6; 10.29-31). Aqui entra a responsabilidade humana, o
pecado marcante dos judeus, o pecado que agravou suas iniquidades anteriores
acima de qualquer outra, foi sua recusa em receber Jesus Cristo como o Messias.
gora, o pecado dos judeus é repetido todos os dias pelos gentios; aquilo que
eles fizeram uma vez, muitos continuam a fazer dia após dia.
II - A QUEDA, UM EVENTO HISTÓRICO E LITERAL
||A apostasia de Adão e Eva deu-se em consequência do
conflito entre o livre-arbítrio humano e a soberania divina. Nesse episódio,
houve a possibilidade da queda, a realidade da tentação e a historicidade da
queda.
1. A
possibilidade da queda. Em sua inquestionável soberania, Deus criou Adão e
Eva livres, permitindo-lhes o direito de obedecê-lo ou não. Todavia, a ordem do
Senhor, concernente à árvore da ciência do bem e do mal, era bastante clara (Gn
2.16,17). Se eles optassem por ignorá-la, teriam de arcar com as consequências
de seu ato: a morte espiritual seguida da morte física||.[Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 6, 9 Fevereiro, 2020]
- A afirmativa “A apostasia de Adão e Eva deu-se
em consequência do conflito entre o livre-arbítrio humano e a soberania divina” é descabida se partimos do ponto de vista que livre-arbítrio e soberania divina não são conflitantes,
além do que, há algo que não é esclarecido nos subtópicos seguintes. A queda não foi
conseqüência de conflito entre responsabilidade do homem e soberania divina,
aliás, nem havia conflito ainda, visto que tudo que foi criado, foi declarado
que era ‘bom’. Na Queda, Eva achou
que Satanás estava dizendo a verdade e que ela havia entendido Deus erroneamente,
não sabia, porém, o que estava fazendo. Não foi uma rebelião manifesta contra
Deus, mas sedução e engano para fazer com que a mulher acreditasse que seu ato
era a coisa certa a fazer. O Novo Testamento confirma que Eva foi enganada (2Co
11.3; 1Tm 2.14; Ap 12.9). Após cair e ser confrontada por Deus, Eva empenha-se
num esforço desesperado de passar a culpa para a serpente, o que em parte era
verdade (1Tm 2.14), no entanto, essa meia verdade não a absolveu da
responsabilidade de ter desconfiado de Deus e desobedecido a Ele. Por fim, a
responsabilidade pela queda ainda é de Adão, uma vez que ele optou por
desobedecer a Deus sem ter sido enganado (Rm 5.12-21; 1Co 15.21-22).
|| 2. A realidade da tentação. Ao ser tentada
pela serpente, Eva deixou-se enganar pela velha e bem arquitetada mentira de
Satanás — a possibilidade de o homem vir a ser um deus (Gn 3.1-6; 2Co 11.3). No
instante seguinte, Adão e Eva pecaram contra Deus (1Tm 2.14). Tendo em vista a
representatividade de Adão, foi ele responsabilizado pela entrada do pecado no
mundo (Rm 5.12)||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º
Trimestre 2019. Lição 6, 9 Fevereiro, 2020]
- Adão foi colocado sob provação. O teste consistia
de obediência à ordem do seu Criador. Ele foi proibido de comer o fruto de
certa árvore. Não foi um pecado em particular, mas a propensão inerente ao
pecado que entrou no âmbito humano; os seres humanos tornaram-se pecadores por
natureza, condição essa, herdada. Essa natureza está presente a partir do
momento da concepção (Sl 51.51.5). Foi Satanás, o pai do pecado quem levou a
primeira tentação a Adão e Eva, e como nós estávamos nele,por conseguinte, toda
humanidade pecou com ele (Rm 5.18; Hb 7.7-10).
|| 3. A historicidade da queda. A narrativa
da queda do ser humano tem de ser acolhida de forma literal, pois o livro de
Gênesis não é uma coleção de parábolas mitológicas, mas um relato histórico
confiável (2Co 11.3; Rm 15.4). Tratemos, com temor e tremor, a Bíblia Sagrada —
a inspirada, inerrante, infalível e completa Palavra de Deus?||.[Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 6, 9 Fevereiro, 2020]
- A Queda do Homem foi um evento histórico, e não
existe espaço na Bíblia para outro tipo de interpretação. Algumas pessoas
insistem em tentar interpretar a história da Queda do Homem como uma alegoria
ou um mito. Mas a Bíblia é clara ao afirmar a historicidade desse evento.
Qualquer interpretação que desconsidera essa realidade contradiz as Escrituras.
- “Entre os mais caluniados, desacreditados e
distorcidos trechos da Bíblia encontram-se os três primeiros capítulos de
Gênesis. A alguém que frequentasse qualquer universidade secular, ou alguma
igreja liberal ou modernista, lhe seria dito que os primeiros capítulos de
Gênesis não relatam fatos reais. O professor de uma faculdade secular humanista
e o pastor modernista argumentariam que essas primeiras narrativas são mitos,
lendas, contos ou parábola. Em outras palavras, que não existiu um Adão e uma
Eva literais, ou uma queda literal e histórica no tempo e no espaço. Devido à
frequente e largamente divulgada negação de um Adão e de uma Eva literais e históricos
(e sua conexão com a exposição do evangelho no Novo Testamento), é muito
importante compreender os ensinos bíblicos sobre a historicidade de Adão. Para
examinar a historicidade de Adão, precisamos considerar os seguintes tópicos:
Em primeiro lugar, precisamos
considerar o fato de que a rejeição modernista e neo-ortodoxa da historicidade
de Adão é fundamentada em axiomas seculares e apóstatas. Cristãos liberais e
barthianos (seguidores da filosofia de Karl Barth - um neo-ortodoxo) chegaram
às suas posições sobre Adão não por causa de cuidadosos estudos exegéticos da
Bíblia, mas devido às suas pressuposições modernistas, racionalistas e
antibíblicas. Não podemos esquecer que esses homens não formulam suas teorias
de forma isolada e objetiva. Eles têm seus pontos de partida, suas
pressuposições. Por isso, ignoram as abundantes e claras evidências bíblicas de
que Adão foi uma figura histórica, real e literal.
Em segundo lugar, precisamos
examinar resumidamente os argumentos usados para negar a historicidade de Adão.
Isso provará que tais argumentos não passam de falácias, que são, tanto
fundamentados sobre mentiras grosseiras (macroevolução, posições sobre o
Pentateuco baseadas na Alta Crítica, etc.) como sobre pura especulação humana.
Em terceiro lugar, devemos
considerar a impressionante evidência bíblica de que Adão realmente existiu.
Então, veremos que a historicidade de Adão e de uma queda literal, ocorrida no
tempo e no espaço, são tão teologicamente interligadas com o ensino do
evangelho e do segundo Adão (Jesus Cristo), que negar a historicidade do
primeiro Adão logicamente conduz à negação do próprio cerne do evangelho”. (A historicidade de Adão, Por
Brian Schwertley - Mestrado em divindade pelo Seminário Reformado Episcopal de
Philadelphia (EUA). Disponível em ICP.com)
III - AS CONSEQUÊNCIAS DA QUEDA DE ADÃO
||Devido à sua rebelião contra o Senhor, a raça
humana teve de arcar com pesados encargos: a consciência do pecado, a perda da
comunhão com Deus, a transmissão do pecado às gerações subsequentes, a
enfermidade da terra e, finalmente, a morte física.
1. A consciência
do pecado. Ao tentar a mulher, a antiga serpente prometeu-lhe
a onisciência divina, mas o que os nossos pais herdaram foi uma consciência
pecaminosa geradora de obras mortas (Gn 3.1-6; Tt 1.15; Hb 9.14). O pecado
leva-nos a perder o brilho do rosto e o vigor físico (Sl 31.10; Sl 32.3). Eis
porque o homem precisa nascer da água e do Espírito (Jo 3.5)||.[Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 6, 9 Fevereiro, 2020]
- Após o pecado foram dominados por um sentimento
de vergonha. Antes tinham consciência da nudez, mas não tinham vergonha - “Ora um e outro, o homem e sua mulher,
estavam nus e não se envergonharam” (Gn 2.25). “Então
foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas
de figueira, e fizeram para si aventais” (Gn 3.7). O resultado de terem
comido o fruto proibido, não foi a aquisição da sabedoria sobrenatural, como
satanás havia dito, ao contrário, agora eles descobriram que foram reduzidos a
um estado de miséria.
||2. A perda da comunhão com Deus. Em
consequência de seu pecado, Adão e Eva foram expulsos da presença de Deus (Gn
3.23,24). De agora em diante, não poderiam mais viver no jardim do Éden, onde,
diariamente, conversavam com o Senhor (Gn 3.8). Mas, apesar de haverem ofendido
a Deus, continuaram a ser alvo de seu imenso, eterno e infinito amor (Jo 3.16).
Desde a queda, o ser humano, para reatar a comunhão com Deus, tem de
aproximar-se dele pela fé (Hb 11.6). Nesse retorno, não estamos sós. Jesus
Cristo é o nosso medianeiro eficaz (Rm 5.1). Ele é o Verdadeiro Deus e o
Verdadeiro Homem (1Tm 2.5)||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º
Trimestre 2019. Lição 6, 9 Fevereiro, 2020]
- Após o pecado, tiveram medo e fugiram: “E ouviram a voz do Senhor Deus que passeava
no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher da prsença do
Senhor Deus, entre as árvores do jardim. E chamou o Senhor Deus a Adão e
disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a Tua voz soar no jardim, e temi,
porque estava nu, e escondi-me” (Gn 3.8-10). Adão e Eva se escondem ao
chamado de Deus. Consciência culpada sempre produz medo e fuga. Pecaram e agora
têm medo da sentença condenatória que Deus pode proferir contra eles. O pecado
os separou de Deus, rompeu a comunhão com Deus. E é sempre assim. A menos que a
obra de Cristo seja realizada em nosso favor, estaremos frente a frente com o
juízo de Deus (Hb 2.3).
|| 3. A transmissão do pecado à espécie humana.
Sendo Adão o pai de toda a raça humana, o seu pecado acabou por alcançar a
todos os homens (Rm 3.23; 5.12). Aquilo que chamamos de “pecado original”
contaminou universalmente a humanidade. Até mesmo o recém-nascido já traz
consigo essa semente (Sl 51.5). Embora a criança, na fase da inocência, não
tenha a experiência do pecado, a iniquidade adâmica acha-se impregnada em seu
interior, prestes a ser despertada. Somente em Cristo podemos vencer tanto o
pecado original como o experimental (1Jo 1.7). Muitas crianças são recolhidas
por Deus, na fase de inocência, apesar da iniquidade dos pais (1Rs 14.13).
Entre os que morreram sem a experiência do pecado acham-se os inocentes
assassinados por Herodes (Mt 2.16)||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 6, 9 Fevereiro, 2020]
- A nudez de Adão e Eva é a perda da justiça
original da imagem de Deus. Todos os seres humanos nascem agora (após a Queda )
nesta condição e as Escrituras dizem que é necessário que recebamos as "vestes brancas" (Ap 3.18); "vestes de salvação" (Is 61.10), que
é a justiça original que Cristo nos traz de volta.
- “No último versículo do capítulo 3 de Gênesis, lemos
que Adão e Eva foram expulsos do jardim do Éden. Eles também foram impedidos de
se aproximarem novamente da árvore da vida. A partir dali, as consequências da
desobediência não ficariam isoladas ao primeiro casal. A sentença proferida por
Deus atingiu toda a humanidade! O pecado se tornou universal, e todos foram
separados de Deus. Na Queda do Homem com Adão, todos pecam. O apóstolo Paulo
escreveu que “todos morrem em Adão” (1 Coríntios 15:22; Romanos 5:12-19). Isto
significa que o homem já nasce contaminado pelo pecado. É exatamente esse
conceito que alguns estudiosos chamam de “Pecado Original”, porque é derivado
da raiz da humanidade. Todo indivíduo já nasce com ele, e, consequentemente,
esse primeiro pecado é a origem de todos os outros pecados cometidos pelos
homens.”(estiloadoracao)
|| 4. A enfermidade da Terra. Por causa do
pecado de Adão, até a própria Terra adoeceu. Expulso do Éden, Adão teria de
trabalhar, com redobrado esforço, a fim de prover o seu sustento cotidiano (Gn
3.17). Desde então o nosso planeta vem sofrendo com fomes, tremores de terra e
inundações (Mt 24.7). Em sua Epístola aos Romanos, o apóstolo Paulo descreve a
Terra como que gemendo por causa das expectativas quanto às últimas coisas (Rm
8.22). Mas, quando o Reino de Deus manifestar-se, logo após a Grande
Tribulação, o planeta será curado de todas as suas enfermidades (Is 35)||.
[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 6, 9
Fevereiro, 2020]
- Por causa do pecado do homem a terra e toda a
criação sofreram a maldição e isso se agrava a cada dia, porque o mesmo homem
que causou a maldição da terra, tudo tem feito para destruí-la. Veja o que está
escrito: “Porque sabemos que toda a
criação geme e está juntamente com dores de parto até agora.” (Rm 8.22). Deus
amaldiçoou o objeto do trabalho do homem e fê-lo relutantemente, ainda que ricamente,
obter o seu alimento por meio do trabalho árduo. A natureza sofre junto com a humanidade,
compartilhando assim as conseqüências da queda. As Escrituras descrevem esta
maldição em três maneiras:
a) O sustento será obtido com fadiga:
Assim como a mulher terá seus filhos com dor, o homem haverá de comer o fruto
da Terra por meio de trabalho penoso. Antes da queda, o trabalho de Adão no
jardim era prazeroso e agradável, mas de agora em diante, seu trabalho, bem
como o dos seus descendentes será seguido de cansaço e tribulação.
b) A Terra produzirá cardos e abrolhos:
O cultivo da terra seria mais difícil do que antes. Cardos e abrolhos aqui
significam: plantas indesejáveis, desastres naturais, enchentes, insetos, secas
e doenças. A natureza foi subvertida com o pecado do homem. (Rm 8:20-21).
c) No suor do rosto comerás: O trabalho
árduo se tornaria a porção do homem. A vida não seria fácil.
|| 5. A morte física. O homem não foi criado
para experimentar a morte física. Nesse sentido, podemos dizer que fomos
criados imortalizáveis; com a possibilidade de viver indefinidamente (Gn 2.17).
Não somente a eternidade, mas de igual modo a imortalidade, achavam-se no ser
humano. A morte é a mais triste consequência do pecado (Rm 6.23). Todavia, a
pior morte que alguém pode experimentar é a separação eterna de Deus; a segunda
morte (Ap 2.11; 20.6). Quanto a nós, os que já recebemos Jesus Cristo como o
nosso Senhor e Salvador, a morte não terá efeito, porque Ele é a ressurreição e
a vida (Jo 11.25)||.[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º
Trimestre 2019. Lição 6, 9 Fevereiro, 2020]
- Pela
desobediência aos termos do seu governo, o homem cai, experimentando assim a
perda do seu domínio. Desta forma, o homem perde o poder da vida, essencial ao
governo no Reino de Deus. Foram postos dois querubins para guardar a Árvore da
Vida para prevenir que o homem dela comesse e, portanto, viesse a viver para
sempre. Agostinho, seguindo Paulo, vê um elo entre o pecado e a morte. Todos os
homens morrem porque todos tem pecado. Na criação, Adão foi feito com a posse mori e a pose non mori.
Isto refere-se à capacidade para morrer e para não morrer. Adão não foi feito
intrinsecamente imortal. Ele continuaria a viver apenas enquanto se refreasse
do pecado. Ele poderia ou não morrer dependendo da sua resposta ao comando de
Deus.
- A palavra “morte” ocorre na Bíblia, com 3
sentidos diferentes, embora o conceito de separação seja comum aos três:
a) Morte Física:
Ec 12.7
b) Morte
Espiritual: Rm 6.23; 5.12
c) Morte Eterna:
Mt 25.46
- Deus
não criou o homem para que viesse a morrer. Pelo contrário, Ele o fez imortal
(Gn 2.17). Se Adão e Eva não tivessem pecado, ainda estariam vivos, e nós não
precisaríamos conviver com a morte.
“Deus não criou o homem para que viesse a morrer.
Pelo contrário, Ele o fez imortal (Gn 2.17). Se Adão e Eva não tivessem pecado,
ainda estariam vivos, e nós não precisaríamos conviver com a morte.”
CONCLUSÃO
||Dois fatos marcam a doutrina do homem nas Sagradas
Escrituras: a criação e a queda. À primeira vista, o pecado de Adão trouxe
graves consequências à Criação. No entanto, Deus jamais foi surpreendido por
qualquer fato. Ele não é um ser reativo, nem vive de improvisos. Nenhum
processo, quer nos Céus, quer na Terra, jamais o surpreendeu, porquanto Ele é o
Ser Supremo por excelência. Ele é o que é: o Deus bendito eternamente. A fim de
sanear o pecado do homem, Deus, em sua presciência, já havia separado o
Imaculado Cordeiro, desde a fundação do mundo, para redimir-nos de todos os
pecados (Ap 13.8)|| [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 7, 16 Fevereiro, 2020]
- Deus criou o homem para a Sua glória (Is 43.7).
Ele é a Sua imagem e glória (1Co 11.7). Deus não precisava mostrar a Sua glória
ao homem, pois Ele já a tem e ninguém a pode tirar. No homem, Sua eterna
majestade é demonstrada nos atos da criação, queda e redenção. O Senhor Jesus
que morreu para adquirir a salvação para os perdidos estava cumprindo o plano
eterno, desde a fundação do mundo. De acordo com o propósito eterno de Deus
antes da criação, a morte de Cristo sela para sempre a redenção daqueles que
crêem (At 2.23; 4.27-28). Diante de tudo isto, a conclusão que podemos chegar é
que a fé que temos abraçado não é uma quimera ou uma falácia, mas sim, a fé tem
uma firme âncora: Deus. Nossa confiança está firmada numa verdade que tem saído
incólume de todas as batalhas ao longo dos séculos. As teorias humanas vêm e
vão-se e caem no esquecimento e se cobrem com a poeira do tempo, mas a Palavra
de Deus permanece para sempre!
Pb
Francisco Barbosa