REVISTA ADULTOS 4° TRIMESTRE 2018
TEMA: As Parábolas de Jesus – As Verdades e Princípios Divinos para uma
Vida Abundante
COMENTARISTA: Pr. Wagner Tadeu dos Santos Gaby
Lição 6
11 de Novembro de 2018
Sinceridade e
Arrependimento Diante de Deus
TEXTO ÁUREO
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VERDADE PRÁTICA
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"E o que a si
mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será
exaltado." (Mt 23.12)
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Cuidado com o orgulho e
a arrogância espiritual, pois ambos são pecados perante Deus e devem ser
confessados e abandonados.
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LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Lucas 18.9-14
9- E disse também esta
parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e
desprezavam os outros:
10- Dois homens subiram
ao templo, a orar; um, fariseu, e o outro, publicano.
11- O fariseu, estando em
pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os
demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano.
12-Jejuo duas vezes na
semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo.
13- O publicano, porém,
estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia
no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!
14- Digo-vos que este
desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo
se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.
INTRODUÇÃO
“Talvez a parábola do fariseu e do publicano
seja uma das mais conhecidas. Ela mostra que a dependência humilde diante de
Deus, em vez de justiça própria, é a base para a resposta de oração. Muitas pessoas acreditam que
Deus deve responder suas orações com base naquilo que elas fazem para Ele.
Contudo, na contramão da meritocracia religiosa, e dentro da gloriosa graça de
Deus, que faz cair chuva sobre justos e injustos (Mt 5.45), a lição de hoje nos
ensina que o que Deus quer é que nossas orações sejam permeadas de sinceridade
e arrependimento. Quando oramos a Deus, devemos confiar em quem Ele é, e não em
quem nós somos. Jesus ensina que são felizes os humildes de espírito (Mt 5.3),
aqueles que reconhecem a sua real condição diante de Deus. Por isso, hoje vamos
falar sobre a sinceridade e o arrependimento para com o Senhor.”(LB
CPAD, 4º Trim 2018, Lição 6, 11 Nov 18).
A Parábola do Fariseu
e do Publicano aparece apenas em Lucas (18.9-14), um fariseu, obcecado por sua
própria virtude, é contrastado com um publicano (Coletor de Impostos) que,
humildemente, pede a Deus misericórdia. Os fariseus eram judeus zelosos, com
muitas regras, se dedicavam a obedecer a toda a Lei de Deus e a interpretar
corretamente as Escrituras. Eles também seguiam muitas tradições orais. Os
fariseus acreditavam que para agradar a Deus cada pessoa tinha de obedecer
fielmente a todas as regras das Escrituras e da tradição. Os publicanos eram
funcionários públicos a serviço do Império Romano, eram detestados pelos judeus
e muitas vezes envolviam-se em corrupção cobrando das pessoas além do que
deveriam. E sofriam um grande repúdio da casta religiosa dos fariseus. Esta
parábola sobre dois pecadores foi contada pelo Senhor Jesus com o objetivo de
atingir alguns homens que confiavam em si mesmos, se consideravam justos e
desprezavam os outros. Jesus contou que os dois subiram ao templo com um único
objetivo: orar. O publicano reconheceu que era pecador e confessou diante de
Deus. Enquanto o fariseu preferiu se gabar de sua própria justiça e omitiu seus
pecados. Essa parábola de Jesus fala de um homem que pensava ser bom, mas que
foi rejeitado por Deus e de outro que reconheceu ser mau e foi alcançado pela
misericórdia de Deus. Dito
isto, vamos pensar maduramente a fé cristã?
I – INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA DO FARISEU
E DO PUBLICANO
“Estamos diante de uma parábola narrativa indireta simples, ou seja, uma
comparação entre dois personagens opostos - o fariseu e o publicano -,
colocando-os lado a lado. Depois de haver ensinado a respeito da necessidade e
do poder da oração por meio da parábola do "juiz iníquo", Jesus conta
essa parábola com o objetivo de ensinar a atitude correta na hora da oração.
Agora somos ensinados que, além de perseverarmos na oração, é preciso uma
atitude correta.
1. O fariseu. Pertencente
a uma das principais seitas dos judeus, muito mais numerosa do que a dos
saduceus, e de mais influência entre o povo, os fariseus insistiam no
cumprimento rigoroso da Lei e das tradições dos anciãos (Mt 15.1,2). Fariseu
significa "separado". Esta classe de pessoas assim era identificada
porque não somente se separava dos outros povos, mas também dos outros judeus.
Eles observavam as práticas de forma minuciosa, contudo, esqueciam do espírito
da Lei, como se nota na forma como se lavavam antes de fazer as refeições, no
lavar dos copos, jarros, os vasos de metal e as roupas de cama (Mc 7.3,4), em
pagar cuidadosamente o dízimo (Mt 23.23), na observância do sábado, etc.”(LB CPAD, 4º Trim 2018, Lição 6, 11 Nov 18).
Antes de qualquer
coisa, é preciso alertar que os Fariseus não foram rejeitados por Jesus por
seus esforços em observar a Lei escrita/oral. O motivo da rejeição, de fato,
foi a hipocrisia daqueles que agiam religiosamente só para manter as
aparências. Muitos deles caíram no legalismo: obedecer a todas as regras se
tornou mais importante que um coração sincero e arrependido. Seu desprezo e sua
falta de compaixão por todos que não conseguiam seguir seu alto padrão de vida
também foi combatido por Jesus. Os Fariseus eram membros de uma seita judaica
caracterizada por aspectos político-religioso e provavelmente surgiram durante
o cativeiro de Judá em Babilônia ou durante o período interlinear, naqueles
quase quatro séculos antes de Cristo. Segundo o Dicionário Bíblico de Wycliffe,
é incerta a origem tanto da palavra quanto do grupo religioso judeu que recebem
este nome, mas provavelmente, como sugere a palavra hebraica “parash”, fariseu
queira dizer “separado” e faça alusão ao partido religioso que ao menos em tese
pretendia demonstrar uma vida moral elevada e distinta dos impuros.
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“2. O publicano. Os publicanos, geralmente judeus, eram
cobradores de impostos que trabalhavam para os romanos. Os judeus consideravam
os publicanos traidores e apóstatas, porque cobravam os impostos para a nação
que os oprimia. Eles eram julgados como pessoas de vil caráter, porque alguns
também acabavam extorquindo grandes quantias de dinheiro do seu próprio povo
(Lc 3.12,13; 19.8). Os publicanos sempre eram classificados entre os pecadores
(Mt 9.10,11), os pagãos e as meretrizes (Mt 21.31). 0 povo murmurava pelo fato
de Jesus comer com eles (Mt 9.11; 11.19; Lc 5.29; 15.1,2). Chama a atenção o
fato de Jesus ter escolhido um publicano, Mateus, para segui-lo, tornando-se
apóstolo (Mt 9.9).”(LB
CPAD, 4º Trim 2018, Lição 6, 11 Nov 18).
Essa classe era odiada pelos judeus não apenas a corrupção
com a qual agiam, mas eram considerados traidores por servirem ao império.
“Quando
falamos em publicanos, precisamos diferenciar duas classes semelhantes, mas com
diferenças bem importantes. A primeira classe de publicanos era formada de
homens muito ricos, normalmente romanos, que venciam o leilão para adquirir o
direito de cobrar os impostos em determinada região. Zaqueu provavelmente foi
esse tipo de publicano, da região de Jericó, pois ele é chamado de “chefe dos
publicanos” (Lc.19.2), apesar de ser um judeu. Já a segunda classe de
publicanos era de trabalhadores contratados pelos primeiros, normalmente judeus
e não tão ricos quanto aqueles. Eram esses que faziam as cobranças de fato das
taxas e dos impostos. Sentavam em suas coletorias e eram acompanhados de
soldados romanos. Essa segunda classe de publicanos era ainda mais odiada do
que a primeira, pois era formada de judeus aliados a romanos, e por isso eram
considerados tanto ladrões quanto traidores do seu povo. Eram chamados de
“pecadores” (Mt.9.10-11).” (ALMANAQUE DA BÍBLIA)
Os publicanos tinham
uma reputação muito ruim. O publicano era conhecido como ladrão, avarento, sem
coração. Os fariseus e outros religiosos se recusavam a conviver com
publicanos, para não serem contaminados.
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“3. A oração. Os judeus da cidade de Jerusalém tinham o
costume de fazer orações nas horas costumeiras (9 da manhã e 15 da tarde). Entretanto,
mesmo fora dos horários regulares havia pessoas orando no Templo (Lc 2.37; At
22.17). Um fariseu e um publicano subiram ao Templo com o fim de orar à mesma
hora. Como já foi dito, nos aspectos religioso e moral reinava no judaísmo
daquela época uma grande distância entre essas duas classes do povo. O fariseu,
como vimos, era tido como um homem que cumpria a Lei com rigor exemplar. O
outro, publicano, era considerado uma pessoa que vivia em grandes pecados e
vícios, sendo mesmo equiparado aos gentios. Essas duas figuras estão orando
juntas à mesma hora no Templo. É o que informa a parábola.”(LB CPAD, 4º Trim 2018, Lição 6, 11 Nov 18).
Os judeus separavam o dia em duas
partes: a primeira parte correspondia ao dia claro, e era contado desde o
nascer do sol (por volta das 6 da manhã, a hora primeira), até o pôr-do-sol
(por volta das 18 horas, a hora décima), portanto, tinha 12 horas. Já a noite,
era contada das 18 horas até as 6 da manhã do dia seguinte, separadas em 3
vigílias de 4 horas cada uma, sendo.
“Historicamente
falando, os judeus desenvolveram a oração de hora fixa enquanto estavam no
cativeiro babilônico, quando eles não tinham acesso ao Templo. Isso é exatamente
o que Daniel estava fazendo. Por não terem mais o templo, os sacrifícios ou o
seu antigo ritmo de vida, no esforço de manter alguma sanidade em meio às
grandes mudanças na Babilônia, o povo de Deus desenvolveu a prática de manter
essas horas de oração. Os Apóstolos também observavam este costume judeu de
orar na terceira, sexta e nona horas, e também à meia-noite. Se você olhar
através do livro de Atos você descobrirá várias referências a isso, embora você
possa não ter percebido isso pelo que era”. (A Oração de Hora Fixa.
Disponível em: https://lecionario.com/ora%C3%A7%C3%A3o-de-hora-fixa-aff5979ecc86.
Acesso em: 5 Nov, 2018)
Note que Jesus foi chamado de “amigo
de publicanos e pecadores” com o objetivo de denegrir sua imagem e reputação.
Isso denota qual era o conceito dessa classe naquela época. Acontece que esse
título grudou em Jesus, e em vez de denunciá-lo, apenas serviu para mostrar seu
interesse e misericórdia para com os que pecam.
II – A HIPOCRISIA DO FARISEU
“1. A postura do fariseu no
momento da oração. Inicialmente a
parábola contada por Jesus se detém no fariseu, com o objetivo de dizer como
este formulava a sua oração. De acordo com uma das interpretações, o fariseu
postou-se em local isolado e ali orou (Lc 18.11). O texto enfatiza a posição
distinta, separada, do fariseu. Ele postou-se de maneira que chamava a atenção
e atraía sobre si todos os olhares dos presentes (Mt 6.5). Ele ora como todos
os devotos judeus: de pé, com os braços erguidos e a cabeça levantada. Ele
agradece a Deus. Esta é a forma clássica da oração bíblica judaica: o louvor e
o agradecimento a Deus. O fariseu, antes de tudo, agradece a Deus por estar
isento dos vícios dos outros homens, e em seguida porque é rico em obras
meritórias..”(LB CPAD, 4º
Trim 2018, Lição 6, 11 Nov 18).
Conseguimos extrair desta
parábola o perigo da arrogância espiritual a que estão sujeitos os cristãos. De
todas as formas de arrogância, com certeza, essa é a pior de todas por envolver
a pessoa divina nesta questão. Como já explicado, o nome fariseu significa
“separado”. Em Mateus 3.7 Jesus denuncia sua hipocrisia e orgulho pela maneira
corno desprezavam a essência da lei e se apegavam a minúcias e práticas
externas, esquecendo-se do mais importante. O ápice da parábola é aquilo que é
dito no versículo 9: a arrogância espiritual – “...uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam
os outros”. O fato do fariseu se considerar melhor do que o publicano
caracteriza a arrogância espiritual. Talvez possamos enxergar isso hoje em
nosso meio, alguns que se acham em um nível superior de espiritualidade e
desprezam os demais; Supondo-se especial, despreza o trabalho em equipe,
isola-se e, normalmente são insubmissos a seus líderes. Nada é mais abominável
aos olhos de Deus do que o orgulho.
“O
fariseu mostrou o quanto estava distante de Deus quando exaltou suas próprias
obras como sendo, na visão dele, o motivo de Deus o “aceitar” em Sua presença.
Porém, ele apenas mostrou o quanto adorava a si mesmo e não a Deus. Observe
esse trecho de sua fala: “O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo,
desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens,
roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas
vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho.” (Lucas 18.11). Quando
Jesus diz que o fariseu orava “de si para si mesmo” mostra que Deus não o
ouvia, pois o seu orgulho matara sua comunhão com Deus.” (Presbítero André
Sanchez, em Explicando as parábolas de Jesus. Disponível em: https://www.esbocandoideias.com/2013/03/explicando-as-parabolas-de-jesus-o-fariseu-e-o-publicano.html.
Acesso em: 5 Nov, 2018)
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“2. Uma "oração comum". Tudo indica que o tipo de oração que
encontramos no texto, apesar de transparecer arrogante, não era completamente
desconhecido, pois há relatos na literatura rabínica do judaísmo de que tal
comportamento era comum. Alguns autores mostram exemplos de orações cujo teor é
similar à do fariseu da parábola. Isso, porém, não justifica a atitude e nem a
torna aceitável.”(LB
CPAD, 4º Trim 2018, Lição 6, 11 Nov 18).
Em Mateus 23
encontramos Jesus descrevendo as características dos escribas e dos fariseus de
sua época, e no versículo 5 ele diz que os fariseus usavam largos filactérios,
e que alargavam as franjas das suas vestes. Filactérios eram duas caixinhas de
couro presas a uma tira de couro, utilizadas na testa e na mão direita, e
dentro delas estavam os 4 trechos da Torá em que se baseia o seu uso (Êx 13.1-10,
Êx 13.11-16, Dt 6.4-9; 11.13-21). Usavam o Talit e Tsitsi, cujas pontas
continham franjas (Nm 15.38; Dt 22.12). Ocorre que naquela época, os fariseus
usavam os filactérios e as franjas em suas vestes, a fim de serem vistos pelos
homens nas ruas, para talvez, demonstrarem o quão santos e religiosos eles
eram.
“Assim,
como nos dias de hoje, os fariseus agiam de forma egocêntrica, e não
cristocêntrica. Também se comportavam de forma altiva em vez da humildade. Aquele
fariseu passou a listar tudo o que (aos seus olhos) parecia ser a mais nobre
forma de servir a Deus, ovacionando-se em benefício de justiça própria. Este
glorificava-se a si mesmo. Nada, nenhum necessidade espiritual, nada mesmo o
havia feito ficar de joelhos, mas orgulhava-se de sua posição e vida religiosa.
Era um relatório que parecia levar ao engano de uma vida de “santidade”. Este
“homem de oração” parecia não ter pontos fracos em sua vida com Deus, mas
apenas destaques de fé e firmeza que o pudessem encaixar num mundo evangélico.
Mas, aquela oração de autoglorificação e exigência de nada valia perante os
olhos de Deus.” (O orgulho religioso: O fariseu e o publicano. Disponível
em: https://artigos.gospelprime.com.br/o-orgulho-religioso-o-fariseu-e-o-publicano/.
Acesso em: 5 Nov, 2018)
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“3. A oração arrogante. O fariseu diz a respeito de si mesmo o que
era rigorosamente verdadeiro, mas o que o motivava a orar era completamente
errado. Não existe nenhuma consciência do pecado, nem da necessidade, nem da
humilde dependência de Deus. O fariseu quase que comete a loucura de
"parabenizar" a Deus por ter um servo tão excelente como ele! Depois
de suas primeiras palavras, não se lembra mais de Deus, mas apenas de si mesmo.
0 centro de sua oração é o que ele faz. A oração do fariseu inicialmente mostra
quem ele é. Em seguida, ele passa a destacar as obras excedentes, ou seja,
"a mais" que ele realiza. Excedia o jejum prescrito na Lei, o
"Dia da Expiação", acrescentando à prática anual (Lv 16.29,31;
23.27), mais dois jejuns semanais. Excedia o dízimo normatizado pela Lei (Lv
27.30,32; Nm 18.21,24), chegando a separar o dízimo dos "temperos" ou
condimentos (Mt 23.23). Ele realmente "agradece" por ser quem é, mas,
não contente com isso, "agradece" também pelo que supostamente faz
para Deus.”(LB CPAD, 4º
Trim 2018, Lição 6, 11 Nov 18).
O que caracteriza a
oração arrogante do fariseu? Ele orou para si mesmo. Na verdade deixou de ser
uma oração e passou a ser um discurso para Deus, descrevendo todos os seus
méritos, fazendo-O saber todas as coisas boas que tinha feito. Gabou-se de sua
moralidade, de sua honestidade e de sua vida religiosa. Este orante não era
imoral, mas era orgulhoso - “Eu não sou
como os demais…” (v 11). Temos textos neo-testamentários afirmando que os
fariseus gostavam de ficar em pé nas praças e orar em voz alta, a fim de serem
ouvidos pelos homens. O fariseu, do ponto de vista da religiosidade, era irrepreensível;
cumpria as normas e preceitos nos mínimos detalhes e que jejuava
frequentemente, sendo zeloso ao extremo. Aos olhos humanos, um fariseu era puro
e corretíssimo - separado. Porém, o coração deles não condizia com as suas palavras.
Considerando-se os guardiões da pureza doutrinária, acabaram por se
constituírem em uma aberração religiosa aos olhos de Deus. Esse perigo é real,
ainda hoje. É possível amar prédios, estatutos, placas e costumes, e deixar de
amar pessoas. Como tem sido o conteúdo das nossas orações?
IIl – A SINCERIDADE DO PUBLICANO
“1. A oração do publicano. O cobrador de impostos parece não estar à
vontade no local de culto. Ele não está apto nem mesmo para assumir o
comportamento normal de quem ora. Bate no peito como aquele que está numa
situação de desespero, suplica com a fórmula do pecador que não sabe fazer o
elenco de seus pecados (Sl 51.3). É a oração do pobre que confia totalmente em
Deus. Com profunda dor ele exclama: "Deus, tem misericórdia de mim, pecador!"
Nessa breve, porém, sincera e humilde oração, a ênfase recai sobre a palavra
"pecador".”(LB
CPAD, 4º Trim 2018, Lição 6, 11 Nov 18).
A oração do publicano descreve
uma pessoa convicta de seu grande pecado, demonstra que ele está arrependido no
fato que nem mesmo ergue os olhos ao céu, tamanho o seu senso de indignidade. O
bater no peito era sinal de profunda dor e tristeza. Ele também se coloca numa
classe à parte, mas diametralmente diferente da do fariseu. Não tem nada a oferecer
a Deus, somente clama por misericórdia – isso é arrependimento - dar-se conta
de quem realmente é. Metanoia é a palavra
grega para arrependimento; ela carrega a ideia de virar a mente do avesso,
profundo pesar e um desejo radical de mudar. Ele veio à presença de Deus
humildemente. "Ficou de longe". Evitou a familiaridade com o grande e
santo Deus. Estava diante dEle em reverência. Viera para orar, não pregar a
Deus.
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“2. Sinceridade e arrependimento. Além de golpear o próprio peito, o publicano
nem conseguia levantar os olhos. O termo grego utilizado é uma expressão forte
e definida para uma contrição dolorosa e arrependida, tal como aparece em Lucas
23.48. O publicano sequer consegue formular muitas palavras. Nem mesmo fazendo
promessas ele conseguiria obter quaisquer direitos. Ele tem consciência de sua
condição, por isso, prostra-se em sinal de sinceridade e arrependimento. A sua
condição o permite apenas render-se inteiramente às mãos de Deus. É possível
notar, pelas palavras do fariseu, que todos os seres humanos eram pecadores e
"apenas" ele era justo. De forma contrária, na confissão do
publicano, porém, todos eram justos, "somente" ele era o pecador.
Nisto também vemos a comparação entre ambos. Na verdade, estamos diante de uma
oração que saía das profundezas de um coração completamente dilacerado pela
dor.”(LB CPAD, 4º
Trim 2018, Lição 6, 11 Nov 18).
O texto descrito na parábola aplica
mais palavras à oração feita pelo fariseu, ela foi longa em comparação com a
oração feita pelo publicano, mas ele por nada agradece, nada confessa, não
adora e, principalmente, não há nenhuma consciência de pecado e dependência de
Deus. Não podemos esquecer que é o muito falar que fará nossas orações serem
ouvidas, ou fará que seja mais eficaz ou piedosa. Jesus orou noites inteiras
(Lc 6.12), mas também fez orações curtíssimas e igualmente poderosíssimas, como
antes de ressuscitar seu amigo Lázaro (Jo 11.41 e 42). De fato precisamos orar
mais e continuamente, sem cessar, mas sempre lembrando que a motivação deve ser
um coração puro, uma disposição mental que agrada a Deus.
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“3. A oração aceita. As pessoas que ouvem atentamente a narração
de Jesus talvez tivessem esboçado sinais de aprovação inclinando-se para a
atitude do fariseu. Porém, num dado momento, o Mestre desconcerta a todos os
ouvintes com uma conclusão inesperada. O publicano, que era odiado por todos,
isto é, o pecador, recebe o dom de Deus, a justiça, ou seja, o perdão e a
misericórdia divina. Já o fariseu, que ostentava a justiça perante Deus como
conquista pessoal, não obteve o mesmo favor. O publicano recebeu o favor divino
como dom misericordioso de Deus. Esta é a verdadeira justiça, posto ser
proveniente de Deus (Rm 1.17). Assim, a oração aceita é a do publicano. Ela vem
permeada de sinceridade e arrependimento diante de Deus. Por isso, ele voltou
para casa "justificado", ou seja, perdoado e "inocentado"
dos seus pecados. O princípio por trás de toda a parábola está muito claro:
aquele que se exalta, será humilhado. Ninguém possui algo de que possa se
orgulhar diante de Deus. Quem se humilha, será exaltado (Lc 14.11). O pecador
arrependido que humildemente busca a misericórdia de Deus, certamente, a
encontrará.”(LB CPAD, 4º
Trim 2018, Lição 6, 11 Nov 18).
Algumas orações são
apenas palavrórios (Mt 6.7), e outras, são desprezíveis como a oração de Tiago
e João pedindo grandeza e superioridade sobre os demais (Mc 10.37). O pastor
anglicano itinerante George Whitefield, declarou o seguinte sobre o publicano desta
parábola: “Pobre alma! Como devia estar
se sentindo?… Não duvido que ele tenha clamado: ‘Deus tenha misericórdia de mim
desde o nascimento, um pecador em pensamentos, atitudes, palavras…’ mas de
coração quebrantado, voltou para a sua casa justificado aos olhos de Deus mais
do que qualquer outra alma que não tenha feito o mesmo”. Ninguém poderá se
apresentar diante do Senhor e se orgulhar de algum mérito, não temos nada que
seja perfeito diante dEle. Na verdade, não sabemos orar, é o Espírito Santo que
aperfeiçoa nossas orações para que elas cheguem diante de Deus. Encontramos em
Mateus 6.9-13 o modelo da oração agradável a Deus; ela contém os seguintes ‘ingredientes’:
Reconhecimento da soberania de Deus, humildade, honestidade e agradecimento.
CONCLUSÃO
“Na parábola que aprendemos na Lição de hoje, o fariseu representa
aquele tipo de pessoa que ora bastante, mas não tem uma atitude sincera. O
publicano, apesar da classe a que pertence, no momento da oração representa
aquele tipo de pessoa que, com sinceridade e arrependimento, se prostra diante
do Pai e, por isso, encontra favor. Será que o nosso coração, naturalmente, não
é sempre semelhante ao do fariseu? Vê severamente os pecados de outras pessoas,
mas esquece dos próprios. O fariseu deixou o Templo da mesma maneira que entrou
nele. Devemos orar como publicanos, pois todos somos pecadores. Devemos orar
com sinceridade e arrependimento diante de Deus. Quem se humilhando, curva-se
até ao pó, será amorosamente conduzido ao coração do Pai (Sl 51.17).”(LB CPAD, 4º Trim 2018, Lição 6, 11 Nov 18).
O Mestre por
excelência não está preocupado em agradar os seus ouvintes, antes, ele deseja
que aprendam, e utiliza um método que seria reprovado hoje, o choque. Ele
conclui a parábola de forma chocante para seus ouvintes. Sua posição foi
paradoxal e surpreendente, e certamente inaceitável para alguns. Por permanecer
cego diante das suas falhas e da sua pecaminosidade, o fariseu nada alcançou. Já
o desprezado publicano, orou com poucas palavras, mas cheia de confissões. Quando
finalizou a parábola, Jesus não poderia ter sido mais chocante: “Porque todo o
que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado” (Lc 18.14). A
lição da parábola está destacada no verso 14: “Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele;
porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si
mesmo se humilha será exaltado”.
“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim
o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor
Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16),
Francisco
Barbosa
Campina
Grande-PB
Novembro
de 2018
PARA REFLETIR
A
respeito de "Sinceridade e Arrependimento Diante de Deus" responda:
• O que significa dizer
que estamos diante de uma "parábola narrativa indireta simples"?
Uma comparação entre
dois personagens opostos o fariseu e o publicano, colocando-os lado a lado.
• Além de perseverarmos
na oração, o que é necessário fazer?
Além de perseverarmos
na oração, é preciso cultivar uma atitude correta.
• Qual foi, de fato, o erro
do fariseu?
Sua arrogância.
• O que era possível
notar pelas palavras do fariseu e do publicano?
É possível notar,
pelas palavras do fariseu, que todos os seres humanos eram pecadores e "apenas" ele era justo. De forma contrária, na
confissão do publicano, porém, todos eram justos,
"somente" ele era o pecador.
• Qual é o princípio por
trás de toda essa parábola?
O princípio por trás
de toda a parábola está muito claro: aquele que se exalta, será humilhado. Ninguém possui algo de que possa se orgulhar diante
de Deus. Quem se humilha, será exaltado (Lc 14.11). O pecador
arrependido que humildemente busca a misericórdia de Deus,
certamente, a encontrará.