Lição 2: A necessidade dos gentios
Data: 10 de Janeiro de 2016
TEXTO DO DIA
“[...] os quais, conhecendo a justiça de
Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as
fazem, mas também consentem aos que as fazem” (Rm 1.32). [Comentário: A natureza
profundamente irracional do pecado é vista no fato de que mesmo os pecadores
endurecidos ainda sabem, em seu coração, que suas ações são dignas de morte. Apesar disso, elas continuam pecando e até
levam outros junto quando consentem aos
que as fazem (as mesmas coisas). Bíblia de Estudo Plenitude. SBB. P.
1152]
SÍNTESE
A obra da
criação revela o conhecimento natural e racional de Deus. Por isso, o ser
humano não tem como alegar desconhecer a existência de Deus.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA — Rm 1.18 - A ira de Deus
TERÇA — Rm 1.20 - A criação revela as coisas
invisíveis
QUARTA — Rm 1.21-22 - É loucura não reconhecer a glória
de Deus
QUINTA — Rm 1.23-27 - A Bíblia condena a prática da
relação sexual entre pessoas do mesmo sexo
SEXTA — Jo 16.8-11 - O Espírito Santo é quem convence
do pecado e da justiça de Deus
SÁBADO — Rm 1.32 - O consentimento da injustiça
OBJETIVOS
Após esta
aula, o aluno deverá estar apto a:
- RECONHECER que o conhecimento natural e racional de Deus não é suficiente para a salvação;
- CONSCIENTIZAR de que a idolatria (desprezo pela glória de Deus) induz o ser humano à perversão;
- RECONHECER que somente o conhecimento experiencial de Deus liberta da ira do Todo-Poderoso.
INTERAÇÃO
Caro(a)
professor(a), dentre os assuntos a serem abordados na lição de hoje, tem um
polêmico. É o que trata da relação de pessoas do mesmo sexo (homoafetivas).
Prática que tem sido incentivada pela mídia e pelos meios sociais, com vistas à
tolerância e disseminação pela sociedade. Falar sobre esse assunto até nas
igrejas que tem a Bíblia como regra de fé e conduta, tem sido rechaçada por
algumas pessoas como uma prática discriminatória. Outras desejam tornar em lei
a proibição de se falar do assunto nos púlpitos. Portanto, o tema deve ser
tratado com cuidado e, acima de tudo, alicerçado na Palavra de Deus e abordado
com amor e bom senso.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Em geral,
os professores de Escola Dominical adotam o modelo tradicional de ensino. Os
alunos ficam sentados uns atrás dos outros, em fila. O modelo mais moderno e
eficiente para o processo de ensino—aprendizagem, em especial para um grupo de
jovens, é a disposição das cadeiras em círculo ou semicírculo. Professor(a) que
fica no mesmo nível e envolvido entre os alunos facilita a relação e o
aprendizado. Se a estrutura da sala de aula permitir, experimente usar esta
formação e dar oportunidades para que os jovens participem com suas
considerações. Seja receptível às ideias, mesmo que sejam contrárias à sua
opinião, pois os jovens precisam ser convencidos por argumentos e não por
imposição. Certamente, se sentirão mais envolvidos e importantes. Com isso,
serão os principais promotores da Escola Dominical.
TEXTO BÍBLICO
Romanos 1.18-27.
18 — Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre
toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça;
19 — porquanto o que de Deus se pode conhecer neles
se manifesta, porque Deus lho manifestou.
20 — Porque as suas coisas invisíveis, desde a
criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e
claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem
inescusáveis;
21 — porquanto, tendo conhecido a Deus, não o
glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, em seus discursos se
desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.
22 — Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.
23 — E mudaram a glória do Deus incorruptível em
semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de
répteis.
24 — Pelo que também Deus os entregou às
concupiscências do seu coração, à imundícia, para desonrarem o seu corpo entre
si;
25 — pois mudaram a verdade de Deus em mentira e
honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito
eternamente. Amém!
26 — Pelo que Deus os abandonou às paixões infames.
Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza.
27 — E, semelhantemente, também os varões, deixando
o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os
outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a
recompensa que convinha ao seu erro.
COMENTÁRIO
DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
A história da humanidade demonstra que o ser humano
sempre buscou a Deus, mas falhou porque o busca da forma errada. A procura
pelos interesses pessoais e atendimento aos desejos pecaminosos dominaram os
povos. No texto a ser estudado o apóstolo argumenta que todo ser humano, criado
à imagem e semelhança de Deus, tem consciência da existência divina, pois a
própria natureza é a prova desta existência. Mesmo reconhecendo a existência,
se faz necessário um relacionamento mais estreito com este Deus. [Comentário: O homem é um
ser religioso, e onde quer que se encontre ser humano, se encontram vestígios
de religiosidade. A palavra Religião vem do latim (religare) e, na sua essência
significa: “ligar novamente”, o que indica a idéia que o homem está separado de
Deus (Rm 3.23). Adão foi criado com um senso religioso e sua religião consistia
em um relacionamento de intimidade com Deus,
aliás, era Deus que vinha ao Éden na viração do dia! Depois da queda, Adão
tenta com seus próprios esforços um novo religare
cobrindo sua vergonha (Gn 3.7). No entanto, a iniciativa para o correto religare partiu de Deus para o homem (Gn
3.8-10; 21) - Foi Deus quem procurou o homem depois da queda e o homem fugiu de
Deus arrumando desculpas paras não ir se encontrar com o Senhor; assim, é correto dizer que o homem é um ser
religioso, porém, não é correto
afirmar que o homem tenha buscado a Deus, e isso Paulo afirma em Romanos 1.32. A
natureza profundamente irracional do pecado é vista no fato de que mesmo os
pecadores endurecidos ainda sabem, em seu coração, que suas ações são dignas de
morte. Apesar disso, elas continuam pecando e até levam outros junto quando
consentem aos que as fazem (as mesmas coisas). Pesa também as palavras de Jesus
em João 3.19-21 – “E o julgamento é este: A luz veio ao mundo, e os homens amaram antes as trevas que a luz,
porque as suas obras eram más. Porque
todo aquele que faz o mal aborrece a luz, e não vem para a luz, para que as
suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz,
a fim de que seja manifesto que as suas obras são feitas em Deus”. Ainda quanto
à revelação de Deus na natureza, conhecida na teologia como “Revelação Geral”,
por ela o homem apenas pode compreender que há Deus, mas este entendimento não
é suficiente para salvá-lo. A salvação é unicamente através da “Revelação
Especial” – o santo Evangelho. Somente por ele é que somos declarados ‘justos’.
Este é um termo significando que justificado é aquele que não deve nada a Lei;
justificar significa declarar justo; fazer alguém justo diante de Deus.
Justificação é quando Deus declara justo todo aquele que recebe a Cristo,
baseado na justiça de Cristo sendo debitada às contas daqueles que O recebem.
Apesar de que podemos achar justificação como um princípio por todas as
Escrituras, a passagem principal que descreve justificação em relação aos
crentes é Romanos 3.21-26.] Let's think
maturely Christian faith?
I. CONHECIMENTO DE DEUS PARA SALVAÇÃO
(Rm 1.18-20)
1. As
injustiças provocam a ira de Deus (v.18). O texto (perícope) começa com o testemunho dos
céus, demonstrando a observância divina sobre tudo o que acontece na terra. A
atenção é para as injustiças que são praticadas, principalmente, pelas pessoas
que detêm o poder sobre os demais seres humanos, oprimindo-os na busca do
benefício próprio. Estas práticas provocam a “ira de Deus”, que é uma linguagem
antropopática para que o ser humano, em sua limitação, possa entender e
reproduzir o agir divino. O Deus de justiça não pode ser conivente com práticas
de injustiças e desumanização. O termo “ira de Deus” não é compreendido por
muitas pessoas, alegando que Deus é amor e não poderia agir com atos de
vingança ou rigorosos. As expressões “Deus é amor” e “Deus é justiça” não são
contraditórias, pois um Deus de Amor deve proteger os injustiçados por meio da
justiça. Toda injustiça é pecado (1Jo 5.17a — ARA) e as práticas de
injustiça serão julgadas por Deus, no tempo determinado por Ele. [Comentário: (Perícope é um
termo grego que significa “cortar ao redor” ou seja uma parte destacada de um
texto, para ser analisada e estudada em separado; linguagem antropopática, que atribui
sentimentos humanos à Deus. A ira é definida como "a resposta emocional à
percepção do mal e injustiça", frequentemente traduzida como
"raiva","indignação","cólera" ou
"irritação". Tanto os seres humanos quanto Deus expressam a ira.
Entretanto, há uma grande diferença entre a ira de Deus e a do homem. A ira de
Deus é santa e sempre justificada; a do homem nunca é santa e raramente é
justificada. A ira de Deus: a divina e
justa retribuição do Juiz e a sua reação pessoal, provocada pelo mal moral. O
julgamento divino não se limita ao futuro; seu antagonismo contra o pecado já
se manifesta no mundo. Seus efeitos são visíveis desde agora, como veremos no
ponto 3. do tópico II. Jesus apresenta Deus como um Deus de ira que julga o
pecado (Lc 16.19-31). Jesus disse em João 3.36 "Quem crê no Filho tem a
vida eterna; já quem rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele". Aquele que crê no
Filho não sofrerá a ira de Deus pelo seu pecado porque o Filho tomou sobre Si a
ira de Deus quando morreu em nosso lugar na cruz (Rm 5.6-11). Aqueles que não
creem no Filho, os que não O recebem como Salvador, serão julgados no dia da
ira (Rm 2.5-6). O tema do versículo 19 é muito mais profundo do que apenas ‘As
injustiças provocam a ira de Deus’, na verdade, o que provoca a ira de Deus é a
recusa do indivíduo de reconhecer o que já se sabe ser verdade. Apesar de
reconhecerem que existe Deus, as pessoas se recusam a honrá-Lo ou mostrarem-se
agradecidas a Ele. A ira de Deus é uma coisa espantosa e terrível. Somente
aqueles que foram cobertos pelo sangue de Cristo derramado por nós na cruz
podem estar seguros de que a ira de Deus nunca cairá sobre eles. "Como
agora fomos justificados por seu sangue, muito mais ainda seremos salvos da ira
de Deus por meio dele!" (Rm 5.9)]
2. O
conhecimento natural e racional não liberta da ira de Deus (vv.19,20a). O conhecimento natural e
racional de Deus é acessível a todo ser humano. O apóstolo argumenta que as
coisas visíveis criadas por Deus são do conhecimento de todas as pessoas e
representam as coisas invisíveis, que podem ser deduzidas pela lógica. Para
Paulo não existe o ateu em estado puro, pois pelas coisas criadas é possível se
descobrir Deus. Como explicar o funcionamento do universo, com milhares de
galáxias, além das conhecidas, e a harmonia entre elas? O reconhecimento de um
Deus que governa tudo isso pode se explicar racionalmente. O caminho da
descoberta de Deus está aberto a todos. Todavia, o conhecimento experiencial é
somente por meio da fé e é manifesto mediante a produção de frutos de justiça.
O autor esclarece o tema da justificação por meio da fé nos capítulos 3 e 4 da
epístola. [Comentário: A revelação
geral e a revelação especial são as duas formas que Deus tem escolhido para Se
revelar à humanidade. A revelação geral se refere às verdades gerais que
podemos aprender sobre Deus através da criação, consciência e história (Sl 19.1-4;
Rm 1.20). A revelação especial se refere às verdades mais específicas que
podemos aprender sobre Deus, a revelação salvífica de Deus através de Jesus
Cristo nas Escrituras. A revelação geral não tem poder salvífico. Ela não é nem
mesmo um tipo de graça. Paulo deixa bem claro em Rm 1 que a revelação geral
acusa os homens irregenerados, ela revela a ira de Deus e serve somente para
deixar o ímpio sem desculpa (v. 18 e 20). O que o comentarista chama de ‘conhecimento
experiencial’, acredito, se refira à Revelação Especial, e esta se depreende
apenas pela fé através de Jesus Cristo e das Escrituras – “Errais, não
conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus” (Mt 22.29)]
3. A
falta de conhecimento experiencial de Deus é indesculpável (v.20b). Os argumentos do subtópico
anterior demonstram que o ser humano não tem como justificar suas práticas de
injustiças por não conhecer a Deus. Por outro lado, o fato de reconhecer a
existência de Deus não caracteriza que esta pessoa praticará a justiça. Na
época do apóstolo, como nos dias que vivemos, existem muitas pessoas que se
dizem religiosas e praticantes da Palavra, mas infelizmente suas práticas não
condiziam com o Evangelho que era ensinado pelo apóstolo. Dessa forma, a
carteira de membro ou de ministro do evangelho não serve para se justificar
diante de Deus, mas sim uma vida coerente com o evangelho e que manifesta o
fruto do Espírito na vida. No meio pentecostal, a cultura que predomina é de
que as manifestações dos dons espirituais são sinônimos de espiritualidade e
santidade. Tal ênfase leva-nos a desprezar o fato de que a santidade é
evidenciada pelo fruto do Espírito (Gl 5.22). [Comentário:
A manifestação de Deus nas coisas que foram criadas é a razão pela qual
ninguém será capaz de se queixar no dia do juízo que não conhecia a Deus.
Considerando o que Paulo escreve em Romanos 1, não existe ateu! A forma suprema
da revelação especial é a pessoa de Jesus Cristo, o Deus se tornou um ser
humano (Jo 1.1,14). Jesus Cristo é a “revelação especial” mais suprema de Deus (Fp
2.6-8) e a salvação só é possível pela fé nEle, resultando num profundo
relacionamento com Ele, aliás, o Cristianismo não deveria ser uma religião, mas
um relacionamento de intimidade com Deus, assim como era no Éden - a religião
do evangelho da graça. O nosso relacionamento com Cristo naturalmente conduz à
religião pura e sem mácula (Tg 1.26-27). O comentarista acertadamente afirma
que o fruto do Espírito Santo é a evidência da verdadeira santidade, basta ver
como Paulo se dirige à Igreja dos Coríntios (1.7) dizendo que nenhum dom lhes
faltava, no entanto, os chama de ‘carnais’ (1Co 3.3). Este é um dos aspectos
mais negligenciados do ensino bíblico sobre santificação!]
Pense!
Romanos demonstra que o Evangelho revela a justiça de Deus por meio da
fé, porém também evidencia a ira de Deus sobre o pecado.
Ponto Importante
Quando a Bíblia menciona a necessidade do conhecimento de Deus, não é o
conhecimento teórico, mas o conhecimento experiencial, isto é, conhecer sobre
Deus com Ele.
II. RECONHECIMENTO DA GLÓRIA DE DEUS (Rm
1.21-27)
1. A
falta do reconhecimento da glória de Deus induz à ingratidão (vv.21,22). O versículo 21 usa a expressão
“tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus”, ou seja, aqui trata de
uma pessoa que reconhece a existência de Deus por meio do conhecimento natural,
mas não o reconhece como Senhor. Uma coisa é reconhecer a existência, outra é
reconhecer adequadamente a Deus. Algumas pessoas, mesmo sabendo da existência
do Criador, têm como motivação seu interesse pessoal, priorizando a busca do
poder, do prazer e da zona de conforto, mesmo que para os conquistar precise praticar
a injustiça. Esta prática é denominada por algumas pessoas como “ser esperto”.
Como diz o apóstolo, “dizendo-se sábios, tornaram-se loucos”, pois agir desta
forma é loucura para Deus. Por isso, a necessidade de reconhecer a glória de
Deus, ser grato por tudo que Ele tem nos proporcionado e, em tudo, glorificar
ao nome do Senhor. Jovem, você tem sido grato a Deus? [Comentário: ‘tendo conhecimento de Deus’, com estas
palavras, Paulo salientou que a humanidade não somente tem a oportunidade de
conhecer a Deus por meio da revelação geral, mas também que esta revelação
produz um mal conhecimento. A arrogância intelectual, na presença de Deus,
exibe um senso de valores invertido, a adoração a Deus é trocada pela devoção a
ídolos feitos por homens e que refletem os homens. O indelével instinto para
adorar é pervertido mediante a centralização em objetos errados (v 25). Estes
versículos devem nos levar a uma reflexão mais profunda, infelizmente, ainda há
partes do mundo sem nenhum acesso à Bíblia, ao evangelho de Jesus Cristo ou a
qualquer outro meio de acesso à revelação especial de Deus. Já pensou o que
acontece com essas pessoas quando morrem? Romanos 3.10-12 declara: "Não há
nenhum justo, nem um sequer; não há ninguém que entenda, ninguém que busque a
Deus. Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que
faça o bem, não há nem um sequer." Segundo as Escrituras, as pessoas tomam
o conhecimento de Deus disponível através da revelação geral e pervertem-no ao
seu próprio gosto. Estão todos irremediavelmente perdidos! Seu estado é de
rebelião, escuridão e idolatria (21,22). Este fato é a razão por que é tão
importante investirmos em Missões (Mt 28.19-20, At 1.8). Romanos 10.14 declara:
"Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de
quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não houver quem pregue?" Deus
nos ordena a apresentar o evangelho porque "Não há nenhum justo, nem um
sequer; não há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus" (Rm 3.10-11).
Ao invés de esperar que algumas pessoas estejam sendo salvas ao acreditar no
que se pode saber sobre Deus através da revelação geral, Deus nos chama a ir a
todo o mundo e a proclamar o Evangelho. Crer nas boas novas da salvação através
de Jesus Cristo é o único método de salvação que a Bíblia menciona (Jo 3.16).]
2. O
antropocentrismo ambiciona transformar a glória de Deus em objeto (v.23). Quando o ser humano passa a ser
o centro de todas as coisas (antropocentrismo), Deus é considerado como se
fosse um objeto à disposição da vontade daquele. O apóstolo critica a prática
de tentar transformar a glória do Deus incorruptível em objetos de imagem de
criaturas (v.23), como se fossem sagradas e capazes de atender os desejos
pessoais (Sl 103.20; Jr 2.11). Aqui, precisamos conceituar idolatria como tudo
aquilo que o ser humano coloca no lugar ou antes de Deus e para sua própria
glória. Algumas pessoas por não se prostrar diante de uma imagem de escultura
pensam não praticar idolatria. No entanto, quando as pessoas não reconhecem
Deus como único Absoluto, acabam por substituí-lo por coisas (status
social, cargo ministerial, bens, entre outros) ou pessoas. O fato de não termos
imagens de escultura em nossas igrejas não garante a ausência de idolatria.
Jovem, o que você tem priorizado em sua vida? Qual o lugar de Deus? [Comentário: Deus certamente
tem todo direito em exercer a sua ira judicial sobre a criação que ele mesmo
fez. Ele criou o homem para ser conhecedor e adorador da Natureza Divina.
Porém, desde o início dos tempos, os homens rejeitaram o conhecimento de Deus e
assim também recusaram lhe dar a adoração verdadeira. Ao rejeitar a fonte da
sabedoria verdadeira, os homens aceitaram as suas próprias versões inventadas
da verdade como substituto. Em nome da ciência “a glória do Deus incorruptível”
tem sido “mudada” na imagem não gloriosa da própria criação, “em semelhança da
imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis” (Rm 1.23).
A teoria da evolução, por exemplo, tenta remover Deus completamente da criação
por alegar que a criação, em essência, se criou! Os homens se dizem sábios, mas
as suas decisões e as suas ações declaram expressamente que há apenas
futilidade e tolice em seus corações (1.21-23). Note o leitor que, quando os
homens escolhem esquecer-se de Deus, isto não quer dizer que deixam de adorar.
Paulo diz, simplesmente, que os homens começaram a adorar e servir “a criatura
em lugar do Criador”. A Bíblia deixa bem claro que os homens, ao deixarem Deus,
sempre procuram outra coisa para cultuar, seja esta coisa eles mesmos ou seja
um outro “deus”.]
3. O
antropocentrismo perverte o plano original para a sexualidade (vv.24-27). Às pessoas que não reconhecem a
glória de Deus, o apóstolo afirma que Deus as entrega às suas próprias
concupiscências. Estas pessoas são inclinadas a buscar sua satisfação pessoal e
uma das formas citadas é a relação sexual entre pessoas do mesmo sexo,
diferente do projeto original de Deus (Gn 1.27; 2.18). No mundo greco-romano da
época do apóstolo, a pederastia era estimulada e inclusive vista como perfeição
sexual. Contudo, Paulo condena essa prática, que tem se tornado cada vez mais
popular nos dias atuais. Por isso, devemos estar preparados para tratar do
assunto e das pessoas com esse comportamento sexual, quer fora, quer da própria
igreja. É a nossa obrigação falar-lhes do amor de Cristo. [Comentário: O julgamento
divino envolve a remoção das restrições divinas, tanto sobre os atos
pecaminosos como sobre as suas conseqüências (VS 26,28). Por muito, a consequência
mais assustadora quando os homens rejeitam a Deus é que ele concede que estes
homens continuem vivendo no estado de desonra total que é o resultado de não
ter Deus em suas vidas. Isto é, as suas mentes reprováveis, apagadas de
qualquer lembrança da verdade e da bondade de Deus, inventam toda forma de mal,
o qual volta sobre eles e os amaldiçoa num ciclo interminável. Quando a
criatura é posta acima do Criador, o único resultado possível é que os desejos
“naturais da criatura” se tornam o impulso controlador da vida. Os seres
humanos caídos, que inverteram as verdades divinas pelas suas mentiras, foram
identificados por Paulo como conhecedores da revelação geral. Isso significa
que suas ações não foram por causa de ignorância da existência de Deus; pelo
contrário, até as criaturas atestam que há um Criador acima de tudo: “Pois o
que se pode conhecer sobre Deus é manifestado entre eles, porque Deus lhes
manifestou” (Rm 1.19-21).]
Pense!
O ser humano que não se entrega à
vontade de Deus, o Criador o entrega à sua própria vontade.
Ponto Importante
A idolatria ocorre quando colocamos
outras prioridades antes de Deus.
III.
O CONHECIMENTO EXPERIENCIAL DE DEUS QUE LIBERTA DO PODER DO PECADO (Rm 1.28-32)
1. O
desprezo pelo conhecimento experiencial de Deus conduz à perversidade
(vv.28-31a). O
apóstolo amplia os atos de perversidade que as pessoas que não se importam em
buscar o conhecimento experiencial de Deus. A pessoa que tem o conhecimento
experiencial com Deus, sente a presença dEle constantemente, pois o Espírito
Santo tem liberdade para orientá-la, bem como adverti-la quando estiver
propensa a sair da vontade do Pai, mantendo-a na fé de Cristo. Essa é a grande
diferença entre aquele que conhece a Deus e aquele que não conhece. Existe um
ditado popular que diz “fulano não tem nada a perder”. Aqueles que não conhecem
experiencialmente a Deus pensam não ter nada a perder e se entregam às suas
próprias concupiscências, “estando cheios de toda iniquidade” (v.29).
Entretanto, o apóstolo afirma que serão julgados sob a ira de Deus. Portanto,
todos têm “muito a perder”. [Comentário:
Além do mais, visto que desprezaram o conhecimento de Deus, este os entregou a
uma disposição mental reprovável (v.28). Estas palavras apresentam
uma primeira prova da vingança de Deus sobre a humanidade caída: o horrendo
crime da concupiscência desnatural. Isso prova que os homens não só se
entregaram aos desejos bestiais, mas se tornaram piores que as próprias bestas
[selvagens], visto que inverteram toda a ordem da natureza. À luz destas
palavras, é mister que notemos bem a referência que felizmente reitera a justa
relação existente entre pecado e punição. Deus
os entregou: este é o pior juízo possível, como se Deus dissesse: “a
humanidade caída que siga o seu próprio caminho” (Sl 81.12; Os 4.17; At 7.42).
Os versículos 23 a 32 descrevem a rejeição de Deus (ira temporal) do mundo
pagão e de sua religiosidade (e da nossa)! O paganismo era e continua sendo
caracterizado por perversão e exploração sexual]
2. O
desprezo pelo conhecimento experiencial de Deus torna o ser humano
irreconciliável (vv.31b-32a). A pessoa que se entrega à perversidade não dá
ouvidos ao Espírito Santo, o meio que Deus proveu para nos convencer do pecado,
da justiça e do juízo (Jo 16.8-11). Desse modo, se torna “irreconciliável”,
pois rejeita o único meio de se religar com Deus. Entretanto, isso ocorre
porque ele não se importa com Deus e não o contrário. Esta pessoa sozinha não
consegue vencer sua tendência para a prática do pecado e da injustiça. O fato é
que nem todas as pessoas vão chegar ao conhecimento da verdade. Por mais que
essa afirmação nos incomode, as pessoas são livres para aceitar ou não o
Caminho. Não podemos mudar as pessoas; elas mudarão somente se quiserem e derem
abertura ao Espírito Santo. Quem rejeita o projeto de Deus para salvação abraça
o projeto que torna a mentira em verdade. [Comentário:
Paulo via como evidência da culpa e da servidão ao pecado o fato de que o
conhecimento do juízo divino não atua mais como força de restrição, antes,
torna-se motivo para mais rebelião ainda, sob a forma de encorajar outros ao
pecado. Este texto confirma que parte da revelação de Deus, mediante a
natureza, comunica seu caráter moral e um senso de dever moral por parte da
humanidade. Depois da queda, o primeiro passo de Deus em direção à restauração
foi o conceito de pacto, baseado no Seu convite e no arrependimento, fidelidade
e resposta obediente da humanidade. Por causa da queda, os seres humanos
ficaram incapacitados de agir adequadamente (Rm 3.21-31; Gl 3), pelo que o próprio
Deus teve que tomar a iniciativa de restaurar os seres humanos quebrados de
pactos. O perverso não reconhece, seu entendimento está cauterizado. Deus não
limitou seu evangelho: ele é proclamado em todos os lugares, apesar de nem
sempre encontrar ouvidos receptivos. Então Deus realmente está colocando a
salvação à disposição de todos e essa também deve ser a disposição do coração
de todo aquele que crê: interceder por todos os homens. Deus já satisfez sua justiça
em Cristo, no que diz respeito ao evangelho, agora a porta está aberta para
todos porque Cristo morreu por TODOS,
mas "apenas" MUITOS serão
salvos, aqueles cujas iniquidades Cristo levou sobre Si (Is 53.11; Hb 9.28).]
Pense!
“O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos
desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio
dos bons” (Martin Luther King Júnior).
Ponto Importante
Todas as pessoas estão sujeitas ao erro e ao pecado, mas aquelas que se
submetem a Deus e se importam com a sua vontade, dão ouvidos ao Espírito Santo
e não se comprazem na vida de pecado.
CONCLUSÃO
Nesta
lição aprendemos que a criação é uma prova evidente da existência de Deus, o
ser soberano que se ira contra as práticas de injustiça. Para não ser consumido
pela ira divina é preciso ter um conhecimento experiencial de Deus, pois o conhecimento
natural e racional não é suficiente para salvação. [Comentário:
A Bíblia diz: "Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento
proclama a obra das suas mãos. Um dia fala disso a outro dia; uma noite o
revela a outra noite. Sem discurso nem palavras, não se ouve a sua voz. Mas a
sua voz ressoa por toda a terra, e as suas palavras, até os confins do
mundo" (Sl 19.1-4). Observar a criação nos direciona para um Deus Criador.
Se isso não fosse suficiente, também há evidência de Deus em nossos próprios
corações (Ec 3.11). Podemos até negar este conhecimento intelectualmente, mas a
presença de Deus em nós e ao nosso redor ainda é óbvia. Apesar disso, a Bíblia
nos adverte de que alguns ainda vão negar a existência de Deus: "Diz o
tolo em seu coração: ‘Deus não existe’" (Sm 14.1). Mas sobre estes
permanece a ira de Deus! Sobre nós pesa a responsabilidade de anunciar o
evangelho, pois a salvação decorre apenas da fé em Cristo Jesus através da
revelação especial - e essa revelação especial está basicamente na Bíblia (Jo
14.6; 6.68; 17.17; Ef 2.8; Rm 10.17; 1.16; Tg 1.18; 1Pe 1.23). Não há outra
forma de ser salvo; não há outra forma de ser santificado; não há nenhuma outra
forma de receber qualquer tipo de revelação especial de Deus, se não for pela
Palavra de Deus, ou se não estiver de acordo com a Palavra revelada pelo
próprio Deus.] “NaquEle que me
garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é
dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Janeiro de 2016
ESTANTE DO PROFESSOR
BALL,
Charles Fergunson. A Vida e os Tempos do Apóstolo Paulo. 1ª Edição. RJ:
CPAD, 1998.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico de Matthew Henry. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2002.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico de Matthew Henry. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2002.
HORA DA REVISÃO
1. De acordo com a lição, algumas pessoas afirmam que a expressão “Deus é
amor” é conflitante com a expressão “Deus é justiça”. De acordo com a lição
estas expressões são contraditórias?
As
expressões “Deus é amor” e “Deus é justiça” não são contraditórias, pois um
Deus de Amor deve proteger os injustiçados por meio da justiça.
2. As igrejas evangélicas não possuem em seus templos imagens de
esculturas. Esta atitude garante a ausência de idolatria na igreja?
O
fato de não termos imagens de escultura em nossas igrejas não garante a
ausência de idolatria, pois a idolatria é tudo aquilo que você coloca no lugar,
ou antes, de Deus.
3. Os cristãos evangélicos afirmam que a Bíblia condena a relação entre
pessoas do mesmo sexo. Qual a base bíblica no Novo Testamento para tal
afirmação?
A
base bíblica está na afirmação do apóstolo Paulo em Romanos 1.26,27: “Pelo que
Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso
natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os varões, deixando
o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os
outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a
recompensa que convinha ao seu erro”.
4. De acordo com a lição, quando uma pessoa pode se tornar irreconciliável
com Deus?
A
pessoa que se entrega à perversidade e não dá ouvidos ao Espírito Santo, o meio
que Deus proveu para nos convencer do pecado, da justiça e do juízo (Jo
16.8-11) se torna “irreconciliável”, pois rejeita o único meio de se religar
com Deus.
5. Segundo a lição, o apóstolo Paulo afirma ser suficiente não praticar a
injustiça?
Não.
O apóstolo ensina que consentir com a injustiça também se constitui uma prática
injusta.
SUBSÍDIO I
“Paulo já
era cristão há mais de 24 anos. Durante esse tempo, passara por muitas
experiências e grandes decepções. Sua mente, porém, abria-se para Jesus como
uma flor se abre ao sol. Amadurecera na vida cristã, e o Evangelho de Cristo
era-lhe, mas que nunca uma preciosa realidade. Em sua carta, Paulo decidiu
proclamar o Evangelho em sua plenitude. Suas palavras, ditadas a Tércio,
visavam convencer os romanos de que todos, gentios ou judeus, precisavam da
salvação provida por Deus em seu Único Filho. Deus a oferecia como um dom;
bastava ao homem recebê-la de graça. Homem algum pode, por esforço próprio, ser
reto e aceitável a Deus” (BALL, Charles Fergunson. A Vida e os Tempos do
Apóstolo Paulo. RJ: CPAD, 1998, p.150).
SUBSÍDIO II
“Todos
fazem mais ou menos o que sabem que é mau e omitem o que sabem que é bom, de
modo que ninguém se pode permitir alegar ignorância. O poder invisível de nosso
Criador e a divindade estão tão claramente manifestados nas obras que têm feito
de modo que até os idólatras e os gentios maus não têm desculpas. Eles seguiram
de maneira néscia a idolatria, e as criaturas racionais trocaram a adoração do
Criador glorioso por animais, répteis e imagens sem sentimento. Se apartariam
de Deus até perderem todo o vestígio da verdadeira religião, se a revelação do
Evangelho não os houvesse impedido. Os fatos são inavegáveis, quaisquer que
sejam os pretextos estabelecidos quanto à suficiência da razão humana para
descrever a verdade divina e a obrigação moral, ou para governar bem a conduta.
Estas coisas mostram simplesmente que os homens desonram a Deus com as
idolatrias e suas superstições mais absurdas, e que se degradaram a si mesmo
com os mais vis afetos e obras mais abomináveis” (HENRY, Matthew. Comentário
Bíblico de Matthew Henry. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2002, p.925).